Upload
milton-lima
View
2.111
Download
2
Embed Size (px)
Citation preview
Ministério da Educação Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Goiano Curso Tecnólogo em Gestão Ambiental e Agronomia
Equipe: CINTHIA LUZIA TEIXEIRA SILVA
FLÁVIA MARIA DOS SANTOS
JEAN CRAMENAK DE SOUZA
LUCAS ALEXANDRE CARVALHO MIZIARA
RODOLPHO FERNANDES DOS SANTOS LIMA
RODRIGO DE FREITAS
Relatório de Aula Prática:
DIVERSIDADE MICROBIANA E DE MACRORGANISMOS EM
DIFERENTES USOS DO SOLO NA FAZENDA PEDRA BRANCA E
PALMITAL
Urutaí, 18 de Junho de 2013.
1. INTRODUÇÃO
O termo solo refere-se aqui à camada externa e agricultável da superfície
terrestre (REICHARDT, et al. 2004). Nele vivem muitos organismos, incluindo insetos,
minhocas e pequenos invertebrados, que são visíveis a olho nu, mas a grande maioria,
em termos de peso e capacidade metabólica, são microrganismos, e a maioria é formada
por bactérias (INGRAHAM, et al. 2010). Para a compreensão e o estudo da relação
entre estes organismos e o solo há a microbiologia agrícola. Entre suas inúmeras
ferramentas de estudo há técnicas como o uso de armadilhas “PIT FALL”, diluição em
série e extração de nematóides, com intuito de analisar a diversidade de organismos em
diversos ambientes.
A ciência da microbiologia iniciou-se há apenas 200 anos. Com os trabalhos de
Pasteur, houve uma explosão de descobertas na microbiologia. O período de 1857 a
1914 foi propriamente chamado de Idade de Ouro da Microbiologia. Durante esse
período, avanços rápidos, liderados principalmente por Pasteur e Robert Koch, levaram
ao estabelecimento da microbiologia como uma ciência (TORTORA, et al. 2012).
Quase ninguém se dá conta de que bilhões de animaizinhos populam cada metro
quadrado do solo. Em parte são tão pequenos que somente podem ser vistos ao
microscópio (microfauna). Em parte são visíveis a olho nu, mas ainda de tamanho tão
reduzido que somente podem ser vistos com observação muito atenta (mesofauna). E
em parte, são de tamanho maior, como as minhocas, centopéias e inúmeros insetos
(macrofauna), de modo que já são conhecidos por todos (PRIMAVESI, 1990).
Os organismos desempenham papel importante na gênese do habitat onde
vivem. Em ecossistemas em climax, a biota e o solo encontram-se em equilíbrio
dinâmico, para garantir sua sustentabilidade e a biodiversidade, esse equilíbrio, porém,
pode ser facilmente perturbado pelo homem ou mesmo por fenômenos naturais
(SIQUEIRA, et al.1994). Essa interação entre organismos e o solo pode trazer grandes
benefícios, como a ciclagem de elementos do solo controle de pragas, a biorremediação
(utilização de micróbios para limpar poluentes) e biofertilizantes. Também há casos em
que muitos micro-organismos do solo vivem com outros organismos. Algumas dessas
relações são mutualísticas (beneficiando ambos os parceiros), e a maioria deles está nas
plantas. Duas importantes simbioses mutualísticas entre micro-organismos e plantas são
as micorriza e a rizosfera (INGRAHAM, et al. 2010).
A diversificação de espécies favorece a cobertura eficiente do solo, a exploração
de volume do solo e reduz o “estreitamento genético”, contribuindo para maior
diversidade e atividade de microrganismos. (SIQUEIRA, et al. 1994). No entanto,
segundo Allen (1992, apud SIQUEIRA, et al. 1994) estresses naturais ou causados pelo
homem em processos edáficos ou fisiológicos podem causar mudanças na composição
de espécies microbianas, na sucessão de espécies simbiontes e nos atributos
morfológicos e fisiológicos das associações simbióticas. A lavração, a queimada, a
exposição do solo ao sol e o uso de adubos amoniacais fazem com que a maioria da
mesofauna desapareça (PRIMAVESI, et al. 1990).
