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1/15 A TRANSPARÊNCIA E A GOVERNANÇA NAS INSTITUIÇÕES SOCIAIS. MALPELLI, Luciano Novembro/2017. A TRANSPARÊNCIA E A GOVERNANÇA NAS INSTITUIÇÕES SOCIAIS. THE TRANSPARENCY AND GOVERNANCE IN SOCIAL INSTITUIONS. LA TRANSPARENCIA Y GOBERNABILIDAD EN LAS INSTITUCIONES SOCIALES. **Luciano MALPELLI RESUMO Em momentos de crises econômicas e turbulências politicas com noticias de corrupção alocado em grande parte do poder público, as instituições se veem à frente de novos desafios “intramuros” e “extramuros” que muitas vezes impedem a sua sobrevivência operacional e ideológica, quando a sociedade civil transfere de forma impiedosa, os sentimentos negativos e as suas desconfianças, às instituições sociais. Nada mais legitimo que poder saber e, poder comprovar, como patrocinador ou doador, como e onde os aportes oferecidos por eles estão sendo aplicados, já que o destino destes será para eliminar ou reduzir a vulnerabilidade social definido pela missão das instituições. A interdisciplinaridade e a intersetorialidade tem importância neste contexto. Palavras-chave: Governança. Interdisciplinaridade. Intersetorialidade. Gestão Social. Transparência. ABSTRACT In times of economic slumps and political turmoil with news of corruption widespread in public government, Non-Governmental Organizations face new internal and external challenges that often hinder its ideology to become operational, once community ruthlessly transfers their negative feelings and suspicions also to social institutions. There is nothing more effective than be aware and testify to natural person or legal person, where and how their contributions are being applied, once this is meant to eliminate/reduce a defended cause defined as its mission. Interdisciplinarity and intersectorality are vital in this context. Keywords: Governance, interdisciplinarity, Intersectoriality. Social Management. Transparency. RESUMEN En tiempos de crisis económicas y de agitaciones políticas con las noticias de corrupción, asignada en gran parte al gobierno, las instituciones se ven enfrentadas a nuevos retos "internos" y "externos" que a menudo dificultan su supervivencia desde lo operativo e ideológico, cuando la sociedad civil transfiere sin piedad sentimientos negativos y sospechas a las instituciones sociales. Nada más legítimo que conocer y ser capaz de demostrar, como patrocinador o donante, cómo y dónde se están aplicando las contribuciones ofrecidas por ellos, ya que el destino de éstos será el de eliminar o reducir la vulnerabilidad social definida por la misión de las instituciones. El enfoque interdisciplinario e intersectorial tiene importancia en este contexto. Palabras clave: Sistema de gobierno. La interdisciplinariedad. Interseccionalidad. Gestión social. Transparencia. **MALPELLI, Luciano: Bacharel em Administração de Empresas, Pós-graduado em Gestão Social com ênfase em Negócios e Direito, Aperfeiçoamento em Controladoria e Técnico em Contabilidade.

A transparencia e a governanca nas instituicoes sociais - Nov2017- Luciano Malpelli

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A TRANSPARÊNCIA E A GOVERNANÇA NAS INSTITUIÇÕES SOCIAIS. MALPELLI, Luciano – Novembro/2017.

A TRANSPARÊNCIA E A GOVERNANÇA NAS INSTITUIÇÕES

SOCIAIS.

THE TRANSPARENCY AND GOVERNANCE IN SOCIAL

INSTITUIONS.

LA TRANSPARENCIA Y GOBERNABILIDAD EN LAS

INSTITUCIONES SOCIALES.

**Luciano MALPELLI

RESUMO Em momentos de crises econômicas e turbulências politicas com noticias de corrupção alocado em grande parte do poder público, as instituições se veem à frente de novos desafios “intramuros” e “extramuros” que muitas vezes impedem a sua sobrevivência operacional e ideológica, quando a sociedade civil transfere de forma impiedosa, os sentimentos negativos e as suas desconfianças, às instituições sociais. Nada mais legitimo que poder saber e, poder comprovar, como patrocinador ou doador, como e onde os aportes oferecidos por eles estão sendo aplicados, já que o destino destes será para eliminar ou reduzir a vulnerabilidade social definido pela missão das instituições. A interdisciplinaridade e a intersetorialidade tem importância neste contexto. Palavras-chave: Governança. Interdisciplinaridade. Intersetorialidade. Gestão Social. Transparência.

