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Seminário de projecto 2º trimestre susana alentejano

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Seminário de Projecto em Informática Educacional - Trimestre 2

Análise Crítica da Conferência “e-Portfólios”

Docente: José Lagarto Mestranda: Susana Alentejano (grupo 2)

Lisboa, 26 de Abril de 2011

Universidade Católica Portuguesa Faculdade de Psicologia e Educação

Mestrado em Ciências da Educação

Especialização em Informática Educacional

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Universidade Católica Portuguesa Mestrado em Ciências da Educação – Informática Educacional Mestranda: Susana Fernandes Alentejano

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Análise crítica da Webconferência “e-Portfólios”

Actualmente vivemos numa sociedade de conhecimento e informação, global, fruto das

profundas alterações introduzidas pelas tecnologias. A reconversão e readaptação são

fundamentais para todos os indivíduos e em qualquer área.

Desta forma, serão os portfólios digitais, também conhecidos por e-portfólios,

promissoras ferramentas da Web 2.0 e instrumentos para a aprendizagem ao longo da vida e

empregabilidade?

Consciente do potencial que estas ferramentas possibilitam a quem as usa, nasce no

panorama europeu a EIfEL, o Instituto Europeu para o e-Learning que dirige o consórcio

“Europortfólio”, cuja missão é promover o uso dos e-Portfólios na Europa. A EIfEL lança a

campanha “ePortfólio for all” em que o objectivo principal é que em 2010 todos os cidadãos

europeus tenham acesso a um e-Portfólio, dando-lhes a possibilidade de tirar partido de todos

os benefícios que este pode trazer (EIfEL, 2011).

O e-Portefólio, no actual contexto europeu, surge como um instrumento de facilitação

da mobilidade, da transparência e do reconhecimento das aprendizagens formais e informais

realizadas ao longo da vida. No entanto, várias questões se colocam: O que é um e-portefólio?

Porquê construir e-portfólios? Que tipos de e-portfólio existem? Em que contextos se justifica

a sua utilização? Que vantagens reais advêm para os cidadãos?

O e-portfólio é hoje encarado como uma ferramenta pedagógica dinâmica e flexível

para professores, formadores e estudantes, através de uma atitude reflexiva e de auto-

avaliação, permitindo simultaneamente a interacção entre os indivíduos dentro da sociedade

do conhecimento suportada pelas tecnologias da informação.

Numa perspectiva de e-portefólios como instrumentos de aprendizagem ao longo da

vida, Barbas (2006, 34) define esta ferramenta como “Um documento digital com

características fluidas (movimento, espaço integrador e transformação da temporalidade dos

fluxos) e multimodais (a nível da construção, recepção e divulgação) que descreve o percurso de

aprendizagens do cidadão ao longo da vida.”

Segundo Barbas (2011), os e-portfólios adquirem igualmente uma faceta de

instrumentos para a empregabilidade, na qual se integra o projecto Fluids-Identity: ferramenta

para a empregabilidade, uma vez que a mesma disponibiliza as potencialidades para uma

aprendizagem ao longo da vida e permite ao próprio utilizador definir e gerir o seu processo e

estilo de aprendizagem adequando-o à procura de emprego.

Numa vertente educacional Helen Barrett (2001) refere que “Um portfólio é uma

colecção de trabalhos de um estudante com um propósito que expõe os seus esforços,

progresso e realizações numa ou mais áreas. A colecção deve incluir a participação do

estudante na selecção de conteúdos, o critério de selecção, o critério para julgar o mérito, e

evidência da auto-reflexão do estudante.”

Nesta definição são introduzidos novos elementos que devem constar num e-portfólio e

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que os diferenciam de meros repositórios, sendo um dos principais a reflexão. A análise e

autocrítica por parte do aluno sobre os trabalhos que integram o seu e-portfólio são também

essenciais, para que este se torne verdadeiramente completo e proveitoso ao longo da sua

aprendizagem, são porventura tão importantes como os projectos em si.

Maria Barbas apresenta nesta webconferência quatro tipos de e-portfólios diferentes,

denominando-se estes por:

(i) e-Portfólios de desenvolvimento: pretendem demonstrar a evolução e

desenvolvimento das competências dos estudantes, promovendo a reflexão e o

feedback ao longo do processo.

(ii) e-Portfólios de acesso: tentam apresentar as competências do cidadão adquiridas

ao longo do tempo.

(iii) e-Portfólios de apresentação: apresentam trabalhos exemplares que evidenciam as

características dos alunos e, geralmente, servem para serem apresentados a

possíveis futuros empregadores.

(iv) e-Portfólios híbridos: podem servir para várias finalidades, engloba as

características dos e-portfólios anteriores e correspondem à maioria dos e-portfólios

utilizados pelos cidadãos.

