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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO Issue Date O QUE VOCÊ VAI ENCONTRAR AQUI? O Enem cobra 45 questões das disciplinas que integram a área de Ciências Humanas, no caso, História, Geografia, Sociologia e Filosofia. FILOSOFIA E SOCIOLOGIA Em Filosofia e Sociologia, a cobrança tem sido feita um pouco além de uma simples leitura e interpretação de texto. "O Enem vem cobrando conceitos fundamentais, o que implica a exigência do domínio dos temas". HISTÓRIA Em História, é notória a preocupação do Enem em cobrar movimentos sociais e movimentos por direitos humanos. Deve ser dada atenção especial às conquistas trabalhistas, às conquistas das mulheres e a períodos de ditadura no Brasil (tanto a de Getúlio Vargas quanto a militar). Além disso, conforme ressaltado pelos professores, o Enem tende a cobrar mais História do Brasil do que História Geral. Outro ponto importante que deve ser destacado é que a prova de Ciências Humanas, em geral, costuma pedir comparação entre textos, análise de imagens (charges, obras de arte, fotos), além da relação entre texto e imagem. GEOGRAFIA Em Geografia, o Enem costuma cobrar interpretação de gráficos e tabelas. Temas sociais também são priorizados, mas aspectos físicos como hidrografia ou vegetação sempre aparecem. Importante focar também em urbanização, indústria, transportes e agricultura. PRINCIPAIS MOVIMENTOS SOCIAIS BIOÉTICA CIDADANIA PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS URBANOS SITUAÇÃO RURAL NO BRASIL IMPACTO DA TECNOLOGIA NA SOCIEDADE E NA POLÍTICA QUESTÃO AMBIENTAL OS TEMAS MAIS RECORRENTES

Revisão Geral Ciências Humanas

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO

CIÊNCIAS HUMANAS E

SUAS TECNOLOGIAS

– RESUMÃO

Issue Date

O QUE VOCÊ VAI ENCONTRAR AQUI?

O Enem cobra 45 questões das disciplinas que integram a área de Ciências Humanas, no caso, História, Geografia, Sociologia e Filosofia.

FILOSOFIA E SOCIOLOGIA

Em Filosofia e Sociologia, a cobrança

tem sido feita um pouco além de

uma simples leitura e interpretação

de texto. "O Enem vem cobrando

conceitos fundamentais, o que

implica a exigência do domínio dos

temas".

HISTÓRIA

Em História, é notória a preocupação

do Enem em cobrar movimentos

sociais e movimentos por direitos

humanos. Deve ser dada atenção

especial às conquistas trabalhistas,

às conquistas das mulheres e a

períodos de ditadura no Brasil (tanto

a de Getúlio Vargas quanto a

militar). Além disso, conforme

ressaltado pelos professores, o Enem

tende a cobrar mais História do

Brasil do que História Geral.

Outro ponto importante que deve ser

destacado é que a prova de Ciências

Humanas, em geral, costuma pedir

comparação entre textos, análise de

imagens (charges, obras de arte,

fotos), além da relação entre texto e

imagem.

GEOGRAFIA

Em Geografia, o Enem costuma

cobrar interpretação de gráficos e

tabelas. Temas sociais também são

priorizados, mas aspectos físicos

como hidrografia ou vegetação

sempre aparecem. Importante focar

também em urbanização, indústria,

transportes e agricultura.

PRINCIPAIS MOVIMENTOS SOCIAIS

BIOÉTICA

CIDADANIA

PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS URBANOS

SITUAÇÃO RURAL NO BRASIL

IMPACTO DA TECNOLOGIA NA SOCIEDADE E NA POLÍTICA

QUESTÃO AMBIENTAL

OS TEMAS MAIS RECORRENTES

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 2

O conceito de movimento social se refere à ação coletiva de um grupo organizado que tem como objetivo alcançar mudanças sociais por meio do embate político, dentro de uma determinada sociedade e de um contexto específico. Fazem parte dos movimentos sociais, os movimentos populares, sindicais e a organizações não governamentais (ONGs).

Problema que ainda hoje nos aflige, a concentração de terras se apresentava como o principal ingrediente motivador das rebeliões que ocorreram nos campos brasileiros na passagem do século XIX para o XX. A exploração da mão de obra camponesa e as dificuldades de acesso à propriedade rural podem ser encontrados, assim, nas origens da “Revolta de Canudos”, da “Guerra do Contestado” e do movimento do “Cangaço”.

Ocorridos em locais distintos, a formação do arraial de Canudos (Bahia) e a Revolta do Contestado (região fronteiriça entre Paraná e Santa Catarina) fizeram-se a partir da luta dos mesmos atores sociais, ou seja, camponeses explorados em decorrência da expansão latifundiária. Do mesmo modo, possuíam a liderança de personagens entendidos por seus seguidores como verdadeiros “messias”. Antonio Conselheiro e José Maria representavam, portanto, um comando que era ao mesmo tempo político e religioso.

Os destinos dos dois movimentos foram igualmente semelhantes, com seus integrantes sendo ferozmente combatidos pelas tropas federais. E este foi o mesmo tratamento dado aos “cangaçeiros”.

Interpretados pela historiografia ora como “heróis” que roubavam dos ricos para dar aos pobres, ora como bandidos que corrompiam a ordem estabelecida, estes indivíduos se utilizavam de práticas não legais como forma de resistência à miséria que os afligia. O enfrentamento a tais movimentos correspondia, deste modo, tanto aos interesses das oligarquias latifundiárias, quanto aos de um governo que ainda almejava se consolidar em âmbito nacional e que, portanto, não poderia admitir tamanhas convulsões sociais.

MOVIMENTOS SOCIAIS

CANUDOS, CONTESTADO E CANGAÇO

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 3

REVOLTA DA ARMADA

Embora tivesse uma população majoritariamente camponesa, a sociedade brasileira não se limitou ao espaço rural para demonstrar suas insatisfações com a recém-proclamada república. Contrários ao centralismo político que marcou as gestões de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, rebeldes se levantaram no Rio de Janeiro e em cidades do sul através das “Revoltas da Armada”. Organizadas por setores da marinha, foram severamente reprimidas pelo governo, fato que valeu a Floriano a alcunha de “Marechal de Ferro”.