Nos ambientes naturais os microrganismos se encontram, quase sempre, sob
forma de populações mistas (VERMELHO, et al. 2011). Portanto, para estudarmos a
diversidade desses microrganismos em diferentes ambientes, primeiramente é preciso
coletá-los. São inúmeras as técnicas de coleta e extração, entre elas as armadilhas “PIT
FALL” que consiste em algum equipamento (geralmente garrafas pet) que capturam
principalmente organismos que habitam o solo. Também a extração por Flotação
Centrífuga em solução de sacarose que é utilizada na captura de nematóides. E por fim,
há também o método de diluição em série que consiste no isolamento e na contagem de
microrganismos.
Enfim, os seres vivos no solo fazem parte dele, modificando-o e influenciando-
se mutuamente. O solo é formado através de sua vida, e a vida é típica às características
específicas do solo (PRIMAVESI, 1990). Além disso, esses organismos do solo nos
fornece uma enorme lista de importâncias, como a ciclagem, biofertilização,
biorremediação, engenharia genética, na formação do solo e outros. Portanto, é de
grande importância estudar a interação solo-organismo e analisar sua biodiversidade.
Este Trabalho tem como objetivo avaliar a densidade microbiana dos diferentes
tipos solo, por meio do método de diluição em série. Bem como o uso de armadilhas
"PIT FALL" para estudo e análise (por meios estatísticos) da diversidade de organismos
nos diferentes usos do solo.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
O experimento foi desenvolvido no dia 26 de março de 2013 na Fazenda Pedra
Branca e Fazenda Palmital pertencentes à área do Instituto Federal Goiano Campus
Urutaí. A prática consiste em fazer uma análise da biodiversidade das comunidades
presente no local, a partir desta, foi realizada uma sequência de atividades para
determinar a diversidade microbiana e de macrorganismos nas áreas. A prática foi
realizada em cinco áreas diferentes onde a equipe 1 ficou com a área de pastagem da
fazenda Pedra Branca, a equipe 2 com a área de Floresta, a equipe 3 com a pastagem da
Fazenda Palmital e por fim, a equipe 4 com a área de cultura (Pivô).
Para a realização da prática primeiramente foi confeccionado a armadilha “PIT
FALL” (Fig. 1). As armadilhas desse tipo consistem, em geral, de um recipiente plástico
enterrado ao nível do solo com líquido para matar e conservar os animais capturados
(AQUINO, 2006). Cada equipe utilizou em suas respectivas áreas 5 garrafas pet de 600
mL sem o fundo, 5 estacas, 10 espetos de madeira, 5 bandejas de isopor, 5 sacos
plástico, e solução preservante composta por álcool, água e detergente. Foram
escolhidos 5 pontos aleatórios onde se retirou o solo com o auxilio de um enxadão e
nestes mesmos locais foram colhidas e colocadas em um saco plástico amostras do solo.
Então, colocou-se uma garrafa pet contendo solução preservante a modo que os
organismos caiam dentro dela. Após isso, fincou-se a estaca para marcar a numeração
da armadilha, e com auxílio de 2 espetos, uma bandeja de isopor foi posta como
cobertura para evitar a entrada de água da chuva.
Figura 1: Esquema representativo da armadilha “PIT FALL”. Fonte: SILVA, C. 2013.
No dia posterior, 27 de março de 2013 no laboratório de microbiologia foi
realizada a prática de diluição em série:
Primeiramente todas as 5 amostras de solo foram misturadas em um balde, e
logo pesou-se na balança de precisão 1 g da amostra do solo. Foram etiquetados 5 tubos
de ensaio com as diluições de 10-1
até 10-5
todos contendo 9 mL de solução salina
esterilizada. Assim a 1 g de solo foi colocada no tubo de diluição 10-1
, onde este foi
agitado por 1 minuto no agitador. Depois, com o auxílio de uma pipeta graduada foi
transferido 1 mL da solução para o tubo de ensaio 10-2
(Fig. 2), onde este também foi
agitado por 1 minuto. O mesmo procedimento foi realizado até a diluição 10-5
.
Terminado o procedimento as diluições 10-1
e 10-2
foram descartadas.
Figura 2: Método da diluição em série. Fonte: SILVA, C. 2013.
Na câmara de fluxo laminar com o auxilio da micropipeta foi adicionado100 μL
da diluição 10-3
no meio BDA onde a solução foi espalhada com movimentos circulares
utilizando a alça de Drigalski já flambada (Fig. 2). Então, foram etiquetadas 6 placas de
Petri, sendo utilizadas 2 placas de cada meio por diluição (10-3
, 10-4
e 10-5
). As placas
foram vedadas e levadas à 35º C na estufa de crescimento por 48 horas.
