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Estudo de autodepuração do rio vieira através da modelagem matemática
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EDSON BARBOSA ANDRADE
ESTUDO DA AUTODEPURAO DO RIO VIEIRA ATRAVS DA
MODELAGEM MATEMTICA
Monografia apresentada Universidade Federal
de Minas Gerais Instituto de Cincias Agrrias,
como requisito parcial para ttulo de ps
graduao lattus sensus em Recursos Hdricos e
Ambientais.
Orientador: Prof. Lnio Marques de Miranda
Montes Claros
2014
A553c
2014
Andrade, Edson Barbosa.
Estudo da autodepurao do Rio Vieira atravs da
modelagem matemtica / Edson Barbosa Andrade.
Montes Claros, MG: ICA/UFMG, 2014.
199 f.: il.
Monografia apresentada ao curso de
Especializao em Recursos Hdricos e Ambientais do
Instituto de Cincias Agrrias pela Universidade
Federal de Minas Gerais, 2014.
Orientador: prof. Lnio Marques de Miranda.
Banca examinadora: Edson de Oliveira Vieira,
Mnica Maria Ladeia e Lnio Marques de Miranda.
Inclui bibliografia: f. 135-141.
1. Tratamento de efluentes Rio Vieira. 2. Autodepurao. 3. Recursos hdricos. I. Miranda,
Lnio Marques de. II. Universidade Federal de Minas
Gerais, Instituto de Cincias Agrrias. III. Titulo.
CDU: 628
Elaborada pela BIBLIOTECA COMUNITRIA DO ICA/UFMG
ESTUDO DA AUTODEPURAO DO RIO VIEIRA ATRAVS DA
MODELAGEM MATEMTICA
Aprovada em 31 de maro de 2014.
________________________________________
Prof. Edson de Oliveira Vieira
(ICA/UFMG)
________________________________________
Prof. Mnica Maria Ladeia
(COPASA-MG)
________________________________________
Prof. Lnio Marques de Miranda
Orientador (ICA/UFMG)
Montes Claros
2014
DEDICO
Este trabalho minha filha, princesa que me
agracia todos os dias com seu amor
incomensurvel. minha Esposa, pelo amor
e apoio sempre. A minha me, pai e irmos.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por tudo.
Agradeo imensamente ao meu orientador, Prof. Lnio Marques de Miranda,
os conhecimentos, a experincia e por ter contribudo sobremaneira para a
minha formao.
Ao professor Edson de Oliveira Vieira, do Departamento de Hidrulica da
UFMG, a disponibilizao de material essencial para o projeto e o seu apoio
nesse.
funcionria da COPASA, Mnica M. Ladeia, responsvel pelo laboratrio
da companhia, a sua contribuio no projeto.
COPASA o apoio, o treinamento e a anlise das amostras coletadas.
Aos funcionrios da COPASA o suporte e a contribuio nas coletas dos
dados: Marcelo Marques Costa e Elinio A. Barroso Souza.
Aos proprietrios das fazendas onde se encontram a nascente e a foz do rio
Vieira, o acesso facilitado: Vicente Ribeiro Rocha e Dr. Antnio Adilson
Batista.
Ao professor Marcos Von Sperling, a por sua ateno e o envio de planilhas
eletrnicas de modelagem.
RESUMO
Esta pesquisa apresenta a anlise de autodepurao real do rio Vieira,
Montes Claros MG e o desenvolvimento de um modelo matemtico de
otimizao, que busca simular cenrios e entender o comportamento do
mesmo. O conhecimento da autodepurao importante, pois estuda a
capacidade de resilincia de rios s atividades antrpicas. O modelo capaz
de integrar diferentes objetivos e tem como ideia central minimizar o custo
para a manuteno da qualidade do corpo receptor, sem deixar de buscar a
maximizao da melhoria, em termos dos parmetros oxignio dissolvido e
demanda bioqumica de oxignio. A validao do modelo reduz custos e
tempo no estudo e controle da qualidade de corpos hdricos, j que, para
esse fim, no seriam necessrias coletas em trechos diversos. O modelo
permite variar tanto eficincias de tratamento, quanto vazes de lanamento,
o que permite auxiliar o planejamento de sistemas de coleta e o tratamento
de esgotos e buscar maior equidade entre os usurios. Com isso, permite
encontrar solues que estabelecem melhor compromisso no atendimento
aos propsitos existentes. O modelo proposto tem validade para as situaes
testadas, podendo servir aos administradores pblicos na tomada de
decises e no gerenciamento da bacia hidrogrfica e dos recursos hdricos
como foco. Importante na comparao com as normas vigentes, os dados
reais, o modelo foi suficiente para verificar se os despejos de efluentes no rio
esto cumprindo a legislao. A utilizao de modelagem matemtica se
mostrou satisfatria na avaliao de diferentes estratgias de gesto,
relacionadas ao enquadramento dos corpos dgua, considerando aspectos
relacionados s alternadas eficincias de tratamento de efluentes, reduo
de custos e manuteno de qualidade hdrica adequada no corpo receptor.
Palavras-chave: Rio Vieira. Autodepurao. Tratamento de efluentes.
Recursos hdricos.
ABSTRACT
This research presents the analysis of real auto-depuration of River
Vieira, Montes Claros, Minas Gerais, and development of a mathematical
optimization model that seeks to simulate scenarios and understand the
behavior of it. Knowledge of the self-depuration is important because studies
the resilience capacity of rivers to anthropogenic activities. The model is able
to integrate different objectives and it has as central idea to minimize the cost
for maintenance of the quality of the receiving body, without ceasing to seek
maximizing of the improvement in terms of the parameters dissolved oxygen
and biochemical oxygen demand. Model validation reduces costs and time in
study and control of the quality of water bodies, since for this purpose would
not be necessary collect in several stretches. The model allows to vary, as
treatment efficiencies as flows of launch, what allow help the planning of
collection and sewage treatment systems and seek greater fairness among
users. With that, it lets find solutions that establish better compromise in
attendance to existing purposes. The proposed model is valid for the
situations tested, might serve to public administrators in decisions making and
management of the river basin and of the water resources in focus. Important
the comparison with current regulations, the actual data and the model was
sufficient to verify if the effluent ejectment into the river are complying with the
legislation. The use of mathematical modeling proved satisfactory in the
evaluation of different management strategies, related to the classification of
water bodies, considering aspects related to alternate efficiencies of effluent
treatment, reducing costs and maintaining of adequate water quality in the
receiving body.
Keywords: Rio Vieira. Depuration. Effluent treatment. Water resources.
LISTA DE ILUSTRAES
FIGURA 1 Consequncias do lanamento de carga
orgnica em um curso dgua.................................
26
FIGURA 2 Fenmenos interagentes no balano de OD......... 27
FIGURA 3 Etapas da autodepurao........................................ 28
FIGURA 4 Metabolismo de microrganismos heterotrficos.. 31
FIGURA 5 Perfil de velocidades, pontos de medio e rea
de influncia..............................................................
36
FIGURA 6 Eixos de ocorrncia das mudanas espaciais e
temporais nos constituintes das guas de rios...
38
FIGURA 7 DBO exercida (oxignio consumido) e DBO
remanescente (matria orgnica remanescente)
ao longo do tempo....................................................
42
FIGURA 8 Mecanismos relacionados ao balano de
oxignio dissolvido..................................................
43
FIGURA 9 Localizao da Bacia do Rio Vieira, no Municpio
de Montes Claros MG............................................
70
FIGURA 10 Trajeto do Rio Vieira desde a nascente at a foz.. 71
FIGURA 11 Mapa de abrangncia da bacia hidrogrfica do
Rio Vieira...................................................................
73
FIGURA 12 Imagem do Google Earth - Rota em destaque
azul - Trevo incio BR365 e ponto de coleta
prximo a nascente na Fazenda Vieira. Rio Vieira
destacado em vermelho...........................................
76
FIGURA 13 Ponto de coleta prximo a nascente...................... 76
FIGURA 14 Ponto de lanamento ETE-Vieiras no Rio Vieira.. 78
FIGURA 15 Ponto de coleta ETE-Vieiras no Rio Vieira (zona
de degradao).........................................................
78
FIGURA 16 Ponto de coleta a jusante do lanamento de ETE 79
FIGURA 17 Imagem do Google Earth - Rota em destaque
verde - Trevo incio BR 251 e ponto de coleta
prximo a foz no Rio Verde Grande na Fazenda
Canaci. Rio Vieira destacado em vermelho...........
81
FIGURA 18 Ponto de coleta prximo a foz................................ 81
FIGURA 19 Coleta de dados prximo a nascente..................... 85
FIGURA 20 Coleta de dados a montante da ETE...................... 85
FIGURA 21 Caixa de suporte (isopor) com gelo, acondiciona-
mento recomendado.................................................
86
FIGURA 22 Batimetria da seo do rio prximo a nascente... 87
FIGURA 23 Molinete hidrulico digital usado no projeto......... 88
FIGURA 24 Parte do Rio do cedro em destaque de amarelo e
identificao dos da Foz do Rio e bairro Cidade
Industrial (periferia de Montes Claros) Foz do Rio
do Cedro a jusante da ETE......................................
106
FIGURA 25 Ilustrao do Modelo de Batimetria em Rios, com
Subdiviso das Sees, Chegando at 10
Subdivises...............................................................
142
FIGURA 26 Estrutura de lanamento de efluente tratado da
ETE-VIEIRAS Montes Claros MG......................
162
LISTA DE TABELAS
1 Concentraes e contribuies unitrias tpicas de
DBO5,20 de esgoto domstico e efluentes industriais.......
33
2 Valores tpicos de K1 e condies de laboratrio e de Kd
em condies de campo (base 20C).................................
44
3 Valores mdios de K2 considerando caractersticas do
corpo dgua.........................................................................
49
4 Limites fixados na Resoluo COPAM 01/2008 para
guas doces de acordo com as Classes...........................
51
5 Concentrao de saturao de oxignio (Cs) (mg/l)........ 61
6 Valores do coeficiente K2 (d-1
) segundo modelos
baseados em dados hidrulicos do curso dgua (base
e, 20C) (Sperling 2007)........................................................
67
7 Valores tpicos de K1 e condies de laboratrio e de Kd
em condies de campo (base 20C).................................
68
8 Dados georeferenciados dos quatro trechos de
depurao estudados...........................................................
74
9 Dados climatolgicos da Cidade de Montes Claros......... 74
10 Dados de trecho prximo a nascente, referente aos
anexos A,B,C e D..................................................................
