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Hepatectomia
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Hepatectomia
Fernanda Moreira, Márcio Machado, Raquel Tiezzi, Rebecca Amorim, Rosa Portugal
Docente: Rossano FiorelliMedicina 2014.1
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIOCentro de Ciências Biológicas e da Saúde
Departamento de Cirurgia Geral e EspecializadaDisciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental
O Fígado
• Segundo maior órgão do corpo.• Pesa cerca de 1500 g e
representa cerca de 2,5% do peso corporal do adulto.
• Ocupa a maior parte do hipocôndrio direito e do epigástrio superior e estende-se até o hipocôndrio esquerdo.
• Localiza-se abaixo do diafragma, lateralmente ao estômago, acima do pâncreas e anteriormente à vesícula biliar.
1. Anatomia
Divisão Anatômica
• O fígado é dividido em dois lobos anatômicos (o direito e o esquerdo) e dois lobos acessórios (o caudado e o quadrado).
• O ligamento falciforme, na face diafragmática, faz a divisão entre os lobos esquerdo e direito.
• A fissura hilar, na face visceral, faz a divisão entre os lobos caudado e quadrado.
Divisão Funcional
• Proposta por Couinaud, em 1957.
• Divide o fígado em duas grandes partes: fígado esquerdo e fígado direito, separados pela cisura portal principal, uma linha imaginária que corresponde ao trajeto da veia hepática média.
• Cada parte recebe seu próprio ramo primário da artéria hepática e veia porta, e é drenada por seu próprio ducto hepático.
• O lobo caudado pode ser considerado um terceiro fígado, pois sua vascularização é independente da bifurcação da tríade portal (recebe vasos de ambos os feixes).
Veia Porta• A veia porta traz 75-80% do
sangue que chega ao fígado. O sangue porta, que contém aproximadamente 40% mais oxigênio do que o sangue que retorna ao coração pelo circuito sistêmico, sustenta o parênquima hepático.
• É formada pela união das veias mesentéricas superior e esplênica, posteriormente ao colo do pâncreas. Ascende anteriormente à VCI como parte da tríade portal no ligamento hepatoduodenal.
Veia Porta Intra Hepática• Ao entrar no fígado, o tronco
portal divide-se em ramos hepáticos esquerdo e direito.
• O ramo esquerdo é mais longo e consiste em duas porções: a transversa, que atravessa a base do segmento IV, e a umbilical.
• O ramo direito da veia porta divide-se em segmentos anterior e posterior, no ponto de entrada do parênquima hepático.
Artéria Hepática
• O sangue arterial da artéria hepática representa apenas 20-25% do sangue recebido pelo fígado.
• A artéria hepática, um ramo do tronco celíaco, pode ser dividida em artéria hepática comum, do tronco celíaco até a origem da artéria gastroduodenal, e artéria hepática própria, da origem da artéria gastroduodenal até a bifurcação da artéria hepática.
• Se ramifica de maneira semelhante à veia porta
Artéria Hepática
Veias Hepáticas
• Cada segmento hepático é drenado por uma veia coletora. A união dessas veias coletoras forma as três veias hepáticas principais: direita, intermédia e esquerda.
• As três veias abrem-se na VCI logo abaixo do diafragma.
• O lobo caudado (segmento I) é drenado por um pequeno ramo que abre-se diretamente na VCI
Inervação
• Os nervos do fígado são derivados do plexo hepático.
• O plexo hepático acompanha os ramos da artéria hepática e da veia porta até o fígado.
• Esse plexo é formado por fibras simpáticas do plexo celíaco e fibras parassimpáticas dos troncos vagais anterior e posterior.
Variações Anatômicas
2. Indicações
• Tumores primários de fígado• Tumores metastáticos (colorretal, vias biliares, apudoma)• Tumores benignos (alguns casos – aumento do número)• Traumatismo hepático• Cistos hepáticos solitários• Abcessos (amebiano)• Hemangiomas (grandes, dor)• Lesões dos canais biliares intra-hepáticos• Litíase intra-hepática (localizados em um dos lobos - cura da
doença)
Contra-indicação
• Função cardiopulmonar comprometida;• Desnutrição severa;• Função hepática comprometida;• Doença metastática extra-hepática;• Invasão da bifurcação da veia porta ou trifurcação das veias
hepáticas;• Quantidade prevista de parênquima hepático restante < 1%
do peso corporal.