Então, passado 48 horas, foi contado as unidades de colônias formadoras (ufc),
onde considera-se o número de colônias observadas visualmente. Assim, foi realizado o
cálculo da densidade microbiana em que se utiliza a regra de três, em que o número de
colônias contadas refere-se a 100 μL, onde este é o mesmo que 1 mL, portanto, o
número de colônias formadoras é multiplicado por 10 e depois novamente multiplicado
pelo fator de diluição, encontrando a unidade de colônias formadoras por mL, como
mostra o seguinte exemplo:
Posteriormente, os valores encontrados de ufc passaram pela análise estatística
no programa SAS.
Neste mesmo dia foi realizada também a extração de nematóides do solo pelo
método de Flotação centrífuga em solução de sacarose:
Primeiramente foram pesados 110 g do solo coletado, depois a amostra foi
colocada em uma bacia onde foi adicionadas 10 medidas de água em uma proveta de
1000 mL, totalizando 10 litros. Assim, a solução foi agitada e depois peneirada em uma
armação de 3 peneiras acopladas. O material retido na última peneira foi recolhido com
o auxílio de uma pisseta com água destilada e colocado em uma placa de Petri. Assim
com o auxílio da lupa foi visualizado se havia nematóides na suspensão. Então a
suspensão foi transferida para dois tubos de ensaio contendo água destilada. As
amostras foram centrifugadas na velocidade 2 por 3 minutos. Com o auxilio de uma
pipeta graduada o sobrenadante foi retirado dos tubos e descartado. Ao precipitado foi
adicionado sacarose, logo as amostras foram levadas novamente a centrífuga por 3
minutos. Assim, o sobrenadante foi vertido na peneira e foi lavado cuidadosamente
com água destilada, e a amostra foi recolhida em um pequeno frasco de vidro que foi
etiquetado e levado à geladeira.
Ao passar 7 dias após a instalação das armadilhas “PIT FALL”, no dia 02 de
abril de 2013 as equipes voltaram aos locais e recolheram as amostras que foram
levadas ao laboratório de microbiologia do Instituto Federal Goiano Campus Urutaí.
Todas as garrafas pet contendo organismos capturados foram peneiradas e passadas em
água corrente separadamente, assim com o auxilio de uma pinça os indivíduos foram
contados conforme sua espécie, todos os dados foram anotados e os organismos de cada
amostra foram colocados em pequenos frascos de vidro contendo álcool 50% que foram
etiquetados e guardados.
Com os dados anotados foi feita uma análise estatística no software SPADE,
onde obteve-se os índices de Riqueza de Espécies, índice de Shannon, Simpson e
Fisher. Os valores encontrados de cada equipe foram organizados em tabela e levados
novamente a outra análise estatística no software SAS. Obtendo então, a análise de
significância (ANOVA) e o teste de Tukey.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nas armadilhas “PIT FALL”, foram capturados 12 ordens de insetos (Tabela 1),
totalizando 1614 indivíduos, em sua maioria de importância agrícola. Entre os insetos
capturados a maioria foi formigas (ordem Hymenoptera) totalizando 995 indivíduos.
Pode-se notar que a maioria dos indivíduos capturados pelas armadilhas é de
importância agrícola, principalmente os organismos que quando estão em grande
número causam danos à agricultura. Muitos dos organismos encontrados foram
besouros de armazenamento-caruncho que afetam os grãos, alguns percevejos, grilos,
gafanhotos e muitas formigas que atingem principalmente as folhas da vegetação. Mas,
também houve a incidência de indivíduos benéficos à vegetação como polinizadores
representados pelas abelhas, aranhas que são predadoras de outros insetos, porém estes
foram encontrados em menor número.
Tabela 1: Distribuição das ordens taxonômicas e seus respectivos números de
indivíduos encontrados em Urutaí-Goiás, 2013.
ORDEM Eqp. 1 Eqp. 2 Eqp. 3 Eqp. 4 TOTAL
Coleoptera (besouros). - 35 125 70 230
Hemiptera (percevejos,
cigarrinhas, cochonilhas). - - 13 12 25
Hymenoptera (vespa, formiga
e abelhas). 44 142 716 93 995
Diptera (moscas). - 8 10 32 50
Orthoptera (grilo, gafanhoto). 2 3 81 186 272
Lepidóptera (mariposa e
borboletas). - 3 2 - 5
Anura (perereca). 1 - - 1 2
Blattaria (baratas). - 2 - 5 7
Aranea (aranhas). - 3 5 6 14
Isoptera (cupins). - 2 - - 2
Spirostreptida – miriápode
(piolho de cobra). - - 2 6 8
Dermaptera (tesourinha). 2 - - 2 4
TOTAL 49 198 954 413 1614
Eqp. 1) Equipe da área de Pastagem 1-Fazenda Pedra Branca. Eqp. 2) Equipe da área
de Floresta. Eqp. 3) Equipe da área de Pastagem 2- Fazenda Palmital. Eqp. 4) Equipe
da área de Culturas(Pivô).