90
11 Dados de trecho montante da ETE, referente aos
anexos A,B,C e D..................................................................
91
12 Dados de trecho jusante da ETE, referente aos anexos
A,B,C e D ...............................................................................
93
13 Dados de trecho prximo foz do Rio Vieira, referente
aos anexos A,B,C e D .........................................................
94
14 Dados de entrada Modelo sem aerobiose em tratamento
Streeter-Phelps setembro 2013...................................
108
15 Dados de entrada Modelo sem aerobiose com tratamen-
to Streeter-Phelps setembro 2013......................................
111
16 Trechos anaerbios para julho de 2013............................ 117
17 Trechos anaerbios para agosto de 2013.......................... 120
18 Trechos anaerbios para setembro de 2013..................... 122
19 Trechos anaerbios para outubro de 2013........................ 124
20 Trechos anaerbios para novembro de 2013.................... 126
21 Resumo de respostas das modelagens aplicadas em
funo da distncia para oxignio dissolvido (OD)..........
128
22 Resumo de respostas das modelagens aplicadas em
funo da distncia para demanda bioqumica de
oxignio (DBO)......................................................................
129
23 Roteiro de coleta das amostras das quatro zonas de
depurao..............................................................................
163
24 Relatrio referente modelagem do ms de julho de
2013........................................................................................
164
25 Relatrio referente modelagem do ms de agosto de
2013........................................................................................
171
26 Perfil de OD e DBO da modelagem do ms de setembro
2013 em sistemas aerbios sem tratamento de efluentes
175
27 Perfil de OD e DBO da modelagem do ms de setembro
2013 em sistemas aerbios com tratamento de efluen-
tes..........................................................................................
176
28 Dados de modelagem anaerbia tratamento de efluen-
tes setembro.........................................................................
177
29 Dados de modelagem anaerbia tratamento de efluen-
tes outubro...........................................................................
181
30 Dados de modelagem anaerbia tratamento de efluen-
tes novembro.......................................................................
185
LISTA DE GRFICOS
1 OD e DBO5 real ms Julho de 2013...................................... 95
2 OD e DBO5 real ms agosto de 2013................................... 99
3 OD e DBO5 real ms setembro de 2013............................... 101
4 OD e DBO5 real ms outubro de 2013................................. 102
5 OD e DBO5 real ms novembro de 2013............................. 104
6 Modelo em Aerobiose sem Tratamento Streeter-Phelps
setembro 2013 para Perfil de OD.........................................
110
7 Modelo em Aerobiose sem Tratamento Streeter-Phelps
setembro 2013 para Perfil de DBO.......................................
110
8 Modelo em Aerobiose com Tratamento Streeter-Phelps
setembro 2013 para Perfil de OD.........................................
113
9 Modelo em Aerobiose com Tratamento Streeter-Phelps
setembro 2013 para Perfil de DBO.......................................
113
10 Modelo em Anaerobiose Streeter-Phelps julho 2013 para
Perfil de OD............................................................................
115
11 Modelo em Anaerobiose Streeter-Phelps julho 2013 para
Perfil de DBO.........................................................................
115
12 Modelo em Anaerobiose Streeter-Phelps agosto de 2013
para Perfil de OD...................................................................
118
13 Modelo em Anaerobiose Streeter-Phelps agosto de 2013
para Perfil de DBO................................................................
119
14 Modelo em Anaerobiose Streeter-Phelps setembro de
2013 para Perfil de OD.......................................................
120
15 Modelo em Anaerobiose Streeter-Phelps setembro de
2013 para Perfil de DBO.....................................................
121
16 Modelo em Anaerobiose Streeter-Phelps outubro de
2013 para Perfil de OD.......................................................
122
17 Modelo em Anaerobiose Streeter-Phelps outubro de
2013 para Perfil de DBO.....................................................
123
18 Modelo em Anaerobiose Streeter-Phelps novembro de
2013 para Perfil de OD.......................................................
125
19 Modelo em Anaerobiose Streeter-Phelps novembro de
2013 para Perfil de DBO....................................................
125
20 Resumo de Respostas das Modelagens Aplicadas em
Funo da Distncia para OD e DBO.................................
129
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
A rea BR Rodovia Federal CH4 Metano CO2 Dixido de carbono CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente COPAM Conselho Estadual de Poltica Ambiental COPASA Companhia de Saneamento de Minas Gerais D Declividade do Rio DBO Demanda bioqumica de oxignio Dd Densidade de drenagem DQO Demanda qumica de oxignio ETE Estao de tratamento de efluentes H Profundidade do rio H2S Gs sulfdrico HAB Habitantes HAB/KM2 Habitantes/quilmetro quadrado K1 Coeficiente de desoxigenao K2 Coeficiente de oxigenao KC Coeficiente de compacidade KD Coeficiente de remoo efetiva de DBO KF Coeficiente de forma Km Quilmetro KM2 Quilmetro quadrado L Largura do rio MO Matria Orgnica Mg/L Miligrama/litro C Grau celsius OD Oxignio dissolvido Q Vazo S Sul T Temperatura do rio, esgoto ou efluente V Velocidade W Oeste
SUMRIO
1 INTRODUO............................................................................. 17
1.1 Importncia do Estudo de Rios.................................................... 17
2 OBJETIVOS................................................................................ 21
3 REFERENCIAL TERICO.......................................................... 22
3.1 Autodepurao de Corpos d gua.............................................. 22
3.2 Oxignio dissolvido...................................................................... 29
3.3 Demanda Bioqumica de Orixignio DBO).................................. 30
3.4 Vazo do Curso Dgua e Efluente............................................. 33
3.5 Coeficiente de Desoxigenao.................................................... 36
3.6 Cintica e Coeficiente da Oxigenao........................................ 46
3.7 Legislao de Lanamento de Efluentes.................................... 50
3.8 Modelagem Matemtica da Qualidade da gua......................... 53
3.8.1 Modelo Aerbio de STREETER & PHELPS............................... 55
3.8.2 Modelo Anaerbio de STREETER & PHELPS........................... 63
3.8.3 Clculo dos Coeficientes de Desoxigenao (K1), de
Reaerao (K2) e de Remoo Efetiva de DBO (Kd)...................
66
4 MATERIAL E MTODOS............................................................ 69
4.1 Caracterizao da rea de Estudo Bacia do Rio Vieira........... 69
4.2 Descrio dos Pontos de Amostragens....................................... 74
4.3 Metodologia.................................................................................. 82
4.3.1 Coleta de Dados para clculo de rea de Seo....................... 87
4.3.2 Mensurao da Velocidade......................................................... 88
5 RESULTADOS E DISCUSSO.................................................. 90
5.1 Anlise da Depurao Real do Rio Vieira................................... 95
5.2 Anlise de Dados Modelados...................................................... 107
5.2.1 Modelagem para Sistemas em Decomposio Aerbia sem
Tratamento...................................................................................
108
5.2.2 Modelagem para Sistemas em Decomposio Aerbia com
Tratamento...................................................................................
111
5.2.3 Modelagem para Decomposio Anaerbia................................ 114
5.2.4 Modelagem para Decomposio Anaerbia julho de 2013..... 115
5.2.5 Modelagem para Decomposio Anaerbia agosto de 2013.. 118
5.2.6 Modelagem para Decomposio Anaerbia setembro de
2013.............................................................................................
120
5.2.7 Modelagem para Decomposio Anaerbia outubro de 2013. 122
5.2.8 Modelagem para Decomposio Anaerbia novembro de
2013.............................................................................................
125
5.3 Resumo das Modelagens de Julho a novembro de 2013, para
Processos Anaerbios.................................................................
128
5.4 Anlise da Poluio no Rio Vieira e Medidas Corretivas............ 130
6 CONCLUSO.............................................................................. 133
REFERNCIAS........................................................................... 135
ANEXO A CLCULO DE VAZO DO RIO 4 TRECHOS......... 142
ANEXO B DETERMINAO DOS VALORES DE k1, K2 e Kd... 155
ANEXO C CLCULO DE VAZO DE EFLUENTE TRATADO.. 159
ANEXO D ROTEIRO DE COLETAS DAS AMOSTRAS............. 163
ANEXO E RELATRIO DA MODELAGEM ANAERBIO DO
MS DE JULHO..........................................................................
164
ANEXO F RELATRIO DA MODELAGEM ANAERBIO DO
MS DE AGOSTO.......................................................................
171
ANEXO G PERFIL DE OD E DBO MODELAGEM
SETEMBRO SISTEMA AERBIO SEM TRATAMENTO DE
EFLUENTES................................................................................
175
ANEXO H PERFIL DE OD E DBO MODELAGEM
SETEMBRO SISTEMA AERBIO COM TRATAMENTO DE
EFLUENTES................................................................................
176
ANEXO I RELATRIO DA MODELAGEM ANAERBIO DO
MS DE SETEMBRO..................................................................
177
ANEXO J RELATRIO DA MODELAGEM ANAERBIO DO
MS DE OUTUBRO....................................................................
181
ANEXO K TABELA 30................................................................ 185
ANEXO L RELATRIOS DE ENSAIO DA COPASA
REFERENTES AMOSTRAS COLETADAS................................
189
17
1 INTRODUO
Montes Claros a cidade-polo do norte de Minas, georreferenciada no
ponto-sede Latitude 164341S, Longitude 435154W e altitude de 638
metros acima do nvel do mar. Com forte influncia econmica e social nas
regies circunvizinhas, como Vale do Jequitinhonha, noroeste de Minas e at
mesmo sul da Bahia, influenciada pela logstica facilitada, j que um dos
principais entroncamentos rodovirios do Brasil, cortada pelas estradas
federais BR 135, que interliga a BR 040 a BR 116, chamada BR Minas-
Bahia, BR 365, BR 122 e BR 251. Com rea de 3.568,941 Km2 e populao
estimada, em 1 de Julho de 2013, de 385.898 habitantes (IBGE, 2013).
Registra, ento, com essa atualizao, uma densidade demogrfica de
108,12 habitantes por Km2, acima da mdia do estado de Minas Gerais,
33,41 Hab/Km2.
Atualmente, vive um crescimento no seu parque tecnolgico industrial,
com instalao de indstrias de mdio e grande porte, demonstrando uma
economia estvel e em franca ascenso. Os benefcios desse momento so
indiscutveis para a economia regional e para a vida em geral dos habitantes
e at mesmo da prpria regio que beneficia indiretamente. Avaliando a
presso sobre o meio ambiente desse crescimento demogrfico e da
economia, os impactos gerados sobre a Bacia do rio Vieira, que, nesse caso,
a bacia hidrogrfica principal e recebe quase que toda contribuio
poluidora da cidade, pode-se afirmar que acentuar o desequilbrio dos
ecossistemas devido a uma elevao da poluio das guas, do solo e ar,
com reduo da disponibilidade e da qualidade dos recursos naturais.