ABSTRACT In times of economic slumps and political turmoil with news of corruption widespread in public government,

Non-Governmental Organizations face new internal and external challenges that often hinder its ideology to

become operational, once community ruthlessly transfers their negative feelings and suspicions also to social

institutions. There is nothing more effective than be aware and testify to natural person or legal person, where

and how their contributions are being applied, once this is meant to eliminate/reduce a defended cause defined as

its mission. Interdisciplinarity and intersectorality are vital in this context.

Keywords: Governance, interdisciplinarity, Intersectoriality. Social Management. Transparency.

RESUMEN

En tiempos de crisis económicas y de agitaciones políticas con las noticias de corrupción, asignada en gran parte

al gobierno, las instituciones se ven enfrentadas a nuevos retos "internos" y "externos" que a menudo dificultan

su supervivencia desde lo operativo e ideológico, cuando la sociedad civil transfiere sin piedad sentimientos

negativos y sospechas a las instituciones sociales. Nada más legítimo que conocer y ser capaz de demostrar,

como patrocinador o donante, cómo y dónde se están aplicando las contribuciones ofrecidas por ellos, ya que el

destino de éstos será el de eliminar o reducir la vulnerabilidad social definida por la misión de las instituciones. El enfoque interdisciplinario e intersectorial tiene importancia en este contexto.

Palabras clave: Sistema de gobierno. La interdisciplinariedad. Interseccionalidad. Gestión social.

Transparencia.

**MALPELLI, Luciano: Bacharel em Administração de Empresas, Pós-graduado em Gestão Social com ênfase em Negócios e Direito, Aperfeiçoamento em Controladoria e Técnico em Contabilidade.

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1 INTRODUÇÃO

As crises econômicas, a corrupção, os desvios das funções

políticas e a falta de transparência na gestão pública transferem, de forma

impiedosa, os sentimentos negativos e as desconfianças das pessoas, às

instituições sociais.

Conhecidas popularmente como Organizações Não

Governamentais (ONG´s), as instituições sociais estão hoje inseridas no dia-

a-dia do Brasil, assistindo, na maioria dos municípios, uma enorme fatia da

população com a oferta dos serviços sociais, mesmo sendo esta uma

responsabilidade unicamente do Estado, tanto municipal, estadual ou

federal.

Uma explicação mais didática sobre ONG foi oferecida

pela Cartilha “Tudo o que você precisa saber antes de escrever sobre uma

ONG”, publicada pela Abrong-Associação Brasileira de organizações não

governamentais”, que diz:

“...ela é formada por pessoas e pela vontade delas na busca de um

interesse social comum e, por serem regidas pelo código civil brasileiro, obedecem a regras

e determinações, como por exemplo, não ter objetivo de lucro para os seus associados...e

que normalmente devem ter e seguir conceitos básicos de transparência e governança em

sua gestão. As instituições sociais brasileiras são oriundas de um grande sonho em ajudar,

literalmente, que o país seja um lugar melhor para todos, incluindo pessoas e animais.”

Estas instituições, de caráter meramente social, são criadas

pela vontade da comunidade envolvida, sobrevivendo por diversas formas,

sendo pelo esforço de seus voluntários, sendo pelos financiamentos

monetários recebidos por doações, patrocínios empresarias e, de uma

maneira mais efetiva nos dias de hoje, por subvenções concedidas pelos

poderes executivos, com repasses de verbas através de projetos sociais

devidamente aprovados e eventualmente controlados.

A carência na oferta dos serviços sociais pelos poderes

competentes consolidou a expansão e o fortalecimento destas ONG´s com

importantes braços sociais.

Um conjunto de instituições sociais, formadas por pessoas

e pela vontade delas, participa, em uma análise mais introspectiva, o que

disse Neves (2009). Neves determina que, neste momento, criam-se as redes

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sociais espontâneas.

Evidentemente, para efeito deste artigo, quando se refere a

uma “Rede Social”, não há de se pensar em qualquer relação com sites,

aplicativos ou ferramentas de relacionamento via WEB.

Seguindo então com o que diz Neves, as redes sociais

podem ser tipificadas em várias ordenações. Neste tema escreve ele;

“Redes sociais espontâneas, consistem nas relações interpessoais e

espontâneas com família, amigos, vizinhança. Baseada em relações de reciprocidade, circulação de informações e apoio”. NEVES (2009, p. 158).

