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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
CAMPUS XIV – CONCEIÇÃO DO COITÉ
BEATRIZ DOS SANTOS PAIVA
GEZARELA DA SILVA EVANGELISTA
CANTEIROS: EXPRESSÃO POR MEIO DE
IMAGENS
Conceição do Coité 2013
BEATRIZ DOS SANTOS PAIVA
GEZARELA DA SILVA EVANGELISTA
CANTEIROS: EXPRESSÃO POR MEIO DE IMAGENS
Trabalho de conclusão apresentado curso de Comunicação Social 2013.2 – Habilitação em Radialismo, da Universidade do Estado da Bahia, como requisito parcial de obtenção do grau de bacharel em Comunicação sob a orientação da Profª. Ma. Carolina Ruiz Macedo.
Conceição do Coité
2013
BEATRIZ DOS SANTOS PAIVA
GEZARELA DA SILVA EVANGELISTA
CANTEIROS: EXPRESSÃO POR MEIO DE IMAGENS
Trabalho de conclusão apresentado ao Curso de Comunicação Social 2013.2 – Habilitação em Radialismo, da Universidade do Estado da Bahia, como requisito parcial de obtenção do grau de bacharel em Comunicação sob a orientação da Profª. Ma. Carolina Ruiz Macedo.
Data _________ / ________ / __________
Resultado __________________________
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________ Profª. Ma. Carolina Ruiz Macedo (Orientadora) – UNEB _______________________________________________ Profª. Ma. Pricilla de Souza Andrade – UNIME _______________________________________________ Prof. Me. Marcos Cezar Botelho de Souza – UNEB
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Deus por ter nos guiado e dado forças para chegar até o fim.
Aos nossos familiares por nos apoiar em todos os momentos de nossa
caminhada.
A nossa orientadora ProfªMa. Carolina Ruiz Macedo por nos incentivar para
construir este trabalho e agradecemos também por todas as contribuições.
Aos canteiros, que nos receberam com atenção em seu ambiente de trabalho
e por serem os atores principais do nosso trabalho.
A todos os colegas pelos momentos de conhecimentos compartilhados em
sala de aula e também fora dela. Em especial a Jussara Oliveira por nos motivar a
continuar.
A todos os professores que com total dedicação nos impulsionaram a buscar
novos repertórios.
“É preciso que a lente mágica
Enriqueça a visão humana
E do real de cada coisa
Um mais seco real se extraia
Para que penetremos fundo
No puro enigma das imagens.”
Carlos Drummond de Andrade
RESUMO
CANTEIROS: EXPRESSÃO POR MEIO DE IMAGENS
Sabemos que a grande parte da população de Santaluz-Ba sobrevive da extração das pedras nas pedreiras, por isso as más condições de trabalho, os problemas graves provocados pelo trabalho insalubre, a baixa remuneração, a degradação ambiental, entre outras mazelas dessa classe de trabalhadores, merecem atenção. Pretendemos trazer à tona esse aspecto da economia e sociedade luzense, desdobrando as questões que dificultam a melhoria de vida dessas pessoas e como esta atividade contribui para a comunidade, mas, sobretudo, discutir de que forma a fotografia pode mostrar esta realidade. As discussões sobre representação fotográfica são embasadas em autores como Kossoy (1999, 2001, 2007), Soulages (2010), Salles (2009), Sontag (2004) e Rouillè (2009). É a partir do pressuposto da transferência dessa realidade social para imagens que desenvolvemos o ensaio fotográfico, para que, ao observá-lo as pessoas além de conhecer essa situação, por meio da interferência criativa presente no ato de representar, sintam-se sensibilizadas com a realidade ali produzida.
PALAVRAS-CHAVE: Fotografia, Canteiros, Santaluz-Ba, Representação.
6
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...................................................................................... ................7
2. FOTOGRAFIA COMO FORMA DE EXPRESSÃO E REPRESENTAÇÃO DA
REALIDADE ...................................................................................................... .........9
3. A REALIDADE REPRESENTADA: AS CONDIÇÕES DE TRABALHO
VIVENCIADAS PELOS CANTEIROS ....................................................................... 16
4. A ARTE DE LAPIDAR IMAGENS ...................................................................... 24
4.1 PRÉ- PRODUÇÃO ........................................................................................... 24
4.2 PRODUÇÃO .................................................................................................... 25
4.3 PÓS- PRODUÇÃO ........................................................................................... 39
5. CRONOGRAMA ................................................................................................. 41
6. ORÇAMENTO .................................................................................................... 42
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 43
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 44
7
1. INTRODUÇÃO
Sabemos que grande parte da população de Santaluz sobrevive da extração
da pedra nas pedreiras do Morro dos Lopes e em outras localidades do município.
Pensando nessa realidade enfrentada por adultos e também por crianças e
adolescentes, situação que é do conhecimento da sociedade do nosso município,
mas que persiste há anos sem melhorias das condições de trabalho para as
pessoas envolvidas, passamos a refletir pesquisar e discutir sobre tais dificuldades.
São trabalhadores que devido às limitações climáticas do semiárido baiano e
dificuldades de produção agrícola, passam a ter como principal fonte de renda a
exploração de pedras no município de Santaluz, especialmente na comunidade de
Morro dos Lopes, caracterizada por grande quantidade de pedreiras, base de
sustentação econômica mais expressiva, desde o início do século XX.
A inquietação diante da “naturalização” desse trabalho nocivo, perigoso e
pouco rentoso, mas, sobretudo das consequências deste (mutilações, perda de
visão, etc) fez com que surgisse o desejo de trazer à tona esse problema, dando
visibilidade à questão através de imagens. Nosso objetivo então tornou-se capturar
imagens que representassem o caráter árduo do trabalho dos canteiros1, bem como
evidenciassem as consequências advindas dessa atividade.
A fotografia é uma forma de ler o mundo, ter acesso a outras realidades e
promover vivências. Por isso, de acordo com Martins (2008), tem a capacidade de
compor uma realidade social. Partindo deste pressuposto, percebe-se que a
expressão desta realidade através da fotografia é o foco principal do nosso trabalho,
pois nos propusemos a através desta arte, realizar um recorte sobre a realidade
vivenciada por esses trabalhadores.
Considerando que “a fotografia cria o real” (ROUILlÉ, 2009), está presente
nesta proposta o desafio de escolha do melhor ângulo2, enquadramento3, ponto de
vista4 e demais elementos de composição fotográfica a fim de registrar imagens que
voltem o olhar do espectador para a expressão do trabalho dos canteiros.
1 Nome dado aos profissionais que extraem pedras artesalmente.
2 Ângulo é basicamente a altura, a posição da câmera em relação ao objeto. Ele interfere na interpretação da
imagem. 3 Enquadramento é o posicionamento dos elementos que você faz na cena a ser fotografada.
4 Ponto de vista é reconstrução do olhar do espectador.
8
Procuramos criar imagens que necessitem o mínimo possível de argumentos de
natureza escrita ou vê para retratar a dureza do trabalho nas pedreiras, justamente
pelos impactos que elas provocam.