1.1 Importncia do Estudo de Rios
Os rios transportam um dos recursos naturais indispensveis aos
seres vivos: a gua. Alm disso, tm grande importncia cultural, social,
econmica e histrica.
A vazo do rio, em termos de representatividade na renovao dos
recursos hdricos, o componente mais importante do ciclo hidrolgico.
18
Exerce um efeito pronunciado sobre a ecologia da superfcie da terra e sobre
o desenvolvimento econmico humano. a vazo do rio que mais
amplamente distribuda sobre a superfcie da terra e fornece o maior volume
de gua para consumo no mundo (SHIKLOMANOV, 1998).
A gua de rio de grande importncia no ciclo hidrolgico global e
para o suprimento de gua para a humanidade. Isto porque o comportamento
de componentes individuais no retorno da gua na Terra depende tanto do
tamanho do reservatrio quanto da dinmica do movimento da gua. As
diferentes formas de gua na hidrosfera so inteiramente reabastecidas
durante o ciclo hidrolgico, mas com taxas muito diferentes. Os tempos
aproximados de recarga completa de guas so os seguintes
(SHIKLOMANOV, 1998):
de pergelissolo e gelo: 10.000 anos,
ocenicas: 2.500 anos,
subterrneas e glaciares montanhosas: 1.500 anos,
de lagos: 17 anos,
de rios: 16 dias.
A quantidade de gua efetivamente disponvel para uso humano
corresponde a aproximadamente 0,007%, uma parcela relativamente
pequena (LIMA, 2001). Essa pequena poro de gua que dessedenta toda
raa humana realmente nfima, uma vez que os processos de depurao
natural dos rios que cortam uma imensa quantidade de cidades esto
bastante comprometidos. Logo o tratamento de guas para a padronizao
ao consumo onera o custo, tornando esse bem mais valoroso.
Com a ocupao dos solos devido a um elevado crescimento
demogrfico e adensamento das populaes em determinados lugares, a
gerao de elementos poluentes inevitvel. At pouco tempo, quase a
totalidade dos esgotos domsticos e industriais era despejada in natura nos
corpos receptores.
19
Essa poluio afetou, diretamente, a capacidade que os corpos tinham
de se autorregenerar, sem afetar sua qualidade e, consequentemente, os
seres vivos que deles dependiam. Essa carga orgnica e inorgnica que
chega aos rios requer certa quantidade de oxignio, para que as pores
orgnicas e inorgnicas sejam depuradas, ou seja, digeridas. Essa demanda
de oxignio sempre existiu, mas, com as altas cargas poluentes sendo
despejadas, a depurao dos mesmos ficou comprometida. Consequente
diminuio dos nveis de oxignio dissolvido altera o comportamento dos
cursos dgua, tornando-os imprprios para abrigar a maioria da vida
aqutica, consumo humano, animal e at mesmo lazer.
Com o despejo de esgoto nas guas, a quantidade de matria orgnica
aumenta intensamente. Matria orgnica simplificada considerada alimento
para muitas formas de seres vivos. O grande problema que a taxa de
reproduo de algumas espcies maior que a das outras. O crescimento
acelerado de algumas bactrias e microrganismos leva mudana brusca de
pH e diminuio do nvel de oxignio no rio, com limitao vida aqutica,
j que uma boa parcela de seres depende do oxignio dissolvido nas guas
dos rios. Com o despejo de esgotos tanto domsticos quanto industriais, h
um aumento da turbidez da gua, impedindo que a luz chegue flora
aqutica, portanto, impedindo a fotossntese, a sobrevivncia e a
continuidade de algumas comunidades aquticas. Com nveis de oxignio
dissolvido menores que 2 mg/l, o rio considerado morto, j que pode
considerar esse corpo praticamente em estado de anaerobiose (0 mg/L OD),
logo bactrias aerbias e espcies que dependem do oxignio para
sobreviver morrem ou deixam de habitar esses trechos dos rios, que passam
a ser habitados por seres anaerbios, j que no precisam de oxignio para
sobreviver. O rio morto fica negro com o aborbulhamento de gases. Nesse
caso, pode-se considerar um desequilbrio ecolgico instalado.
Os rios tambm fornecem alimentos aos seres humanos, com especial
destaque aos peixes, de variadas espcies e valores nutricionais. No
entanto, segundo (ARTHURTON et al., 2007) redues drsticas nos
estoques de peixes esto criando tanto perdas econmicas quanto uma
20
perda de suprimento de comida. A poluio das guas uma das principais
causas da contaminao e morte de seres aquticos, o que tem acarretado
tambm a reduo de estoques de peixes para o consumo humano.
Adiante vai ser estudado o fenmeno do consumo do oxignio
dissolvido pela matria orgnica lanada no rio Vieira, a autodepurao, por
meio da qual o curso dgua se recupera, por meio de mecanismos
puramente naturais. Ambos os fenmenos so analisados do ponto de vista
ecolgico e, posteriormente, mais especificamente, por meio da
representao matemtica da trajetria do oxignio dissolvido no curso
dgua.
O conhecimento da autodepurao do rio Vieira h de demonstrar o
comportamento ambiental do seu entorno, incluindo interferncias como a
ETE (Estao de Tratamento de Efluentes), que visa amenizar os efeitos da
poluio no objeto de estudo. Mostrar como o controle da poluio est
sendo importante e como os dados dessa pesquisa podero ajudar os
gestores da cidade nas tomadas de deciso no mbito ambiental.
21
2 OBJETIVOS
O objetivo geral foi realizar estudo de autodepurao real do rio Vieira,
e modelar os dados, para avaliar cenrios provveis com comparao
autodepurao real.
Os objetivos especficos desse projeto foram:
1) analisar o comportamento real do rio Vieira em
resposta carga orgnica recebida.
2) Avaliar, por meio do estudo de autodepurao do rio
Vieira, o comportamento de sua capacidade de resilincia carga
orgnica recebida, da nascente foz.
3) Comparar os indicadores de OD (oxignio dissolvido)
e DBO (demanda bioqumica de oxignio) nos trechos estabelecidos
deste estudo, analisando a sua conformidade legislao ambiental
vigente: (COPAM, 2008) e (CONAMA, 2005).
4) Modelar o rio Vieira pelo estudo de autodepurao,
por trechos representativos, para simular aes de gesto da bacia
hidrogrfica, bem como futuros estudos de impactos ambientais em
sua regio de influncia.
5) Comparar os modelos com os dados reais de
autodepurao do rio Vieira e comprovar a sua eficcia na anlise
desse corpo dgua.
6) Embasar prioridades de investimento e gesto da
bacia hidrogrfica estudada.
22
3 REFERENCIAL TERICO
3.1 Autodepurao de Corpos Dgua
Deve ser entendido que o conceito de autodepurao apresenta a
mesma relatividade que o conceito de poluio. Uma gua pode ser
considerada depurada, sob um ponto de vista, mesmo que no esteja
totalmente purificada em termos higinicos (potabilidade), apresentando, por
exemplo, organismos patognicos. Dentro de um enfoque prtico, deve-se
considerar que a gua esteja depurada quando as suas caractersticas no
mais estejam conflitantes com a sua utilizao prevista em cada trecho do
curso dgua. Isso porque no existe uma depurao absoluta: o ecossistema
atinge novamente o equilbrio, mas em condies diferentes das anteriores,
devido ao incremento da concentrao de certos produtos e subprodutos da
deposio. Em decorrncia desses produtos, a comunidade aqutica se
apresenta de uma forma diferente, ainda que em novo equilbrio.
O processo de autodepurao se desenvolve ao longo do tempo e da
direo longitudinal do curso dgua. Segundo (BRAGA et al., 2005), os
estgios de sucesso ecolgica presentes nesse processo so fisicamente
identificados por trechos, que so definidos como zonas de autodepurao,
conforme indica FIG. 1, e divide-se em:
1) Zona de Degradao.
Caractersticas:
Tem incio logo aps o lanamento de guas residurias;
alta concentrao de matria orgnica, ainda em estgio
complexo a ser decomponvel;
no ponto de lanamento, turva, devido aos slidos presentes.
A sedimentao desses resulta na formao de lodo;
23
o incio da decomposio da matria orgnica pelos
microrganismos lento dependendo da adaptao dos seres
decompositores ao despejo;
o consumo de OD (oxignio dissolvido) para atividades
respiratrias pode ser reduzido, aps adaptao dos
microrganismos. A taxa de oxignio para a decomposio
atinge o seu mximo, implicando num mximo consumo de
OD;
a predominncia de bactrias aerbias;
aumento do teor de CO2 (dixido de carbono) na gua.
Converte-se em cido carbnico, podendo haver queda de pH;
o lodo do fundo prevalece em condies anaerbias,
consequentemente, h a produo de H2S (Gs Sulfdrico),
potencial gerador de mau odor;
sensvel diminuio da quantidade de seres vivos. H o
desaparecimento de espcies menos adaptadas e
desenvolvimento de espcies que melhor resistem s novas
condies;
quantidade grande de bactrias coliformes, se a contaminao
for de origem humana;
protozorios, bactrias e fungos;
a presena de algas rara devido alta turbidez.
2) Zona de Decomposio Ativa (incio da organizao
do ecossistema)
O ecossistema tende a se organizar, com o predomnio de
microrganismos decompositores. Como consequncia, os reflexos no corpo
dgua atingem o seu ponto mximo. A qualidade da gua est no seu estado
mais deteriorado. Verificam-se:
colorao acentuada na gua;
depsito de lodo escuro no fundo;
24
nesta zona, o OD atinge a sua menor concentrao.
Desaparece, portanto, a vida aerbia, dando lugar a
organismos anaerbios;
bactrias decompositoras iniciam a sua reduo, devido
diminuio de material orgnico, luz, floculao,
adsoro e precipitao;
caso haja reao anaerbia, os subprodutos so CO2, gua,
metano, gs sulfdrico, mercaptanas e outros, responsveis
pelo mau odor;
diminuio do nmero de bactrias e aumento na populao
de protozorios. Presena de algumas larvas de insetos e, no
entanto a macrofauna restrita em espcie.
3) Zonas de Recuperao.
