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ORIENTAÇÃO PARA RECURSOS XIV EXAME DA OAB PRAZO RECURSAL MATÉRIA: DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Professor Victor Hugo Nazário Stuchi QUESTÃO Sandro Vieira ajuizou reclamação trabalhista contra a empresa Trianon Bebidas e Energéticos Ltda. pleiteando o pagamento de horas extras, pois alegou trabalhar de 2ª feira a sábado, das 9h às 19h, com intervalo de uma hora para refeição. Em defesa, a ré negou a jornada descrita na petição inicial, mas não juntou os controles de ponto. Em audiência, ao ser interrogado, o preposto informou que a ré possuía 18 empregados no estabelecimento. Diante da situação retratada, e considerando o entendimento consolidado do TST, assinale a opção correta: A) Aplica-se a pena de confissão pela ausência de juntada dos controles, sendo então considerada verdadeira a jornada da petição inicial, na qual o juiz irá se basear na condenação de horas extras. B) Haverá inversão do ônus da prova, que passará a ser da empresa, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir com sucesso. C) Diante do impasse, e considerando que, com menos de 20 empregados, a empresa não é obrigada a manter controle escrito dos horários de entrada e saída dos empregados, o juiz decidirá a quem competirá o ônus da prova. D) A falta de controle quando a empresa possui mais de 10 empregados é situação juridicamente imperdoável, o que autoriza o indeferimento da oitiva das testemunhas da empresa porventura presentes à audiência. FUNDAMENTAÇÃO A questão apresenta a discussão sobre prova de jornada de trabalho, em especial, cumprimento de horas extras. Prevê o art. 818 da CLT que o ônus da prova é de quem faz a afirmação. A ausência de prova escrita pela Reclamada demonstra a ocorrência de confissão, resultando na alternativa A como a única correta.

Recurso Direito Processual do Trabalho - OAB XIV Exame

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Recurso de Direito Processual do Trabalho para a 1ª Fase da OAB XIV Exame.

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Page 1: Recurso Direito Processual do Trabalho - OAB XIV Exame

ORIENTAÇÃO PARA RECURSOS

 XIV EXAME DA OAB PRAZO RECURSAL

 MATÉRIA: DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Professor Victor Hugo Nazário Stuchi

QUESTÃO

Sandro Vieira ajuizou reclamação trabalhista contra a empresa Trianon Bebidas e Energéticos Ltda. pleiteando o pagamento de horas extras, pois alegou trabalhar de 2ª feira a sábado, das 9h às 19h, com intervalo de uma hora para refeição. Em defesa, a ré negou a jornada descrita na petição inicial, mas não juntou os controles de ponto. Em audiência, ao ser interrogado, o preposto informou que a ré possuía 18 empregados no estabelecimento. Diante da situação retratada, e considerando o entendimento consolidado do TST, assinale a opção correta:

A) Aplica-se a pena de confissão pela ausência de juntada dos controles, sendo então considerada verdadeira a jornada da petição inicial, na qual o juiz irá se basear na condenação de horas extras.

B) Haverá inversão do ônus da prova, que passará a ser da empresa, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir com sucesso.

C) Diante do impasse, e considerando que, com menos de 20 empregados, a empresa não é obrigada a manter controle escrito dos horários de entrada e saída dos empregados, o juiz decidirá a quem competirá o ônus da prova.

D) A falta de controle quando a empresa possui mais de 10 empregados é situação juridicamente imperdoável, o que autoriza o indeferimento da oitiva das testemunhas da empresa porventura presentes à audiência.

FUNDAMENTAÇÃO

A questão apresenta a discussão sobre prova de jornada de trabalho, em especial, cumprimento de horas extras.

Prevê o art. 818 da CLT que o ônus da prova é de quem faz a afirmação. A ausência de prova escrita pela Reclamada demonstra a ocorrência de confissão, resultando na alternativa A como a única correta.

Entretanto, a alternativa apontada como correta pela banca examinadora prevê a inversão do ônus da prova.

O fundamento para isso está na súmula 338 do TST, que condiciona a inversão do ônus da prova à apresentação dos cartões de ponto, o que expressamente não foi feito pela empresa reclamada.

Ademais, não há como saber, explicitamente, quais os atos realizados pelo Reclamante e pela Reclamada, tornando a questão totalmente duvidosa.

Assim, a questão deve ser anulada por apresentar alternativa em desacordo com o entendimento pacífico do TST.