Em 1910, setores da marinha vieram novamente a se rebelar contra o governo. No entanto, dessa vez a revolta se fez a partir de marinheiros inconformados com as punições físicas que sofriam através da ação de seus superiores. A questão racial contribuiu igualmente à eclosão do movimento, já que a grande maioria dos castigados era constituída por marinheiros negros, muitos dos quais ex-escravos. Sob a liderança de João Cândido, o “Almirante Negro”, os revoltosos se confrontaram contra os militares fiéis ao governo, sendo derrotados após sangrentos embates.

REVOLTA DA VACINA

A cidade do Rio de Janeiro apresentava

grande centralidade nos movimentos sociais ocorridos durante a República

Oligárquica. Capital federal, foi palco de inúmeros levantes contra o governo,

inclusive da polêmica “Revolta da Vacina”. Tendo ocorrido durante a gestão

do prefeito Pereira Passos, o movimento se opôs à obrigatoriedade de vacinação

contra a varíola imposta pelo poder público. O que se contestava, na

verdade, não era apenas o autoritarismo do projeto, mas as reais intenções do

governo em estabelecer tal medida. A insatisfação da população carioca com

a administração do prefeito “Bota Abaixo” também se relacionava às reformas

urbanísticas então desenvolvidas na capital. Marco fundamental do projeto

“Paris Tropical”, a avenida Central foi aberta após a demolição de boa parte do

morro do Castelo, o que acarretou a saída compulsória de diversas famílias

que ali moravam. Muitas delas passaram a residir, então, em cortiços e nas

primeiras favelas formadas na cidade.

TENENTISMO

Ao longo da década de 1920 as críticas ao governo federal ficaram ainda mais

vorazes. Diversas revoltas colocavam em xeque a legitimidade das oligarquias que

então estavam no poder. Opunham-se, deste modo, às estruturas arcaicas que

perduravam no país, como a prática do voto de cabresto, as elevadas taxas de

analfabetismo e a debilidade de nossas incipientes indústrias. Nesse contexto, e lutando contra tais mazelas, é que serão organizadas a Semana de Arte Moderna (São Paulo) e o movimento “tenentista”. A “SAM”, além de sua grande importância em termos intelectuais e artísticos, foi vanguardista ao criticar claramente os desmandos das elites políticas brasileiras. O “Tenentismo”, idealizado por tenentes e outros jovens militares, uniu diversos setores das forças armadas contra esses mesmos poderosos. A “Revolta dos Dezoito do Forte de Copacabana” e a “Coluna Prestes” são dois exemplos de eventos mobilizados a partir das concepções tenentistas.

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 4

1968: O ANO QUE SACUDIU O MUNDO

Manifestações estudantis em Paris,

movimentos antiguerra nos Estados

Unidos, a utopia pela democracia em

Praga, a luta pelo fim da ditadura no

Brasil... Depois de 1968, o mundo

nunca mais foi o mesmo e, embora

nada tenha ocorrido da forma

esperada, seus efeitos são sentidos

até hoje

Se o século 20, o mais movimentado

da história, teve um ponto em torno

do qual transformações se

concentraram como um enxame,

esse momento foi certamente 1968.

Foram, acima de tudo, 12 meses de

ruptura. No planeta todo, muitos

estavam empolgados (outros,

horrorizados) com a perspectiva de

questionar heranças antigas e

sagradas: patriotismo, coragem

militar, estrutura social e familiar,

lealdades ideológicas e legados

culturais. Os que se deixaram levar

pelo entusiasmo daquele ano

sentiam que, enquanto um mundo

morria, outro estava nascendo. E

queriam de toda forma estar entre

os parteiros.

O que eles não perceberam de cara,

no entanto, é que nem todas as

mudanças radicais estavam ao

alcance da mão. Embora as relações

raciais e sexuais, a situação da

mulher, a cultura e a guerra nunca

mais fossem as mesmas depois de

1968, o saldo desse ano amalucado

não foi propriamente uma revolução,

mas uma divisão – um abismo que

talvez ainda separe as pessoas em

dois campos difíceis de reconciliar.

“O mundo inteiro está vendo!” A

chave para entender por que 1968

foi tão singular talvez apareça nesse

slogan, gritado pelos estudantes

americanos que apanhavam da

polícia de Chicago durante a

convenção do Partido Democrata na

cidade. O escritor americano Mark

Kurlansky, autor de 1968 – O Ano

Que Abalou o Mundo, aponta que,

pela primeira vez na história, os

meios de comunicação interligavam

o planeta inteiro via satélite, ao

vivo. Muitos governos viam a

sucessão de protestos e rebeliões

como prova de uma conspiração

internacional. A explicação

verdadeira para a sincronia, porém,

era bem mais simples: os

manifestantes tinham ficado sabendo

uns dos outros pela TV.

A televisão, no entanto, era só um

catalisador, diz Kurlansky. “Se eu

tivesse que escolher um único fator

como aquele que influenciou a

geração de 1968, seria a Segunda

Guerra Mundial, a qual, por sua vez,

gerou a Guerra Fria”, diz. “Minha

geração rejeitou a visão de um

mundo dividido por duas

superpotências armadas até os

dentes. Isso significa que 1968 foi

diferente de 1967 ou 1969 por

representar um crescendo dramático

de acontecimentos, que começaram

antes desse ano e continuaram

depois dele.” Sua geração era a dos

baby-boomers, jovens nascidos após

o fim da Segunda Guerra, na maior

explosão demográfica já ocorrida no

Ocidente (o baby boom). Seus filhos

– 75 milhões de pessoas só nos

Estados Unidos – beneficiaram-se da

prosperidade econômica nos Estados

Unidos e na Europa Ocidental,

tornando-se a geração mais bem

educada e rica de seus países natais.