Aps fase de intenso consumo de material orgnico e de degradao
do ambiente aqutico, inicia-se a etapa de recuperao:
a gua mais clara;
os depsitos de lodo sedimentados no fundo apresentam
textura granulada, no havendo desprendimento de gases ou
mau cheiro;
matria orgnica se encontra mais estabilizada, j est
convertida em compostos inertes, implicando na reduo do
consumo de OD;
introduo de oxignio atmosfrico. Aumentam-se os teores de
OD;
a amnia convertida em nitritos e nitratos e os compostos de
fsforos so convertidos em fosfatos;
devido presena de nutrientes e de gua mais claras, h
condies para o desenvolvimento de algas, elevando mais a
concentrao de OD;
25
diversificao da cadeia alimentar, devido ao aparecimento de
seres heterotrficos;
nmero de bactrias reduzido. Protozorios bacterifagos.
Aparecem algas azuis na superfcie e margens, e depois,
flagelados e algas verdes e, finalmente diatomceas;
aparecimento de microcrustceos, de moluscos, de vermes, de
dinoflagelados, de esponjas, de musgos, de larvas de insetos e
de peixes mais tolerantes.
4) Zona de guas Limpas
guas so limpas, voltando s condies iniciais;
formas completamente oxidadas e estveis dos compostos
minerais;
concentrao de OD. prximo de saturao;
devido mineralizao, as guas esto ricas em algas;
restabelecimento da cadeia alimentar;
comunidade atinge seu clmax diversidade de espcies.
No corpo dgua que recebe um lanamento de esgoto, ocorre o
fenmeno do desequilbrio ecolgico, que o aumento do nmero de
indivduos de uma nica espcie, com consequente desaparecimento de
outras espcies. A autodepurao acontece em etapas, conforme mostra a
(FIG. 1) abaixo:
26
FIGURA 1 - Consequncias do lanamento de carga orgnica em um curso
dgua
Fonte: (MOTA, 1995).
Com o passar da distncia, o rio adquire novamente um determinado
teor de oxignio dissolvido, no com nveis anteriores, mas com um novo
equilbrio. Esse trecho de degradao e depurao ativa limita alguns tipos
de vida em quase a sua totalidade, impedindo a subida dos peixes no rio para
a desova (piracema) tambm limitando a existncia de algumas espcies em
alguns trechos do rio.
27
De acordo com (VON SPERLING, 1996), a autodepurao pode ser
entendida como um fenmeno de sucesso ecolgica, em que o
restabelecimento do equilbrio no meio aqutico, ou seja, a busca pelo
estgio inicial encontrado antes do lanamento de efluentes realizada por
mecanismos essencialmente naturais, conforme (FIG. 2).
A autodepurao decorrente da associao de vrios processos de
natureza fsica (diluio, sedimentao e reaerao atmosfrica), qumica e
biolgica (oxidao e decomposio) Hynes (1960) apud Von Sperling
(1996). No processo de autodepurao, h um balano entre as fontes de
consumo e de produo de oxignio, conforme ilustrado na (FIG. 3). Os
principais fenmenos interagentes no consumo de oxignio so:
a oxidao da matria orgnica;
a nitrificao;
a demanda bentnica.
Na produo de oxignio so:
a reaerao atmosfrica;
a fotossntese.
FIGURA 2 - Fenmenos interagentes no balano de OD
Fonte: Von Sperling, 2007.
28
FIGURA 3 - Etapas da autodepurao diluio, sedimentao e estabilizao
bioqumica
Fonte: (BRAGA et al., 2005).
A oxidao total da matria orgnica, tambm conhecida como
mineralizao, gera produtos finais, simples e estveis (por exemplo, CO2,
H2O, NO3-
). Os organismos decompositores, principalmente as bactrias
heterotrficas aerbias, so capazes de oxidar a MO (Matria Orgnica).
Para o estudo de autodepurao dos corpos dgua so utilizados
modelos matemticos (demonstrado num captulo posterior), onde nesse
estudo especfico sero incorporados os conceitos de Streeter- Phelps,
modelo que aborda o consumo de oxignio pela oxidao da matria
orgnica e produo de oxignio pela reaerao atmosfrica. Para a
alimentao do modelo, sa necessrios os seguintes dados:
a vazo do rio, a montante do lanamento;
a vazo de esgotos (Qe);
o oxignio dissolvido no rio, montante do lanamento (ODr);
o oxignio dissolvido no esgoto (ODe);
a DBO5 no rio, a montante do lanamento (DBOr);
a DBO5 do esgoto (DBOe);
29
o coeficiente de desoxigenao (K1);
o coeficiente de reaerao (K2);
a velocidade de percurso do rio (v);
o tempo de percurso (t);
a concentrao de saturao de OD (Cs);
o oxignio dissolvido mnimo permissvel (ODmin).
3.2 Oxignio Dissolvido
O oxignio dissolvido (OD) tem fundamental importncia no tratar da
vida aqutica aerbia (depende do oxignio para sobrevier e reproduzir). Os
organismos que utilizam a matria orgnica como fonte de alimentao
necessitam do OD no processo de respirao. A consequncia do aumento
da matria orgnica nos rios naturalmente ser a reduo dos nveis de OD,
que ser retirado numa maior quantidade no processo de estabilizao da
matria orgnica lanada nos corpos receptores. Menor quantidade de
oxignio resulta numa vida dentro dos rios reduzida.
A solubilidade do oxignio dissolvido varia com altitude e
a temperatura, ao nvel do mar na temperatura de 20C, a
concentrao de saturao igual a 9,2 mg/L, quando
esse nvel supera o de saturao indicativo de presena
de algas (fotossntese, com gerao de oxignio puro) e
quando inferiores a 9,2 mg/L indicativo de matria
orgnica, provavelmente esgotos sendo depurados. Na
anlise da vida aqutica superior (peixes mais exigentes
em O2) concentraes em torno de 4 a 5 mg/L no
sobrevivem nessas condies e com 2 mg/L praticamente
todos peixes esto mortos e 0 mg/L temos uma situao
de anaerobiose (VON SPERLING, 2007).
30
A solubilidade de oxignio dissolvido atmosfrico varia de 14,6 mg L-1
,
sob temperatura de 0 C, a at 7 mg L-1
, a 35 C, em gua doce e presso de
1 atm. Os maiores problemas ambientais ocorrem quando o meio lquido
encontra-se sob maiores temperaturas, j que as taxas de oxidao biolgica
e a presso de vapor do gs O2 aumentam com a temperatura (NUNES,
2008 apud ALMEIDA, 2013).
Diversas variveis podem ser utilizadas na avaliao do processo de
autodepurao, entretanto, a quantificao da concentrao de oxignio
dissolvido (OD) a mais importante para definir a condio do curso de gua
e avaliar se o mesmo encontra-se dentro ou fora dos limites da classe de seu
enquadramento (SANTOS, 2001 apud NUNES, 2008).
3.3 Demanda Bioqumica de Oxignio (DBO)
A DBO de uma gua a quantidade de oxignio necessria para
oxidar a matria orgnica por decomposio microbiana aerbia para uma
forma inorgnica estvel. A DBO normalmente considerada como a
quantidade de oxignio consumido durante um determinado perodo de
tempo, numa temperatura de incubao especfica. Um perodo de tempo de
5 dias numa temperatura de incubao de 20C frequentemente usado e
referido como DBO5,20 (CETESB, 2009).
Uma miscelnea de compostos orgnicos causadora da poluio dos
rios, como, por exemplo, as protenas, carboidratos, gorduras, leos, uria,
surfactantes, fenis e pesticidas. Mtodos indiretos so usados para
quantificar a matria orgnica, que so a demanda bioqumica de oxignio
(DBO), por meio da mensurao do consumo de oxignio pela matria
orgnica e demanda qumica de oxignio (DQO), com a medio do carbono
orgnico, que indicam o potencial do consumo de oxignio dissolvido. A DBO
dos esgotos domsticos est em torno de 300 mg/L e a DQO de 600 mg/L.
Em caso de esgotos industriais, esses indicativos tm ampla variao,
dependendo do tipo do processo industrial (VON SPERLING, 2007).
31
Essa rota metablica, do consumo de oxignio pelos microrganismos
no processo de assimilao da matria orgnica, segue descrita na (FIG. 4).
FIGURA 4 - Metabolismo de Microrganismos Heterotrficos
Na (FIG. 4) apresenta-se o metabolismo dos
microrganismos heterotrficos, em que os compostos
orgnicos biodegradveis so transformados em produtos
finais estveis ou mineralizados, tais como gua, gs
carbnico, sulfatos, fosfatos, amnia, nitratos, etc. Nesse
processo h consumo de oxignio da gua e liberao da
energia contida nas ligaes qumicas das molculas
decompostas. Os microrganismos desempenham este
importante papel no tratamento de esgotos, pois
necessitam desta energia liberada, alm de outros
nutrientes para exercer suas funes celulares, tais como
reproduo e locomoo, o que genericamente se
denomina quimiossntese. Quando passa a ocorrer
insuficincia de nutrientes no meio, os microrganismos
sobreviventes passam a se alimentar do material das
clulas que tm a membrana celular rompida. Este
processo se denomina respirao endgena. Finalmente,
h, neste circuito, compostos que os microrganismos so
32
incapazes de produzir enzimas que possam romper suas
ligaes qumicas, permanecendo inalterados. Ao
conjunto destes compostos d-se o nome de resduo no
biodegradvel ou recalcitrante. Pelo fato de a DBO5,20
somente medir a quantidade de oxignio consumido num
teste padronizado, no indica a presena de matria no
biodegradvel, nem leva em considerao o efeito txico
ou inibidor de materiais sobre a atividade microbiana
(CETESB, 2009).
As altas concentraes de matria orgnica, oriundas de
esgotamentos domsticos e industriais, so responsveis pela elevao da
DBO no meio e consequente inutilizao dos corpos hdricos para fins de
recreao e abastecimento humano em alguns casos extremos, que no
necessariamente so excees, j que uma grande maioria das cidades
lana os seus efluentes diretamente nos rios, ou quando realiza o tratamento,
no consegue interceptar todo o efluente gerado pela populao, devido aos
esgotamentos clandestinos. Essa elevao da DBO eleva,
consequentemente a eutrofizao, j que essa carga orgnica traz tambm
altas concentraes de nutrientes, que por sua vez, servem de alimento para
algas. Com aumento da populao das algas, aumenta-se a concentrao de
toxinas produzidas pelas mesmas. Essas toxinas podem ser prejudiciais
quando consumidas pela populao.