Com estas definições, as uniões de pessoas que sonham

por um mundo melhor sonham também em oferecer e poder participar

ativamente na solução de problemas sociais identificados (materiais,

educacionais, culturais ou afetivos) e se apresentam em seu meio social

comum, na sua comunidade.

É justificável que a missão e a atividade fim destas

instituições sociais estejam diretamente focadas em seus objetivos sociais,

podendo dizer, como exemplo, em oferecer um prato de sopa para as

crianças que se abrigam sob as marquises de uma cidade, oferecer

cobertores para famílias, doar material de higiene ou cuidarem dos animais

de estimação das famílias que se protegem sob a mesma marquise. Quando

juntam-se pessoas ou instituições sociais com este objetivo, cria-se o que

chamam de movimento social, com ou sem a participação do poder público.

Neves (2009) discorre ainda que, historicamente, as

instituições sociais, nasciam e se mantinham espontaneamente em um

caráter estritamente direcionado às atividades fins (atender à demanda da

sociedade, homens ou animais, na redução da vulnerabilidade social).

Com o passar dos tempos, o poder público enxergou que

estas instituições poderiam se tornar uma extensão do exercício público,

pois estas atividades alcançaram um volume expressivo de pessoas e de

atividades sociais.

Este volume de obrigações trouxe a estas instituições

sociais, uma sobrecarga operacional, exigindo um aumento na qualidade de

suas ações, assim como no seu quadro de voluntários. Junto a isso, soma-se

o aumento dos seus insumos, treinamentos destas pessoas, entre outras

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coisas, contribuindo, cada vez mais, na profissionalização da busca de um

maior suporte financeiro, um melhor planejamento e uma visão sistêmica

interna, ou “intramuros”.

Alguns destes desafios internos são classificados como

decisivos para que a instituição se fortaleça, entre elas a transparência.

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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 A transparência nas instituições sociais.

Partes pontuais dos resultados da pesquisa intitulada

“Doação Brasil” (http://idis.org.br/pesquisadoacaobrasil/), levanta

características que norteiam a ação de “doar” dos indivíduos entrevistados

no Brasil. Ela mede também o quão é significativo a instituição ser

transparente e organizada internamente e tornar público esta informação.

Na pesquisa constatou-se que 40% das pessoas

entrevistadas deixam de efetuar doação por não terem confiança com o que

as instituições farão com o seu dinheiro, pois não confiam plenamente que

as doações são efetivamente destinadas ao fim social a que se pede,

estabelecendo dificuldades cada vez maiores para as instituições sociais

enfrentarem o desafio de fortalecimento financeiro.

Os resultados estampados nos quadros abaixo fortalecem o

entendimento, quando apura-se que 44% daqueles declarados doadores e

43% dos declarados não doadores não acreditam que as instituições

brasileiras fazem realmente um trabalho socialmente competente ou, quando

apenas 36% dos declarados doadores e 44% dos não doadores, declaram não

terem confiança de que o seu dinheiro será usado para o bem da sociedade

em vulnerabilidade social, como apresenta-se na ilustração a seguir;

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Quadro 1 – Pessoas que não tem confiança no que vão

fazer com o dinheiro se elas doarem para as instituições sociais no Brasil

(todos os entrevistados - população em geral).

Fonte: http://idis.org.br/pesquisadoacaobrasil/resultados/relacionamento-com-as-ongs/opiniao-sobre-as-

ongs/

Não menos importante, quando se fala em dificuldades

atuais, outros dois resultados dificultam os desafios “intramuros”, quando

apura-se que 42% das pessoas declaradas doadoras e 45% das pessoas não

doadoras afirmam que as ONG´s não deixam claro o que fazem com os

recursos que estas aplicam (recebidos dos doadores) e ainda mais grave

quando 37% destas mesmas pessoas declaram que as ONG´s não são

confiáveis, conforme quadro abaixo;

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Quadro 2: As pessoas que não confiam na transparência

das instituições sociais no Brasil (todos os entrevistados – população em

geral)

Fonte: http://idis.org.br/pesquisadoacaobrasil/resultados/relacionamento-com-as-ongs/opiniao-sobre-as-

ongs/

Retornando ao objetivo principal deste artigo, as

instituições sociais encontram maiores dificuldades quando há turbulências

na economia do país, que impacta nas ações sociais planejadas.

