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4 DOMINGO, 1 DE FEVEREIRO DE 2015capa DOMINGO, 1 DE FEVEEREIEIIRRRRRRREEIEIEIEIRORRRRRORORROO DE 2015
Contra excesso de mortes em ações policiais, lei prioriza uso de armas de menor potencial ofensivo e reforça a ilegalidade de disparar com arma de fogo contra pessoas que não ofereçam riscos
Rê Campbell e Sara Oliveira
Compartilhe: universal.org/31903
“A gente pede ‘pra’ parar, com o ‘giro’ ligado, o ‘bill’ e nada de
parar. Vocês esticaram, o que acontece? A gente vai fazer o quê?” O questionamento, re-gistrado pelas câmeras de um carro de patrulha da polícia do Rio de Janeiro, foi feito por um policial militar, após uma ação violenta que culminou na morte da jovem Haíssa Vargas Motta, de 22 anos.
O caso ocorreu no ano pas-sado, em Nilópolis, na Baixada Fluminense (RJ), e poderia ser apenas mais um entre tantos outros decorrentes de ações po-liciais. Mas não passou desper-cebido e ganhou repercussão nacional nas últimas semanas, quando as imagens foram di-vulgadas e a população tomou conhecimento sobre o que de fato havia acontecido naquela madrugada do dia 2 de agosto.
O ‘giro’, citado pelo policial, é o girofl ex, acessório lumino-so utilizado nos carros ofi ciais. Nas imagens também é possível ouvir o ‘bill’, a sirene. A perse-guição, que dura pouco mais de 20 segundos, tem uma sequên-
Uma tentativa de cessar-fogo
Regina Miki, secretária Nacional de Segurança Pública
do Ministério da Justiça
Nós também temos o aumento de policiais mortos. Estamos em um ciclo vicioso em que a violência gera mais violência. Sem dúvida, a polícia precisa de melhores condições paraa sua atuação
cia espantosa. Um dos policiais dispara dez tiros de fuzil contra o carro onde estão Haíssa e três amigos. Depois dos disparos, o veículo dos jovens reduz a velo-cidade e os policiais, fi nalmente, pedem para que parem o veícu-lo. Tarde demais.
A prática pouco responsável de atirar primeiro para pergun-tar depois tirou a vida de uma jovem. Para piorar ainda mais a situação, o policial transfere a culpa para as vítimas, ao justi-fi car que atirou a esmo porque o carro não parou. Até quando pessoas inocentes terão um fi m tão trágico assim?
Só em 2013, 2.212 pessoas foram mortas pelas polícias Civil e Militar no Brasil, se-gundo dados do 8º Anu-ário Brasileiro de Segu-rança Pública, relatório elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Isso represen-ta seis mortes por dia. Pelos dados, não é possível saber as circunstâncias de cada caso nem se todas as pes-soas mortas pela polícia o f e r e c i a m risco aos po-liciais.
Mudança possívelA Lei 13.060, sancionada
pela presidente Dilma Rousseff em dezembro do ano passado, pretende evitar que casos como o de Haíssa voltem a ocorrer. O texto disciplina o uso de ins-trumentos de menor potencial ofensivo pelos agentes de segu-rança pública no Brasil e de-termina o uso prioritário desses equipamentos. Armas de fogo não podem ser usadas contra pessoas em fuga que estejam desarmadas ou que não repre-sentem risco imediato à vida de agentes ou de terceiros. Veículos que desrespeitem o bloqueio policial também não podem ser alvo de
disparos, exceto se o ato repre-sentar risco de morte ou lesão aos agentes ou a terceiros.
Autor do texto que deu ori-gem à lei, o senador Marcelo Crivella (PRB; facebook.com/marcelocrivella) lembra que ela ainda será regulamenta-da pelo governo para de-fi nir a utilização dessas armas. “Esses ins-trumentos
AG. O
DIA
Policiais militares do Rio de Janeiro em ação no Complexodo Alemão