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1 Prática de Leitura e Escrita Esfera Literária - (material do aluno) - 2ª série do Ensino Médio Oficina de Poemas, Poesias, Letras de Músicas Nesta unidade, o objetivo é trabalhar dentro da esfera literária o gênero textual poema. Um poema é uma obra literária geralmente apresentada em versos e estrofes, ainda que possa existir prosa poética, assim categorizada por usar temas específicos e figuras de estilo próprias da poesia.Veremos assim o poema como texto literário como fator de promoção dos direitos e valores humanos. Com este material, pretendemos que você obtenha as seguintes competências e habilidades: Compreender a Literatura como instituição social; Reconhecer o texto literário como fator de promoção dos direitos e valores humanos; Relacionar os sentidos de um texto literário a possíveis leituras dessa obra em diferentes épocas; Distinguir e interpretar os vários funcionamentos da língua e sua interação discursiva Identificar os aspectos linguísticos da construção do gênero e sua análise estilística: adjetivo e substantivo e mais especificamente a personificação, metáfora, hipérbole, antítese. Elaborar a partir das estratégias textuais aprendidas e de produção imagética, textos poéticos em verso ou em prosa com argumentação crítica relacionada a alguma temática social.

Sequência Didática Produção de Texto

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Prática de Leitura e Escrita

Esfera Literária - (material do aluno) - 2ª série do Ensino Médio

Oficina de Poemas, Poesias, Letras de Músicas

Nesta unidade, o objetivo é trabalhar dentro da esfera literária o gênero textual

poema. Um poema é uma obra literária geralmente apresentada em versos e

estrofes, ainda que possa existir prosa poética, assim categorizada por usar temas

específicos e figuras de estilo próprias da poesia.Veremos assim o poema como

texto literário como fator de promoção dos direitos e valores humanos.

Com este material, pretendemos que você obtenha as seguintes competências

e habilidades:

Compreender a Literatura como instituição social;

Reconhecer o texto literário como fator de promoção dos direitos e

valores humanos;

Relacionar os sentidos de um texto literário a possíveis leituras dessa

obra em diferentes épocas;

Distinguir e interpretar os vários funcionamentos da língua e sua

interação discursiva

Identificar os aspectos linguísticos da construção do gênero e sua

análise estilística: adjetivo e substantivo e mais especificamente a

personificação, metáfora, hipérbole, antítese.

Elaborar a partir das estratégias textuais aprendidas e de produção

imagética, textos poéticos em verso ou em prosa com argumentação

crítica relacionada a alguma temática social.

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Para atingirmos esses objetivos, apresentamos os seguintes momentos de

atividades:

I – INTRODUÇÃO

II – LEITURA

III – ELABORAÇÃO DE PAINÉIS

IV – ATIVIDADE / QUESTÕES

V – LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

VI – RODA DE CONVERSA – Debate

VII – AULA EXPOSITIVA

VIII – PRODUÇÃO TEXTUAL

IX - FIME: Amistad

X – LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

(Intertextualidade)

XI – PRODUÇÃO TEXTUAL -(Reescrita)

XII – RODA DE CONVERSA – (Finalizando)

XIII – CONCLUSÃO DO PROJETO TEXTUAL –

(Publicação)

I - RODA DE CONVERSA (aula 1)

Para a introdução desta unidade, observe atentamente as figuras abaixo, tendo em

mente a poesia, discuta com os colegas sobre a impressão e as lembranças que as

imagens lhe trazem e responda por escrito as questões propostas.

Imagem 01 –

http://www.wiltonesporte.com.br/blog/wpcontent/uploads

/2011/08/image2.jpeg

Imagem 02 - http://imagem.ongame.com.br/asda/blog/amor_reggae.jpg

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Questões:

01 – Quais tipos e gêneros de linguagens essas figuras apresentam?

02 – Que interação as imagens tem umas com as outras?

03 – Quem são os personagens apresentados e o que eles fazem?

04 – Qual dessas imagens está ligada a você no seu dia-a-dia? Explique e exemplifique.

05 – Onde podemos encontrar os personagens das imagens apresentadas?

06 – Elabore um poema curto a partir dessas imagens e das informações delas extraídas.

Imagem 03 –

http://imagem.ongame.com.br/asda/blog/amor

_reggae.jpg

Imagem 04 –

http://3.bp.blogspot.com/O7KAb62ChqU/Tb_wIM9zOI/

AAAAAAAAACA/nG7EnK7xAmY/s1600/ydc9ntyrhmi63s

0umu4a881dc4018f7_homer-reggae.jpg

Imagem 05 –

http://1.bp.blogspot.com/-2KNjXRvueJU/Tr6nuYd3P-I/AAAAAAAAAKw/O59ylQr-

sfU/s1600/Hip_Hop_Wallpaper_3ze4s.jpg

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II – LEITURA (aulas 2 e 3)

Leia os livros de poemas e poesia selecionados pelo seu professor na sala de aula

ou na biblioteca de sua escola. Depois que você observar os livros e ler alguns

poemas, seu professor lerá com a turma trechos dos poemas ―Navio Negreiro e

Vozes D‘África‖ de Castro Alves, gênero-alvo deste estudo. Converse com o grupo

sobre as impressões que ficaram da leitura. Separe um poema de sua escolha e

mais os dois que o professor indicou para alvo de estudo. Preencha o quadro de

análise a seguir com o intuito de comparar os poemas e perceber se há

diferenças entre eles.

TEXTO I - VOZES D'ÁFRICA – Castro Alves

Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?

Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes

Embuçado nos céus?

Há dois mil anos te mandei meu grito,

Que embalde desde então corre o infinito...

Onde estás, Senhor Deus?...

Qual Prometeu tu me amarraste um dia

Do deserto na rubra penedia

— Infinito: galé!...

Por abutre — me deste o sol candente,

E a terra de Suez — foi a corrente

Que me ligaste ao pé...

O cavalo estafado do Beduíno

Sob a vergasta tomba ressupino

E morre no areal.

Minha garupa sangra, a dor poreja,

Quando o chicote do simoun dardeja

O teu braço eternal.