Nunca tantos jovens tinham ido

parar na universidade de uma vez só.

Possuíam, portanto, condições ideais

para consumir novos tipos de cultura

de massa, formação para discutir

política e interesse em levar uma

vida diferente da de seus pais

Fatos que marcaram a cultura em 1968

• Jimi Hendrix lança, em 10 de

janeiro, seu segundo disco, Axis:

Bold as Love

• Na Índia, em fevereiro, os Beatles

encontram Maharishi Mahesh Yogi e

popularizam a técnica da meditação

• Em 6 de abril, Stanley Kubrick

lança o clássico da ficção científica

2001, Uma Odisséia no Espaço

• Também em abril estréia o musical

hippie Hair, na Brodway, com nudez

e apologia às drogas

• Em maio, estréia no Brasil O

Bandido da Luz Vermelha, marco do

cinema marginal

• Após recusar um roteiro da

feminista Valerie Solanas, Andy

Warhol leva um tiro dela e é

internado

• Em julho, radicais de direita

espancam atores da peça Roda Viva,

de Chico Buarque

• No mesmo mês, chega ao mercado

o disco Tropicália ou Panis et

Circensis, com uma mistura de

ritmos

• Em 7 de setembro, mulheres

protestam em pleno concurso de Miss

Estados Unidos

• Em setembro, Geraldo Vandré é

preso após cantar “Pra Não Dizer

Que Não Falei das Flores” no Festival

Internacional da Canção da TV Globo

• Ainda no mesmo mês, Caetano

Veloso é vaiado no Festival ao cantar

“É Proibido Proibir” e diz que o povo

não estava entendendo nada

• Estranhamente, os Beatles e seu

White Album, lançado em novembro,

pediam moderação

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 5

DIRETAS JÁ

Diretas Já foi um movimento político democrático que teve uma das maiores participações políticas da história do Brasil. Seu início aconteceu no ano de 1983, no governo de João Batista Figueiredo. Esse movimento apoiava a emenda do deputado Dante de Oliveira, que propunha eleições diretas para o cargo de Presidente da República em nosso país.

Os participantes

Esse movimento ganhou o apoio dos partidos PMDB e PDS. Com isso, diversos políticos da época como: Franco Montoro, Fernando Henrique Cardoso, Tancredo Neves, Ulysses Guimarães, José Serra, Mário Covas, Teotônio Vilela, Eduardo Suplicy, Leonel Brizola, Luis Inácio Lula da Silva, Miguel Arraes e muitos outros passaram a participar do Diretas Já.

Mas não foram apenas os políticos que fizeram parte desse movimento, alguns artistas, jogadores de futebol, cantores e religiosos também fizeram parte, além de uma grande parte da população.

As causas do movimento

A última eleição direta havia sido no ano de 1960, o Brasil estava sob regime militar desde 1964. A Ditadura já não iria perdurar por muito tempo. A inflação estava alta, a dívida externa em um valor exorbitante, o desemprego, e muitas outras coisas mostravam como o sistema estava em crise.

Os militares, que ainda estavam no poder, tentavam pregar uma transição democrática lenta, consequentemente passaram a perder o apoio da sociedade, que muito insatisfeita com a situação, queria o fim do regime militar o mais rápido possível.

A próxima eleição para a presidência iria acontecer em 1984, e seria realizada de

modo indireto, através do Colégio Eleitoral. E para que a eleição pudesse ocorrer de forma direta, na qual o voto popular valesse, seria necessária a aprovação da emenda constitucional que havia sido proposta pelo deputado do PMDB, Dante de Oliveira.

As manifestações

Foram realizadas inúmeras manifestações durante esse período, a cor amarela era a o símbolo dessa campanha. Os comícios que ocorriam eram marcados pela presença de pessoas que haviam sido perseguidas pela ditadura militar, membros da classe artística, intelectuais e representantes de outros movimentos lutavam pela aprovação do projeto de lei.

As lideranças estudantis como a UNE (União Nacional dos Estudantes) e sindicatos também reforçaram o movimento. Em janeiro de 1984, aproximadamente 300.000 pessoas se reuniram na Praça da Sé, em São Paulo. No dia 10 de abril, um milhão de cidadãos tomou conta do Rio de Janeiro e uma semana depois, cerca de 1,7 milhões de pessoas se mobilizaram novamente na Praça da Sé

A votação popular e as eleições indiretas

No dia 25 de abril de 1984, o Congresso Nacional se reuniu para votar a emenda que Dante de Oliveira havia proposto. Mesmo após os movimentos e pressão da população, muitos deputados não votaram a favor, por uma diferença de apenas 22 votos e algumas abstenções, o Brasil continuou com o sistema indireto para as eleições de 1985.

Para dar a impressão de que seria uma disputa democrática, o governo da época permitiu que civis concorressem ao pleito. Paulo Maluf (do PDS) e Tancredo Neves (do PMDB) foram os indicados e Tancredo venceu a disputa. Mas antes de assumir o cargo de presidente, ele faleceu devido a uma doença e quem assumiu o cargo foi o vice, José Sarney, que tornou-se o primeiro presidente civil depois do regime da Ditadura Militar.

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 6

BIOÉTICA

No termo bioética, bios representa o conhecimento biológico, a ciência dos sistemas viventes, enquanto ética, representa o conhecimento dos sistemas dos valores humanos.

O nascimento da bioética como

disciplina coincide, com um

retorno do interesse da parte da

ética filosófica pela ética prática;

um interesse motivado pela

urgência de fornecer um

adequado fundamento ao

debate público e as legislações

e de conduzir o diálogo no

contexto das sociedades

pluralistas e democráticas. A

bioética, atribui-se a função

fascinante de dar plenitude de

sentido aos conhecimentos no

campo das ciências, da vida e

da saúde e orientar a expansão

dos conhecimentos técnicos e

científicos para o bem autêntico

e integral da pessoa humana. A

definição mais aceita do termo

bioética é, sem duvida aquela

dada pela Enciclopédia da

Bioética: “É o estudo sistemático

do comportamento perspectivo a

luz dos valores e princípios

morais”.