Os resultados apresentados pelas amostragens anteriores

elaborados pela pesquisa “Doação Brasil 2016” trazem à tona os desafios

ainda maiores que as instituições sociais têm para atingir aos seus objetivos.

Considerando que a dificuldade está na administração

interna, já que as atividades-fim conseguem, de uma forma até empírica,

quase que em sua totalidade, atingidos de uma maneira ou de outra, a

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chamada burocracia interna acaba sendo relegada ao segundo ou ao terceiro

plano, observemos aqui o que diz Max Weber:

“A burocratização implica em particular a possibilidade ótima de

colocar em prática o princípio da especialização das funções administrativas e conforme

regulamentações estritamente objetivas. As atividades particulares são confiadas a funcionários especializados que, com a prática, vão aprendendo cada vez mais...” (O que é

a burocracia – Max Weber, pag. 39, CFA-Conselho Federal de Administração).

Tenório (1998) já destacava a importância de

instrumentalizar a gestão social, intersetoriando esta com a gestão

administrativa ou gerencial interna, em uma interpretação linear de seu

artigo “Gestão Social: Uma perspectiva conceitual” que diz;

“Seguindo a trilha aberta por Max Weber e Karl Mannheiem, os

frankfurtianos criticam a razão instrumental por enfatizar os meios mais do que a

coordenação entre meios e fins, o que significa dizer também que o valor dos fins é

determinado pelo valor operacional dos meios. Para este tipo de razão, uma ideia, um

conceito ou uma teoria não passam de um esquema ou plano de ação no qual a

probabilidade e o cálculo são suas noções-chave. Por conseguinte, a verdade não passa do

êxito de uma ideia sobre outra.” TENÓRIO, Fernando; Gestão social: Uma perspectiva

conceitual; RAP- RJ (1998, p.11).

2.2 A instrumentalização da gestão social em conjunto com a gestão interna nas

instituições sociais.

Divergindo dos frankfurtianos citados por Tenório (1998)

em seu artigo “Gestão social: Uma perspectiva conceitual” já identificado,

não é possível desprezar a razão instrumental, mas necessário é uni-la à

coordenação entre meios e fins, e identificar também a interdisciplinaridade

ao momento que ele pontua no contexto operacional de uma instituição

social.

Neste conceito, em uma leitura livre, ao passar pelo

entendimento oferecido pelas perspectivas da administração em que se

define uma gestão interna e em uma visão estratégica, é possível observar

alguns direcionamentos estratégicos de interdisciplinaridade, como

apresenta a tabela abaixo;

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Quadro 3: Estratégias administrativas internas aliadas à

interdisciplinaridade do gestor social.

AÇÃO

ADMINISTRATIVA OBJETO DA AÇÃO

ESTRATÉGIA PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO.

ORGANIZAÇÃO DIAGNÓSTICO ORGANIZACIONAL; MANUAIS DE

PROCEDIMENTOS.

RELAÇÕES

INSTITUCIONAIS

ORIENTAÇÃO E ACOMAPNHAMENTO.

TECNOLOGIAS DE

INFORMAÇÃO

INFORMÁTICA; TELECOMUNICAÇÕES.

FINANCEIRA FUNDOS E FINANCIAMENTOS; PATRIMONIO; INSTALAÇÕES;

AUDITORIAS; ORÇAMENTOS; CONTABILIDADE; FICAL;

SEGUROS.

RECURSOS

HUMANOS

DESCRIÇÃO DE FUNÇÕES; RECRUTAMENTO E SELEÇÃO;

VOLUNTARIADO; FORMAÇÃO. AVALIAÇÃO; DESEMPENHO;

SISTEMAS DE SUGESTÕES.

CONTROLE DE

GESTÃO DE

RECURSOS E

PARCERIAS

CONCEITOS FINANCEIROS APLICDOS ÀS ONG´s; GESTÃO

CONTABIL; PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO; GESTÃO DOS

RECURSOS E OBRIGAÇÕES.

A interdisciplinaridade na gestão social, que fortalece a

solução de alguns dos desafios “intramuros” de uma instituição social, de

acordo com os ensinamentos elaborados pelo “Programa Gestão e

Qualidade” da Fundação Manuel Violante de Lisboa, Portugal, esclarece

que as perspectivas educativas são vantajosas e esclarecedoras quando se

trata da tal “burocracia”, muitas vezes questionadas pelos frankfurtianos

(Fernando Tenório – Gestão social: Uma perspectiva conceitual – pag. 11-

RAP- RJ- Nov/98).

