3. Os autores deste livro e a AC Farmacutica Ltda., uma editora
integrante do GEN | Grupo Editorial Nacional, empenharam seus
melho- res esforos para assegurar que as informaes e os
procedimentos apresentados no texto estejam em acordo com os padres
aceitos poca da publicao, e todos os dados foram atualizados pelos
autores at a data da entrega dos originais editora. Entretanto,
tendo em conta a evoluo das cincias da sade, as mudanas
regulamentares governamentais e o constante fluxo de novas
informaes sobre teraputica medicamentosa e reaes adversas a
frmacos, recomendamos enfaticamente que os leitores consultem
sempre outras fontes fidedignas (p. ex., site da Anvisa, do
Bularium ou dos laboratrios farmacuticos), de modo a se
certificarem de que as informaes contidas neste livro esto corretas
e de que no houve alteraes nas dosagens recomendadas ou na legislao
regula- mentadora. Os autores e a editora se empenharam para citar
adequadamente e dar o devido crdito a todos os detentores de
direitos autorais de qualquer material utilizado neste livro,
dispondo-se a possveis acertos posteriores caso, inadvertida e
involuntariamente, a identifica- o de algum deles tenha sido
omitida. DIRETRIZES SBD 2014-2015 Copyright 2015 by SBD Sociedade
Brasileira de Diabetes AC FARMACUTICA Uma editora integrante do GEN
|Grupo Editorial Nacional Direitos exclusivos para a lngua
portuguesa Reservados todos os direitos. proibida a duplicao ou
reproduo deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou
por quaisquer meios (eletrnico, mecnico, gravao, fotocpia,
distribuio na internet ou outros), sem permisso expressa da
Editora. Travessa do Ouvidor, 11 Rio de Janeiro, RJ CEP 20040-040
Rua Dona Brgida, 701 Vila Mariana So Paulo, SP CEP 04111-081 Esta
uma publicao da Direo executiva e comercial: Silvio Araujo | Andr
Araujo Contatos: [email protected] |
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Janeiro: (21) 3543-0770 CIP-BRASIL. CATALOGAO NA PUBLICAO SINDICATO
NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ D635 Diretrizes da Sociedade
Brasileira de Diabetes: 2014-2015/Sociedade Brasileira de Diabetes
; [organizao Jos Egidio Paulo de Oliveira, Srgio Vencio]. So Paulo:
AC Farmacutica, 2015. il. Inclui bibliografia 1. Diabetes. 2.
Diabetes Tratamento. I. Oliveira, Jos Egidio Paulo de. II. Vencio,
Srgio. III. Sociedade Brasileira de Diabetes. 13-04922 CDD: 616.462
CDU: 616.379-008.64
4. 2014-2015 Diretrizes SBD SBD Sociedade Brasileira de
Diabetes DIRETORIA GESTO 2014 - 2015 Presidente Walter Jos
Minicucci Endereo: Rua Afonso Braz, 579 conjuntos 72/74 Vila Nova
Conceio So Paulo SP CEP 04511-011 Vice-Presidentes Hermelinda
Cordeiro Pedrosa Luiz Alberto Andreotti Turatti Marcos Cauduro
Troian Rosane Kupfer Ruy Lyra da Silva Filho Primeiro Secretrio
Domingos Augusto Malerbi Segundo Secretrio Luiz Antonio de Araujo
Tesoureiro Antonio Carlos Lerario Segundo Tesoureiro Edson Perrotti
dos Santos Conselho fiscal Antonio Carlos Pires Levimar Rocha Arajo
Denise Reis Franco Suplente Raimundo Sotero de Menezes Filho
ORGANIZADORES Jos Egidio Paulo de Oliveira Srgio Vencio AUTORES
Adolpho Milech Adriana Perez Angelucci Airton Golbert Alexandre Jos
Faria Carrilho Ana Claudia Ramalho Ana Cristina Braccini de Aguiar
Ana Maria Calabria Cardoso Anelena Soccal Seyffarth Anita Sachs
Antonio Carlos Lerario Antonio Carlos Pires Antonio R. Ferreira
Antonio Roberto Chacra Augusto Pimazoni Netto Balduino Tschiedel
Belmiro Gonalves Pereira Bernardo Leo Wajchenberg Brenno Astiarraga
Camila Barcia Carlos Antonio Negrato Carlos Eduardo Barra Couri
Carlos Eduardo Virgini Magalhes Caroline Kaercher Kramer Celeste
Elvira Viggiano Charles Andr Cludia Lcia Barros de Castro Claudia
Mauricio Pieper Cludio Gil S. Arajo Cristiane Bauermann Leito
Daniel Deluiz Daniel Laguna Neto Daniela de Almeida David Isaac
Deise Regina Baptista Denise Reis Franco Durval Damiani Edgard
Dvila Niclewicz Eduarda de Oliveira S Eduardo Vera Tibiri Elaine
Christine Dantas Moiss Elza Muscelli Fabrcio Junqueira de Melo
Fernando Csar Robles Gerson Canedo de Magalhes Gisele Rossi Goveia
Graa Maria de Carvalho Camara Graziela Coelho Amato Spado
Hermelinda Pedrosa Iracema Calderon de Andrade Ivan dos Santos
Ferraz Kariane Aroeira Krinas Davison Joo Felipe Mota Joo Roberto
de S Jorge Eduardo da Silva Soares Pinto Jorge Luiz Gross Jos
Egidio Paulo de Oliveira Jos Petronio Loureno Dias Larcio Joel
Franco Leo Zagury Leida Reny Borges Bressane Lenita Zajdenverg
Levimar Rocha Arajo Lvia Ferreira da Costa Luciana Bruno Luciano
Oliveira Luis Eduardo P. Calliari Luis Henrique Canani Marcia
Camargo de Oliveira Marcia Nery Mrcia Puales Mrcio Correa Mancini
Marcio Krakauer
5. VI Diretrizes SBD 2014-2015 Marco Andr Mezzasalma Marcos
Antnio Tambascia Marcos vila Maria Goretti Burgos Maria Isabel
Favaro Maria Regina Torloni Maria Tereza Zanella Marilia de Brito
Gomes Mario Saad Marlene Merino Alvarez Mauricio Levy Neto Mauro
Sancovski Mauro Scharf Melanie Rodack Milton Csar Foss Mirela Jobim
de Azevedo Monica Gabbay Monica Oliveira Nanci Silva Nelson Rassi
Paula M. Pascali Paulo Morales Raul Dias Santos Regina Clia
Santiago Moiss Renan Montenegro Junior Renata Maria Noronha Renata
Szundy Berardo Roberta Arnoldi Cobas Rosiane Mattar Ruy Lyra da
Silva Filho Sandra Pinho Silveiro Saulo Cavalcanti Sergio Atala Dib
Srgio Vencio Sharon Nina Admoni Silmara Leite Silvana Emilia
Speggiorin Silvia Ramos Sonia Aurora Alves Grossi Sonia Fusaro
Tadashi Akitani Toyoshima Valeria Diniz Duarte Piliakas Vieira
Francisco Walter Jos Minicucci
6. 2014-2015 Diretrizes SBD Walter Jos Minicucci Presidente da
SBD Gesto 2014-2015 Apresentao A Sociedade Brasileira de Diabetes
(SBD) lana anualmente as Diretrizes com o objetivo de acompanhar os
no- vos conhecimentos cientficos na rea de Diabetologia e entregar
sociedade mdica o que h de mais atual no tema. Esse ano no foi
diferente, escrito por profissionais com grande experincia clnica e
conhecimento acadmico,sob coordenao editorial dos Drs. Jos Egidio
Paulo de Oliveira e Srgio Ven- cio, a obra est se tornando uma
ferra- menta cada vez mais importante para discutir temas
relacionados ao diabe- tes, tanto no meio acadmico como em
hospitais e ambulatrios mdicos, econta com a difuso e o apoio da
in- dstria,parceira nessa ao educativa. A cada ano, ao receber o
reconheci- mento de mdicos e profissionais da sade quanto qualidade
e atuali- dade da informao disponibilizada nas Diretrizes, ns, da
SBD, temos certeza de estarmos contribuindo com os objetivos da
Sociedade de trazer aperfeioamentoprofissional e assistncia mdica
no tratamento do diabetes no Brasil.
7. 2014-2015 Diretrizes SBD Em razo da dificuldade em conseguir
referncias bibliogrficas, a Sociedade Brasileira de Diabetes
considerar nos trabalhos de seu Posicionamento o grau de
recomendao, no sendo necessrio em todos os posicionamentos o nvel
de evidncia. Grau de Recomendao A. Estudos experimentais ou
observacionais de melhor consistncia. B. Estudos experimentais ou
observacionais de menor consistncia. C. Relatos de casos (estudos
no controlados). D. Opinio desprovida de avaliao crtica, baseada em
consensos, estudos fisiolgicos ou modelos animais. NVEL DE EVIDNCIA
CIENTFICA POR TIPO DE ESTUDO Oxford Centre for Evidence-Based
Medicine (maio 2001) Projeto Diretrizes AMB-CFM Grau de recomendao
Nvel de evidncia Tratamento/ preveno-etiologia Prognstico
Diagnstico Diagnstico preferencial/ prevalncia de sintomas A 1A
Reviso sistemtica (com homogeneidade) de ensaios clnicos
controlados e randomizados. Reviso cientfica (com homogeneidade) de
coortes desde o incio da doena. Critrio prognstico validado em
diversas populaes. Reviso cientfica (com homogeneidade) de estudos
diagnsticos nvel 1. Critrio diagnstico de estudo nvel 1B em
diferentes centros clnicos. Reviso cientfica (com homogeneidade) de
estudo de coorte (contempornea ou prospectiva). 1B Ensaio clnico
controlado e randomizado com intervalo de confiana estreito.