Van Potter alarga o âmbito de

estudo da bioética ao fenômeno

ainda em toda a sua amplitude,

presente nas relações dos

viventes entre si e deles com o

ambiente. Podemos subdividir a

disciplina em 3 (três) âmbitos:

a bioética humana (bioética

medica ou ética biomédica), a

biomédica animal (que se

ocupa com temas próprios da

vida animal, tais como: direitos

dos animais, problemas éticos

relacionados com a

experimentação biomédica,

ética das intervenções sobre o

patrimônio genético das

espécies…) a bioética

ambiental, que se interessa

com as questões de valor

relacionados com o impacto do

homem sobre o ambiente

natural (ecologia e justiça,

desenvolvimento sustentável,

biodiversidade, alimentação

transgênica…).

FUNDAMENTOS HISTÓRICOS

A palavra bioética surgiu

recentemente. O primeiro a

usar o termo de modo

documentado foi o oncologista

americano, Van R. Potter, em

um artigo intitulado Bioethies.

The science of survival (1978).

Mesmo sendo recente, tal

disciplina tem uma história que

lança suas raízes no antigo

Egito. Entretanto, a contribuição

essencial para o nascimento da

ética médica, vem do grego

Hipocrates (460 – 370 A.C) e da

sua escola. Em seu famoso

juramento, Hipocrates

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 7

apresentou os traços do bom

médico.

Podemos afirmar também que a

partir de um horizonte espiritual

lentamente foi-se formulando

um modelo ético normativo que

passa pelos posicionamentos

dos Santos Padres, a

sistematização de São Tomás

de Aquino (Semana Theologico,

II – II), as reflexões de São

Afonso de Ligório (1696 – 1787).

Um grande impulso a ética

medica se deu ao magistério de

Pio XII que nos anos 40 e 50, se

mostrou muito atento as

questões morais surgidas em

função dos desenvolvimentos

das ciências biomédicas.

O contexto no qual surge a

biomédica na segunda metade

do século XX é a caracterização

por diversos fenômenos sociais

e culturais que podemos

sintetizar em quatro pontos: o

tumultuoso progresso das

ciências biomédicas e o

surgimento de novas

interrogações éticas sobre a

capacidade do homem de

administrar esse inédito e

enorme poder; a crescente

consciência que existem direitos

humanos inalienáveis, como o

objetivo a justiça, que estão

fundamentados sobre a

dignidade da pessoa humana

antes que ainda possam ser

reconhecidos pela legislação

civil; o abalo do mito da

neutralidade ética da ciência; a

necessidade de repensar a

relação da pessoa humana com

o seu planeta.

ÉTICA E CIÊNCIA

A ética é parte da filosofia:

considera concepções de fundo

acerca da vida, do universo, do

ser humano e de seu destino,

institui princípios e valores que

orientam pessoas e sociedades.

Uma pessoa é ética quando se

orienta por princípios e

convicções. Dizemos, então,

que tem caráter e boa índole.

A ciência baseia se em

pesquisas, investigações

metódicas e sistemáticas e nas

exigências de que as teorias

sejam internamente coerentes e

digam a verdade sobre a

realidade. A ciência é o

conhecimento que resulta de um

trabalho racional.

As experiências científicas são

realizadas apenas para verificar

e confirmar as demonstrações

teóricas e não para produzir o

conhecimento do objeto, pois

este é conhecido

exclusivamente pelo

pensamento. O objeto científico

é matemático, por quer a

realidade possui uma estrutura

matemática.

A concepção empirista afirma

que a ciência é uma

interpretação dos fatos baseada

em observações e experimentos

que permitem estabelecer

induções que ao serem

completadas oferecem a

definição do objeto, suas

propriedades e suas leis de

funcionamento.

ÉTICA A PARTIR DA PRÁTICA DA EUTANÁSIA

O sentido da vida e da morte –

um dos maiores especialistas

em bioética do país e membro

da pontifica Academia Pro Vida,

do Vaticano, Dalton Luiz de

Paula Ramos vê

a eutanásia como um mal da

sociedade.

É legitimo que alguém tenha o

direito de abreviar a vida de uma

pessoa que esta sofrendo?

O debate – que há décadas

permeia a mente de médicos,

filósofos, teólogos, juristas,

leigos e fiéis em todo mundo –

voltou a tona graças a dois

filmes ganhadores do Oscar que

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 8

abordaram o tema: Mar Adentro

e Menina de Ouro, lançam ai um

olhar sensível sobre pacientes

que buscam abreviar seu

sofrimento por meio da

antecipação da morte, a

chamada eutanásia. E esta

discussão não poderia deixar de

escapar do campo da bioética –

ou seja, a ciência da vida, como

prefere chamar o professor

Dalton Luiz, com mais de dez

anos de estudo nesta área, ele

tem uma opinião contundente:

“A eutanásia é um mal. Temos

que pensar na vida e não na

morte. Temos que promover a

vida”.

A pratica da eutanásia –

segundo revista veja setembro,

2002 – pode ser considerada

homicídio simples e passível de

pena de até 20 anos de prisão.

A esmagadora maioria dos

médicos é contra essa atitude, e

os familiares de doentes

terminais mesmo que cogitem

praticá-la muito raramente tem

coragem de fazê-la. Ao contrário

do que acontece diante da

hipótese de praticar a eutanásia,

ocorre com certa frequência a

decisão de retirar esses

chamados suportes de vida,

deixando a natureza cumprir se

curso.

Há muitas ações para justificar

essa decisão. A mais comum é

que se quer abreviar o

sofrimento do doente. Outra é

que a própria família não

aguenta mais o padecimento de

seu ente. Há também razões

práticas como abrir vagas na

UTI para alguém com mais

chances de sobreviver ou até a

falta de cobertura nos planos de

saúde.

O documento que coloca nas

mãos do pacientes a decisão

sobre o momento mais

adequado para deixar que a

natureza siga seu curso é aceito

na Dinamarca, no Canadá, no

Japão e em Cingapura.