A pesquisa foi realizada nas pedreiras do Morro dos Lopes, onde várias
pessoas exercem a profissão de canteiro, alguns isolados e outros em grupos, e em
alguns casos até mulheres e crianças desenvolvem atividades nas proximidades das
suas residências.
Vimos a necessidade de conversar com os canteiros e não meramente
fotografá-los sem a preocupação com o seu bem-estar emocional. Desenvolvemos
este trabalho com o intuito de dar visibilidade a esses problemas, a fim de contribuir
para que este assunto seja pautado pela sociedade de modo geral e que possa
haver transformações sociais a partir dessas discussões. Nesse intuito é importante
saber como essas pessoas se sentem e que condição de vida elas conquistaram
com o desenvolvimento desse trabalho.
O memorial apresenta a estrutura dissertativa dividida em três capítulos nos
quais se organizam os conceitos e as referências teóricas bem como a descrição do
trabalho realizado em campo.
O primeiro capítulo, intitulado Fotografia como forma de expressão e
representação da realidade é destinado a discutir a fotografia como uma das formas
de retratar a realidade através de imagens, possuindo um potencial de registro que
demonstram a realidade social de um povo. Já o segundo capítulo recebe o titulo: A
realidade representada: as condições de trabalho vivenciadas pelos canteiros, onde
discutiremos de que forma acontece a exploração do trabalho nas pedreiras de
Santaluz, bem como a exploração do trabalho infantil nessa área e o seu impacto na
qualidade de vida dos canteiros e na economia do município.
No terceiro capítulo fazemos uma descrição da nossa trajetória no decorrer do
trabalho, contando o passo a passo, em uma espécie de diário de bordo onde
descrevemos e justificamos as impressões e intenções que tivemos na composição
das fotografias que compõem o nosso ensaio.
9
2. FOTOGRAFIA COMO FORMA DE EXPRESSÃO E REPRESENTAÇÃO DA REALIDADE
A invenção da fotografia foi uma das maiores criações humanas,
proporcionando ao homem utilizá-la como instrumento na busca de sua própria
identidade, tornando-a tão importante a ponto de não imaginar a vida sem guardar
os momentos registrados em fotos. Através dela se tem a comprovação do ocorrido,
a existência contida na imagem. O registro fotográfico proporciona comunicação,
reflexão e questionamentos, mas, como afirma Martins (2008) “a fotografia
documental não diz tudo à primeira vista. Não é raro que peça para ser interrogada
por quem a vê.” À medida que se observa imagens capazes de transparecer a
realidade social de um povo, a atitude das pessoas que utilizam as fotografias como
forma de leitura é de meditação, necessitando às vezes de novas leituras frente a
essa forma de expressão.
A fotografia pode mostrar a diferença de valores, concepções e regras que regulam a mesma atividade em diferentes sociedades no especular do que é fotografado. A sociedade invisível como tal se manifesta nos modos como as pessoas se apresentam e se relacionam, sobretudo em público (MARTINS, 2008, p.173).
Segundo Soulages (2010), a fotografia constitui um problema dependendo da
abordagem particular dada a ela, pois tem a capacidade de nos fazer sonhar e
trabalhar o nosso inconsciente.
[...] Toda foto é essa imagem rebelde e ofuscante que permite interrogar ao mesmo tempo o alhures e o aqui, o passado e o presente, o ser, o devir, o imobilismo e o fluxo, o contínuo e o descontínuo, o objeto, a forma e o material, o signo e... a imagem. (SOULAGES, 2010, p.13)
A fotografia contribui positivamente para a humanidade em vários âmbitos,
principalmente como ferramenta de compreensão da sociedade, por ser um
instrumento de expressão que possibilita a interpretação da vida social, através da
imaginação mediadora que suscita, como afirma Martins (2008). Segundo ele
(ibidem, p.68), “a leitura popular da fotografia, a leitura que faz dela o homem
comum e cotidiano, propõe-se, sobretudo em seus usos, nas formas espontâneas
10
de interpretá-las, nos comentários que suscita, nas recordações que viabiliza, na
vivência que promove”.
Desde a pré-história, o homem procura desenvolver o registro de tempo
utilizando-se do congelamento dos acontecimentos, iniciando essa manifestação
através das pinturas rupestres nas cavernas, demonstrando assim a necessidade da
expressão visual, que vem se aprimorando ao longo dos anos, principalmente após
o surgimento da fotografia, com todos os recursos que ela possibilita utilizar para se
chegar à composição desejada.
Com o passar do tempo, a fotografia e seus recursos vêm sendo
aprimorados. O homem utiliza-se dessa ferramenta, bem como dos avanços
tecnológicos alcançados, para desenvolver seus trabalhos documentais ou artísticos
com maior precisão e criatividade, visto que as câmeras fotográficas dispõem de
funções que possibilitam ao fotógrafo a construção de imagens com diferentes
perspectivas.
[...] uma vez dominada a técnica do registro através do desenho, o homem passou então a desenvolver uma dimensão estética destes registros que preocupava-se não apenas com a simples representação, mas uma representação que traduzisse a idéia do belo, do aprazível, da harmonia. A essa dimensão estética da representação denominou-se ARTE (SALLES, 2009, p. 01).
Ainda conforme Salles (2009, p. 03), “do ponto de vista da fotografia, sua
expressão na sociedade humana como um todo é eminente tanto como registro
documental quanto artístico”. A fotografia tem a capacidade de aguçar o sentimento
reflexivo do espectador, possibilitando, assim, o desenvolvimento de críticas a
respeito de temas diversos, que são definidos através das imagens capturadas,
servindo como meio de ampliação das possibilidades de produzir estudos
detalhados e precisos, pautados na percepção que cada um traz do objeto
fotografado.
Cartier-Bresson (2004) afirma que a fotografia nada mudou desde sua origem,
a não ser a sua técnica. Em sua essência, continua com a função de expressão do
mundo nos termos visuais.
A fotografia é uma operação instantânea que exprime o mundo em termos visuais, tanto sensoriais como intelectuais, sendo também uma procura e uma interrogação constantes. É ao mesmo tempo o reconhecimento de um fato numa fração de segundo, e o arranjo
11
rigoroso de formas percebidas visualmente, que conferem a esse fato expressão e significado (CARTIER-BRESSON, 2004) 5.
Essa produção tem um peso ideológico, considerando-se a influência que é
capaz de provocar, uma vez que é construída a partir da percepção de mundo que
cada artista possui, somado das características estéticas que a compõem.
Bem ou mal utilizada a imagem artística, quer estática (como a pintura ou fotografia), quer dinâmica (como no teatro ou cinema), é uma arma capaz de alterar hábitos, costumes, opiniões e modos de vidas de muitos, simultaneamente; sem dúvida uma poderosa arma política ideológica (SALLES, 2009, p.02).
A fotografia tem a capacidade de armazenamento simbólico, possuindo um
potencial de registro, que, segundo Martins, compõe uma realidade social.
As fotografias constituem, no fundo, imagens de uma realidade social cuja compreensão depende de informações que não estão expressamente nela contidas, para que aquilo que contêm possa ser compreendido de maneira apropriada (MARTINS, 2008, p.173).
