2
O fim da aids está relacionado à expansão do acesso ao tratamento em larga escala. É o que afirma o diretor do Escritório Executivo do Programa Conjunto das Unidas para o HIV e Aids (UNAIDS), em Genebra (Suíça), Luiz Antônio Loures, que está em São Paulo participando do congresso. Segundo ele, o programa brasileiro de aids, hepatites virais e DST segue sendo um exemplo de resposta à aids, em nível não só regional (América Latina), mas também mundial. “É preciso fazer uma recuperação histórica do papel que o programa brasileiro teve para levar a resposta mundial até onde ela está hoje. Pela primeira vez, há um mês, na Conferência Internacional de Washington, o mundo começou a falar sobre o fim da aids, que hoje pode ser uma realidade em um futuro que nós podemos começar a ver, a vislumbrar”, diz. Loures afirma que o primeiro país do mundo a desenvolver e a expandir o acesso ao tratamento no Hemisfério Sul foi o Brasil. “Foi o exemplo brasileiro que possibilitou que o tratamento na África, na Ásia e em outros países em desenvolvimento fosse expandido. Hoje, essa é uma realidade global que nos permite, mais uma vez, falar sobre o fim da aids”, destaca. O programa do Ministério da Saúde permite, de acordo com o representante do Unaids, entrar em uma nova fase de pesquisas para encontrar uma resposta à aids. “E nessa nova fase nós temos que abrir também um novo debate: quais são as prioridades, as direções que vão nos possibilitar partir do ponto que estamos e chegar eventualmente ao fim da doença. E nada melhor do que começar um debate intenso nesse sentido dentro do Brasil, que é o País que possibilitou que nós chegássemos onde estamos hoje”, enfatiza. Crianças vivendo com aids Dados do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids) mostram que hoje existem, em todo o mundo, mais de dois milhões de pessoas com menos de 15 anos de idade vivendo com HIV ou aids. Se falar sobre esse assunto e sobre o tratamento aos infectados já é complicado para os adultos, imagine quando os pacientes são crianças e adolescentes. Esse desafio foi o centro dos debates da mesa redonda “A criança vivendo com HIV/Aids”, que ocorreu na manhã desta quinta (30), durante o congresso. 31 de agosto Informativo Diário nº 3 Congresso Notas do Representante do Conasems destaca avanços na política brasileira de aids “Se analisarmos esses anos de SUS (Sistema Único de Saúde), fizemos muito mais do que se pode fazer. O problema é que vemos apenas nossos interesses individuais”. Com essa fala, o representante do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conesems), Gilson Carvalho, abriu a Conversa Afiada “Sociedade civil e governo: governança e cidadania”, na manhã dessa quinta-feira (30), no congresso. Gilson ressaltou que o Brasil foi muito ousado ao tornar a rede pública de saúde acessível a toda a população. “Quem viveu antes da Constituição de 1988 sabe que dependíamos da caridade para ajudar as pessoas. Hoje temos mais de 200 mil pacientes em tratamento para a aids. Isso não é utopia, é realidade”, enfatizou. José Marcos de Oliveira, que vive com HIV há 25 anos, concorda que os avanços foram inegáveis. “A política de aids foi um divisor de águas na garantia dos direitos humanos de toda a população”, disse. Ele acredita que a sociedade civil precisa compreender melhor o que é saúde pública e como a aids se insere nesse contexto. “O principal espaço de diálogo com o governo não é por meio do Departamento (de DST, Aids e Hepatites Virais), e sim na atuação com conselhos de saúde”, disse. Em sua explanação, ainda complementou: “quem vai conseguir mudar um pouco o que estão chamando de sucateamento da resposta à epidemia somos nós, pessoas que vivem com HIV/aids”. Eduardo Barbosa, diretor-adjunto do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, lembrou que o diálogo com a sociedade civil é histórico e se mantém até o momento. “Quando a aids surgiu, mobilizou diversos atores sociais. E nós sempre tivemos e criamos, de maneira inovadora, espaços de diálogo muito mais frequentes do que nos outros setores do governo”, afirmou. A lacuna, na avaliação do diretor-adjunto, é a mobilização conjunta das organizações não governamentais em prol da luta contra a epidemia. “Falta solidariedade da sociedade civil na luta pela causa, para que os interesses sejam os da coletividade”, concluiu. Unaids diz que Brasil continua sendo exemplo no combate à aids Foto: Luís Oliveira/Ascom-MS