No Brasil não há uma lei federal

que autorize o paciente a

recusar o auxílio de aparelhos

de suporte de vida. Pelo código

de ética médica brasileira, o

médico deve utilizar “todos os

meios de diagnostico e

tratamento a seu alcance em

favor do paciente”. No estado de

São Paulo, uma lei de 1999

garante aos pacientes terminais

o direito de recusar tratamentos

dolorosos ou extraordinários e

de escolher onde querem

morrer“.

“A grande vantagem da lei

paulista é que ao optar por

morrer em casa o paciente fica

livre da obrigação do médico de

usar todos os tratamentos de

prolongamento de vida que

estão ao seu alcance” , diz

Erickson Gavalla presidente da

comissão de Bioética da OAB.

ÉTICA NAS EXPERIÊNCIAS DE CÉLULAS-TRONCO

O projeto de lei biosegurança,

que prevê a liberação dos

transgênicos e o uso dos

embriões humanos nas

pesquisas científicas com

células-tronco embrionárias foi

aprovado pela câmara dos

deputados no dia 02/03/2005;

foram 366 votos favoráveis, 59

contrários e três abstenções.

São dois termos que

precisariam ter sidos mais

debatidos separadamente. Há

limites éticos a serem

respeitados.

Foi liberado para pesquisa

científica a utilização de células-

tronco embrionárias desde que

seja obtidos em fertilização in-

vitro e esteja congelados a mais

de três anos.

No ato da votação estavam

presentes membros da

Associação Brasileira de

Distrofia Muscular e do

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 9

Movimento em Prol da vida.

Compareceram também

pessoas que padecem de

degeneração progressiva do

tecido muscular, que

aguardaram com esperança a

cura para essas situações, e a

expectativa de novos

tratamentos para doenças

neurológicas como o mal de

Alzheimer e o mal de Parkinson

e para os diabetes.

É preciso, no entanto, atender

com exatidão aos dados

científicos e as exigências éticas

na avaliação do resultado da

votação. A questão é complexa

e requer esclarecimentos

importantes.

Temos que saudar as

conquistas recentes da ciência,

em especial as da genética, que

descobre cada vez melhor a

maravilha da vida humana, dom

do criador. É nessa perspectiva

eu se insere a descoberta do

uso das células-tronco, que

podem pele seu múltiplo

potencial, regenerar tecidos e

órgãos.

Mas temos de distinguir

as células tronco embrionárias,

que surgem com os primeiros

desdobramentos logo após a

fecundação do óvulo, das

células-tronco maduras, que

encontramos no organismo

desenvolvido e, em especial, na

medula óssea e no cordão

umbilical.

Quanto ao uso das células-

tronco maduras, os resultados

são promissores e etnicamente

válidos. A restrição está no

recurso das células-tronco

embrionárias, cujo uso implica

na destruição do embrião e por

isso é moralmente inaceitável,

uma vez que ao ser humano,

desde a sua concepção,

compete a sua inviolável

dignidade. Não é portanto

admissível, à luz dos princípios

éticos, o voto do senado e da

câmara dos deputados que

permite sacrificar o embrião

humano e reduzi-lo a material

de experimentação. Nenhum

progresso cientifico é verdadeiro

se elimina a vida humana em

qualquer fase.

As células-tronco maduras

abrem amplo horizonte para a

pesquisa cientifica e viabiliza a

tão desejada cura de muitas

enfermidades. Todos os

esforços devem, em nosso país,

ser empregados para que os

cientistas, respeitando a vida e

os princípios éticos, façam

novas conquistas para o bem da

humanidade.

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 10

CIDADANIA HOJE

Ser cidadão é ter a garantia de todos os direitos civis, políticos e sociais que asseguram a possibilidade de uma vida plena. Esses direitos não foram conferidos, mas exigidos, integrados e assumidos pelas leis, pelas autoridades e pela população em geral. A cidadania também não é dada, mas construída em um processo de organização, participação e intervenção social de indivíduos ou de grupos sociais. Só na constante vigilância dos atos cotidianos o cidadão pode apropriar-se desses direitos, fazendo-os valer de fato. Se não houver essa exigêngia, eles ficarão no papel.

As duas cidadanias. O conceito de cidadania foi gerado nas lutas que estruturaram os direitos universais do cidadão. Desde o século XVIII, muitas ações e movimentos foram necessários para que se ampliassem o conceito e prática de cidadania. Nesse sentido, pode-se afirmar que defender a cidadania é lutar pelos direitos e, portanto, pelo exercício da democracia, que é a constante criação de novos direitos.

T.H. Marshall propôs uma análise da evolução da cidadania vinculada a determinados direitos, com base na situação da Inglaterra. Na sociedade contemporânea, porém , há um grau de complexidade ee desigualdade tão grande que a divisão dos direitos do cidadão em

civis, políticos e sociais já não é suficiente para explicar sua dinâmica. Como alternativa a essa classificação, podemos pensar em dois tipos de cidadania: o formal e o real ( o substantivo).

A cidadania formal é aquela que está as leis, principalmente na constituição de cada país. É a que estabelece que todos são iguais perante a lei e garante ao indivíduo a possibilidade de lutar judicialmente por seus direitos. Tal garantia é muito importante: se não houvesse leis que para determinar nossos direitos, estaríamos nas mãos de uma minoria. Essa era a situação de escravos, que não tinham direito algum.

A cidadania Substantiva ou real, aquela que vivemos no dia a dia, mostra que não há igualdade fundamental entre todos os seres humanos – entre homens e mulheres, crianças, jovens e idosos, negros, pardos ou brancos.

O sociólogo português Boaventura de Souza Santos formula um pensamento importante: como ficam os direitos dos indivíduos que sofreram os efeitos das numerosas guerras que aconteceram depois de 1945, nas quais envolveram as nações que foram o berço dos documentos de direitos universais – Inglaterra, França e Estados Unidos ?

