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Colégio do Amor de Deus – Cascais Português – 11º ano Ficha informativa Texto Argumentativo O texto argumentativo é tão antigo como o próprio Homem, uma vez que argumentar, ou seja, construir um texto (oral ou escrito) com base em argumentos logicamente encadeados está indissociavelmente ligado à actividade humana. Argumentar, persuadir, convencer empregando o rigor e a objectividade sempre fizeram parte do discurso humano. Sócrates e Aristóteles (filósofos gregos dos sécs.V e VI a.C.) constituem talvez os “argumentadores” mais famosos da História da Humanidade. Tradicionalmente alia-se ao texto argumentativo uma estrutura tripartida: - introdução – onde se apresenta a tese a desenvolver; - desenvolvimento – organizado em vários parágrafos e onde se exploram os argumentos e os contra-argumentos; - conclusão – constituída por um único parágrafo, onde se retoma a tese inicial reforçada pela “operação” lógica do desenvolvimento. A linguagem utilizada deve ser clara e objectiva, revelando coerência e rigor semânticos e sintácticos. O sermão religioso, e em particular o da época barroca, integra a chamada oratória (a arte de discursar em público), cujas regras o próprio Vieira codificou no famoso Sermão da Sexagésima: . centrar-se no essencial e não no acessório; . apoiar os argumentos na razão e em exemplos da Sagrada Escritura; . afastar-se da linguagem obscura dos pregadores gongorizantes; . exortar à aplicação da conclusão final. A estrutura do sermão corresponde à estrutura-tipo do texto argumentativo, podendo o desenvolvimento apresentar ainda uma divisão tripartida. Assim, o plano do sermão será composto por: - Exórdio ou Introdução – geralmente concluído por uma invocação a Maria; - Desenvolvimento – Argumentação, Demonstração e Confirmação; - Peroração ou Conclusão. O esquema mais comum dos sermões de Vieira parte geralmente de um passo das Escrituras, como conceito predicável, que depois demonstra como irrefutavelmente aplicável às condições da sua época; um dos aspectos mais válidos, pois, dos seus Sermões podemos dizer que consiste na actualização da Sagrada Escritura, cujas verdades, para Vieira, são eternas e intemporais: conceitos predicáveis. BUESCU, Maria Leonor Carvalhão, “Estudo do Sermão de S.to António aos Peixes” in Apontamentos da Literatura Portuguesa

Sermão de Santo António aos Peixes - estrutura

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Colégio do Amor de Deus – Cascais Português – 11º ano

Ficha informativa

Texto Argumentativo O texto argumentativo é tão antigo como o próprio Homem, uma vez que argumentar, ou seja, construir um

texto (oral ou escrito) com base em argumentos logicamente encadeados está indissociavelmente ligado à actividade

humana. Argumentar, persuadir, convencer empregando o rigor e a objectividade sempre fizeram parte do discurso

humano. Sócrates e Aristóteles (filósofos gregos dos sécs.V e VI a.C.) constituem talvez os “argumentadores” mais

famosos da História da Humanidade.

Tradicionalmente alia-se ao texto argumentativo uma estrutura tripartida:

- introdução – onde se apresenta a tese a desenvolver; - desenvolvimento – organizado em vários parágrafos e onde se exploram os argumentos e os contra-argumentos;

- conclusão – constituída por um único parágrafo, onde se retoma a tese inicial reforçada pela “operação” lógica do

desenvolvimento.

A linguagem utilizada deve ser clara e objectiva, revelando coerência e rigor semânticos e sintácticos.

O sermão religioso, e em particular o da época barroca, integra a chamada oratória (a arte de discursar em

público), cujas regras o próprio Vieira codificou no famoso Sermão da Sexagésima:

. centrar-se no essencial e não no acessório;

. apoiar os argumentos na razão e em exemplos da Sagrada Escritura;

. afastar-se da linguagem obscura dos pregadores gongorizantes;

. exortar à aplicação da conclusão final.

A estrutura do sermão corresponde à estrutura-tipo do texto argumentativo, podendo o desenvolvimento

apresentar ainda uma divisão tripartida. Assim, o plano do sermão será composto por:

- Exórdio ou Introdução – geralmente concluído por uma invocação a Maria;

- Desenvolvimento – Argumentação, Demonstração e Confirmação;

- Peroração ou Conclusão.

O esquema mais comum dos sermões de Vieira parte geralmente de um passo das Escrituras, como conceito

predicável, que depois demonstra como irrefutavelmente aplicável às condições da sua época; um dos aspectos mais

válidos, pois, dos seus Sermões podemos dizer que consiste na actualização da Sagrada Escritura, cujas verdades, para

Vieira, são eternas e intemporais: conceitos predicáveis.

BUESCU, Maria Leonor Carvalhão, “Estudo do Sermão de S.to António aos Peixes” in Apontamentos da Literatura Portuguesa

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Estrutura do Sermão de Santo António aos Peixes