Coorte, desde o incio da doena, com perda < 20%. Critrio
prognstico validado em uma nica populao. Coorte validada, com bom
padro de referncia. Critrio diagnstico testado em um nico centro
clnico. Estudo de coorte (contempornea ou prospectiva) com poucas
perdas. 1C Resultados teraputicos do tipo tudo ou nada. Srie de
casos do tipotudo ou nada. Sensibilidade e especificidade prximas
de 100%. Srie de casos do tipotudo ou nada. Grau de recomendao e
fora de evidncia (continua)
8. X Diretrizes SBD 2014-2015 Grau de recomendao Nvel de
evidncia Tratamento/ preveno-etiologia Prognstico Diagnstico
Diagnstico preferencial/ prevalncia de sintomas B 2A Reviso
sistemtica (com homogeneidade) com estudos coorte. Reviso
sistemtica (com homogeneidade) de coortes histricas
(retrospectivas) ou de segmentos de casos no tratados de grupo de
controle de ensaio clnico randomizado. Reviso sistemtica (com
homogeneidade) de estudos de diagnsticos de nvel>2. Reviso
sistemtica (com homogeneidade) de estudos sobre diagnstico
diferencial de nvel maior ou igual2B. 2B Estudo de coorte
(incluindo ensaio clnico randomizado de menor qualidade). Estudo de
coorte histrica. Seguimento de pacientes no tratados de grupo de
controle de ensaio clnico randomizado. Critrio prognstico derivado
ou validado somente em amostras fragmentadas. Coorte exploratrio
com bom padro de referncia. Critrio diagnstico derivado ou validado
em amostras fragmentadas ou banco de dados. Estudo de coorte
histrica (coorte retrospectiva) ou com seguimento casos
comprometidos (nmero grande de perdas). 2C Observao de resultados
teraputicos (outcomes research). Estudo ecolgico. Observao de
evolues clnicas (outcomes research). Estudo ecolgico. 3A Reviso
sistemtica (com homogeneidade) de estudos casos-controle. Reviso
sistemtica (com homogeneidade) de estudos diagnsticos de nvel maior
ou igual3B. Reviso sistemtica (com homogeneidade) de estudos de
nvel maior ou igual 3B. 3B Estudo caso-controle. Seleo no
consecutiva de casos, padro de referncia aplicado de forma pouco
consistente. Coorte com seleo no consecutiva de casos, ou populao
de estudo muito limitada. C 4 Relato de casos (incluindo coorte ou
caso-controle de menor qualidade). Srie de casos (e coorte
prognstica de menor qualidade). Estudo caso controle; ou padro de
referncia pobre ou no independente. Srie de casos, ou padro de
referncia superado. D 5 Opinio de especialista sem avaliao crtica
ou baseada em matrias bsicas (estudo fisiolgico ou estudo com
animais). NVEL DE EVIDNCIA CIENTFICA POR TIPO DE ESTUDO Oxford
Centre for Evidence-Based Medicine (maio 2001) Projeto Diretrizes
AMB-CFM (continuao)
9. 2014-2015 Diretrizes SBD Sumrio Epidemiologia e preveno do
diabetes
mellitus.................................................................................................................................................1
Classificao etiolgica do diabetes
mellitus.........................................................................................................................................................5
Mtodos e critrios para o diagnstico do diabetes
mellitus...........................................................................................................................9
Anlise dos marcadores de resistncia insulina na clnica
diria................................................................................................................12
Princpios para orientao nutricional no diabetes
mellitus.............................................................................................................................19
Como prescrever o exerccio no tratamento do diabetes
mellitus.................................................................................................................42
Medicamentos orais no tratamento do diabetes mellitus: como
selecion-los de acordo com as caractersticas clnicas dos
pacientes....................................................................................................................................................................48
Uso da insulina no tratamento do diabetes mellitus tipo
2..............................................................................................................................57
Tratamento combinado: drogas orais e insulina no diabetes mellitus
tipo
2.............................................................................................64
Diabetes mellitus tipo 2 no
jovem..............................................................................................................................................................................71
Uso da insulina no tratamento do diabetes mellitus tipo
1..............................................................................................................................80
Tratamento de crianas e adolescentes com diabetes mellitus tipo
1..........................................................................................................89
Alvos no controle clnico e metablico de crianas e adolescentes com
diabetes mellitus tipo
1.....................................................102 Mtodos
para avaliao do controle
glicmico....................................................................................................................................................110
Tratamento da hipertenso arterial no diabetes
mellitus..................................................................................................................................120
Tratamento de dislipidemia associada ao diabetes
mellitus............................................................................................................................127
Uso de antiagregantes plaquetrios no tratamento do diabetes
mellitus..................................................................................................136
Prevenes primria e secundria da doena macrovascular no paciente com
diabetes....................................................................142
Diagnstico da doena coronariana silenciosa no paciente
diabtico........................................................................................................145
Retinopatia
diabtica......................................................................................................................................................................................................149
Doena renal do
diabetes.............................................................................................................................................................................................154
Neuropatia
diabtica......................................................................................................................................................................................................174
Diagnstico precoce do p
diabtico.......................................................................................................................................................................179
Diabetes mellitus gestacional: diagnstico, tratamento e
acompanhamento
ps-gestao..............................................................192
Tratamento de pacientes idosos com
diabetes.....................................................................................................................................................198
Crises hiperglicmicas agudas no diabetes
mellitus...........................................................................................................................................206
Avaliao da funo endotelial e marcadores laboratoriais de estresse
oxidativo no
diabetes.........................................................213
Aplicao de insulina: dispositivos e tcnica de
aplicao...............................................................................................................................219
Tratamento com insulina em pacientes
internados............................................................................................................................................235
10. XII Diretrizes SBD 2014-2015 Preparo pr e ps-operatrio do
paciente com diabetes
mellitus.................................................................................................................238
Cirurgia baritrica em pacientes
diabticos...........................................................................................................................................................242
Transplante de
pncreas................................................................................................................................................................................................248
Indicaes e uso da bomba de infuso de
insulina.............................................................................................................................................251
Diretrizes para educao do paciente com diabetes
mellitus..........................................................................................................................257
Transtornos alimentares no paciente com diabetes: diagnstico e
conduta............................................................................................264
Avaliao do controle
glicmico.................................................................................................................................................................................271
Gerenciamento eletrnico do diabetes: usando a tecnologia para
melhor controle metablico do
diabetes.............................278 Diabetes e drogas
antipsicticas................................................................................................................................................................................290
Doena arterial obstrutiva perifrica no paciente diabtico: avaliao e
conduta..................................................................................296
Diabetes mellitus
ps-transplante..............................................................................................................................................................................304
Manifestaes reumatolgicas do
diabetes...........................................................................................................................................................308
Diabetes e doena
periodontal...................................................................................................................................................................................315
Diabetes na gestao: recomendaes para o preparo e o acompanhamento
da mulher com diabetes durante a
gravidez...........................................................................................................................................................................323
Indicao de vacinas em pacientes
diabticos.....................................................................................................................................................334
Sndrome metablica em crianas e
adolescentes..............................................................................................................................................337
HIV, diabetes e
lipodistrofia..........................................................................................................................................................................................342
Depresso no paciente diabtico: diagnstico e
conduta................................................................................................................................349
Degenerao vascular cerebral, Alzheimer e diabetes: avaliao e
conduta.............................................................................................357
Atualizao sobre hemoglobina glicada: manifestaes
clnicas...................................................................................................................361
Transplante de clulas-tronco no diabetes
mellitus............................................................................................................................................370
11. 1 2014-2015 Diretrizes SBD MAGNITUDE DO PROBLEMA Uma
epidemia de diabetes mellitus (DM) est em curso. Atualmente, esti-
ma-se que a populao mundial com diabetes da ordem de 382 milhes de
pessoas e que dever atingir 471 milhes em 2035. Cerca de 80% desses
indivduos com DM vivem em pases em desenvolvimento, onde a epidemia
tem maior intensidade, com crescen- te proporo de pessoas afetadas
em grupos etrios mais jovens, coexistin- do com o problema que as
doenas infecciosas ainda representam (B).1 O nmero de indivduos
diabticos est aumentando em virtude do cresci- mento e do
envelhecimento populacio- nal, da maior urbanizao, da crescente
prevalncia de obesidade e sedentaris- mo, bem como da maior
sobrevida de pacientes com DM. Quantificar a preva- lncia atual de
DM e estimar o nmero de pessoas com diabetes no futuro importante,
pois permite planejar e alo- car recursos de forma racional (D).2
No Brasil, no final da dcada de 1980,estimou-seaprevalnciadeDMna
populao adulta em 7,6% (A); 3 dados mais recentes apontam para
taxas mais elevadas, como 13,5% em So Carlos-SP (A)4 e de 15% em
Ribeiro Preto-SP (A).5 Em 2013, estimou-se que existiriam
11.933.580 pessoas, na faixa etria de 20 a 79 anos, com diabetes no
Brasil (B).1 O Estudo Multicntrico sobre a Prevalncia do Diabetes
no Brasil evi- denciou a influncia da idade na pre- valncia de DM e
observou incremento de 2,7% na faixa etria de 30 a 59 anos para
17,4% na de 60 a 69 anos, ou seja, um aumento de 6,4 vezes (A).3 H
marcantes diferenas na preva- lncia de DM entre diversos pases e
gru- pos tnicos. Descreveram-se taxas mais elevadas para Nauru, na
Oceania, e para os ndios Pima, no Arizona, nos Estados Unidos, onde
praticamente metade da populao adulta apresenta DM (B).6 No Brasil
j tem sido descrita uma elevada prevalncia de diabetes entre os
ndios Xavante: de 28,2% em ambos os sexos, de 18,4% em homens e de
40,6% em mulheres, o que evidencia que este um grupo
particularmente vulnervel e ne- cessita ateno especial (A).7 Outros
aspectos a destacar so as repercusses de mudanas no estilo de vida,
em curto perodo de tempo, em grupos de migrantes. No Brasil, um
estudo realizado na comunidade ni- po-brasileira mostrou aumento
vertigi- noso na prevalncia de DM, cuja taxa passou de 18,3%, em
1993, para 34,9%, em 2000, evidenciando o impacto de al- teraes no
estilo de vida, em particular do padro alimentar, interagindo com
provvel suscetibilidade gentica (A).8 difcil conhecer a incidncia
de DM tipo 2 (DM2) em grandes popula- es, pois envolve seguimento
durante alguns anos, com medies peridicas de glicemia. Os estudos
de incidncia so geralmente restritos ao DM tipo 1 (DM1), pois suas
manifestaes iniciais tendem a ser bem caractersticas. A incidncia
de DM1 mostra acentuada variao geogrfica, apresentando ta- xas por
100 mil indivduos com menos de 15 anos de idade: 38,4 na Finlndia,
7,6 no Brasil e 0,5 na Coreia, por exem- plo (B).9 Atualmente,
sabe-se que a incidncia de DM1 vem aumentando, particularmente na
populao infantil com menos de 5 anos de idade (B).10
Frequentemente, na declarao de bito no se menciona DM pelo fato de
serem suas complicaes, particu- larmente as cardiovasculares e
cere- brovasculares, as causas da morte. No incio do sculo XXI,
estimou-se que se atriburam 5,2% de todos os bitos no mundo ao
diabetes, o que torna essa doena a quinta principal causa de morte.