Segundo o Programa Gestão e Qualidade, uma instituição

pode ser burocrática e ao mesmo tempo prática, fortalecendo o seu processo

interno, usando o mínimo de sete itens administrativos, financeiros,

contábeis e de gestão de pessoal, como indica no quadro abaixo;

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Quadro 4: Esquema de trabalho aplicado na melhoria da

gestão interna e da qualidade da resposta social em instituições sociais.

(Fonte: Programa gestão e qualidade/FMV-http://www.gestaoequalidade.pt/em 27-09-2016).

O atendimento às ações acima delimitadas nos leva a

questionar novamente pontos da origem das instituições sociais, ou ONG´s,

quando Neves (2009) argumenta que as redes sociais são originárias de

relações interpessoais entre família, amigos e vizinhança, baseadas em

relações de reciprocidade, circulação de informações e apoio. Se separarmos

as afirmativas quanto a estas instituições; relações de reciprocidade,

circulação de informações e apoio, poderemos então compreender, com base

nos pensamentos e argumentos levantados que, nos dias de hoje, existem

questionamentos a se fazer, como por exemplo: É suficiente estabelecer

plenamente uma instituição baseada unicamente em relações de

reciprocidade, tendo como o segundo maior desafio o fortalecimento e a

perenidade dos objetivos das instituições sociais?

Uma instituição social, cujos objetivos finais é atender e

buscar a eliminação da vulnerabilidade da sociedade, passará pela

necessidade da transparência e da credibilidade que solidificará o seu trajeto

e os desafios “intramuros” se farão presentes, exigindo mais que a mera

vontade e reciprocidade interpessoal para se manter ativa em futuro

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próximo.

Lembrando que, por definição, uma ONG ou instituição

social “...é formada por pessoas e pela vontade delas na busca de um

interesse social comum e, por serem regidas pelo código civil brasileiro,

obedecem a regras e determinações, como por exemplo, não ter objetivo de

lucro para os seus associados... e que normalmente devem ter e seguir

conceitos básicos de transparência e governança em sua gestão. As

instituições sociais brasileiras são oriundas de um grande sonho em ajudar,

literalmente, que o país seja um lugar melhor para todos, incluindo pessoas

e animais.” - Cartilha Tudo o que você precisa saber antes de escrever sobre

uma ONG - Abrong-Associação Brasileira das ONG´s e, utilizando as

análises apuradas pela pesquisa “Doador Brasil”, fica estabelecida a

importância da credibilidade de uma ação social, que vai além de uma união

de pessoas de boa vontade.

O fator “gestão interna e governança”, a partir deste

momento, tem um peso elevado e passa a ser protagonista na gestão social.

O futuro torna-se incerto quando uma instituição social não atende aos

critérios mínimos de interdisciplinaridade dos seus gestores, ou de um

gestor social.

Utilizando os ensinamentos de Max Weber, Tenório e as

observações obtidas na leitura dos resultados da Pesquisa Doação Brasi-

2016, o profissional gestor social, pode contribuir, além de conhecer,

entender e dominar os aspectos relacionados às políticas públicas e às redes

de proteção social, com a interação na gestão interna, gerando

condições para estas instituições sociais apresentarem-se fora da zona de

rejeição, com organização e transparência.

A transparência, tanto de organizações sociais, públicas

ou privadas está, a cada dia, mais atenuante nas economias capitalistas ou

sociais-democráticas, em que a sociedade usa de seu livre arbítrio para

definir onde, como e quando os seus préstimos serão ofertados e aplicados.

Max Weber define que a burocracia pode, se bem

aplicada, ser uma ferramenta gerencial facilitadora das exigências mais

intensas e complexas em todos os ramos do gerenciamento social e devem

gerar uma proatividade de resultados;

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“No estado moderno, as progressivas exigências apresentadas à

administração devem-se à complexidade cada vez maior da civilização...” WEBER, Max;

(O que é a burocracia; pag. 33, Revista CFA-Conselho Federal de Administração).