A DBO um dos principais critrios a serem analisados no projeto de
construo de estaes de tratamento de efluentes, expressa em carga por
dia (Kg/dia), como dimensionamento de volume de reatores, rea e volume
de tanques, filtros, potncia dos aeradores. A carga de DBO produto da
vazo dos efluentes pela concentrao de DBO.
A contribuio de DBO per capita comumente utilizada no Brasil
54g/hab/dia, no caso de esgotamentos sanitrios. Na TAB. 1, so
apresentados os valores tpicos de concentrao e contribuio unitria de
DBO 5,20 para diferentes tipos de efluentes.
33
TABELA 1
Concentraes e contribuies unitrias tpicas de DBO5,20 de esgoto
domstico e efluentes industriais
A matria orgnica um dos principais poluentes dos cursos dguas,
j que responde por maior perda de oxignio dissolvido desses cursos,
devido ao processo de oxidao para estabilizao dessa matria orgnica,
com prejuzos para a biota aqutica e at mesmo ao aspecto paisagstico,
devido turbidez das guas, descaracterizando os cursos originais.
So compostas principalmente por carboidratos, protena, gordura,
leos, surfactantes, fenis e pesticidas.
3.4 Vazo do Curso Dgua Afluente
No planejamento e no gerenciamento do uso dos recursos hdricos, o
conhecimento das vazes necessrio para realizar um balano de
disponibilidades e demandas ao longo do tempo. Em projetos de obras
hidrulicas, as vazes mnimas so importantes para se avaliar, por exemplo,
calado para navegao, capacidade de recebimento de efluentes urbanos e
34
industriais e estimativas de necessidades de irrigao. As vazes mdias so
aplicveis a dimensionamentos de sistemas de abastecimento de guas e de
usinas hidreltricas. As vazes mximas, como base para dimensionamento
de sistemas de drenagem e rgos de segurana de barragens, entre outras
tantas aplicaes.
As medies de vazo so realizadas periodicamente em
determinadas sees dos cursos dgua (as estaes ou postos
fluviomtricos). Diariamente ou de forma contnua, medem-se os nveis
dgua nos rios e esses valores so transformados em vazo, por meio de
uma equao, chamada de curvachave.
Curva-chave uma relao nvel-vazo numa determinada seo do
rio. Dado o nvel do rio na seo para a qual a expresso foi desenvolvida,
obtm-se a vazo. No apenas o nvel da gua que influencia a vazo: a
declividade do rio, a forma da seo (mais estreita ou mais larga) tambm
alteram a vazo, ainda que o nvel seja o mesmo.
Entretanto, tais variveis so razoavelmente constantes ao longo do
tempo para uma determinada seo. A nica varivel temporal o nvel.
Dessa forma, uma vez calibrada tal expresso, a monitorao da vazo do rio
no tempo fica muito mais simples e com um custo muito menor (PORTO,
2001).
Para essa modelagem especfica, foi utilizada a vazo mnima de
referncia, que comum ser utilizada no planejamento dos recursos hdricos,
acontecendo no perodo de estiagem e tambm uma vazo pontual em
meados do incio das chuvas.
A vazo mnima utilizada para o planejamento dos
recursos hdricos da bacia hidrogrfica, para a avaliao
do atendimento aos padres ambientais do corpo
receptor, para a alocao de cargas poluidoras e para a
concesso de outorgas de captao e de lanamento. A
determinao das eficincias requeridas para os
tratamentos dos esgotos nos diversos lanamentos deve
ser determinada em condies crticas. Estas condies
crticas no corpo receptor refletem perodos de estiagem
35
e ocorrem exatamente no perodo de vazo mnima, em
que a capacidade de diluio do rio menor. (VON
SPERLING, 2007).
A vazo Q7,10, valor anual da menor mdia de 7 vazes dirias
consecutivas que pode se repetir, em mdia, uma vez a cada 10 anos
(perodo de retorno de 10 anos) frequentemente utilizada nas modelagens
da qualidade da gua, j que os clculos tendem a uma preciso maior, pois
os histricos de coletas longos visualizam ciclos e no vazes pontuais.
Contudo esse dado de difcil mensurao, j que, nesses corpos dgua
necessitariam de implantao de estaes fluviomtricas, estaes onerosas,
que, nesse caso, se encontram em poucas bacias hidrogrficas,
comprometendo, assim, a preciso dos estudos dessas bacias.
As medies de vazo podem ser feitas de diversas formas, que
utilizam princpios distintos: Volumtrico, colorimtrico, estruturas hidrulicas
(calhas e vertedores), velocimtrico (molinetes hidrulicos), acstico e
eletromagntico. A escolha do mtodo depender das condies disponveis
em cada caso.
A descarga lquida ou vazo de um rio definida como sendo o volume
de gua que atravessa uma determinada seo num certo intervalo de
tempo. Ou ainda, pode ser expressa como:
Q =V S
Onde:
Q: vazo em m3/s;
V: velocidade do escoamento em m/s;
S: rea da seo em m2.
Como a seo do rio irregular e as medies de velocidades so
feitas em alguns pontos representativos, a vazo total calculada como
sendo a soma de parcelas de vazo de faixas verticais. Para se calcular a
vazo de tais parcelas utiliza-se a velocidade mdia no perfil e a sua rea de
influncia, conforme ilustra a (FIG. 5).
36
FIGURA 5 - Perfil de velocidades, pontos de medio e rea de influncia
3.5 Cintica e Coeficiente da Desoxigenao
A queda nos nveis de oxignio dissolvido em um corpo d'gua est
associada respirao de microrganismos envolvidos no processo de
depurao de esgotos. Estudos de (GIANSANTE, 1998), (BRANDELERO et
al. 2010) e (SIQUEIRA, 1998) evidenciaram que massas lticas ou guas
correntes possuem a capacidade de autodepurao e tal fenmeno pode ser
avaliado pelos valores da (DBO) demanda bioqumica de oxignio no corpo
hdrico. A matria orgnica, ao ser lanada no rio por uma fonte poluidora,
oxidada por bactrias aerbicas de vida livre, pertencentes ao ecossistema
aqutico. O percebido que o processo de degradao da matria orgnica
citado consome parte do oxignio dissolvido que est na gua e diminui o
mesmo (VON SPERLING, 2007 apud ALMEIDA, 2013).
O consumo da matria orgnica (DBO) nos corpos dgua provoca um
dos maiores prejuzos da contaminao desses cursos, que a
desoxigenao (decrscimo dos teores de oxignio dissolvido), com variao
ao longo de tempo e espao, ou seja, os teores de DBO so diferentes em
dias diferentes e em mensuraes ao longo de trechos. Verificam-se tambm
essas divergncias de valores. A DBO Padro a DBO5, 20, que usada
como referncia.
37
Para entender melhor o fenmeno de desoxigenao e oxigenao,
no seria possvel desvincular da cintica de reatores, j que a modelagem
de Streeter-Phelps simula os rios como reatores biolgicos. Processos fsicos
de adveco, de difuso e processos bioqumicos e fsicos de converso
provocam, nos corpos dgua, alteraes nas suas composies de matria
orgnica e oxignio dissolvido.
Esses processos predominam no eixo longitudinal (x), como ilustra a
(FIG. 6) abaixo.
Mudanas na =
Devido a
Adveco: +
Devido a
Difuso: +
Devido aos processos de
Converso:
concentrao
transporte do
espalhamento
das
fatores biolgicos, fsicos e
qumicos
do
contituinte
constituinte no
partculas do
com o tempo
campo de
velocidades
constituinte
devido
do meio fluido
a agitao
trmica
38
FIGURA 6 - Eixos de Ocorrncia das Mudanas Espaciais e Temporais nos
Constituintes das guas de Rios
Fonte: Introduo qualidade das guas e ao tratamento de esgotos, (VON
SPERLING, 2009).
O consumo de OD, devido a tais oxidaes, pode ser obtido utilizando-
se a medio da demanda bioqumica de oxignio (DBO), sendo
basicamente governado pelo coeficiente de desoxigenao, K1, que varia de
valor de acordo com a temperatura, a composio e a concentrao de
material orgnico na gua. A estimativa do consumo de oxignio pode ser
obtida com a utilizao de equaes diferenciais, que expressam uma reao
cintica de primeira ordem (VON SPERLING, 1996 apud NUNES, 2008).
Para (VON SPERLING, 2007), grande parte das reaes que ocorrem
em um curso dgua lenta, sendo a considerao da sua cintica, portanto,
importante. A taxa de reao r o termo usado para descrever o
desaparecimento ou formao de um composto ou espcie qumica. A
relao entre a taxa de reao, a concentrao do reagente e a ordem da
reao so dadas pela expresso:
39
r = KCn
Onde:
r = taxa de reao (ML-3
T-1
),
K = constante de reao (T-1
),
C = concentrao do reagente (ML-3
),
n = ordem da reao,
n = 0 reao de ordem zero,
n = 1 reao de primeira ordem,
n = 2 reao de segunda ordem.
Quando mais de um reagente est envolvido, o cmputo da taxa de
reao deve levar em considerao as concentraes dos reagentes. No
caso de dois reagentes, com concentrao A e B com ordem global da
reao definida (m+n), tem-se:
r = K A
n B
m.
Na modelagem da qualidade das guas, h vrias reaes que so
representadas segundo a cintica de primeira ordem. A introduo de
oxignio pela reaerao um exemplo. Outros exemplos so a reduo da
matria orgnica e o decaimento de organismos patognicos (VON
SPERLING, 2007).
Um conceito importante relativo s demandas de oxignio: DBO
remanescente, que a concentrao de matria orgnica remanescente na
massa lquida num determinado tempo, e a DBO exercida, que representa o
oxignio consumido na estabilizao da matria orgnica at esse instante.
Nessas reaes, a taxa de reao proporcional concentrao do
reagente, ou seja, ao longo do rio a taxa de mudana da concentrao C do
reagente proporcional concentrao desse reagente no dado instante.
40
Para um reagente que esteja sendo consumido (removido), tem-se a seguinte
equao: (VON SPERLING, 2007).
1.CKdt
dC
ou
CKdt
dC.
Integrando essa taxa de mudana (dC/dt) ao longo do tempo de
percurso tem C = C0 em t=0, j que ainda no houve consumo dos
reagentes.
tKeCC .0
Reaes de primeira ordem. Mudana da taxa de reao dC/dt com o
tempo. Mudana da concentrao C com o tempo.