Parcela importante desses bitos prematura, ocorrendo quando ainda
os indivduos contribuem eco- nomicamente para a sociedade (D).11
Dados brasileiros de 2011 mos- tram que as taxas de mortalidade por
DM (por 100 mil habitantes) so de 30,1 para a populao geral, 27,2
nos homens e 32,9 nas mulheres, com acentuado aumento com o
progredir da idade, que varia de 0,50 para a faixa etria de 0 a 29
anos a 223,8 para a de 60 anos ou mais, ou seja, um gradiente de
448 vezes (B).12 Na maioria dos pa- ses desenvolvidos, quando se
analisa apenas a causa bsica do bito, verifi- ca-se que o DM, entre
as principais, fi- Epidemiologia e preveno do diabetes
mellitus
12. 2 Diretrizes SBD 2014-2015 gura entre a quarta e a oitava
posio. Estudos brasileiros sobre mortalidade por DM, analisando as
causas mltiplas de morte, ou seja, quando se menciona DM na
declarao de bito, mostram que a taxa de mortalidade por essa en-
fermidade aumenta at 6,4 vezes (B).13 Ao analisar a importncia do
DM como carga de doena, ou seja, o impac- to da mortalidade e dos
problemas de sadequeafetamaqualidadedevidade seus portadores, por
meio do Disability Adjusted Life of Years (DALY), verifica-se que
em 1999 o DM apresentava taxa de 12 por mil habitantes, ocupando a
oitava posio, sendo superado pelo grupo das doenas infecciosas e
parasitrias, neu- ropsiquitricas,cardiovasculares, respi- ratrias
crnicas, do aparelho digestivo, neoplasias malignas e doenas muscu-
loesquelticas (C).14 Nessa comparao, deve-se considerar que o DM,
como nica entidade, est sendo comparado a grupos de doenas e, mesmo
assim, po- de-se notar sua importncia. Sua natureza crnica, a
gravidade das complicaes e os meios neces- srios para control-las
tornam o DM uma doena muito onerosa no ape- nas para os indivduos
afetados e suas famlias, mas tambm para o sistema de sade (D).15
Nos Estados Unidos, es- timou-se que os custos dos cuidados de sade
para um indivduo com dia- betes eram duas ou trs vezes maiores do
que os para um sem a doena (C).16 Os custos do DM afetam o indiv-
duo, a famlia e a sociedade, porm no so apenas econmicos. Os custos
in- tangveis (p. ex., dor, ansiedade, incon- venincia e perda de
qualidade de vida) tambm apresentam grande impacto na vida das
pessoas com diabetes e seus familiares, o que difcil de
quantificar. Os custos diretos com DM variam entre 2,5 e 15% do
oramento anual da sade de um pas, dependendo de sua prevalncia e do
grau de complexidade dotratamentodisponvel.Estimativasdo custo
direto para o Brasil oscilam em tor- no de 3,9 bilhes de dlares
americanos, em comparao com 0,8 bilho para a Argentina e 2 bilhes
para o Mxico (C).17 Estimativas recentes dos custos do trata- mento
ambulatorial dos pacientes com diabetes pelo Sistema nico de Sade
brasileiro so da ordem de US$ 2.108,00 por paciente, dos quais US$
1.335,00 so relativos a custos diretos (B).16 Muitos indivduos com
diabetes so incapazes de continuar a trabalhar em decorrncia de
complicaes crni- cas ou permanecem com alguma limi- tao no seu
desempenho profissional. Estimar o custo social dessa perda de
produtividade no fcil. Entretanto, em algumas situaes nas quais se
tem feito essa estimativa, tais custos repre- sentam uma importante
parcela do to- tal dos custos. Por exemplo, em 2012, as estimativas
para os Estados Unidos dos custos diretos para o tratamento de DM
foram de 176 bilhes de dla- res em comparao com 69 bilhes de dlares
para os custos decorrentes da perda de produtividade (C).17
Combinando as estimativas para 25 pases latino-americanos, calcula-
se que os custos decorrentes da per- da de produo pela presena de
DM podem ser cinco vezes maiores que os diretos. Esse fato se
deveria ao aces- so limitado boa assistncia sade, com consequente
elevada incidncia de complicaes, incapacitaes e morte prematura
(D).18 PREVENO Preveno efetiva tambm significa mais ateno sade de
forma eficaz. Isso pode ocorrer mediante preveno do incio do DM
(preveno primria) ou de suas complicaes agudas ou crnicas (preveno
secundria). Aprevenoprimriaprotegeindivduos suscetveis de
desenvolver DM, tendo impacto por reduzir ou retardar tanto a
necessidade de ateno sade como a de tratar as complicaes da doena.