Minhas irmãs são belas, são ditosas...

Dorme a Ásia nas sombras voluptuosas

Dos haréns do Sultão.

Ou no dorso dos brancos elefantes

Embala-se coberta de brilhantes

Nas plagas do Hindustão.

Por tenda tem os cimos do Himalaia...

Ganges amoroso beija a praia

Coberta de corais ...

A brisa de Misora o céu inflama;

E ela dorme nos templos do Deus Brama,

— Pagodes colossais...

A Europa é sempre Europa, a gloriosa!...

A mulher deslumbrante e caprichosa,

Rainha e cortesã.

Artista — corta o mármor de Carrara;

Poetisa — tange os hinos de Ferrara,

No glorioso afã!...

Nem vêem que o deserto é meu sudário,

Que o silêncio campeia solitário

Por sobre o peito meu.

Lá no solo onde o cardo apenas medra

Boceja a Esfinge colossal de pedra

Fitando o morno céu.

De Tebas nas colunas derrocadas

As cegonhas espiam debruçadas

O horizonte sem fim ...

Onde branqueia a caravana errante,

E o camelo monótono, arquejante

Que desce de Efraim

.......................................

Não basta inda de dor, ó Deus terrível?!

É, pois, teu peito eterno, inexaurível

De vingança e rancor?...

E que é que fiz, Senhor? que torvo crime

Eu cometi jamais que assim me oprime

Teu gládio vingador?!

........................................

Foi depois do dilúvio... um viadante,

Negro, sombrio, pálido, arquejante,

Descia do Arará...

E eu disse ao peregrino fulminado:

"Cam! ... serás meu esposo bem-amado...

— Serei tua Eloá. . . "

Desde este dia o vento da desgraça

Por meus cabelos ululando passa

O anátema cruel.

As tribos erram do areal nas vagas,

E o nômade faminto corta as plagas

No rápido corcel.

Vi a ciência desertar do Egito...

Vi meu povo seguir — Judeu maldito —

Trilho de perdição.

Depois vi minha prole desgraçada

Pelas garras d'Europa — arrebatada —

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Sempre a láurea lhe cabe no litígio...

Ora uma c'roa, ora o barrete frígio

Enflora-lhe a cerviz.

Universo após ela — doudo amante

Segue cativo o passo delirante

Da grande meretriz.

....................................

Mas eu, Senhor!... Eu triste abandonada

Em meio das areias esgarrada,

Perdida marcho em vão!

Se choro... bebe o pranto a areia ardente;

talvez... p'ra que meu pranto, ó Deus clemente!

Não descubras no chão...

E nem tenho uma sombra de floresta...

Para cobrir-me nem um templo resta

No solo abrasador...

Quando subo às Pirâmides do Egito

Embalde aos quatro céus chorando grito:

"Abriga-me, Senhor!..."

Como o profeta em cinza a fronte envolve,

Velo a cabeça no areal que volve

O siroco feroz...

Quando eu passo no Saara amortalhada...

Ai! dizem: "Lá vai África embuçada

No seu branco albornoz... "

Amestrado falcão! ...

Cristo! embalde morreste sobre um monte

Teu sangue não lavou de minha fronte

A mancha original.

Ainda hoje são, por fado adverso,

Meus filhos — alimária do universo,

Eu — pasto universal...

Hoje em meu sangue a América se nutre

Condor que transformara-se em abutre,

Ave da escravidão,

Ela juntou-se às mais... irmã traidora

Qual de José os vis irmãos outrora

Venderam seu irmão.

Basta, Senhor! De teu potente braço

Role através dos astros e do espaço

Perdão p'ra os crimes meus!

Há dois mil anos eu soluço um grito...

escuta o brado meu lá no infinito,

Meu Deus! Senhor, meu Deus!!...

São Paulo, 11 de junho de 1868

TEXTO II - Navio Negreiro - Castro Alves

I

'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço

Brinca o luar — dourada borboleta;

E as vagas após ele correm... cansam

Como turba de infantes inquieta.

'Stamos em pleno mar... Do firmamento

Os astros saltam como espumas de ouro...

O mar em troca acende as ardentias,

— Constelações do líquido tesouro...

'Stamos em pleno mar... Dois infinitos

Ali se estreitam num abraço insano,

Azuis, dourados, plácidos, sublimes...

Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...

'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas

Ao quente arfar das virações marinhas,

Veleiro brigue corre à flor dos mares,

Como roçam na vaga as andorinhas...

Donde vem? onde vai? Das naus errantes

Quem sabe o rumo se é tão grande o

espaço?

Homens do mar! ó rudes marinheiros,

Tostados pelo sol dos quatro mundos!

Crianças que a procela acalentara

No berço destes pélagos profundos!

Esperai! esperai! deixai que eu beba

Esta selvagem, livre poesia

Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,

E o vento, que nas cordas assobia...

..........................................................

Por que foges assim, barco ligeiro?

Por que foges do pávido poeta?

Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira

Que semelha no mar — doudo cometa!

Albatroz! Albatroz! águia do oceano,

Tu que dormes das nuvens entre as gazas,

Sacode as penas, Leviathan do espaço,

Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.

II

Que importa do nauta o berço,

Donde é filho, qual seu lar?

Ama a cadência do verso

Os marinheiros Helenos,

Que a vaga jônia criou,

Belos piratas morenos

Do mar que Ulisses cortou,

Homens que Fídias talhara,

Vão cantando em noite clara

Versos que Homero gemeu ...

Nautas de todas as plagas,

Vós sabeis achar nas vagas

As melodias do céu! ...

III

Desce do espaço imenso, ó águia do

oceano!

Desce mais ... inda mais... não pode

olhar humano

Como o teu mergulhar no brigue

voador!

Mas que vejo eu aí... Que quadro

d'amarguras!

É canto funeral! ... Que tétricas

figuras! ...

Que cena infame e vil... Meu Deus!

Meu Deus! Que horror!

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Neste saara os corcéis o pó levantam,

Galopam, voam, mas não deixam traço.