A mesma autora destaca as plataformas Eduspaces, E-Pearl (Electronic Portfolio

Encouraging Active Reflective Learning) e também dois projectos nacionais, o primeiro mais

utilizado para construir e-portfólios híbridos e o segundo mais indicado para construir e-

portfólios de desenvolvimento:

(i) Fluids Indentity - e-portefólios e histórias de vida - projecto da responsabilidade de

uma equipa de docentes e alunos do Instituto Politécnico de Santarém, tem como

objectivo a criação de uma plataforma facilitadora da empregabilidade.

(ii) RePe - software para a construção de e-portefólios dirigido aos alunos portugueses

do 1º e 2º ciclos do Ensino Básico, desenvolvido pelo Centro de Competência em TIC da ESE de

Santarém.

A democratização do acesso às Tecnologias da Informação leva à definição de

estratégias que conduzam a uma inclusão digital, onde se possa ampliar a acessibilidade de

todos independentemente da sua deficiência ou diminuição de capacidades, tal como refere

Maria Barbas nesta webconferência, ainda há muito a fazer neste campo “os estudantes

portadores de NEE ainda estão à espera do nosso desenvolvimento e da possibilidade de

podermos dinamizar plataformas que sejam úteis também para eles.”

A evolução das tecnologias de informação é hoje uma realidade, com a chegada dos

mundos virtuais e dos portfólios digitais, Maria Barbas refere que “temos a hipótese de criar

uma segunda identidade através da técnica Machinima - Second Life.” Nestes ambientes

tridimensionais cada utilizador pode criar o seu avatar; o envolvimento do utilizador nas

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actividades em mundos virtuais tem um elevado potencial pedagógico permitindo a interacção

com pessoas e objectos em ambientes simulados, de modo controlado, assim como o

desenvolvimento de processos de aprendizagem com uma componente lúdica.

Para construirmos os portfólios digitais implica muita reflexão individual, tal como

Maria Barbas (2011) afirma “é necessário respondermos a um conjunto de formulários sobre:

Quem somos? O que fazemos? Onde trabalhamos? (…) devemos colocar as nossas Histórias de

Vida (…) pois é muito importante para a empregabilidade ou para nos apresentarmos aos

nossos estudantes em sala de aula.” No entanto é necessário adequar a nossa forma de escrita

para a Web declinando alguns conteúdos, segundo Gerry McGovern (2002) um dos obstáculos

da leitura online é físico, pois é mais difícil de ler num ecrã do que em papel, deste modo

coloca o desafio de colocar os textos tão breves quanto possível de modo a ultrapassar a

impaciência dos leitores.

De acordo com Maria Barbas (2011), o professor deve criar condições para que cada

vez mais o aluno se torne autónomo nas suas aprendizagens e na procura do conhecimento,

nesse sentido têm sido associadas várias vantagens à utilização da metodologia de e-portfólio

(MOSEP Project), nomeadamente o facto de constituir um suporte para a aprendizagem,

sendo uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento pessoal colocando o aluno no centro

da aprendizagem, realçando o pensamento crítico, a reflexão e competências ao nível da

pesquisa, selecção e interpretação da informação e habilidades de comunicação.

Paralelamente, facilita a apresentação de resultados para diversos públicos, tais como tutores,

colegas ou potenciais empregadores, de uma forma atraente e portátil. Uma análise contínua

do e-portfólio, levada a cabo pelos diferentes agentes educativos, permite uma auto-

regulação do processo de ensino e de aprendizagem, por parte dos alunos e professores.

Para explicar a funcionalidade e características dos portfólios digitais, Maria Barbas dá

novamente como exemplo a plataforma Fluids Identity e dá a conhecer uma peça inovadora

que permite a opção de escolha de um dos cinco perfis disponibilizados, de modo a

inscrevermos a nossa identidade pessoal na construção do nosso e-portfólio. Desta forma, a

plataforma contribui para a construção de um formato tecnológico multimodal, através da

Teoria Experimental da Aprendizagem de David Kolb (1984) e adaptada pela professora Maria

Barbas através da apresentação da “Metáfora do Puzzle”. Para Kolb (1984) a conhecimento

resulta da combinação da experiência captada e da sua transformação, dessas combinações

temos os estilos de aprendizagem: acomodador ou adaptativo, assimilador, convergente e

divergente. O utilizador também poderá escolher na plataforma um perfil livre, para além

destes quatro perfis, de forma a enquadrar-se melhor nas suas características. O perfil

escolhido por cada utilizador vai estar indexado à bolsa das empresas, que se encontram à

procura de pessoas com determinadas características, que se enquadrem nestes perfis.