Atualmente, a preveno primria de DM1 no tem uma base racional que
se possa aplicar a toda populao. As intervenes populacionais ainda
so tericas, necessitando de estudos que as confirmem. As proposies
mais aceitveis baseiam-se no est- mulo do aleitamento materno e em
evitar a administrao do leite de vaca nos primeiros 3 meses de
vida. Entre- tanto, o recrutamento de indivduos de maior risco para
participar de ensaios clnicos justificvel. As intervenes propostas
tm se baseado em imuno- modulao ou imunossupresso (B).2,6 Quanto ao
DM2, condio na qual a maioria dos indivduos tambm apre- senta
obesidade, hipertenso arterial e dislipidemia, as intervenes devem
abranger essas mltiplas anormalidades metablicas, o que, alm de
prevenir o surgimentodediabetes,estariatambm evitando doenas
cardiovasculares e reduzindo a mortalidade (A).2 H evidncias de que
alteraes no estilo de vida, com nfase na alimen- tao e na reduo da
atividade fsica, associam-se a acentuado incremento na prevalncia
de DM2. Os programas de preveno primria do DM2 baseiam- se em
intervenes na dieta e na prtica de atividades fsicas, visando a
combater o excesso de peso em indivduos com maior risco de
desenvolver diabetes, particularmente nos com tolerncia glicose
diminuda. O Finnish Diabetes Prevention Study (DPS)18 mostrou que a
reduo de 3 a 4 kg no peso, em quatro anos, diminuiu a incidncia de
DM em 58% (A).19 Os resultados do Diabetes Prevention Program (DPP)
mostraram reduo de 58% na incidncia de casos
13. 3 2014-2015 Diretrizes SBD de DM mediante o estmulo a uma
dieta saudvel e prtica de atividades fsicas, sendo essa interveno
mais efetiva que o uso de metformina (A).20 Em um estudo
longitudinal com 84.941 enfermeiras e seguimento de 16 anos, o
controle de fatores de risco modificveis, como dieta habitual,
atividade fsica, tabagismo e excesso de peso, associou-se reduo
de91%naincidnciadeDMede88%nos casos com histria familiar de DM
(A).21 Quanto preveno secundria, h evidncias de que o controle
metablico estrito tem papel importante na preven- o do surgimento
ou da progresso de suas complicaes crnicas, conforme evidenciou o
Diabetes Control and Com- plicationsTrial (DCCT ) (A)22 para o DM1
e QUADRO 1 Recomendaes e concluses finais RECOMENDAO OU CONCLUSO
GRAU DE RECOMENDAO A frequncia do diabetes mellitus est assumindo
propores epidmicas na maioria dos pases A Na maioria dos pases em
desenvolvimento, o aumento da incidncia do diabetes mellitus ocorre
com maior intensidade nos grupos etrios mais jovens B A incidncia
do diabetes tipo 1 est aumentando, particularmente na populao
infantil com menos de cinco anos de idade B As estatsticas de
mortalidade e de hospitalizaes por diabetes subestimam sua real
contribuio B As doenas cardiovasculares e cerebrovasculares so as
principais causas de bito de portadores de diabetes B A parcela
importante de bitos em indivduos com diabetes prematura, ocorrendo
quando ainda contribuem economicamente para a sociedade D Na
atualidade, a preveno primria do diabetes tipo 1 no tem uma base
racional que se possa aplicar populao geral B Intervenes no estilo
de vida, com nfase em alimentao saudvel e prtica regular de
atividade fsica, reduzem a incidncia de diabetes tipo 2 A
Intervenes no controle da obesidade, hipertenso arterial,
dislipidemia e sedentarismo, alm de prevenir o surgimento do
diabetes, tambm previnem doenas cardiovasculares A O bom controle
metablico do diabetes previne o surgimento ou retarda a progresso
de suas complicaes crnicas, particularmente as microangiopticas A
Medidas de combate ao tabagismo auxiliam no controle do diabetes e
na preveno da hipertenso arterial e de doena cardiovascular B (A)
Estudos experimentais e observacionais de melhor consistncia; (B)
Estudos experimentais e observacionais de menor consistncia; (C)
Relatos de casos estudos no controlados; (D) Opinio desprovida de
avaliao crtica, baseada em consenso, estudos fisiolgicos ou modelos
animais. o United Kingdom Prospective Diabetes Study (UKPDS) para o
DM2 (A).23 Outras medidas importantes na preveno secundria so:
Tratamento da hipertenso arterial e dislipidemia, o que reduz subs-
tancialmente o risco de complica- es do DM (A).2 Preveno de
ulceraes nos ps e de amputaes de membros infe- riores por meio de
cuidados espe- cficos que podem reduzir tanto a frequncia e a durao
de hospita- lizaes quanto a incidncia de amputaes em 50% (A).2
Rastreamento para diagnstico e tratamento precoce da retinopatia,
que apresenta grande vantagem do ponto de vista de custo-efetivi-
dade, dada a importante repercus- so nos custos diretos, indiretos
e intangveis da cegueira (B).2 Rastreamentoparamicroalbuminria um
procedimento recomendvel para prevenir ou retardar a progres- so da
insuficincia renal, permitindo intervir mais precocemente no curso
naturaldadoenarenal(B).2 Medidas para reduzir o consumo de cigarro
auxiliam no controle do DM, visto que o tabagismo se asso- cia ao
mau controle do diabetes e causalmente hipertenso e doena
cardiovascular em pessoas com ou sem DM (B).2
14. 4 Diretrizes SBD 2014-2015 REFERNCIAS 1. International
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15. 5 2014-2015 Diretrizes SBD Diabetes mellitus (DM) no uma
nica doena, mas um grupo heterogneo de distrbios metablicos que
apresenta em comum a hiperglicemia, resultada de defeitos na ao da
insulina, na secreo de insulina ou em ambas. A classificao atual do
DM baseia-se na etiologia e no no tipo de tratamento, portanto, os
termos "DM insulinodependente" e "DM insulinoindependente" devem
ser eliminados dessa categoria classifi- catria. A classificao
proposta pela Organizao Mundial da Sade (OMS)1 e pela Associao
Americana de Diabetes (ADA)2 e aqui recomen- dada inclui quatro
classes clnicas: DM tipo 1 (DM1), DM tipo 2 (DM2), outros tipos
especficos de DM e DM gestacional (Quadro 1). Ainda h duas
categorias, referidas como pr- diabetes, que so a glicemia de jejum
alterada e a tolerncia glicose dimi- nuda. Essas categorias no so
enti- dades clnicas, mas fatores de risco para o desenvolvimento de
DM e doenas cardiovasculares (DCVs). DIABETES MELLITUS TIPO 1 O
DM1, forma presente em 5% a 10% dos casos, o resultado da destruio
de clulas betapancreticas com conse- quente deficincia de insulina.
Na maio- ria dos casos, essa destruio de clulas beta mediada por
autoimunidade, porm existem casos em que no h evidncias de processo
autoimune, sendo, portanto, referidos como forma idioptica de DM1.
Os marcadores de autoimunidade so os autoanticorpos anti-insulina,
antidescarboxilase do cido glutmico (GAD 65), antitirosina-
fosfatases (IA2 e IA2B) e antitransporta- dor de zinco (Znt)
(1A).3-7 Esses anticorpos podem estar pre- sentes meses ou anos
antes do diagns- tico clnico, ou seja, na fase pr-clnica da doena,
e em at 90% dos indivduos quando se detecta hiperglicemia. Alm do
componente autoimune, o DM1 apresenta intensa associao a determi-
nados genes do sistema antgeno leu- cocitrio humano (HLA), alelos
que podem suscitar o desenvolvimento da doena ou proteger contra
ela (1A).8,9 A taxa de destruio das clulas beta varivel, sendo, em
geral, mais rpida entre as crianas. A forma lenta- mente
progressiva ocorre em adultos, sendo referida como diabetes
autoimune latente do adulto (LADA, acrnimo em ingls, de latent
autoimmune diabetes in adults). O DM1 idioptico corresponde minoria
dos casos e caracteriza-se pela ausncia de marcadores de autoimuni-
dade contra as clulas beta e no asso- ciao a hapltipos do sistema
HLA. Os indivduos com essa forma de DM podem desenvolver
cetoacidose e apresentam graus variveis de defi- cincia de
insulina. Como a avaliao dos autoanticor- pos no se encontra
disponvel em todos os centros, a classificao etiol- gica do DM1 nas
subcategorias autoimune e idioptica pode no ser sempre possvel.
DIABETES MELLITUS TIPO 2 O DM2 a forma presente em 90% a 95% dos
casos e caracteriza-se por defeitos na ao e secreo da insulina. Em
geral, ambos os defeitos esto pre- sentes quando a hiperglicemia se
mani- festa, porm pode haver predomnio de um deles. A maioria dos
pacientes com essa forma de DM apresenta sobrepeso ou obesidade, e
cetoacidose raramente se desenvolve de modo espontneo, ocorrendo
apenas quando se associa a outras condies, como infeces. O DM2 pode
ocorrer em qualquer idade, mas geralmente diagnosticado aps os 40
anos. Os pacientes no dependem de insulina exgena para sobreviver,
porm podem necessitar de tratamento com insulina para obter
controle meta- blico adequado. Classificao etiolgica do diabetes
mellitus QUADRO 1 Classificao etiolgica do DM DM1 Autoimune
Idioptico DM2 Outros tipos especficos de DM DM gestacional
16. 6 Diretrizes SBD 2014-2015 Diferentemente do DM1 autoimune,
nohindicadoresespecficosparaoDM2. H, provavelmente, diferentes de
DM, e com a identificao futura de processos patognicos especficos
ou defeitos gen- ticos,onmerodepessoascomessaforma de DM ir
diminuir custa de mudanas para uma classificao mais definitiva em
outrostiposespecficosdeDM. OUTROS TIPOS ESPECFICOS DE DM Pertencem
a essa classificao for- mas menos comuns de DM cujos defeitos ou
processos causadores podem ser identificados. A apresen- tao clnica
desse grupo bastante variada e depende da alterao de base. Esto
includos nessa catego- ria defeitos genticos na funo das clulas
beta, defeitos genticos na ao da insulina, doenas do pn- creas
excrino e outras condies listadas no Quadro 2. DIABETES MELLITUS
GESTACIONAL Trata-se de qualquer intolerncia glicose, de magnitude
varivel, com incio ou diagnstico durante a ges- tao. Entretanto,
aquelas pacientes de alto risco e que na consulta inicial de
pr-natal j preenchem os crit- rios para diabetes fora da gestao
sero classificadas no como diabe- tes gestacional, mas como
diabetes mellitus. Similar ao DM2, o DM gesta- cional associa-se
tanto resistncia insulina quanto diminuio da fun- o das clulas beta
(A).10-12 O DM gestacional ocorre em 1 a 14% de todas as gestaes,
depen- dendo da populao estudada, e rela- ciona-se com aumento de
morbidade e mortalidade perinatais.13-15 No Brasil, Defeitos
genticos na funo das clulas beta MODY 1 (defeitos no gene HNF4A)
MODY 2 (defeitos no gene GCK) MODY 3 (defeitos no gene HNF1A) MODY
4 (defeitos no gene IPF1) MODY 5 (defeitos no gene HNF1B) MODY 6
(defeitos no gene NEUROD1) Diabetes Neonatal Transitrio Diabetes
Neonatal Permanente DM mitocondrial Outros Defeitos genticos na ao
da insulina Resistncia insulina do tipo A Leprechaunismo Sndrome de
Rabson-Mendenhall DM lipoatrfico Outros Doenas do pncreas excrino
Pancreatite Pancreatectomia ou trauma Neoplasia Fibrose cstica
Pancreatopatia fibrocalculosa Outros Endocrinopatias Acromegalia
Sndrome de Cushing Endocrinopatias Glucagonoma Feocromocitoma
Somatostinoma Aldosteronoma Outros Induzido por medicamentos ou
agentes qumicos Determinadas toxinas Pentamidina cido nicotnico
Glicocorticoides Hormnio tireoidiano Diazxido Agonistas
beta-adrenrgicos Tiazdicos Interferon Outros Infeces Rubola
congnita Citomegalovrus Outros Formas incomuns de DM autoimune
Sndrome de Stiff-Man Anticorpos antirreceptores de insulina Outros
Outras sndromes genticas por vezes associadas a DM Sndrome de Down
Sndrome de Klinefelter Sndrome de Turner Sndrome de Wolfram Ataxia
de Friedreich Coreia de Huntington Sndrome de Laurence-Moon-Biedl
Distrofia miotnica Sndrome de Prader-Willi Outros QUADRO 2 Outros
tipos especficos de DM MODY: maturity onset diabetes of the young.
