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Seminários de PESQUISA Regina Célia Veiga da Fonseca Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br

Seminarios de pesquisa

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Seminários de PeSquiSa

Seminários de PeSquiSa

Regina Célia Veiga da Fonseca

Fundação Biblioteca NacionalISBN 978-85-387-2553-4

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IESDE Brasil S.A.Curitiba2011

Regina Célia Veiga da Fonseca

Seminários de Pesquisa

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© 2006-2011 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br

Todos os direitos reservados.

Capa: IESDE Brasil S.A.

Imagem da capa: Júpiter Images/DPI Images Shutterstock

F676 Fonseca, Regina Célia Veiga da. / Seminários de Pesquisa. / Regina Célia Veiga da Fonseca. — Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2011.

56 p.

ISBN: 978-85-387-2553-4

1. Ciência - Metodologia. 2. Pesquisa. 3. Redação técnica. 4. Metodologia. 5. Trabalhos científicos. I. Título.

CDD 001.42

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Mestre em Engenharia de Produção com concentração em Mídia e Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Graduada em Letras Português-Inglês pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Graduada em Psicologia pela UTP. Profes-sora de Metodologia Científica e Comunicação Empresarial em cursos de graduação e pós-graduação. Seus estudos e pesquisas situam-se no âmbito das Ciências Sociais Aplicadas, Humanas e da Saúde.

Regina Célia Veiga da Fonseca

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SumárioO pensamento evolutivo: metodologia, raciocínio e conhecimento ..9

A base do pensamento evolutivo ........................................................................................................ 9O raciocínio lógico ..................................................................................................................................10Raciocínio dedutivo .................................................................................................................................11Raciocínio indutivo ..................................................................................................................................11O conhecimento de senso comum ...................................................................................................12O conhecimento científico ...................................................................................................................13A metodologia científica .......................................................................................................................14

O método científico e a pesquisa ....................................................................19

Método experimental .............................................................................................................................20O caráter provisório da ciência ............................................................................................................21Pesquisa .......................................................................................................................................................21

O tema de uma pesquisa, problema, hipóteses e variáveis ..................27

A escolha do tema....................................................................................................................................27Predicados de um bom tema ...............................................................................................................28Como formular um problema? ............................................................................................................29Como construir hipóteses? ...................................................................................................................30Variáveis .......................................................................................................................................................30

Métodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados ..........................35

Método quantitativo ..............................................................................................................................35Método qualitativo .................................................................................................................................35Coleta de dados ........................................................................................................................................36

Estrutura de um projeto e técnicas de leitura ............................................45

Elementos geralmente usados em um projeto de pesquisa ....................................................46Técnicas de leitura ....................................................................................................................................50

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Apresentação

Prezado aluno,

A Metodologia Científica procura colocar à sua disposi-ção um conjunto de diretrizes para auxiliá-lo na tarefa de pesquisa em diferentes conteúdos científicos, na coleta e organização de dados, na elaboração e na apresentação de textos científicos.

Espera-se que, a partir da teoria aqui apresentada, você possa reconhecer a importância da Metodologia Cientí-fica como um facilitador do pensamento científico sob todos os aspectos, além de identificá-la como base para a atividade profissional que, por definição, precisa ser ordenada, metódica e lógica.

Como resultado disso, esta obra caracteriza-se com uma apresentação simples, clara e lógica, a fim de favorecer o desenvolvimento de competências que melhorem a capacidade de pensar e agir com cientificidade, seja no âmbito acadêmico ou profissional.

Esta obra começa falando sobre a base do pensamento evolutivo, que teve início com a curiosidade inata da natureza humana, e foi se aprimorando com o passar dos séculos, encantando o homem com a vastidão do que pode ser conhecido no mundo.

Em seguida, apresenta algumas diretrizes para a organi-zação desse pensar e as regras estabelecidas para tornar possível, tanto a ordenação quanto o repasse desse conhecimento acumulado para todos que por ele se inte-ressarem. Isso é a Metodologia Científica!

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O pensamento evolutivo: metodologia, raciocínio e conhecimento

A base do pensamento evolutivoA partir do momento em que o homem tomou conhecimento de sua existência no

mundo, começou a explicar os fenômenos com os quais se deparava constantemente. Inicialmente, o fez de uma forma intuitiva, criando mitos para justificar aquilo que não compreendia. Durante algum tempo, essas explicações bastaram ao homem, porém, a sua capacidade pensante fez surgir nele a necessidade de uma outra explicação, que fosse racional, sobre si próprio, sobre o mundo e os seus inúmeros fenômenos.

Dessa necessidade nasceu a filosofia, na Grécia, por volta do século VI a.C. Por meio de um longo processo histórico, ela surgiu promovendo a passagem daque-le saber intuitivo e superficial para um saber racional e mais seguro. Isso, no entan-to, aconteceu sem o rompimento brusco com todos os conhecimentos do passado. Assim, durante muito tempo, os primeiros filósofos gregos compartilharam de diversas crenças míticas, enquanto desenvolviam o conhecimento racional que caracterizaria a filosofia.

O homem queria uma nova explicação para o mundo, por isso partiu em busca de verdades decorrentes de um pensamento lógico e coerente. Essa busca o tornou cada vez mais exigente com o conhecimento que adquiria e transmitia.

No início, o saber filosófico designava a totalidade do conhecimento racional de-senvolvido pelo homem. Abrangia os mais diversos tipos de conhecimento que hoje entendemos como pertencentes à Matemática, à Astronomia, à Física, à Biologia, à Lógica, à Ética etc. Todo o conjunto dos conhecimentos racionais integrava o universo do saber filosófico.

Com o passar dos anos, muitos desses conhecimentos foram conquistando auto-nomia e se desprenderam do saber filosófico. Assim, essas ciências passaram a direcio-nar suas investigações a certos campos delimitados da realidade, e o fazem ainda hoje

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de forma cada vez mais “localizada”. Esse processo continua evoluindo, de tal maneira, que o mundo atual caracteriza-se como a “era dos especialistas”. Essa especialização, no entanto, também pode constituir-se num problema, pois conduz a uma pulverização do saber e à perda da visão mais ampla do conhecimento humano (COTRIM, 1999).

Hoje, o homem busca um conhecimento que, além de ser verdadeiro, deve ser específico nas diferentes áreas de interesse.

Todo o acúmulo e a especificidade do conhecimento geram a necessidade, cada vez maior, de que o estudioso utilize mecanismos que facilitem e colaborem com o seu trabalho de investigação, para que o conhecimento a ser adquirido possa estar cada vez mais próximo da verdade.

O raciocínio lógico O raciocínio lógico é a arte de bem pensar e, de acordo com Hegel (apud CHAUÍ,

1998, p. 80), “de modo algum podemos renunciar ao pensamento”. Para se ter uma ideia mais clara a respeito de raciocínio lógico, vejamos, sinteticamente, o que é racio-cínio e o que é lógica.

O raciocínio é um processo mental que consiste em encadear logicamente dois ou mais juízos antecedentes, em busca de um juízo novo, denominado conclusão ou inferência. Em lógica, tem o nome de argumentação, que é um tipo de operação dis-cursiva do pensamento. A argumentação consiste em encadear logicamente juízos e deles tirar uma conclusão. Tradicionalmente, dividimos os argumentos em dois tipos: os dedutivos e os indutivos.

A lógica é uma parte da filosofia, é a ciência do pensamento. Sua definição geral pode ser a seguinte: “ciência que tem por objetivo determinar, por entre todas as ope-rações intelectuais que tendem para o conhecimento do verdadeiro, as que são váli-das, e as que não o são” (COTRIM, 1999, p. 303).

Para o filósofo grego Aristóteles (séc. IV a.C.) a lógica é um instrumento para pensar melhor e, embora alguns filósofos anteriores a ele tenham estabelecido algumas leis do pensamento, nenhum o fez com tal amplitude e rigor. Por essa razão, “a lógica aris-totélica permaneceu através dos séculos até os nossos dias” (ARANHA; MARTINS, 1999, p. 85). Essas contribuições foram incorporadas e desenvolvidas pelos modernos méto-dos da lógica matemática ou simbólica.

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Raciocínio dedutivoÉ o argumento cuja conclusão é inferida necessariamente de duas premissas. É

o raciocínio que nos permite tirar, de uma ou várias proposições, uma conclusão que delas decorre logicamente. A Matemática, por exemplo, usa predominantemente pro-cessos dedutivos de raciocínio.

O argumento dedutivo é aquele que se desenvolve de premissas gerais para chegar a uma conclusão particular. Exemplo:

Premissa A: Todos os homens são mortais.

Premissa B: Epaminondas é homem.

Conclusão: Logo, Epaminondas é mortal.

A conclusão particular de que Epaminondas é mortal é necessária porque deriva das premissas anteriores de que “todos os homens são mortais” e de que “Epaminon-das é homem”.

Raciocínio indutivoÉ o raciocínio ou forma de conhecimento pelo qual passamos do particular ao

universal, do especial ao geral, do conhecimento dos fatos ao conhecimento das leis.

O argumento indutivo é aquele que parte de proposições particulares para chegar a uma conclusão geral. Exemplo:

Proposição A: O cobre, o zinco e a prata conduzem energia.