3. Avaliação Pré-Operatória
• Muito importante• Reduz a morbimortalidade no pós-operatório• Estadiamento tumoral (casos de tumores)• Função hepática (Child e Pugh, teste da retenção do verde de
indocianina)• Exames de imagem (ultrassom do quadrante direito superior,
CT scanning, endoscopia retrógrada colangiopancreatografia)
4. A CirurgiaPosicionamento do Paciente:
Posição supina com braço direito a 90⁰ Trendelenburg: 15⁰. Minimizar risco de embolia pulmonar.
Monitorização da Pressão:• Duas veias são cateterizadas:
Para medida da pressão venosa central Para administração rápida de sangue, caso necessário
• Manter a pressão venosa central (PVC) do paciente inferior a 5 mmHg.
• Monitorar: Pressão Venosa Central (PVC) Pressão Arterial Média (PAM) Pressão Arterial Pulmonar (PAP) Pressão de Obstrução da Artéria Pulmonar (POAP)
Incisões Cirúrgicas:
Incisões comumente utilizadasABD ou ABCD
F: indica extensão torácica direita
E: indica esternotomia mediana
A: incisão na linha média C: MercedesB: em forma de J
Transecção Linha Média
5. Técnicas de Clampeamento
• Meta: reduzir sangramento e suas complicações durante as cirurgias
• Alterações hemodinâmicas:Redução de 50% do débito cardíaco.PAM: reduz 15%.Pressão pulmonar: reduz 75%RVS: eleva em 75%
Manobra de Pringle:
ARTÉRIA HEPÁTICA + VEIA PORTA
Método de compressão temporária do pedículo
vascular
Clampeamento Intermitente do Pedículo Hepático:
• Fornece um maior tempo para que a cirurgia seja realizada.
• É bem tolerado por mais de 120 minutos.• Recomendação na maioria dos casos
Exclusão Vascular Hepática Total:
Pedículo hepático + veia cava inferior infra e supra
hepáticaEfetivo em cirurgia de
grande porte Efeito isquêmico desta
técnica no fígado remanescente
6. Técnicas de Hepatectomia• As hepatectomias podem ser divididas em:
Hepatectomia Direita: Ressecção do parênquima hepático à direita da fissura lobar principal.
Hepatectomia Esquerda: Ressecção do parênquima à esquerda da fissura lobar principal.
Hepatectomia Direita Ampliada: Ressecção do parênquima hepático localizado à direita da fissura intersegmentar esquerda (segmentos II, IV, V, VI, VII e VIII).
Hepatectomia Mediana: Ressecção do parênquima entre as fissuras lobar principal e intersegmentar esquerda. Esta técnica está sendo progressivamente substituída pela lobectomia esquerda ou pela hepatectomia direita ampliada.
I. Hepatectomia Direita: Paciente na horizontal, em
decúbito dorsal; Duas veias cateterizadas; Laparotomia subcostal direita
(paramediana direita); Tumor hepático: analisar sua
localização, proximidade e invasão de veia cava inferior e das veias supra-hepáticas, se há comprometimento do lobo esquerdo (1);
Se tumor for restrito ao lobo direito: prolongar a incisão para o lado esquerdo do abdome;
Secção do ligamento falciforme, junto à parede abdominal (2);
(1)
(2)
Dissecção do hilo hepático e isolamento/secção do ducto cístico; Ligadura do ramo direito da artéria hepática (3); Dissecção/ligadura/secção do ducto hepático direito (Ligadura
deve ser feita com cautela: evitar possível estenose do ducto hepático esquerdo) (4);
(3)
(4)
Dissecção/ligadura do ramo direito da veia porta (coto proximal suturado com mononylon 5-0) (5);
Fígado é tracionado à esquerda (secção dos ligamentos coronário, triangular e os hepatorrenais);
Visualização do rim direito, da glândula supra-renal e da veia cava Ligadura das pequenas veias que partem do fígado em direção à veia cava; isolamento e ligadura da veia supra-hepática (6);
(5) (6)
Ressecção do parênquima hepático (7): incisão na cápsula de Glisson ao longo da fissura lobar principal, seccionando o parênquima hepático (técnica de digitoclasia) até que estruturas periportais resistentes possam ser palpadas e, assim, laqueadas e seccionadas. Alguns autores consideram realizar a ligadura da veia hepática direita neste momento do procedimento (8);
Identificação e ligadura dos grandes troncos venosos (cruzam a fissura interlobar);
(7)
(8)
Análise cuidadosa da superfície cruenta (pontos de hemorragia?) (9);
Drenagem e fechamento da cavidade abdominal.
