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Trovadorismo ( 1189 Trovadorismo ( 1189 ou 1198 a 1434) ou 1198 a 1434) Literatura Medieval Portuguesa Literatura Medieval Portuguesa (séc. XII e XIII) (séc. XII e XIII) 1º ANO 1º ANO

Trovadorismo

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Trovadorismo ( 1189 Trovadorismo ( 1189 ou 1198 a 1434)ou 1198 a 1434)

Literatura Medieval Portuguesa (séc. XII Literatura Medieval Portuguesa (séc. XII e XIII)e XIII)

1º ANO 1º ANO

A Idade Média teve início na Europa A Idade Média teve início na Europa com as invasões germânicas (bárbaras), com as invasões germânicas (bárbaras), no século V, sobre o Império Romano do no século V, sobre o Império Romano do Ocidente. Essa época estende-se até o Ocidente. Essa época estende-se até o século XV, com a retomada comercial e o século XV, com a retomada comercial e o renascimento urbano. A Idade Média renascimento urbano. A Idade Média caracteriza-se pela economia ruralizada, caracteriza-se pela economia ruralizada, enfraquecimento comercial, supremacia enfraquecimento comercial, supremacia da Igreja Católica, sistema de produção da Igreja Católica, sistema de produção feudal e sociedade hierarquizada.feudal e sociedade hierarquizada.

Prevaleceu na Idade Média as relações de Prevaleceu na Idade Média as relações de vassalagemvassalagem e e suseraniasuserania. O suserano era quem . O suserano era quem dava um lote de terra ao vassalo, sendo que este dava um lote de terra ao vassalo, sendo que este último deveria prestar fidelidade e ajuda ao seu último deveria prestar fidelidade e ajuda ao seu suserano. O vassalo oferecia ao senhor, ou suserano, suserano. O vassalo oferecia ao senhor, ou suserano, fidelidade e trabalho, em troca de proteção e um fidelidade e trabalho, em troca de proteção e um lugar no sistema de produção. As redes de lugar no sistema de produção. As redes de vassalagem se estendiam por várias regiões, sendo o vassalagem se estendiam por várias regiões, sendo o rei o suserano mais poderoso. Todo os poderes rei o suserano mais poderoso. Todo os poderes jurídico, econômico e político concentravam-se nas jurídico, econômico e político concentravam-se nas mãos dos senhores feudais, donos de lotes de terras mãos dos senhores feudais, donos de lotes de terras (feudos).(feudos).

O Trovadorismo é a primeira manifestação literária da língua portuguesa. Seu surgimento ocorre no mesmo período em que Portugal começa a despontar como nação independente, no século XII; porém, as suas origens dão-se na Provença, de onde vai se espalhar por praticamente toda a Europa. Apesar disso, a lírica medieval galego-portuguesa ( língua da Galiza com o português)vai possuir características próprias, uma grande produtividade e um número considerável de autores conservados.

O TrovadorO Trovador

Trovadores - eram aqueles que compunham as poesias e as melodias que as acompanhavam.

• cantigas - são as poesias cantadas.

A RibeirinhaA Ribeirinha

““No mundo nom me sei parelhaNo mundo nom me sei parelha

Mentre me for como me vai,Mentre me for como me vai,

Ca já moiro por vós – e ai!Ca já moiro por vós – e ai!

Mia senhor branca e vermelha,Mia senhor branca e vermelha,

Queredes que vos retraisQueredes que vos retrais

Quando vos eu vi em saia!Quando vos eu vi em saia!

Mau dia me levantei,Mau dia me levantei,

Que vos enton non vi fea!...”Que vos enton non vi fea!...”

Em linguagem atual...Em linguagem atual...

““No mundo não conheço ninguém que se No mundo não conheço ninguém que se compare a mim em infelicidade,compare a mim em infelicidade,

Enquanto minha vida continuar como vai Enquanto minha vida continuar como vai indo,indo,

Porque já morro de amor por vós – e ai!Porque já morro de amor por vós – e ai!Minha senhora vestida de branco e de Minha senhora vestida de branco e de

faces rosadas,faces rosadas,Quereis que vos descrevaQuereis que vos descrevaQuando eu vos vi sem manto!Quando eu vos vi sem manto!Em infeliz dia me levantei,Em infeliz dia me levantei,Pois vos vi bela, e não feia!”Pois vos vi bela, e não feia!”