Logo a cintica de desoxigenao da matria orgnica remanescente
ou DBO remanescente se d por meio de uma reao de primeira ordem, na
qual a taxa de mudana da concentrao de uma substncia simtrica
primeira potncia da concentrao, sendo a equao de progresso expressa
na forma diferencial:
LKdt
dL.1
sendo:
L = concentrao de DBO remanescente (mg/L),
t = tempo (dia),
k1 = coeficiente de desoxigenao (dia-1
).
41
Por meio da Equao acima, nota-se que a taxa de oxidao da
matria orgnica (dL/dt) proporcional matria orgnica ainda
remanescente (L), em um tempo t qualquer. Logo, quanto maior a
concentrao de DBO, mais rpido ocorrer o processo de desoxigenao.
Posteriormente, aps a estabilizao da DBO, em certo tempo, a taxa de
reao ser menor em funo da menor quantidade de matria orgnica
presente em determinada substncia.
Nesse sentido, (VON SPERLING, 2007), afirma que integrando a
equao anterior, entre os limites de L = L0 e L = Lt, e t = 0 e t = t, obtm-se a
equao abaixo:
tk
t eLL1
0
Em que:
Lt = DBO remanescente num tempo t qualquer (mg/L),
L0 = DBO remanescente em t = 0 (mg/L).
Para obter a DBO exercida em termos de consumo de oxignio
dissolvido, utiliza-se a prxima equao:
)1( 10tk
eLy
Em que:
y = DBO exercida em um tempo t (mg/L), nota-se que: y = L0 L,
L0 = DBO remanescente, em t = 0, ou comumente conhecida como
DBO ltima.
42
A (FIG. 7) expressa a progresso da DBO ao longo do tempo:
FIGURA 7 - DBO exercida (oxignio consumido) e DBO remanescente (matria
orgnica remanescente) ao longo do tempo
Fonte: (VON SPERLING, 2007).
O consumo de matria orgnica, desoxigenao, basicamente
acontece nos vrios tipos de oxidao da matria orgnica suspensa (tanto a
carboncea quanto a nitrogenada) e decantada (camada de sedimentos
decantados, que responsvel pela demanda bentnica de oxignio) e o uso
de oxignio na respirao, principalmente dos vegetais (algas), quando da
ausncia de luz (NUNES, 2008).
Alm dos processos citados, relacionados ao consumo de oxignio, h
tambm os referentes estabilizao dos compostos nitrogenados, esse a
amnia em nitrito e esses, por sua vez, em nitrato. Este consumo referido
como demanda nitrogenada ou demanda de segundo estgio.
43
Os principais fenmenos responsveis pelo balano de oxignio
dissolvido em um curso dgua encontram-se apresentados na (FIG. 8).
FIGURA 8 - Mecanismos relacionados ao balano de oxignio dissolvido
Fonte: Santos (2001).
O coeficiente de desoxigenao K1 depende das caractersticas da
matria orgnica, alm da temperatura e da presena de substncias
inibidoras (VON SPERLING, 2005). obtido em condies controladas em
laboratrio. A (TAB. 2) apresenta valores mdios de K1, obtidos em
condies de laboratrio. O coeficiente de decomposio da DBO no rio, Kd,
incorpora os efeitos na decomposio da matria orgnica pela biomassa
suspensa na massa lquida e pela biomassa no lodo de fundo. Os valores de
Kd para oxidao da DBO no rio so superiores a valores de K1 obtidos em
laboratrio. Isso se explica pelo fato da biomassa que cresce aderida a um
meio suporte, como, por exemplo, o lodo de fundo, ser mais efetiva na
decomposio de matrias orgnicas que a biomassa dispersa na massa
lquida (CHAPRA, 1997 apud VON SPERLING, 2007).
A (TAB. 2) apresenta os valores mdios de K1 e Kd.
44
TABELA 2
Valores tpicos de K1 e condies de laboratrio e de Kd em condies de
campo (base 20C)
Fonte: (VON SPERLING, 2005)
Nota: Rio raso: profundidade inferior a cerca de 1,0 ou 1,5 m;
Rio profundo: profundidade superior a cerca de 1,0 ou 1,5 m.
Segundo (EPA, 1985 apud VON SPERLING, 2005), e (THOMANN;
MUELLER, 1987), o valor de Kd pode ser obtido em funo de caractersticas
hidrulicas no corpo dgua, conforme as equaes descritas a seguir:
Kd em funo da profundidade
Para H2,5:
434,0
5,230,0
HKd
45
Para H>2,5:
130,0 dKd
Kd em funo da vazo
49,080,1 xQKd
Onde:
H entre 0,3 e 10 m;
Q entre 0,15 e 250 m3/s.
A temperatura tem influncia direta no metabolismo bacteriano e,
consequentemente, nas taxas de estabilizao da matria orgnica. A
relao emprica entre a temperatura e a taxa de desoxigenao dada pela
equao abaixo, que pode ser utilizada tanto para K1, quanto para Kd (VON
SPERLING, 2005):
)20(
1 .201 TKK
T
Onde:
T
K1
= K1 a uma temperatura T qualquer (d-1
);
201K = K1 a uma temperatura T = 20C (d
-1);
T = temperatura do meio lquido (C);
= coeficiente de temperatura (-).
O valor de usualmente utilizado para K1 e Kd 1,047 (EPA, 1987).
46
3.6 Cintica da oxigenao
O processo natural de reaerao de corpos de gua receptores de
despejos de esgotos envolve a transferncia de massa superficial, por meio
da qual a demanda por oxignio, resultante da ao bacteriolgica sobre a
matria orgnica biodegradvel, pode ser suprida, ou no, dependendo da
intensidade com que o fenmeno da transferncia de oxignio ocorre por
meio da superfcie do corpo receptor (SZLIGA; ROMA, 2003 apud NUNES,
2008).
Para (VON SPERLING, 1996), molcula de gases atmosfricos
intercambiados na interface do meio lquido o principal meio de introduo
de oxignio em lagos, em rios e em outros corpos dgua. Esse processo
um fenmeno fsico que eleva a concentrao de gases na fase lquida, caso
essa fase no esteja saturada com gs.
Quando a gua exposta a um gs, ocorre um contnuo intercmbio
de molculas da fase lquida para a gasosa e vice-versa. To logo a
concentrao de solubilidade na fase lquida seja atingida, ambos os fluxos
passam a ser de igual magnitude, de modo a no ocorrer uma mudana
global das concentraes do gs em ambas as fases. Esse equilbrio
dinmico define a concentrao de saturao (Cs) do gs na fase lquida
(VON SPERLING, 2007).
Como h no processo de autodepurao natural dos corpos dgua o
consumo de oxignio dissolvido na fase lquida, que ocorre nos processos de
estabilizao da matria orgnica, as concentraes de gases desse meio
ficam abaixo da saturao, aumentando o fluxo de reaerao desse meio.
O mecanismo de reaerao pode acontecer por meio da difuso
molecular ou turbulncia. A difuso molecular acontece em ambientes
tranqilos, sem correntezas, em que h um incessante movimento aleatrio
(movimento trmico) das molculas de O2, do meio concentrado para o de
menor concentrao. Pelos estudos de (HEMOND; FECHENER-LEVY,
47
1994), esse tipo de mistura denominado de difuso molecular, como
descreve a primeira lei de Fick. Como lei, ela distingue o processo pelo qual a
matria conduzida de uma parte a outra do sistema em funo dos
movimentos moleculares randmicos. O observado que a difuso no
demonstra grande importncia em termos ambientais, com exceo escala
microscpica das reaes qumicas e biolgicas. No entanto, problemas
ambientais ligados disperso de poluentes podem ser descritos por aes
fortemente anlogas difuso molecular, segundo as descries de
(FISCHER et al., 1979) e (ALMEIDA, 2013).
Nesse sentido, para (NUNES, 2008), os principais fatores que afetam a
difuso molecular so: a temperatura, o gradiente de concentrao e a rea
da seo transversal onde ocorre a difuso.
Quanto difuso turbulenta, ela mais rpida que a molecular, pois
envolve a criao de interfaces e a renovao dessas interfaces. Para (VON
SPERLING, 1996), a criao de interfaces de extrema importncia, pois
onde ocorrem os intercmbios gasosos. Assim, o segundo fator permite que
no haja a formao de pontos de saturao, conduzindo o gs a vrias
profundidades do curso dgua, em funo da maior mistura.
Segundo (GIANSANTE, 2000), as fontes de oxignio so: a atmosfera
e as algas. Quanto a primeira fonte, h transferncia de oxignio atmosfrico,
que abundante, para a gua, de forma que essa o tem na quantidade
mxima, quando no poluda. A concentrao mxima de OD na gua
funo da temperatura e presso atmosfrica local, que, por sua vez,
funo da altitude. As algas constituem a segunda fonte de OD, em funo
da reao de fotossntese.
Referenciado no ndice de Variveis Mnimas para a Preservao da
Vida Aqutica, IPMCA, (CETESB, 2007), valores de oxignio dissolvido entre
3,0 e 5,0 (mg/L) apresentam caractersticas desejveis para a sobrevivncia
dos organismos aquticos, porm a reproduo dos mesmo pode ser afetada
a longo prazo.
48
A fotossntese proporcionada pelo fitoplncton, particularmente algas,
a maior fonte de OD em lagos e em rios de movimento lento. A produo
fotossinttica de oxignio funo da temperatura e a profundidade da gua,
intensidade e durao da presena de luz e quantidade de algas, comumente
medida como concentrao de clorofila-a (RIBEIRO, 2001). A fotossntese
o principal processo utilizado pelos seres vivos para a sntese da matria
orgnica, sendo caracterstica dos organismos clorofilados (NUNES, 2008).
O K2 o coeficiente relacionado taxa de reaerao atmosfrica, que
representa a difuso de oxignio atmosfrico do ar para o lquido. K2,
depende da mistura e da turbulncia responsveis pelo gradiente de
velocidade, da temperatura, da mistura pelo vento, da existncia de quedas
dgua e de barragens (THOMANN; MUELLER, 1987).
O valor do coeficiente K2 tem maior influncia nos resultados do
balano do oxignio dissolvido do que o coeficiente Kd, ou seja, o modelo de
Streeter-Phelps normalmente mais sensvel a K2 do que a Kd. A
determinao do K2 pode ser efetuada por mtodos estatsticos,
fundamentados na anlise de regresso (VON SPERLING, 2005).
O valor estimado do coeficiente K2, para a simulao do oxignio
dissolvido em um corpo de gua, pode ser encontrado tabelado, em funo
das caractersticas do corpo dgua. Um exemplo a (TAB. 3), publicada por
(FAIR et al., 1973; ARCEIVALA, 1981) e (ALMEIDA, 2013).
