A segurança do trabalho em minas de carvão agindo na prevenção da pneumoconiose

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  • 1.UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESCCURSO DE ESPECIALIZAO EM ENGENHARIA DE SEGURANA DOTRABALHOANTRO MAFRA JNIORMRIO SRGIO MADEIRAA SEGURANA DO TRABALHO EM MINAS DE CARVO AGINDONA PREVENO DA PNEUMOCONIOSE - REGIO CARBONFERADE SANTA CATARINACRICIMA, JUNHO DE 2005

2. 2ANTRO MAFRA JNIORMRIO SRGIO MADEIRAA SEGURANA DO TRABALHO EM MINAS DE CARVO AGINDONA PREVENO DA PNEUMOCONIOSE - REGIO CARBONFERADE SANTA CATARINAMonografia apresentada Diretoria de Ps-graduao da Universidade do Extremo SulCatarinense - UNESC, para a obteno dottulo de especialista em Engenharia deSegurana do Trabalho.Orientador: Prof. Msc. Casimiro Pereira JuniorCRICIMA, JUNHO, 2005 3. 3ANTRO MAFRA JNIORMRIO SRGIO MADEIRAA SEGURANA DO TRABALHO EM MINAS DE CARVO AGINDO NAPREVENO DA PNEUMOCONIOSE - REGIO CARBONFERA DE SANTACATARINAMonografia apresentada Diretoria de Ps-graduao da Universidade do Extremo SulCatarinense - UNESC, para a obteno dottulo de especialista em Engenharia deSegurana do Trabalho.Cricima, 21 de Maio de 2005.BANCA EXAMINADORA:Prof. Msc. Casimiro Pereira Jnior - (UFSC) - OrientadorProf. Msc. Rafael Murilo Digicomo - (UFSC)Prof. Msc. Marcelo Fontanella Webster - (UFSC) 4. 4AGRADECIMENTOSAgradecemos a todos os professores peladedicao, e transferncia de conhecimentos. Aosprofissionais e empresas aqui citados.E nossos familiares, em especial as esposas e filhosque nos apoiaram em todos os momentos. 5. 5RESUMOA extrao do carvo mineral uma das principais atividades da regio sul de SantaCatarina. A Regio Carbonfera de Santa Catarina composta de dez municpios,sendo responsvel por quase 80% da produo nacional de carvo mineral. Aextrao ocorre em minas subterrneas, onde so gerados poeira e gases,causando uma doena profissional, tpica e comum entre os mineiros, a"Pneumoconiose dos mineiros de carvo". Neste trabalho apresentamos o histricoda extrao do carvo, das tcnicas utilizadas e dos riscos ocupacionais.Abordamos a pneumoconiose desde sua descrio na literatura mdica, incidncia easpectos clnicos, at os dias atuais, nmero de casos, tarefas da minerao atualque ainda permite grande risco de exposio, as formas de controle utilizadas noBrasil, e, de maneira crtica, sua eficcia. Conclumos com sugestes para o controleda contaminao desta atividade produtiva, com o objetivo de contribuir para amelhora na qualidade da higiene e segurana do trabalho em ambientes deexplorao do carvo mineral.Palavras chave: Pneumoconiose; Carvo Mineral; Regio Carbonfera de SantaCatarina; Poeiras em minas de carvo; Segurana do trabalho em minas. 6. 6LISTA DE FIGURASFigura 1: Mtodo Strip Mining Mina a Cu Aberto..........................................Figura 2: Foto Mina Subterrnea..........................................................................Figura 3: Processo de Beneficiamento do Carvo Mineral..................................Figura 4: Carregadeira para operao em minas subterrneas Bobcat. Minasemimecanizada...................................................................................................Figura 5: Monitoramento de Oxignio e Gases....................................................Figura 6: Airborne capture performance of four types of spray nozzles..............161919234147 7. 7LISTA DE TABELASTabela 1: Descrio do ambiente de trabalho de acordo com a base tcnica....Tabela 2: Relatrio de ocorrncia de pneumoconiose........................................Tabela 3: Continuao da tabela anterior............................................................Tabela 4: Nmero de empregados no setor da minerao de extrao decarvo mineral......................................................................................................25353637 8. 8LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLASBC Bronquite CrnicaCBCA Companhia Brasileira de Carvo AraranguaenseCID Cdigo Internacional da DoenaCO Monxido de CarbonoCSN Companhia Siderrgica NacionalEPI Equipamentos de Proteo IndividualFMP Fibrose Macia ProgressivaINSS Instituto Nacional de Seguro SocialOIT - Organizao Internacional do TrabalhoPTC Pneumoconiose de Trabalhadores de CarvoSIECESC Sindicato da Industria de Extrao de Carvo do Estado de SC 9. 9SUMRIO1 INTRODUO.....................................................................................................1.1 Tema da Pesquisa: Pneumoconiose nos trabalhadores de minas decarvo....................................................................................................................1.2 Problema..........................................................................................................1.3 Objetivos.........................................................................................................1.3.1 Objetivo geral..............................................................................................1.3.2 Objetivos especficos..................................................................................1.4 Justificativa.....................................................................................................1.5 Limitao.........................................................................................................2 FUNDAMENTAO TERICA..........................................................................2.1 O carvo mineral de Santa Catarina.............................................................2.2 O processo de extrao de carvo...............................................................2.2.1 A extrao do carvo a cu aberto............................................................2.2.2 A extrao de carvo em subsolo.............................................................2.3 O ambiente das minas....................................................................................2.4 A pneumoconiose dos trabalhadores de carvo........................................2.4.1 Histrico.......................................................................................................2.4.2 Conceitos......................................................................................................2.4.3 Incidncia.....................................................................................................2.4.5 Prevalncia..................................................................................................11111313131314141515151516202525273031 10. 103 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS............................................................3.1 Natureza...........................................................................................................3.2 Mtodo..............................................................................................................3.3 Caracterizao................................................................................................4 APRESENTAO E ANLISE DOS DADOS...................................................4.1 Monitoramento da poeira em suspenso.....................................................4.2 Ventilao........................................................................................................4.3 Proposta para a preveno da pneumoconiose..........................................4.4 Programa de proteo sade.....................................................................5 CONCLUSO.....................................................................................................REFERNCIAS......................................................................................................ANEXOS.................................................................................................................ANEXO 01 O CARVO MINERAL.....................................................................ANEXO 02 - NORMA TCNICA PARA AVALIAO DA INCAPACIDADE........ANEXO 03 - FOTOGRAFIA DA VISITA A EMPRESA MINERADORA DECARVO MINERAL..............................................................................................333333333541434648495154556772 11. 111 INTRODUO1.2 Tema da Pesquisa: Pneumoconiose nos trabalhadores de minas decarvoA regio Sul de Santa Catarina apresenta uma atividade extremamentepeculiar no cenrio de produo nacional. Aqui se encontram as jazidas de carvomineral, cuja extrao foi atividade econmica pioneira na regio, que proporcionouprincipalmente cidade de Cricima tornar-se destaque no cenrio brasileiro.A minerao de carvo fixou na regio uma categoria especial detrabalhador: o mineiro, cujo trabalho apresenta caractersticas que difere dasocupaes dos demais operrios, j que sua atividade no subsolo est longe de serum ambiente natural de trabalho. Sua atuao nica, em razo do processoprodutivo ser extremamente dinmico, modificando a cada momento as frentes detrabalho e expondo os trabalhadores da minerao a situaes novas. O ambientedas minas subterrneas apresenta ventilao forada, ausncia de iluminaonatural e inadequada iluminao artificial.O trabalho de extrao de carvo se desenvolve em espaos restritos,sujeitos ao calor, umidade, poeira, aos gases, aos rudos e vibraes. Apresentaevidencia elevado risco potencial de acidentes, quer pelos possveis e freqentescaimentos de tetos, quer pela viabilidade de incndios, por exploses de gases e/oupoeiras.A minerao est includa entre as atividades de maior insalubridade epericulosidade (grau de risco 04), pelo Ministrio do Trabalho e pela OrganizaoInternacional do Trabalho (OIT), resultado das caractersticas prprias do seu 12. 