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A prática psicanalítica com Lacan Coordenação Alexandre Simões Tema de hoje: O sujeito do inconsciente (referência Seminário 11 – Do sujeito da certeza, pp. 33- 44) ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.

2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 5: O sujeito do inconsciente (referência Seminário 11 – Do sujeito da certeza)

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CURSO A prática psicanalítica com Lacan (conduzido pelo psicanalista Alexandre Simoes – [email protected]) Proposta: buscaremos percorrer a interlocução que Jacques Lacan estabelece com Freud, enfatizando a prática cotidiana da psicanálise, especialmente no que se refere à condução das demandas contemporâneas que chegam ao analista. Para tal, neste momento, acompanharemos as lições iniciais do Seminário 11 de Lacan, onde são apresentados quatro conceitos fundamentais para a condução de uma análise: inconsciente, repetição, transferência e pulsão.

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A prática psicanalítica com

Lacan

Coordenação Alexandre Simões

Tema de hoje:

O sujeito do inconsciente

(referência Seminário 11 – Do sujeito da certeza, pp. 33- 44)

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“Vocês concordarão comigo em que o um que é introduzido pela experiência do inconsciente é o um da fenda, do traço, da ruptura” (p.30)

E isto repercute diretamente sobre a escuta do analista, o manejo da transferência, a direção do tratamento.

O Um da fenda, do não-todo ( -> Unbewusste)

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Sincronia de conceitos para dar conta desta fenda (que, alguns anos mais adiante, será abordada de uma forma

lógica, na figura do não-todo)

falta-a-ser

hiância

hiância pré-ontológica

“... ele *o conceito de inconsciente+ não é ser nem não-ser, mas é algo de não realizado” (p.34)

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“É notável que o que se anunciava como uma abertura infernal tenha sido, na sequencia, também notavelmente assepticizado.”

(p. 34)

Lacan alerta aos analistas

quanto à tendência à

não se escutar o

inconsciente:

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Sob quais modos esta tendência a não se ouvir o inconsciente se apresenta hoje, entre nós?

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Abertura e fechamento do Inconsciente:

Operação de sutura (cf. 28)

“ O que é ôntico na função do inconsciente, é a fenda por onde esse algo, cuja aventura em nosso campo parece tão curta, é por um instante trazida à luz - por um instante, pois o segundo tempo,

que é de fechamento, dá a essa apreensão um caráter evanescente.” (p. 35)

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esta pulsação, ao ver de Lacan, comporta uma demarcação inédita:

“Onticamente então, o inconsciente é o evasivo - mas conseguimos cercá-lo numa estrutura, uma estrutura temporal, da qual se pode dizer

que jamais foi articulada, até agora, como tal.” (p. 36)

Inconsciente como EVASIVO:

Instante de ver (onde algo é sempre elidido,

senão perdido)

Momento

(onde algo é sempre não-concluído, dando a impressão de

uma recuperação malograda)

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Gradativamente, Lacan assumindo o compromisso inicial de explorar os fundamentos da Psicanálise, vai desenvolvendo os

contornos de alguns conceitos

Nesta terceira lição (29/01/1964),

Lacan aborda a transferência e a repetição: TRANSFERÊNCIA

REPETIÇÃO

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Os 4 conceitos fundamentais da Psicanálise:

SUJEITO

INCONSCIENTE

TRANSFERÊNCIA

REPETIÇÃO

PULSÃO

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Sujeito dividido:

“... é o sujeito que está interessado no campo do inconsciente” (p. 41)

“Em suma, Freud está seguro de que esse pensamento está lá, completamente sozinho de todo o seu eu sou, se assim podemos dizer, - a

menos que, este é o salto, alguém pense em seu lugar.” (p. 39)

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Para melhor localizarmos o que Lacan aborda sob o título de ‘sujeito do inconsciente’, temos de voltar ao

objeto:

“... A verdade do sujeito, mesmo quando ele está em posição de mestre, não está nele mesmo, mas, como a análise o demonstra, num objeto,

velado por natureza...” (p. 13)

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A dimensão da linguagem (os significantes);

A dimensão do objeto (o a-significante);

Não são duas coisas ou substâncias distintas que

nos habitam.

São dois atributos que se descompletam mutuamente

e que fazem de nós o que somos; ALEXANDRE

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Se o sujeito (por conta de seu atrelamento ao significante) nós

sabemos, em certa, medida o que é, o que produz, em que implica ...

o objeto é aquilo que faz parte de mim, me faz ser irremediavelmente diferente de qualquer outro e que, contudo, eu não sei muito bem o que é, no que implica, o que promove

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Neste sentido, o analista deve considerar (orientando-se por Lacan) que o objeto é sempre evasivo quanto a uma imagem:

por exemplo, Lacan enfaticamente

propôs o olhar como objeto

exatamente porque ele é aquilo que da

nossa própria imagem não se deixa ver.

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Para localizarmos a função do objeto em Lacan e, sobretudo, a articulação entre Lacan e Freud, neste aspecto:

temos de considerar o percurso que vai da ‘falta do objeto’ ao

‘objeto da falta’

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A base freudiana da falta do objeto: em 3 tempos

Freud, (bem inicialmente, em 1895), propõe que a primeira experiência de satisfação deixa marcas (traços) no psiquismo. Primeiro tempo: o protótipo de toda a experiência: quando alguma experiência de desconforto se impõe ao bebê, há um grito. O outro, toma o grito como apelo e, assim, o relaciona a uma falta (fome, dor, frio, etc.). A princípio, o que é recebido, oferece uma forma de satisfação diante do desconforto. Este encontro deixa um resto: o traço (marca). Segundo tempo: o ressurgimento do incômodo denuncia que o objeto já não mais está lá e, assim, possibilita primeiramente que o traço de satisfação da experiência anterior seja investido e o objeto se apresente alucinatoriamente. Entretanto, a manutenção do incômodo indica a precariedade da revivência alucinatória do objeto. Quando um outro objeto é oferecido à criança, há a discrepância entre este objeto e o objeto alucinado. Terceiro tempo: ao longo da vida, há uma tentativa de reencontro da primeira experiência. Mas, notemos: essa primeira experiência é mítica,. O que fica dela é um resto e a demarcação de um ponto de furo no psiquismo, que causa no sujeito a busca de um reencontro, um reencontro do objeto perdido. Essa parte que se perde da primeira experiência de satisfação, Freud a chamou de das Ding. Das Ding é o vazio por excelência, que não pode ser preenchido por nenhum outro objeto.

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Daí, a crucial afirmação de Lacan no

seminário 11:

“O objeto a é algo de que o sujeito, para se constituir, se separou como órgão.”

(Lacan, Seminário 11, p. 101)

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Prosseguiremos com

Significante e estrutura (referência Seminário 11 – Da rede dos significantes, pp. 45- 54)

Até lá!

Acesso a este conteúdo:

www.alexandresimoes.com.br

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