Informativo I Notas do Congresso

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Informativo oficial do Congressos Brasileiro e Latino-Americano e do Caribe de Prevenção e Fóruns

Citation preview

Page 1: Informativo I Notas do Congresso

O � m da aids está relacionado à expansão do acesso ao tratamento em larga escala. É o que a� rma o diretor do Escritório Executivo do Programa Conjunto das Unidas para o HIV e Aids (UNAIDS), em Genebra (Suíça), Luiz Antônio Loures, que está em São Paulo participando do congresso.

Segundo ele, o programa brasileiro de aids, hepatites virais e DST segue sendo um exemplo de resposta à aids, em nível não só regional (América Latina), mas também mundial. “É preciso fazer uma recuperação histórica do papel que o programa brasileiro teve para levar a resposta mundial até onde ela está hoje. Pela primeira vez, há um mês, na Conferência Internacional de Washington, o mundo começou a falar sobre o � m da aids, que hoje pode ser uma realidade em um futuro que nós podemos começar a ver, a vislumbrar”, diz.

Loures a� rma que o primeiro país do mundo a desenvolver e a expandir o acesso ao tratamento no Hemisfério Sul foi o Brasil. “Foi o exemplo brasileiro que possibilitou que o tratamento na África, na Ásia e em outros países em desenvolvimento fosse expandido. Hoje, essa é uma realidade global que nos permite, mais uma vez, falar sobre o � m da aids”, destaca.

O programa do Ministério da Saúde permite, de acordo com o representante do Unaids, entrar em uma nova fase de pesquisas para encontrar uma resposta à aids. “E nessa nova fase nós temos que abrir também um novo debate: quais são as prioridades, as direções que vão nos possibilitar partir do ponto que estamos e chegar eventualmente ao � m da doença. E nada melhor do que começar um debate intenso nesse sentido dentro do Brasil, que é o País que possibilitou que nós chegássemos onde estamos hoje”, enfatiza.

Crianças vivendo com aids Dados do Programa Conjunto das Nações

Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids) mostram que hoje existem, em todo o mundo, mais de dois milhões de pessoas com menos de 15 anos de idade vivendo com HIV ou aids. Se falar sobre esse assunto e sobre o tratamento aos infectados já é complicado para os adultos, imagine quando os pacientes são crianças e adolescentes. Esse desa� o foi o centro dos debates da mesa redonda “A criança vivendo com HIV/Aids”, que ocorreu na manhã desta quinta (30), durante o congresso.

31 de agosto Informativo Diário nº 3 Congresso

Notas do

Representante do Conasems destaca avanços na política brasileira de aids

“Se analisarmos esses anos de SUS (Sistema Único de Saúde), � zemos muito mais do que se pode fazer. O problema é que vemos apenas nossos interesses individuais”. Com essa fala, o representante do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conesems), Gilson Carvalho, abriu a Conversa A� ada “Sociedade civil e governo: governança e cidadania”, na manhã dessa quinta-feira (30), no congresso.

Gilson ressaltou que o Brasil foi muito ousado ao tornar a rede pública de saúde acessível a toda a população. “Quem viveu antes da Constituição de 1988 sabe que dependíamos da caridade para ajudar as pessoas. Hoje temos mais de 200 mil pacientes em tratamento para a aids. Isso não é utopia, é realidade”, enfatizou.

José Marcos de Oliveira, que vive com HIV há 25 anos, concorda que os avanços foram inegáveis. “A política de aids foi um divisor de águas na garantia dos direitos humanos de toda a população”, disse. Ele acredita que a sociedade civil precisa compreender melhor o que é saúde pública e como a aids se insere nesse contexto.

