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[email protected] DIREITO À COMUNICAÇÃO E REGULAÇÃO NO BRASIL | São Paulo, 03 de Julho de 2014

Regulação da mídia 072014

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Slides de apoio para bate-papo sobre a regulação da mídia. Julho de 2014.

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DIREITO À COMUNICAÇÃO E REGULAÇÃO NO BRASIL |

São Paulo, 03 de Julho de 2014

DIREITO À COMUNICAÇÃO |

Afirmar como um direito = Estado garantir (sistema público) e sociedade reivindicar (controle público). No Brasil, fragilidade de ambos. O poder da mídia na contramão da construção do direito à comunicação. Resgate histórico: um direito em fase de consolidação (Direitos são historicamente construídos: atualizados e ampliados) Declaração Universal: 1948 • Direitos civis (século XVIII) • Direitos políticos (séculos XVIII e XIX) • Direitos econômicos, sociais e culturais (séculos XIX e XX) • Direitos dos povos e da humanidade (séculos XX e XXI)

CIVIS Direito à vida; Liberdade de pensamento, de opinião e de expressão; Liberdade religiosa; Liberdade de reunião / Direito ao protesto pacífico; Liberdade de ir e vir; Direito à privacidade; Direito a um julgamento justo (“todos são iguais perante a lei”); Direito à propriedade.

POLÍTICOS Direito ao voto / sufrágio universal (mulheres e negros); Direito à participação nos processos políticos; Acesso à informação pública.

ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS Direito ao trabalho (e ao salário), com jornada fixa, seguridade social, férias, previdência etc (Industrialização traz estas questões); Direito à educação; Direito à saúde; direito à moradia digna; Direito ao lazer e à cultura.

DOS POVOS E DA HUMANIDADE Direito a um meio ambiente saudável; Direito à paz; Direito ao desenvolvimento; Direito à comunicação e ao conhecimento livre; Direitos da Cidade.

Igualdade perante a lei x desigualdades sócio econômicas Basta ser livre par ser livre? Direitos de liberdade e direitos de igualdade.

1948: Declaração Universal - Artigo XIX: Liberdade de expressão. Anos 60: Unesco: primeira menção 1977: Relatório Mc Bride “Um mundo, muitas vozes. Comunicação e informação na nossa época”. Concentração e diversidade. Comunicação e cultura. Décadas de 80 e 90: recuo da crítica. Projeto neoliberal. Leis do mercado e lógica da privatização. Liberdade de expressão comercial. Anos 80 no Brasil: Movimento Nacional pela Democratização (Constituinte e os três artigos da Constituição). 1980 - 1990: criação do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC). Anos 90 e 2000: cresce o movimento de rádios livres e de comunicação comunitária. Anos 2000: consolidação e expansão da noção de direito. Campanha CRIS e campanha CRIS Brasil (relatório GGP). Digitalização: oportunidade ou consolidação do monopólio?

2007: Marco de adesão dos movimentos à bandeira. Campanha Concessões de Rádio e TV: quem manda é você! 2009: realização da Primeira Conferência Nacional de Comunicação.

Art. 220 - A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição. Art. 221 - A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios: I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação; III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei; IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família. Art. 222 - A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País. Art. 223 - Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal.

CONSTRUÇÃO HISTÓRICA|

Política Políticas públicas

Conteúdo Programações / teor

Estrutura Propriedade / monopólio

Articulados entre si.

O “caso Direitos de resposta”

Direito à

comunicação

Confecom Regulação

FRENTES |

SISTEMAS| Sistema geral de comunicação

Sistema público Sistema privado Sistema estatal

Gestão: Pública e participativa, autônoma em relação ao Estado, com forte

intervenção da sociedade civil. Poderia ser exercida por conselho s de programação da TV ou conselhos

municipais de comunicação.

Privada, com atenção ao interesse público. Cada grupo pode gerir seus

veículos como quiser, mas aconselha-se, por exemplo, que os veículos mantenham uma ouvidoria, um departamento de críticas e um

ombudsman (funcionário responsável pela crítica) .

Estatal, mas com transparência e participação da sociedade.

Financiamento Público e autônomo, com fundos provenientes, por exemplo, da

taxação das redes privadas tributos pagos pela população. Não podria

ter publicidade.

Privado, geralmente baseado em publicidade. Deve ser

regulamentado pelo Estado e fiscalizado por este e pela

população.

Público-estatal, dos recursos orçamentários dos três

poderes (executivo, legislativo e judiciário).

Estrutura Pública e autônoma em relação ao estado e aos grupos privados. Centrais públicas de produção e educação

para a comunicação, onde as pessoas possam produzir conteúdos que atendam aos seus interesses e

os da comunidade.