Proposição B: Ora, o cobre, o zinco e a prata são metais.

Conclusão: Logo, todo metal é condutor de energia.

Partindo da observação e análise dos fatos e fenômenos, podemos elaborar proposições particulares verdadeiras. Com base nessas proposições, o argumento indutivo tende a chegar a conclusões gerais apenas provavelmente verdadeiras, mas não seguramente verdadeiras. (COTRIM, 1999, p. 312)

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Chauí (1998, p. 67) diz que a “indução realiza um caminho exatamente contrário ao da dedução. Com a indução partimos de casos particulares iguais ou semelhantes e procuramos a lei geral, a definição geral ou a teoria geral que explica e subordina todos esses casos particulares”.

O conhecimento de senso comum O conhecimento de senso comum é a forma mais usual que o homem utiliza para

interpretar a si mesmo, seu mundo e o universo como um todo. Essa produção de interpre-tações significativas, isto é, esse conhecimento, é o do senso comum. Também é chamado de conhecimento ordinário, popular, comum ou empírico (KÖCHE, 1997). O conhecimento do senso comum é o “conhecimento do povo, obtido ao acaso, após inúmeras tentativas. É ametódico e assistemático” (CERVO; BERVIAN, 1996, p. 7).

Esse conhecimento surge como consequência da necessidade do homem de resol-ver problemas imediatos, que aparecem na vida prática e decorrem do contato direto com os fatos e fenômenos que vão acontecendo no dia a dia. Na idade pré-histórica, por exemplo, o homem soube fazer uso das cavernas para abrigar-se das intempéries e proteger-se da ameaça dos animais selvagens. Progressivamente, foi aprendendo a dominar a natureza, inventou a roda, meios mais eficazes de caça e de pesca, canoas para navegar nos lagos e rios, instrumentos para o cultivo do solo e tantos outros. O uso da moeda, o carro puxado por animais, o uso de remédios caseiros utilizando ervas hoje classificadas como medicinais, a fabricação de utensílios domésticos, o estabele-cimento de normas e leis que regulamentavam a convivência dos indivíduos no grupo social, são exemplos que demonstram como o homem evoluiu historicamente buscan-do e produzindo um conhecimento útil gerado pela necessidade de produzir soluções para os seus problemas de sobrevivência (KÖCHE, 1997).

O conhecimento do senso comum é o resultado da necessidade de resolver os proble-mas diários. Não é, portanto, programado ou planejado antecipadamente. À medida que a vida vai acontecendo, ele se desenvolve, seguindo a ordem natural dos acontecimentos. Nele, há uma tendência de manter o sujeito que o elabora como um espectador passivo da realidade, sem uma reflexão acerca do assunto. Por isso, o conhecimento do senso comum caracteriza-se por ser elaborado de forma espontânea e instintiva. Segundo Buzzi (apud KÖCHE, 1997, p. 24), “o conhecimento do senso comum é um viver sem conhecer”.

Esse conhecimento permanece num nível superficial. Um viver sem conhecer sig-nifica que o senso comum, quando busca informações e elabora soluções para os seus problemas imediatos, não especifica as razões ou fundamentos teóricos que demons-tram ou justificam o seu uso, sua possível correção ou confiabilidade, por não compre-ender e não saber explicar as relações que há entre os fenômenos. No senso comum se

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utilizam, geralmente, conhecimentos que funcionam razoavelmente bem na solução dos problemas imediatos, apesar de não se compreender ou de se desconhecer as explicações a respeito de seu sucesso. Esses conhecimentos, pelo fato de darem certo, transformam-se em convicções, em crenças que são repassadas de um indivíduo para o outro e de uma geração para a outra (KÖCHE, 1997).

O conhecimento científico O “conhecimento científico vai além do empírico, procurando conhecer além do

fenômeno, suas causas e leis” (CERVO; BERVIAN, 1996, p. 7).

O conhecimento científico surge da necessidade de o homem compreender os fenômenos de forma clara, o mais próximo da verdade. Ele sai de uma posição mera-mente passiva. “Cabe ao homem, otimizando o uso da sua racionalidade, propor uma forma sistemática, metódica e crítica da sua função de desvelar o mundo, compreendê--lo, explicá-lo e dominá-lo” (KÖCHE, 1997, p. 24). O autor diz,

o que impulsiona o homem em direção à ciência é a necessidade de compreender a cadeia de relações que se esconde por trás das aparências sensíveis dos objetos, fatos ou fenômenos, captadas pela percepção sensorial e analisadas de forma superficial, subjetiva e a crítica pelo senso comum. O homem quer ir além dessa forma de ver a realidade imediatamente percebida e descobrir os princípios explicativos que servem de base para a compreensão da organização, classificação e ordenação da natureza em que está inserido. Não é a simples organização ou classificação que caracterizam um conhecimento científico, mas a organização e classificação sustentadas em princípios explicativos. O catálogo de um bibliotecário é um trabalho de grande valor e utilidade, sem, contudo, poder ser chamado de ciência.

Através desses princípios, a realidade passa a ser percebida pelos olhos da ciência não de uma forma desordenada e fragmentada, como ocorre na visão subjetiva do senso comum, mas sob o enfoque de um princípio explicativo que esclarece e pro-porciona a compreensão do tipo de relação que se estabelece sobre os fatos, coisas e fenômenos, unificando a visão de mundo. Nesse sentido, o conhecimento científico é expresso sob a forma de enunciados que explicam as condições que determinam a ocorrência dos fatos e dos fenômenos relacionados a um problema (KÖCHE, 1997).

O conhecimento científico é um produto resultante da investigação científica. Surge não apenas da necessidade de encontrar soluções para problemas de ordem prática da vida diária, característica do conhecimento do senso comum, mas do desejo e da necessidade de fornecer explicações sistemáticas que possam ser testadas e cri-ticadas através de provas empíricas. É um produto da necessidade de se alcançar um conhecimento “seguro”.

Pode surgir como problema de investigação, também das experiências e crenças do senso comum [...] A investigação científica se inicia quando se descobre que os conhecimentos existentes, originários das crenças do senso comum, das religiões ou da mitologia, são insuficientes e

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impotentes para explicar os problemas e as dúvidas que surgem. A investigação científica é a construção e a busca de um saber que acontece no momento em que se reconhece a ineficácia dos conhecimentos existentes, incapazes de responder de forma consistente e justificável às perguntas e dúvidas levantadas. (KÖCHE, 1997, p. 24)

A metodologia científicaA metodologia trata das formas de se fazer ciência. Cuida dos procedimentos, das

ferramentas e dos caminhos para se atingir a realidade teórica e prática, pois essa é a finalidade da ciência (DEMO, 1985).

Quando nos decidimos a fazer ciência, é importante chegarmos a um determina-do lugar, previamente proposto. Para tanto, a metodologia oferece vários caminhos. Cabe ao estudioso, ao cientista, escolher e usar a alternativa mais adequada ao seu trabalho.

É essencial entendermos a importância da metodologia para a formação do cien-tista; ela é condição fundamental de seu amadurecimento como personalidade cientí-fica. Quando o cientista segue um método específico, promove o espírito crítico, capaz de realizar a autoconsciência do trajeto feito e por fazer. Também delimita sua criativi-dade e sua potencialidade no espaço de trabalho. A ciência propõe-se a captar e mani-pular a realidade assim como ela é. Segundo Demo (1985), a metodologia desenvolve a preocupação em torno de “como” chegar a essa realidade.

Mais do que uma disciplina, a metodologia científica nos introduz no mundo dos procedimentos sistemáticos e racionais, base da formação tanto do estudioso quanto do profissional, pois ambos atuam, além da prática, no mundo das ideias. Pode-se afirmar até que a prática nasce da concepção sobre o que deve ser realizado e qualquer tomada de decisão fundamenta-se naquilo que se afirma como o mais lógico, racional, eficiente e eficaz.

Os trabalhos científicos mais comuns são:

Resenha. Resumo crítico de determinado livro. Geralmente é requerida como tarefa intermediária complementar a uma disciplina de curso ou é solicitada como artigo para divulgação em publicações periódicas especializadas.

Revisão bibliográfica. Discute as contribuições de vários autores sobre um tema específico. Geralmente, é preparada logo após a conclusão do projeto de pesquisa e poderá figurar como um capítulo do trabalho final.

Projeto de pesquisa. É o planejamento da pesquisa propriamente dito, dele constando elementos como delimitação, fontes, metodologia, cronograma,

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entre outros. É solicitado como a primeira etapa de qualquer pesquisa a ser desenvolvida.

Monografia. É o relato de uma pesquisa, geralmente escrita como tarefa final de uma disciplina, de um curso de graduação ou de especialização.

Dissertação. É o relato de uma pesquisa desenvolvida num projeto de mestrado.

Tese. É o relato de uma pesquisa desenvolvida num projeto de doutorado.

As diretrizes aqui apresentadas facilitam o procedimento na elaboração de tra-balhos científicos. Presume-se, portanto, que a sua ausência dificulta o trabalho do es-tudante, transtorna a tarefa dos professores, complica a catalogação e armazenagem dos textos e prejudica a disseminação da informação. “Elas não devem ser tomadas como uma ´camisa de força`, mas como um conjunto de orientações a serem seguidas” (AZEVEDO, 2000, p. 10).