49
TABELA 3
Valores Mdios de K2 Considerando Caractersticas do Corpo Dgua
Fonte: (VON SPERLING, 2005)
H ainda outros autores que buscam correlacionar os valores de K2
com as caractersticas hidrulicas do corpo dgua e com sua vazo,
conforme (TAB. 4).
Outro fato que o aumento da temperatura reduz a solubilidade do
oxignio no meio lquido, ou seja, reduz a concentrao de saturao e
acelera os processos de absoro de oxignio. A influncia da temperatura
no K2 se d em dois sentidos opostos.
A representao do efeito da temperatura no coeficiente K2 pode ser
expressa conforme equao:
)20(
2 .202 TKK
T
Onde:
T
K2
= K2 a uma temperatura T qualquer (d-1
);
202K = K2 a uma temperatura T = 20C (d
-1);
T = temperatura do meio lquido (C);
= coeficiente de temperatura (-).
50
Segundo (VON SPERLING, 2005), um valor muito utilizado para o
coeficiente de temperatura 1,024 (EPA, 1987).
O modelo de Streeter-Phelps normalmente mais sensvel a K2, que a
Kd (VON SPERLING, 2007).
Outros meios podem ser utilizados para obter valores de K2, como
valores em funo das caractersticas hidrulicas do corpo dgua e valores
relacionados com a vazo do curso dgua, mas que necessitam de dados
adicionais na composio de suas frmulas que o rio Vieira no possui. Logo
o valor de K2 sob influncia da temperatura foi adotado.
3.7 Legislao de lanamento de efluentes
Um dos pilares que sustentam o sucesso ambiental de um pas a
legislao especfica, que regulariza o uso do meio, assim bem como uma
fiscalizao eficaz, para que o rigor da lei seja obedecido.
Em 08 de janeiro de 1997, foi instituda a Poltica Nacional de
Recursos Hdricos e o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hdricos, sob a forma de Lei 9.433, que tem como objetivo assegurar a
disponibilidade e a qualidade da gua para presentes e futuras geraes,
otimizao do uso desses recursos e a preveno de eventos hidrolgicos.
Ou seja, todo esse objetivo se encontra com o material desta pesquisa, haja
visto que esses objetivos devem ser aplicados para garantir a preservao
desse corpo dgua.
Por no haver at o presente estudo classificao do rio Vieira, foi
considerado Classe 2, pois a Resoluo do (CONAMA, 2005), estabelece
que, enquanto no aprovados os respectivos enquadramentos, as guas
doces sero consideradas de classe 2, exceto se as condies de qualidade
atuais forem melhores, o que determinar a aplicao da classe mais
rigorosa correspondente conforme citado no Cap.VI, art. 42 da Resoluo.
A (CONAMA, 2005) embasou a legislao estadual, que rege o
lanamento de efluentes em corpos dgua, (COPAM, 2008).
51
Em termos de Legislao Estadual, embasar esse estudo a
Deliberao Normativa Conjunta COPAM n01, do Conselho Estadual de
Recursos Hdricos de Minas Gerais, de 05 de Maio de 2008. Por ser mais
restritiva quanto aos padres de lanamento de efluentes do que a
(CONAMA, 2005), ser utilizada como referncia nesta pesquisa.
Os padres de lanamento das guas doces 2, objeto de estudo desta
investigao, esto descritos na (TAB. 8), segundo (COPAM, 2008).
TABELA 4
Limites Fixados na Resoluo COPAM 01/2008 para guas Doces de Acordo
com as Classes
Classe Mximo DBO 5,20 Mnimo OD
1 3mg.L-1 6mg.L-1
2 5mg.L-1 5mg.L-1
3 10mg.L-1 4mg.L-1
4 _ 2mg.L-1
Fonte: Adaptado da Deliberao Normativa Conjunta COPAM/CERH-MG N. 1, de
05 de maio de 2008
A (COPAM, 2008), no seu artigo 10, estabelece que:
1 Os limites de Demanda Bioqumica de Oxignio
(DBO), estabelecidos para as guas doces de classes 2 e
3, podero ser elevados, caso o estudo da capacidade de
autodepurao do corpo receptor demonstre que as
concentraes mnimas de oxignio dissolvido (OD)
previstas no sero desobedecidas, nas condies de
vazo de referncia, com exceo da zona de mistura,
conforme modelos internacionalmente reconhecidos.
52
Destacam-se aspectos relevantes quanto aos padres de lanamento
de efluentes da (COPAM, 2008):
Art. 28. Na zona de mistura de efluentes, o rgo ambiental
competente poder autorizar, levando em conta o tipo de substncia, valores
em desacordo com os estabelecidos para a respectiva classe de
enquadramento, desde que no comprometam os usos previstos para o
corpo de gua.
Art. 29. Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente podero ser
lanados, direta ou indiretamente, nos corpos de gua desde que obedeam
as condies e padres previstos neste artigo, resguardadas outras
exigncias cabveis:
1o O efluente no dever causar ou possuir potencial para causar
efeitos txicos aos organismos aquticos no corpo receptor, de acordo com
os critrios de toxicidade estabelecidos pelo rgo ambiental competente.
2o Os critrios de toxicidade previstos no 1o devem se basear em
resultados de ensaios ecotoxicolgicos padronizados, utilizando organismos
aquticos, e realizados no efluente.
3o Nos corpos de gua em que as condies e padres de qualidade
previstos nesta deliberao Normativa no incluam restries de toxicidade a
organismos aquticos, no se aplicam os pargrafos anteriores.
4o Condies de lanamento de efluentes:
I - pH entre 6,0 a 9,0;
II - temperatura: inferior a 40C, sendo que a variao de temperatura
do corpo receptor no dever exceder a 3C no limite da zona de mistura,
desde que no comprometa os usos previstos para o corpo dgua;
III - materiais sedimentveis: at 1 mL/L em teste de 1 hora em cone
Imhoff. Para o lanamento em lagos e lagoas, cuja velocidade de circulao
seja praticamente nula, os materiais sedimentveis devero estar
virtualmente ausentes;
53
IV - regime de lanamento com vazo mxima de at 1,5 vezes a
vazo mdia do perodo de atividade diria do agente poluidor, exceto nos
casos permitidos pela autoridade competente;
V - leos e graxas:
a) leos minerais: at 20mg/L;
b) leos vegetais e gorduras animais: at 50mg/L.
VI - ausncia de materiais flutuantes;
VII DBO: at 60 mg/L ou:
a) tratamento com eficincia de reduo de DBO em no mnimo 60% e
mdia anual igual ou superior a 70% para sistemas de esgotos sanitrios e
de percolados de aterros sanitrios municipais;
b) tratamento com eficincia de reduo de DBO em no mnimo 75% e
mdia anual igual ou superior a 85% para os demais sistemas.
VIII - DQO - at 180 mg/L ou:
a) tratamento com eficincia de reduo de DQO em no mnimo 55% e
mdia anual igual ou superior a 65% para sistemas de esgotos sanitrios e
de percolados de aterros sanitrios municipais;
b) tratamento com eficincia de reduo de DQO em no mnimo 70% e
mdia anual igual ou superior a 75% para os demais sistemas.
3.8 Modelagem Matemtica da Qualidade da gua
A modelagem computacional uma ferramenta importante para que se
possa avaliar a qualidade atual, estimar as condies da qualidade ao longo
do percurso e simular efeitos da aplicao ou diminuio da carga poluente
em cursos d'gua.
O principal objetivo na modelagem determinar, baseado em dados
conhecidos previamente, as variaes de concentrao de determinada
carga poluente, em funo do espao e do tempo. Isso, obviamente, passa
por conhecimentos bsicos de transporte de massa difusivo e convectivo, e
de cintica das reaes biolgicas envolvidas no processo:
54
A disposio final de efluentes pode ser estudada
utilizando-se modelos computacionais de qualidade de
gua que contemplem fontes/sumidouros de DBO, ou de
outras substncias, o seu transporte ao longo do corpo de
gua e a sua reao com outras substncias. possvel,
ainda, desenvolver nveis de monitoramento especficos,
considerando que a modelagem computacional responde
mais rapidamente s variaes de concentraes dos
efluentes do que as medies analticas feitas em
laboratrios (CUNHA et al., 2003).
A aplicao de modelos matemticos, no gerenciamento de recursos
hdricos, possibilita a determinao das alteraes provocadas pelas
descargas nas guas dos rios, dos lagos, dos esturios e dos oceanos. Para
construo dos modelos matemticos no estudo de autodepurao, aplicam-
se os conceitos de balano de massa e modelos cinticos das reaes.
Nesse caso, os corpos dgua so considerados os reatores para efeito de
estudo, tornando possvel, dessa forma, prever a capacidade do sistema de
receber efluente, alm de quantificar os impactos causados por determinadas
aes.
Um dos modelos mais utilizados na anlise da qualidade da gua que
recebe esgotamentos sanitrios domsticos o de H. S. Streeter e E. B.
Phelps, em 1925, para o rio Ohio, que prev o dficit e a reoxigenao de
oxignio num rio. O modelo de decaimento de oxignio de Streeter-Phelps
correlaciona a taxa de variao do dficit de oxignio com distncia e s
respectivas taxas espaciais de desoxigenao e reoxigenao.
Os pesquisadores Streeter e Phelps desenvolveram um modelo em
1925, que propiciou grande impulso para o entendimento do fenmeno de
autodepurao em guas receptoras de cargas poluentes (ANDRADE, 2012).
Verifica-se que, para avaliar a influncia de lanamento de efluentes na
qualidade de determinado corpo hdrico, bem como propor medidas de
controle, necessrio o uso de modelos, como o de Streeter - Phelps, que
represente o comportamento de umas das caractersticas mais importantes
55
de uma situao real, que a capacidade de autodepurao do corpo dgua
(ANDRADE, 2012).
Em funo do comportamento do rio, aerbio ou anaerbio, podem ser
utilizadas duas variaes dos modelos de Streeter-Phelps. Um modelo que
simula processos totalmente aerbios, descrito no item 3.8.1 e outro que
simula processo anaerbio, intercalando trechos aerbios quando esses
ocorrem, descritos no item 3.8.2.
3.8.1 Modelo Aerbio de Streeter & Phelps
Os modelos de qualidade das guas de rios vm sendo utilizados
desde o desenvolvimento do modelo clssico de OD e DBO, de Streeter &
Phelps, em 1925 (VON SPERLING, 2007). Segundo (TUCCI, 1998 apud
OPPA, 2007), esse modelo considera o escoamento permanente uniforme e
simula os parmetros DBO e OD. O modelo Streeter-Phelps foi o pioneiro
para os modelos atuais, estando esses, em crescente aperfeioamento.
