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Manual básico de
e no
para as micro epequenas
indústrias do...
Um investimento comretorno garantido para todos
segurançasaúdetrabalho
...CALÇADONão esqueçaessa idéia.
PORDENTRO
NORMASDAS
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EMPRESA E TRABALHADORES COM SAÚDE
MANUAL BÁSICO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PARA AS MICRO E PEQUENAS INDÚSTRIAS DE CALÇADOS
INTRODUÇÃO
A Constituição Federal determina que o trabalhador terá di-reito à redução dos riscos à vida, proteção à saúde e segurança no trabalho, e que seja realizado em condições que contribuam para a melhoria da qualidade de vida, a realização pessoal e social.
Segurança e Saúde do Trabalhador é uma preocupação para os empresários das micro e pequenas empresas, que têm dificuldades no cumprimento da lei.
A falta de conhecimento da legislação, da estrutura, dos pro-blemas do ambiente de trabalho e as dificuldades econômicas, le-vam o empresário da micro e pequena empresa a não cumprir, ou cumprir parcialmente, a legislação sobre Segurança e Saúde no trabalho.
Assim, tanto o empresário, quanto o trabalhador da micro e pe-quena empresa, acabam por trabalhar em condições prejudiciais a sua saúde e sem segurança.
OBJETIVO
Com o objetivo de orientar o empresário da micro e pequena empresa para a aplicação e gerenciamento das atividades relacionadas à segurança e saúde ocu-pacional, buscamos, nesse manual, fornecer informações básicas para que o em-presário da micro e pequenas indústrias de calçados possa reconhecer e analisar as condições e ambiente do trabalho.
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Com isso, propiciar-lhe condições para melhorar a segurança na empresa me-diante a eliminação e redução dos fatores de risco, orientando o empregador de forma prática e objetiva.
NORMAS REGULAMENTADORAS DE SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO
Toda e qualquer empresa, independentemente de seu porte ou atividade econô-mica, é obrigada a seguir as Normas de Saúde e Segurança no Trabalho, bem como, a realizar, às suas expensas, os exames admissionais, periódicos, mudança de fun-ção, retorno ao trabalho e demissional, conforme determina o artigo 168 da CLT.
As Indústrias de Calçados com mais de 100 trabalhadores deverão ter:
- Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Traba-lho – SESMT (NR4);
- Comissão Interna de Prevenção de Acidente – CIPA (NR – 05).
Independentemente do número de trabalhadores, as indústrias de calçados de-verão implantar os seguintes programas:
PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS – PPRA
Tem como objetivo principal a preservação da saúde e da qualidade de vida dos trabalhadores da empresa, por meio da antecipação, reconhecimento, avaliação e conseqüente controle dos riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho.
Consideram-se Riscos Ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos exis-tentes no ambiente de trabalho, que possam causar danos à saúde do trabalhador.
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PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL – PCMSO
Tem por objetivo principal a preservação da saúde do trabalhador, por meio da execução e acompanhamento dos resultados dos exames médicos obrigatórios de acordo com as atividades desenvolvidas pela empresa.
Os exames médicos obrigatórios são: admissional, perió-dico, mudança de função, retorno ao trabalho e demissional.
ADMISSIONAL:
Realizado na contratação do empregado, antes que ele assuma suas funções.
- Exame clínico ocupacional;
- Exames complementares, de acordo com os riscos ocupacionais a que esti-ver exposto o trabalhador nos exercícios de suas funções;
- Outros exames, conforme critério médico, em relação a doenças ocupacio-nais pré-existentes.
PERIÓDICO:
Realizado periodicamente, conforme prevê a NR 7.
- Exame clínico ocupacional;
- Exames complementares, de acordo com os riscos ocupacionais a que esti-ver exposto o trabalhador no exercício de suas funções;
- Outros exames, conforme critério médico, considerando eventuais altera-ções encontradas no exame clínico:
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RETORNO AO TRABALHO:
Realizado obrigatoriamente no 1º. dia de retorno ao trabalho, após afastamento por doença, acidente ocupacional ou não ou parto, por período igual ou superior a 30 dias.
- Exame clínico ocupacional;
- Outros exames, dependendo do motivo do afastamento.