Toda imagem fotográfica implica em uma transposição da realidade visual de
determinado assunto transformando-o em realidade de representação,
caracterizando assim, a existência do que Kossoy chama de primeira e segunda
realidade. Jean Keim (1971, p.64 apud KOSSOY, 2001, p.44) afirma que “se é
possível recuperar a vida passada, primeira realidade, e se temos, através da
fotografia, uma prova de sua existência, há na imagem uma nova realidade,
passada, limitada, transposta”. Cria-se, portanto, a segunda realidade, a
documentada.
A imagem fotográfica é o que resta do acontecido, fragmento congelado de uma realidade passada, informação maior de vida e morte, além de ser produto final que caracteriza a intromissão de um ser fotográfico num instante dos tempos, (KOSSOY, 2001, p.37).
Pode-se então afirmar que a fotografia passa a ser documento, referenciando
um passado não acessível, aproximando o passado do presente.
Toda fotografia que vemos, seja o artefato fotográfico original obtido na época em que foi produzido, seja a imagem dele reproduzida sobre
5Disponível em:
http://fotografeumaideia.com.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=1160&Itemid=137
12
outro suporte ou meio [...] será sempre uma segunda realidade. O assunto representado configura o conteúdo explícito da imagem fotográfica: a face aparente e externa de uma micro-história do passado cristalizada expressivamente, (KOSSOY, 1999, p. 37).
Estas duas realidades estão presentes em todas as fotografias geradas,
podendo ser interpretadas de diversas maneiras conforme o contexto em que se
analisa. Para Kossoy, a primeira realidade é o assunto em si; já a segunda realidade
é uma representação criada pelo observador, no ato de paralisar fotograficamente a
ação. “A realidade fotográfica não corresponde (necessariamente) à verdade
histórica, apenas ao registro expressivo da aparência...” (KOSSOY, 1999, p.38).
Para Sontag (2004, p.13), apesar de a fotografia mostrar a realidade, ela
também é uma interpretação do mundo. “Assim como a pintura, a fotografia nos
ensina um novo código visual, as fotos modificam e ampliam nossas ideias, nossos
olhares sobre o que vale a pena e o que temos direito de observar”. Através da
fotografia podemos reter o mundo inteiro em nossa cabeça, como uma analogia de
imagens que podem ser consideradas registros fieis de algum acontecimento e que
jamais será esquecido, e, mais do que isso, é ter a sensação de ter tudo o que
queremos em nossas mãos.
A fotografia dá a entender que conhecemos o mundo se aceitamos tal como a câmera registra. Mas isso é ao contrário de compreender, que parte de não aceitar o mundo tal como ele apresenta ser. Toda possibilidade de compreensão está enraizada na capacidade de dizer não. Estreitamente falando, nunca se compreende nada a partir de uma foto. É claro, as fotos preenchem lacunas em nossas imagens mentais do presente e do passado, (SONTAG, 2004, p. 33).
Ainda segundo Sontag, as imagens fotografadas não parecem manifestações
a respeito do mundo, mas sim pedaços dele, miniaturas da realidade que qualquer
um pode fazer ou adquirir. Caracteriza-se por mostrar com detalhes os
acontecimentos e está acessível a todos, já que, na maioria das vezes, as pessoas
fazem questão de tornar estas imagens públicas, postando-as em redes sociais,
exibindo-as em diversos lugares, como revistas, jornais, portas-retratos, livros,
museus, remetendo a tudo aquilo que se quer e não se pode ter fisicamente,
atuando “tanto como pseudopresença quanto como prova de ausência” (p. 26).
Assim, através dessa perspectiva, é possível que se faça uma interpretação do
mundo a partir do que a fotografia representa.
13
Portanto, para entrelaçar documento e expressão, a fotografia não pode
meramente ser compreendida como uma realidade capturada, e sim como a criação
de um novo real fotográfico, ultrapassando as linhas do imaginário dos
espectadores, sendo percebida através da maneira que o fotógrafo traduz a
imagem, o modo como ele recriou essa realidade.
A imagem tem sua significância para cada povo. Os egípcios, por exemplo,
acreditavam que a salvação da alma acontecia através da imagem, a fotografia
passou a ser uma forma de expressão da realidade social.
Outro aspecto importante a discutir é o de que a fotografia possibilita
diferentes sentimentos e pensamentos ao espectador e estes vão sendo
modificados à medida que essa visualização se torna uma frequência. A utilização
de imagens possibilita alcançar objetivos diversos: há registros que podem gerar
uma mobilização em busca de melhorias, mas também está presente a possibilidade
da fotografia, pela repetição exaustiva de determinadas cenas, neutralizar os
impactos psicológicos causados pela primeira exposição a imagens de
acontecimentos, por mais grotescos que sejam. À primeira vista, causam espanto,
mas, com o passar do tempo, o ato de analisar essas imagens neutraliza os fatos,
tornando-os cenas comuns, como pondera Sontag.
Fotos chocam na proporção em que mostram algo novo [...]. O choque das atrocidades fotografadas se desgasta com a exposição repetida [...]. O vasto catálogo fotográfico de desgraça e da injustiça em todo o mundo deu a todos uma certa familiaridade com a atrocidade, levando o horrível a parecer mais comum. (SONTAG, 2004, p. 31).
A representação trazida pela fotografia é capaz de provocar vários
sentimentos que ao mesmo tempo se expandem e se completam.
[...] Na realidade, a fotografia é, ao mesmo tempo e sempre, ciência e arte, registro e enunciado, índice e ícone, referência e composição, aqui e lá, atual e virtual, documento e expressão, função e sensação, (ROUILLÉ, 2009, p. 197).
O mais impressionante é que a fotografia traz um mundo que só era possível
ter no imaginário e isso só se concretiza através de composições artísticas,
transformando uma história em espetáculo, como pode ser exemplificado pelas
composições de Diane Arbus, caracterizada por situar-se na tradição central da arte
surrealista, que através das suas composições propunha a vida como um espetáculo
de horror, fotografando pessoas incomuns em lugares estranhos.
14
Temos a fotografia como forma de comunicação e também como suporte de
expressão da realidade com suas diversas interpretações, facilitando a
representação social em si. Sontag (2004) diz que a verdade para as fotos é
verdade para o mundo visto fotograficamente. Entende-se, portanto, que o universo
fotográfico propõe total liberdade para o criador, uma vez que no ato de congelar a
imagem ele pode utilizar-se dos recursos que a câmera fotográfica dispõe, bem
como da composição imagética que tal cena representa. Vemos a imagem como
parte essencial do processo de formação da sociedade, principalmente por sua
capacidade de alcançar maior número de pessoas, ou seja, a fotografia vem a cada
dia disseminando mensagens que provocam uma maior divulgação dos fatos,
exercendo assim a função de facilitadora da relação do homem com o mundo.