Existem também plataformas alternativas para a apresentação dos e-portfólios, Maria

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Barbas (2011) refere as páginas de Facebook onde possível ao utilizador “criar uma página

para professores (…) e importar os projectos que construímos com os nossos colegas e alunos.”

Outra ferramenta importante, referida pela autora, é o Linkedin, pois dá oportunidade ao

utilizador de mostrar o seu perfil, apresentar o seu e-portfólio, o CV Europass e procurar a

empregabilidade.

Em suma, o nosso portfólio digital pode ser criado numa diversidade enorme de

plataformas, a escolha das mesmas depende do objectivo a que este se destina “se

pretendemos construir um e-portfólio pessoal (…) profissional, para a empregabilidade, (…)

com os nossos alunos ou para avaliação pessoal.” Barbas (2011)

A autora, menciona nesta conferência diversas vantagens do e-portfólio para o

cidadão, na área da Educação e para a empregabilidade: “as potencialidades do formato

digital, portabilidade e acessibilidade relativamente aos portfólios tradicionais em formato de

papel. (…) é uma excelente ferramenta de avaliação pessoal e reflexão. (…) Pode ser um

complemento e óptimo instrumento de regulação da avaliação na medida em que pode servir

de ponto de partida para que o professor e aluno discutam os seus pontos de vista e reflictam

relativamente à auto-avaliação e avaliação final. (…) Para a empregabilidade e para as

empresas é um excelente instrumento de avaliação.”

Maria Barbas, considera que há três anos o seu discurso se centrava mais nos e-

portfólios propriamente ditos e actualmente vai cada vez mais para a diversidade das

plataformas e para a procura do que poderá corresponder melhor àquilo que nós

necessitamos para construir o nosso conhecimento.

Perante o desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação, um dos

desafios é colocá-las ao serviço da Educação, contribuindo deste modo para o sucesso

educativo dos nossos alunos e como estratégia no desenvolvimento profissional dos

professores. Neste contexto, surge a utilização dos portfólios digitais como ferramenta

importante na promoção da autonomia, da reflexão, da interactividade e da integração, que

podem influenciar positivamente as formas como se ensina, se aprende e se avalia.

Tal como Sá-Chaves (2000) acentua, “a utilização de e-portfólios em educação constitui

uma estratégia, que tem vindo a procurar corresponder à necessidade de aprofundar o

conhecimento sobre a relação ensino-aprendizagem de modo a assegurar-lhe uma cada vez

melhor compreensão e, desse modo, mais elevados índices de qualidade.”

Para concluir, considero que há ainda um longo caminho a percorrer para que o

objectivo lançado pelo EIfEL para o ano transacto seja atingido, é necessário que cada cidadão

seja mais participativo na Sociedade do Conhecimento e tenha vontade de demonstrar a sua

capacidade de organizar, interpretar e reflectir sobre os documentos e informação que pode

publicar no e-portfólio. Assim, cabe-nos a nós professores dinamizar o seu uso com os alunos,

permitindo-lhes promover a aprendizagem ao longo da vida.

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Referências Bibliográficas

Barbas, M. (2006). e-Portfolio: instrumento pedagógico de empregabilidade In Actas do 1º Encontro sobre e-Portefolios- Aprendizagem Formal e Informal. Ludomédia. Conteúdos Didácticos e Lúdicos – Universidade do Minho. (34 – 46). Consultado em 23/04/2011 de: eportefolio.ese.ipsantarem.pt/.../encontroe-portfolioportugal.pdf

Barbas, Maria (2011). Webconferência: e-portfólios. [gravação áudio a partir da plataforma

Colibri] realizada no dia 22/03/2011

Barrett, Helen C. (2001). Electronic Portfolios – A chapter in Educacional Technology. Consultado em 23/04/2011 de: http://electronicportfolios.com/portfolios/encyclopediaentry.htm

EIfEL (2011). ePortfolio for all. Consultado em 23/04/2011 de: http://www.eife-l.org/activities/ campaigns

Kolb, D. (1984). Experiential Learning. New Jersey: Prentice-Hall. Consultado em 23/04/2011 de: www.d.umn.edu/~kgilbert/.../experiential-learning-theory.pdf

McGovern, Gerry, Norton, R., Dowd, C. (2002). Como escrever para a Web. Edições Centro

Atlântico. Colecção Sociedade de Informação

MOSEP Project – More Self-Esteem with my e-Portfolio. Consultado em 24/04/2011 de: http://www.mosep.org/index.php/lang-en/home/ephei

Sá-Chaves, Idália (2000). Portfolios reflexivos – Estratégia de Formação e de Supervisão. Cadernos Didácticos. Série Supervisão Nº1. Aveiro: Unidade de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores da Universidade de Aveiro