MUDANÇA DE FUNÇÃO:
Realizado antes da data da mudança de função, que implique a exposição do trabalhador a risco diferente do que anteriormente estava exposto.
- Exame clínico ocupacional;
- Outros exames, de acordo com a mudança de risco a que estará exposto o trabalhador.
DEMISSIONAL:
Realizado até a data da homologação da dispensa do trabalhador; caso nos últi-mos 90 dias tenha sido efetuado exame médico ocupacional, não será preciso pro-ceder ao exame demissional.
- Exame clínico ocupacional;
- Exames complementares, de acordo com os riscos ocupacionais da função exercida;
- Outros exames, conforme critério médico, considerando eventuais altera-ções encontradas no exame clínico.
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ATESTADO DE SAÚDE OCUPACIONAL – ASO
O Atestado de Saúde Ocupacional é que define se o funcionário está apto ou inapto para a realização de suas funções dentro da empresa, feito geralmente por médico do trabalho.
A cada exame realizado, tais como: admissio-nal, periódico, mudança de função, retorno ao tra-balho e demissional, o médico emitirá duas vias do ASO. A primeira via ficará arquivada no local de trabalho, à disposição da fiscalização do trabalho. A segunda via será obrigatoriamente entregue ao trabalhador, mediante recibo na primeira via.
Ao receber a cópia do ASO o funcionário fica ciente do resultado dos exames, pois constam as seguintes opções: Apto para a função, Apto para a função com restrições, Inapto temporariamente ou Inapto para a função.
Este documento é de extrema importância, consta a da identificação completa do trabalhador, o número de identidade, a função exercida, os riscos que existem na execução de suas tarefas, procedimentos médicos a que foi submetido, ou seja, informações completas sobre a saúde do funcionário, deixando o mesmo e a em-presa cientes de sua atual condição.
O ASO deverá conter, no mínimo:
a) o nome completo do trabalhador, o número de registro de sua identidade e sua função;
b) os riscos ocupacionais específicos existentes, ou a ausência deles, na ati-vidade do empregado, conforme instruções técnicas expedidas pela Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho-SSST;
c) indicação dos procedimentos médicos a que foi submetido o trabalhador, incluindo os exames complementares e a data em que foram realizados;
d) o nome do médico coordenador, quando houver, com respectivo CRM;
e) definição de apto ou inapto para a função específica que o trabalhador vai exercer, exerce ou exerceu;
f) nome do médico encarregado do exame e endereço ou forma de contato;
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g) data e assinatura do médico encarregado do exame e carimbo contendo seu número de inscrição no Conselho Regional de Medicina.
PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO - PPP
O Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP é o documento histórico-laboral, individual do trabalhador que presta serviço à empresa, destinado a prestar infor-mações ao INSS relativas a efetiva exposição a agentes nocivos que, entre outras informações, registra dados administrativos, atividades desenvolvidas, registros ambientais com base nos resultados de monitorização biológica e química prove-nientes do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO (NR-7) e Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA (NR-9).
O PPP é o documento próprio da empresa, que deve conter o registro de todas as informações de forma clara e precisa, sobre as atividades do trabalhador no de-sempenho de funções exercidas em condições especiais.
O PPP contém informações oriundas do PPRA e do PCMSO.
Foi instituído o PPP para todas as empresas, independentemente do número de empregados, que contemplará, inclusive, informações pertinentes à concessão de aposentadoria especial.
Desde 01 de novembro de 2003, o Perfil Profissiográfico Previdenciário é obri-gatório para todas as empresas.
Ao entregar o PPP ao trabalhador, a empresa estará informando sobre o sucesso ou não das ações de saúde e segurança no trabalho.
Não se pode afirmar que o advento do PPP trará mais despesas às empresas, pois os dados contidos nele são oriundos dos programas que a empresa já está obrigada a cumprir (PPRA e PCMSO).
O PPP deve ser elaborado pela empresa com base no PCMSO e PPRA e assi-nado pelo representante legal da empresa ou seu preposto, indicando o nome do médico do trabalho e do engenheiro de segurança do trabalho, em conformidade com o dimensionamento do SESMT - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho.
Será de responsabilidade da empresa atualizar anualmente o perfil profissiográ-fico de cada funcionário e entregar-lhe uma das vias do documento na ocasião de seu desligamento.