12processo atual de produo, podendo ocasionar graves danos sade dotrabalhador, como por exemplo: Alta incidncia de doenas respiratrias devido liberao de dixidode enxofre, monxido de carbono (mquinas), e outros gases (explosivos). A antracosilicose - Pneumoconiose nos mineiros das minas de carvo. Asma ocupacional e bronquite industrial.A pneumoconiose uma doena crnica, adquirida pela inalao departculas slidas, de origem mineral ou orgnica. No tem cura e apresentamanifestaes tardias, entre cinco e oito anos aps a exposio s poeiras. Por setratar de uma doena incurvel, diante do diagnstico, o trabalhador deve serafastado da sua atividade, sendo remanejado para outra funo.Somente na Regio de Cricima h atualmente mais de 3.000 casos depneumoconiose registrados. Destes, mais de 100 apresentam Fibrose PulmonarMacia, forma invalidante e fatal da doena. O tempo mdio para o aparecimento dapneumoconiose depende da funo do mineiro. Na funo de furador de teto, comapenas cinco anos pode se desenvolver a doena.Estudos realizados pelos mdicos, Albino Jos de Souza, Pneumologista,Valdir de Lucca, Radiologista e Srgio Alice, Patologista, alertam para a importnciada proteo respiratria, principalmente pela exposio excessiva do trabalhador emambientes com o ar altamente contaminado das minas de Carvo. Na dcada de 80,a publicao destes trabalhos provocou a mudana no processo de minerao, coma introduo da gua na frente de trabalho, o que mudou completamente o quadrode incidncia da pneumoconiose na regio carbonfera de Santa Catarina.Os captulos da pesquisa versam sobre o carvo, o carvo na RegioCarbonfera de Santa Catarina, o ambiente das minas de carvo; temas que setornam relevantes para o estudo da pneumoconiose dos trabalhadores do carvo, 13. 13principal temtica de estudo deste trabalho.1.2 ProblemaQue procedimentos podem reduzir a incidncia da pneumoconiose nostrabalhadores das minas de carvo?1.3 Objetivos1.3.1 Objetivo geralPropor mtodos preventivos para reduo, e ou, eliminao do risco deaquisio da pneumoconiose nas minas subterrneas de carvo.1.3.2 Objetivos especficos Identificar as caractersticas e propriedades do carvo mineral. Caracterizar o ambiente cotidiano de trabalho nas minas subterrneasde carvo da Regio Sul de Santa Catarina. Pesquisar a incidncia da pneumoconiose na populao detrabalhadores das minas de carvo. Propor mtodos para o controle da poeira gerada nas minas de carvo. 14. 141.4 JustificativaA iniciativa de realizar este trabalho surgiu da vivncia junto extrao docarvo mineral em nossa regio. Esta atividade produtiva, junto com a riquezatrouxe degradao ambiental e danos irreparveis a sade dos trabalhadores dasminas.A doena do trabalho mais relevante a pneumoconiose dostrabalhadores do carvo, que ainda hoje se manifesta nos trabalhadores daminerao. Surgiu ento ha necessidade de apresentar um estudo com dadosatuais da doena e sugestes tcnicas para melhorar as condies dos ambientesde trabalho nas minas da regio carbonfera.1.5 LimitaoA pesquisa realizada neste trabalho foi baseada em estudos na RegioCarbonfera de Santa Catarina, localizada na regio sul do estado de SantaCatarina, que compreende dez municpios: Cricima, Forquilhinha, Siderpolis,Treviso, Lauro Mller, Urussanga, Morro da Fumaa, Cocal do Sul, Iara e NovaVeneza.Realizamos visitas tcnicas na Empresa COOPERMINAS, cooperativa deextrao de carvo. A empresa, fundada em 1998, funciona como cooperativa dosfuncionrios do carvo mineral, a partir da falncia da empresa CBCA (CompanhiaBrasileira de Carvo Araranguaense), localizada no municpio de Forquilhinha/SC. 15. 152 FUNDAMENTAO TERICA2.1 O carvo mineral de Santa CatarinaEm Santa Catarina, o incio das atividades carbonferas aconteceu nofinal do Sculo XIX, realizadas por uma companhia britnica que construiu umaferrovia e explorava as minas. Em 1885 foi inaugurado o primeiro trecho da ferroviaDona Tereza Cristina, ligando Lauro Mller ao Porto de Laguna (anexo 01).Desde ento o carvo catarinense vem sendo explorado e utilizado tantopela siderurgia nacional, como para gerao de energia termoeltrica,principalmente pela Usina Termoeltrica Jorge Lacerda, localizada em Capivari deBaixo-SC.A seguir descreveremos os dois processos de extrao do carvo mineral,realizados na Regio Carbonfera de Santa Catarina.2.2 O processo de extrao de carvo2.2.1 A extrao do carvo a cu abertoA minerao a cu aberto utilizada quando a camada localiza-seprxima da superfcie, geralmente a menos de 30 metros de profundidade. Nestaforma de extrao mquinas de grande porte rasgam o solo at alcanar o veio decarvo, havendo remoo de toda a cobertura rochosa e solo a ele sobreposto. Acamada de carvo exposta finalmente desagregada por perfurao e exploso. 16. 16Apesar de responsvel por grande devastao do meio ambiente estaforma de minerao gera menos poeiras respirveis do que a minerao de subsolo,conseqentemente com menor risco de gerar pneumoconiose.Figura 1: Mtodo Strip Mining Mina a Cu AbertoFonte: Arquivo dos pesquisadores2.2.2 A extrao de carvo em subsoloConforme a forma de ser atingida a camada de carvo das minas desubsolo podem ser classificadas em minas de encosta, em plano inclinado ou poovertical.Nas minas de encosta a camada de carvo encontra-se acessvel pelaescavao praticamente horizontal da galeria, a partir de elevao topogrfica. Nasminas de plano inclinado camada de carvo est em pequena profundidade, sendoalcanado pela perfurao de galeria com pequena inclinao.Para que seja atingida a camada de carvo profunda necessria 17. 17escavao de poo vertical. A partir deste a minerao faz-se no sentido horizontal.A extrao de carvo pode ser feita de maneira manual, semimecanizadaou mecanizada.No processo manual a camada de carvo perfurada por meio deponteiras e picaretas, e fragmentada com uso de explosivos. Este material separado manualmente e transportado em vagonetes.No processo semimecanizado a camada de carvo passa a ser perfuradacom perfuratrizes a ar comprimido. A desagregao das rochas obtida porexploso, o resultado sendo transportado por esteiras apropriadas.Na forma mecanizada, cada vez mais comum, os processos principaisso executados por mquinas potentes. Num primeiro momento esta forma deminerao cursou com aumento da gerao de poeiras respirveis. Com a adoode mtodos mais efetivos de ventilao e principalmente pelo uso da gua em todaa cadeia extrativa, as concentraes de poeira em suspenso dentro das minasforam bastante reduzidos.O mtodo de minerao atualmente utilizado denomina-se cmaras epilares, com etapas definidas e grupos de trabalhadores atuando consecutivamente.As galerias tm aproximadamente 6 metros de largura e altura compatvelcom a camada vivel de carvo, mantendo-se entre elas pilares deaproximadamente 14 metros de dimetro. Estes pilares sustentam todas ascamadas geolgicas que ficam acima do filo de carvo.Inicialmente as galerias devem ter seus tetos fixados para que sejamevitados desmoronamentos. Grandes mquinas perfuratrizes ou mineiros comperfuratrizes a ar comprimido fazem furos verticais por onde so introduzidosparafusos apropriados, fixados na sua extremidade inferior a pranchas de madeiraou metal que do sustentao ao teto. 18. 18Buscando segurana estes parafusos so fixados em camadas de rochascom maior consistncia, geralmente arenitos, rochas sedimentares ricas em slica.Neste estgio so geradas poeiras com altas concentraes deste mineral, e ostrabalhadores envolvidos nesta funo, mais sujeitos ao desenvolvimento depneumoconiose.Atualmente a perfurao do teto processa-se com a injeo de gua pelaprpria sonda perfuratriz.Na poca da extrao no mecanizada o escoramento do teto era feitoatravs de pilares de madeira, e, sem a furao do teto rico em slica, havia menorexposio dos mineiros.Escorado o teto, inicia-se o corte da camada na frente da galeria. Aps ocorte e exposio da nova frente de trabalho so abertos orifcios horizontais ondeso alojados os explosivos.Aps a detonao da linha de frente, veculos especiais retiram o materialdesagregado, mistura de carvo e outras rochas sedimentares, como arenitos esiltitos, levando-os para correias transportadoras, por onde atingem a superfcie.Em minas altamente mecanizadas despende-se aproximadamente 2horas entre o incio da perfurao do teto e a colocao do material extrado nascorreias transportadoras.As feies geolgicas das jazidas definem o traados dos vrios eixos,todos ligados ao principal. Os mineiros trabalhadores seguem a rota dos eixos e asgalerias vo se alongando, num percurso de at 3 (trs) ou 4 (quatro) Km2(VOLPATO, 1984) (Figura 2). 19. 19Figura 2: Foto Mina SubterrneaFonte: Arquivo dos pesquisadoresVrias galerias podem estar sendo mineradas concomitantemente.O carvo extrado das minas a cu aberto e subsolo, sofrem seu primeiropr-beneficiamento nos lavadores das prprias carbonferas.Este processo elaborado para retirar as impurezas, com umaproveitamento de 30% do material retirado (carvo pr-lavado), os 70% restantesso classificados como rejeitos piritosos (Figura 3). Estes rejeitos classificados comofinos ou moinha, so recuperadas e enviadas as coquerias para a fabricao decoque.Figura 3: Processo de Beneficiamento do Carvo MineralFonte: Arquivo dos pesquisadores 20. 202.3 O ambiente das minasA indstria do carvo no se assemelha s demais empresas. Difere-sedelas j na forma de construo das unidades produtoras.As minas de carvo estendem-se enterradas a uma profundidade entre 50a 200 metros; na superfcie ficam os vestirios, algumas oficinas e escritrios. Essaindstria tem menos instalaes e mais equipamentos mveis que, com seusoperadores avanam pelas galerias que abrem o subsolo retirando o produto domeio da rocha, que o carvo de pedra (BARAN, 1995).Na Regio Carbonfera, o sistema de minerao de cmaras e pilares,e h trs tipos de minas: manual, semimecanizada e mecanizada. O processo detrabalho das minas, o acesso s galerias se faz atravs de poo, por elevadores oudo plano inclinado (BARAN, 1995).O conjunto de cmaras e pilares formam os painis onde esto as vriasfrentes de trabalho. Os trabalhadores chegam s frentes a p, fazendo um percursode 1 a 4 Km, sendo que na maioria das mineradoras h meios de locomoo para otransporte dos mineiros. Os turnos so de seis horas com intervalos peridicos dequinze minutos para descanso e alimentao (VOLPATO, 1984).Quanto operao realizada nas minas manuais, segundo (ALVES,1996), a seqncia a seguinte:1 Escoramento do teto: realizado com prumos de madeiras (ps-direitose travesses), pelo madeireiro e/ou trilheiro que tambm realiza o avano dos trilhos.2 Furao de frente: realizada pelo furador, com marteletespneumticos, so executados de 8 a 15 furos a cada frente.3 Detonao ou desmonte: os detonadores carregam os furos comexplosivos, processando-se a detonao em seqncia. realizada uma detonao 21. 21em cada frente de trabalho por dia, em geral, no terceiro turno, quando ostrabalhadores j se retiraram das frentes.4 Limpeza das frentes ou paleao: realizada no primeiro turno depoisde baixada a poeira do desmonte, pelos mineiros puxadores ou paleadores que,esto em dupla e munidos com o carvo desmontado. Cada paleador tem uma cotamnima estipulada pela empresa, em geral de 10 a 13 vagonetas com cerca de 500Kg de capacidade cada, recebendo um adicional por vagoneta excedente. Como asgalerias so baixas, esse trabalho feito em posio encurvada. Aps encher cadavagoneta, o mineiro empurra a mesma pelos trilhos, numa distncia de 50 a 100metros at a galeria-mestra, engatando-a no cabo sem-fim, de onde ser tracionadaat o virador na superfcie. No cruzamento de duas galerias, existe uma chapametlica, o chapo, sob o qual colocada a vagoneta, permitindo a mudanas dedireo da mesma. As galerias estreitas e baixas propiciam os acidentes porcompresso durante essa manobra.Nas minas mecanizadas, ainda segundo (VOLPATO 1984), a seqnciade operao a descrita a seguir:1 Corte: o operador da mquina cortadeira inicia o processo de extraorealizando um corte de 2 a 3 metros de profundidade por 5 metros de largura nabase da camada de carvo. A cortadeira uma mquina com avanamentomecnico de cerca de 3 metros de comprimento, onde se insere uma lana tipomoto serra.2 Furao de frente: realizada pela perfuratriz mecnica operada por umtrabalhador.3 Detonao: realizada pelo blaster com espoletas, estopins eexplosivos de forma seqencial.4 Carregamento e transporte: aps o desmonte, a mquina Loader 22. 22recolhe o carvo com braos mecnicos e sistema de esteiras, e coloca noShuttlecar, que o transporta at o alimentador da correia, ocorrendo a trituraoprimria do carvo: do alimentador, o carvo passa para a correia que transporta ata superfcie; nestas etapas trabalham os operadores de mquinas e seus ajudantes,alm dos serventes de subsolo.5 Escoramento do teto: realizado pelo furador de teto e seu ajudante,com auxlio de marteletes pneumticos; aps perfurar o teto, colocam parafusos deferro com blocos de madeira. a operao de maior risco para o trabalhador, umavez que a camada do teto a que tem maior concentrao de slica em suacomposio; tambm de maior risco de caimento de pedras do teto e desabamentos.As perfuratrizes com avanos mecnicos diminuem o risco de desabamentos, poremso pouco utilizadas. Esse ciclo de operaes realizado em meia hora, sendorepetido de 12 a 16 vezes por turno, em cada frente de trabalho.Volpato (1984) acrescenta que o ciclo de operaes nas minassemimecanizadas semelhante ao das minas mecanizadas, com exceo ao corteda camada inferior do carvo que no realizado nas primeiras, a perfurao defrente que realizada com martelete pneumtico e a etapa de carregamento etransporte que realizada por uma mquina, o bobcat. Os bobcats (figura 04) sopequenas mquinas carregadeiras, com motor eltrico ligado, que se locomovem emrepetidas operaes de vaivm, carregando e transportando o carvo das frentesat as calhas transportadoras nas galerias laterais. 23. 23Figura 4: Carregadeira para operao em minas subterrneas Bobcat. MinasemimecanizadaFonte: Arquivo dos pesquisadoresDas calhas, o carvo transportado por esteiras at a correia-transportadora, localizada na galeria principal e da para a superfcie.No carregamento e transporte trabalham o operador de bobcats e ocabista. O operador de bobcat est exposto ao calor excessivo e trepidao domotor eltrico, gases e poeira, alm de permanecer por seis horas em posioantiergonmica, principalmente os membros inferiores. O cabista controla o cabo dobobcats meia distncia entre a frente e a galeria lateral, estando exposto a poeiras,gases de detonao, caimento de pedras, choque eltrico e monotonia da atividade.Nas calhas e correias trabalham os serventes, os marreteiros e os comandos decorreia, expostos a poeiras, deslocamento de pedras da correia e choque eltrico.Todos os trabalhadores esto expostos ao rudo (VOLPATO, 1984).Baran (1995), coloca que os Equipamentos de Proteo Individual (EPI)utilizados so: botas, capacetes, abafadores e mscaras nos trs tipos de mina;quanto proteo coletiva feita atravs do sistema de ventilao com exaustores e 24. 24umidificao das etapas que causam emisso de poeiras (furao de frente e deteto, carregamento e transporte).O controle da produtividade e do ritmo de trabalho exercido pelosencarregados, chefe de seo e chefes de turnos.Em resumo, as diferenas fundamentais entre os trs tipos de processode trabalho so: a durao do ciclo de operaes e o volume de carvo desmontadopor turno, desaparecimento da figura do mineiro que realizava todo o processo delavra substitudo por operadores de mquinas e trabalhadores em funes demanuteno e serventes de subsolo; a concentrao de atividades em conjuntosmecanizados com a operao simultnea de cada etapa em frentes de trabalho maisprximas uma das outras, caracterizando um processo tipo linha de montagem queexpe todos os trabalhadores, independentemente de sua funo, aos riscosambientais.Essas diferenas caracterizam a diviso do trabalho, a especializao e adesqualificao dos trabalhadores, a diviso das tarefas com a perda do domnio doprocesso e do ritmo do trabalho, forma de organizao, essa determinada pelaexigncia do aumento da produtividade e introduo de novas tecnologias, amecanizao neste caso. 25. 25Tabela 1: Descrio do ambiente de trabalho de acordo com a base tcnicaFATOR MANUAL SEMIMECANIZADA MECANIZADAIluminaoSuficiente (Extensoeltrica)Insuficiente (lanternas ebaterias nas frentes)Insuficiente (idem asemimecanizada)Temperatura Mdia a quenteconforme aprofundidadeAmena nas galeriasquente nas frentesMais elevado do queas demais frentesdevido s mquinasUmidade Conformecaractersticas (muita,moderada ou pouca)Idem mais umidificaodas poeirasIdem maisumidificao daspoeiras em maiorgrauCondies de solo Descontinuidade nosolo e parede,acmulos defragmentos deminrios e guaIdem IdemAltura e larguradas galeriasEstreitas e baixas Intermediria Mais amploRudo De impacto peladetonao intermitentedas perfuraescontnua dosexaustoresIdem, mas mquinas ecorreias-transportadorasIntenso pelasmquinas de grandeporte alimentador-quebradorPoeiras Remoo de volumeROM menor, gerandomenor quantidade depoeirasMaior concentraoproveniente dasfuraes, detonaes eremoo de grandescamadas de carvo porbobcatsAlta concentraode partculas nasfrentes de trabalhosInstalaesEltricasFios pa iluminao,bombas dgua eexaustoresFiao para iluminao,para comandos decorreias, cabos de altatenso, das bobcats edas bombas dguaFio para iluminao,mquinaslocomotivas, AT,exaustores, centrode transformaoGases Menor concentraoprprios da rocha,explosivos dasdetonaes,respirao humanaMaior concentrao Maior concentraodas cargas demotores decombusto orgnicaFonte: Baran (1995, p. 17-18).2.4 A pneumoconiose dos trabalhadores de carvo2.4.1 HistricoNo sculo XVI, j se descreviam as primeiras relaes entre trabalho e 26. 26doena, mas apenas em 1700, foi que se chamou ateno para as doenasprofissionais, quando o italiano Bernardino Ramazzini publicou o livro De MorbisArtificum Diatriba (As Doenas dos Trabalhadores). Nesta obra, ele descreveu,com extraordinria preciso para a poca, uma srie de doenas relacionadas commais de 50 profisses diferentes. Diante disso, Ramazzini foi cognominado o Pai daMedicina do Trabalho, e as perguntas clssicas que o mdico faz ao paciente naanammese clnica foi acrescentada mais uma: Qual a sua ocupao? (MARGOTTI,1998).A pneumoconiose dos trabalhadores do carvo foi descrita na Inglaterrapor Thompson em 1836.O nmero de casos de pneumoconiose aumentou muito com a ecloso da1 e 2 Guerra Mundial, tornou-se um problema epidmico principalmente no Pas deGales e Inglaterra, razo pela qual em 1945 criou-se uma unidade de pesquisa daspneumoconioses (BARAN, 1995).Tais medidas resultaram em estudos, preveno e queda significativa deprevalncia da pneumoconiose dos trabalhadores de carvo.No Brasil, os primeiros relatos de pneumoconiose datam de 1943 nasminas de So Gernimo e Buti no Rio Grande do Sul. Na bacia carbonfera sulcatarinense, o primeiro estudo foi de Manoel Moreira, do Departamento Nacional deProduo Mineral, Boletim n 92, publicado em 1952, que relatou 01 caso depneumoconiose. Em 1958, Raimundo Perez, radiologista de Cricima, reuniu 11casos de pneumoconiose.No perodo de 1969 a 1979, os mdicos Albino Jos de Souza Filho,pneumologista; Valdir de Lucca, radiologista; e Srgio Alice, patologista; fizeram umlevantamento na populao de mineiros e encontraram 536 casos depneumoconiose e estudaram a prevalncia, aspectos clnicos e classificao 27. 27radiolgica e histopatolgica nos casos de bipsia e necropsia, trabalho publicadono Jornal da Pneumologia em 1981.Os autores Souza Filho e Alice fizeram estudo de casos de fibrose maciapulmonar progressiva, correspondendo a 6% de 1.500 casos de pneumoconiose, dagrande maioria dos trabalhadores das minas de carvo, publicado no Jornal dePneumologia em dezembro de 1991.Souza Filho (1990) coloca que para os mineiros do mundo, aspneumoconioses em geral e a silicose em particular, constitui-se em um dos maisgraves problemas de higiene do trabalho com que tem de lutar e talvez o mais difcilde resolver. Em Santa Catarina, a Pneumoconiose dos mineiros do carvo umacombinao de Antracose e silicose, sendo a ltima a responsvel pela patologia.2.4.2 ConceitosPoeira: a suspenso de partculas slida no ar, gerada por rupturamecnica de um slido. As poeiras so geradas no manuseio de slidos a granel,como gros; na britagem ou moagem de minrios; na detonao para desmontes derochas; no peneiramento de materiais orgnicos e inorgnicos; e outros.Normalmente, tm tamanho de 0,1 m a 25 m.A maior parte das poeiras em indstrias formada por partculas detamanho muito variado, prevalecendo, numericamente, as menores, embora sejampercebidas apenas as de maior tamanho.A viso humana normal pode ver partculas de poeira acima de 50 m,entre 50 m e 10 m consegue-se perceber com um feixe luminoso intenso, e asmenores que 10 m, individualmente s podem ser vistas com auxlio de um 28. 28microscpio.Pneumoconiose: Pneumo pulmo; conis p. Com este nomegenrico so designados os estados patolgicos produzidos pela reteno da poeiranos pulmes.As principais pneumoconioses asbestose, pneumoconiose dos mineirosde carvo e silicose ocorrem tipicamente aps exposio contnua aconcentraes de poeira que no so mais legalmente permitidas em muitos pasesdesenvolvidos, inclusive os Estados Unidos.Silicose: definida como uma enfermidade devida respirao de arcontendo partculas de slica livre (SiO2), caracterizada por mudanas fibrticasgeneralizadas e desenvolvimento de uma nodulao invasiva e clinicamente por umdecrscimo da capacidade respiratria e da expanso torcica, diminuio dacapacidade para o trabalho, ausncia de febre, aumento de suscetibilidade tuberculose e imagem caracterstica no Raio X (MARGOTTI, 1998).Antracosilicose ou Pneumoconiose de trabalhadores de carvo -Reao pulmonar, no neoplsica por mineral ou ps-orgnicos. O acmulo dapoeira de slica livre e cristalina no pulmo provoca uma reao do organismo aessas partculas, e, como conseqncia, leva a uma fibrose pulmonar (comocicatrizes internas), a qual diminui a capacidade de trocas gasosas do pulmo(MARGOTTI, 1998).A exposio a poeiras de carvo mineral relaciona-se com apneumoconiose de trabalhadores de carvo PTC (FLETCHER apud MENDES,1995), fibrose macia progressiva FMP (COCHRANE apud MENDES, 1995),bronquite crnica BC (HIGGINS e COLS., apud MENDES, 1995; TAE, WALKER &ATTFIELD apud MENDES, 1995) e enfisema pulmonar (RYDER e cols., apudMENDES, 1995; COCKCROFT e cols., apud MENDES, 1995). Estas entidades 29. 29podem ocorrer de forma isolada ou combinada, embora sejam raros os casos deFMP em fundo radiolgico normal.A etiologia da PTC permanece indefinida. A poeira do carvo umamistura complexa contendo diferentes propores de minerais, elementos trao esubstncias orgnicas.Os tipos de leses patolgicas observadas na PTC dependem de vriosfatores, como dose e durao da exposio, tamanho das partculas, tipo de carvoe concentrao de slica, presena de outros minerais e resposta individual.Considera-se a exposio cumulativa a poeiras respirveis como oprincipal fator condicionante da incidncia e progresso da PTC.A PTC apresenta uma forma simples com leses maculares e nodulares(microndulos com at 7 mm de dimetro e macrondulos, com 7 a 20mm dedimetro) e uma forma complicada chamada de Fibrose Macia Pulmonar (FMP).Fibrose Pulmonar Macia (FMP) Forma complicada da PTC, quandoos ndulos ultrapassam 2 cm de dimetro. Os ndulos consistem de macrfagoscarregados de poeira de carvo dentro de um estroma de colgeno e reticulina. Osfatores responsveis pela progresso da forma simples da PTC para a formacomplicada no esto bem definidos.A FMP uma grave complicao da PTC, pois se associa a dispnia,alteraes funcionais respiratrias (GILSON & HUGH-JONES apud MENDES, 1995)e mortalidade aumentada (COCHRANE e COLS apud MENDES, 1995; COCHRANEapud MENDES, 1995).A pneumoconiose pode-se apresentar ainda em trs formas distintas aForma Aguda, Forma Acelerada e Forma Crnica. Sendo que se conceitua comoforma aguda, a pneumoconiose que se manifesta clnica e radiologicamente commenos de cinco anos do incio da exposio. Entre cinco a dez anos do incio da 30. 30exposio como forma acelerada e forma crnica com mais de dez anos deexposio. A forma crnica pode aparecer anos aps a cessao da exposio.A fibrose irreversvel e, mesmo se afastado o trabalhador, esta continuaprogredindo e culminando na morte por insuficincia respiratria.O controle mdico faz-se por radiografias de trax, semestralmente, e seaparecer um mnimo sinal de fibrose, afasta-se imediatamente o trabalhador daexposio, e ele submetido a uma srie de exames complementares que so osseguintes: ultra-som, tomografia computadorizada, ressonncia magntica. Se otrabalhador for afastado em estgio muito inicial, a doena ter uma progressomuito lenta (dezenas de anos), e, portanto, poder ele levar vida normal.2.4.3 IncidnciaA incidncia da pneumoconiose dos trabalhadores do carvo variaconforme a composio geolgica do solo e o tipo de minerao empregada naextrao do minrio (MARGOTTI, 1998).Outros fatores, como sensibilidade individual, o tipo de atividade exercidapelo trabalhador na mina de carvo, o tempo de exposio s poeiras eprincipalmente a concentrao de poeiras no local de trabalho so fatorespreponderantes na incidncia da doena (MARGOTTI, 1998).Entre os trabalhadores nas minas de carvo, os que mais se expem soaqueles que exercem atividades nas frentes de servios, devido grandeconcentrao de poeiras nessas funes, como: furador de frente e de teto, ajudantedos furadores e operadores de mquinas, so os mais suscetveis doenaprofissional.Na Regio Sul de Santa Catarina foram encontrados em torno de 3.600 31. 31casos de pneumoconiose dos trabalhadores de carvo at o ano de 1995.O tempo mdio do surgimento da doena e diagnstico tem sido em tornode 10 anos de atividades. Porm se levarmos em conta a categoria dos mineirosfuradores e operadores de mquinas o aparecimento da doena cai para 5 anos. Afaixa etria mais atingida a compreendida entre 30 e 40 anos de idade.Em 1991, foram descritos 92 casos de FMP no Brasil (SOUZA FILHO &ALICE, 1991), dos quais 50 eram provenientes da minerao de carvo (sete comexposio mista a carvo e fluorita), com uma mortalidade de 1/3 dos casos em atseis anos de observao.Embora a incidncia dessas doenas esteja declinando, ainda soobservados casos em locais onde as indstrias produziram historicamente elevadasexposies a poeiras, bem como casos sentinela, sinalizando exposiesocupacionais no-suspeitas e no-controladas.2.4.5 PrevalnciaA PTC tem uma prevalncia pontual de 5,6% entre mineiros ativos noBrasil com um tempo mdio de exposio em torno de oito a nove anos. No seconhece a prevalncia verdadeira da doena, uma vez que no h estudosnacionais que envolvam ex-mineiros. Apesar de a populao exposta ser pequenano momento, a PTC constitui-se em srio problema de sade pblica na regiocarbonfera, e as curvas de probabilidade de adoecimento so muito mais graves doque dados provenientes, principalmente, da Gr-Betanha e Alemanha (ALGRANTIapud SOUZA FILHO, 1991).Na Regio Sul de Santa Catarina, a prevalncia que era de 5 a 8% com aminerao manual ou semi-mecanizada passou de 10 a 12% com a mecanizao 32. 32das minas. Com as medidas de preveno empregadas na regio de Cricima etransformadas em normas tcnicas pelo Ministrio do Trabalho a partir de 1985, comuso de gua em todas as frentes de servio e ventilao mais efetiva, a prevalnciacaiu para 5,6% (SOUZA FILHO & ALICE, 1991).A prevalncia nos Estados Unidos semelhante brasileira, no entanto,o tempo de exposio mdio dos mineiros no Brasil equivale a 1/3 da mdia dosmineiros americanos. Cinqenta por cento dos pneumoconiticos, no Brasil, tmmenos de 12 anos de exposio em subsolo.O carvo contm tambm diversos elementos trao em sua composio,passveis de figurarem como participantes na gnese da pneumoconiose, comoarsnico, chumbo, mangans, titnio, berlio e at urnio.Todos estes fatores podem explicar a prevalncia diversa da doena entrediferentes regies de minerao. 33. 333 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS3.1 NaturezaTrabalho cientfico de pesquisa, com coleta de dados e revisobibliogrfica.3.2 MtodoForam realizadas pesquisas bibliogrficas abordando o carvo mineral, aforma como extrado na regio carbonfera de Cricima, com o objetivo deestabelecer o quadro histrico e o ambiente de alta incidncia da pneumoconiose,com comparao entre as tcnicas antigas e atuais de extrao, e a incidncia dadoena no passado e nos dias atuais.A abordagem das formas de diagnstico e controle de casos isolados foifeita a partir de dados obtidos junto ao INSS (Instituto Nacional de Seguro Social)comparado com dados da literatura.Entrevistas os com especialistas sobre a doena, Dr. Albino Jos deSouza Filho (Pneumologista) e Dr. Srgio Haertel Alice (Patologista).Visita tcnica na empresa COOPERMINAS (fotos anexo 03).3.3 CaracterizaoA pesquisa e avaliao dos casos de pneumoconiose ocorridos aps a 34. 34implementao de novo mtodo de perfurao com o uso da gua, so de extremaimportncia para estabelecer novas estratgias de segurana no trabalho deminerao do carvo.A alta incidncia da pneumoconiose dos trabalhadores das minas decarvo teve acentuada diminuio aps a introduo da gua nas frentes detrabalho, como conseqncia da reduo da poeira gerada durante a perfurao.Novos casos de pneumoconiose podem atestar que no apenas a grandequantidade de poeira capaz de desenvolver a patologia, mas tambm, baixasquantidades, em indivduos imunologicamente susceptveis ou talvez em um perodode tempo maior de exposio para os mineiros em geral.A notificao de ocorrncias isoladas, sem o estudo dos casos,abordando gravidade e condies do local podem mascarar a real situao e impedirnovas estratgias para a extino de uma patologia incurvel e com sriasconseqncias para o trabalhador. 35. 354 APRESENTAO E ANLISE DOS DADOSSolicitamos ao INSS (Instituto Nacional de Seguro Social), Regional deCricima/SC, dados referentes aos casos de Pneumoconiose dos trabalhadores daminerao na Regio Carbonfera, pelo perodo retroativo de dez anos (1995 a2005).Os dados foram obtidos a partir dos benefcios concedidos pelo INSS,auxlio-doena ou acidente e aposentadoria por invalidez previdenciria ouacidentria.Os resultados apresentados so os seguintes: no perodo de 1995 at2005, foram notificados 10 casos de pneumoconiose na Regio Carbonfera deSanta Catarina. Houve nove casos de pneumoconiose dos mineiros de carvo entreos anos de 2001 e 2004. Seis, destes casos, pertencem ao municpio de Cricima.Um caso no municpio de Brao do Norte se refere minerao de fluorita (Tabela02).Tabela 2: Relatrio de ocorrncia de pneumoconioseGex. Executiva do INSS em Cricima SCBenefcios com CID J60, concedida na Gex. Para os ltimos 10 anosAno da DIB Espcie CID CID APS Concesso APS Manuteno1999 92 J60 Brao do Norte Brao do Norte2001 91 J60 Iara Iara2002 92 J60 Urussanga Urussanga2002 31 J60 Cricima Cricima2003 31 J60 Iara Iara2003 32 J60 Cricima Cricima2003 94 J60 Cricima Cricima2004 31 J60 Cricima Cricima 36. 36Tabela 3: Continuao da tabela anteriorAno da DIB Espcie CID CID APS Concesso APS Manuteno2004 31 J60 Cricima Cricima2004 91 J60 Cricima CricimaLegenda:CID: Cdigo da doenaJ60: Pneumoconiose (n CID)Espcie de Benefcios: 31 auxlio-doena previdencirio32 aposentadoria por invalidez previdenciria91 auxlio-doena acidentrio92 aposentadoria por invalidez acidentria94 auxlio-acidenteTabela 2 e 3: INSS Regional Cricima/SC.Os dados apresentados na tabela 02, s podem ser encontrados junto aorgo que, por fora da lei deve receber as notificaes. Pesquisas realizadas juntos mineradoras ou sindicatos de classe no possuem dados e referem ausncia decasos.Como analise da tabela 02, podemos observar algumas consideraesimportantes. No perodo de 1995 at 1998 os registros de casos da doena junto aoINSS, foi zero, ou seja, oficialmente a doena no ocorreu. A partir 2001 comearamnovamente os registros da doena (pneumoconiose dos trabalhadores do carvo),de forma gradual e crescente, onde nos anos de 2003 e 2004 apresentarem 03(trs) casos por ano.Os casos onde a Espcie de Benefcio so 31 e 32, caracterizados porauxilio previdencirio, e no auxlio por doena acidentrio se refere (segundo oMdico Perito do INSS) a trabalhadores j aposentados por pneumoconiose (CIDJ60) que, trabalhando em nova funo longe do contaminante poeira, desenvolvemdoena com incapacidade temporria (asma, bronquite, outras) e por isto recebemauxlio doena previdencirio e no auxlio por doena profissional. 37. 37A produo anual do Carvo Mineral de Santa Catarina, ano de 2003, foide 5.329.023 (toneladas), segundo o SIECESC (Sindicato da Industria de Extraode Carvo do Estado de SC); o nmero de trabalhadores das mineradoras de carvomineral, no ano de 2003, de 3.269 pessoas, conforme tabela (4) abaixo.Tabela 4: Nmero de empregados no setor da minerao de extrao de carvomineralNmero de Empregados no Setor da Minerao de Extrao deCarvo Mineral, por Empresa - Ano: 2003Empresa N de EmpregadosMetropolitana 654Cricima 716Cocalit 10Comin 44So Domingos 81Catarinense 317Rio Deserto 426Cooperminas 680Belluno 236Santa Augusta 105TOTAL 3.269Fonte: SIECESC Cricima/SC. 2003.Cruzando as informaes de nmeros de empregados no setor daMinerao de Extrao de Carvo, ano de 2003, no total de 3.269 trabalhadores;com os casos oficiais da doena Pneumoconiose (INSS), ano de 2003, no total de03 trabalhadores; Teremos um percentual total de 0,1 % dos trabalhadorescontaminados com a doena.Porem, nem todos os trabalhadores da Minerao do Carvo estoexpostos poeira; como j foi relatada, a doena atinge principalmente ostrabalhadores de frente de servio, onde o nmero de trabalhadores varia em torno 38. 38de 15% do total de funcionrios. Logo o percentual da doena nos trabalhadores defrente de servio sobe para aproximadamente 1%.Devemos aqui fazer uma considerao quanto os nmeros da PrevidnciaSocial apresentados, que incluem os trabalhadores que receberam benefcio, isto ,os que apresentam incapacidade para o trabalho.Os portadores de pneumoconiose sem incapacidade laborativaclassificados como P1(anexo 02), fase inicial da doena, no constam dos dados doINSS, pois no geram benefcios, retornam ao trabalho em rea fora do risco, comoj foi citado, oficialmente no constam das estatsticas. O que explica a baixaincidncia da doena nas estatsticas da Previdncia.Foram entrevistados 3 mineiros que contraram pneumoconiose P1(anexo 02) nas minas de carvo.Os 3 mineiros pediram para que no fossem citados os nomes deles enem o nome da mineradora:Mineiro 01 - trabalhava no subsolo, frente de servio, hoje trabalha nasuperfcie como encarregado do setor de beneficiamento. A doena segundo elecontinua progredindo, ele sente os sintomas.Mineiro 2 - trabalhava no subsolo, hoje trabalha na superfcie comocabeoteiro de correia transportadora. A doena segundo ele continua progredindo,ele sente os sintomas.Mineiro 3 Trabalhava no subsolo, hoje esta na superfcie trabalhando nodesmonte hidrulico de finos. A doena segundo ele continua progredindo, ele senteos sintomas, esta sentindo falta de ar.A ocorrncia de um caso de pneumoconiose pode ser considerada, demaneira didtica como resultado de riscos ambientais de trabalho, fatores biolgicoshumanos e da inadequao do sistema de cuidados com a sade. 39. 39O sistema de cuidados com a sade abrange o conhecimento mdico dascausas, o diagnstico etiolgico, tratamento eficaz e a atuao preventiva por partedas empresas nas condies ambientais de trabalho.As notificaes, se corretamente direcionadas, devem chegar aosresponsveis pela segurana do trabalho das empresas, motivando estudos sobreos riscos ambientais do trabalho, fazendo o diagnstico da falha na preveno ou danecessidade de adoo de novos mtodos.Ao setor de segurana no trabalho cabe a avaliao dos riscos ambientaisde trabalho e a atuao preventiva sobre estes. Os demais fatores esto vinculadosao conhecimento mdico, de fundamental importncia para o diagnstico da doena,porm fora do contexto desta pesquisa.Como orientao para o trabalho procuramos dois especialistas noassunto, que residem em Cricima, e possuem artigos publicados sobrePneumoconiose dos Trabalhadores do Carvo, e trabalham na rea h muitosanos, Dr. Albino Jos de Souza Filho (Pneumologista) e Dr. Srgio Haertel Alice(Patologista).Podemos ressaltar das entrevistas com os especialistas, a grandemudana no processo produtivo na explorao do carvo mineral e na incidncia dapneumoconiose, com a introduo da gua nas brocas de furao na frente detrabalho. Segundo eles, a reduo da doena foi realmente considervel, porm adoena pneumoconiose silenciosa, e pode se manifestar alguns anos aps ainalao do contaminante. So necessrias avaliaes peridicas nos trabalhadoresda minerao e um estudo de Coorte, com homens entre 21 e 35 anos de idade,para anlise da evoluo e comportamento real da doena.Os especialistas so unnimes em afirmar que o monitoramento da poeiraem suspenso muito importante para a eliminao da doena, pois, somente 40. 40conhecendo as concentraes de poeira pode-se verificar os riscos a que estoexpostos os trabalhadores.Na Europa, Canad, Japo e EUA, so freqentes os monitoramentosnas minas de carvo. Nos ambientes de trabalho onde as concentraes de poeiraso baixas, no ocorre a pneumoconiose, e os trabalhadores aposentam-se com 30anos de servio. No Brasil os trabalhadores de minas de carvo, das frentes deservio, aposentam-se com 15 anos de servio.Na visita tcnica na empresa COOPERMINAS, fomos acompanhados porum profissional da rea de segurana do trabalho que nos orientou sobre todos osprocedimentos de segurana, bem como da extrao do minrio. Podemos confirmarque a rea mais critica na explorao do carvo frente de servio - a furao defrente, exploso com dinamite, e furao de teto - onde os nveis de poeira so muitoelevados. O uso do EPI (Equipamento de Proteo Individual), semifacial com filtrodescartvel obrigatrio, porm seu uso desconfortvel para a atividade, degrande movimentao e esforo fsico. A mscara dificulta a respirao, e em umambiente onde o nvel de oxignio baixo, atingindo o limite inferior prximo de 18% (Figura 5), com uma jornada de trabalho de 6 horas, a eficincia dostrabalhadores fica comprometida.Como forma de avaliao da visita tcnica a empresa, sugerimos algumasmedidas que podem melhorar o ambiente de trabalho nas minas de carvo. 41. 41Figura 5: Monitoramento de Oxignio e Gases.Fonte: Arquivo dos pesquisadores4.1 Monitoramento da poeira em suspensoO monitoramento instrumento de vital importncia para verificao dasconcentraes poeiras nas minas subterrneas de carvo. Nesta pesquisaverificamos que so poucas as mineradoras que fazem este monitoramento, equando fazem evitam divulgar os resultados obtidos.Como nos pases desenvolvidos, o monitoramento da poeira, deve serfiscalizado e acompanhado pelo poder pblico, sindicatos trabalhistas e patronais,obedecendo a uma normatizao segundo padres internacionais, conforme segue.As medidas do monitoramento da poeira podem ser obtidas atravs deinstrumento gravimtrico ou atravs de instrumento de leitura direta.O instrumento gravimtrico convencional composto de uma bomba, umpequeno ciclone que separa a frao do ar respirvel da poeira e um filtro que coleta 42. 42a poeira respirvel. A Administrao de Sade e Segurana de Minas (MSHA apudKISSELL, 2003) aprovou para minas de carvo, instrumento gravimtrico comciclone de 10 mm operando com fluxo de ar de 2.0 litros por minuto.Para obteno de melhor acurcia, as bombas devem ser calibradas(MSHA apud KISSELL, 2003), os ciclones devem ser limpos e os filtros pesadoscom exatido.Para uma pesagem correta, os filtros devem ser secos para remover aumidade e a pesagem deve ser feita em cmara com temperatura e umidadecontrolada. Ateno especial deve ser dada quantidade de slica que est sendomedida. Quando a massa de poeira no filtro se encontra abaixo de 0,5 mg, existe umaumento do erro. Neste caso, pode ser necessrio amostras com filtros, feitas emvrias direes para acumular massa suficiente.Para obteno de uma medida de concentrao vlida, uma lista dechecagem da amostra de poeira deve ser feita, com o objetivo de evitar erroscausados por fatores ambientais.Esta lista de checagem aborda medidas feitas em locais com gradientesde concentrao, em locais dentro de 33 metros (100 ps) da fonte de poeira, navigncia de diluio do ar dentre a fonte de poeira e o local de medida, com avelocidade do ar e sobre a representatividade do material da amostragem.A normatizao das medidas de poeira deve estabelecer alm doinstrumento de checagem, os locais e condies das medidas. As reas designadasdevem ser estabelecidas e reavaliadas a cada perodo de tempo. Diante demodificaes nestas medidas, novas reas podem ser estabelecidas.A periodicidade na realizao deve ser estabelecida dentro destanormatizao. A realizao de medidas bimestrais (KISSELL, 2003) permite umanova medida no caso de alguma amostra ter sido recusada. 43. 434.2 VentilaoA ventilao em mina subterrnea tem como principal objetivo fornecerum fluxo de ar fresco (puro), natural ou artificial, a todos os locais de trabalho emsubsolo, em quantidades suficientes para manter as condies necessrias dehigiene e de segurana dos trabalhadores. Uma ventilao inadequada torna ascondies ambientais da mina precrias para os operrios e equipamentos,representando para a empresa uma perda de produtividade. De uma maneirasimplificada, podemos resumir o papel da ventilao em (ANON, 2000):- Permitir a oferta adequada de oxignio no ar aos operrios.- Reduzir a concentrao de gases txicos oriundos do desmonte derochas com explosivos.- Evitar a formao de misturas explosivas gs-ar.- Reduzir as concentraes de poeiras em suspenso.- Diluir os gases oriundos da combusto de motores.