Para Kossoy (2001), desde seu surgimento, foi dado à fotografia o valor
documental, partindo do pressuposto de que é a prova da realidade por ela
caracterizada. Essa afirmação é concretizada tomando como exemplo o advento do
fotojornalismo, que, através da fotografia, deu visibilidade aos acontecimentos e
lugares mais diversos para uma grande massa. Percebe-se o quanto se tornou
possível criar uma visão abstrata do mundo, baseada no que é veiculado pelos
noticiários e por essa união entre a notícia e a imagem que ela representa.
Vai além da arte essa possibilidade de representação imagética dos fatos
proporcionando o conhecimento, trazendo á documentação composta pela
fotografia, uma “expressão da verdade”, resultante da “imparcialidade” da objetiva
fotográfica. Toda fotografia tem sua origem a partir do desejo de um indivíduo que se
viu motivado a congelar em imagem um aspecto dado do real, em determinado lugar
e época (KOSSOY, 2001, p. 36).
A contribuição da fotografia para a humanidade é muito grande. Percebe-se
que desde seu início ela é vista como forma de registrar a realidade, adicionando-se
a isso a visão do fotógrafo sobre a cena a ser capturada, suas impressões e a
composição que ele imprime na fotografia que é colocada como testemunho e como
forma de ilustrar uma história.
Temos a fotografia como um instrumento de representação social e através
dela é possível interpretar o passado. A partir desse pressuposto Kossoy afirma que
“as diferenças ideológicas, onde quer que elas atuem, sempre tiveram na imagem
fotográfica um poderoso instrumento para a veiculação das ideias e da consequente
formação da opinião pública”. (KOSSOY, 2002 p.20 apud BRASIL 2011, P.41).
15
Para melhor compreensão de como a representação da realidade tem sua
contribuição para a humanidade, faz-se necessário buscar as teorias das
representações sociais que, segundo Silva (2007), surgem a partir do desejo de
Serge Moscovici (1978) de redimensionar a existência humana dentro da realidade
social. Para ele, as representações sociais são tanto mecanismos de elaboração,
quanto estruturas de conhecimentos, elas nascem do uso de uma linguagem de
imagem e de palavra que se torna comum pela difusão de ideias.
Portanto, as representações sociais constituem uma forma específica de
compreender e comunicar o que já sabemos, permitindo-nos perceber o mundo de
forma significativa. Neste sentido as fotografias serão analisadas a partir das
representações que elas poderão demostrar, ou seja, o modo como vemos os
acontecimentos em si, pois:
Em todos os intercâmbios comunicativos, há um esforço para compreender o mundo através de ideias específicas e de projetar essas ideias de maneira a influenciar outros, a estabelecer certa maneira de criar sentido, de tal modo que as coisas são vistas desta maneira, em vez daquela. Sempre que um conhecimento é expresso, é por determinada razão; ele nunca é desprovido de interesse. (MOSCOVICI, 2011, p. 28 apud BARCELOS, 2013, p. 290).
Segundo Arruda (2000 apud SILVA, 2007, p. 20), a teoria das representações
sociais busca saber como se elabora o complexo mundo da informação em que se
transformam as mais sofisticadas teorias em matéria prima de conversas cotidianas;
procura identificar a racionalidade contida no senso comum que transforma saber
cientifico em saber consensual. Portanto tal teoria parte do pressuposto de que se
produz conhecimento no cotidiano e esse conhecimento traz consigo sempre a
marca do social na natureza do pensamento. Por fim, a fotografia produz no
imaginário de seu espectador a representação de um ato social.
Para Jodelet (2001 apud SILVA, 2007, p.22), a primeira caracterização da
representação social remete-se a uma forma de conhecimento, que contribui para a
construção de uma realidade comum a um conjunto social.
Portanto, as representações sociais constituíram com uma maneira especifica
para compreender e comunicar, permitindo perceber o mundo de forma significativa.
Agindo também, como mecanismos de elaboração de conhecimentos.
16
3. A REALIDADE REPRESENTADA: AS CONDIÇÕES DE TRABALHO VIVENCIADAS PELOS CANTEIROS
A triste realidade, De quem vive da pedreira, Não tem como duvidar, Porque não é brincadeira, Cada tropeço uma queda, Com a pancada na pedra, E o pensamento na feira.
(Justino Nunes, poeta que passou a infância trabalhando nas pedreiras de Santaluz).
Localizada na região nordeste da Bahia, no Território Sisaleiro, com o clima
semiárido predominante da região, Santaluz é referência em extração de minérios.
Atualmente tem sua economia pautada na geração de emprego e renda, sendo que
uma delas é proporcionada por esta atividade.
O relevo é caracterizado pelo Pediplano Sertanejo e Tabuleiros Interioranos, com uma geologia composta pelo embasamento cristalino, havendo a ocorrência, no município de rochas do tipo Granitóides. Características que conferem ocorrências minerais de cobre, diamante, manganês, mármore, cromo, ouro, pedra para construção, calcita e cristal de rocha, possibilitando uma indústria extrativa mineral de cromo, ouro e granito (SANTOS, 2002, p.38).
Com a população estimada em 36.452 habitantes, segundo o censo
demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizado em
2013, devido às condições pouco favoráveis para a produção agrícola, o município
atualmente agrega pessoas de várias cidades, operários que vêm com a função de
trabalhar nas mineradoras instaladas na cidade, a exemplo da Yamana Gold e
Magnesita que há alguns anos exploram ouro e cromo, respectivamente.
Alguns trabalhadores rurais recorrem à extração da pedra como fonte de
renda para o sustento das suas famílias. Contam com o Sindicato dos
Trabalhadores da Pedra (STP) para auxiliar na busca de apoios aos canteiros, e
com a Cooperativa dos Trabalhadores da Pedra (COOTERPEDRA) que comercializa
parte da produção dos cooperados, bem como promove a busca de melhores
condições de trabalhos e de um preço justo para os produtos. Devido ao longo
período de estiagem, eles encontram na extração da pedra algo que lhes dá
17
segurança, porque não dependem dos fatores climáticos para desenvolverem esta
atividade. No entanto, no sindicato de pedra eles não têm nenhum benefício, como
por exemplo, a aposentaria por idade, e isso faz com que esses trabalhadores
busquem associar-se ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), pois este
garante tal benefício.
O município possui uma diversidade de pedreiras, que por meio do modo
artesanal de extração da pedra adotado pelos canteiros, produz grande quantidade
de pedras apropriadas para obras de construção civil e pavimentação das vias
públicas (paralelepípedos, britas, lajes e lajotas). Nesta forma de produção o
trabalho braçal é a principal ferramenta, sendo utilizados também utensílios como
escopo, ponteira, talhadeira e marreta. Contudo, estes equipamentos não são
suficientes para a exploração de pedras muito grandes, sendo necessária a
utilização de explosivos que vão auxiliar o trabalho dos canteiros facilitando o
manuseio e a produção dos materiais através de pedras menores que são formadas
com a explosão.
É nesse contexto que percebemos quão causticante é o trabalho dos
canteiros, visto que para desenvolverem o seu trabalho, precisam estar a todo o
momento expostos ao sol, protegendo-se às vezes com barracos de palha ou lona
improvisados para diminuir o impacto do sol sobre eles, que passam a maior parte
do tempo trabalhando na mesma posição durante um longo período, sem a
utilização sequer dos equipamentos de proteção individual (EPIs) ou de algum outro
método capaz de prevenir acidentes que possam ocorrer durante o exercício da
atividade.