O modelo de Sreeter & Phelps segue algumas condicionantes para ser
aplicado, como:
condies estacionrias: condies so permanentemente as
mesmas, e no simulando eventos transientes ou que variem
com o tempo.
caractersticas uniformes do trecho simulado: havendo
mudana na(s) caracterstica(s) do rio - declividade,
velocidade, profundidade e outras -, assim como entrada ou
sada de vazes descargas, tributrios, captaes de
importncia -, o trecho dever ser subdividido em sub-trechos,
buscando a uniformidade dessa subdiviso.
A hiptese bsica no modelo Streeter & Phelps que o processo de
decomposio da matria orgnica no meio aqutico segue uma reao de
primeira ordem. Assim, nesse tipo de reao, a taxa de reduo da matria
56
orgnica proporcional concentrao de matria orgnica presente em um
dado instante de tempo (BRAGA et al., 2005).
A equao descrita da seguinte forma:
tk
t eLDBO.1
0 .
Onde:
DBOt a quantidade de oxignio dissolvido consumido desde o
instante inicial at o Instante t;
L0 a DBO imediata aps o ponto de lanamento, ou seja, a
quantidade total de oxignio necessria para completa estabilizao da
matria orgnica;
K1 a constante de desoxigenao que depende do tipo de efluente;
t tempo em dias.
Para analisar o comportamento do dficit de oxignio dissolvido a
jusante do despejo dos esgotos, utiliza-se o modelo de Streeter-Phelps. O
equacionamento de Streeter & Phelps, para o clculo da concentrao de
OD, combina os processos de reaerao e desoxigenao pelo decaimento
da matria orgnica, conforme as equaes abaixo resumidas, sabendo-se
que:
tst DCC
Tem-se a concentrao de OD em um instante de tempo t:
tk
s
tktk
st eCCeeKK
LKCC 221 ).().(
.0
..
12
01
Onde:
Ct dficit de oxignio dissolvido (mg.L-1
);
57
C0 concentrao inicial de oxignio, logo aps a mistura (mg.L-1
);
Cs concentrao de saturao de oxignio (mg.L-1
), vide Tabela 9;
K1 Coeficiente da taxa de desoxigenao (dia-1
);
K2 Coeficiente da taxa de reaerao (dia-1
);
L0 Concentrao de determinado poluente, no corpo receptor, aps a
mistura com o despejo;
Dt Dficit inicial de oxignio dissolvido no ponto de mistura (mg.L-1
).
Para anlise do processo de autodepurao, os dados foram
adequados em uma planilha eletrnica de modelo de simulao da qualidade
da gua, o QUAL-UFMG, criado em 2007 por Marcos Von Sperling. O
programa em Microsoft Office Excel QUAL-UFMG, desenvolvido em
planilhas, tem como objetivo possibilitar a modelagem de rios por meio da
utilizao de um modelo baseado no QUAL2-E, desenvolvido pela US
Envionmental Protection Agency (USEPA). Todas essas planilhas eletrnicas
foram embasadas no Modelo de Streeter & Phelps.
O QUAL-UFMG permite a modelagem dos seguintes constituintes ao
longo do rio: demanda bioqumica de oxignio, oxignio dissolvido, nitrognio
total e suas fraes (orgnico, amoniacal, nitrito e nitrato), fsforo total e suas
fraes (orgnico e inorgnico), coliformes termotolerantes ou E. coli.
Equao de Streeter - Phelps:
tk
a
tktk
t DLkk
kD a 221 10)1010(
..
12
1
Dt: dficit de oxignio dissolvido, em relao saturao, nos diversos
instantes t, em mg/L;
k1: coeficiente de desoxigenao, em d-1
;
k2: coeficiente de reaerao, em d-1
;
La: DBO total de 1 estgio das guas do rio, imediatamente aps a
mistura com os esgotos, em mg/L;
58
Da: dficit inicial de oxignio dissolvido, isto , dficit de oxignio no
ponto de lanamento dos esgotos, em relao saturao, em mg/L;
t: tempo, em dias.
Clculo de La:
EsgotoRio
EsgotoEsgotoRioRio
xDBOQxDBOQLa
QRio: vazo do rio imediatamente montante do lanamento dos
esgotos;
DBORio: DBO total de 1 estgio das guas do rio, imediatamente
montante da mistura com os esgotos;
QEsgoto: Vazo de esgotos;
DBOEsgoto: DBO total de 1 estgio dos esgotos.
Clculo de Da:
MISTSATa ODODD
Da: dficit inicial de oxignio dissolvido nas guas do rio;
ODSAT: concentrao de oxignio dissolvido de saturao;
ODMIST: concentrao de oxignio dissolvido nas guas do rio,
imediatamente aps a mistura com os esgotos.
EsgotoRio
EsgotoEsgotoRioRio
MISTQQ
xODQxODQOD
QRio: vazo do rio imediatamente montante do lanamento dos
esgotos;
59
ODRio: concentrao de oxignio dissolvido nas guas do rio,
imediatamente montante da mistura com os esgotos;
QEsgoto: vazo de esgotos;
ODEsgoto: concentrao de oxignio dissolvido nos esgotos.
Coordenadas do Ponto Crtico:
Tempo Crtico:
Tempo onde ocorre a concentrao mnima de oxignio dissolvido
(concentrao crtica) no corpo dgua em estudo, ou seja, o dficit de
oxignio mximo. Baseado na concentrao crtica que se determina o
tratamento ou no dos esgotos:
da
da
dd
cKL
kkD
k
k
kkt
.1log
1 22
2
tc: tempo de percurso at o ponto crtico, em dias;
k1: coeficiente de desoxigenao, em d-1
;
kd: coeficiente de remoo efetiva da matria orgnica, em d-1
;
La: DBO total de 1 estgio das guas do rio, imediatamente aps a
mistura com os esgotos, em mg/L;
Da: dficit inicial de oxignio dissolvido, isto , dficit de oxignio no
ponto de lanamento dos esgotos, em relao saturao, em mg/L.
As relaes de (La/Da) e (K2/Kd) trazem as seguintes interpretaes:
La/Da > K2/Kd - o tempo crtico positivo. Haver uma queda de OD a
partir do ponto de lanamento, com dficit crtico superior ao inicial;
La/Da = K2/Kd - o tempo crtico igual a zero. Ocorre no exato local do
lanamento. O dficit inicial igual ao dficit crtico. O curso dgua
apresenta uma boa capacidade de regenerao, no vindo a sofrer queda
nos nveis de OD;
60
La/Da < K2/Kd - o tempo crtico negativo. Desde o lanamento, a
concentrao de OD tende a se elevar. O dficit inicial maior que o
observado. O curso dgua apresenta uma capacidade de autodepurao
maior que a de degenerao dos esgotos.
Dficit Crtico:
Antes do tempo crtico, a taxa de desoxigenao maior do que a de
reaerao, ocorrendo o inverso aps o tc. No tempo crtico, ambas as taxas
de reao so iguais.
Trecho onde ocorre a menor concentrao de oxignio dissolvido no
corpo dgua em estudo. Em funo do tempo crtico, DBO total de 1 estgio
e coeficientes de oxigenao e desoxigenao:
ctk
ac Lk
kD
.
2
1 110.
Dc: dficit crtico de oxignio dissolvido nas guas do rio, em mg/L;
tc: tempo de percurso at o ponto crtico, em dias;
k1: coeficiente de desoxigenao, em d-1
;
k2: coeficiente de reaerao, em d-1
;
La: DBO total de 1 estgio das guas do rio, imediatamente aps a
mistura com os esgotos, em mg/L.
Os resultados do tempo crtico podem ser negativos ou maiores que a
extenso do trecho estudado. A concentrao crtica de OD pode ser
negativa. Essas so situaes que no tm sentido fsico. Por essa razo, na
prtica, costuma ser mais simples o clculo dos valores de OD ao longo de
todo percurso estudado, compondo o perfil de OD.
61
Equaes Auxiliares:
DBO remanescente no tempo t:
tk
t LL.
0110.
Lt: DBO remanescente aps t dias, em mg/L;
L0: DBO total de 1o estgio, em mg/L;
k1: coeficiente de desoxigenao, em d-1
;
t: tempo, em dias.
tkLy .0 1101.
y: DBO removida aps t dias, em mg/L
TABELA 5
Concentrao de saturao de oxignio (Cs) (mg/l)
Temperatura(C) Altitude (m)
0 500 1000 1500
10 11,3 10,7 10,1 9,5
11 11,1 10,5 9,9 9,3
12 10,8 10,2 9,7 9,1
13 10,6 10 9,5 8,9
14 10,4 9,8 9,3 8,7
15 10,2 9,7 9,1 8,6
16 10 9,5 8,9 8,4
17 9,7 9,2 8,7 8,2
18 9,5 9 8,5 8
19 9,4 8,9 8,4 7,9
20 9,2 8,7 8,2 7,7
62
21 9 8,5 8 7,6
22 8,8 8,3 7,9 7,4
23 8,7 8,2 7,8 7,3
24 8,5 8,1 7,6 7,2
25 8,4 8 7,5 7,1
26 8,2 7,8 7,3 6,9
27 8,1 7,7 7,2 6,8
28 7,9 7,5 7,1 6,6
29 7,8 7,4 7 6,6
30 7,6 7,2 6,8 6,4
Fonte: Estudo e modelagem da qualidade da gua (VON SPERLIG, 2007)
Uma vez que uma grande parcela do rio se encontra em estado de
anaerobiose, o modelo de depurao de Streeter-Phelps, que fundamenta
suas equaes nos processos biolgicos aerbios, no vlido. Nessa
situao, h uma maior demanda de oxignio dissolvido pelas bactrias que
utilizam esse OD para oxidar (consumir) a matria orgnica. Diante desse
cenrio hostil, haver morte dessas bactrias e crescimento de seres mais
adaptados a esse ambiente. As bactrias anaerbias, nessa situao,
passam a consumir a matria orgnica dos corpos dgua, embora esse
consumo ocorra em taxas muito reduzidas em relao aos processos
aerbios. Logo, um novo mtodo de modelagem deve ser aplicado, j que o
mtodo padro simula somente condies aerbias.
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3.8.2 Modelo Anaerbio de Streeter & Phelps
Esse processo de modelagem se d em vrias etapas a se c