(9)
II. Hepatectomia Direita Ampliada: Incisões podem ser as mesmas referidas para a hepatectomia
direita;
Mobilização hepática: secção dos ligamentos triangular direito e coronário, de forma que seja possível observar a junção entre a veia hepática direita e a veia cava;
Mobilização hepática difícil: estender a incisão até o tórax e, a seguir, dissecar as estruturas hilares;
Secção do ducto hepático direito, da artéria cística e da artéria hepática direita entre ligaduras;
Secção do ramo direito da veia porta entre pinças hemostáticas (coto proximal suturado com mononylon 5-0);
Determinar localização da fissura umbilical (ramos das estruturas hilares que se dirigem para o lobo esquerdo);
Dissecção dos ramos das estruturas hilares a nível da fissura umbilical, um pouco a sua direita. (Preservar os ramos que se dirigem para a porção esquerda do lobo caudado);
Dissecção e secção da veia hepática direita entre duas pinças vasculares de Potts (cotos suturados com mononylon 5-0);
Ligadura de todas as veias pequenas que se dirigem do lobo direito para a veia cava, das estruturas vasculares e ductais que se dirigem, para o segmento medial do lobo hepático esquerdo;
Exérese do parênquima hepático (exceto o segmento II), por digitoclasia.
Ligadura e secção da veia hepática mediana (localizada próxima ao diafragma);
Revisão cautelosa da hemostasia;
Drenagem do espaço subfrênico;
Sutura da parede abdominal por planos.
III. Hepatectomia Direita por Videolaparoscopia: Vantagens: menor número de incisões, menos queixas de dor
pós-operatória, recuperação mais rápida dos doentes, menor resposta imune, tempo de hospitalização reduzido e menores índices de mortalidade;
Paciente em posição supina e decúbito lateral esquerdo; Cirurgião entre as pernas do paciente; monitor atrás da cabeça
do paciente;
CO2 no peritônio do paciente (pressão abdominal de 12 mmHg);
Cinco trocartes: três de 12 mm (para grampeador endoscópico com carga linear) e dois de 5 mm;
A cavidade abdominal e o fígado visualizados por laparoscópio de 10 mm de 30º.
Dividida em 4 etapas:a.Mobilização hepática;b.Dissecção portal;c.Dissecção da veia cava;d.Secção do parênquima hepático.
A. Mobilização Hepática: Secção dos ligamentos redondo e falciforme, com bisturi
harmônico; Fígado é tracionado para cima e para a esquerda, com
afastador atraumático de fígado (visualização da veia cava); O ligamento triangular e a fáscia retroperitoneal são
seccionados; Fígado é liberado e a face lateral da veia cava se torna exposta.
B. Dissecção Portal: Dissecção/ligadura/secção da artéria e do ducto císticos;
Localizar a artéria hepática esquerda: pinçamento temporário da artéria hepática direita, observa-se visualmente a perviedade da artéria hepática esquerda;
Dissecção da artéria hepática direita com pinça de Mixter laparoscópica, ligada e seccionada entre clipes metálicos;
Dissecção cuidadosa, com pinça atraumática e de Mixter, do ramo direito da veia porta, identificado pela linha de demarcação de isquemia que surge após o pinçamento da veia porta direita;
Ligadura do ramo direito da veia porta com grampeador mecânico, que pode ser aplicado durante a dissecção ou durante a secção do parênquima hepático (ambas as técnicas se equiparam quanto à isquemia e à redução do sangramento);
A dissecção e a secção da via biliar podem ser feitas tanto nessa etapa quanto na fase de secção do parênquima;
Caso a via biliar apresente bifurcação intra-hepática, é aconselhável fazer esses passos durante a secção do parênquima.
Dissecção do hilo hepático. (A)Dissecção e reparo da artéria hepática direita; (B) secção da artéria após ligadura com fio de algodão 2-0 e aplicação de clipes metálicos; (C) dissecção do ramo direito da veia porta com Mixter; (D) ligadura da veia porta direita.
C. Dissecção da Veia Cava: Dissecção da veia hepática direita até que o espaço de Couinaud
seja visualizado;
Fígado é tracionado para cima, expondo a veia cava;
Ligadura das pequenas veias hepáticas, por meio de clipes ou cauterização com bisturi harmônico, até que se chegue ao nível do ligamento cava, sendo este seccionado entre clipes;
Dissecção cuidadosa da veia hepática direita, com liberação ampla ao seu redor, tracionada para cima com fio grosso (algodão ou mersilene 0) e secção por grampeador endoscópico com carga vascular.