- Atenuar a temperatura e a umidade excessiva.As tcnicas de ventilao de mina podem ser resumidas basicamente emduas categorias: ventilao natural e ventilao mecnica. A ventilao natural uma tcnica utilizada desde os primrdios da minerao. causada pela diferenade temperatura do ar no interior da mina em relao ao ar externo.Com a crescente necessidade de um maior fluxo de ar no interior dasminas, desenvolveram-se as tcnicas de ventilao mecnica com ventiladoresinstalados no poo de entrada de ar (insuflao), ou na sada da ventilao(exausto). Esse desenvolvimento ocorreu, principalmente, a partir da segundametade do sculo XIX, com os ventiladores mecnicos de grandes dimetros,exclusivamente centrfugos e de velocidades reduzidas, movidos por moinhos de 44. 44vento ou roda hidrulica (ANON, 2000).Aps a primeira guerra, com o grande desenvolvimento da aerodinmica,foram introduzidos os ventiladores axiais de grande porte, sendo esses hoje em diaos mais empregados. De uma maneira geral, os ventiladores centrfugos so os quemelhor se adaptam aos servios da mina alm de serem mais silenciosos.Entretanto os ventiladores axiais so mais baratos, compactos e flexveis quando aoseu uso, permitindo a regulagem do ngulo de ps de seu rotor, variando os valoresde vazo e presso impostos, sendo, por esses motivos, os mais empregados comoventiladores de poo de ventilao (MONTEDO, 2002).Os circuitos principais de ventilao utilizado nas minas catarinenses socompostos basicamente pelas galerias de entrada e retorno de ar, pelos divisores defluxo (tapumes de alvenaria) e pelo exaustor principal. Tanto o circuito de entradacomo o de retorno dispe de um nmero varivel de galerias dependendo do trechoda mina. Os elementos do circuito de ventilao, alm das galerias, envolvem osdivisores de fluxo (tapumes), que so construdos de alvenaria e, posteriormente,rebocados com argamassa, e o exaustor principal. O circuito secundrio (dentro dospainis) composto pelos ventiladores de frente de lavra, e por tapumes.Este sistema de ventilao - ventilao geral diluidora - uma cadeia depassagens interconectadas muitas das quais tambm so usadas como rotas depassagem para pessoal, veculos, e os produtos da minerao. Ar puro tirado daatmosfera da superfcie. Com as passagens de ar subterrneas, sua qualidadedeteriora como resultado de contaminantes produzidos pelos detritos e efeitos demquinas e procedimentos mineiros. O ar contaminado devolvido superfcie.A avaliao da eficincia ou dimensionamento deste sistema deventilao pode ser feita por tcnicas diretas, usando as equaes de Kirchhoff ou oalgoritmo de Hardy Cross para a anlise das redes de fluxo (COSTA, 1998). Essas 45. 45tcnicas diretas de anlise so extremamente trabalhosas, quando temos um circuitocomposto de muitas malhas (ramos), sendo empregadas apenas em partes docircuito de ventilao (MONTEDO, 2002). Para uma anlise mais detalhada oupreviso de mudanas no circuito de ventilao, empregam-se tcnicas desimulao computacional (COSTA, 1998). No Brasil, as Normas Regulamentadorasdo Ministrio do Trabalho e Emprego, NR-15 e NR-22, fixam os parmetros dequantidade e qualidade do ar. Essas normas tm imposto limites cada vez maisrgidos s mineradoras, no sentido de garantir melhores condies de trabalho aosfuncionrios.Uma melhora considervel no circuito de ventilao possvel comavaliao e tcnicas de simulao em computadores e com possibilidade de seobterem estimativas sobre possveis mudanas ou avanos no circuito de ventilaocomo a disposio dos painis em paralelo, que, alm de atender as normasvigentes, melhora as condies de trabalho dos operrios.A boa qualidade dos tapumes diminui as perdas e evita a recirculao dear.A avaliao dos ventiladores disponveis na mina sobre a capacidade defornecer a vazo planejada para os painis em lavra importante para realizar, senecessrio um ajuste na configurao de ps dos mesmos para fornecimento deuma maior vazo ou a aquisio de ventiladores que atendam essa premissa.O investimento em ventilao nas minas subterrneas necessrio e defundamental importncia para o processo produtivo, e para a sade dostrabalhadores. 46. 464.3 Proposta para a preveno da pneumoconioseOs mtodos de combate a pneumoconiose so ainda de evitar aformao de poeira nas operaes de extrao. Para tal, sugere-se as seguintesproposta: Limpeza dos locais de trabalho: Antes que o mineral seja removidopelo carregador mecnico deve ser molhado para evitar a disperso da poeira. Aprtica de regar bastante frente de trabalho e as paredes antes da perfurao edetonao, prev uma maior superfcie de adeso para as partculas de poeira.Durante o carregamento de material devem ser usados bicos aspersores para criarnuvens sobre a rea carregada. Pr-britagem a mido: Nas mquinas quebradoras (pr-britador),deve haver bicos atomizadores de pequeno consumo para criar nuvens sobre omaterial a ser britado, com isto evitando a formao de poeira. Pontos de transferncia e transportadores contnuos: em todos ospontos de transferncias de correias devem ser instalados bicos atomizadores, paraevitar a formao de poeira. Atomizadores de gua: Em minas subterrneas, os disparos,detonaes ou exploses so as operaes que produzem maior quantidade de pe talvez do tipo mais perigoso. Por esta razo usa-se um tipo de neblinado queutiliza gua e ar comprimido. Estes neblinadores (atomizadores) so colocados auma distncia prudente na frente de trabalho (08 a 10m) para evitar que sejamprejudicados pelo disparo e so acionados antes das exploses. A gua atomizadacom ar comprimido em forma de neblina densa faz com que o p assenterapidamente e dilui absorvendo a maior parte dos gases provenientes do disparo.Este procedimento permite que os homens regressem aos seus locais de trabalho 47. 47num perodo menor e a uma atmosfera livre de gases e p. Em testes realizados nasminas da CSN (Companhia Siderrgica Nacional) reduziu-se em 65%, a emanaode poeira total, 100% dos gases nitrosos e 75% do monxido de carbono (CO),liberando a frente de trabalho de metade do tempo convencional.Uma maneira de tornar o spray mais eficaz aumentar a presso dagua (figura 6), melhorando a eficincia por unidade de uso da gua. Testes com acaptura da poeira pela gua feitos com sprays convencionais e sprays de altapresso, mostram que o sistema de alta presso apresenta melhor desempenhocom muito menos gua. O uso dos dois sistemas simultaneamente o ideal nareduo da poeira, e poderia ser a melhor escolha para uso subterrneo (HANDBOOK, NIOSH, 2003).Para um melhor desempenho das presses de gua na frente detrabalho, seria ideal um dispositivo que liga e desliga o sistema conforme anecessidade no local de trabalho.Figura 6: Airborne capture performance of four types of spray nozzlesFonte: Arquivos dos pesquisadores 48. 484.4 Programa de proteo sadePara obter uma real proteo fundamental estabelecer um programasistemtico de controle tanto das condies ambientais, como dos equipamentosumidificadores e das instalaes de ventilao. Treinamento, informaes sobre osdados de sade e do ambiente de trabalho e orientao constante aos trabalhadoresexpostos poeira so necessrios para haver cooperao com o programa. 49. 495 CONCLUSOConsiderando, que a pneumoconiose dos mineiros de carvo e umamolstia progressiva e irreversvel e, que tem mtodos eficazes de preveno,conclumos propondo os seguintes procedimentos tcnicos e administrativos parareduo e eliminao dos riscos que a determinam: Avaliar cada caso diagnosticado, para a deteco de todas assituaes ambientais que oferecem riscos, como princpio bsico de preveno. Aplicar as tcnicas de engenharia apresentadas que, quando,implementadas apresentam grande eficincia na preveno das pneumoconioses. Realizar o monitoramento da poeira em suspenso na frente detrabalho como procedimento bsico para a eliminao da doena, normatizando aperiodicidade de avaliao das medies de poeira e fiscalizando sua aplicao. Implantar um Laboratrio de Higiene Industrial em Cricima, provido deequipamentos e instalaes adequadas com o objetivo de determinar,periodicamente, a concentrao de poeira existente nas minas de carvo da regio. Informar os trabalhadores das avaliaes ambientais e das estatsticasda ocorrncia de pneumoconioses, para mant-los informados dos riscos existentesno trabalho e incorpor-los s aes de reduo da pneumoconiose na mineraodo carvo. Promover uma maior interao entre a Engenharia de Segurana doTrabalho e a Medicina do Trabalho das empresas, para que haja um cruzamento deinformaes, e anlise da efetividade das aes de preveno das doenasocupacionais na minerao do carvo.Acreditamos que o tema importante, e no se esgota neste trabalho. H 50. 50necessidade de estudos mais aprofundados, medies tcnicas e busca de novasalternativas para efetivo controle da doena. 51. 51REFERNCIASALVES, Francisco L. Os Destinos do Carvo. Florianpolis: Revista Brasil Mineral,ano II, n. 22, 1996.ANON. 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Tomaram algumas pedras idnticas e levaram paraLaguna, onde a notcia despertou curiosidade e espalhou-se por toda a ProvnciaCatarinense.Sendo esta pedra reconhecida como carvo, organizou-se em SantaCatarina, uma empresa para sua extrao, mas, somente em 1833, o governo daProvncia autorizou sua extrao. Nesta poca a firma interessada j havia sedissolvido.Em 1880 foi construda a Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina, paratransportar o carvo das minas catarinenses ao porto de Laguna.A Indstria Carvoeira Catarinense, apesar dos auxlios do governo, stomou impulso, com a instalao da Companhia Siderrgica Nacional (CSN), emVolta Redonda no Rio de Janeiro em 1941.Em 1942 o carvo passou a ser explorado em Siderpolis, com a chegadada CSN. 57. 