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SESMT - SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E MEDICI-NA DO TRABALHO
Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Tra-balho vincula-se à gradação do risco da atividade principal e ao número total de empregados do estabelecimento.
Empresa com até 100 empregados não precisa de SESMT, ou seja, não há necessidade de contratação de técnico em segurança do trabalho, médico e engenheiro do trabalho.
CAT - COMUNICADO DO ACIDENTE DE TRABALHO
É um formulário próprio de Comunicação de Acidente de Trabalho - CAT, que pode ser adquirido em papelarias ou nas Agências da Previdência Social ou por meio da Internet – www.previdenciasocial.gov.br.
A Comunicação de Acidente de Trabalho deverá ser feita pela em-presa, ou na falta desta, pelo próprio acidentado, seus dependentes, a enti-dade sindical competente, o médico assistente ou qualquer autoridade pública.
É obrigatória a emissão da CAT relativa ao acidente de trabalho ou doença profissional, a fim de que o trabalhador (segurado) possa receber o benefício de AT - Acidente do Tra-balho ou DO – Doença Ocupacional.
O prazo para emissão da CAT é até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato.
CARACTERÍSTICAS DA ATIVIDADE DA INDÚSTRIA CALÇADISTA
A indústria de calçados de couro de pequeno porte, caracteriza-se pela grande utilização de mão - de - obra, em decorrência da pouca utilização de tecnologia de ponta. A mão - de - obra utilizada em parte é especializada possuindo destreza e habilidades manuais, fator que faz a diferença na produção de calçados de couro.
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Sua produção é dividida em setores ou células, tais como: almoxarifado, mo-delagem, corte, estamparia, distribuição (interna/externa), pesponto, montagem do calçado, acabamento, controle de qualidade, pré-fabricados (solas/palmilhas), embalagem, expedição.
Utiliza-se das seguintes máquinas e equipamentos: blanqueadeira, rex, máqui-na balancim, esteira, injetoras, lixadeira, fresa, etc.
No processo de produção também são utilizados produtos químicos, como: cola, ade-sivos, solventes (acetato de etila, acetona, metil-etil-cetona, n-hexano,tolueno, xileno).
A atividade na indústria calçadista, por suas características, expõem seus trabalhado-res às seguintes condições ambientais de risco: Ruído, Químico, Ergonômico e Acidentes.
Os efeitos mais comuns causados na saúde do trabalhador exposto aos fatores de risco desta atividade são: perda auditiva, distúrbios cardiocirculatórios, ane-mia, estresse, depressão, irritação, nervosismo, diminuição da atenção e memória, distúrbio respiratório, tonturas, dor de cabeça, fadiga, redução da destreza manual, lesão por esforço repetitivo, e redução da capacidade de trabalho.
TIPOS DE RISCOS
Os tipos de riscos são os que representam “perigo” ou “possibilidade de perigo” ao trabalhador. No tocante à saúde e segurança no trabalho, o risco também pode ser identificado em determinados fatores ambientais que possam causar dano, do-enças ou acidentes aos trabalhadores.
Os agentes de risco classificam-se em:
- FÍSICO
- QUÍMICO
- ERGONÔMICO
- DE ACIDENTE
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RISCO FÍSICO
Pode-se considerar como risco físico o ruído, o calor, a vibração, a radiação ioni-zante ou não, a umidade, as temperaturas extremas e as pressões anormais.
A Indústria Calçadista em sua produção utiliza-se de vários tipos de máquinas, as quais produzem variados níveis de ruído durante a jornada de trabalho. De acordo com a NR-15, o nível máximo de ruído permitido não deve ultrapassar a 85 dB.
Em uma linha de produção temos vários tipos de ruídos:
- Contínuo: é aquele que apresenta poucas variações dos níveis de intensi-dade e ocorre geralmente quando máquinas permanecem ligadas sempre na mes-ma rotação. Exemplo: esteiras.
- Intermitente: é aquele que apresenta variações significativas dos níveis de intensidade, sendo acentuado em certos momentos. Exemplo: máquina blanquea-deira e rex (em funcionamento).
- Impacto: é aquele que apresenta picos curtos de energia acústica. Exem-plo: máquina balancim.
A maioria das máquinas e equipamentos na indústria de calçados produz ruí-dos característicos de suas funções, os quais podem ser ampliados em decorrência de falta de lubrificação das máquinas, de manutenção, de amortecimento de peças flexíveis, de elementos que absorvem o impacto, de silenciadores, e em conseqüên-cia de desregulagens.
Efeitos causados pela exposição a ruídos acima dos limites permitidos
Fisiológico auditivo e não auditivo:
- Trauma Acústico (alteração súbita da audição);
- Mudança temporária de limiar;
- Mudança permanente de limiar (perda audi-tiva induzida por ruído);
- Distúrbios: circulatórios, digestivos, endócrinos, sexuais, de equilíbrio e do sono.
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Psicológico:
- Ansiedade;
- Depressão;
- Estresse;
- Irritação;
- Nervosismo:
Sociais:
- Diminuição de memória, da atenção e da concentração:
Medidas Preventivas para diminuição dos níveis de Ruído
Máquinas e Equipamentos:
Proceder à manutenção preventiva das máquinas e equipamentos auxilia na redução dos níveis de ruído e vibração. Exemplo: lubrificar rolamentos e mancais, regular motores, balancear e equilibrar partes móveis, reapertar as estruturas, tro-ca de correias, etc.
A reorganização da posição das máquinas e equipamentos, afastando-os das paredes, possibilita a formação de corredores de circulação do som e minimiza o ruído global.
Reduzir a concentração de máquina também auxilia na diminuição e controle do ruído.
A fixação das máquinas e equipamentos diretamente no piso ou sobre amorte-cedores, dependendo do equipamento a ser isolado, impede a trepidação, reduzin-do os níveis de ruído.
A utilização de sistemas antivibratórios nas máquinas. Quando possível, proce-der ao enclausuramento da máquina ou equipamento, ou de partes ruidosas com silenciadores, a fim de isolar o som. Esta é mais uma medida preventiva e eficiente na redução do ruído.
Ambiente:
Na estrutura física, a altura do pé direito (altura do piso ao teto), revestimentos de paredes, utilização de matérias absorventes (cortiças, forros e pisos), aberturas nas coberturas para ventilação e iluminação, são medidas que contribuem para minimizar a propagação do som.
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Operador
Procurar reduzir o tempo de exposição do trabalhador aos níveis de ruído pre-judiciais à saúde, utilizando-se de medidas como rodízios de tarefas em máquinas ruidosas, ou pausas na jornada de trabalho.
Aumentar a distância do trabalhador e a fonte emissora.
A utilização de Equipamentos de Proteção Individual – EPI, deve ser a última alternativa a ser implantada pela empresa, devendo ser fornecido ao trabalhador protetor auricular adequado à necessidade de atenuação do ruído, além da orien-tação e conscientização da importância do uso do equipamento.
O fornecimento de EPI deve ser feito não só para os operadores de máquinas e equipamentos ruidosos, mas também aos trabalhadores que executam tarefas pró-ximas à fonte da geradora de ruído.
RISCO QUÍMICO
A indústria de calçados para confecção de seus produtos utiliza-se de matérias-primas (cola e adesivos) para aderência na montagem do calçado, além de solven-tes orgânicos para dissolver essa matéria-prima.
Produtos e matérias-primas utilizados:
- Cola;
- Adesivos;
- Solventes: acetado de etila, acetona, ci-clohexano, metil-etil-cetona, n-hexano, n-penta-no, tolueno, xileno, etc.
Esses produtos químicos emitem vapores que são absorvidas pelo organismo por vias respiratórias e cutâneas (esta, quando há manipulação).
O manuseio desses produtos químicos em locais mal ventilados e pequenos impede a diluição e dispersão dos vapores emitidos, colocando em risco a saúde do trabalhador.
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Efeitos causados pelo contato com esses produtos químicos:
Efeito agudo (trabalhador exposto a altas concentrações por curto espaço de tem-po): dor de cabeça, fadiga, perda de consciência, irritação e dificuldade respiratória.
Efeito crônico: o que causa ao (trabalhador exposto a pequenas e médias con-centrações por tempo prolongado): redução da destreza manual e do tempo de reação, falta de memória, distúrbios neurológicos do sistema nervoso central e pe-riférico, redução da capacidade para o trabalho.
Medidas de Controle da Exposição a risco químico
Para eliminação do risco químico é necessário substituir o produto nocivo, isto é, substituir a substância tóxica por outra atóxica, ou com menor toxicidade.
Verificar a possibilidade de modificar o sistema de produção manual por mecâ-nica, evitando o contato manual com o agente nocivo.
As instalações físicas deverão ter ventilação natural a fim de provocar o desloca-mento do ar através de janelas, portas e outras aberturas superiores e inferiores.
Caso a ventilação natural não seja suficiente, deve ser utilizada a ventilação forçada, diluidora ou exaustora.
Ventilação Exaustora: tem a finalidade de captar o poluente próximo à fonte de emissão, antes mesmo que exista a sua dispersão na atmosfera do ambiente de trabalho, objetivando a proteção da saúde do trabalhador.
Ventilação Diluidora: tem a finalidade de diluir o poluente, tornando sua con-centração mais baixa, não sendo, entretanto, o sistema mais recomendado.
Como medida de prevenção e controle do Risco Químico, deve-se, sempre que possível:
- Isolar as operações que envolvam solventes dos demais setores de produção;
- Procurar reduzir a jornada de trabalho dos trabalhadores que manipu-lem produtos químicos, a fim de reduzir o período de exposição do trabalhador ao risco químico;
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- Manter os recipientes de produtos tóxicos fechados hermeticamente, evi-tando a emissão de vapores;
- Implantar Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, procedendo a execução e acompanhamento rigoroso dos resultados dos exames periódicos:
Como última medida de prevenção para o risco químico, a empresa deve for-necer Equipamento de Proteção Individual – EPI, tipo: protetor respiratório facial, municiado de filtro contra vapores orgânicos (NR-6). A empresa deverá comprovar o efetivo fornecimento de EPI as seus trabalhadores, bem como a realização de trei-namento para conscientização sobre os riscos químicos e a limitação de proteção do equipamento.
A empresa deverá manter informações e controle sobre os produtos tóxicos que utilizar, por meio da Ficha de Informação sobre Segurança do Produto – FISP.
A FISP deverá conter identificação: do produto e da empresa fabricante ou forne-cedora; a composição; os efeitos causados à saúde; medidas de primeiros socorros; forma de manuseio e armazenagem; forma de transporte; e outras informações.
Para cada tipo de produto a empresa deverá ter uma FISP relacionada ao mesmo.
RISCO ERGONÔMICO
Conjunto de medidas que visam à organização metódica do trabalho em função do fim proposto e das relações entre o homem e a máquina.
A adequação ergonômica da empresa significa colocar cada trabalhador num posto de trabalho compatível com suas condições físicas e mentais, diminuindo sua fadiga, fornecendo-lhe, ainda, ferramentas adequadas que lhe permitirão re-alizar sua tarefa com o menor custo ao seu organismo, reduzindo, ao máximo, os acidentes de trabalho. A organização de todas as condições materiais relacionadas à atividade do trabalhador visa o seu bem-estar físico e resulta em aumento de pro-dutividade, redução de custos com afastamentos e doenças ocupacionais.
São exemplos de risco ergonômico: o levantamento de peso, ritmo excessivo de trabalho, monotonia, repetitividade, postura inadequada de trabalho, etc.
A indústria calçadista se caracteriza pela execução de tarefas repetitivas, e o
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uso de máquinas e mobiliários pouco adequados ao ser humano ocasiona postura inadequada do trabalhador.
Em relação ao risco ergonômico, os postos de trabalho na indústria calçadista devem levar em conta:
- Transporte manual de carga e levantamento de peso. Exemplo: setor de almoxarifado, expedição, etc;
- Posição e postura do trabalhador em relação às máquinas, equipamentos e mobiliário utilizado;
- Tipo de esforço realizado pelo trabalhador, como: movimentos repetitivos, trabalho em pé, vibração, tronco curvado e aumento do ritmo do trabalho. Exem-plo: corte manual ou semi-mecanizado, pesponto, dobra, passar cola, etc.
Efeitos causados pelo Risco Ergonômico
Dores musculares, lombares, fraqueza, dor nos membros superiores, acidentes, hipertensão arterial, alterações do sono, queixas músculo - esqueléticas em geral, LER – Lesões por Esforços Repetitivos, também conhecidos por DORT – Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.
Medidas de Controle do Risco Ergonômico
- Na indústria calçadista, deve ser observa-da toda linha de produção, com o intuito de fazer um levantamento das necessida-des de cada posto de trabalho, respeitando-se as carac-terísticas físicas de cada trabalhador;
- Adequação das bancadas na altura do traba-lhador, a fim de que a distância dos olhos na tarefa seja aproximadamente de 30 cm ou equivalente à altura dos cotovelos;
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- Organizar as bancadas de modo que todos os instrumentos a serem utiliza-dos estejam próximos ao alcance das mãos do trabalhador;
- Evitar que o trabalhador, ao executar sua tarefa, fique curvado ou que seus braços fiquem acima da altura dos ombros;
- Fornecer cadeiras que propiciem o apoio completo das coxas e dorso (cos-tas), com angulação aproximada de 100 graus e regulagem de altura:
- Apoio para os pés, além de descansar as pernas, evita o inchaço e propicia maior circulação do sangue;
- Evitar que o transporte de cargas seja manual e que o peso possa compro-meter a saúde, evitando-se, assim, esforços lombares e desnecessários ao trabalha-dor. Caso seja necessário e não havendo alternativa, o trabalhador designado para essa tarefa deverá ser treinado para o transporte manual de cargas;
- Para propiciar um melhor conforto térmico ao ambiente de trabalho, as instalações deverão estar providas de aberturas laterais superiores e inferiores, fa-cilitando a ventilação. Essas aberturas, contudo, deverão ser protegidas com telas que impeçam o acesso de insetos.
O trabalho deverá ser organizado de modo a prever PAUSAS na execução das tarefas.
As pausas podem ser:
Voluntárias: são de pouco tempo e o trabalhador faz naturalmente para descan-sar, principalmente em trabalhos penosos;
Mascaradas: ocorrem quando o trabalhador pára suas atividades para organi-zar, por exemplo, a mesa de trabalho, limpar a máquina ou peça que estiver utili-zando;
Obrigatórias: Por exemplo, a pausa para alimentação, ou a pausa de 10 a 15 minuto, na parte da manhã e da tarde para lanche e descanso.
No caso de trabalho ritmado ou repetitivo, a implantação de pausas de 3 a 5 minutos por hora trabalhada reduz a fadiga, aumenta o potencial de atenção pro-longada e acelera a produção.
A implantação de ginástica laboral reduz o encurtamento muscular, provoca
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tensão excessiva e aumenta a incidência de lesões por esforços repetitivos, respon-sáveis por grande sofrimento psicológico e físico dos trabalhadores.
RISCO DE ACIDENTES
São diversos os riscos de acidentes na indústria de calçados. Os mais comuns são:
- Área do prédio insuficiente para ins-talação adequada das máquinas e equipa-mentos;
- Distribuição das máquinas e equipamen-tos de forma inadequada, dificultando a circula-ção dos trabalhadores;
- Pisos irregulares e com pouca resistência;
- Instalações elétricas inadequadas e expostas;
- Falta de sinalização da localização dos ex-tintores e hidrantes e de rotas de fuga em caso de incêndio ou explosão;
- Matéria - prima e produtos armazenados de forma inadequada;
- Máquinas e equipamentos instalados ina-dequadamente;
- Maquinário sem manutenção preventiva;
- Ferramentas usadas de forma incorreta ou para outra finalidade;
- Máquinas e equipamentos sem proteção nas partes móveis ou de operação. Exemplo: rebitadores, prensas, máquina de cortes, etc.
- Falta de uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPI:
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Medidas de Controle do Risco de Acidentes
Para minimizar os riscos de acidentes, algumas medidas podem ser tomadas, tais como:
Instalações Físicas:
- Organizar as instalações de máquinas e equipamentos, a fim de: evitar cru-zamento e movimentos desnecessários; reduzir a distância a ser percorrida pelo produto e trabalhadores; propiciar a melhor circulação e fluxo de materiais; facili-tar a limpeza e a organização da área, máquinas e equipamentos:
Instalações Elétricas:
- As instalações elétricas deverão estar dimensionadas e distribuídas a fim de evitar a sobrecarga elétrica; ser providas de disjuntores que interrompem a energia em caso de curto-circuito; substituir a chave de faca e fusíveis por chaves secciona-das ou disjuntores; embutir toda a fiação elétrica em conduítes rígidos. As máquinas deverão possuir quadro de força individual, onde deverão estar ligadas.
Iluminação:
- Manutenção e limpeza das luminárias e janelas; instalação adequada de lu-minárias; uso de cores claras a fim de propiciar a reflexão de luz e evitar a produção de sombras, diminuindo, com isso, o esforço visual do trabalhador.
Sinalização:
- A sinalização deve facilitar a circulação dos trabalhadores nos corredores, ao acesso aos extintores e hidrantes, às escadas de incêndio ou às rotas de fuga, bem como da localização dos quadros de força, etc. A correta sinalização facilita as ações de emergência.
Armazenamento de Produtos Inflamáveis:
- A indústria de calçados utiliza em sua produção vários produtos inflamá-veis, tais como: solventes (thinner, benzina, removedor usado como diluente de
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cola, etc), colas, adesivos, devendo estes produtos ser armazenados de acordo com o que determina a legislação;
- Dependendo da quantidade de produto inflamável, o local de armazena-gem deverá estar fora das instalações de produção. As pequenas indústrias calça-distas, por suas características, tendem a armazenar pequenos lotes de produtos inflamáveis, podendo o local de armazenamento estar dentro do prédio de produ-ção, desde que tomadas todas as medidas de segurança;
- O local deve conter armários resistentes ao fogo, de fácil limpeza, bem ven-tilados, e os produtos deverão ser colocados em recipientes de chapa metálica, tem-peratura constante. As instalações elétricas deverão estar em perfeitas condições e isoladas, devidamente sinalizadas “INFLAMÁVEL” área de risco;
- Os trabalhadores que transportam ou utilizam produtos inflamáveis deve-rão estar devidamente treinados quanto ao manuseio e riscos:
Máquinas e Equipamentos:
- Os trabalhadores deverão receber orientação adequada para os riscos, ma-nuseio e utilização das máquinas e equipamentos;
- Os pontos de transmissão de força das máquinas e equipamentos deverão estar devidamente protegidos;
- Máquinas e equipamentos que propiciem a projeção de peças, deverão es-tar protegidos;
- Implantação de rotinas de manutenção preventiva;
- Fornecimento e treinamento para o uso de Equipamentos de Prote-ção Individual.
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Ferramentas:
- Os trabalhadores deverão ser orientados quanto ao uso correto das ferramentas, devendo ser evitada a im-provisação;
- As ferramentas deverão ser: de qualidade; subs-tituídas quando desgastadas; guardadas e conservadas adequadamente (ferramenta afiada é mais segura, pois exige menor esforço, havendo um maior controle em sua utilização).
TIPOS DE EXAMES EM DECORRÊNCIA DOS RISCOS:
RISCOS TIPO DE EXAME
Ergonômico Exame Clínico/ósteo muscular/coluna cervical
Físico - Ruído Audiometria
Físico - Calor Exame Clínico/com atenção cardio vascular
Físico - Vibração Exame Clínico/ósteo muscular e auditivo
Biológico - Vírus, fungos e bactérias Exame Clínico
Químico - Tolueno Urina - dosagem de ácido hipurico/hemograma
Químico - N-hexano Urina - dosagem de hexanodiona/hemograma
Químico - Metil-etil-cetona Urina - dosagem de Metil-etil-cetona/hemograma
Químico - Poeiras Raio X do Tórax e Espirometria
Riscos de Acidente Exame Clínico
Outros Riscos Exames complementares indicados ou a cri-tério médico
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RESPONSABILIDADE CÍVIL DA PESSOA JURÍDICA DE INDENIZAR
Toda e qualquer pessoa física ou jurídica, que causar dano a outrem, fica obrigada a repará-lo, independentemente de culpa, ou quando a atividade normalmente de-senvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem, conforme previsto nos artigos 927, 931, 935 e 942 do Código Civil de 2002.
Ainda de acordo com a mesma legislação “Aquele que, por ação ou omissão vo-luntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.” (artigo 186 do Código Civil/2002);
“Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede ma-nifestadamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social. Pela boa-fé ou pelos bons costumes.” (artigo 187 do Código Civil/2002).
Assim, diante do exposto, fica claro que a obrigação de reparação do dano é pre-sumida e atribuída diretamente ao responsável legal, pois a legislação trabalhista determina que é dever do empregador preservar a saúde e segurança do trabalha-dor. Neste caso, aquele que negligenciar a esta obrigação estará cometendo um ato ilícito, sofrendo as penalidades civis e criminais previstas em lei.
A responsabilidade do empregador se dará em relação aos seus trabalhadores com ou sem vínculo empregatício, bem como, quanto aos terceirizados.
O QUE O EMPREGADOR DEVE FAZER PARA EVITAR TAIS AÇÕES DE INDENIZAÇÕES?
- Atender a exigências das Normas Regulamentadoras e demais legislações pertinentes à Segurança e Medicina Ocupacional;
- Proceder à realização dos exa-mes médicos obrigatórios: Admissio-nal, periódico, mudança de função, re-torno ao trabalho e demissional;
- Proceder à manutenção peri-ódica das máquinas e equipamentos, bem como, instalar mecanismos de se-gurança nas mesmas;
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- Quando necessário, fornecer Equipamento de Proteção Individual – EPI, mediante o comprovante de recebimento dos EPIs;
- Fornecer treinamento sobre a necessidade e importância do uso dos EPIs;
- Caso ocorra acidente ou doença de trabalho, expedir o Comunicado de Acidente de Trabalho – CAT:
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
Todo equipamento individual que se destine a proteger a saúde e integridade fí-sica do trabalhador – denomina-se de EPI – Equipamento de Proteção Individual.
Esses equipamentos são fornecidos gratuitamente pelo empregador, entretanto, antes de sua utilização, deverão ser empregadas todas as medidas possíveis, a fim de eliminar ou reduzir os riscos à saúde e segurança do trabalhador, tais como im-plantação de medidas coletivas de eliminação e redução de riscos.
EPIs DE PROTEÇÃO PARA A CABEÇA:
- Óculos de segurança;
- Máscara Facial (proteção contra estilhaços);
- Respirador semifacial com filtros (proteção contra vapores químicos);
- Protetores auriculares (proteção contra ruídos).
EPIs DE PROTEÇÃO PARA OS MEMBROS SUPERIORES:
- Luvas especiais (para manipulação de solventes);
- Cremes especiais para proteção dos trabalhadores que manipulam solven-tes, tintas, diluentes, etc.
POR DENTRO DAS NORMAS
23Calçado
EPIs DE PROTEÇÃO PARA OS MEMBROS INFERIORES:
- Calçado de segurança sem biqueira de aço e impermeável para quem tra-balha em eletricidade;
- Calçados de segurança para atividades em geral.
AÇÃO FISCAL
Na ação fiscal desenvolvida em empresa onde haja atividade que exponha os trabalhadores a agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, o Fiscal de Contribuições Pre-videnciárias solicitará o seguinte:
- Laudos técnicos individuais ou coletivos das condições ambientais de trabalho:
a) Programa de Prevenção de Risco Ambiental – PPRA;
b) Programa de Controle Médico Ocupacional – PCMSO;
c) Atestado de Saúde Ocupacional – ASO;
d) Perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador.
CONCLUSÃO
A correta aplicação e implantação das Normas de Segurança e Saúde no Traba-lho possibilita a redução de acidentes e doenças ocupacionais, diminui o número e períodos de afastamentos e atestados médicos, aumenta a produtividade, satisfa-ção e qualidade de vida do trabalhador.
Além de tudo já mencionado quando se atende às Normas de Saúde e Segu-rança no Trabalho, a qualidade dos produtos e/ou serviços e a produtividade da empresa aumenta significativamente, trazendo conseqüências positivas no fatura-mento da mesma.
Assim, antes de deixar como último plano a Saúde e Segurança no Trabalho, pen-se nos resultados financeiros que sua aplicação poderá trazer para sua empresa.
Central de Relacionamento
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