“O principal espaço de diálogo com o governo não é por meio do Departamento (de DST, Aids e Hepatites Virais), e sim na atuação com conselhos de saúde”, disse. Em sua explanação, ainda complementou: “quem vai conseguir mudar um pouco o que estão chamando de sucateamento da resposta à epidemia somos nós, pessoas que vivem com HIV/aids”.

Eduardo Barbosa, diretor-adjunto do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, lembrou que o diálogo com a sociedade civil é histórico e se mantém até o momento. “Quando a aids surgiu, mobilizou diversos atores sociais. E nós sempre tivemos e criamos, de maneira inovadora, espaços de diálogo muito mais frequentes do que nos outros setores do governo”, afirmou. A lacuna, na avaliação do diretor-adjunto, é a mobilização conjunta das organizações não governamentais em prol da luta contra a epidemia. “Falta solidariedade da sociedade civil na luta pela causa, para que os interesses sejam os da coletividade”, concluiu.

Unaids diz que Brasil continua sendo exemplo

no combate à aids

Foto

: Luí

s O

livei

ra/A

scom

-MS

Page 2: Informativo I Notas do Congresso

As organizações que lutam contra o HIV-aids na América Latina têm de ampliar sua articulação com outros movimentos da sociedade civil para construir uma pauta comum de reivindicações baseada na luta por equidade, direitos humanos e desenvolvimento, se quiserem evitar que o tema saia da agenda internacional e do horizonte dos governos locais. Esta foi uma das principais conclusões do painel “Crise de liderança, quem tem a palavra?”, que ocorreu nesta quinta-feira (30), no congresso.

“Precisamos evoluir e ampliar o diálogo com outros movimentos sociais porque o HIV já não é prioridade mundial. Se cochilarmos, sairá da agenda”, advertiu Violeta Ross, da Rede Boliviana de Pessoas com HIV.

Enrique Chaves, do Observatório Latino-americano AID for Aids, foi incisivo na mesma direção: “Não basta mais lutar pelo preservativo e

Articulação com outros movimentos sociais deve ser prioridade

Planos são necessários para o enfrentamento à aids

O diretor-adjunto do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Eduardo Barbosa, participou, nesta quinta (30), do debate “Diálogos sobre os planos de enfrentamento à aids para mulheres e HSH”. Segundo ele, o plano direcionado aos homens que fazem sexo com homens (HSH), Gays e Travestis teve uma construção bastante coletiva, com a participação de movimentos sociais e discutido na esfera do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

“É imprescindível destacar, também, que esse plano foi pactuado nas esferas de gestão junto aos secretários de saúde estaduais e municipais. Até agora 26 estados já tinham elaborado seus planos e o Amapá está prestes a apresentar o seu também”, explicou. Eduardo destacou que o Ministério da Saúde e a Secretaria de Políticas para as Mulheres já estão trabalhando juntos para elaborar o Plano direcionado às mulheres e aos transexuais.

O diretor-adjunto enfatizou que não é possível realizar qualquer atividade sem o envolvimento do gestor local na implementação das políticas. “Esses planos são políticas indutoras. O Ministério da Saúde tem o papel de buscar identificar quais as lacunas existentes e as necessidades para cumprir determinadas políticas. E, a partir disso, fazer alianças para poder se concretizar na ponta. Da mesma forma como não é possível não ter os apoios específicos dos gays, travestis, transexuais, mulheres. Os planos cumprem o papel de colocar na pauta as necessidades que precisam ser alcançadas e os caminhos que precisamos percorrer”, ressaltou.