Síntese

O estudo da Metodologia Científica estimula a reflexão, que propicia a des-coberta da realidade que nos rodeia.

Os fundamentos da Metodologia Científica fornecem instrumentos para a comprovação de hipóteses que fazemos sobre a realidade.

Os procedimentos em Metodologia Científica orientam-nos na análise e na apresentação dos resultados da investigação científica.

Texto complementar

A coisa mais bela que o homem pode experimentar é o sentido do mistério. É a fonte de toda verdadeira arte e de toda verdadeira ciência. Quem nunca experi-mentou essa sensação, encontra-se como que morto: seus olhos estão fechados. [...] Saber que aquilo, que para nós é impenetrável, existe realmente e se manifesta com a mais alta sabedoria e a mais radiante beleza que os nossos pobres sentidos con-seguem perceber somente em suas formas primitivas, essa consciência, esse senti-mento, é a essência da verdadeira religiosidade.

Albert Einstein

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Atividades

Vídeo: 1. A Guerra do Fogo (França/Canadá, 1981, 96 min.). Direção de Jean- -Jacques Annaud. Por causa de uma briga, apaga-se o fogo de uma tribo pré--histórica, que só sabia conservá-lo, não reproduzi-lo. O filme apresenta as principais hipóteses de evolução da humanidade a partir, ou em função, da descoberta da tecnologia do fogo. Assista ao filme e reflita sobre a evolução do homem.

Pense e discuta com os seus colegas: 2.

Qual é o sentido do ser humano pensar sobre seus problemas e seus ques-a) tionamentos?

É possível entender um problema sem saber a resposta dele?b)

Existe um método para desvendar mistérios?c)

Qual é a sua atitude diante do mistério?d)

Referências

ARANHA, Maria L. A.; MARTINS, Maria H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1999.

AZEVEDO, Israel B. O Prazer da Produção Científica. 8. ed. São Paulo: Prazer de Ler, 2000.

CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983.

CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: Makron Books, 1996.

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 7. ed. São Paulo: Ática, 1998.

COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.

DEMO, Pedro. Introdução à Metodologia da Ciência. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1985.

______ . Pesquisa: princípio científico e educativo. São Paulo: Cortez, 2001.

KÖCHE. José C. Fundamentos de Metodologia Científica: teoria da ciência e prática da pesquisa. Petrópolis: Vozes, 1997.

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O método científico e a pesquisa

Na Grécia Antiga, a palavra methodos significava “caminho para se chegar a um fim”. Hoje, depois de tantos anos, o seu significado estendeu-se um pouco mais e vários autores apresentaram diferentes definições para essa palavra. No entanto, o conceito de método continua tendo uma ligação muito forte com o sentido grego original, e é precisamente esse ponto que nos interessa: falar do método como um caminho para se chegar a um fim.

Todos nós conhecemos muitos métodos. Eles fazem parte da nossa vida. Galliano (1986, p. 4) diz que “qualquer pessoa civilizada é uma espécie de ilha cercada de mé-todos por todos o lados, ainda que nem sempre tenha consciência disso”. Do momen-to em que acordamos pela manhã, todas as nossas ações seguem métodos para que possam ser realizadas adequadamente. Desde preparar uma refeição, dirigir um carro, até estudar ou trabalhar, o método está sempre presente em nossas vidas.

O método, portanto, constitui um dos pontos centrais nas formas de conhecimen-to do ser humano. Ao levarmos esse conceito para a aquisição do conhecimento em ciência, teremos um método chamado científico. Este, por sua vez, caracteriza-se por um conjunto de procedimentos racionais e pré-estipulados de que o pesquisador se utiliza para atingir uma determinada meta.

Em linhas gerais, o método científico é um instrumento utilizado pela ciên cia na sondagem da realidade e, para tanto, os cientistas adotam os seguin tes passos:

proposição de uma pergunta;

formulação de uma hipótese (por indução);

testes por meio de experimentos ou de novas observações;

conclusões sobre a validade ou não da hipótese.

Existem vários tipos de métodos científicos, mas vamos analisar apenas um deles, o método experimental.

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Método experimentalEm tese, o método experimental se caracteriza pelas seguintes etapas: observação,

hipótese, experimentação, generalização (lei e teoria). Na prática, porém, o processo não se realiza necessariamente nessa ordem, podendo variar conforme as circunstâncias.

Observação e hipótese – nem sempre o pesquisador começa o seu trabalho pela observação dos fatos, para depois realizar a seleção de dados.

Entre os tantos fatos com os quais o pesquisador se depara, a questão mais impor-tante é saber selecionar os mais relevantes. Ora, como considerar a relevância de um fato, a não ser que já tenha algumas hipóteses preliminares orientando o seu olhar?

Portanto, observação e hipótese se acham sempre relacionadas de maneira recí-proca. Se de início a hipótese orienta a seleção dos fatos, em outro momento da pes-quisa ela tem o papel de reorganizar esses fatos, dando-lhes uma interpretação provisó-ria como proposta antecipada de solução do problema.

A intuição e a “iluminação súbita” (insight) nas descobertas científicas são precedi-das por longo trabalho e rigorosa elaboração conceitual. Além disso, para ser científica, a hipótese precisa ser verificada e confirmada pelos fatos e validada pela comunidade intelectual (ARANHA; MARTINS, 1999).

Confirmação da hipótese – a verificação da hipótese é feita de inúmeras maneiras, dependendo das técnicas disponíveis e também do tipo de ciência considerado. Por exemplo, em Astronomia, a confirmação só se faz mediante nova observação. Assim, outros tipos de ciência também terão suas formas específicas de verificação das hipóteses.

Generalização – caso a hipótese referente à elucidação de um fenômeno não se confirme pela experimentação, o trabalho deve ser recomeçado. Somente quando o resultado for positivo, será possível fazer generalizações ou formular leis pelas quais são descritas as regularidades dos fenômenos.

A grande força do método científico está na possibilidade de descoberta das re-lações constantes e necessárias entre os fenômenos. Assim, se estabelecem as leis que permitem a previsibilidade da natureza.

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étodo científico e a pesquisa

O caráter provisório da ciênciaApesar do rigor do método científico, não convém concluir que a ciência é um

conhecimento certo e definitivo. A ciência avança em contínuo processo de investi-gação que supõe alterações e ampliações necessárias diante de novas situações e em diferentes épocas. Assim, à medida que surgem fatos novos, ou quando são inventa-dos outros instrumentos de investigação, a ciência vai se alterando e adaptando, pro-piciando novos conhecimentos.

PesquisaA pesquisa é uma atividade voltada para a solução de problemas. Assim, ela parte

de uma dúvida ou de um problema, buscando uma resposta ou solução, com o uso do metódo científico. Pesquisa também é uma forma de obtenção de conhecimen-tos e descobertas acerca de um determinado assunto ou fato. Existem vários tipos de pesquisa:

Pesquisa bibliográficaA pesquisa bibliográfica deve ser somada, necessariamente, a todo e qualquer

outro tipo de pesquisa ou trabalho científico, constituindo uma base teórica para o de-senvolvimento de todo trabalho de investigação em ciência. Ela abrange toda biblio-grafia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, bo-letins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates que tenham sido transcritas de alguma forma, quer publicadas quer gravadas.

A pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras. É necessário refletir sobre ela para que se possa articular e correlacionar as informações obtidas com o objeto de estudo.

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Pesquisa documentalA característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está

restrita a documentos, escritos ou não. Estas podem ser feitas no momento em que o fato ou fenômeno ocorre, ou depois. São compiladas pelo autor. Exemplos: estatísticas, cartas, contratos, fotografias, filmes, mapas etc.

Pesquisa descritivaA pesquisa descritiva, conforme diz o próprio nome, descreve uma realidade tal

como esta se apresenta, conhecendo-a e interpretando-a por meio da observação, do registro e da análise dos fatos ou fenômenos (variáveis). Ela procura responder ques-tões do tipo “o que ocorre” na vida social, política, e econômica, sem, no entanto, inter-ferir nessa realidade.

Os dados dessa pesquisa ocorrem em seu habitat natural. Eles precisam ser cole-tados e registrados ordenadamente para seu estudo. A pesquisa descritiva pode ter os objetivos de:

familiarizar-se com um fenômeno ou descobrir nova percepção do mesmo;

saber atitudes, pontos de vista e preferências das pessoas;

conhecer a motivação das pessoas para determinadas ações;

fazer um estudo de caso sobre um determinado indivíduo, comunidade ou empresa.

Pesquisa experimentalÉ aquela que manipula deliberadamente algum aspecto da realidade, a partir de

condições anteriormente definidas. Esse tipo de pesquisa busca estabelecer relações de causa e efeito, ou seja, procura responder “por que” um fenômeno ocorre. Para de-senvolver uma pesquisa experimental é preciso realizar um experimento, que deverá acontecer em ambiente natural (pesquisa de campo), ou em laboratório (pesquisa de laboratório).

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Pesquisa de campoEsse tipo de pesquisa consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocor-

rem espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que se presumem relevantes para os analisar. Não deve ser confundida com a simples coleta de dados.

O objetivo da pesquisa de campo é conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles.