Bem feliz quem ali pode nest'hora

Sentir deste painel a majestade!

Embaixo — o mar em cima — o

firmamento...

E no mar e no céu — a imensidade!

Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!

Que música suave ao longe soa!

Meu Deus! como é sublime um canto

ardente

Pelas vagas sem fim boiando à toa!

Que lhe ensina o velho mar!

Cantai! que a morte é divina!

Resvala o brigue à bolina

Como golfinho veloz.

Presa ao mastro da mezena

Saudosa bandeira acena

As vagas que deixa após.

Do Espanhol as cantilenas

Requebradas de langor,

Lembram as moças morenas,

As andaluzas em flor!

Da Itália o filho indolente

Canta Veneza dormente,

— Terra de amor e traição,

Ou do golfo no regaço

Relembra os versos de Tasso,

Junto às lavas do vulcão!

O Inglês — marinheiro frio,

Que ao nascer no mar se achou,

(Porque a Inglaterra é um navio,

Que Deus na Mancha ancorou),

Rijo entoa pátrias glórias,

Lembrando, orgulhoso, histórias

De Nelson e de Aboukir.. .

O Francês — predestinado —

Canta os louros do passado

E os loureiros do porvir!

IV

Era um sonho dantesco... o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho.

Em sangue a se banhar.

Tinir de ferros... estalar de açoite...

Legiões de homens negros como a noite,

Horrendos a dançar...

Negras mulheres, suspendendo às tetas

Magras crianças, cujas bocas pretas

Rega o sangue das mães:

Outras moças, mas nuas e espantadas,

No turbilhão de espectros arrastadas,

Em ânsia e mágoa vãs!

E ri-se a orquestra irônica, estridente...

E da ronda fantástica a serpente

Faz doudas espirais ...

Se o velho arqueja, se no chão resvala,

Ouvem-se gritos... o chicote estala.

E voam mais e mais...

Presa nos elos de uma só cadeia,

A multidão faminta cambaleia,

E chora e dança ali!

Um de raiva delira, outro enlouquece,

Outro, que martírios embrutece,

Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra,

E após fitando o céu que se desdobra,

Tão puro sobre o mar,

Diz do fumo entre os densos nevoeiros:

"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!

Fazei-os mais dançar!..."

E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .

E da ronda fantástica a serpente

Faz doudas espirais...

Qual um sonho dantesco as sombras

voam!...

São os filhos do deserto,

Onde a terra esposa a luz.

Onde vive em campo aberto

A tribo dos homens nus...

São os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidão.

Ontem simples, fortes, bravos.

Hoje míseros escravos,

Sem luz, sem ar, sem razão. . .

São mulheres desgraçadas,

Como Agar o foi também.

Que sedentas, alquebradas,

De longe... bem longe vêm...

Trazendo com tíbios passos,

Filhos e algemas nos braços,

N'alma — lágrimas e fel...

Como Agar sofrendo tanto,

Que nem o leite de pranto

Têm que dar para Ismael.

Lá nas areias infindas,

Das palmeiras no país,

Nasceram crianças lindas,

Viveram moças gentis...

Ontem plena liberdade,

A vontade por poder...

Hoje... cúm'lo de maldade,

Nem são livres p'ra morrer. .

Prende-os a mesma corrente

— Férrea, lúgubre serpente —

Nas roscas da escravidão.

E assim zombando da morte,

Dança a lúgubre coorte

Ao som do açoute... Irrisão!...

Senhor Deus dos desgraçados!

Dizei-me vós, Senhor Deus,

Se eu deliro... ou se é verdade

Tanto horror perante os céus?!...

Ó mar, por que não apagas

Co'a esponja de tuas vagas

Do teu manto este borrão?

Astros! noites! tempestades!

Rolai das imensidades!

Varrei os mares, tufão! ...

VI

Existe um povo que a bandeira

empresta

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Gritos, ais, maldições, preces ressoam!

E ri-se Satanás!...

V

Senhor Deus dos desgraçados!

Dizei-me vós, Senhor Deus!

Se é loucura... se é verdade

Tanto horror perante os céus?!

Ó mar, por que não apagas

Co'a esponja de tuas vagas

De teu manto este borrão?...

Astros! noites! tempestades!

Rolai das imensidades!

Varrei os mares, tufão!

Quem são estes desgraçados

Que não encontram em vós

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fúria do algoz?

Quem são? Se a estrela se cala,

Se a vaga à pressa resvala

Como um cúmplice fugaz,

Perante a noite confusa...

Dize-o tu, severa Musa,

Musa libérrima, audaz!...

Passa um dia a caravana,

Quando a virgem na cabana

Cisma da noite nos véus ...

... Adeus, ó choça do monte,

... Adeus, palmeiras da fonte!...

... Adeus, amores... adeus!...

Depois, o areal extenso...

Depois, o oceano de pó.

Depois no horizonte imenso

Desertos... desertos só...

E a fome, o cansaço, a sede...

Ai! quanto infeliz que cede,

E cai p'ra não mais s'erguer!...

Vaga um lugar na cadeia,

Mas o chacal sobre a areia

Acha um corpo que roer.

Ontem a Serra Leoa,

A guerra, a caça ao leão,

O sono dormido à toa

Sob as tendas d'amplidão!

Hoje... o porão negro, fundo,

Infecto, apertado, imundo,

Tendo a peste por jaguar...

E o sono sempre cortado

Pelo arranco de um finado,

E o baque de um corpo ao mar...

P'ra cobrir tanta infâmia e

cobardia!...

E deixa-a transformar-se nessa

festa

Em manto impuro de bacante

fria!...

Meu Deus! meu Deus! mas que

bandeira é esta,

Que impudente na gávea

tripudia?

Silêncio. Musa... chora, e chora

tanto

Que o pavilhão se lave no teu

pranto! ...

Auriverde pendão de minha terra,

Que a brisa do Brasil beija e balança,

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da

esperança...

Tu que, da liberdade após a guerra,

Foste hasteado dos heróis na lança

Antes te houvessem roto na batalha,

Que servires a um povo de mortalha!...