Observando os dados da tabela 1, pode-se notar que houve a ocorrência de
besouros, principalmente de armazenamentos (Coleóptera), cigarrinhas e percevejos da
ordem hemíptera, vespas e muitas formigas (Hymenoptera), moscas (díptera), grilos e
gafanhotos de ordem Orthoptera, mariposas (Lepidóptera), pererecas (Anura). Também
foram encontradas baratas da ordem Blattaria, aranhas, cupins e piolho de cobra (ordem
Spirostreptida e subfilo miriápode).
A área de pastagem 1 (Fazenda Pedra Branca) apresentou os menores índices,
isso ocorreu por ser uma área com pouca vegetação, e matéria orgânica. Além disso,
uma das armadilhas desta área foi danificada pelo fato do local estar ocupado por um
rebanho bovino, assim diminuindo as chances de ter capturado mais indivíduos.
Era esperado que a área de Floresta apresentasse maior número de indivíduos,
por causa da diversidade de vegetais, maior área rizosférica e maior quantidade de
matéria orgânica facilitando a sobrevivência dos organismos. Porém, foi a área de
Pastagem 2 (Fazenda Palmital) que apresentou um maior número de indivíduos em um
total de 954. Mas, nesta área houve a predominância de um tipo de indivíduos que foi as
formigas e vespas (ordem Hymenoptera), devido à proximidade com os formigueiros
que havia na área.
Nos meios de cultura que foram preparados, no geral apresentaram crescimento
microbiológico, com exceção de um dos meio contendo solução 10-5
da equipe 3-
Pastagem 2 (Fazenda Palmital). E comparando o número de colônias entre as equipes, a
área de Pastagem 2 foi a que apresentou uma média bem menor.
Em relação às médias de ufc por mL da solução do solo, a área de culturas
(Pivô) foi a que apresentou maior densidade microbiana, como podemos notar na tabela
2.
Tabela 2: Média do número de Unidade Formadora de Colônias por mL de solução do
solo (ufc/mL) em relação às diluições:
ÁREA/DILUIÇÃO 10-3
10-4
10-5
Pastagem 1 1,78x105 2,95x10
6 1,2x10
7
Floresta 9,1x105 2,1x10
6 5x10
6
Pastagem 2 1,23x106 2,2x10
6 1x10
6
Culturas 3,6x106 6,75x10
6 1,2x10
7
Era esperado que a área de floresta apresentasse maior número de vida
microbiana, por causa da grande área rizosférica e grande quantidade de matéria
orgânica fornecida. Porém, a área de culturas apresentou maior número (Fig.3). Uma
possível explicação é que o solo provavelmente forneça uma grande quantidade de
matéria orgânica e uma rica rizosfera, pois a área era de cultivo de milho e feijão e
apresentava palhada sobre o solo. Também há a possibilidade de ter ocorrido um erro
experimental na realização da diluição em série na homogeneização do solo com a
solução, ademais, talvez haja um fator de desequilíbrio onde tal espécie possa estar
predominando no momento, por falta de competição ou agentes que controlam a
população do local. Segundo Siqueira et. al. (1994), as alterações nas condições do solo,
provocadas pelo seu uso e manejo, promovem modificações qualitativas e quantitativas,
levando a comunidade a novo equilíbrio. Portanto, em vez da população de indivíduos
do local diminuísse desta vez ocorreu o aumento devido o uso e o tipo de manejo do
solo.
Figura 3: Gráfico das médias extraídas pela soma dos números de colônias contadas
nos meio de cultura das duas repetições de cada diluição 10-3
, 10-4
e 10-5
que
posteriormente foram divididas por 6 (número total de meios de cultura realizados).
Figura4: Médias dos valores do índice de Tukey para o número de ufc.
Pelo teste de Tukey (Fig. 4) percebeu-se que as áreas (tratamentos) de pastagem
1 e pastagem 2 apresentaram estatisticamente médias de ufc que não se diferem entre
estas, assim sendo classificadas como tratamentos “b”. Enquanto a área de cultura se
diferiu das demais sendo denominada como tratamento “a”. Já a área de floresta foi
classificada “ab”, ou seja, ela possui média próxima tanto a área de cultura quanto as
demais.