Dissecção da veia cava e veia hepática direita. (A)Visão da veia cava e veias hepáticas menores após completa mobilização do fígado e secção dos ligamentos; (B) dissecção da veia hepática direita na sua porção extra-hepática; (C) secção da veia hepática direita com grampeador linear endoscópico com carga vascular; (D) visão final após liberação da veia cava e secção da veia hepática direita.
D. Secção do Parênquima Hepático: Paciente com baixa pressão venosa central (redução da infusão
de volume ou por drogas vasodilatadoras venosas - nitroprussiato);
Secção do parênquima hepático na linha de demarcação isquêmica por bisturi harmônico de baixa potência;
Ressecção é quase completa, menos em duas regiões, em que são encontradas as veias hepáticas originadas nos segmentos V e VIII, em geral de grande calibre, que drenam para a veia hepática média;
Essas veias devem ser localizadas US intra-operatório; Secção dessas veias com grampeador endoscópico com carga
vascular; Drenagem da cavidade abdominal.
Secção do parênquima hepático. (A) Início da secção -note a delimitação isquêmica do fígado direito; (B) o parênquima é seccionado com bisturi harmônico até a região das veias de drenagem dos segmentos V e VIII; (C) secção da veia hepática do segmento VIII com grampeador linear endoscópico com carga vascular; (D) visão final após hepatectomia direita e colocação de dreno.
IV. Hepatectomia Esquerda:
• Nas hepatectomias esquerdas, as técnicas utilizadas não diferem muito das ressecções do lobo hepático direito.
• Talvez haja necessidade de uma ampliação da toracotomia até o nível do sexto espaço intercostal esquerdo.
• Pode ser feita a utilização de laparotomia mediana e secção mediana do esterno. Outra opção: tóraco-laparotomia esquerda.
• Ligamento redondo é seccionado.
• O lobo esquerdo é imobilizado.• Ligamento redondo pode servir para tracionar o lobo esquerdo no
sentido ínfero-lateral, facilitando a secção do ligamento triangular e do ligamento coronário esquerdo.
• Cuidado para não lesar a veia frênica inferior e outras veias colaterais próximas a veia cava.
• O parênquima hepático é seccionado na altura da fissura interlobar.• O tratamento da superfície hepática cruenta é igual ao executado para
hepatectomia direita.• A segmentectomia esquerda é a ressecção dos segmentos laterais
esquerdos anterior (II) e posterior (III) que correspondem ao lobo anatômico direito. O que difere da ressecção esquerda é a dissecção do hilo hepático que não é realizada.
• A linha de secção do fígado situa-se à esquerda do ligamento falciforme.
7. Complicações
• As complicações mais frequentes são as infecciosas, biliares e pulmonares.
• Infecções pós-operatórias comuns: pneumonia, infecções da ferida, acúmulos intra-abdominais infectados e infecções do trato urinário.
• Biliares: As biliares ocorrem em 10 a 20% das hepatectomias sem reconstrução biliar. Para minimizar este problema, uma cuidadosa ligadura dos radicais biliares deve ser feita.
• O tamanho das ressecções é importante para avaliar possíveis complicações, avaliar a capacidade do fígado de regeneração.
• Pode ocorrer lesão do nervo frênico e causar a paralisia do hemidiafragma direito e comprometer a função pulmonar.
• Complicações renais: azotemia pré–renal, lesão renal aguda associada à hipoperfusão (necrose tubular aguda) e a toxicidade renal causada pelo uso de medicação
8. Referências Bibliográficas• MOORE, K. L., DALLEY, A. F., AGUR, A. R. Anatomia Orientada Para A Clínica. Sexta Edição. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2011. Pág. 267-280• MARTINS, A. C. A.; MACHADO, M. A. C. O Acesso Glissoniano Intra-hepático Nas Ressecções do Fígado. Revista do
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Hepatectomia Direita por Videolaparoscopia. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, Rio de Janeiro, v. 34, n. 3, mai/jun, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-6991200700030010 &script=sci_arttext>. Acesso em: 15 abr 2014, às 16:40.
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<http://web.squ.edu.om/med-Lib/MED_CD/E_CDs/Hepatobiliary%20Cancer/DOCS/Ch8.pdf> Acesso em: 02 maio 2014, às 13:32.