As fases da pesquisa de campo requerem a realização de uma pesquisa bibliográ-fica. Esta permitirá que se estabeleça um modelo teórico inicial de referência, que au-xiliará na determinação das variáveis e elaboração do plano geral da pesquisa. Deve-se determinar as técnicas que serão empregadas na coleta de dados e na determinação da amostra, que deverá ser representativa e suficiente para apoiar as conclusões.

Por último, antes que se realize a coleta de dados é preciso estabelecer tanto as técnicas de registro desses dados como as técnicas que serão utilizadas em sua análise posterior.

Pesquisa de laboratórioA pesquisa de laboratório é um procedimento de investigação mais difícil, porém

mais exato. Ela descreve e analisa o que será ou ocorrerá em situações controladas. Exige instrumental específico, preciso, e ambientes adequados.

O objetivo da pesquisa de laboratório depende daquilo que o pesquisador se propôs a alcançar e que deve ser previamente estabelecido. As técnicas utilizadas também variam de acordo com o estudo a ser feito.

Na pesquisa de laboratório, as experiências são efetuadas em recintos fechados (casas, laboratórios, salas) ou ao ar livre; em ambientes artificiais ou reais, de acordo com o campo da ciência que está realizando-as, e se restringem a determinadas manipulações.

A pesquisa de laboratório pode ser feita com pessoas, animais, vegetais ou minerais.

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No laboratório, o cientista pode observar, medir e chegar a certos resultados, sejam eles esperados ou inesperados (LAKATOS; MARCONI, 1991).

Não existe um método de pesquisa perfeito. Cabe ao pesquisador analisar cui-dadosamente o seu objeto de pesquisa bem como os seus propósitos, para melhor definir a sua escolha metodológica.

Texto complementar

Generalidades introdutórias sobre o método(RUIZ, 2002)

O método constitui característica tão importante da ciência que, não raro, in-dentificamos ciência com seu método. Cumpre, pois, que o destaquemos para um breve estudo.

A palavra método é de origem grega e significa o conjunto de etapas e proces-sos a serem vencidos ordenadamente na investigação dos fatos ou na procura da verdade.

Os diversos passos do método científico não foram estabelecidos aprioristica-mente; de fato, os homens procuraram agir cientificamente e só depois pararam para examinar o caminho que conduzira seu trabalho ao êxito. Assim, surgiu o método ou o traçado fundamental do caminho a percorrer na pesquisa científica.

Não foi somente com o método que tal fenômeno de reflexão e sistematiza-ção ocorreu, pois o homem primeiro viveu, e só depois estudou a vida: primeiro viveu moralmente, e só depois sistematizou a moral, primeiro raciocinou com lógica espontânea ou natural, e só depois definiu as leis do raciocínio; assim, também, o homem primeiro agiu metodicamente, e só depois estruturou os passos e exigên-cias do método científico.

A importância do método

O método confere segurança e é fator de economia na pesquisa, no estudo, na aprendizagem. Estabelecido e aprimorado pela contribuição cumulativa dos ante-

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passados, não pode ser ignorado hoje, em seus delineamentos gerais, sob pena de insucesso.

Entretanto, se, por um lado, pode ser aceita a opinião de que “um espírito medí-ocre, mas guiado por um bom método, fará muitas vezes mais progressos nas ciên-cias que outro mais brilhante que caminha ao acaso”, por outro lado, é preciso não exagerar a importância do método ou sua eficácia incondicional. O método é um extraordinário instrumento de trabalho que ajuda, mas não substitui por si só o ta-lento do pesquisador. O melhor será que o espírito talentoso não caminhe ao acaso ou às apalpadelas, mas aceite a contribuição do método para conseguir progressos nas ciências.

Método é um “conjunto de normas-padrão que devem ser satisfeitas, caso se deseje que a pesquisa seja tida por adequadamente conduzida e capaz de levar a conclusões merecedoras de adesão racional.”

Atividades

Em grupos de três ou quatro alunos, exponha e discuta:1.

Um problema de seu interesse para estudo.a)

Quais os tipos de pesquisas adequados para a possível solução desse pro-b) blema?

Referências

ARANHA, Maria L. A.; MARTINS, Maria H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1999.

GALLIANO, A. Guilherme. O Método Científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 1986.

LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Marina A. Fundamentos de Metodologia Científica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991.

RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica: guia para eficiência nos estudos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

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O tema de uma pesquisa, problema, hipóteses e variáveis

Toda pesquisa tem o seu início estabelecido a partir da escolha de um tema. Esse tema, por sua vez, deve ter algumas características que viabilizem a realização da pes-quisa. Somente após a realização dessa etapa é que o pesquisador pode dar início à elaboração do plano de trabalho.

A escolha do temaA escolha do tema deve estar ligada à área de atuação profissional, ou que faça

parte da experiência pessoal do estudante. Isso torna o trabalho de desenvolvimento monográfico muito mais interessante e eficiente, porque o estudante já possui conheci-mentos prévios que poderão facilitar a interpretação de textos, ideias e jargões da área, além de orientar a busca de bibliografia e consulta a profissionais especializados.

A pesquisa de material escrito, livros, revistas, periódicos, jornais etc., representa uma excelente fonte de ideias para escolha do tema/assunto a ser pesquisado. Pode-se iniciar a busca consultando os próprios livros, lembrando que cada nova leitura de um texto traz novas ideias, análises e interpretações (MARTINS; LINTZ, 2000).

Algumas fontes de ideias para a escolha de um tema:

experiências individuais;

material escrito em livros, revistas, periódicos etc.;

diálogos com professores, autoridades e colegas de curso;

observação direta do comportamento de fenômenos e fatos;

senso comum;

participação em seminários, encontros, congressos etc.;

reflexão.

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Uma vez perguntaram a Newton como ele havia descoberto a Lei da Gravidade, e ele respondeu: “Pensando sobre ela”. Assim, percebe-se que a reflexão é, sem dúvida, uma rica fonte de ideias. Com apoio na reflexão, podem surgir hipóteses sobre rela-ções imprevistas, dúvidas de entendimento, descoberta de falhas ou subjetividades em certas teorias, e tantas outras questões relevantes.

O senso comum, apesar de ser chamado de inimigo da ciência, também pode trazer ideias para serem pesquisadas cientificamente.

Predicados de um bom temaQuando da escolha de um tema é preciso estar ciente de que tal assunto neces-

sita de discussão, investigação, decisão ou solução. Assim, deve-se refle tir se o foco de estudo possui:

viabilidade – o tema escolhido deve estar relacionado às evidências empíri-cas que permitam observações, testes e validações;

importância – o tema é importante quando, de alguma forma, está rela-cionado a uma questão que polariza, ou afeta, um segmento substancial da sociedade;

originalidade – um tema é original quando há indicadores de que seus resul-tados irão causar alguma surpresa. Isto é, se “há possibilidades de encontrar novos resultados ainda não disseminados no ambiente científico-profissional” (MARTINS; LINTZ, 2000, p. 24).

Por fim, é de suma importância que o tema tenha um foco de estudo restrito. Isso proporcionará ao pesquisador mais segurança e facilidade na realização da pesquisa.

Martins e Lintz (2000) comparam o processo de escolha de um tema de pesquisa com “a elaboração de um roteiro para iluminação de uma peça teatral” (p. 25). Os autores afirmam que, com criatividade e perspicácia, deve-se escolher onde “jogar a luz” (ou a câmera), ou seja, “buscar uma perspectiva que possibilite dizer algo que ainda não foi dito, ou rever sob outra visão, o que já foi dito sobre o tema que você pretende investigar” (p. 25).

Evite:

tema que fale de muitas coisas;

questões que envolvam juízo de valor;

simples suspeitas, vagas sensações, primeiras impressões.

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Como formular um problema?Não é fácil formular um problema. Para alguns, isso implica o exercício de certa

capacidade que não é muito comum nos seres humanos. Todavia, não há como deixar de reconhecer que o treinamento desempenha papel fundamental nesse processo.

Existem algumas condições que facilitam essa tarefa, tais como: imersão sistemá-tica no objeto, estudo da literatura existente e discussão com pessoas que acumulam muita experiência prática no campo de estudo.

Algumas regras práticas para a formulação de problemas científicos (GIL, 1996, p. 29):

O problema deve ser formulado como pergunta

Exemplo: Se alguém disser que vai pesquisar a “falência das empresas”, pouco estará dizendo. Mas, se propuser: “Quais fatores provocam a falên-cia das empresas?”, então estará efetivamente propondo um problema de pesquisa.

O problema deve ser claro e preciso

Exemplo: “Como funciona a mente?”. Esse não é um problema claro, e também não é preciso, portanto, não pode ser proposto. Ele deve ser refor-mulado para: “Quais mecanismos psicológicos podem ser identificados no processo de memorização?”

O problema deve ser empírico

Os problemas científicos não devem se referir a valores. Exemplo: “Os alunos de escolas particulares são mais inteligentes que os alunos de es-colas públicas?”. Problemas desse tipo conduzem a julgamentos morais e, consequentemente, a considerações subjetivas, invalidando os propósitos da investigação científica, a qual deve ser objetiva.

