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Sermão aos peixes cap. i

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Page 1: Sermão aos peixes   cap. i

CAPÍTULO ISermão de Santo António aos Peixes ,

Padre António Vieira

Page 2: Sermão aos peixes   cap. i

O Conceito Predicável do sermão

(definição)proposição a partir da qual se vai desenvolver todo o raciocínio“Vós sois o sal da terra”

Quem?

Porquê?Tal como o sal impede a corrupção da matéria,

os pregadores devem impedir a corrupção das almas

O sal cumpre a sua função? Porquê?

Apesar de haver muitos pregadores, a terra está corrupta, logo, o sal, que são os pregadores, não cumpre a sua função.

A sua função é impedir que a terra se corrompa.

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A quem se atribui a responsabilidade da corrupção da terra?

Pregadores e ouvintes são responsáveis pela corrupção da terra.

Os pregadores por não pregarem a verdadeira doutrina,por não a viverem de acordo com aquilo que pregam

ou por se pregarem a si mesmos e não a Cristo.

Os ouvintes por não ouvirem a pregação, mesmo que seja verdadeira,por preferirem imitar a vida e não a pregação dos pregadores

ou por cederem apenas aos seus apetites.

Page 4: Sermão aos peixes   cap. i

As razões da corrupção da terra são evidenciadas através de uma linguagem organizada em função de

argumentos/provas e contra-provas.

Que recursos de pensamento são utilizados?

1 - analogia sal = pregadores

2 - silogismos

- os pregadores são o sal que impede a corrupção;

- a terra está corrupta;

Conclusão: os pregadores não são o verdadeiro sal

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Começa por se apresentar o enunciado:“Ou é porque o sal não salga,

ou porque a terra não se deixa salgar”

Passa-se à explicitação de três hipóteses centradas simetricamente nos dois

elementos, pregadores e ouvintes, resultando em três períodos bipartidos por ponto e vírgula, sendo a 1.ª parte

do período correspondente Aos pregadores e a 2.ª aos ouvintes.

3 - Simetriasou

paralelismos

Assim:

Pregadores Ouvintes

- o sal não salga - a terra não se deixa salgar

- não pregam a doutrina - não querem receber a doutrina

- dizem uma coisa e fazem outra - querem imitar as acções

- pregam-se a si - servem os seus apetites

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No 2.º§ há propostas para solucionar o problema

Razões: Propostas:

Se o sal que não salga deve ser deitado fora é inútil

Se o pregador desrespeita a doutrina e dá mau deve ser desprezado exemplo

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Partindo da proposição bíblica “Vos sois o sal da terra” como é que se chega ao exemplo de St. António e à alegoria do sermão, pregar aos peixes?

O sermão começa com o conceito

predicável:

O sal e os pregadoresdevem impedir a

corrupção da terra.

Se a terra estácorrupta, apesar de

haver tantos pregadores,

é porque estes não cumprem o seu dever

ou porque a terra nãoouve a pregação.

Um exemplo de auditório

que não ouve a pregação

são os habitantes de

Arimino que não

quiseram ouvir

St. António.

Por isso, este deixou-os

e foi para junto do mar

pregar aos peixes

Comemorando o dia

de St. António,

o Padre António Vieira

quer seguir

o seu exemplo,

e afirma ir também

pregar aos peixes

Page 8: Sermão aos peixes   cap. i

A identificação de António Vieira com St. António

St. António quis pregar aos homens de Arimino,

mas como estes não o quiseram ouvir

e até quase o atacaram, foi pregar aos peixes.

Não desistiu da doutrina, mas mudou de auditório,

e os peixes vieram ouvi-lo.

Do mesmo modo, o Padre António Vieira pregava a sua doutrina

numa terra corrompida pelos vícios, a um auditório

que não o ouvia e que estava contra ele

e então resolve proceder como o Santo e pregar aos peixes.

Page 9: Sermão aos peixes   cap. i

A função das frases curtas e das interrogações retóricas

no ritmo e na entoação do sermão

As frases curtas, maioritariamente usadas ao longo do 1.º capítulo,

imprimem um ritmo ao mesmo tempo rápido e cadenciado

que, combinado com as muitas interrogações retóricas,

conduz a uma entoação viva e apelativa

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A função das frases curtas e das interrogações retóricas

no ritmo e na entoação do sermão

As frases curtas, maioritariamente usadas ao longo do 1.º capítulo,

imprimem um ritmo ao mesmo tempo rápido e cadenciado

que, combinado com as muitas interrogações retóricas,

conduz a uma entoação viva e apelativa