57O Sul do Estado de Santa Catarina ocupa uma rea de 9.049 km (9,8%da rea total do Estado) (IBGE, 2003). Compreende 39 municpios com umapopulao estimada em 800 mil habitantes, com cerca de 500 mil em reas urbanas.O desenvolvimento da regio calcado, num primeiro momento, naexplorao do carvo, deu-se a partir de dois vetores distintos:O primeiro no sentido Cricima-Sul, tendo como principais impulsores aexplorao do carvo e a agricultura. Nos ltimos anos um forte incrementoindustrial nas reas de cermica, confeces, plsticos e descartveis e metal-mecnica deu nova configurao ao ambiente scio-econmico da rea. Ela deixoude depender quase exclusivamente do carvo, para se transformar num dos plosindustriais do estado;O segundo, no sentido Cricima-Norte, foi sustentado at os anos 60pelas atividades de beneficiamento e transporte do carvo. A partir da, aimplantao da Usina Jorge Lacerda, aliada a um processo de disseminao depequenas e mdias empresas e um forte incremento do turismo, tornou esta reacada vez menos dependente do carvo. Atualmente predominam na regio asatividades ligadas ao setor mineral, ao setor cermico e metal-mecnico, setor agro-industrial e setor pesqueiro.A situao ambiental, segundo estudos efetuados pela Fundao deAmparo a Tecnologia e ao Meio Ambiente (FATMA), crtica, quando se analisa oconjunto da carga poluidora gerada pela lavra, beneficiamento, transporte eestocagem do rejeito da minerao, pelas unidades produtoras de coque, pelausina-termoeltrica, pelas cermicas, pelas fecularias e pelo setor agro-industrial.Nos anos de 1978 e 1979 foram desenvolvidos estudos na regio queapontaram dados quantitativos e qualitativos de extrema importncia para oplanejamento das aes governamentais e para o estabelecimento de uma poltica 58. 58estadual de meio ambiente, reforando a necessidade do imediato enquadramentodessa regio como "rea crtica nacional".Aps exaustivo trabalho de segmentos organizados na sociedade e dasautoridades constitudas do Estado, no dia 25 de setembro de 1980, na cidade deTubaro, foi assinado o Decreto n. 85.206, enquadrando a Regio Sul de SantaCatarina como a 14 rea Crtica Nacional, para efeitos de controle da poluiogerada pelas atividades de extrao, beneficiamento e usos do carvo mineral.No processo de lavra a cu aberto a remoo do capeamento realizadade forma desordenada, provocando a inverso das camadas dando origem ao soloinvertido e chamada "paisagem lunar". Nesta, a maioria das pilhas tem na suabase a camada frtil do solo e na sua crista os arenitos, siltitos, folhelhos carbonosose piritosos. Dessa forma, a reabilitao futura prejudicada.Nos municpios de Urussanga e Siderpolis, as reas de lavras a cuaberto ultrapassam os 2.100 hectares, predominando o aspecto de destruio eesterilidade do solo.Nessa rea os terrenos foram somente nivelados mecanicamente ereflorestados com espcies de eucaliptos que se desenvolvem mal devido falta deaplicao de tcnicas adequadas, pela precariedade do solo e pela presena degua altamente poluda e txica.Os locais destinados disposio final dos rejeitos da minerao, querepresentam cerca de 70% do carvo catarinense, ocupavam j em 1979 uma reade 1600 hectares (JICA1, 1998), provocando a reduo de terras para atividades1A JICA, vinculada ao Ministrio de Negcios Estrangeiros do Japo, o rgo responsvel pelaimplementao de programas e projetos de cooperao tcnica com pases em desenvolvimento.Para tanto com recursos da AOD (Ajuda Oficial para o Desenvolvimento) do Governo do Japo, naforma de "grant aid". Atualmente, a JICA possui escritrios em 50 pases, alm da matriz em Tquio.Alm da atribuio de realizar cooperao tcnica internacional, a JICA presta tambm assistnciaaos emigrantes japoneses. Todavia, como hoje em dia so raros os cidados japoneses que migram 59. 59agro-pastoris e para expanso urbana. Esses rejeitos contendo "pirita carbonosa"em contato com a gua e o oxignio, liberam ao meio ambiente, gases sulfurosos,compostos de ferro e cido sulfrico, causando degradao em extensas reasurbanas e rurais.Esse fato reveste-se de importncia, pois at a exausto das reservasmedidas (1,5 bilhes de toneladas de carvo) podero ser gerados, caso o modeloatual de utilizao do carvo seja mantido, em torno de 187,5 milhes de m3derejeito (cerca de 50% do minrio bruto constitudo pelo rejeito). Esse rejeito, sedisposto em pilhas de 15 m de altura, padro atual de disposio do rejeito,ocuparo uma rea estimada em 1250 ha. Alm disso, ao contrrio da maioria dasindstrias, o fechamento das minas no encerra o processo poluidor, que continuaenquanto e onde houver material piritoso exposto oxidao, durante dcadas.Em 1977, o sistema hidrogrfico da regio carbonfera compreendidapelas bacias dos rios Tubaro, Urussanga e Ararangu, estava comprometido em1/3 de sua extenso, devido ao lanamento de 300 mil metros cbicos dirios dedespejos cidos gerados pela indstria do setor carbonfero, os quais enriquecidoscom a drenagem de gua das minas subterrneas representavam um equivalentepopulacional de 9 milhes de habitantes, para uma produo final de 1.100.000 tano-1de carvo metalrgico (cm) e 1.260.000 t ano-1de carvo-vapor (cv), enquantoa populao local era de apenas 620 mil habitantes. O volume global de guacaptada e utilizada pelas indstrias de minerao apresentou, no ano de 1977, umconsumo equivalente a 1.400.000 habitantes.A rea urbana de Cricima, alm dos problemas apontados, ameaadapelo fenmeno da subsidncia, que provocam alteraes em reas topogrficaspara o exterior, esta atividade sofreu drstica reduo, perdendo importncia no contexto dainstituio. No Brasil, h trs escritrios, localizados nas cidades de Braslia, Belm e So Paulo. 60. 60localizadas sobre galerias subterrneas.Alm do impacto causado ao meio bitico e fsico, as emisses de gasestxicos e de material particulado provocam danos sade humana. A expressivapresena e acmulo crnico de materiais poluentes txicos e letais no ar, no solo enas guas ocorrem porque a pirita sofre oxidao em conseqncia do contato como ar e a gua, liberando ao meio ambiente, gases sulfurosos (letais), compostos deferro (sulfatos e hidrxidos txicos) e cido sulfrico (produto tambm corrosivo etxico).A incidncia de doenas do aparelho respiratrio na Regio Sul do Estado maior que a verificada nas demais regies, sendo que 70% das internaesocorridas nos hospitais e 2% dos bitos, so decorrentes de doenas atribuveis poluio do carvo.1.2 GeneralidadesO carvo mineral uma rocha sedimentar. Origina-se de longo processopelo qual, substncias orgnicas, sobretudo vegetais, so acumuladas em camadassucessivas, submetidas ao de presses e temperatura terrestre durante milhesde anos. A este processo denominamos carbonificao.A massa vegetal assim acumulada, sob condies geolgicas e biolgicasespecficas, transforma-se inicialmente em turfa, com percentual de carbono j muitosuperior a da celulose que lhe deu origem.Mais alguns milhes de anos e a turfa transformam-se em linhito, comconcentraes ainda maiores de carbono.A etapa seguinte leva ao aparecimento da hulha, que pode serclassificada nos tipos sub-betuminoso, betuminoso e depois semibetuminoso. 61. 61Na fase final a hulha transforma-se em antracito, com concentraes decarbono superiores a noventa por cento.Quanto maior a concentrao de carbono no carvo, maior a quantidadede energia gerada por sua combusto.Os tipos betuminoso, sub-betuminoso e semibetuminoso so passveis decoqueificao, ou seja, por ao do calor perdem componentes volteis,solidificando-se.Somente este carvo na forma de coque pode ser usado em siderurgia,servindo como fonte de energia para transformar o ferro em ao.No Brasil apenas o carvo de Santa Catarina passvel de coqueificao.No entanto, por possuir elevado teor de cinzas (18,5%) e de enxofre (1,5%) preterido ao carvo importado (UFMG, 2005).O carvo no Brasil encontrado principalmente nos estados do RioGrande do Sul e Santa Catarina, que junto contm 99% das reservas conhecidas nopas, estimadas em 32,3 bilhes de toneladas.Os dois estados produzem principalmente carvo vapor, com potnciatrmica relativamente baixa, entre 3700 e 4500 (em comparao com os 6400 e6700 do carvo polons e americano, respectivamente) (JICA, 1998).Dentre os trs grandes tipos de combustveis fsseis existentes, ocarvo, o petrleo e o gs natural, o carvo apresenta-se com as maiores reservasconhecidas.Mantendo-se os nveis de consumo atuais, as reservas conhecidas decarvo mineral seriam suficientes para utilizao por mais de duzentos anosenquanto o petrleo e o gs natural, nas mesmas condies, seriam suficientes paraapenas 40 e 60 anos, respectivamente (FRAGOSO, 2000).O carvo responde por 25% do consumo atual de energia no mundo. Se 62. 62considerarmos apenas a gerao de energia eltrica este percentual sobe para 37%.Alguns pases tm o carvo como fonte primria de gerao de energia eltrica,como a Polnia com 96%, a frica do Sul com 90% e a Austrlia com 84% (COALFACTS, 2000).1.3 A ocorrncia e a formao das camadas de carvo mineral de SantaCatarinaA Bacia Carbonfera Catarinense uma das mais importantes do Sul doPas, pois contm as maiores reservas de carvo coqueificvel economicamenteexplorvel do territrio nacional. Especificamente, situa-se no flanco sudeste doEstado, estendendo-se desde o sul de Ararangu at alm de Lauro Mller, numafaixa com direo Norte-Sul com aproximadamente 100 Km de comprimento e umalargura mdia de 20 Km, em recursos pesquisados de 30 bilhes de t (VOLPATO,1984).Os carves desta regio enquadram-se nos tipos sub-betuminosos,betuminosos e antracitosos, aparecendo em diversas camadas (pelo menos dozecamadas) de pouca espessura, com elevado teor de cinzas e baixo poder calorficona camada original.As principais camadas minerveis encontradas na regio carbonfera deSanta Catarina que so caracterizadas como as de suprema qualidade dasocorrncias brasileiras denominam-se de camada Barro Branco, camada Irapu ecamada Bonito inferior (SUFERT, CAYE, DAGMON, 1977).O Ministrio das Minas e Energia (BRASIL, 1994) explica que as camadasde carvo de carvo mais importantes da Bacia Carbonfera Sul-Catarinenseencontram-se na parte superior da Formao Rio Bonito, mais precisamente no 63. 63Membro Siderpolis. As camadas de carvo identificadas na regio so em nmerode doze, assim designadas do topo para a base: Treviso, Barro Branco, Irapu, A,B, Ponte Alta, Bonito Superior, Bonito Inferior, Pr-Bonito Superior, Pr-BonitoInferior C e D. Destacam-se pela constncia lateral, maior espessura erecuperao de carvo metalrgico, as camadas Barro Branco, Irapu, A, B eBonito Inferior.O carvo uma rocha sedimentar combustvel formada a partir devegetais, tendo sofrido soterramento e compactao em bacias originalmente poucoprofundas. A principal formao geolgica das ocorrncias de carvo mineral emSanta Catarina a formao Rio Bonito, datada do permiano mdio, sendo uma desuas subdivises o membro siderpolis, que constitudo essencialmente porarenitos com intercalaes de camadas de siltitos cinzas, por leitos e camadas decarvo e por siltitos carbonosos.Esta unidade foi depositada em um ambiente litorneo que progrediusobre sedimentos marinhos do membro antecessor. Os arenitos apresentamdepsitos de barras e barreiras, com interdigitao de sedimentos fluvio-deltaicos,tendo os sedimentos carbonosos sido originados em lagunas e mangues costeiros,posteriormente cobertos por areias litorneas.As principais camadas de carvo extradas pertencem ao membrosiderpolis, comumente ultrapassando os dois metros de espessura, como ascamadas barro branco e bonito inferior, sendo a camada barro branco ocorrente notopo e a camada bonito na base do membro (BORTOLUZZI apud GERNIMO,2004). 