O problema deve ser suscetível de solução

Para formular adequadamente um problema é preciso que se tenha ideia de como seria possível coletar os dados necessários à sua resolução. Exemplo: “Ligando-se o nervo ótico às áreas auditivas do cérebro, a visão seria senti-da auditivamente?”. Essa pergunta só poderia ser respondida se a tecnolo-gia dispusesse de instrumentos capazes de obter tais dados, portanto, não é possível de ser realizada.

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O problema deve ser delimitado a uma dimensão viável

Exemplo: “Em que pensam os jovens?”. É um problema muito amplo. Seria necessário delimitar a população de jovens a serem pesquisados: faixa etária, localidade abrangida etc (GIL, 1996, p. 32).

Caso o problema proposto não se adapte a essas regras, não precisa ser afastado. O melhor é proceder à reformulação ou ao esclarecimento.

Como construir hipóteses?Após a colocação de um problema solucionável, o passo seguinte consiste em

oferecer uma solução possível, através de uma proposição que será declarada verda-deira ou falsa ao final da pesquisa. A essa proposição dá-se o nome de hipótese. Assim, a hipótese é a proposição testável que pode vir a ser a solução do problema.

Como ilustração considere-se o seguinte problema: Quem se interessa por Marke-ting? A hipótese poderia ser a seguinte: “Pessoas que trabalham em campanhas publici-tárias tendem a manifestar interesse por Marketing”. Suponha-se que mediante a coleta e a análise dos dados a hipótese tenha sido confirmada. Nesse caso, o problema terá sido solucionado porque a pergunta formulada pôde ser respondida. Pode ocorrer, no entanto, que não se consiga obter informações claras que indiquem ser aquela qualidade fator de-terminante no interesse por Marketing. “Neste caso, a hipótese não terá sido confirmada e, consequentemente, o problema não terá sido solucionado” (GIL, 1996, p. 35).

Não há regras para se construir hipóteses. Seu processo de elaboração é de natu-reza criativa e, por essa razão, é frequentemente associado a certa qualidade de “gênio”. Entretanto, em boa parte dos casos a qualidade mais requerida do pesquisador é a experiência na área (GIL, 1996).

VariáveisO pesquisador científico precisa determinar quais são os componentes dos ele-

mentos que serão investigados bem como a precisão utilizada para a mensuração do objeto de estudo. Para tanto, é necessário determinar as variáveis da pesquisa para que estas possam permitir maior clareza e confiabilidade nos resultados da pesquisa.

O termo variável é muito empregado na linguagem científica. Seu objetivo é o de conferir maior precisão aos enunciados científicos, sejam eles hipóteses, teorias, leis, princípios ou generalizações (GIL, 1996).

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O conceito de variável refere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes as-pectos, valores e posições, segundo os casos particulares ou as circunstâncias. Assim, a idade é uma variável porque pode abranger diferentes valores. Outros exemplos de variáveis podem ser estatura, peso, sexo, temperatura, classe social, salário, profissão, cor etc., desde que se destaquem os valores que contêm.

Podem-se destacar as variáveis de duas formas específicas. A primeira é aquela em que as variáveis não descrevem nenhuma função. Esse tipo de variável é chamada de genérica. É o que acontece na pesquisa descritiva, em que não existem relações entre as diversas variáveis. Exemplo:

“O conceito que os alunos de Economia têm sobre desenvolvimento econômico.”

Variáveis: nível social da família, religião, contato anterior com a área.

A segunda forma de se nomear as variáveis é aquela que considera sua função na relação causa-efeito. É o que acontece na pesquisa experimental, em que existem relações entre as variáveis, que podem ser de causa, dependência, influência etc. Exemplo:

“A classe social da mãe influencia no tempo de amamentação dos filhos.”

Variável independente (VI): classe social

Variável dependente (VD): tempo de amamentação

De acordo com a sua função na relação causa-efeito, as variáveis podem ser classificadas em três tipos: variável independente, variável dependente e variável interveniente.

Variável Independente (VI) é o fator que, provavelmente, será o responsável (causa) pelas modificações em outro fenômeno observado e sempre antecede o efeito no tempo. É aquilo que se supõe ser a causa. Recebe a denominação de variável independente por não possuir nenhuma condição anterior neces-sária para a sua ocorrência.

Variável Dependente (VD) é o fator que, provavelmente, será alterado pelo experimento (efeito). O efeito recebe a nomenclatura de variável dependente, uma vez que depende diretamente da causa (VI). Existe uma relação direta de dependência dessa variável em relação à variável independente (VI). Sem a ocorrência da VI não haverá ocorrência da VD.

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Variável Interveniente (VIn) é o fator que modifica a variável dependente sem que tenha havido modificação na variável independente. Apesar de não ser manipulada ou deliberadamente incluída pelo pesquisador, ocorreu (ou pode vir a ocorrer) e influenciou na variabilidade dos dados assumidos pela VD. A variável interveniente recebe esse nome uma vez que, quando ocorre, ela intervém na relação entre a VI e a VD, alterando essa relação. A variável interveniente só ocorre por dois motivos: por conta do acaso ou por erro do pesquisador (CAMPOS, 2001). Exemplo:

“A classe social da mãe influencia no tempo de amamentação dos filhos.”

Suponha-se que nessa experiência, depois de um número “x” de participantes, o pesquisador já tenha os dados indicando a validade da sua experiência. Entretan-to, na testagem das próximas cinco participantes, o pesquisador percebe que nem houve amamentação porque as mães eram portadoras do vírus HIV (condição não observada no restante do grupo). Nesse caso, a experiência falhou, e revelou a “con-taminação pelo HIV” como uma variável interveniente (VIn).

A percepção acerca da função das variáveis é fundamental nas relações causais, sendo importante que o pesquisador garanta que os resultados não sejam explicados pela ocorrência de uma variável interveniente. É preciso tomar cuidado e garantir que não haja nenhuma interferência externa que possa influir na relação que se deseja testar.

Atividades

Em grupos de três ou quatro alunos, exponha e discuta um tema para estu-1. do, extraído da sua área de atuação profissional. Após a discussão, cada aluno defende a sua ideia, explicando a importância do tema e a sua viabilidade de estudo ou pesquisa.

Imagine que numa pesquisa a respeito do analfabetismo, temos a seguinte hi-2. pótese: “Países economicamente desenvolvidos apresentam baixos índices de analfabetismo”. A partir dessa hipótese, aponte as variáveis existentes e expli-que o porquê.

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a, hipóteses e variáveis

Leitura do livro: GIL, Antonio Carlos. 3. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996.

Nessa obra o autor expõe, de maneira clara e direta, vários procedimentos perti-nentes à elaboração de um projeto de pesquisa. As orientações são práticas, uma vez que esclarecem e facilitam o trabalho de pesquisa do estudante.

Referências

CAMPOS, Luiz F. de Lara. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Psicologia. 2. ed. Cam-pinas: Alínea, 2001.

GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996.

MARTINS, Gilberto A.; LINTZ, Alexandre. Guia para Elaboração de Monografias e Tra-balhos de Conclusão de Curso. São Paulo: Atlas, 2000.

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Métodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados

Método quantitativo É aquele que se baseia em dados mensuráveis das variáveis, procurando verificar

e explicar sua existência, relação ou influência sobre outra variável. Quando uma pes-quisa se vale desse tipo de método, ela busca analisar a frequência de ocorrência para medir a veracidade ou não daquilo que está sendo investigado.

Esse método utiliza técnicas específicas de mensuração, tais como questionários com respostas de múltipla escolha, por exemplo. Faz uso de cálculos de média e pro-porções, elaboração de índices e escalas, procedimentos estatísticos.

Esse caminho de investigação exige um número significativo de participantes para que se possa produzir dados. A pesquisa quantitativa procura estabelecer uma regra, um princípio, algo que reflita a uniformidade do fenômeno (ou parte dele), pre-ocupando-se com o que é comum à maioria das situações (CAMPOS, 2001). A pesquisa quantitativa é adequada para a regularidade de um fenômeno e não as suas possíveis exceções.

Método qualitativo Recebe esse nome pelo fato de se fundamentar em uma estratégia baseada em

dados coletados em interações sociais ou interpessoais, analisadas a partir dos signifi-cados que participantes e/ou pesquisador atribuem ao fato (CHIZZOTI apud CAMPOS, 2001). Nesse tipo de pesquisa, o pesquisador se propõe a participar, compreender e interpretar as informações.

Os recursos disponíveis para esse tipo de método são entrevistas, observações, questionários abertos, interpretação de formas de expressão visual como fotografias e pinturas, e estudos de caso. Os procedimentos são interpretativos.

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O método qualitativo recebe muitas críticas por se considerar que o pesquisador, como única fonte de interpretação dos dados, pode não ter um nível de compreensão científica significativa exigida para tal desempenho. Além disso, ele pode imprimir a sua subjetividade na análise dos resultados impedindo, dessa forma, a sua replicação, uma vez que outro pesquisador não observará necessariamente os mesmos aspectos do pesquisador original. Todas essas questões poderiam comprometer a cientificidade das conclusões do estudo.