A defesa dos direitos humanos convive com sua violação. A coerência entre os princípios e a prática dos direitos humanos só será estabelecida se houver uma

luta constante pela sua vigência, travada por meio de ações políticas ou movimentos sociais . Direitos só se tornam efetivos e substantivos quando são exigidos e vividos cotidianamente.

Com a constituição de 1988,

chamada de constituição cidadã,

foi possível haver pela primeira

vez uma legislação democrática

garantindo a plenitude dos

direitos civis, político e sociais

no Brasil.

O aspecto mais marcante dessa

Carta é os direitos e garantias

dos poderes do Estado. Isso

significa que o Estado está a

serviço dos cidadãos e que

esses direitos não podem ser

abolidos por ninguém. Em

outras palavras, os direitos

humanos – civis, políticos e

sociais- estão acima do Estado

e legalmente definidos.

Os direitos humanos ganharam

tal posição na constituição

porque, os últimos anos da

ditadura militar, ocorreram

CIDADANIA

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 11

muitos movimentos sociais em

defesa deles . No entanto, para

que se tornem realidade, muita

luta ainda será necessária.

A questão dos direitos no

Brasil parece estar invertida com

o que se observou nos Estados

Unidos e nos países europeus.

Os direitos civis e políticos

foram restritos na maior parte da

nossa história, e as propostas

de direitos sociais tiveram

sempre o sentido de aplacar as

condições precárias de vida da

população. Só recentemente

podemos dizer que temos todos

os direitos estabelecidos nas

leis. Ainda assim, ainda há

muito por fazer para que as

pessoas possam de fato viver

dignamente com educação de

qualidade, sistema de saúde

eficiente, direitos trabalhistas

permanentes, terra para

trabalhar e habitação digna.

ff

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 12

A urbanização da sociedade

aconteceu de forma desigual em

todo mundo. Os países

considerados “centrais” assistiram

primeiramente aos seus processos

de urbanização, apesar de outras

civilizações antigas também

apresentarem o seu espaço urbano.

Com o processo de colonização e

o consequente

subdesenvolvimento, a

urbanização nos países periféricos

consolidou-se apenas em meados

do século XX, fruto da

industrialização tardia desses

países.

O fato é que os distintos processos

de urbanização estão diretamente

ligados à industrialização e todos

eles apresentam problemas tanto

de caráter social quanto de caráter

ambiental. Boa parte desses

problemas não está ligada somente

ao processo de urbanização em si,

mas também à má distribuição de

renda e às contradições sociais.

PROBLEMAS SOCIAIS URBANOS

Dentre os problemas sociais

urbanos, merece destaque a

questão dasegregação urbana,

fruto da concentração de renda no

espaço das cidades e da falta de

planejamento público que vise à

promoção de políticas de controle

ao crescimento desordenado das

cidades. A especulação imobiliária

favorece o encarecimento dos

locais mais próximos dos grandes

centros, tornando-os inacessíveis à

grande massa populacional. Além

disso, à medida que as cidades

crescem, áreas que antes eram

baratas e de fácil acesso tornam-se

mais caras, o que contribui para

que a grande maioria da população

pobre busque por moradias em

regiões ainda mais distantes.

Essas pessoas sofrem com as

grandes distâncias dos locais de

residência com os centros

comerciais e os locais onde

trabalham, uma vez que a

esmagadora maioria dos

habitantes que sofrem com esse

processo são trabalhadores com

baixos salários. Incluem-se a isso

as precárias condições

de transporte público e

a péssima infraestrutura dessas

zonas segregadas, que às vezes

não contam com saneamento

básico ou asfalto e apresentam

elevados índices de violência.

A especulação imobiliária também

acentua um problema cada vez

maior no espaço das grandes,

médias e até pequenas cidades: a

questão dos lotes vagos. Esse

problema acontece por dois

principais motivos: 1) falta de

poder aquisitivo da população que

possui terrenos, mas que não

possui condições de construir

neles e 2) a espera pela

valorização dos lotes para que

esses se tornem mais caros para

uma venda posterior. Esses lotes

vagos geralmente apresentam

problemas como o acúmulo de

lixo, mato alto, e acabam

tornando-se focos de doenças,

como a dengue.

Dentre os problemas sociais

urbanos, entretanto, o principal é o

processo defavelização. Esse se

associa também à concentração de

renda, ao desemprego e à falta de

planejamento urbano. Muitas

pessoas, por não disporem de

condições financeiras para custear

suas moradias, acabam não

encontrando outra saída senão

ocupar de forma irregular (através

de invasões) áreas que geralmente

não apresentam características

favoráveis à habitação, como os

morros com elevada declividade.

PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS UBANOS

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 13

A formação e proliferação de

favelas é a principal denúncia das

desigualdades sociais no espaço

urbano e são elementos

característicos das grandes

metrópoles, como São Paulo, Rio de

Janeiro, Cidade do México e muitas

outras. Vale lembrar que esse não é

um fenômeno exclusivo dos países

pobres. A estimativa da ONU é de

que, até 2030, mais de 2 bilhões de

pessoas estarão morando em favelas

em todo mundo.

Problemas ambientais urbanos

Muitos dos problemas ambientais urbanos estão diretamente ligados aos problemas sociais. Por exemplo: o processo de favelização contribui para a agressão ao meio ambiente, visto que as ocupações irregulares geralmente ocorrem em zonas de preservação ou em locais próximos a rios e cursos d’água.

Ademais, sabe-se que os problemas ambientais, sejam eles urbanos ou não, são produtos da interferência do homem na natureza, transformando-a conforme seus interesses e explorando os seus recursos em busca de maximização dos lucros sem se preocupar com as consequências.

As zonas segregadas, locais mais pobres da cidade, costumam ser palco das consequências da ação

humana sobre o meio natural. Problemas como asenchentes são rotineiramente noticiados. E a culpa não é da chuva.

Em alguns casos, o processo de inundação de uma determinada região é natural, ou seja, aconteceria com ou sem a intervenção humana. O problema é que, muitas vezes, por falta de planejamento público, loteamentos e bairros são construídos em regiões que compõem áreas de risco. Em outras palavras, em tempos de seca, casas são construídas em locais que fazem parte dos leitos dos rios e, quando esses rios passam pelas cheias, acabam inundando essas casas.