Já em relação à contagem de organismos coletados pela armadilha “PIT FALL”,
estatisticamente, pelo teste F (ANOVA), hipótese da nulidade (H0) foi rejeitada tanto a
1% quando a 5 % (0,05), sendo o valor F calculado maior que o valor F tabelado
(Tabela 3), ou seja, as médias se diferem entre elas, portanto os tratamentos são
diferentes.
Tabela 3: Resumo ANOVA- Valor F calculado pela análise de variância da contagem
de organismos coletados pela armadilha “PIT FALL”:
FATORES DE VARIAÇÃO VALOR F
Riqueza de Espécies 14,77** Índice de Shanon 11,73** Índice de Simpson 9,97**
Índice de Fisher 12,05**
** Significativo a 1%.
Assim, rejeitando H0 prevalece H1, ou seja, permanece uma hipótese alternativa.
A provável explicação sobre a diferença entre os tratamentos é que nos tratamentos
a
ab b b
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
Cultura Floresta Pastagem1 Pastagem2
perdidos houve uma reposição de dados aleatoriamente com os dados já existentes.
Também há a questão das áreas analisadas, em que os locais se diferem. Entre a floresta,
pastagem 1, pastagem 2 e culturas é de se esperar que a floresta apresente dados bem
superiores aos outros, pois é uma área que possui uma rica diversidade em vegetação,
fornecendo condições para a sobrevivência dos indivíduos. Para isso temos os testes de
Tukey para os fatores de variação e seus respectivos gráficos:
Figura 5: Médias dos valores do índice de Tukey para Riqueza de Espécies.
Sobre o teste de Riqueza de Espécies (Fig. 5), espécies raras e diversificadas tem
maior peso, portanto, a área de Floresta apresentou maior índice de 25.3, enquanto a
pastagem 2 (fazenda Palmital), culturas e pastagem 1 (Pedra Branca) apresentaram
valores 22.5; 10.2 e 4.1 respectivamente. Floresta e Pastagem 2 foram classificados
como tratamentos “a”, apresentando os maiores índices por terem um maior número e
diversidade de organismos capturados. Sendo assim, estas duas áreas são
estatisticamente classificadas como iguais e diferentes das demais.
Figura 6: Médias dos valores do índice de Tukey para Índice de Shanon.
No índice de Shannon (Fig. 6) é avaliada a heterogeneidade, onde se leva em
consideração a riqueza, a quantidade de espécies diferentes. Por sua vez a floresta,
pastagem 2, cultura e pastagem 1 apresentaram os valores 1.1; 1.6; 1.5 e 0.6
respectivamente. Nesse caso, o tratamento que se diferenciou dos demais foi a pastagem
1, apresentando menor índice, pois seus tratamentos apresentou menor número de
diversidade, sendo uma área mais homogênia em relação as outras.
Figura 7: Médias dos valores do índice de Tukey para o Índice de Simpson.
Este teste de Simpson (Fig. 7) também leva em consideração a riqueza, mas
propriamente analisa a dominância, onde há probabilidade de dois indivíduos serem
sorteados de uma mesma comunidade pertencer à mesma espécie (MARTINI, et al.
2010). Neste índice, a pastagem 1 obteve maior índice, pois possui um número menor
de indivíduos, sendo as chances de estes organismos serem da mesma espécie, portanto,
está área se diferenciou das outras com média de 0.7, enquanto pastagem 2, floresta e
cultura apresenta médias 0.35; 0.33 e 0.33 respectivamente.
Figura 8: Médias dos valores do índice de Tukey para Índice de Fisher.
Já no teste de Fisher (Fig. 8) é analisada a relação do número de espécies
representadas por apenas 1 indivíduo na comunidade. Assim, a área de floresta
apresentou maior média de 8.1 diferindo dos demais tratamentos que apresentaram
médias 3.8 para a pastagem 2, 2.4 para a área de cultura e 1.2 para a pastagem 1. Apesar
de que as duas pastagens e a cultura tenham apresentadas médias numericamente
diferentes pelo teste de Tukey elas não diferem entre si. Isso, mais uma vez pode ser
explicado pela grande diversidade que a área de floresta apresenta, pois ela apresenta
uma vegetação mais diversificada, fornecendo maior quantidade de material orgânico e
consequentemente um maior número de organismos interagindo no ambiente.
a
b
b
b
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Floresta Pastagem 2 Cultura Pastagem 1
Índ
ice
de
Fis
he
r
4. CONCLUSÕES
Com a realização das armadilhas “PIT FALL” foi possível capturar e analisar a
diversidade microbiana e de macrorganismos das diferentes áreas nas fazendas Palmital
e Pedra Branca no município de Urutai- Goiás.