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3 CONCLUSÃO

Concluindo, estabelece-se então que uma instituição social

deve-se manter institucionalmente presente perante todos os seus atores e

patrocinadores, sob pena da perda de financiamentos (doadores e poderes

públicos), que amparam a grande maioria destas, através de uma melhor

gestão interna, tomando para si as rédeas de seu futuro, podendo também

desatar as amarras históricas em que as instituições sociais, por muitas

vezes, são braços estendidos de governantes.

A presença de um gestor social, de posse de informações e

indicadores transparentes, pode atuar com maior precisão e como o capitão

dos objetivos e da missão de uma comunidade ou de uma instituição social.

Compreendendo e relembrando Tenório (2009) neste

enfoque e, a interdisciplinaridade e a intersetorialidade não se aplicam

exclusivamente em um gestor social conheça ou compreenda o uso das

ferramentas e dos atores envolvidos, cabe também a este profissional uma

modernização, com a capacitação de compreender a exigência de uma

gestão interna, não só no resultado de suas atividades-fim, mas inicialmente

no que é preciso para a transparência e o controle interno.

Para perenizar as ações e o cumprimento dos objetivos e

da missão das instituições sociais, a aplicação estruturada de uma gestão

administrativo-financeira e contábil, atenderão, com ações descentralizadas

e autônomas, como principal auxiliar às exigências atuais, modernizando

cada vez mais a atividade do gestor social.

Interdisciplinaridade e intersetorialidade, aliados a um

conhecimento de gestão administrativa, profissionaliza e agrega valores

antes não encontrados na grande parte dos gestores sociais, permitindo um

trabalho objetivo na eliminação/redução dos desafios “intramuros” e

“extramuros”, com a transparência e a governança que qualquer instituição

social, pública ou privada deveria oferecer, como escreve Patrícia Rocha –

Diretora Executiva da Fundação Manuel Violante/Portugal;

“Tem-se que diversificar as fontes de receitas, diminuindo a

dependência de apoios do estado... Mas há mais, é preciso ter em conta as características e a

maturidade de cada organização quando falamos em investimento social, sob pena de, se não houver este ajuste, corrermos “o risco do investimento social que terá sempre que

entrar na equação do modelo de financiamento, não ter o retorno, nem o investimento social

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esperado...” Na altura de tomar uma decisão de investimento, os investidores sociais

deverão procurar, acima de tudo, organizações responsáveis e de confiança, que giram seus

recursos, tendo em conta a eficiência sem esquecer a missão social e que procurem sempre

fazer mais e melhor, quer com seus clientes, quer com seus colaboradores, de maneira a

garantir o retorno quer financeiro, quer social do investimento”. ROCHA, Patrícia (Revista

Impulso Positivo, nº 31, pagina 33, janeiro/fevereiro-2016-Portugal).

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4 REFERÊNCIAS

TORRES, Marcos. Teorias administrativas. MA_17_Teorias Administrativas (Weber) 1 DISCIPLINA:

Macroanálise das Organizações. Disponível em http://slideplayer.com.br/slide/387060/. Acesso em: 22 nov. 2016.

CFA. Conselho Federal de Administração. O que é burocracia – Max Weber (Publicação livre acesso)-

Disponível em: http://www.cfa.org.br/servicos/publicacoes/o-que-e-a-

burocracia/livro_burocracia_diagramacao_final.pdf Acesso em: 30 nov. 2016.

IDIS. Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social. IDIS lança a segunda parte da

pesquisa Doação Brasil 2016. Disponível em http://idis.org.br/idis-lanca-segunda-parte-da-pesquisa-

doacao-brasil/. Acesso em 10 Nov. 2016.

IDIS. Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social. Pesquisa Doação Brasil. Disponível em

http://idis.org.br/pesquisadoacaobrasil/. Acesso em 10 Nov. 2016.

ABONG. Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais. Tudo o que você precisa saber

antes de escrever sobre ONG´s. Disponível em http://www.mobilizadores.org.br/wp-

content/uploads/2016/03/23785.pdf. Acesso em 17 Nov. 2016.

FMV. Fundação Manuel Violante. Programa Gestão e Qualidade – Programa GQ Base. Disponível

em http://www.gestaoequalidade.pt/. Portugal. Acesso em 10 Jul. 2016.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. As Fundações Privadas e as Associações Sem

Fins Lucrativos no Brasil-2010. Rio de Janeiro. 2012.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Curso Pós-Graduação Gestão Social: Políticas

Públicas, Redes e Defesa de Direitos. Brasil. 2016.