Fatalidade atroz que a mente esmaga!

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu nas vagas,

Como um íris no pélago profundo!

Mas é infâmia demais! ... Da etérea

plaga

Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!

Andrada! arranca esse pendão dos

ares!

Colombo! fecha a porta dos teus mares!

Texto III – Que você escolheu após as leituras indicadas pelo seu professor.

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III – ELABORAÇÃO DE PAINÉIS (aulas 4 e 5)

Agora você fará uma produção escrita inicial. Com os poemas, poesias e letras de

músicas, imagens previamente selecionadas seu grupo organizará um painel. Leia

os materiais trazidos pelos colegas e em pequenos grupos, discutam e escolham o

que se apresente mais relativo à temática proposta: Poema – Como fator de

Promoção dos direitos e valores sociais. Cada grupo deverá socializar sua

escolha e, a partir das justificativas apresentadas, será orientada a organizar um

projeto (conforme tabela abaixo) para a escrita de um poema ou letra de música a

partir do assunto proposto.

O texto deste projeto será produzido num primeiro momento individualmente.

Pesquise e escolha um periódico (jornal, revista) que circule na região ou na própria

escola para enviar o poema criado e escolhido pelos alunos.

Essa opção será essencial para a elaboração do poema, pois esse periódico possui

um público-alvo específico, o qual deverá ser levado em conta na abordagem desse

tema e nas escolhas linguísticas.

Poema 1 Poema 2 Poema 03

Título

Autor

Onde foi publicada

Público-alvo

Tema

Função

Recursos

linguísticos

Personagens

9

PROJETO – PRODUÇÃO TEXTUAL = POEMA / LETRA DE MUSICA

Autor(a): Orientador(a):

TEMA:

TITULO:

PROBLEMA:

HIPÓTESE:

OBJETIVO:

PÚBLICO ALVO:

JUSTIFICATIVA:

METODOLOGIA:

RECURSOS LINGUÍSTICOS: (Palavras e termos a serem usados)

Durante as rodas de conversa, roda de leitura, exibição de clips e filmes, cada aluno deverá

anotar, palavras, termos, circunstâncias que poderão ser envolvidos na produção de sua

escrita.

AUTOCORREÇÃO: (O próprio aluno faz a primeira correção, consulta também os colegas

do grupo)

REESCRITA: (antes de entregar ao professor para a correção final o aluno fará a reescrita

do texto)

ESCOLHA DO POEMA A SER APRESENTADO PELO GRUPO: Após os integrantes do

grupo lerem os poemas de cada um do grupo, votarão elegendo apenas um para concorrer à

publicação final.

ESCOLHA FINAL: - Os poemas escolhidos pelos grupos deverão ser afixado no mural da sala de forma que

cada aluno da sala possa ler e votar no seu preferido. Aquele de obtiver maior número de votos será publicado

no jornal ou revista da cidade previamente escolhido pela turma e já contatados. O poema também pode ser

declamado no dia de um evento escolar (precisa ser agendado antes com o coordenador do evento.

- A Letra da música seguirá o mesmo processo do poema e em tempo igual. Apenas será colocado poema numa

coluna e letra de música em outra. A apresentação da música acontecerá num evento escolar, podendo ser

publicada também se assim o grupo desejar e a instituição escolhida (jornal, revista) aprovar.

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Faça uma revisão sobre o levantamento de hipóteses registrado no caderno: onde

consta, o que e quais são os recursos poéticos e as características do gênero poema

e atentem para isso durante a produção textual do seu poema.

O professor irá reproduzir em sala de aula o vídeo da canção: ―Todo Camburão tem

um pouco de Navio Negreiro‖, do grupo RAPPA, responda às questões propostas

em duplas e apresente suas conclusões para a turma na hora devida estabelecida

pelo professor.

Com as revistas e jornais distribuídos em sala de aula para que recortem ou

desenhem algo que represente a opinião de cada um, socialize a atividade,

montando um painel com imagens pertinentes ao tema da atividade. Explore o

significado dessas imagens com os colegas, promova assim a reflexão e a discussão

entre o grupo. Em seguida você e os colegas do grupo exporão os cartazes na sala

de forma organizada para que, posteriormente, todos possam ler os poemas e

comparar suas idéias com as dos colegas.

IV – ATIVIDADE / QUESTÕES (aulas 6 e 7)

1 – O que é camburão? Você concorda com o que é apresentado na canção? Justifique.

2 – Em quais partes a canção faz menção ao Poema ―Navio Negreiro‖?

3 – Quais seriam suas propostas para reverter essa situação social?

4 – Existem injustiças no Brasil? Quais?

5 - Quais injustiças o Brasil superou ao longo de sua história?

RAPPA - Todo Camburão tem um pouco de Navio Negreiro

http://www.youtube.com/watch?v=x_Tq34rysAc

11

6 – Quando a escravidão terminou? Como?

7 – Que herança o período da escravidão oficial trouxe para a cultura brasileira?

8 – Como você entende a participação da literatura nas questões sociais?

V – RODA DE LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO (aula 8)

Este é um momento para analisar o funcionamento da língua. De posse do poema

―Vozes D‘África que o professor distribuiu para a turma, analise o conteúdo e a forma

do poema e responda as seguintes questões no caderno. No que se refere à forma:

a) Você percebe/entende que o autor ficou conhecido por seu estilo exclamativo,

hiperbólico e dramático que dava a impressão de que suas obras eram feitas para

serem declamadas e não lidas individualmente? Justifique sua resposta com suas

palavras e adicione trechos do poema.

b) E que sua (do autor) intenção era mostrar a sociedade o desejo de liberdade

almejado por ele e seus contemporâneos? Justifique sua resposta com suas

palavras e adicione trechos do poema.

c) Como o uso abundante de figuras de linguagem, além de proporcionar visões que

determinam variadas interpretações dos leitores, também traz sonoridade ao texto?

Justifique sua resposta com suas palavras e adicione trechos do poema.