Era esperado que a área de Floresta apresentasse maior número de
macrorganismos, pelo fato de fornecer maior diversidade na flora, maior área rizosférica
e maior quantidade de matéria orgânica, facilitando a sobrevivência dos organismos.
Porém, a área de Pastagem 2 (Fazenda Palmital) apresentou um maior número, mas,
porque houve a predominância de formigas devido à proximidade com os formigueiros
que havia na área. Tal quantidade de formigas na área pode ter ocorrido pela quantidade
de alimento disponível na área, que apresentava grande quantidade de braquiária e
outras plantas, além disso, possivelmente não há uma taxa de predação considerável,
favorecendo a sobrevivência de tantas formigas.
Em relação ao número de unidades formadoras de colônias (ufc), mais uma vez
era esperado que a área de floresta apresentasse maior número de vida microbiana, mas,
a área de culturas apresentou maior número o que foi possível por causa da grande
quantidade de matéria orgânica originada do cultivo de milho e feijão e a palhada sobre
o solo. Porém, com as análises estatísticas a área de floresta se destacou, pois a maioria
dos testes analisava a diversidade de espécies.
Em grande parte os resultados obtidos podem ser relacionados à disponibilidade
de alimento nos solos analisados, quanto maior a quantidade de matéria orgânica e
vegetação presentes, maior é a atividade microbiana e dos macrorganismos. É um ciclo
onde o meio-solo e os organismos se beneficiam em que o solo fornece condições para a
sobrevivência e os seres que nele vivem transformam os materiais, reciclando e
“devolvendo-os”. Além disso, outros fatores também podem influenciar o tipo e a
quantidade de organismos vivos no solo, tais como fatores antropogênicos, clima e
temperatura.
Enfim, o solo não é um conjunto residencial onde os seres vivos coexistem sem
se conhecerem uns aos outros. Não existem espécies isoladas, habilmente classificadas,
existe sim, uma sociedade intimamente inter-relacionada. O meio ambiente são todos os
fatores físicos, químicos e biológicos de um lugar. Portanto, os seres vivos que existem
num determinado lugar são sempre uma comunidade determinada pelas condições
reinantes e nunca são espécimes isolados, que por acaso, ali existem, segundo Castri
(1968, apud PRIMAVESI, 1990).
5. LITERATURA CITADA
AQUINO, A. M.; MENEZES, E. L. A.; QUEIROZ, J. M. Recomendações para coleta
de artrópodes terrestres por armadilhas de queda (“Pitfall- Traps”). Disponível em:
<http://www.cnpat.embrapa.br/system/files/cite018.pdf> acessado em 02 de maio de
2013.
INGRAHAM, J. L.; INGRAHAM, C. A. Introdução à microbiologia. 3ª. Ed. Editora
CENGAGE Learning. São Paulo-SP. 2010.
MARTINI, A. M. Z.; PRADO, P. J. K. L. Índices de diversidade de espécies.
Disponível em: <http://seb-ecologia.org.br/viiiceb/pdf/916.pdf> acessado em 02 de
maio de 2013.
PRIMAVESI, A. Manejo Ecológico do Solo. 9ª. Ed. Editora Nobel. São Paulo-SP.
1990.
REICHARDT, K. ; TIMM, L. C. Solo, Planta e Atmosfera – Conceitos, Processos e
Aplicações. 1ª. Ed. Editora Manole Ltda. Barueri-SP. 2004.
SIQUEIRA, J. O. ; MOREIRA, F. M. S.; GRISI, B. M.; HUNGRIA, M.; ARAUJO R.
S. Microrganismos e processos biológicos do solo: Perspectiva ambiental. Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro Nacional de Pesquisa de Arroz e Feijão,
Centro Nacional de Pesquisa de Soja. EMBRAPA, Brasília, 1994.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 10ª. Ed. Editora
Artmed. Porto Alegre-RS. 2012.
VERMELHO, A. B.; PEREIRA, A. F.; COELHO R. R. R.; PADRÓN, T. S. Práticas de
Microbiologia. Volume Único, Editora Guanabara Koogan. Rio de Janeiro-RJ. 2011.