Em outros casos, a formação de enchentes está ligada à poluição urbana ou às condições de infraestrutura, como a impermeabilização dos solos a partir da construção de ruas asfaltadas. A água, que normalmente infiltraria no solo, acaba não tendo para onde ir e deságua nos rios, que acumulam, transbordam e provocam enchentes.

Cidade de Brisbane, na Austrália, sofrendo com inundações em 2011

Outro problema ambiental urbano bastante comum é o fenômeno das ilhas de calor, que ocorre nas regiões centrais das grandes

cidades. Tal situação é consequência do processo de verticalização, ou seja, a formação de prédios que limitam a circulação do ar e, somada à retirada das árvores, contribui para a concentração do calor. É por isso que as regiões centrais ou muito urbanizadas estão sempre mais quentes que o restante da cidade.

Para somar às ilhas de calor, existe também a inversão térmica, um fenômeno climático que dificulta a dispersão dos poluentes emitidos pela ação humana. Em virtude disso, gases tóxicos pairam sobre a superfície das cidades, provocando doenças respiratórias e o aumento das temperaturas.

A falta de planejamento público e a ausência de uma maior consciência ambiental constituem os problemas ambientais urbanos, como a poluição das águas de rios, lagos e oceanos, o aumento das temperaturas, a ocorrência de chuvas ácidas (fruto da emissão de gases tóxicos na atmosfera), isso tudo somado às poluições visual e sonora.

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 14

O Brasil já foi um país tipicamente agrário, no qual a agricultura era a grande responsável pelo Produto Interno Bruto (PIB), contribuindo com a maior

das parcelas, empregando boa parte da População Economicamente Ativa (PEA). Contudo, atualmente a agricultura brasileira participa com apenas 7,75% do PIB nacional, empregando apenas 24% da PEA.

O que encontramos hoje é um país urbano-industrial, gerado através do processo ocorrido a partir do governo JK. Processo tal que se acelerou com a mecanização da agricultura, provocando a saída de muitos trabalhadores rurais do campo, devido à diminuição da mão-de-obra necessária, além da concentração de terra ocorrida, onde grandes agricultores englobaram as terras de pequenos produtores que faliram por não ter como se modernizar. Todo este processo gerou o que conhecemos por êxodo rural. Contraditoriamente, atualmente, o Brasil é um dos grandes exportadores agrícolas do mundo (soja, carne bovina, laranja, café, açúcar etc), devido a tal modernização, entretanto, ainda é problemática a questão da distribuição de terras, que a cada dia aumenta o número de conflitos no campo.

SITUAÇÃO RURAL NO BRASIL

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO

O IMPACTO DA TECNOLOGIA NA SOCIEDADE E NA POLÍTICA

Sem dúvida alguma a informática proporcionou a partir da segunda metade do século passado, uma das

transformações mais abrangentes que a tecnologia poderia engendrar, pois não se limitou a um campo estrito da

indústria, do comércio e das comunicações. A tecnologia da informação pode ser pensada como revolução

semelhante ao livro, que se tornou possível a partir da invenção da imprensa por Gutenberg no século 21. Até então,

como afirmou o historiador francês Lê Pen, um livro levava cerca de dois anos para ser transcrito, o que o tornava

objeto extremamente raro e inacessível na sociedade da época. O conhecimento, portanto, ficava restrito aos clérigos

e para pequena elite que podia comprar livros.

Com os livros passando a serem impressos em lotes de 200 ou mais exemplares e com custos significativamente

menores do que as obras transcritas manualmente ao longo de anos, o acesso à cultura e à informação se tornou

muito mais democrático, possibilitando aos estudantes e mesmo às poucas pessoas alfabetizadas na época a

aquisição de livros que abririam as portas para novo mundo.

Outro aspecto importante, é que os livros, não dependendo apenas da lenta transcrição que ocorria nos mosteiros,

estabeleciam, também, maior liberdade de expressão para as mais diversas tendências. Assim, o mundo presenciou

grande revolução na informação e na comunicação, que, guardadas as devidas proporções, foi de fato tão significativa

como o surgimento da Internet.

As transformações sociais, políticas e econômicas com a democratização do livro foram extremamente relevantes na

época. As universidades puderam, a partir daí, ter acesso a bibliotecas mais amplas e diversificadas. As bíblias

impressas e mais acessíveis, de certa forma, também criariam as condições para as dissidências no âmbito do

Cristianismo com o surgimento da pluralidade de interpretações das Escrituras. As pesquisas científicas, os textos

filosóficos e a literatura narrativa, em pouco tempo ganhavam o mundo abrindo as portas da cultura e do

conhecimento a classe social emergente, a burguesia, que seria protagonista de nova revolução social e política no

século 18. Dessa forma, não é exagero afirmar que a revolução da informática, guardadas as devidas proporções,

pode ser comparada à invenção da imprensa há quase cinco séculos.

Por sua vez, a informática no seu início, ficou limitada às operações administrativas das grandes empresas e

posteriormente de governos, mas suas possibilidades e campos de aplicações foram se tornando infinitos,

principalmente por ser capaz de processar milhões de dados ao mesmo tempo, tornando as pesquisas mais rápidas e

precisas. Temos aí o exemplo recente das pesquisas do genoma humano, cujos dados se tornaram acessíveis a todo

mundo científico, numa estratégia bem-sucedida, diga-se de passagem, ao se criar agentes multiplicadores no

processamento de bilhões de informações que seriam inviáveis para único centro de processamento de dados.

Se as suas vantagens foram múltiplas e expressivas para o desenvolvimento humano, não podemos esquecer que o

rápido progresso proporcionado pela informática, em descompasso com o de inclusão de grande parte da população

do terceiro mundo, gerou rapidamente novo tipo de analfabeto: o digital, cujo acesso ao mercado de trabalho e a

informação se tornou ainda mais restrito, pois os avanços da tecnologia com o emprego de processos informatizados

eliminam aqueles que são incapazes de operar máquinas e equipamentos sofisticados. Ainda, no campo social,

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 16

apesar dos avanços operados no que se referem à Medicina, envolvendo o controle de doenças, tecnologias

cirúrgicas, exames laboratoriais, parece ter tornado ainda mais distante a possibilidade de inserção dos mais pobres e

na nova sociedade.