De qualquer maneira, é o pesquisador que deve decidir, de acordo com a nature-za da sua pesquisa, qual método adotar. O importante nessa escolha é o rigor científico aplicado ao longo da experiência e a coerência absoluta com os seus objetivos prees-tabelecidos. Ademais, sabe-se que os dois métodos têm a possibilidade de se com-plementar, oferecendo resultados que possam ser cruzados em diferentes etapas de uma outra pesquisa. Por exemplo: dados decorrentes de análises quantitativas podem contribuir com estudos qualitativos.

Coleta de dadosA coleta de dados é a fase da pesquisa que tem por objetivo obter informações

sobre a realidade. Conforme as informações necessárias, existem diversos instrumentos e formas de operá-los. Nas ciências humanas, o questionário e a entrevista são os mais frequentes instrumentos para coleta de dados. As suas respostas dão ao pesquisador a informação necessária para o desenvolvimento do estudo. “O conhecimento, assim obtido, refere-se à expressão verbal do fato pelo entrevistado, sendo que, na maioria das vezes, o pesquisador não observou os acontecimentos diretamente” (DENKER, 1998, p. 137).

EntrevistaA entrevista é uma comunicação verbal entre duas ou mais pessoas, com um grau

de estruturação previamente definido, cuja finalidade é a obtenção de informações de pesquisa. É uma conversa orientada para um objetivo definido, como receber informa-ções relacionadas a um determinado assunto, por exemplo.

As perguntas são feitas oralmente e as respostas são registradas pelo pesquisa-dor, por escrito ou com um gravador, se o entrevistado assim o permitir. É importan-te lembrar que o entrevistador deve apenas coletar dados, e não discuti-los com o entrevistado. Disso se conclui que o entrevistador deve falar pouco e ouvir muito. A entrevista pode ser:

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Métodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados

EstruturadaConsiste de perguntas determinadas, isto é, apresenta uma série de perguntas

conforme um roteiro preestabelecido. Esse roteiro deverá ser aplicado a todos os en-trevistados, sem alteração do teor ou da ordem das perguntas, a fim de que se possa comparar as diferenças entre as respostas dos vários entrevistados.

Não estruturadaConsiste de uma conversação informal que pode ser alimentada por perguntas

abertas ou de sentido genérico, proporcionando maior liberdade para o entrevistado. Esse tipo de entrevista é mais difícil de ser tabulada. Há uma dificuldade de contar com pesquisadores preparados para essa tarefa; por essa razão, o mais recomendável é a utilização da entrevista estruturada. Exemplo de pergunta não estruturada:

1. Em sua opinião, o que é turismo e como ele pode contribuir para o desenvol-vimento dos municípios?

2. Conhece as leis de incentivo fiscal ao turismo?

Em caso afirmativo: Qual é a sua opinião sobre esse incentivo?

Vantagens da entrevistapor sua flexibilidade, permite maior sinceridade de expressão, adequada para obter informações de indivíduos mais complexos e emotivos, ou para compro-var os sentimentos subjacentes a uma opinião;

as perguntas são melhor entendidas e as informações são mais precisas;

aplicável a analfabetos;

permite observação e registro sobre aparência, comportamento e atitudes do entrevistado.

Desvantagens da entrevista

são mais dispendiosas e demoradas;

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precisam de mais habilidade para a aplicação;

o respondente tem mais inibição;

devido à flexibilidade, é difícil a comparação entre uma entrevista e outra.

QuestionárioO questionário é a forma mais usada para coletar dados, pois possibilita medir com

exatidão o que se deseja. A finalidade do questionário é obter, de maneira sistemática e ordenada, informações sobre as variáveis que intervêm em uma investigação, em rela-ção a uma população ou amostra determinada.

Essas informações dizem respeito, por exemplo, a quem são as pessoas, o que fazem, o que pensam, suas opiniões, sentimentos, esperanças, desejos etc.

Os questionários são impressos e respondidos pelos participantes, devendo, por esse motivo, constar no seu início uma explicação resumida dos objetivos da pesquisa, instrução para o preenchimento e agradecimento. Boa parte do êxito da investiga-ção depende da redação do questionário, que deve conter um conjunto de questões, todas logicamente relacionadas com um problema central (DENCKER, 1998).

Como elaborar um questionário

perguntas ordenadas em sequência lógica;

perguntas que realmente tenham relação com o objetivo de estudo;

começar com perguntas fáceis, deixando as mais difíceis para o fim;

começar com perguntas mais impessoais, deixando as de cunho mais íntimo para o fim;

verificar se o participante tem condições de responder às questões.

No início do questionário, colocar as informações que servem para caracterizar o informante: sexo, idade, estado civil. No caso de solicitar-se o nome, verificar se a identificação do respondente é necessária. Quando o participante não é identificado, as respostas são mais livres e sinceras.

Quanto ao tipo de perguntas, elas podem ser:

Fechadas: (ou com alternativas fixas) são aquelas que limitam as respostas às alternativas apresentadas – são muito usadas. Podem ter apenas duas alter-

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Métodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados

nativas: sim e não (dicotômicas), ou várias. Destinam-se a obter respostas mais precisas. Exemplo:

Seu nível de escolaridade é:

1.º Grau 2.º Grau Graduação Pós-graduação

Abertas: destinam-se a obter uma resposta livre. Exemplo:

De que você gosta mais na cidade?

As respostas fechadas são padronizadas, de fácil aplicação, fáceis de codificar e analisar, porém oferecem dados menos exatos. As perguntas abertas são destinadas à obtenção de respostas livres. Embora possibilitem recolher dados ou informações mais ricas e variadas, são codificadas e analisadas com maiores dificuldades (CERVO; BERVIAN, 1996).

Vantagens do questionário

mais rápido;

grande número de participantes;

obtém dados de longe;

menos inibição do respondente.

Desvantagens do questionário

perguntas mal interpretadas ou dados inexatos;

não aplicável a analfabetos;

sem observações complementares.

Idas a campoDepois de feita a opção quanto à coleta de dados, se por meio de entrevistas ou

questionários, é preciso montar um cronograma para as idas a campo, de forma a or-ganizar as visitas e não se perder com os prazos preestabelecidos para a apresentação dos resultados finais da pesquisa. Veja o exemplo:

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Cronograma de idas a campo

Data Horário Atividade Objetivo Observação

13/08/2003 10h Entrevistas Coleta de dados Teste piloto/ 2 perguntas

27/08/2003 10h Entrevistas Coleta de dados 5 perguntas

10/09/2003 10h Entrevistas Coleta de dados Idem

24/09/2003 10h Entrevistas Coleta de dados Idem

08/10/2003 10h Entrevistas Análise de dados Idem

22/10/2003 10h Entrevistas Redação do relatório final

Descrição dos resultadosOs resultados deverão ser apresentados de acordo com a sua análise estatística,

incorporando-se no texto apenas as tabelas, os quadros, os gráficos e outras ilustra-ções estritamente necessárias à compreensão do desenrolar do raciocínio; os demais deverão constar em apêndice (MARCONI; LAKATOS, 2001).

Discussão e interpretação dos resultadosApós a descrição dos resultados, proceder à discussão e à interpretação dos

mesmos é que consiste em expressar o verdadeiro significado do material em termos do propósito do estudo. O pesquisador deverá fazer as ligações lógicas e comparações, enunciar princípios e fazer generalizações.

A discussão e a interpretação dos resultados devem ser realizadas à luz das teorias científicas expostas na fundamentação teórica do estudo. É preciso ponderar todos os aspectos importantes revelados pela pesquisa, comparando-se o que era teoricamen-te esperado com aquilo que foi efetivamente observado. É importante que, nessa fase do processo, se faça uma releitura criteriosa de todas as informações teóricas obtidas e uma reflexão acerca dos resultados e da pesquisa como um todo.

Nessa etapa o pesquisador deve esclarecer se a hipótese inicial da pesquisa foi, ou não, confirmada pelos resultados obtidos, sem superestimar ou subestimar os mesmos. Além disso, o pesquisador deve tomar medidas que garantam a boa compreensão e discussão dos resultados: isso inclui a elaboração de um texto bem estruturado grama-ticalmente e o uso de uma linguagem científica adequada.

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Métodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados

ConclusõesAs conclusões devem responder diretamente aos objetivos da pesquisa, ou seja,

retomar os objetivos e responder a cada um deles, de forma sintética e direta. Após as conclusões, o pesquisador deve dar sugestões para pesquisas futuras na área, com base na pesquisa que acaba de concluir.

Texto complementar

O pesquisador, o problema da pesquisa, a escolha de técnicas: algumas reflexões

(QUEIROZ, 1992, p. 16-17)

Nas primeiras décadas do século XX, observava-se já que as ciências exatas e naturais não estavam mais tão certas e seguras em suas perspectivas e em seus re-sultados quanto se imaginara. Verificava-se pouco a pouco que as descobertas con-sideradas científicas sofriam também influências e limitações da coletividade a que o investigador pertencia, assim como das próprias qualidades e preparo do mesmo; o conteúdo do seu saber estava assim condicionado pela sua inserção numa so-ciedade, e também pelas circunstâncias de tempo e de espaço. A objetividade não podia ser, em seus resultados, tão indubitável quanto se acreditara, e as técnicas quantitativas não fugiam às injunções de tempo, de espaço, de predicados variados nas conclusões a que chegavam, reunindo-se neste aspecto às qualitativas.