Classificação das cantigas

• Genero Lírico • - Cantigas de amor • - Cantigas de amigo• Genero satírico • - Cantigas de escárnio e

maldizer

A Cantiga de Amor

Eu-lírico, masculino - canta as qualidades de seu amor, a "senhora", a quem ele trata como superior. Ele canta a dor de amar e não ser correspondido (chamada de coita), e é a sua amada a quem ele se submete e "presta serviço", e, por isso, espera benefício ( vassalagem amorosa)

Identifique as Identifique as características da características da cantiga de amor.cantiga de amor.“ “ Senhora, que bem pareceis!Senhora, que bem pareceis!Se de mim vos recordásseisSe de mim vos recordásseisQue do mal que me fazeisQue do mal que me fazeisMe fizésseis correção,Me fizésseis correção,Quem dera, senhora, entãoQuem dera, senhora, entãoQue eu vos visse e agradasse.Que eu vos visse e agradasse.

Ó formosura sem falhaÓ formosura sem falhaQue nunca um homem viu tantoQue nunca um homem viu tantoPara o meu mal e meu quebranto!Para o meu mal e meu quebranto!Senhora, que Deus vos valha!Senhora, que Deus vos valha!

Por quanto tenho penadoPor quanto tenho penadoSeja eu recompensadoSeja eu recompensadoVendo-vos só um instante.Vendo-vos só um instante.

De vossa grande belezaDe vossa grande belezaDa qual esperei um diaDa qual esperei um diaGrande bem e alegria,Grande bem e alegria,Só me vem mal tristeza.Só me vem mal tristeza.Sendo-me a mágoa sobejaSendo-me a mágoa sobejaDeixai que ao menos vos vejaDeixai que ao menos vos vejaNo ano, o espaço de um dia.”No ano, o espaço de um dia.”

CORREIA, Natália. Cantares dos Trovadores CORREIA, Natália. Cantares dos Trovadores galego-portugueses. 2 ed. Lisboa.Estampa, galego-portugueses. 2 ed. Lisboa.Estampa, 1978. p.253.1978. p.253.

1. quem fala é um homem, dirigindo-se à sua 1. quem fala é um homem, dirigindo-se à sua amada, chamada de amada, chamada de senhor(inspiração em senhor(inspiração em valores cultivados pelos nobres)valores cultivados pelos nobres)

2. amor impossível, pois a mulher é 2. amor impossível, pois a mulher é comprometida ou pertence a classe social comprometida ou pertence a classe social mais elevada.mais elevada.

3. obediência a determinadas convenções 3. obediência a determinadas convenções (amor cortês):(amor cortês):

A. vassalagem amorosa – o trovador A. vassalagem amorosa – o trovador comporta-se com sua dama como o vassalo comporta-se com sua dama como o vassalo comporta-se com seu senhor no sistema comporta-se com seu senhor no sistema feudal.feudal.

B. a mesura – obriga o trovador a conter seus B. a mesura – obriga o trovador a conter seus sentimentos e a nunca revelar o nome da sentimentos e a nunca revelar o nome da mulher, que muitas vezes é casada.mulher, que muitas vezes é casada.

Como consequência dessa convenção, a Como consequência dessa convenção, a mulher torna-se um ser inatingível, idealizado. mulher torna-se um ser inatingível, idealizado.

A Cantiga de Amigo

Eu-lírico - uma mulher (mas o autor era masculino, devido à sociedade feudal e o restrito acesso ao conhecimento da época), que canta seu amor pelo amigo (amigo = namorado),

• Outra diferença da cantiga de amor, é que nela não há a relação Suserano x Vassalo, ela é uma mulher do povo. Muitas vezes tal cantiga também revelava a tristeza da mulher, pela ida de seu amor à guerra.

Examine essa cantiga Examine essa cantiga adaptada para a adaptada para a linguagem atual.linguagem atual.Ai ondas do mar de VigoAi ondas do mar de VigoSe vistes o meu amigo.Se vistes o meu amigo.Dizei-me: voltará cedo?Dizei-me: voltará cedo?

Ondas do mar levantadoOndas do mar levantadoSe vistes o meu amado,Se vistes o meu amado,Dizei-me: voltará cedo?Dizei-me: voltará cedo?