No entanto, algumas entidades vêm trabalhando para que essa realidade seja
modificada. Sindicato, cooperativa e outras organizações como a Companhia Baiana
de Pesquisa Mineral (CBPM), Movimento de Organização Comunitária (MOC),
juntamente com a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e a Delegacia
Regional do Trabalho (DRT) através de convênios, buscam adquirir compressores
para perfuração das rochas e proporcionar aumento na produção facilitando assim o
trabalho braçal dos canteiros.
Segundo o presidente da COOTERPEDRA, Alcides Monteiro, durante um ano
foi realizado um trabalho de prevenção a acidentes, com várias palestras de
incentivo ao uso dos EPIs e distribuídos materiais educativos, além de realizados
seminários de prevenção ambiental.
18
Em locais em que esta atividade é a principal fonte de renda é comum
encontrar pessoas mutiladas em virtude dos acidentes causados pela utilização dos
explosivos na exploração da pedra. De forma irregular eles são comercializados e
manuseados sem instrução, em uma situação de total risco assumido pelos
canteiros, que por falta de opção se arriscam sem nenhum conhecimento técnico
nesta área. Eles estão cientes de que podem ser penalizados por isso, porém, é
única forma de quebrar pedras maiores.
Imagens cedidas pela Cooperativa das Pedras de Santa Luz
Nos dias atuais ainda ocorrem acidentes graves provocados principalmente
pelo uso de explosivos como a pólvora e o estopim, que os canteiros colocam em
um pequeno orifício aberto na pedra, põem fogo no estopim e saem de perto para
que a explosão seja efetuada. A maioria dos acidentes ocorre quando o explosivo
não detona nesse processo, sendo necessário que eles verifiquem o que houve no
local, submetendo-se ao risco da explosão a qualquer momento, já tendo sido
registrados casos de morte por essa razão. Quando ocorrem acidentes desse tipo,
as famílias dos trabalhadores não têm nenhum auxílio, mesmo que o acidentado
seja o único responsável pela renda da família. Há depoimentos que mostram essa
outra face do trabalho nas pedreiras, como o do Sr. Paulo Ponciano6 em entrevista
ao Movimento de Organização Comunitária (MOC): “Sobrevivo da ajuda da minha
esposa e do meu filho. No tempo do frio sinto muitas dores na mão que fora
mutilada. Tenho que sobreviver com essa dor pro resto da vida”.
6O canteiro Paulo Ponciano em entrevista publicada no site do MOC www.moc.org.br em 03/11/2005
19
ACIDENTES DE TRABALHO/ ÁREAS DE EXPLORAÇÃO 2001/2002
FONTE: Diagnóstico da Situação da Extração de Pedras em Santa/BA- 2001/2002 – SANTOS, 2002.
No dia 21 de novembro do corrente ano em operação deflagrada pela Polícia
Federal (PF), foram apreendidos diversos explosivos que eram comercializados e
utilizados de forma ilegal. O grande problema é que os canteiros não vislumbram
outra forma de proceder à exploração da pedra, a não ser recorrendo aos
explosivos. Diante dos acontecimentos recentes, eles estão enfrentando dificuldades
e a economia do município já sente os impactos da baixa produção nas pedreiras.
Apesar de correrem risco de vida, eles preferem assumi-lo, procurando suprir
às necessidades mais básicas das suas famílias, através dos recursos adquiridos
com o trabalho nas pedreiras.
Mesmo com a extração da pedra sendo uma das principais fontes de renda
da população, esses trabalhadores ainda se encontram na informalidade, ou seja,
não possuem carteira assinada, e grande parte deles não são associados a nenhum
sindicato ou associação. Segundo Ricardo Antunes (1998 apud MATTOS, 2009, p.
02), o que tem ocorrido é “uma metamorfose no universo do trabalho”, enquanto uns
setores crescem e se qualificam outros permanecem estagnados.
Com sua história marcada pelo envolvimento na busca de apoios sociais, o
sindicato e a cooperativa seguem lutando por melhores condições de trabalho para
esses profissionais.
20
Os canteiros têm um grande desafio na sua profissão que é continuar o trabalho enfrentando as dificuldades diárias, sempre exigindo o máximo de si mesmo e, ao mesmo tempo, não perdendo o contato com a realidade da pobreza que os assola. Sem deixar de lutar por melhor qualidade de vida e equidade social na escala local, regional e nacional. (SANTOS, 2002 p. 56).
Segundo Carlos Matos da Silva, secretário da cooperativa da pedra, em
entrevista cedida à Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), a extração e
beneficiamento das pedras em Santaluz tem uma produção atual estimada em 205
mil paralelos por dia. As explorações nas localidades foram iniciadas em 1907,
porém existe uma estimativa de que a reserva dure mais cem anos de produção.
Ainda segundo a CBPM as pedreiras de Santaluz geram mais de 1.500 empregos
diretos.
Percebemos um avanço significativo de trabalhadores nas pedreiras do
município comparando com dados recentes da CBPM. No entanto podemos notar
que ainda existe uma grande reserva a ser explorada com tendência de aumentar o
número de pessoas a exercer essa atividade. Vemos isso nos gráficos abaixo:
NÚMERO DE LOCAIS POR ÁREAS DE EXTRAÇÃO 2001/2002
FONTE: Diagnóstico da Situação da Extração de Pedras em Santa/BA- 2001/2002 - SANTOS, 2002.
De acordo com dados deste ano do IBGE, a população saltou de 33.838
habitantes em 2010 para 36.452 habitantes, o que evidencia o aumento de pessoas
21
trabalhando nas pedreiras de maneira informal e sem nenhuma assistência do poder
público, se comparado com dados de 2001 e 2002.
QUANTIDADE DE CANTEIROS/ ÁREAS DE EXTRAÇÃO 2001/2002
FONTE: Diagnóstico da Situação da Extração de Pedras em Santa/BA- 2001/2002- SANTOS, 2002.
Alcildes Monteiro, presidente da Cooperativa, informou à CBPM que os
produtos extraídos são vendidos para todo o estado e que o valor do milheiro de
paralelo está estimado em R$ 140,00, mas se for negociado diretamente com os
canteiros nas pedreiras, esse valor pode ser reduzido para R$ 120,00.
A maioria das pessoas que trabalham nas pedreiras iniciou nesta profissão
ainda criança ou adolescente, para ajudar os pais a “sustentar a casa”, e com isso,
várias delas não frequentaram a escola (sobretudo quando não existia o Programa
de Erradicação do Trabalho Infantil - PETI).
Com a falta de outras oportunidades de emprego na região e políticas
públicas que incentivem a busca de outros meios de sobrevivência e de projetos
educacionais eficientes no município, essa atividade é desenvolvida cada vez mais
cedo. É o que mostra a tabela abaixo com dados de 2001/2002.