Privada, criada e desenvolvida pelas próprias empresas, mas tudo

regulamentado e fiscalizado. Como em outros ramos econômicos,

deveria haver limitação à criação de monopólios.

Vinculada aos órgãos do executivo, legislativo ou judiciário.

Programação Pública e autônoma, respondendo aos interesses da população. Exemplo:

programas indicados pelos conselhos de comunicação,

programas feitos pela população nas centrais públicas ou amparados por

leis de incentivo à produção independente.

De interesse público. Deve ser regulamentada pelo Estado e

fiscalizada por este e pela população, para que não viole

direitos humanos. O monitoramento deve ser feito com participação da

população.

Deve servir para levar à população informações sobre as ações do governo e a atuação dos três

poderes.

REGULAÇÃO: UM DOS PILARES DE UMA COMUNICAÇÃO DEMOCRÁTICA |

1. Regulamentação e fiscalização Regras para organizar os sistemas de comunicação, consagradas em leis discutidas com a sociedade civil, por exemplo, por meio de conferências nacionais. A regulamentação e a posterior fiscalização das concessões, especificamente, poderia evitar abusos como as televisões que vendem suas programações para shoppings eletrônicos (canais que usam a concessão para vender produtos 24 horas por dia), canais que usam do privilégio econômico de alguns grupos religiosos para impor sua crença e, por fim, as programações relacionadas a políticos, que usam as televisões e rádios para defender seus interesses particulares (infringindo a lei que já existe e proíbe a outorga para detentores de cargos eletivos). 2. Ampliação e fortalecimento de veículos públicos e comunitários 3. Criação e manutenção dos espaços de participação, como conselhos e conferências 4. Desenvolvimento de espaços de aprendizagem.

Sistema geral de

Comunicações do Brasil

Veículos e

sistemas públicos

Veículos e

sistemas estatais

Veículos e

sistemas privados

Conferência

Nacional

Plano Nacional

Legislação e regulação

Fundo Nacional

Conselho

Nacional

Conselhos

Estaduais

Conselhos

Municipais

Agência

reguladora

Ministério das

Comunicações

Ministério da Cultura

Ministério da

Justiça

Ministério da

Educação

Um ensaio...

• A radiodifusão é, assim como a energia, o transporte e a saúde, um serviço público que, para ser prestado com base no interesse público, requer regras para o seu funcionamento.

• Além de um serviço público, a comunicação eletrônica representa um setor econômico dos mais importantes do país. Assim como outros, precisa do estabelecimento de regras econômicas para o seu funcionamento, de modo a coibir a formação de oligopólios ou de um monopólio num setor estratégico para qualquer nação.

• O simples estabelecimento de uma regulação da radiodifusão não pode ser tachado de cerceamento da liberdade de imprensa ou então de censura porque é isso o que diz e pede a própria Constituição brasileira de 1988, ao estabelecer princípios que devem ser respeitados pelos canais de rádio e TV.

REGULAÇÃO NÃO É CENSURA|

EFEITOS DA DESREGULAÇÃO|

• Mais de vinte e cinco anos após a promulgação da Constituição, nenhum artigo de seu capítulo V, que trata da Comunicação Social, foi regulamentado, deixando um vazio regulatório no setor e permitindo a consolidação de situações que contrariam os princípios ali estabelecidos. – O artigo 220, por exemplo, define que não pode haver monopólio ou oligopólio na

comunicação social eletrônica. Hoje, no entanto, uma única emissora controla cerca de 70% do mercado de TV aberta.

– O artigo 221 define que a produção regional e independente devem ser estimuladas. No entanto, 98% de toda produção de TV no país é feita no eixo Rio-São Paulo pelas próprias emissoras de radiodifusão, e não por produtoras independentes.

– O artigo 223 define que o sistema de comunicação no país deve respeitar a complementaridade entre os setores de comunicação pública, privada e estatal. No entanto, a imensa maioria do espectro de radiodifusão é ocupada por canais privados com fins lucrativos. Ao mesmo tempo, as 5.000 rádios comunitárias autorizadas no país são proibidas de operar com potência superior a 25 watts, enquanto uma única rádio comercial privada chega a operar em potências superiores a 400.000 watts. Uma conta simples revela o evidente desequilíbrio entre os setores.

– O artigo 54 determina que deputados e senadores não podem ser donos de concessionárias de serviço público. No entanto, a família Sarney, os senadores Fernando Collor, Agripino Maia e Edson Lobão Filho, entre tantos outros parlamentares, controlam inúmeros canais em seus estados. Sem uma lei que regulamente tal artigo, ele – como os demais da Constituição – torna-se letra morta e o poder político segue promiscuamente ligado ao poder midiático.