NOTAS

Catálogo da sociedade civil

O Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais está realizando um mapeamento nacional das organizações da sociedade civil e movimentos sociais que trabalham com DST, HIV, aids e hepatites virais, para produzir o Catálogo Nacional de OSC e Redes Comunitárias – Brasil 2012. No documento constarão dados e informações atualizados, que possam servir de subsídios para o desenvolvimento de ações mais qualificadas na promoção de direitos humanos e articulação com as OSCs e Movimentos. Para as instituições serem incluídas no Catálogo é preciso preencher um questionário (disponível em http://www.aids.gov.br/node/51717) e enviar para o e-mail [email protected], aos cuidados da área de Direitos Humanos, Risco e Vulnerabilidade (DHRV), até o dia 10 de setembro.

Arena da Juventude

Sexualidade, DST, HIV/Aids e gravidez na adolescência. Esses foram os temas trabalhados  de forma dinâmica pelo grupo Transando Saúde, no espaço Arena da Juventude. No evento, jovens respondiam perguntas e respostas sobre DST e aids e, à medida que acertavam os assuntos relacionados às doenças, avançavam no jogo.

Juventude e sexualidade

Foi lançado, nesta quinta-feira (30), o curso de educação a distância “Juventudes, sexualidades e prevenção das DST/Aids”, voltado a profissionais da área de educação e da saúde. A iniciativa foi desenvolvida pelos ministérios da Saúde, da Educação, pelo Serpro e pela Unesco. O objetivo da formação, gratuita e com duração de 40 horas, é ampliar as competências desses profissionais para trabalhar com jovens e adolescentes na promoção da saúde e prevenção de doenças. “Com o curso, vamos poder ampliar ações que já vinham sendo desenvolvidas para esses profissionais”, destaca o diretor-adjunto do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Eduardo Barbosa.

Pastoral da Aids

Nesta quinta-feira (30), houve o lançamento do documentário “ A vida é maior que a aids, a história da Pastoral da Aids”. O vídeo conta os dez anos de história da Pastoral, um projeto da Igreja Católica que, juntamente com o Ministério da Saúde, vem realizando ações no campo de prevenção, diagnóstico precoce e acompanhamento das pessoas que vivem com o vírus.

Achados e Perdidos

A seção de achados e perdidos agora está funcionando no setor de credenciamento do Pavilhão Oeste.

EDIÇÃO: Gabriela Campos REDAÇÃO: Daniela Brito, Mônica Plaza e Simone Mateos Colaboração: integrantes da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadores (RENAJOC) e equipe da Revista Viração. - PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Marcos Cleuton REVISÃO: Angela Martinazzo COORDENAÇÃO: Hércules Barros CONTATO: [email protected]

pelos medicamentos. Precisamos admitir que a luta pelo acesso à saúde não diz respeito só aos portadores de HIV, e que aids é também questão de acesso a emprego, moradia e educação porque ninguém conserva a saúde sem isso”.

A necessidade de garantir investimentos para a formação de novas lideranças foi o ponto destacado por Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transexuais (ABGLT). Segundo ele, com a crise econômica internacional e a redução do � nanciamento para o combate à aids, foram eliminados todos os recursos para formação de quadros e fortalecimento das organizações sociais. “Só com líderes bem formados seremos capazes de ampliar nossa capacidade de diálogo, estabelecer o que temos em comum e negociar o que é de fato essencial”, disse.

Sessi Girl, Nina Cash, Drindry Buck e Send Buck, integrantes do grupo Esquadrão Drag Queen, realizam show durante o congresso, conscientizando os espectadores sobre a preservação do meio ambiente, cuidado com o corpo e prevenção das DSTs e aids.

Foto

: Ade

mir

Mel

o

Foto

: Luí

s O

livei

ra/A

scom

-MS

A tenda Paulo Freire foi palco do debate sobre identidade de gênero. O bate-papo reuniu pessoas de múltiplos olhares e experiências de vida sobre superação de preconceito. Entre os convidados estava o cartunista Laerte Coutinho. Em conversa descontraída, liderou a discussão sobre padrões de gênero e sexo. Por meio de intenso trabalho de conscientização em quadrinhos, chamou a atenção da sociedade para questões de direitos humanos, sobretudo entre lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros.