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Tiragem: 5000 País: Portugal Period.: Bimestral Âmbito: Economia, Negócios e. Pág: 34 Cores: Preto e Branco Área: 19,00 x 27,70 cm² Corte: 1 de 1 ID: 58097656 01-01-2015 PUB Um brinde aos próximos 10 anos da Grande Consumo Manuel Rocha CEO da Adega de Borba A alteração de estilos de vida e dos comportamentos de consumo, e o maior acesso pelas populações rurais, têm sido alguns dos grandes contributos para o crescimento do sector de bens de consumo nos últimos dez anos em Portugal. No entanto, nos últimos quatro anos, a crise económica veio infletir esta tendência de crescimento, tendo havido uma clara adaptação do sector. A proliferação das marcas da distribuição e das marcas de primeiro preço foi uma das consequências, a par com as agressivas promoções de preço, que cada vez perdem mais elasticidade. A dinâmica que o sector introduziu no mercado, bem como a sua capacidade de inovar, permite dizer que a última década foi de grande sucesso para a generalidade dos “players”. Assim como de grande sucesso foi o projeto Grande Consumo, que de forma exemplar e assídua sempre me proporcionou uma acessível recolha de “insights” sobre o sector e o mercado. Independentemente das tendências macroeconómicas e de política interna que vierem a acontecer nos próximos dez anos, Portugal continuará a sofrer uma grande influência da Europa e do mundo em geral. No sector dos bens de consumo esta influência, decerto, que também acontecerá. A aceleração da “premiumização” dos produtos de consumo continuará a ser uma tendência, pois haverá sempre consumidores com necessidade de produtos de maior preço e maior qualidade (real ou percecionada). A alteração do racional de compra de “eu preciso” para o “eu quero” continuará a ser uma realidade que, complementada com as alterações de estilo de vida, permitirá o desenvolvimento de mais produtos, com maior variedade. A “costumização” dos produtos será cada vez maior, havendo um natural ênfase nos produtos de beleza, saúde e bem-estar. A “mass-costumization” permitirá fazer novas micro-segmentações (idade, religião, etnia, profissão, etc.) que serão novas opções nas prateleiras dos supermercados. As alterações climáticas, a escassez de recursos naturais e o aumento da notoriedade dos problemas ecológicos também levarão a uma maior consciência ecológica na compra por parte dos consumidores. As inovações tecnológicas trarão funcionalidades de grande relevância a baixos custos, o que permitirá obter grandes benefícios em ambientes complexos. Por exemplo, ao nível do “supply- chain” e da distribuição, bem como ao nível marketing para consumidor. A transição de um modelo estável e homogéneo para um modelo dinâmico, imprevisível, em constante mudança vai ser o desafio para o sector e seus “stakeholders”. Para abraçar este novo modelo, será necessário melhorar as capacidades intrínsecas dos “players”, bem como desenvolver novas competências. De um ponto de vista estratégico, existem alguns imperativos que serão os pilares dos próximos dez anos: 1) desagregação do modelo operacional; 2) ganhar a guerra pela aquisição de talento; 3) trazer a sustentabilidade para a agenda estratégica; 4) reinventar o marketing para os “i-consumers”; 5) promover a reengenharia do “supply- chain”; 6) firmar parcerias reais com a distribuição. Estou certo que a Grande Consumo, nos próximos dez anos, irá continuar abordar todas estas temáticas do mercado de bens de grande consumo, das suas inovações e dinâmicas, com grande rigor e comprometimento. Um brinde ao projeto Grande Consumo pelo seu grande sucesso. Saúde! OPINIÃO n.º31/2015 | JANEIRO/FEVEREIRO

Um brinde aos próximos 10 anos da Grande Consumo (01-01-2015)

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Page 1: Um brinde aos próximos 10 anos da Grande Consumo (01-01-2015)

Tiragem: 5000

País: Portugal

Period.: Bimestral

Âmbito: Economia, Negócios e.

Pág: 34

Cores: Preto e Branco

Área: 19,00 x 27,70 cm²

Corte: 1 de 1ID: 58097656 01-01-2015

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Um brinde aos próximos 10 anos da Grande Consumo

Manuel RochaCEO da Adega de Borba

A alteração de estilos de vida e dos comportamentos de consumo, e o maior acesso pelas populações rurais, têm sido alguns dos grandes contributos para o crescimento do sector de bens de consumo nos últimos dez anos em Portugal. No entanto, nos últimos quatro anos, a crise económica veio infletir esta tendência de crescimento, tendo havido uma clara adaptação do sector. A proliferação das marcas da distribuição e das marcas de primeiro preço foi uma das consequências, a par com as agressivas promoções de preço, que cada vez perdem mais elasticidade. A dinâmica que o sector introduziu no mercado, bem como a sua capacidade de inovar, permite dizer que a última década foi de grande sucesso para a generalidade dos “players”. Assim como de grande sucesso foi o projeto Grande Consumo, que de forma exemplar e assídua sempre me proporcionou uma acessível recolha de “insights” sobre o sector e o mercado. Independentemente das tendências macroeconómicas e de política interna que vierem a acontecer nos próximos dez anos, Portugal continuará a sofrer uma grande influência da Europa e do mundo em geral. No sector dos bens de consumo esta influência, decerto, que também acontecerá. A aceleração da “premiumização” dos produtos de consumo continuará a ser uma tendência, pois haverá sempre consumidores com necessidade de produtos de maior preço e maior qualidade (real ou percecionada). A alteração do racional de compra de “eu preciso” para o “eu quero” continuará a ser uma realidade que, complementada com as alterações de estilo de vida, permitirá o desenvolvimento de mais produtos, com maior variedade. A “costumização” dos produtos será cada vez maior, havendo um natural ênfase nos produtos de beleza, saúde e bem-estar. A “mass-costumization” permitirá

fazer novas micro-segmentações (idade, religião, etnia, profissão, etc.) que serão novas opções nas prateleiras dos supermercados. As alterações climáticas, a escassez de recursos naturais e o aumento da notoriedade dos problemas ecológicos também levarão a uma maior consciência ecológica na compra por parte dos consumidores. As inovações tecnológicas trarão funcionalidades de grande relevância a baixos custos, o que permitirá obter grandes benefícios em ambientes complexos. Por exemplo, ao nível do “supply-chain” e da distribuição, bem como ao nível marketing para consumidor.A transição de um modelo estável e homogéneo para um modelo dinâmico, imprevisível, em constante mudança vai ser o desafio para o sector e seus “stakeholders”. Para abraçar este novo modelo, será necessário melhorar as capacidades intrínsecas dos “players”, bem como desenvolver novas competências. De um ponto de vista estratégico, existem alguns imperativos que serão os pilares dos próximos dez anos:

1) desagregação do modelo operacional; 2) ganhar a guerra pela aquisição de talento; 3) trazer a sustentabilidade para a agenda estratégica; 4) reinventar o marketing para os “i-consumers”; 5) promover a reengenharia do “supply- chain”; 6) firmar parcerias reais com a distribuição. Estou certo que a Grande Consumo, nospróximos dez anos, irá continuar abordar todas estas temáticas do mercado de bens de grande consumo, das suas inovações e dinâmicas, com grande rigor e comprometimento. Um brinde ao projeto Grande Consumo pelo seu grande sucesso. Saúde!

OPINIÃO

n.º31/20

15 | JAN

EIRO/FEV

EREIRO