Admitia-se agora que em toda ciência, em todo conhecimento a ela ligado, o fator qualidade vinha em primeiro lugar: era a qualidade que fazia uma coisa se dis-tinguir de todas as demais; que fazia as ciências e os conhecimentos terem suas ca-racterísticas próprias. A qualidade, composta pelos aspectos sensíveis de uma coisa ou de um fenômeno naquilo que a percepção pode captar, constitui assim o que é fundamental em qualquer estudo ou pesquisa, pois é o ponto de partida para qual-quer um deles. Todo cientista, ao determinar o tema de sua pesquisa, se encontra inserido num universo físico, social e intelectual que a delimita; é também por meio

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da percepção do que neste universo existe que formula o que pretende investigar. Nesta fase primordial domina o diferenciável, isto é, aquilo que é plenamente quali-tativo, e não a uniformidade quantificável.

Para poder operar neste nível mais alto, necessita o pesquisador de uma for-mação específica que lhe permita a tomada consciente de uma posição determi-nada no conjunto de conhecimentos que são os seus, oriundos de sua experiência, mas ampliada pelo saber já acumulado pelas ciências em geral e por sua ciência em particular. Deve ter [...] diagnosticado sua própria posição nas diversas correntes de pensamento de sua disciplina; distinguido a variedade de técnicas de que poderá lançar mão no decorrer do trabalho e as limitações de cada uma, a fim de escolher as mais eficientes na solução de seu problema. Os cientistas [...] devem, portanto, ter uma formação teórica específica.

Atividades

Em quais circunstâncias torna-se necessária a utilização de questionários?1.

Quais os cuidados necessários para a elaboração de um questionário?2.

Faça uma pesquisa com sua família, com entrevistas. Anote o depoimento de 3. seus familiares acerca de um acontecimento histórico que tenham presencia-do. Compare os depoimentos entre si e com a versão oficial existente nos livros de história. Qual é a sua conclusão?

Assista 4. A Lista de Schindler (EUA, 1993. Dirigido por Steven Spielberg. Duração 195 min.). Durante a Segunda Guerra Mundial, um industrial alemão recruta centenas de judeus para o trabalho em sua fábrica de panelas, salvando-os dos campos de concentração nazistas. O filme é inspirado em fatos reais.

Discuta a importância da fotografia, dos depoimentos orais e dos registros es-critos para a reconstituição dos crimes nazistas retratados no filme.

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Métodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados

Referências

CAMPOS, Luiz F. de Lara. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Psicologia. 2. ed. Cam-pinas: Alínea, 2001.

CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1996.

CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: Makron Books, 1996.

DENCKER, A. F. M. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Turismo. São Paulo: Futura, 1998.

FONSECA, Regina Célia Veiga da Fonseca. Como Elaborar Projetos de Pesquisa e Mo-nografias. Curitiba: Imprensa Oficial, 2007.

MARCONI, Marina A.; LAKATOS, Eva M. Metodologia do Trabalho Científico. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de, et al. Reflexões sobre a Pesquisa Sociológica. São Paulo: MM Impress, 1992.

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Estrutura de um projeto e técnicas de leitura

Como toda atividade racional e sistemática, a pesquisa exige que as ações de-senvolvidas ao longo de seu processo sejam efetivamente planejadas. De modo geral concebe-se o planejamento como a primeira fase da pesquisa, que envolve a formula-ção do problema, a especificação de seus objetivos, a construção de hipóteses, a ope-racionalização dos conceitos etc. O planejamento deve envolver também os aspectos referentes ao tempo a ser despendido na pesquisa bem como aos recursos humanos, materiais e financeiros necessários à sua efetivação.

A moderna concepção de planejamento envolve quatro elementos necessários à sua compreensão: processo, eficiência, metas e prazos.

O projeto interessa, sobretudo, ao pesquisador e à sua equipe, já que apresenta o roteiro das ações a serem desenvolvidas ao longo da pesquisa. Para quem contrata os serviços de pesquisa, o projeto constitui documento fundamental, posto que esclarece o que será pesquisado e apresenta a estimativa dos custos.

Projeto de pesquisa – segundo Lakatos e Marconi (1991, p. 215), “projeto é uma das etapas componentes do processo de elaboração, execução e apresentação da pes-quisa”. Esta necessita ser planejada com extremo rigor, caso contrário o investigador, em determinada altura, encontrar-se-á perdido num emaranhado de dados colhidos, sem saber como dispor dos mesmos ou até desconhecendo seu significado e importância.

Não existem regras fixas acerca da elaboração de um projeto. Sua estrutura é determinada pelo tipo de problema a ser pesquisado e também pelo estilo de seus autores. É necessário que o projeto esclareça como se processará a pesquisa, quais as etapas que serão desenvolvidas e quais os recursos que devem ser alocados para atingir seus objetivos. “É necessário, também, que o projeto seja suficientemente de-talhado para proporcionar a avaliação do processo de pesquisa” (LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 215).

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Elementos geralmente usados em um projeto de pesquisa

CapaAutor, título, cidade, ano.

Folha de rostoAutor; título; texto explicativo sobre o projeto, mencionando o órgão (ou institui-

ção) ao qual se destina o projeto; orientador, cidade, ano.

IntroduçãoExpõe e delimita o tema a ser estudado/pesquisado.

JustificativaExpõe a relevância acadêmica ou social do tema apresentado. Apresenta as razões

de ordem teórica e/ou prática que justificam a realização da pesquisa.

ProblemaDeve ser apresentado como uma pergunta específica – focada e delimitada – sobre o

tema a ser estudado. Essa pergunta deve ser clara, objetiva e suscetível de solução.

Hipótese(s)Deve propor uma resposta para a pergunta estabelecida no problema. Essa res-

posta deve oferecer uma solução possível ao problema, que será declarada falsa ou verdadeira ao final da pesquisa.

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Estrutura de um projeto e técnicas de leitura

ObjetivosRelatam o que se pretende alcançar com o desenvolvimento da pesquisa. Os ob-

jetivos dividem-se em: geral e específicos.

Objetivo geral: relata onde se quer chegar com a pesquisa apresentada, isto é, qual o resultado final (geral) que se procura alcançar. Elaborado num único parágrafo e iniciando sempre com um verbo de ação no infinitivo. (exemplos: analisar..., avaliar..., averiguar..., comparar..., compreender..., conhecer..., de-monstrar..., desenvolver..., distinguir..., empregar..., estudar..., expor..., identifi-car..., interpretar..., introduzir..., observar..., propor... etc.).

Objetivos específicos: relatam os passos específicos para se alcançar o ob-jetivo geral. Cada objetivo deve iniciar com um verbo de ação no infinitivo, conforme descrito no item anterior.

MétodoDescreve o método de abordagem, ou seja, o tipo de pesquisa a ser utilizado e os

elementos necessários para a sua realização.

Participantes: (quem? onde? quando?) delimita o universo a ser pesquisado. Quem e quantos serão os indivíduos que serão estudados na pesquisa, indi-cando sexo e idade. Indica, também, o local e a data da pesquisa.

Instrumentos: (com quê?) descreve os instrumentos utilizados para fazer a pesquisa, isto é, questionários, entrevistas, formulários, fotos.

Procedimentos: (como?) descreve como os indivíduos serão avaliados, em que situação e momento a pesquisa será feita.

Análise de dados: descreve sinteticamente o modo de organização e análi-se das informações encontradas. Dá uma explicação acerca da tabulação dos dados (aspectos quantitativos, estatísticos) e critérios de análise e julgamen-to. No caso da utilização de software específicos, indicar nomes e fontes dos mesmos.

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Cronograma

É um esclarecimento e um controle do tempo necessário ao desenvolvimento da pesquisa. Detalha as diferentes fases do projeto, apresentando, numa tabela, o período correspondente a cada atividade da execução do projeto. Exemplo:

Atividades Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov.

Pesquisa bibliográfica X X X X X X X

Redação parcial X X X X X X

Pesquisa de campo X X

Tabulação dos dados X X

Interpretação dos dados X

Conclusões X X

Redação final X X X

Apresentação final X

Referencial teóricoTambém chamado de Marco Teórico ou Fundamentação Teórica.

Indica a teoria ou as teorias de outros autores que fornecem a orientação geral da pesquisa. Aqui, é necessário que o pesquisador utilize algumas técnicas adequadas de leitura para obter uma fundamentação teórica consistente à pesquisa. Além disso, toda e qualquer informação utilizada no trabalho deve indicar a fonte de onde foi reti-rada, conforme as normas da ABNT.

Referências

Indicam todas as obras consultadas e mencionadas no projeto, principalmente no Referencial Teórico. Para tanto, devem seguir as orientações nas Normas da ABNT.

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Estrutura de um projeto e técnicas de leitura

Os elementos de um projeto são, geralmente, assim distribuídos e numerados

Capa (uma lauda)

Folha de rosto (uma lauda)

1 INTRODUÇÃO (inicia numa nova lauda)

1.1 JUSTIFICATIVA (continua na mesma lauda)

1.2 PROBLEMA (continua na sequência da mesma lauda)

1.3 HIPÓTESE (continua na sequência da mesma lauda)

1.4 OBJETIVO GERAL (continua na sequência da mesma lauda)

1.4.1 Objetivos específicos (continuam na sequência da mesma lauda)

1.5 MÉTODO (continua na sequência da mesma lauda)

1.6 CRONOGRAMA (continua na sequência da mesma lauda)

2 REFERENCIAL TEÓRICO (inicia numa nova lauda)

3 REFERÊNCIAS (iniciam numa nova lauda)

Atenção para:

a ordem e a numeração dos itens;

o uso de letras maiúsculas e minúsculas;

o uso de negrito ou não negrito;

digitação: letra Arial ou Times New Roman 12, espaço 1,5.

