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6 capa DOMINGO, 1 DE FEVEREIRO DE 2015 A lei é mais um passo para a mudança você sabia? 3.209 brasileiros estão encarcerados por tráfico de drogas em prisões de países estrangeiros, segundo informa o Ministério das Relações Exteriores. No mundo, o país com mais brasileiros detidos por esse crime é a Espanha, com 150. No entanto, os Estados Unidos mantêm 726 brasileiros presos por diversos crimes principal, que é proteger o ci- dadão. “Os policiais são nossos servidores, não pode ser natural pagar a bala que mata nossos fi- lhos. A gente quer uma polícia cidadã, não assassina, tortura- dora, que abusa do poder.” O movimento reivindica o direito à verdade e à justiça para filhos e amigos assassinados. Débora alerta que os ins- trumentos de baixo poder letal também podem ser perigosos se usados de forma irresponsável. “A lei é bem-vinda, mas as armas não letais podem ser letais ou fe- rir gravemente, como no caso do Senador Marcelo Crivella, autor da Lei 13.060/14 Em cada Estado do Brasil, a polícia deverá adquiri- los e treinar seu efetivo para usar prioritariamente esses artefatos Sérgio (ela se refere ao repórter fotográfico Sérgio Silva, que teve o olho esquerdo atingido por bala de borracha em manifesta- ção em 2013 e perdeu a visão). Não atiraram aleatoriamente, foi certeiro”, exemplifica. O sociólogo Pedro Bodê defende que só a fiscalização é capaz de evitar o uso indiscrimi- nado dos equipamentos de me- nor potencial ofensivo. “Deve haver controle dessas armas, do número de tiros, da forma de uso e em que circunstâncias foram usadas.” Para ele, a violência é uma das principais características da sociedade brasileira e as situa- ções do cotidiano costumam ser resolvidas com agressão física, não por meio do diálogo. O senador Marcelo Crivella conclui que o fim da violên- cia no Brasil depende de uma mudança cultural em vários aspectos. Isso não vai aconte- cer de uma hora para a outra, mas a lei pode ser mais um pas- so. “Um deles é acabar com o número absurdo de mortes de inocentes em confrontos com a polícia ou mortes de perse- guidos que poderiam ter sido abordados e, eventualmente, presos. Mas a lei que acabamos de aprovar não é suficiente. A desigualdade social é outro fa- tor de violência e a sociedade precisa se redimir disso”. DIVULGAÇÃO m e- do te , os A a- de

Cessar-fogo_parte 3

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6 capa – DOMINGO, 1 DE FEVEREIRO DE 2015

A lei é mais um passo para a mudança você

sabia?

3.209brasileiros estão

encarcerados por tráfi co de drogas em prisões de

países estrangeiros, segundo informa o Ministério das Relações Exteriores. No mundo, o país com mais brasileiros detidos por

esse crime é a Espanha, com 150. No entanto, os Estados Unidos mantêm 726 brasileiros presos por

diversos crimes

principal, que é proteger o ci-dadão. “Os policiais são nossos servidores, não pode ser natural pagar a bala que mata nossos fi -lhos. A gente quer uma polícia cidadã, não assassina, tortura-dora, que abusa do poder.” O movimento reivindica o direito à verdade e à justiça para fi lhos e amigos assassinados.

Débora alerta que os ins-trumentos de baixo poder letal também podem ser perigosos se usados de forma irresponsável. “A lei é bem-vinda, mas as armas não letais podem ser letais ou fe-rir gravemente, como no caso do

Senador Marcelo Crivella, autor da Lei 13.060/14

Em cada Estado do Brasil, a polícia deverá adquiri-los e treinar seu efetivo para usar prioritariamenteesses artefatos

Sérgio (ela se refere ao repórter fotográfi co Sérgio Silva, que teve o olho esquerdo atingido por bala de borracha em manifesta-ção em 2013 e perdeu a visão). Não atiraram aleatoriamente, foi certeiro”, exemplifi ca.

O sociólogo Pedro Bodê defende que só a fi scalização é capaz de evitar o uso indiscrimi-nado dos equipamentos de me-nor potencial ofensivo. “Deve haver controle dessas armas, do número de tiros, da forma de uso e em que circunstâncias foram usadas.”

Para ele, a violência é uma

das principais características da sociedade brasileira e as situa-ções do cotidiano costumam ser resolvidas com agressão física, não por meio do diálogo.

O senador Marcelo Crivella conclui que o fi m da violên-cia no Brasil depende de uma mudança cultural em vários aspectos. Isso não vai aconte-cer de uma hora para a outra, mas a lei pode ser mais um pas-so. “Um deles é acabar com o número absurdo de mortes de inocentes em confrontos com a polícia ou mortes de perse-guidos que poderiam ter sido abordados e, eventualmente, presos. Mas a lei que acabamos de aprovar não é sufi ciente. A desigualdade social é outro fa-tor de violência e a sociedade precisa se redimir disso”.

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