‗Stamos em pleno mar... Dois infinitos

Ali se estreitam num abrasão insano,

Azuis, dourados, plácidos, sublimes...

Qual dos dois È o céu? Qual o oceano?

[...]

‗Stamos em pleno mar... Abrindo as velas

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Ao quente arfar das vibrações marinhas,

...

VI – RODA DE CONVERSA – Debate (aula 9)

Leia um trecho da reportagem: ‖Racismo: a cor do meu amor‖ publicada na revista

Marie Claire.

―Uma família bem brasileira Rita Andrade, 38, produtora de TV em Brasília.

Mãe de duas filhas brancas, Tauana e Maíra, e um casal de negros,

Gabriela e Tchango ―Casei com meu primeiro marido quando tinha 18 anos.

Ele é loiríssimo. Juntos, tivemos duas filhas: a primeira, Tauana, hoje com

19 anos, nasceu loira, a segunda, Maíra, 17, é morena clara. Me separei

depois de três anos, e voltei para a casa de minha mãe. Meu segundo

marido eu conheci em um show: um negro africano, do Gabão, chamado

Rogê Onanga. Foi amor à primeira vista. Rogê é lindo, alto, mais de 1,90 m,

um príncipe africano, descendente da nobreza. Ele era filho de diplomata e

vocalista da banda Obina Shock [grupo brasiliense que fez relativo sucesso

nos anos 80, mas desapareceu depois do primeiro CD], que estava

começando. Ficamos juntos naquela noite, achei que não ia dar em nada,

mas começamos a sair. Vários amigos comentaram, porque a maioria nem

sabia que eu tinha separado e já estava vivendo com uma pessoa

completamente oposta: o Márcio é baixinho e branquelo, e ele, altíssimo e

negro. Uma amiga comentou: ‗Como você troca o Márcio por um negro feio

desses?‘. Dei um corte e rompi com ela.

Eu nunca tinha me interessado antes por um negro, apesar de meu pai ser

descendente de negros. Minha família não criticou, mas na dele tivemos

problemas. Foi preciso nascer minha primeira filha com o Rogê, Gabriela,

hoje com 15 anos, para eles me aceitarem. Minhas filhas brancas eram

tratadas com distanciamento. Eles nunca nos deixavam esquecer que

éramos brancas. O irônico é que, quando a Gabi nasceu, eles amavam os

cachos clarinhos dela... Mas, no dia do parto, a enfermeira disse: ‗É menina,

só que é negra‘. Ela me noticiou aquilo como se fosse um problema.

Rogê viajava muito com a banda e a gente nunca chegou a ter uma casa.

Quando fiquei grávida do Tchango, eu já tinha deixado ele. Acabei indo

morar com a minha ex-sogra, avó das minhas primeiras filhas. Ela, que é

loira de olhos verdes, acabou se tornando avó de todos. Assumi Tchango

sozinha. A vida de Rogê deu uma virada, ele pirou e sumiu no mundo. Os

meninos perderam totalmente o contato com o pai.

As crianças nunca estranharam o fato de serem dois negros e dois brancos.

Só o cabelo que é uma coisa séria. Tchango chama o dele de ‗bombril‘,

corta sempre bem curto. Gabriela usa umas trancinhas soltas, tive que

aprender a fazer. Para pentear, ela gasta metade do dia. Ela chora e

esperneia, até hoje. Já alisou uma vez e foi péssimo. O cabelo começou a

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cair, ela ficou arrasada. Acho uma loucura que num país cheio de negros os

salões afro sejam super caros e os outros não saibam fazer. Gabi faz alguns

trabalhos como modelo e nunca tem um cabeleireiro para cabelo de negro.

Na rua, sempre tem um olhar diferente, isso me incomoda profundamente.

Teve uma história no ônibus, quando eu estava com as três meninas. A

cobradora perguntou se eram minhas filhas e, apontando para Gabi, que

estava no meu colo: ‗E essa, é da empregada?‘. Fiquei zangada, respondi

que não e ela insistiu: ‗Mas é adotiva?‘. Encerrei a conversa dizendo que ela

saiu da minha barriga. Teve também uma história com o Tchango. Um dia a

gente estava vendo TV, e ele disse: ‗Mãe, quando eu crescer não quero ser

negro‘. Perguntei por que, e ele disse: ‗Porque todo negro que eu vejo na

novela é pobre‘. Fiquei preocupada porque ele estava sacando a realidade.

Começamos a conversar muito. Uma coisa que eu sempre digo a eles é:

‗Vocês são negros, não são moreninhos‘. Moreninha sou eu. Outro dia, tive

que falar com o Tchango sobre sair andando à noite sozinho: ‗Se for um

menino branco, a polícia vai aconselhar a ir para casa; mas negro correndo

é ladrão‘. Ele ficou chateado, mas eu me preocupo e tento prepará-los.

Agora estou com meu terceiro marido, que é descendente de russos e tem

um filho de 10 anos, de ascendência indígena. Meu primeiro marido se

casou de novo e tem uma filha francesa de 7 anos. A mãe dela, ao ver meus

filhos negros, disse: ‗Como você mistura o seu sangue desse jeito, com

tantos homens brancos no mundo?‘. Já a filha não faz diferença nenhuma,

gosta de todos. Acho minha família a cara do Brasil.‖

Após a leitura da reportagem o professor realizará um debate onde todos

responderão e discutirão as seguintes questões:

01 - No primeiro parágrafo do texto, temos três exemplos de pessoas que convivem com o

racismo. Qual é a relação de cada uma delas com experiência do preconceito?

02 - Qual é a diferença entre o racismo nos Estados Unidos, o regime de apartheid da África

e o Brasil?

03 - Qual é o principal problema entre brancos e negros casados no Brasil?

04 - Por que, em sua opinião, muitos negros e mestiços se declaram brancos?

VII – AULA EXPOSITIVA (aulas 10 e 11)

Nesta aula você terá a oportunidade de ler o poema Vozes D‘África e com o auxílio

do professor em sua aula expositiva e realizar a atividade de compreensão que o

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levará a identificar os aspectos linguísticos da construção do gênero e sua análise

estilística como a personificação, metáfora, hipérbole, antítese. Características

humanas (personificação) são incorporadas pelo continente africano para dar mais

emoção ao texto.