cerca de 7% das gestaes so compli- cadas pela hiperglicemia
gestacio- nal.16,17 Deve-se reavaliar pacientes com DM gestacional
4 a 6 semanas aps o parto e reclassific-las como apresen- tando DM,
glicemia de jejum alterada, tolerncia glicose diminuda ou nor-
moglicemia. Na maioria dos casos, h reverso para a tolerncia normal
aps a gravidez, porm h de 10 a 63% de risco de desenvolver DM2
dentro de cinco a 16 anos aps o parto (B).18-20
17. 7 2014-2015 Diretrizes SBD CLASSES INTERMEDIRIAS NO GRAU DE
TOLERNCIA GLICOSE Referem-se a estados intermedirios entre a
homeostase normal da glicose e o DM. A categoria glicemia de jejum
alterada refere-se s concentraes de glicemia de jejum inferiores ao
cri- trio diagnstico para DM, porm mais elevadas que o valor de
refern- cia normal. A tolerncia glicose dimi- nuda representa uma
anormalidade na regulao da glicose no estado ps-sobrecarga,
diagnosticada por meio de teste oral de tolerncia gli- cose (TOTG),
o qual inclui a determi- nao da glicemia de jejum e de 2 horas aps
a sobrecarga com 75 g de glicose. A glicemia de jejum alterada e
tolerncia glicose diminuda so categorias de risco aumentado para o
desenvolvimento do DM e o termo "pr-diabetes" tambm utilizado para
designar essas condies. QUADRO 3 Recomendaes e concluses finais
Recomendao ou concluso Grau de recomendao Classificao atual baseada
na etiologia e no no tipo de tratamento A Classes clnicas: DM tipo
1, DM tipo 2, DM gestacional e outros tipos especficos de DM D
Classes intermedirias: glicemia de jejum alterada e tolerncia
glicose diminuda D (A) Estudos experimentais e observacionais de
melhor consistncia; (B) Estudos experimen- tais e observacionais de
menor consistncia; (C) Relatos de casos estudos no controlados; (D)
Opinio desprovida de avaliao crtica, baseada em consenso, estudos
fisiolgicos ou modelos animais. REFERNCIAS 1. Alberti KGMM, Zimmet
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19. 9 2014-2015 Diretrizes SBD INTRODUO A evoluo para o
diabetes mellitus tipo 2 (DM2) ocorre ao longo de um perodo de
tempo varivel, passando por est- gios intermedirios que recebem a
denominao de glicemia de jejum alterada e tolerncia glicose dimi-
nuda. Tais estgios seriam decorrentes de uma combinao de resistncia
ao insulnica e disfuno de clula beta. No diabetes mellitus tipo 1
(DM1), o incio geralmente abrupto, com sintomas indicando de
maneira contun- dente a presena da enfermidade.1,2 O critrio
diagnstico foi modifi- cado, em 1997, pela American Diabetes
Association (ADA), posteriormente aceito pela Organizao Mundial da
Sade (OMS) e pela Sociedade Brasi- leira de Diabetes (SBD).1,2 As
modificaes foram realizadas com a finalidade de prevenir de maneira
eficaz as complicaes micro e macrovasculares do DM.3-5 Atualmente
so trs os critrios aceitos para o diagnstico de DM com utilizao da
glicemia (Quadro 1): Sintomas de poliria, polidipsia e perda
ponderal acrescidos de glicemia casual > 200 mg/dl.
Compreende-se por glicemia casual aquela realizada a qualquer hora
do dia, independentemente do horrio das refeies (A).1,2 Glicemia de
jejum 126 mg/dl (7 mmol/l). Em caso de pequenas elevaes da
glicemia, o diag- Mtodos e critrios para o diagnstico do diabetes
mellitus QUADRO 1 Valores de glicose plasmtica (em mg/dl) para
diagnstico de diabetes mellitus e seus estgios pr-clnicos Categoria
Jejum* 2 h aps 75 g de glicose Casual** Glicemia normal < 100
< 140 Tolerncia glicose diminuda > 100 a < 126 140 a <
200 Diabetes mellitus 126 200 200 (com sintomas clssicos)*** *O
jejum definido como a falta de ingesto calrica por no mnimo 8
horas; **Glicemia plasmtica casual aquela realizada a qualquer hora
do dia, sem se observar o inter- valo desde a ltima refeio; ***Os
sintomas clssicos de DM incluem poliria, polidipsia e perda no
explicada de peso. Nota: O diagnstico de DM deve sempre ser
confirmado pela repetio do teste em outro dia, a menos que haja
hiperglicemia inequvoca com descompensao metablica aguda ou
sintomas bvios de DM. nstico deve ser confirmado pela repetio do
teste em outro dia (A).1,2 Glicemia de 2 horas ps-sobrecarga de 75
g de glicose > 200 mg/dl (A).1,2 O teste de tolerncia glicose
deve ser efetuado com os cuidados preconi- zados pela OMS, com
coleta para dife- renciao de glicemia em jejum e 120 minutos aps a
ingesto de glicose. reconhecido um grupo interme- dirio de
indivduos nos quais os nveis de glicemia no preenchem os crit- rios
para o diagnstico de DM. So, entretanto, muito elevados para serem
considerados normais.7 Nesses casos foram consideradas as
categorias de glicemia de jejum alterada e tolerncia glicose
diminuda, cujos critrios so apresentados a seguir. GLICEMIA DE
JEJUM ALTERADA Glicemia de jejum > 100 mg/dl e < 126 mg/dl.
Esse critrio ainda no foi oficializado pela OMS, porm j existe uma
recomen- dao da Federao Internacional de Diabetes (IDF) acatando o
ponto de corte para 100 mg/dl. Tolerncia glicose diminuda. Ocorre
quando, aps uma sobre- carga de 75 g de glicose, o valor de
glicemia de 2 horas situa-se entre 140 e 199 mg/dl (B).2-6 O mtodo
preferencial para deter- minao da glicemia sua aferio no plasma. O
sangue deve ser coletado em um tubo com fluoreto de sdio,
centrifugado, com separao do plasma, que dever ser congelado para
posterior utilizao. Caso no se
20. 10 Diretrizes SBD 2014-2015 disponha desse reagente, a
determi- nao da glicemia dever ser imediata ou o tubo mantido a 4o
C por, no mximo, 2 horas.8 Para a realizao do teste de tole- rncia
glicose oral algumas conside- raes devem ser levadas em conta:8
Perododejejumentre10e16horas. Ingesto de pelo menos 150 g de
glicdios nos trs dias anteriores realizao do teste. Atividade fsica
normal. Comunicar a presena de infec- es, ingesto de medicamentos
ou inatividade. Utilizar 1,75 g de glicose por quilo-
gramadepesoatomximode75g. As fitas com reagentes no so to precisas
quanto as dosagens plas- mticas e no devem ser usadas para o
diagnstico. Em julho de 20099 foi proposta a utilizao de
hemoglobina glicada (HbA1c) como critrio de diagnstico para o DM. A
alegao que a medida da HbA1c avalia o grau de exposio glicemia
durante o tempo e os valores se mantm estveis aps a coleta. Em
janeiro de 2010, a ADA modificou o critrio inicial. As recomendaes
atuais so as seguintes:10 Diabetes HbA1c > 6,5% a ser confirmada
em outra coleta. Dispensvel em caso de sintomas ou glicemia >
200 mg%. Indivduos com alto risco para o desenvolvimento de
diabetes HbA1c entre 5,7 e 6,4%. O valor de 6,5% foi escolhido com
base no ponto de inflexo para a preva- lncia de retinopatia. O
valor de 5,7 apresenta uma sensibilidade de 66% e uma
especificidade de 88% para predizerodesenvolvimentodediabetes
mellitus nos 6 anos subsequentes.1 Entretanto, existem alguns
problemas para a aplicao desse par- metro como critrio diagnstico
do DM, mesmo com a excluso de imperfeies na padronizao:
hemoglobinopatias, anemias hemoltica e ferropriva. Outro ponto a
considerar a discordncia entre os resultados da glicemia e da HbA1c
quando, mesmo aps a repetio deles, somente um permanecer anormal.