22
TABELA- MÉDIA DE IDADES DOS CANTEIROS POR ÁREAS DE
EXTRAÇÃO
FONTE: SANTOS, 2002
Se compararmos os dados de 2002 com o cenário atual, percebemos que
grande parte dos trabalhadores levam seus familiares para ajudar nessa atividade
(filho, primo, irmão) e muitas das vezes são menores de idade, houve um
crescimento a cerca de adolescentes e idosos no exercício dessa atividade.
Demonstrando a falta de outras oportunidades de emprego no município e políticas
públicas que promovam mudanças nesse quadro, além de refletir sobre o
reconhecimento do canteiro enquanto profissão e seus direitos.
Justino Nunes, canteiro por muitos anos, em entrevista cedida aos estudantes
do curso de Comunicação Social da UNEB Campus XIV, para o curso Oficinas
Urgentes de Audiovisual, Jussara Oliveira, Luís Anselmo Oliveira, Douglas Oliveira e
Cleidimar Peixinho em 2013, descreve como foi a sua infância: - “minha infância foi
na pedreira, e pelo fato de ser na pedreira me tirou outras oportunidades. O que
lamento muito é por não ter podido estudar, na minha infância eu não consegui
estudar, assim como os meus irmãos. Como o meu pai, a sua atividade era a
23
pedreira, numa idade de 12 a 13 anos eu e meus irmãos fomos trabalhar na pedreira
para ajudar a fazer a feira no dia de sábado”. Nunes mesmo não tendo oportunidade
de estudar quando criança é poeta e cordelista, sendo atualmente estudante do
curso de Licenciatura em História na UNEB- Campus XIV.
A vida dessas pessoas é marcada por uma realidade social cruel. Além de
enfrentarem uma jornada de trabalho árdua, elas também enfrentam a não
valorização de sua atividade, fazendo-se necessário então a busca por políticas de
apoio a esses profissionais que trabalham na grande maioria, sem equipamentos de
segurança. Outro aspecto agravante é a presença dos atravessadores que compram
as pedras lapidadas por um preço menor do que o oferecido pelo mercado. Esse
fenômeno acontece em função da carência dos canteiros, devido à situação
financeira de cada um deles e da necessidade de receber o pagamento
semanalmente.
Os trabalhadores das pedreiras além de enfrentarem situação de risco, sabem da
atuação do sindicato e da cooperativa na busca de benefícios para a classe, porém,
muitos deles não são associados, por não terem a garantia de aposentadoria pelo
tempo de trabalho na extração da pedra.
O senhor José do Nascimento, canteiro, em entrevista realizada para este
trabalho no dia 21 de novembro de 2013, quando questionado sobre os seus direitos
previdenciários, relata: [...] trabalhar na pedreira não garante que eu me aposente
quando chegar à idade... Tenho uma rocinha e o ano que vem vou começar a pagar
o sindicado do trabalhador rural”.
Percebe-se que mesmo diante das dificuldades enfrentadas pelos canteiros,
muitas famílias adquirem, através da exploração da pedra, seu meio de
sobrevivência, contribuindo assim para a economia e renda do município.
24
4. A ARTE DE LAPIDAR IMAGENS
4.1 PRÉ- PRODUÇÃO
No projeto inicial pretendíamos mostrar as condições de trabalhos dos
canteiros e as degradações ambientais provocadas por essa atividade, porém,
percebemos que seria mais interessante direcionarmos o foco do nosso ensaio
fotográfico apenas no trabalho dessas pessoas, levando o projeto a ter uma
proposta de representação da realidade social.
A nossa orientadora, professora Ma. Carolina Ruiz, solicitou que fizéssemos
uma pesquisa exploratória para descobrirmos com quais estilos de fotografia nos
identificávamos. Realizamos a pesquisa e selecionamos algumas fotografias de
Cartier Bresson, Sebastião Salgado, João Ripper e Ansel Adams que possuem
criações que nos inspirariam na captura das imagens para a realização do ensaio.
Inicialmente planejamos visitar todas as pedreiras do município, munidas da
câmera fotográfica e do aparelho gravador para que na mesma oportunidade que
fotografássemos os canteiros, colhêssemos depoimentos deles para embasar o
nosso trabalho. No entanto, chegamos à conclusão de que para conseguirmos
visitar todas as pedreiras seria necessário mais tempo, visto que no município
existem quinze localidades com diversas pedreiras. O propósito da captura das
imagens foi focar nas expressões dos canteiros, bem como no seu ambiente de
trabalho, por isso as fotografias foram feitas nas pedreiras do município, em seis
visitas a campo, com o objetivo de trazer um recorte das expressões dos canteiros
no exercício da atividade.
Já havíamos visitado várias vezes as pedreiras, por já ter desenvolvido outros
trabalhos com a mesma temática, portanto, no nosso imaginário, já tínhamos a ideia
das cenas que gostaríamos de fotografar.
Procuramos, na realização das fotografias, registrar aspectos dos
personagens (os canteiros) que pudessem demonstrar as representações da
25
realidade social vivenciada por estes profissionais que embora sejam hábeis no
labor, não têm sua carreira reconhecida nem leis trabalhistas que os ampare.
4.2 PRODUÇÃO
A produção aconteceu juntamente com a pré-produção, pois as imagens
começaram a ser feitas enquanto produzíamos a parte teórica, porém, tivemos
dificuldades por não dispor de câmera fotográfica em tempo integral. Utilizamos as
câmeras modelo Canon EOS Digital Rebel XSi com objetiva de distância focal 18-55
mm e uma teleobjetiva zoom de distância focal 18-200mm, equipamentos cedidos
pela Universidade. A teleobjetiva facilitou o nosso trabalho, pois não foi preciso
chegar muito perto dos trabalhadores para fotografá-los, deixando-os mais a
vontade, pois eles continuariam a trabalhar normalmente e nós também nos
sentimos mais seguras evitando o perigo de nos machucarmos com as faíscas de
pedra que se espalham enquanto os canteiros cortam as pedras, protegendo
também os equipamentos (câmara e objetivas).
No primeiro dia que saímos a campo para fotografar a câmera cedida pela
universidade não funcionava e era preciso iniciar o processo de captura de imagens,
então, foi necessário locarmos uma câmera NIKON Digital D90 com lente 18-105
mm de um fotógrafo da cidade por trinta reais (R$ 30,00), tendo imediatamente
procurado o Presidente da Rádio Comunitária Santa Luz FM para que autorizasse o
uso da câmera da emissora. Graças à compreensão dele, que gentilmente nos
cedeu outra câmera também modelo NIKON Digital D90 com lente 18-105 mm,
pudemos fotografar e fizemos boas imagens.
Durante as visitas que realizamos, com o propósito sempre de trazer através
das imagens um recorte da realidade vivenciada pelos canteiros, mostrando a
exposição desses profissionais á dureza do trabalho. As visitas foram feitas de terça-
feira a quinta-feira porque são os dias nos quais encontramos mais pessoas
trabalhando.
26
Foto: 01
ISO 800 f 5.6 1/500s
Intenção da fotografia: Mostrar os riscos que estes profissionais estão expostos.
Para isso focamos a imagem na mão do trabalhador. A captura foi realizada no
momento em que o pó da pedra espalhava-se no ar.