As funções de linguagem predominantes são a poética (trabalha a seleção de

palavras, sons e idéias) e a conativa (onde a intenção maior é influenciar no modo de

pensar do autor). Castro Alves escreveu um belo poema, regado de recursos

sonoros e musicais, mas não foi por isso que ela sobreviveu até hoje. Isso ocorreu,

pois, além de relevar a triste face da escravidão negra no passado do Brasil, ela nos

apresenta a África como um continente que sempre sofreu graças à exploração dos

outros povos.

Sugestão de pesquisa: Cultura Africana:

http://www.youtube.com/watch?v=4uIL4QcZ1hU&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=ZjcY_cZg2Y0&feature=related

http://youtu.be/VryE40BwCOc - Imagens musicadas D’África:

VIII – PRODUÇÃO TEXTUAL (aula 12)

Em grupos conversem sobre os dois poemas lidos anteriormente e os textos

trazidos pelos alunos solicitados pelo professor anteriormente para integrarem a

discussão e compreensão, como letras de música, crônica poética e outros poemas

afins. O objetivo dessa atividade é que você consiga opinar com clareza e coerência,

oralmente, sobre os textos em estudo, comparando-os e refletindo sobre o processo

de leitura e compreensão. Enquanto vocês discutem, o professor caminhará pela

sala, anote suas dúvidas e aproveite para falar sobre elas quando o professor passar

por vocês. Lembre-se que todas essas atividades ajudam a compor o projeto de

escrita final deste estudo.

Em seguida faça uma análise dos poemas e da letra de música selecionada

conforme o modelo / tabela abaixo:

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NAVIO NEGREIRO

TODO CAMBURÃO TEM UM POUCO

DE NAVIO NEGREIRO

Qual é o gênero textual?

Qual é o assunto principal?

Apresenta personagem principal?

Qual?

Qual é o público-alvo do texto?

Trata-se de um texto curto ou

longo?

Faz uso de recursos poéticos?

Justifique.

Como atividade extraclasse você deverá fazer uma pesquisa sobre o FIME: Amistad,

Steven Spielberg, 1997 e trazer as anotações relacionadas ao filme integradas aos

textos já lidos para que trabalhem em pares na sala de aula, na data que o professor

indicará após assistirem ao filme.

IX - EXIBIÇÃO DO FIME: Amistad, Steven Spielberg, 1997 (aulas 13 e 14)

Seu professor irá exibir o filme, de Steven Spielberg, 1997, este filme está

relacionado ao estudo da literatura e escolas literárias. Ele retrata o poema ―Vozes

D'África‖ (século XIX) que é um poema condoreiro (que trata de temas sociais e

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humanitários) de Castro Alves, poeta romântico brasileiro defensor da abolição. Esse

poema é mais uma de tantas em que o autor luta pelos direitos universais de

liberdade para todos os homens, através da denúncia da escravidão negra no Brasil

e da desigualdade entre África e os demais continentes.

Sobre o filme: A história remonta ao ano de 1839 e é baseada em fatos verídicos

que ocorreram a bordo do navio La Amistad. O filme relata a luta de um grupo de

escravos africanos em território americano, desde a sua revolta até seu julgamento e

libertação. Através dessa trama de forte conteúdo emocional, é possível conhecer as

condições de captura e transporte de escravos africanos para os trabalhos na

América do Norte, a máquina jurídica americana de meados do século 20 e o germe

das primeiras medidas para a abolição da escravatura naquele território. (Fonte:

Wikipédia)

X – RODA DE LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO (Intertextualidade) (aula

15)

Texto I: A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o

senhor D. Pedro II, faz saber a todos os súditos do Império que a Assembléia Geral

decretou e ela sancionou a Lei seguinte:

Art 1º - É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil.

Art 2º - Revogam-se as disposições em contrário.

(Fonte: http://173.203.31.59/Portal.Base/Web/VerContenido.aspx?ID=206439 / acessado em 08/09/2012)

TEXTO II - O TRABALHO ESCRAVO E A POESIA LIBERTÁRIA DO SÉCULO XIX - ANELISE HAASE DE

MIRANDA

No dia 13 de maio do ano em curso realizou-se na praça Batista Campos, em Belém

do Pará, o “Ato Público em Defesa da Dignidade do Trabalho e em Repúdio a Todas as Formas de

Trabalho Degradantes”, dentre as quais o trabalho escravo, promovido pelo Foro Trabalhista, do qual

participam: a Associação dos Magistrados Trabalhistas da Oitava Região (Amatra VIII), a Ordem dos

Advogados do Pará (OAB-PA), a Associação dos Advogados Trabalhistas do Estado do Pará (ATEP), a

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Associação Brasileira dos Advogados Trabalhistas (ABRAT) e a Associação Nacional dos Procuradores

do Trabalho (ANPT VIII).

Trata-se do segundo ano consecutivo em que o evento ocorre na data comemorativa

da libertação dos escravos – 13 de maio, quando há mais de cem anos, foi assinada a Lei Áurea. O

local que sediou o Ato – em praça pública, juntamente com o significado histórico, político e social do

dia 13 de maio, fizeram-nos relembrar um personagem da literatura brasileira que contribuiu,

enormemente, para o despertar do movimento abolicionista do século XIX, tendo sido o precursor

em denunciar o regime escravocrata colonial.

Nos referimos ao principal representante da terceira geração do romantismo, um dos

maiores poetas brasileiros de todos os tempos - Castro Alves. Ele cantou os muitos amores vividos,

mas não se limitou a escrever apenas sobre experiências pessoais, voltando-se, ainda, para as

mazelas do mundo exterior. Dedicou vários anos de seu curto tempo de vida a historiar e a declamar

as tragédias, dores e tristezas do povo oprimido - os escravos.