De acordo com Fonseca (2007) convém lembrar que a ordem dessas etapas não é absolutamente rígida. Em muitos casos, é possível simplificá-la ou modificá-la. Essa é uma decisão que cabe ao pesquisador, que poderá adaptar o esquema às situações específicas.

Um projeto só pode ser definitivamente elaborado quando se tem o problema claramente formulado, os objetivos bem determinados, assim como o plano de coleta e análise de dados. (GIL, 1996, p. 23)

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Técnicas de leituraA leitura é um fator decisivo de estudo, não é tarefa, é cultura. A leitura propicia

a ampliação de conhecimentos, a obtenção de informações básicas ou específicas, a abertura de novos horizontes para a mente, a sistematização do pensamento, o enri-quecimento de vocabulário e o melhor entendimento do conteúdo das obras (LAKA-TOS; MARCONI, 1991).

É necessário ler muito, e sempre, pois a maior parte dos conhecimentos é obtida por intermédio da leitura: ler significa conhecer, interpretar, decifrar, distinguir os ele-mentos mais importantes dos secundários. A leitura proporciona ao leitor uma com-preensão melhor do mundo, capacitando-o a criticar, comparar e selecionar a informa-ção de que necessita.

Na busca do material adequado para a leitura, é preciso identificar o texto. Para tal, existem vários elementos auxiliares, como segue (LAKATOS; MARCONI, 1991):

título – acompanhado ou não por subtítulo, estabelece o assunto;

data da publicação – fornece elementos para certificar-se de sua atualiza-ção e aceitação (número de edições);

“orelha” ou contracapa – permite verificar as credenciais ou qualificações do autor;

índice ou sumário – apresenta tanto os tópicos abordados na obra quanto as divisões a que o assunto está sujeito;

introdução, prefácio ou nota do autor – propicia indícios sobre os objeti-vos do autor e, geralmente, da metodologia por ele empregada;

bibliografia – tanto final quanto as citações de rodapé, permite obter uma ideia das obras consultadas e suas características gerais.

Uma leitura deve ser proveitosa e trazer resultados satisfatórios. Para tal, alguns aspectos são fundamentais, como: atenção, intenção, reflexão, espírito crítico, análise e síntese. Uma leitura de estudo deve ser realizada com um objetivo ou propósito para que o conhecimento gerado possa ser avaliado, discutido e aplicado.

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Estrutura de um projeto e técnicas de leitura

Objetivos da leituraDe acordo com Lakatos e Marconi (1991), existem algumas maneiras e objetivos

para lidar com um texto:

encontrar frases ou palavras-chave;

captar a ideia geral, sem entrar em minúcias;

obter uma visão ampla do conteúdo, principalmente do que interessa;

absorver o conteúdo e todos os seus significados, lendo e relendo, se necessário;

estudar e formar um ponto de vista sobre o texto – leitura crítica.

Análise de textoAnalisar um texto significa estudar, decompor, dividir ou interpretar. A análise

de um texto refere-se ao processo de conhecimento de determinada realidade. Esse processo implica a decomposição das partes do texto para um estudo mais completo, determinando as relações entre as ideias e compreendendo a maneira pela qual estão organizadas; estruturando as ideias de maneira hierárquica.

É a análise que vai permitir observar os componentes de um conjunto, perceber suas possíveis relações, ou seja, passar de uma ideia-chave para um conjunto de ideias mais específicas, passar à generalização e, finalmente, à crítica (LAKATOS; MARCONI, 1991).

Existem diferentes tipos de análise de texto:

Leitura rápida: assinala-se as expressões e palavras importantes para se ter uma visão global do texto.

Compreensão de texto: separa-se as ideias centrais das secundárias. Procede--se à correlação entre elas e busca-se a compreensão do conteúdo do texto.

Interpretação e crítica: correlaciona-se as ideias do autor com outras sobre o mesmo tema. Faz-se uma crítica fundamentada em argumentos válidos, lógi-cos e convincentes.

Problematização: debate-se as questões do texto. Coloca-se opiniões pes-soais sobre o texto, mas fundamentadas em outras obras e autores. Pode-se levantar novas questões pertinentes ao texto.

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Texto complementar

Importância da leitura(RUIZ, 2002, p. 34-35)

Não basta ir às aulas para garantir pleno êxito nos estudos. É preciso ler e, prin-cipalmente, ler bem. Quem não sabe ler não saberá resumir, não saberá tomar apon-tamentos e, finalmente, não saberá estudar. Ler bem é o ponto fundamental para os que quiserem ampliar e desenvolver as orientações e aberturas das aulas. É muito im-portante participar das aulas; elas não circunscrevem, não limitam; ao contrário, abrem horizontes para as grandes caminhadas do aluno que leva a sério seus estudos e quer atingir resultados plenos de seus cursos. Aliás, quase todas as cadeiras desenvolvem programas de pesquisa bibliográfica para que o aluno desenvolva temas e reconstrua ativamente o que outros já construíram. Para elaborar trabalhos de pesquisa, é neces-sário ir às fontes, aos autores, aos livros; é preciso ler, ler muito e, principalmente, ler bem. Durante as primeiras aulas de qualquer disciplina, os mestres apresentam crite-riosa bibliografia; alguns livros são básicos, ou de leitura obrigatória, para quem quer colher todo fruto das aulas; outros são mais especializados ou se concentram em algum item do programa, e pode, entre os tratados gerais de consulta obrigatória, ser indicado um, como livro de texto. A indicação do livro de texto tem vantagens e inconvenientes cuja análise ultrapassaria os limites que este compêndio impõe. Diremos, apenas, que o livro de texto é muito bom para a preparação da aula, mas que o aluno não pode ater-se exclusivamente a ele. Timeo hominem unius libri, diziam os antigos. Devemos temer o homem de um livro só. É necessário abeberar-se de outras fontes mais amplas, mais especializadas sobre cada tema ou sobre cada pormenor dos programas.

Se não é possível pensar em fazer um bom curso sem descobrir ou fazer apa-recer espaços de tempo para o estudo extra-aula e se é necessário programar crite-riosamente a utilização desse tempo, não seria igualmente impossível pensar em fazer um bom curso sem ter à mão boas fontes de leitura? É possível que se pretenda fazer um curso universitário sem frequentar bibliotecas ou sem adquirir, ao menos, os livros básicos para cada programa?

A leitura amplia e integra os conhecimentos, desonerando a memória, abrindo cada vez mais os horizontes do saber, enriquecendo o vocabulário e a facilidade de comunicação, disciplinando a mente e alargando a consciência pelo contato com formas e ângulos diferentes sob os quais o mesmo problema pode ser considerado. Quem lê constrói sua própria ciência; quem não lê memoriza elementos de um todo que não se atingiu. E, ao terminar um curso superior, deveríamos não só estar capa-

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Estrutura de um projeto e técnicas de leitura

citados a repetir o que foi aprendido na faculdade, como também estar habilitados a desenvolver, através de pesquisas, temas nunca abordados em aula. Deveríamos ser uma pequena fonte, não um pequeno depósito de conhecimentos, ou mero en-canamento por onde as coisas apenas passam.

É preciso ler, ler muito, ler bem.

É preciso sentir atração pelo saber, e encontrar onde buscá-Io. É necessário iniciar este trabalho com determinação e perseverar nele; o crescimento cultural tem crises como o crescimento físico; quem não sente apetite não deve deixar de alimentar-se; comprometeria sua saúde. Também na leitura trabalhada devemos ser perseverantes; só esta perseverança garantirá aquela espécie de saltos de integração de dados, que se vão acumulando e associando como frutos da leitura continuada.

Atividades

Em grupos de três ou quatro colegas, discutam e estabeleçam a existência de 1. um “problema” a ser resolvido em sua cidade. Em seguida apontem uma “justifi-cativa” para o estudo de tal problema e finalmente apresentem uma “hipótese” para a solução desse problema.

Selecione um livro científico qualquer de seu interesse. Identifique, neste livro, 2. os vários elementos existentes, tais como: título, data de publicação, contraca-pa, índice (ou sumário), introdução (prefácio ou nota do autor) e bibliografia. Após a análise desses itens, apresente a sua opinião a respeito dessa obra como fonte de leitura e informação científica.

Referências

FONSECA, Regina Célia Veiga da Fonseca. Como Elaborar Projetos de Pesquisa e Mo-nografias. Curitiba: Imprensa Oficial, 2007.

LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Marina A. Fundamentos de Metodologia Científica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991.

GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996.

RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica: guia para eficiência nos estudos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

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Anotações

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Seminários de PeSquiSa

Seminários de PeSquiSa

Regina Célia Veiga da Fonseca

Fundação Biblioteca NacionalISBN 978-85-387-2553-4

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