Foto: 02
ISO 800 f 5.6 1/500s
Intenção da fotografia: Mostrar a expressão facial do senhor concentrado cortando a
pedra. Esse trabalho requer muita atenção.
27
Foto: 03
ISO 800 f 5.6 1/640s
Intenção da fotografia: Mostrar a habilidade, pois mesmo sem olhar para os
equipamentos eles conseguem manuseá-lo.
Foto: 04
ISO 200 f 14 1/200s
Intenção da fotografia: Capturar a imagem geral do ambiente em que tanto adultos
quanto adolescentes exercem essa atividade.
28
Foto: 05
ISO 100 f 6.3 1/160s
Intenção da Fotografia; Através dessa imagem percebemos que os canteiros
trabalham em sua maioria em grupo.
Foto: 06
ISO 200 f 9 1/320s
Intenção da fotografia: Capturar uma cena comum nas pedreiras, que são os
pequenos acidentes. Optamos por fazer a imagem na vertical para dá uma
dimensão do espaço ocupado por este canteiro.
29
Foto: 07
ISO 100 f 5.6 1/125s
Intenção da fotografia: Foi mostrar que alguns canteiros, preocupados com sua
integridade física utilizam algum tipo de equipamento de proteção.
Foto: 08
ISO 100 f 8 1/250s
Intenção da fotografia: Mostrar a expressão de cansaço do senhor já idoso, que
sustenta a família com a renda obtida na extração da pedra por não ser amparado
pela previdência social.
30
Foto: 09
ISO 200 f 9 1/250s
Intenção da fotografia: Capturar o momento decisivo onde o canteiro fazia o
paralelepípedo e o arremessava para um amontoado de pedras. Utilizamos a
fotografia em Preto e Branco (PB) para dá mais dramaticidade a imagem.
Foto: 10
ISO 200 f 10 1/250s
Intenção da fotografia: Mostrar em grande plano, o ambiente de trabalho do canteiro,
que cercado de pedras por todos os lados continua desenvolvendo esta atividade
com persistência.
31
Foto: 11
ISO 200 f 10 1/250s
Intenção da fotografia: Demonstrar através desta construção imagética que a
profissão de canteiro também é exercida pelos jovens. Nesse caso, trata-se de um
menor que não utiliza nenhum equipamento individual de proteção.
Foto: 12
ISO 200 f 10 1/250s
Intenção da fotografia: Demonstrar através da cena enquadrada a realidade social
vivenciada por este canteiro. A falta de equipamento e as vestes rasgadas
caracterizam a condição de pobreza vivenciada por ele.
32
Foto: 13
ISO 200 f 5.6 1/320s
Intenção da fotografia: demonstrar em plano detalhe a força física exigida para a
execução da atividade de canteiro, formando uma idéia de simetria composta pelos
desenhos dos ponteiros na pedra.
Foto: 14
ISO 200 f 10 1/200s
Intenção da fotografia: demonstrar como se dá a exploração das pedras
maiores, que é preciso utilizar ferramentas maiores e mais pesadas.
33
Foto: 15
ISO 200 f 10 1/400s
Intenção da fotografia: Nesta fotografia, o foco está na face do canteiro, que utiliza
um chapéu de palha, característico de trabalhadores rurais que o utilizam para se
proteger do sol.
Foto: 16
ISO 200 f 111/250s
Intenção da fotografia: demonstrar que mesmo os adolescentes exercem a função
de canteiro, manuseando paralelepípedos pesados.
34
Foto: 17
ISO 200 f 9 1/320s
Intenção da fotografia: Realizada em plano médio, esta fotografia, utilizamos o PB
com um contraste elevado para enfatizar o brilho da pedra enquanto é lavrada pelo
canteiro.
Foto: 18
ISO 200 f 11 1/250s
Intenção da fotografia: Aqui o jovem canteiro, que estava trabalhando enquanto
clicávamos e foi atingido por uma faísca de pedra em seu olho direito, presenciamos
esta cena e percebemos o quanto incomoda, e pior que isso, a depender da forma
que atinge, pode levar à cegueira.
35
Foto: 19
ISO 200 f 8 1/400s
O grande realce do pó da pedra nesta composição foi o que chamou a nossa
atenção.
Foto: 20
ISO 200 f 131/320s
Intenção da fotografia: Nesta composição o que chamou a nossa atenção foi a
presença, na linha do horizonte, de um casebre construído sobre um morro muito
alto, que através da construção forma um conjunto harmônico com a palha.
36
Foto: 21
ISO 200 f 10 1/320s
Intenção da fotografia: As ferramentas de trabalho dos canteiros formam nessa
composição uma simetria em linhas horizontais com destaque na cor bronze, dando
a ideia da dureza do trabalho.
Foto: 22
ISO 200 f 11 1/320s
Intenção da fotografia: Nesta composição o canteiro está em movimento e a pedra
está apoiada em seus pés. Foi realizada com a intenção de impactar aos
espectadores pelo conjunto formado entre o cenário e o personagem.
37
Foto: 23
ISO 200 f 11 1/250s
Intenção da fotografia: Nesta composição procuramos demonstrar o esforço e a
força física que a atividade de canteiro exige.
Foto: 24
ISO 200 f 13 1/250s
Intenção da fotografia: A imagem do ex-canteiro amputado é chocante, mas embora
tenha ocorrido este acidente, a expressão dele não é de tristeza, se mostrando
disposto a colaborar com o nosso trabalho. Nesta imagem, procuramos demonstrar
o belo cenário natural composto pelos lajedos no Morro dos Lopes.
38
Foto: 25
ISO 320 f 5.61/200s
Intenção da fotografia: Realizada em plano detalhe, a imagem do canteiro
concentrado no trabalho demonstrando que é preciso prestar atenção no trabalho
para fabricar o paralelo.
Foto: 26
ISO 200 f 11 1/200s
Intenção da fotografia: Realizada sob a perspectiva de um grande plano geral, o
intuito é demonstrar as alterações causadas no meio ambiente com a exploração da
pedra.
39
Foto: 27
ISO 1600 f 18 1/400s
Intenção da fotografia: Nesta imagem o efeito da luz sobre a pedra Causa um brilho
que dá realce à composição.
4.3 PÓS- PRODUÇÃO
Com os pés empoeirados, já cansadas de percorrer as pedreiras, sentindo um
leve desconforto causado pela poeira e pó de pedra ao qual estávamos expostas,
chegamos à conclusão de que o tempo não nos permitia fazer mais imagens, e que
a partir daquele momento precisaríamos sentar para avaliar que fotografias seriam
escolhidas para fazer parte do acervo a ser exposto. São escolhas difíceis, pois em
cada cena enquadrada nos traz características singulares do ambiente da pedreira
bem como do trabalho exercido pelos canteiros. Enfim, o fato é que precisariam ser
selecionadas cerca de trinta fotografias. Priorizamos aquelas que demonstram
através da melhor construção imagética o cenário que é possível visualizar nas
áreas que percorremos. Para tanto, fizemos uma pré-seleção, para daí então junto
com a nossa orientadora, a professora Carolina Ruiz chegarmos à conclusão de
quais as imagens seriam selecionadas para a exposição. Esse momento foi na
última semana do prazo final. Após a escolha das imagens, restava-nos verificar
quais fotografias necessitavam de ajustes quanto ao enquadramento e contraste
40
para, a partir daí, gravá-las em mídia para serem entregues aos componentes da
banca com antecedência e descrevê-las no memorial.