Nos versos do poeta baiano foram revelados, com emoção, força e sonoridade

singular, o suplício enfrentado pelos africanos escravizados, desde o navio negreiro, no qual partiam

rumo ao nosso país, em um “porão negro, fundo, infecto, apertado e imundo”, como descreveu em

um de seus poemas mais famosos, até os horrores aos quais eram submetidos nas senzalas, em meio

ao tronco e ao chicote, quando deveriam indagar, como fez Castro Alves em Vozes d’África: “Não

basta inda de dor, ó Deus Terrível?!”

Todavia, naqueles anos, havia escravos por todos os lugares no Brasil, como na casa

da família do próprio Castro Alves e até nas de alforriados. A escravidão era permitida e considerada

normal, constituindo-se na base da economia colonial. Diante de um cenário totalmente adverso e

hostil às idéias abolicionistas, a luta pela liberdade foi um dos grandes desafios do poeta, que, sem

temor algum, se manifestou politicamente como abolicionista, ao declamar, em voz alta, seus

poemas sociais nas praças, teatros e saraus.

A poesia cantada pelo poeta era tão bela e forte que conquistava os corações e

tocava a alma dos que a ouviam. A palavra e a voz foram os instrumentos utilizados por Castro Alves

para lutar contra a escravidão, que parecia estar longe de chegar ao fim em nosso país, um dos

últimos a aboli-la. Com seus versos, trazia ao conhecimento público os sofrimentos dos escravos,

dando voz aos seus prantos, tormentos e ao tratamento desumano e desrespeitoso que recebiam.

O poeta se foi aos vinte e quatro anos de idade, não lhe restando tempo de vida para

ver os ideais de seus poemas se concretizarem. Porém, mesmo após sua morte, continuou vivo

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através de suas poesias, que entoaram as lutas do movimento abolicionista, culminando na extinção

da escravidão no Brasil, em 13 de maio de 1888. E ainda hoje, cabe a reflexão sobre a atualidade da

poesia libertária do século XIX, diante das notícias de que o Pará lidera o ranking dos Estados com o

maior número de empregadores que se utilizam de trabalhadores em condições análogas a de

escravo, na chamada “lista suja” do Ministério do Trabalho e Emprego.

O papel histórico cumprido pelos poemas de Castro Alves demonstra que as diversas

manifestações artísticas, como a literatura, a música e a pintura, têm um poder transformador,

mormente quando engajadas com os problemas de seu tempo. A compreensão, por si só, como disse

outro poeta, leva à libertação. Mas quando além de entender, conseguimos nos emocionar, a ponto

de reagir, temos, então, uma revolução que inicia em nosso interior e tende a transbordar e a

florescer, na esperança de que as gerações atuais e futuras possam desfrutar de uma vida plena,

significativa e verdadeiramente livre. (*) Adaptação do artigo "Poesia Libertária" publicado no jornal O Liberal em

17.05.2007./ (**) Anelise Haase de Miranda é Juíza do Trabalho Substituta da Oitava Região (Pará e Amapá).

QUESTÕES

- Que gêneros textuais são esses e o que eles representam?

- Quais as marcas linguísticas observamos nestes textos?

- Que condições sociais os textos abordam? Os textos elogiam algum

fato/acontecimento?

- Por que a maioria dos pobres e miseráveis nas cidades brasileiras são negros? Por

que precisamos de cotas para negros nas universidades?

Atividade extraclasse - Realize pesquisas sobre as manifestações artísticas atuais

relacionadas ao Movimento Negro, buscando trazer a maior diversidade de gêneros

textuais possíveis (reportagem, notícia, artigo de opinião, poemas, letras de música,

dança, artes gráficas, artes plásticas etc...). Na sala de aula em data marcada pelo

professor você e seu grupo farão uma roda de conversa contrastando todo o material

com a leitura dos poemas de Castro Alves.

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TRABALHO DE PESQUISA – Esta pesquisa é uma atividade para compor sua nota

do bimestre. Você terá quatro semanas realizar a pesquisa que responderá as

QUATRO seguintes questões:

Conhecido como ―poeta dos escravos‖, Castro Alves foi o maior expoente da

chamada geração condoreira do Romantismo brasileiro. Defensor da causa

abolicionista e da igualdade entre os homens morreu precocemente, deixando, entre

outros, ―O navio negreiro‖, considerado por muitos o mais belo poema da língua

portuguesa. As atividades a seguir pretendem ampliar a compreensão de O Navio

Negreiro e outros poemas e de seu tempo.

1 - Quais diferenças você pode traçar entre a obra de Castro Alves ―O Navio

Negreiro e outros poemas e a geração romântica anterior à sua, o Ultra-Romantismo

ou ―mal do século‖?

2 - Que artifício Castro Alves usa para despertar no leitor simpatia pela causa que

defendia? Dê exemplo, citando um dos poemas que você leu.

3 - O eu-poético em muitos dos poemas de O navio negreiro se apresenta como um

porta-voz da liberdade para os injustiçados. Destaque fragmentos de pelo menos

duas instâncias onde isso pode ser constatado.

4 – INTERTEXTUALIDADE

Compare os seguintes trechos de três dos principais representantes do Romantismo

brasileiro: Fagundes Varela, Machado de Assis e Castro Alves (nota: Machado de

Assis, embora pertença ao Realismo, tem uma fase romântica, no início da carreira

literária). Depois, responda às perguntas a seguir.

E pouco a pouco se esvaece a bruma,

Tudo se alegra à luz do céu risonho

E ao flóreo bafo que o sertão perfuma.

Porém minh‘alma triste e sem um sonho

Murmura olhando o prado, o rio, a espuma:

Como isto é pobre, insípido, enfadonho!

VARELA, Fagundes. “Enojo”. In: Livro dos sonetos.Porto Alegre: L&PM, 1997.

Querida, ao pé do leito derradeiro

em que descansas dessa longa vida,

20

aqui venho e virei, pobre querida,

trazer-te o coração do companheiro

ASSIS, Machado de. “Carolina”. In: Livro dos sonetos. Porto Alegre: L&PM, 1997.