A tecnologia da informação, pelas suas amplas possibilidades de utilização, pode, também, ter seu lado sombrio,

construindo novas formas de controle da sociedade por Estados autoritários. E seria realmente assustador imaginar o

nazismo ou outros tipos de totalitarismos controlando essas formas sofisticadas de controle social. Em contrapartida,

os mais otimistas podem visualizar sociedades mais democráticas no futuro, com sistemas políticos utilizando a

participação direta da população por meio da Internet, reduzindo a intermediação nas votações de projetos de

interesse geral. De qualquer forma, as redes sociais tenderão a ampliar seu papel nas diversas formas de intervenção

política na sociedade, inibindo a corrupção e despotismos de Estado, como já tivemos oportunidade de testemunhar

nos últimos acontecimentos no Oriente Médio

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 17

QUESTÃO AMBIENTAL

À medida que a humanidade aumenta sua capacidade de intervir

na natureza para satisfação de necessidades e desejos

crescentes, surgem tensões e conflitos quanto ao uso do espaço

e dos recursos em função da tecnologia disponível.

Nos últimos séculos, um modelo de civilização se impôs, trazendo

a industrialização, com sua forma de produção e organização do

trabalho, além da mecanização da agricultura, que inclui o uso

intenso de agrotóxicos, e a urbanização com um processo de

concentração populacional nas cidades.

A tecnologia empregada evoluiu rapidamente com consequências indesejáveis que se agravam com igual

rapidez. A exploração dos recursos naturais passou a ser feita de forma demasiadamente intensa. Recursos

não-renováveis, como o petróleo, ameaçam escassear. De onde se retirava uma árvore, agora retiram-se

centenas. Onde moravam algumas famílias, consumindo alguma água e produzindo poucos detritos, agora

moram milhões de famílias, exigindo imensos mananciais e gerando milhares de toneladas de lixo por dia.

Essas diferenças são determinantes para a degradação do meio onde se insere o homem. Sistemas inteiros

de vida vegetal e animal são tirados de seu equilíbrio. E a riqueza, gerada num modelo econômico que

propicia a concentração da renda, não impede o crescimento da miséria e da fome. Algumas das

consequências indesejáveis desse tipo de ação humana são, por exemplo, o esgotamento do solo, a

contaminação da água e a crescente violência nos centros urbanos.

À medida que tal modelo de desenvolvimento provocou efeitos negativos mais graves, surgiram

manifestações e movimentos que refletiam a consciência de parcelas da população sobre o perigo que a

humanidade corre ao afetar de forma tão violenta o seu meio ambiente. Em países como o Brasil,

preocupações com a preservação de espécies surgiram já há alguns séculos, como no caso do pau-brasil,

por exemplo, em função de seu valor econômico. No final do século passado iniciaram-se manifestações

pela preservação dos sistemas naturais que culminaram na criação de Parques Nacionais, como ocorreu

nos Estados Unidos.

É nesse contexto que, no final do século passado, surge a área do conhecimento que se chamou de

Ecologia. O termo foi proposto em 1866 pelo biólogo Haeckel, e deriva de duas palavras gregas: oikos, que

quer dizer “morada”, e logos, que significa “estudo”. A Ecologia começa como um novo ramo das Ciências

Naturais, e seu estudo passa a sugerir novos campos do conhecimento como, por exemplo, a ecologia

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 18

humana e a economia ecológica. Mas só na década de 1970 o termo “ecologia” passa a ser conhecido do

grande público. Com frequência, porém, ele é usado com outros sentidos e até como sinônimo de meio

ambiente.

Nas nações mais industrializadas passa-se a constatar uma deterioração na qualidade de vida que afeta a

saúde tanto física quanto psicológica dos habitantes das grandes cidades. Por outro lado, os estudos

ecológicos começam a tornar evidente que a destruição — e até a simples alteração — de um único

elemento num ecossistema pode ser nociva e mesmo fatal para o sistema como um todo. Grandes

extensões de monocultura, por exemplo, podem determinar a extinção regional de algumas espécies e a

proliferação de outras. Vegetais e animais favorecidos pela plantação, ou cujos predadores foram

exterminados, reproduzem-se de modo desequilibrado, prejudicando a própria plantação. Eles passam a ser

considerados então uma “praga”. A indústria química oferece como solução o uso de praguicidas que

acabam, muitas vezes, envenenando as plantas, o solo e a água. Problemas como esse vêm confirmar a

hipótese, que já se levantava, de que poderia haver riscos sérios em se manter um alto ritmo de ocupação,

invadindo e destruindo a natureza sem conhecimento das implicações que isso traria para a vida no planeta.

Até por volta da metade do século XX, ao conhecimento científico da Ecologia somou-se um movimento

ecológico voltado no início principalmente para a preservação de grandes áreas de ecossistemas

“intocados” pelo homem, criando-se parques e reservas. Isso foi visto muitas vezes como uma preocupação

poética de visionários, uma vez que pregavam o afastamento do homem desses espaços, inviabilizando sua

exploração econômica.

Após a Segunda Guerra Mundial, principalmente a partir da década de 60, intensificou-se a percepção de

que a humanidade pode caminhar aceleradamente para o esgotamento ou a inviabilização de recursos

indispensáveis à sua própria sobrevivência. E, assim sendo, que algo deveria ser feito para alterar as

formas de ocupação do planeta estabelecidas pela cultura dominante. Esse tipo de constatação gerou o

movimento de defesa do meio ambiente que luta para diminuir o acelerado ritmo de destruição dos recursos

naturais ainda preservados e que busca alternativas que conciliem, na prática, a conservação da natureza

com a qualidade de vida das populações que dependem dessa natureza