64. 642.3.1 Camada de carvo Barro BrancoA camada de carvo Barro Branco a mais importante das camadas decarvo da bacia carbonfera, em razo de sua ampla e persistente distribuiogeogrfica e da qualidade de seu carvo, o nico atualmente explorado no Brasilcom propriedades coqueificantes, permitindo seu uso na indstria siderrgicanacional. Distribui-se por uma superfcie de aproximadamente 2.000 Km2, sendoconstituda por uma alternncia de leitos de carvo e de material estril (siltitos efolhelhos), em propores aproximadamente equivalentes. A espessura do carvocontida na camada est em torno de 1 metro, chegando a 1,60 m ao longo do eixoda bacia. A camada total tem em mdia cerca de 2 metros de espessura. Nasbordas da bacia, a espessura diminui tornando-se muitas vezes antieconmica(BRASIL, 1995).A distribuio relativa dos leitos de carvo e intercalaes de siltitos efolhelhos mostra uma razovel uniformidade, podendo, deste modo, dividir a camadaBarro Branco do topo para a base em forro, quadrao, coringa, siltito barro branco ebranco. O carvo obtido da camada Barro Branco colocado nas faixas dosCarves Betuminosos de Alto Voltil A (BRASIL, 1995).2.3.2 Camada de Carvo IrapuEst situada estrategicamente, de 4 a 12 metros abaixo da camada BarroBranco. No mostra continuidade lateral, nem espessura digna de nota. Seusdepsitos mais significativos so alongados, via de regra curvos, em forma deferradura, sugerindo depsitos em paleocanais, sendo constituda por leitos decarves com intercalaes de siltitos e folhelhos pretos (BRASIL, 1995). 65. 65Em termos de espessura de carvo na camada, esta varia de 1,0 m a1,80 m em reas prximas a Cricima e Treviso, respectivamente. Seus teores decinzas e enxofre acham-se em torno de 43,50% e 1,24%, respectivamente (BRASIL,1995).2.3.3 Camada de Carvo Bonito InferiorAs caractersticas do carvo da camada Bonito Inferior variam do nortepara o sul. Ao norte (Lauro Mller) o carvo tem menor rendimento metalrgico e vaigradativamente aumentando para o sul, sobretudo na rea de Ararangu - Torres. Acamada Bonito Inferior composta por vrios leitos de carvo separados porintercalaes de folhelhos carbonosos (BRASIL, 1995).Dentro da bacia, em termo regionais a camada mais espessa, embora aqualidade seja inferior camada Barro Branco. produtora de carvo energtico emetalrgico, entretanto, at o presente, no tem sido lavrada em grande escala. Nafaixa granulomtrica utilizada, a recuperao do carvo metalrgico da camadaBonito Inferior mostra resultados bastante inferiores camada Barro Branco eIrapu. Entretanto, em certas reas, britando-se o Carvo Bonito a granulometriasmenores, ele pode igualar-se at sobrepujar o rendimento em carvo metalrgico dacamada Barro Branco (BRASIL, 1995).2.4 Bacias Carbonferas de menor importnciaDas Bacias Carbonferas de menor importncia destacam-se acarbonfera localizada no Centro-Sudeste do Estado. Na regio de Alfredo Wagner,ela alcana sua maior expresso, sendo que mais para o norte, a espessura das 66. 66camadas de carvo diminuem consideravelmente (BRASIL, 1995).A principal camada de carvo nesta bacia a Barro Branco. Dadosdisponveis mostram que esta camada tem maior expresso no sul da bacia, nasproximidades do rio Laranjeiras. O perfil da camada de carvo a encontrado noapresenta o aspecto tpico da camada Barro Branco da Bacia Carbonfera SulCatarinense (BRASIL, 1995).As outras camadas de carvo se apresentam com pequenas expressesou mesmo esto ausentes. Muitas vezes sua correlao difcil e imprecisa emvirtude da pequena quantidade de dados disponveis (BRASIL, 1995). 67. 67ANEXO 02 - NORMA TCNICA PARA AVALIAO DA INCAPACIDADE 68. 68PNEUMOCONIOSEOrdem de servio INSS/DSS n 609APRESENTAOA presente atualizao da Norma Tcnica sobre Pneumoconioses objetivasimplificar, uniformizar e adequar o trabalho do mdico perito ao atual nvel deconhecimento desta nosologia.A evoluo da Medicina do Trabalho, da Medicina Assistencial e Preventiva, dosmeios diagnsticos, bem como a nova realidade social, motivou, sobremaneira, estareviso, tornando-a mais completa e eficaz.Dessa concepo surgiram dois momentos que passaram a constituir os mdulos dopresente trabalho: a Atualizao Clnica da Patologia e a Avaliao da CapacidadeLaborativa.Este estudo resultou da iniciativa da Diviso de Percias Mdicas do INSS, quebuscou parceria com diversos segmentos da sociedade, num debate aberto, visandoabordar todos os aspectos relevantes sobre o assunto, no perodo compreendidoentre junho de 1996 e julho de 1997, com a efetiva participao de representantesda Percias Mdicas, Reabilitao Profissional e Procuradoria Estadual do InstitutoNacional do Seguro Social; Fundao Jorge Duprat Figueiredo de Segurana eMedicina do Trabalho - Fundacentro/MTb; Confederao Nacional das Indstrias -CNI; Universidade Federal de So Paulo - UNIFESP e Universidade de Campinas -UNICAMP.SEO IANEXO ICLASSIFICAO RADIOLGICA DAS PNEUMOCONIOSESA classificao radiolgica das pneumoconioses teve a sua primeira verso em 69. 691930. Posteriormente, com o avano do conhecimento cientfico e da tcnicaradiolgica, foram editadas revises sucessivas. A ltima de 1980, em usocorrente no momento.Os principais objetivos da classificao radiolgica podem ser assim sumarizados: padronizar as interpretaes; diminuir a variabilidade de interpretao intra-observador e inter-observador; proporcionar um mtodo de avaliao epidemiolgica e clnica;Dois pontos so de fundamental importncia na aplicao da classificaoradiolgica:Tcnica Radiolgica: os critrios fsicos para a obteno de radiografiastcnicamente adequadas esto descritos em detalhes no texto da OIT. Em resumo,a tcnica recomendada de alto kV e baixo tempo de exposio, utilizando-se umacombinao de ecrans e filmes de mdia sensibilidade e velocidade. Essa tcnicaproporciona radiografias com uma grande latitude de cores entre o branco e o preto,diminuindo o contraste entre os extremos, o que melhora a visualizao doparnquima pulmonar, notadamente da vasculatura pulmonar, que a principal guiapara a anlise do interstcio.Interpretao Radiolgica: o conhecimento terico da classificao radiolgica e dasradiografias padro necessrio, porm insuficiente para uma interpretaoadequada. necessrio que os leitores tenham experincia com a sua aplicao,notadamente nos casos limtrofes (entre as Categorias 0 e 1).RESUMO SUSCINTO DA CLASSIFICAO1. QualidadeA classificao estabelece quatro nveis de qualidade: 1, 2, 3 e 4. Qualidade 1significa uma radiografia tecnicamente perfeita. Qualidade 4 significa que os defeitostcnicos impedem uma adequada interpretao, necessitando de repetio. 70. 70Qualidades 2 e 3 so radiografias com defeitos tcnicos que no interferem com aclassificao (2) ou, que ainda permitem classific-la (3).2. Pulmonar Alteraes de Parnquima2.1. Pequenas Opacidades2.1.1. Profuso: Reflete a "quantidade" de alteraes radiolgicas no parnquimapulmonar. H quatro categorias radiolgicas: 0, 1, 2 e 3. Cada categoria divididaem 3 subcategorias, em escala crescente:CATEGORIA SUBCATEGORIA00/-0/00/111/01/11/222/12/22/333/23/33/+As leituras so feitas dentro da escala de 12 pontos (subcategorias) em comparaocom o jogo de chapas padro. As 3 subcategorias da categoria 0 so consideradascomo normais (0/- e 0/0) ou suspeitas (0/1), no devendo ser enquadradas comopneumoconiose. A partir da subcategoria 1/0 as radiografias devem serconsiderados anormais. importante salientar que a interpretao do RX no diagnstica. Para a caracterizao de pneumoconiose necessrio que haja umahistria ocupacional compatvel, para o estabelecimento do nexo causal.A escala de 12 subcategorias, a partir de 0/0 indica uma profuso crescente dealteraes radiolgicas at um mximo de 3/+. 71. 712.1.2. Forma e Tamanho: Todas as leituras a partir de 0/1 devem ser acompanhadasda meno da forma e tamanho das pequenas opacidades, por qualquercombinao (ou repetio) de duas letras p, q e r (regulares ou redondas) s, t e u(irregulares ou lineares), sendo que a primeira letra indica a opacidadepredominante.2.2. Grandes OpacidadesSo opacidades de 1 cm ou mais codificadas como A, B ou C. Normalmente, agrande opacidade C acompanha-se de sintomas respiratrios e disfuno funcionalimportante.3. Alteraes de PleuraAs alteraes pleurais descritas na classificao radiolgica costumam associar-se exposio ao asbesto. Elas so divididas em espessamentos (em placas ou difuso)e calcificaes, classificando-se separadamente as alteraes na parede do trax,diafragma e seios costofrnicos. O espessamento pleural do tipo difuso geralmenteacompanha-se de restrio funcional.4. SmbolosSo 22 smbolos, que servem para descrever outros achados na radiografia e queno so contemplados com as descries de alteraes do parnquima ou dapleura. Eles tanto podem indicar alteraes radiolgicas associadas apneumoconiose, quanto outros achados concomitantes. A meno de smbolos deveser cuidadosamente avaliada pelo mdico atendente, pois alguns deles indicam anecessidade de uma explorao clnica mais aprofundada. 72. 72ANEXO 03 - FOTOGRAFIA DA VISITA A EMPRESA MINERADORA DE CARVOMINERAL 73. 73Fotografia da visita a Empresa Mineradora de Carvo Mineral COOPERMINAS Forquilhinha SC.Realizada em maro de 2005, turno noturno entre 21:00 hs e 03:00 hs.Placa na entrada da Empresa Antero Mafra Jr e Mrio Sergio MadeiraIntroduo dos explosivos Furao de Frente para explosivosCorreias levando carvo superfcie Plano de direcionamento da ventilao 74. 74Furao de Teto para escoramento Preparando para colocar parafusos de tetoFurao de teto, broca oca com gua Bob cat, despejando na correiatransportadoraMonitoramento de Oxignio e gases