Hoje em meu sangue a América se nutre:

– Condor, que transformara-se em abutre,

Ave da escravidão.

Ela juntou-se às mias... irmã traidora!

Qual de José os vis irmãos, outrora,

Venderam seu irmão!

ALVES, Castro. “Vozes d’África”. In: O Navio Negreiro e outros poemas.São Paulo: Saraiva, 2007 (Clássicos Saraiva).

a) Que características comuns você pode apontar nesses três trechos?

b) Que diferenças você observa nos trechos mencionados?

XI – PRODUÇÃO TEXTUAL (Desenvolvendo projeto: poema e/ou letra de

música) (Aula 16)

Com o projeto totalmente preenchido e em mãos comece a organizar o texto

escolhido pelo seu grupo, poema ou letra de música. Se for preciso releiam algum

dos poemas ou peça ao professor que repasse o vídeo com a música do RAPPA.

Lembre-se que vocês publicarão a produção final. Então é preciso cuidado com a

escrita e modo de se comunicar. Consulte sempre o dicionário e a gramática.

Também considere em seu texto a importância da literatura poética e seu

envolvimento com as questões sociais.

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XII – RODA DE CONVERSA (aula 17)

O professor vai exibir nessa aula o vídeo: Graffiti - Boss AC HIP HOP (Sou Eu e És

Tu).

Após assistir o vídeo com atenção, vocês discutirão as seguintes questões:

a) - Que tipo música é essa e que movimento ela representa?

b) – Quais as linguagens apresentadas no vídeo?

c) – Num exercício de intertextualidade quais os traços em comum com os textos,

filme, vídeos, música e poesia você poderia apontar?

d) – Quais as manifestações artísticas são mostrada no vídeo?

Como você pode observar a herança da escravidão ainda é presente em nossa

sociedade. Embora a opressão se manifeste de outras formas, ela ainda se

manifesta contra boa parte da população negra, marginalizada durante séculos.

Essa realidade é denunciada por movimentos culturais como o rap e o hip hop.

Assista também como atividade extraclasse ao vídeo “Navio Negreiro” musicado e

na interpretação de Caetano Veloso.

Vídeo = http://www.youtube.com/watch?v=k9eRhSdIGGM .

Imagem = http://i.ytimg.com/vi/k9eRhSdIGGM/0.jpg

22

Sugestão de estudo:

Assista o filme: “A Missão” (1986) – Dirigido por Roland Joffé

Assista o documentário / Youtube: Breve História da Cultura Africana

Neste momento você já tem bastante material para desenvolver uma reflexão sobre

as estruturas dos textos lidos, assistidos, escritos e analisados, e as discussões

feitas. Faça a revisão do sua produção textual e em seguida construa a reescrita do

texto poema(ou letra de música) construído por você e seu grupo. Assim que

terminarem, deverão trocar os textos com os colegas, conversar, trocar impressões e

comentar o que acharam do texto um do outro.

XIII – CONCLUSÃO DO PROJETO TEXTUAL (aula 18)

Para concluir o trabalho desta unidade você juntamente com seu grupo realizará a

produção final do texto escolhido por vocês, poema/letra de música. Você pode

desenvolver essa atividade na biblioteca da escola ou na sala de aula conforme

orientação do seu professor. É importante ainda expor os poemas, poesias ou letras

de músicas em um mural na sala para que todos, eventualmente, possam ler esses

textos e votar conforme agendado pelo projeto. Em seguida, após as correções

efetuadas pelo professor e a votação de todos, encaminhem o poema escolhido por

todos para o jornal escolhido para ser publicado. E na data do evento da escola,

como já agendado, o grupo escolhido por todos apresentará a composição musical

realizada em sala de aula.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ALVES, Castro. Os melhores poemas de Castro Alves. Seleção e apresentação LÍdo Ivo.São Paulo: Global, 1983.

ALVES, Castro. Navio Negreiro. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 07 Set. 2012.

AMISTAD. Sinopse. Disponível em: www.wikipedia.org. Acesso em: 08 Set. 2012.

Minidicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.

Sugestão de pesquisa: Imagens musicadas D’África: http://youtu.be/VryE40BwCOc

INTERNET:

IMAGENS:

Imagem 01 – http://www.wiltonesporte.com.br/blog/wpcontent/uploads/2011/08/image2.jpeg

Imagem 02 - http://imagem.ongame.com.br/asda/blog/amor_reggae.jpg

Imagem 03 – http://imagem.ongame.com.br/asda/blog/amor_reggae.jpg

Imagem 04

http://3.bp.blogspot.com/O7KAb62ChqU/Tb_wIM9zOI/AAAAAAAAACA/nG7EnK7xAmY/s1600/ydc9ntyrhmi63s0umu4a881dc4018f7_home

r-reggae.jpg

Imagem 05 –

http://1.bp.blogspot.com/-2KNjXRvueJU/Tr6nuYd3P-I/AAAAAAAAAKw/O59ylQr-sfU/s1600/Hip_Hop_Wallpaper_3ze4s.jpg

MÚSICAS:

RAPPA - Todo Camburão tem um pouco de Navio Negreiro

http://www.youtube.com/watch?v=x_Tq34rysAc

Sugestão de pesquisa: Cultura Africana: http://www.youtube.com/watch?v=4uIL4QcZ1hU&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=ZjcY_cZg2Y0&feature=related

http://youtu.be/VryE40BwCOc - Imagens musicadas D’África:

TEXTOS: um trecho da reportagem: ‖Racismo: a cor do meu amor‖ publicada na revista Marie Claire.

.(http://pt.wikipedia.org/wiki/Poema acessado em 12/10/12).

Lei Da Abolição - (Fonte: http://173.203.31.59/Portal.Base/Web/VerContenido.aspx?ID=206439 / acessado em 08/09/2012)

O TRABALHO ESCRAVO E A POESIA LIBERTÁRIA DO SÉCULO XIX - ANELISE HAASE DE MIRANDAhttp://www.anamatra.org.br/artigos/o-

trabalho-escravo-e-a-poesia-libertaria-do-seculo-xix