Nesse caso, a pessoa deve ser considerada diabtica. Recentemente11
foi levantada a questo da influncia das etnias. Os indi- vduos
afrodescendentes possuem nveismaiselevadosdeHbA1cdoqueos
caucasoides para valores iguais de glicemia em todas as categorias:
tole- rncia normal glicose, pr-diabetes e
DM.UmestudonoReinoUnidodemons- trou que os asiticos tambm apresen-
tavam nveis de HbA1c mais elevados quando comparados a caucasoides
com nveis glicmicos semelhantes.12 A OMS, por outro lado, recomenda
que HbA1c de 6,5% seja compatvel com o diagnstico de DM, porm
considera indivduos com nveis entre 6 e 6,4% como possuindo alto
risco de evoluir para DM.13 Por outro lado, estudo recente concluiu
que a concentrao de HbA1c associada a incidncia de retinopatia mais
baixa nos afrodescendentes do que nos caucasoides.14 As razes para
essa discrepncia ainda no esto elucidadas. Em concluso, os critrios
para diagnstico de DM por glicemia plas- mtica possuem nvel A de
evidncia. Para a hemoglobina glicada so necessrios mais estudos.
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22. 12 Diretrizes SBD 2014-2015 Anlise dos marcadores de
resistncia insulina na clnica diria INTRODUO ASPECTOS CLNICOS
RELEVANTES O conceito de sensibilidade insu- lina foi introduzido
por Sir Harold Himsworth, em 1939, ao estudar a res- posta de
pacientes diabticos ao est- mulo glicmico e insulina.1 Pode-se
definir resistncia insulina (RI) como uma perturbao das vias de
sinaliza- o, mediadas pela insulina, em que as concentraes normais
do horm- nio produzem uma resposta biolgica subnormal.2 Um aumento
da funo -celular pode compensar a RI, resul- tando em tolerncia
normal glicose (NGT). Todavia, quando a RI excede a capacidade
funcional e adaptativa das clulas , instaura-se a deteriora- o da
tolerncia glicose, que pode culminar com o diabetes mellitus de
tipo 2 (DM2).2,3 Quando ocorre a des- compensao da funo -celular, a
insulinemia deixa de ser um bom parmetro para estimar a RI. A
insulina influencia ou controla um grande nmero de processos fisio-
lgicos embora seja conhecida, sobre- tudo,porsuasaesnahomeostaseda
glicose. Em resposta elevao da gli- cemia, a secreo de insulina
aumenta estimulando a captao de glicose, a sntese de glicognio e a
inibio da glicogenlise e da gliconeognese3 . Alm disso, a insulina
apresenta outros efeitos metablicos, tais como: regu- lao da
expresso de genes, meta- bolismo dos lipdeos no msculo e no tecido
adiposo, crescimento, desen- volvimento e sobrevivncia celular. A
resistncia s aes hormonais um fenmeno relativamente comum em
endocrinologia. Entretanto, sur- preendentequantoaRIprevalentena
populao (25 a 30%),4 sendo compo- nente de condies fisiolgicas como
puberdade e gravidez, e de condies patolgicas como DM2 (em mais de
90% dos pacientes), obesidade, hiper- tenso arterial,5 sndrome
metablica,6 alteraes do metabolismo da gli- cose,2,3 dislipidemia,
sndrome do ov- rio policstico, esteato-hepatite no alcolica (NASH),
entre outras. Nesses casos, a RI uma alterao fisiopatol- gica de
base, precedendo (mesmo por vrios anos) e/ou contribuindo para o
surgimento da respectiva condio patolgica. Em 1988, Reaven7 props a
deno- minao de sndrome X, que origi- nou as atuais definies de
sndrome metablica ou sndrome da resistncia insulina,4 para alteraes
que englo- bam simultaneamente a deteriorao
dometabolismodaglicose,oaumento das VLDL, a diminuio do HDL,
altera- o de fatores hemodinmicos, obesi-
dadeehipertensoarterial.Aproposta incluiu a RI como fator essencial
na gnese e no aumento do risco cardio-
vascular.Portanto,aavaliao,oacom- panhamento e o tratamento da RI
so importantes na prtica clnica. Os efeitos da insulina so media-
dospormeiodereceptoreslocalizados na membrana plasmtica das clu-
las-alvo, altamente conservados em mamferos.4 Aligaoaoreceptorativa
a cascata de sinalizao intracelular que induz translocao dos trans-
portadoresdeglicose(GLUT1-4)paraa membrana celular e/ou a modificao
de diversos processos metablicos. Os mecanismosenvolvidosnareduoda
funo insulnica incluem a presena de antagonistas extracelulares ou,
principalmente, os defeitos presentes nas clulas-alvo ao nvel dos
recepto- res insulnicos ou da cascata de even- tos ps-receptores. A
homeostase da glicose resultado da interao entre a secreo de
insulina por parte das clulas -pancreticas e da captao de glicose
por parte dos tecidos peri- fricos sensveis insulina. O aumento da
glicemia estimula a secreo de insulina, que por sua vez diminui a
concentrao de glicose dose-tempo dependente.8 Sabe-sequeahiperinsu-
linemia sustentada inibe tanto a secre- o como a ao da insulina.8,9
Por sua vez, a hiperglicemia crnica capaz de inibir tanto a secreo
de insulina induzida por glicose9,10 quanto a sensi- bilidade
celular insulina.10 A deterio- rao da funo da clula e da ao
insulnica inicia-se anos antes do diag- nstico do diabetes, e
comumente, a hiperglicemia crnica est associada secreo insulnica
deficiente e RI.11 A obesidade, especialmente a visceral, um dos
fatores mais importantes para o desenvolvimento
23. 13 2014-2015 Diretrizes SBD do diabetes, por meio de
diversos mecanismos, como aumento dos ci- dos graxos livres
circulantes (FFAs), diminuio da adiponectina e secre- o pelo tecido
adiposo de citocinas (como o fator de necrose tumoral alfa [TNF-] e
a interleucina-6) que em ltima anlise exacerbam a RI.12 O acmulo de
gordura em outros teci- dos, como os do fgado, do msculo e do
pncreas, reduz a capacidade do fgado e do msculo em metabolizar a
glicose, sendo a infiltrao gordurosa
hepticaparticularmenterelacionada RI. No pncreas endcrino,
contribui para a disfuno da clula , e sua des- truio pela apoptose
e pelo estresse oxidativo, quadro denominado lipo- toxicidade. Uma
vez instalada a hiper- glicemia, os seus efeitos adversos nos
tecidos constituem a glicotoxicidade: no msculo esqueltico, a
hiperglice- mia interfere com a ao da insulina por uma variedade de
mecanismos; no pncreas, aumenta o estresse oxidativo, reduzindo
ulteriormente a secreo de insulina. A glicotoxici- dade altera o
equilbrio do ciclo apop- tose-regenerao da clula aumen- tando a
perda de massa celular.2,10 MTODOS DE AVALIAO A RI pode ser
acessada diretamente utilizando-se testes de diagns- tico
laboratorial que avaliam sua presena e magnitude. A avaliao direta,
considerada padro-ouro, pressupe a medida da ao da insu- lina
exgena, como no clamp eugli- cmico hiperinsulinmico (EHC); ou da
insulina endgena liberada a par- tir de um estmulo: glicose endove-
nosa, como no IVGTT minimal model de Bergman13 e no clamp
hiperglic- mico; ou aps estmulos por via oral com glicose (teste
oral de tolerncia glicose, TOTG) ou com alimentos como o mixed meal
tolerance test com composio estandardizada e predeterminada (MTT).
O EHC inter- rompe o mecanismo de feedback fisiolgico existente
entre a glicemia e a secreo de insulina enquanto que, nos demais
testes, o feedback fisiolgico no interrompido e, outros fatores
envolvidos tais como a funo -celular, o efeito dos hor- mnios
incretnicos e a produo heptica de glicose (EGP) devem se
considerados na avaliao final da sensibilidade insulina.
Entretanto, alguns destes mto- dos no so de uso comum na prtica
clnica pelo alto custo, dificuldade tcnica e tempo longo de execuo.
Dessa forma, vrios autores buscam marcadores laboratoriais ou
clnicos mais acessveis para a prtica clnica. Marcadores, como o
HOMA-R, so usa- dos corriqueiramente e apresentam, sobretudo, a
vantagem de serem cal- culados a partir de uma nica amostra de
sangue obtida em jejum. CLAMP EUGLICMICO HIPERINSULINMICO Tcnica
considerada padro ouro14 e refernciaparaoutrostestes.Foidesen-
volvida inicialmente por Andres et al.15 que, em 1966, fizeram uma
analogia com o mtodo do clamp de voltagem, utilizado em estudos de
neurocincia. As medidas so altamente reprodut-
veis,poissoobtidasemumestadoque se aproxima do equilbrio, havendo
um coeficiente de variao intraindividual
emtornode10%.Oclamppodeserrea- lizado mesmo em pacientes com grave
disfunodaclula,poisnodepende da secreo hormonal. A tcnica prev a
infuso de insulina regular humana, na forma de um bolus seguido de
infu- so contnua por todo o estudo, com o objetivo de obter uma
insulinemia que reproduzaosnveisnormaisdoperodo ps-prandial. A
glicemia mantida estvel, nos nveis do jejum (isoglic- mico) ou, em
nveis predeterminados 100 mg/d (euglicmico) por meio da infuso
simultnea de uma soluo de glicose hipertnica, em velocidade
varivel. Alcanada a condio de equi- lbrio steady state, as taxas de
infuso de glicose sero iguais s taxas da cap- tao pelos tecidos
sensveis insulina (taxa metablica ou Mvalue) desde que ocorra
supresso total da produo endgena de glicose (EGP). Nos casos
emqueaEGPnocompletamenteini- bida pela hiperinsulinemia, a captao
de glicose ser igual soma da taxa de infuso de glicose e da EGP.