REGULAR O CONTEÚDO|

• Objetivos: promover a diversidade cultural; garantir proteção dos cidadãos contra material que incite ao ódio, à discriminação e ao crime, e contra a propaganda enganosa; proteger crianças e adolescentes de conteúdos nocivos ao seu desenvolvimento; proteger a cultura nacional, entre outros.

• Ao definir, em seu artigo 221, que a produção regional e independente deve ser estimulada, com percentuais mínimos de veiculação na grade das emissoras, nossa lei maior está pedindo que se regule conteúdo, para que a programação que chega ao conjunto da sociedade pelo rádio e a TV não parta apenas do Rio de Janeiro e de São Paulo.

• Ao estabelecer que não mais de 25% da grade de programação de uma emissora sejam ocupados com propagandas e anúncios, o Código Brasileiro de Telecomunicações também está prevendo a regulação de conteúdo.

• A classificação indicativa dos programas, que informa a faixa etária apropriada para determinado tipo de conteúdo e em que horário ele deve ser exibido, visando a proteção da infância, também é uma importante forma de regulação de conteúdo. – O mesmo vale para a publicidade dirigida a crianças.

• Iniciativa de centenas de entidades que acreditam que uma nova lei geral de comunicações é necessária para mudar essa situação. Não só necessária, mas urgente.

• Todas as democracias consolidadas (EUA, França, Portugal, Alemanha, entre outras) têm mecanismos democráticos de regulamentação dos meios de comunicação. Em nenhum desses países, ela é considerada impedimento à liberdade de expressão. Ao contrário, é sua garantia.

• Isso, porque sem regulamentação democrática, a comunicação produz o cenário que conhecemos bem no Brasil: concentração e ausência de pluralidade e diversidade.

• Neste novo tempo que vivemos, o Brasil não pode continuar ouvindo apenas os poucos e velhos grupos econômicos que controlam a comunicação. Precisamos de uma nova lei para garantir o direito que todos e todas temos de nos expressar.

CAMPANHA PRA EXPRESSAR A LIBERDADE|

20 PONTOS PARA DEMOCRATIZAR AS COMUNICAÇÕES NO BRASIL|

1. ARQUITETURA INSTITUCIONAL DEMOCRÁTICA

2. PARTICIPAÇÃO SOCIAL

3. SEPARAÇÃO DE INFRAESTRUTURA E CONTEÚDO

4. GARANTIA DE REDES ABERTAS E NEUTRAS

5. UNIVERSALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS ESSENCIAIS

6. ADOÇÃO DE PADRÕES ABERTOS E INTEROPERÁVEIS E APOIO À TECNOLOGIA NACIONAL

7. REGULAMENTAÇÃO DA COMPLEMENTARIDADE DOS SISTEMAS E FORTALECIMENTO DO SISTEMA PÚBLICO DE COMUNICAÇÃO

8. FORTALECIMENTO DAS RÁDIOS E TVS COMUNITÁRIAS

9. DEMOCRACIA, TRANSPARÊNCIA E PLURALIDADE NAS OUTORGAS

10. LIMITE À CONCENTRAÇÃO NAS COMUNICAÇÕES

11. PROIBIÇÃO DE OUTORGAS PARA POLÍTICOS

12. GARANTIA DA PRODUÇÃO E VEICULAÇÃO DE CONTEÚDO NACIONAL E REGIONAL E ESTÍMULO À PROGRAMAÇÃO INDEPENDENTE

13. PROMOÇÃO DA DIVERSIDADE ÉTNICO-RACIAL, DE GÊNERO, DE ORIENTAÇÃO SEXUAL, DE CLASSES SOCIAIS E DE CRENÇA

14. CRIAÇÃO DE MECANISMOS DE RESPONSABILIZAÇÃO DAS MÍDIAS POR VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

15. APRIMORAMENTO DE MECANISMOS DE PROTEÇÃO ÀS CRIANÇAS E AOS ADOLESCENTES

16. ESTABELECIMENTO DE NORMAS E CÓDIGOS QUE OBJETIVEM A DIVERSIDADE DE PONTOS DE VISTA E O TRATAMENTO EQUILIBRADO DO CONTEÚDO JORNALÍSTICO

17. REGULAMENTAÇÃO DA PUBLICIDADE

18. DEFINIÇÃO DE CRITÉRIOS LEGAIS E DE MECANISMOS DE TRANSPARÊNCIA PARA A PUBLICIDADE OFICIAL

19. LEITURA E PRÁTICA CRÍTICAS PARA A MÍDIA

20. ACESSIBILIDADE COMUNICACIONAL