Se vistes o meu amigo,Se vistes o meu amigo,Aquele por quem suspiro,Aquele por quem suspiro,Dizei-me: voltará cedo?Dizei-me: voltará cedo?

Se vistes o meu amado,Se vistes o meu amado,Que me pôs neste cuidado,Que me pôs neste cuidado,Dize-me: voltará cedo? (CORREIA, Natália, op. Cit.,p. Dize-me: voltará cedo? (CORREIA, Natália, op. Cit.,p.

76)76)

1. quem fala é a mulher, referindo-se 1. quem fala é a mulher, referindo-se ao ao amigo ( namorado ou amante)amigo ( namorado ou amante)

2. quando não se dirige diretamente ao 2. quando não se dirige diretamente ao amante, a mulher dirige-se a à sua amante, a mulher dirige-se a à sua mães, aos irmãos ou à natureza.mães, aos irmãos ou à natureza.

3. inspiração popular, ambiente rural ou 3. inspiração popular, ambiente rural ou marinho.marinho.

4. evidencia o amor físico e não só 4. evidencia o amor físico e não só espiritual.espiritual.

Tema: ausência do amado, que Tema: ausência do amado, que abandonou a namorada por causa de abandonou a namorada por causa de outra mulher ou para participar de outra mulher ou para participar de guerras.guerras.

A Cantiga de Escárnio

Eu-lírico - sátira a alguma pessoa. Sátira indireta, cheia de duplos sentidos. feitas para dizer mal de alguém, por meio de ambigüidades, trocadilhos e jogos semânticos, num processo que os trovadores chamavam "equívoco".

• A cantiga de escárnio exigindo unicamente a alusão indireta e velada, para que o destinatário não seja reconhecido, estimula a imaginação do poeta e sugere-lhe uma expressão irônica, embora, por vezes, bastante mordaz.

Cantiga de Maldizer

Traz uma sátira direta e sem duplos sentidos. É comum a agressão verbal à pessoa satirizada, e muitas vezes, são utilizados até palavrões. O nome da pessoa satirizada pode ou não ser revelado.

Nas cantigas satíricas, os Nas cantigas satíricas, os trovadores zombavam alguém, trovadores zombavam alguém, não poupando nenhum grupo não poupando nenhum grupo social: clero, nobreza, povo.social: clero, nobreza, povo.“ “ Ai, dona feia, foste-vos queixarAi, dona feia, foste-vos queixarDe que nunca vos louvo em meu trovar;De que nunca vos louvo em meu trovar;E umas trovas vos quero dedicarE umas trovas vos quero dedicarEm que louvada de toda maneiraEm que louvada de toda maneiraSerei, tal é o meu louvar:Serei, tal é o meu louvar:Dona feia, velha e gaiteiraDona feia, velha e gaiteira

Ai, dona feia, se com tanto ardorAi, dona feia, se com tanto ardorQuerei que vos louve, como trovadorQuerei que vos louve, como trovadorTrovas farei e de tal teorTrovas farei e de tal teorEm que louvada de toda maneiraEm que louvada de toda maneiraSerei, tal é o meu louvor:Serei, tal é o meu louvor:Dona feia, velha e gaiteira.” CORREIA, Natália, op. Cit. Dona feia, velha e gaiteira.” CORREIA, Natália, op. Cit.

P. 137P. 137

Na prosa – Novelas de Na prosa – Novelas de CavalariaCavalaria

Aventuras dos cavaleiros medievais que Aventuras dos cavaleiros medievais que se distinguiam pela coragem, lealdade se distinguiam pela coragem, lealdade e castidade, tudo de acordo com os e castidade, tudo de acordo com os padrões cristãos.padrões cristãos.

Traduzidas do francêsTraduzidas do francês Autoria desconhecidaAutoria desconhecida Circulavam como verdadeira Circulavam como verdadeira

propaganda das Cruzadas, para propaganda das Cruzadas, para estimular a fé cristã e angariar o apoio estimular a fé cristã e angariar o apoio da população ao movimento.da população ao movimento.

Amadis de Gaula e A demanda do Amadis de Gaula e A demanda do Santo Graal- mais populares entre os Santo Graal- mais populares entre os portugueses.portugueses.

HumanismoHumanismo