Para ava- liar adequadamente a EGP necessrio associar glicose
marcada com istopos estveis ou radioativos, o que complica
ulteriormente o mtodo. Deve-se res- saltar, porm, que a EGP
parcialmente inibida, mesmo em pacientes diabti- cos,16 validando o
Mvaluedo clampsem amedidaconcomitantedaEGP.Pode-se realizar
qualquer combinao entre gli- cose e insulina, permitindo investigar
diferentes situaes, p. ex., a secreo de hormnios contrarreguladores
da hipoglicemia. O clamp pode ser combi- nado com outros
procedimentos para avaliar aes especficas da insulina: com glicose
marcada avalia o efeito na EGP; com cidos graxos e aminocidos
marcados, avalia a liplise e a degrada- o proteica; com a
calorimetria indi- reta, a termognese e a oxidao de substratos; com
o PETScan com glicose marcada avalia a captao regional de glicose
estimulada pela insulina. O ponto de corte RI/sensibilidade normal
para o M value foi avaliado em 28 mol/min/kg de massa magra
mediante anlise dos resultados de um grandenmerodepessoassubmetidas
ao clamp com infuso de insulina a 40 mU/m2 /min,17
emboradiferenaspopu- lacionais tenham sido descritas.
24. 14 Diretrizes SBD 2014-2015 O clamp, em sua verso mais sim-
ples, avalia a ao insulnica nas condi- es experimentais em que se
realiza, ou seja, com o paciente em repouso e em jejum, mas com
insulinemia e gli- cemia determinadas pelo experimen- tador. A
sensibilidade insulina esti- mada pode no se correlacionar com a
sensibilidade em jejum, quando a produo endgena de glicose, predo-
minantemente heptica, e a utilizao de glicose no dependente de
insulina coordenam a homeostase. O clamp tambm no simula o feedback
entre glicose e insulina durante as modifica- es fisiolgicas
destes. Apesar dessas limitaes, vem sendo adotado em in- meros
estudos experimentais, em pou- cos estudos populacionais, como nos
ndios Pima18 e no EGIR-RISC Study,19 e, em alguns estudos clnicos.
IVGTT INTRAVENOUS GLUCOSE TOLERANCE TEST E MINIMAL MODEL DE BERGMAN
(FSIVGTT) Proposto por Bergman et al.,13 trata-se de coleta
frequente de amostras, asso- ciado a modelo matemtico que repre-
senta a cintica da glicose em distri- buio mono-compartimental. O
teste avalia a captao de glicose, um ndice de sensibilidade
insulina (SI) que estima o clearance fracional de glicose pelos
tecidos com insulinemia basal. Avaliaaindaaprimeiraeasegundafase
desecreodeinsulina(1e2)eaglu- coseeffectiveness(SG). A SI calculada
a partir da inclinao da curva (slope) de
decaimentodaglicoseplasmticaeno considera a insulinemia. Logo, o
ndice no pode discernir entre captao de glicose promovida pela
insulina, inibi- odaEGPeacaptaopromovidapela prpria concentrao de
glicose. Esse mtodo e o clamp hiperglicmico, tam- bm considerados
como padro-ouro, so utilizados menos frequentemente que o clamp
euglicmico, e para avaliar a RI dependem de secreo insulnica
bastante preservada, no sendo acon- selhados em indivduos com funo
-celularmuitoreduzida.14 Outroincon-
venientedoFSIVGTTanecessidadede clculos computacionais complexos e
poucoacessveisapartirdasconcentra- es obtidas. CLAMP HIPERGLICMICO
Utilizado principalmente para avaliar a secreo de insulina, avalia
tambm a sensibilidade insulina. Apresenta boa correlao de
resultados com o clamp euglicmico. A glicose infun- dida
inicialmente em bolus e depois em velocidade varivel para alcanar e
manter uma hiperglicemia constante, induzindo assim uma fase rpida
e uma fase lenta de secreo hormonal. A RI pode ser estimada por
meio da relao entre a insulinemia alcanada e a taxa de infuso de
glicose exgena, que proporcional ao insulnica.14 MARCADORESDA
RESISTNCIA INSULNICA JEJUM Marcadores, markers ou ndices sim- ples
de sensibilidade insulina podem ser obtidos a partir de amostras de
sangue em jejum ou a partir de testes
menosinvasivos,comooTOTGouMTT. Esses marcadores so as ferramentas
mais usadas para a avaliao da RI pelo baixo custo, fcil execuo e
aceitao por parte dos pacientes. Uma de suas limitaes a dificuldade
de interpre- tao de certos ndices, como a razo glicose/insulina em
indivduos diab- ticos que apresentam hiperglicemia em jejum, ou
ainda hiperinsulinemia acompanhada de hiperglicemia em jejum. A
insulinemia de jejum apre- senta, em algumas condies, boa correlao
com os mtodos diretos de avaliao da RI, mas menos precisa em
indivduos diabticos, obesos e idosos. Variaes biolgicas dos nveis
plasmticos de insulina podem alterar os ndices de RI obtidos.
Alguns auto- res sugerem a coleta de trs amostras
desangueemjejum(comintervalosde cinco minutos entre elas) para
reduzir as discrepncias relacionadas s varia- es pulsteis da secreo
de insulina; presentes sobretudo em indivduos saudveis e em menor
intensidade em pacientes intolerantes glicose (IGT) e portadores de
T2DM.20 No Quadro 1 so apresentados alguns dos marcadores para o
diagns- tico da RI. Mtodos como o HOMA-IR21 e o QUICKI,22 e o
revised QUICKI23 que medem a insulinemia em relao glicemia, so mais
precisos que a insulinemia isoladamente (Quadro 1). A associao
desses ndices a cri- trios clnicos melhora o diagnstico da RI, como
demonstrado por Stern et al.,17 que obtiveram especificidade e
sensibilidade de 78,7% e 84,9% para HOMA-IR > 4,65 ou ndice de
massa corporal (IMC) > 28,9 kg/m2 ou HOMA-IR > 3,60 e IMC
> 27,5 kg/m2 quando comparados ao clamp. O revi- sed QUICKI
apresentou as melhores correlaescomasmedidasdoclamp, prximas aos
ndices derivados do OGTT (Stumvoll MCR, OGIS, Stumvoll ISI e GUT
index), em extensa meta -anlise24 . Aps o revised QUICKI, as
melhores correlaes em jejum foram obtidas pelo QUICKI, log HOMA-IR
e HOMA2- S.24 Novos resultados trouxeram luz diferenas na IR e na
secreo de insu- lina relacionadas s origens tnicas de uma
populao.25 Essas diferenas so relacionadas aos tecidos perifri- cos
(msculo e adiposo) e ao fgado.26 No Brasil, com uma populao misci-
genada de diferentes origens tnicas,
25. 15 2014-2015 Diretrizes SBD Quadro 1 Principais marcadores
para estimar a sensibilidade/RI na prtica clnica Marcador Amostra/
Teste Frmula Comentrios Ref. HOMA-IR Insulinemia (FPI) e glicemia
(FPG) em jejum [(FPI U/ml* FPG mmol/l) / 22,5] Valores de
resistncia descritos como porcentagem da populao de referncia.