As imagens serão apresentadas em uma exposição física no pátio da
Universidade do Estado da Bahia - UNEB Campus XIV, localizada na cidade de
Conceição do Coité –Ba, em 12/12/2013. A exposição será denominada Canteiros: a
Expressão por meio de imagens e através dela seremos avaliadas pela banca
examinadora no trabalho de conclusão do curso de Comunicação Social com
Habilitação em Radialismo. Fizemos o convite para alguns dos canteiros,
personagens principais do nosso ensaio, disponibilizando-nos a levá-los para assistir
à defesa do nosso trabalho e eles mostraram interessados em comparecer.
Foi gratificante ver o resultado do nosso trabalho e perceber que
conseguimos atingir o objetivo almejado, traçando, através das fotografias um
caminho para que a vida e o trabalho dos canteiros possam ganhar visibilidade com
o intuito de atrair melhorias para a classe de trabalhadores que embora sofridos, nos
mostraram dignos, cheios de determinação e alegria de viver em meio às
dificuldades.
41
5. CRONOGRAMA
Atividades -2013 Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Levantamento
bibliográfico (leitura
e fichamento)
X X X X
Realização das
imagens
X X
Seleção e edição
das imagens
X
Escrita do Memorial X x x
Orientação X X x x X
Processo de
revisão e
preparação para
intervenção
X
Defesa X
42
6. ORÇAMENTO
Material Unidade Valor Unitário Total
Câmera
Fotográfica
02 Da Universidade
Aluguel de Câmera
fotográfica
01 R$ 30,00 R$ 30,00
Câmera
Fotográfica
01 Da Rádio
Comunitária Stª
Luz FM
Impressão de fotos 27 R$ 6,00 R$ 162,00
Impressão do
memorial
03 R$ 20,00 R$ 60,00
Deslocamentos 05 R$ 20,00 R$ 100,00
43
CONCLUSÃO
Sabemos que a fotografia, conforme afirma (ROUILLÉ 2009) tem a
capacidade de “criar o real”. Percebe-se ainda que a fotografia exerce um papel de
representatividade, pois antes mesmo de aprender a falar ou a escrever o homem já
podia enxergar e se comunicar através das imagens.
O ensaio fotográfico “Canteiros: expressão por meio de imagens” transita
tanto nas vertentes artísticas, quanto na documental, trazendo a fotografia como
uma transposição da realidade vivida por cada canteiro. Assim, a fotografia passa a
adquirir um status de “espelho fiel da realidade”.
O nosso trabalho foi realizado com o intuito de chamar a atenção das
autoridades competentes para discussão da temática a fim de contribuir para as
conquistas de políticas que venham a dar subsídios a esses trabalhadores. Pois a
cada fotografia, nota-se a expressão de sofrimento decorrente desta atividade, as
imagens transportam sensações, percebida através de cada olhar.
Todas as fotografias direcionam o nosso olhar principalmente pelas
representações sociais de inocência até a maturidade com que esses profissionais
manuseiam as ferramentas. Predominando a sua fragilidade e exposição a
acidentes. Buscamos assim, mostrar a realidade social dos canteiros por meio de
imagens, visando sempre deixar em evidencia a expressão facial dessas pessoas
para que assim os espectadores possam visualizar o sofrimento e o cansaço.
As imagens capturadas apresentam questões sobre as condições de trabalho
dos canteiros e podem gerar debates em busca de melhorias em prol da classe.
44
REFERÊNCIAS
BARCELOS, J. As representações sociais e a linguagem fotográfica: orientando modos de ver e sentir. Diálogo das Letras, Pau dos Ferros, v. 02, n. 01, p. 287 – 299, jan./jun. 2013. BRASIL, Luísa Kuhl. Tempos Modernos: Fotografia e Imaginário Social. Rio Grande, 2011. DIAGNÓSTICO SETORIAL. Extração de Pedra. Município de Santaluz. SEBRAE- Serviço de apoio às micro e pequenas empresas da Bahia; SISCORP- Sistema Integrado de Consultoria Corporativa S/C, Agosto / 99. http://www.cbpm.com.br/paginas/destaques.php?id=364 Acessado em 11 de Novembro. ibge.gov.br: http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=292800&search=bahia|santaluz KOSSOY, Boris. Fotografia e história. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2001. KOSSOY, Boris. Os tempos da fotografia: o efêmero e o perpétuo. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2007. KOSSOY, Boris. Realidades e Ficções na trama fotográfica. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 1999. MARTINS, José de Souza. Sociologia da Fotografia e da Imagem. São Paulo, 2ª Edição. Contexto, 2008. MATTOS, Cláudio Gonçalves de. O Trabalho dos canteiros de Santa Luz e as suas formas de organização. Conceição do Coité,UNEB, 2009. MATTOS, Francine. 100 Fotógrafos mais influentes de todos os tempos. Disponível em: http://fotografeumaideia.com.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=1160&Itemid=137Acessado em 16/07/2013. RAMALHO, José. PALACIN, Vitché. Escola de Fotografia. São Paulo, 4ª Edição. Saraiva 2010. ROUILLÉ. André. A fotografia: entre documento e arte contemporânea. São Paulo: Ed. Senac, 2009.
45
SALLES, Filipe. Breve história da fotografia. 2008. Disponível em: http://www.mnemocine.art.br/index.php/fotografia/33-fotohistoria/168-histfot Acessado em 16/07/2013 SALLES, Filipe. Fotografia, a Imagem-Tempo. 2009. Disponível em:http://api.ning.com/files/fkFIAPOxywCAAbub8j20eeT7hfoh7m46IG8YWf9oRjAJyxjOeTtBGoCZ2E4CL8zxiAWMDF1dzyePAnPP4igVPhId41aQOfv/fotografiaaimagemtempo.pdf Acessado em 16/07/2013
SANTOS, Valmir da Silva. Educação Ambiental no Município de Santaluz: um “Olhar” sobre a extração de pedras. (Monografia) Feira de Santana. Universidade Estadual de Feira de Santana 2002.
SILVA, Ellis Regina Araújo. Representações Sociais e Imagens em Fotografias do Corpo Masculino em Revistas Gays. Brasília, 2007. SONTAG, Susan. Sobre Fotografia. Tradução Rubéns Figueiredo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. SOULAGES, François. Estética da fotografia perda e permanência. São Paulo, Senac São Paulo, 2010.
VIDEO DOCUMENTÁRIO: Canteiros em outros cantos. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=QOzp4IJxLEs&feature=em-upload_owner. Acessado em 20 de Novembro de 2013.
REFERENCIAS FOTOGRÁFICAS
Ansel Adams
Cartier Bresson
João Ripper
Sebastião Salgado
46