Derivado de modelo matemtico; correlaciona bem com a RI heptica
HOMA2-S: www.dtu.ox.ac.uk/ homacalculator/index.php 21 Critrio
clnico + HOMA (modelos 1, 2 e 3 de Stern) ndice de massa corporal e
HOMA-IR HOMA-IR > 4,65 ou IMC > 28,9 kg/m2 ou HOMA-IR >
3,60 e IMC > 27,5 kg/m2 Critrios obtidos a partir da anlise de
2.138 clamps em pessoas no diabticas de origem multitnica; altas
especificidade e sensibilidade 17 QUICKI revised QUICKI*
Insulinemia, glicemia e FFA* em jejum [1/l (log FPI U/ml+ log FPG
mg/dl)] [1/l (log FPI U/ml + log FPG mg/dl + log (FFAmmol/l)] ndice
quantitativo de sensibilidade insulnica, com resoluo semelhante ao
HOMA-IR. A adio dos FFAs formula original (revised) aumenta sua
correlao ao Clamp. 22 23 TyG index Glicemia e triglicerdeos (TG) em
jejum [Ln TG mg/dl x FPG mg/dl/2] Comparado ao clamp euglicmico em
pacientes com diferentes graus de tolerncia glicose: boa
especificidade e sensibilidade 37 ISI composite Glicemia e
insulinemia em jejum e mdias de um TOTG standard 10.000/l
FPG*FPI*Glic mdia*Ins mdia Criado por Matsuda e DeFronzo apresenta
boa correlao com o clamp euglicmico 29 ISI Stumvol Glicemia e
insulinemia em jejum e mdias de um TOTG standard MCR = 13
0,0042*Ins120 0,384 x Glic 90 0,0209*FPI ISI = 0,157 4,576*10-5 x
Ins120 0,00519*Glic 90 0,0002999*FPI Outras duas frmulas incluem o
ndice de massa corporal. Clearance metablico da insulina (MCR) e
Sensibilidade insulina (SI) 38 KITT Glicemia em jejum e aps estmulo
com insulina (KITT = (0,693/t1/2)*100) Bolus de insulina
endovenosa; relao entre o tempo e grau de reduo da glicemia estima
a sensibilidade. Ao contrrio do clamp e do FSIVGTT que so muito
seguros, o ITT, de fcil e rpida realizao, pode induzir hipoglicemia
14 no possumos um valor de referncia. Como consequncia, utilizamos
valo- res obtidos, sobretudo, na populao europeia. Um estudo
brasileiro suge- riu 2.71 como ponto de corte para RI no HOMA-IR,27
mas novos estudos so necessrios para confirmao. Salientamos aqui a
importncia da obesidade e da obesidade central como fatores
preditivos de RI. De fato, o IMC e a medida da cintura se corre-
lacionam muito bem com os resulta- dos do clamp euglicmico. A
circunfe- rncia do pescoo tambm tem sido associada resistncia
insulina. Um estudo isolado determinou pontes de corte para a
circunferncia do pescoo na populao brasileira: maior que 39,6 cm no
homem e > que 36,1 cm na mulher so associados a uma maior
probabilidade de resistncia insulina e sndrome metablica.27
Recentemente foi identificada, por meio da metabolmica, uma forte
associao entre -hidroxibutirato (um produto da degradao de aminoci-
dos) e RI.28 A partir de amostra de san- gue em jejum e usando a
populao do estudo RISC foi desenvolvido um teste contendo uma
combinao de
26. 16 Diretrizes SBD 2014-2015 metablitos QuantoseTM . Este
teste apresentouvalorpreditivoparaadete- riorao de NGT a IGT em
follow-up de 3 anos,29 mas dever ser aplicado em outros estudos
populacionais para a sua validao como medida e fator preditivo da
RI. NDICES DE SENSIBILIDADE INSULINA ESTMULO COM GLICOSE VIA ORAL E
OU ALIMENTOS O TOTG utilizado, sobretudo, como ferramenta para
classificar a tolerncia aos carboidratos. A resposta glicmica e
insulinmica durante o teste refletem a relao entre a funo da clula
em produzir e secretar insulina e a ao insulnica nos tecidos
sensveis. O MTT verifica a resposta no s glicose, mas tambm s
protenas e lipdios. Asensibilidadeinsulinadurante oTOTG e durante o
MTT pode ser esti- mada pelo clearance de glicose com o uso de
glicose marcada (mtodo padro-ouro nesta condio, mas dispendioso e
que necessita exper- tise) ou por diversos ndices, como o insulin
sensitivity from oral glucose (OGIS)30 eoMatsuda.31 OOGISequivale
ao clamp euglicmico no clculo da captao de glicose, pois tem como
caracterstica estimar o clearance da glicose. Trata-se de ndice
derivado de um modelo matemtico e vali- dado com as medidas obtidas
com o clamp. Pode ser calculado online: . O seu uso foi estendido
ao MTT, obtendo-se boa discriminao entre pacientes portadores de
DM2 e voluntrios com NGT ou IGT.32 Vrios marcadores de resistncia/
sensibilidade insulina se correlacio- nam com os resultados do
clamp eugli- cmico, com um ndice de correlao em torno de 0,50 a
0,70, demonstrando a utilidade, mas tambm a limitao, dessas medidas
e estimativas.33,34 AVALIAO DA AO DA INSULINA SOBRE A PRODUO
ENDGENA DE GLICOSE (EGP) Essaavaliao,particularmentecompli- cada,
envolve o uso de glicose marcada (mtodopadro-ouro),preferivelmente
comistoposestveiscomoodeutrio, concomitantementeaoclamp,aoTOTG ou
ao MTT e anlise com modelos de cintica da distribuio da glicose. A
resistncia heptica insulina ento calculada como o produto da EGP e
da insulinemia basal35 e correlacionada com a resistncia perifrica
insulina. Recentemente, a EGP foi avaliada
noestudoRISCduranteumclampeugli- cmico. A seguir, obteve-se um
ndice para estimar a EGP, com boa correlao medida padro, usando
parmetros mais simples: Liver IR index = -0,091 + (log ins AUC0-120
min *0,400) + (log fat mass % *0,346) (log HDL cholesterol *0,408)
+ log BMI *0,435), onde AUC = rea sob a curva de insulina no TOTG,
BMI=bodymassindex,eafatmass%foi avaliada por impedanciometria.36
Esse ndice foi sucessivamente correlacio- nado com fatores de risco
cardiovascu- larem8.750homensnodiabticosem estudo sobre sndrome
metablica.37 A correlao com alguns fatores de risco, tais como
colesterol total, triglicerdeos e protena C reativa foi maior do
que a observada com o SI de Matsuda, suge- rindo validade do ndice.
MONITORIZAO LABORA- TORIAL DA RESISTNCIA INSULINA Idealmente, a RI
deveria ser ava- liada usando-se o clamp euglic- mico
hiperinsulinmico. O fato deste procedimento no ser possvel na
prtica clnica no diminui a impor- tncia de avaliar e, em
determinados casos, tratar a RI. O uso de marcadores substitutivos
muito til, desde que se considerem os pontos positivos e negativos
inerentes a cada mtodo. Alguns cuidados bsicos no acompanhamento de
um paciente quanto avaliao de sua RI so a escolha do mtodo ou
marcadores e a sua reprodutibilidade. No h protocolo standard
definido e nem uma frequncia estabelecida para a reavaliao.
Estabelecer pontos de corte para a normalidade dos diver- sos
marcadores particularmente difcil, devido s diferenas popula-
cionais e carncia de padronizao dos ensaios de dosagem da insulina,
primordial para a maioria das medi- das e marcadores. Esses
parmetros no tm valor isoladamente, por isso deveriam ser
utilizados comparando os resultados aos de indivduos nor- mais da
mesma populao ou, com- parando-os antes e aps interveno clnica ou
cirrgica. Estudos experimentais e obser- vacionais de melhor
consistncia; (B) Estudos experimentais e observacio- nais de menor
consistncia; (C) Relatos de casos estudos no controlados; (D)
Opiniodesprovidadeavaliaocrtica, baseada em consenso, estudos
fisiol- gicos ou modelos animais. PERSPECTIVAS FUTURAS, NOVOS
EXAMES E SUAS APLICAES NA PRTICA CLNICA Existe um interesse muito
grande em obter marcadores para a sensibilidade
insulina,queidealmentedeveriamser desimplesobteno,baixocusto,capa-
zes de identificar a RI e as suas mudan- as e ter valor
preditivo.
27. 17 2014-2015 Diretrizes SBD Quadro 2 Recomendaes e
concluses finais RECOMENDAO OU CONCLUSO Grau de recomendao Em
resumo, podemos definir, na prtica clnica, que um paciente tem RI
quando ele se enquadra nos critrios dos modelos 1, 2 ou 3 propostos
por Stern et al.17 A A escolha do ndice de sensibilidade insulina
depende de fatores tais como o nmero de indivduos estudados e,
possibilidades relacionadas s coletas de sangue e dosagens de
glicose, insulina ou outros metablitos (Otten et al.24 ) A (A)
Estudos experimentais e observacionais de melhor consistncia; (B)
Estudos experimentais e observacionais de menor consistncia; (C)
Relatos de casos estudos no controlados; (D) Opinio desprovida de
avaliao crtica, baseada em consenso, estudos fisiolgicos ou modelos
animais. Marcadores eficientes seriam uma nova ferramenta para o
trata- mento especfico dos defeitos fisio- patolgicos envolvidos,
utilizando uma abordagem mltipla quando necessrio. Os objetivos no
seriam apenas o controle glicmico uma vez estabelecido o diabetes,
mas sim o screening rotineiro e o tratamento da RI antes do
aparecimento do dia- betes, da doena cardiovascular etc., embora os
reais benefcios do trata- mento da RI em pessoas no diabti- cas
devam ser melhor documentados por novos trials clnicos. Frmacos que
induzem RI podero ser evitados, uma vez caracterizados. Esses mar-
cadores ideais permitiriam ainda monitorar a resposta teraputica e
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29. 19 2014-2015 Diretrizes SBD Princpios para orientao
nutricional no diabetes mellitus TERAPIA NUTRICIONAL PRINCPIOS
BSICOS A cincia tem evidenciado que a terapia nutricional
fundamental na preveno, tratamento e gerencia- mento do diabetes
mellitus (DM).1 A terapia nutricional em diabe- tes tem como alvo o
bom estado nutricional, sade fisiolgica e quali- dade de vida do
indivduo, bem como prevenir e tratar complicaes a curto e em longo
prazo e comorbi- dades associadas.1 Tem sido bem documentado que o
acompanhamento nutricional, reali- zado por nutricionista
especialista favorece o controle glicmico promo- vendo reduo de 1%
a 2% nos nveis de hemoglobina glicada, independen- temente do tipo
de diabetes e tempo de diagnstico.2, 3 Sabe-se tambm que quando
associado a outros componen- tes do cuidado em diabetes, o acompa-
nhamento nutricional pode melhorar ainda mais os parmetros clnicos
e metablicos dessa doena. 3,4,5 Embora o aparecimento do dia- betes
tipo 1 no seja evitvel, o dia- betes tipo 2 pode ser retardado ou
prevenido, por meio de modificaes de estilo de vida, que incluem
dieta e atividade fsica. Com base na reviso de estudos em que a
terapia nutricio- nal foi aplicada e estudos que imple- mentaram as
intervenes de estilo de vida, incluindo terapia intensiva e
acompanhamento nutricional, a American Dietetic Association (ADA)
concluiu que a terapia nutricional eficaz em reduzir a incidncia de
dia- betes tipo 2.4 O alerta mundial para a preven- o do diabetes
tipo 2 reforado pelo substancial aumento na preva- lncia dessa
doena nas ltimas dcadas. Apesar de a suscetibili- dade gentica
parecer desempe- nhar um pa