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Ministério da Saúde do Brasil Brasília, junho de 2012 DEBI Brasil INSTRUçõES PARA ADAPTAR E IMPLEMENTAR A ESTRATéGIA LíDERES DE OPINIãO POPULAR-LOP Estratégia de Prevenção para as DST-HIV GUIA TéCNICO

Lop guia técnico

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Ministério da Saúde do Brasil

Brasília, junho de 2012

DEBI Brasil InStruçõES para aDaptar E

IMplEMEntar a EStratégIa líDErES DE OpInIãO pOpular-lOp

Estratégia de prevenção para as DSt-HIV

guIa técnIcO

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Ministério da Saúde do BrasilSecretaria de Vigilância em Saúde

Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais

CENTROS DE CONTROLE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

DIVULGAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÕES COMPORTAMENTAIS EFETIVAS

Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia

Líderes de Opinião Popular (LOP)

Guia Técnico

Brasília, 2012

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© 2011. Ministério da SaúdeTodos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde quecitada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial.A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da área técnica.A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na BibliotecaVirtual em Saúde do Ministério da Saúde: http://www.saude.gov.br/bvsO conteúdo desta e de outras obras da Editora do Ministério da Saúde poder ser acessado napágina: http://www.saude.gov.br/editora

Tiragem: 1ª edição – 2012 – 50 exemplares

PRODUÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E INFORMAÇÕES

MINISTÉRIO DA SAÚDESecretaria de Vigilância em SaúdeDepartamento de DST, Aids e Hepatites ViraisSAF Sul Trecho 2, Bloco F, Torre 1, Ed. PremiumCEP 70.070-600 - Brasília, DFE-mail: [email protected] / [email protected] page: htttp://www.aids.gov.brDisque Saúde / Pergunte Aids: 0800 61 1997

Essa publicação é parte do projeto DEBI Brasil, orientado para a prevenção das DST-Aids-HV entre gays, outros HSH e travestis.

Projeto DEBI BrasilCoordenação geral

Karen Bruck

Coordenação pela DHRVIvo Brito e Gil Casimiro

Técnico ExecutivoOswaldo Braga

Consultoria ExternaLilia Rossi

Coordenação de Direitos Humanos, Risco e Vulnerabilidade - DHRV

Organização:Oswaldo Braga e Lilia Rossi

Tradução:Daisy Deell Figueira GlassNeuza Lopes Ribeiro Vollet

Revisão:Mauro Siqueira, Ângela Martinazzo e Telma Tavares Richa e Souza

Projeto gráfico, capa e diagramaçãoAlexsandro de Brito Almeida

O desenvolvimento dessa publicação foi apoiado pelo HHS Centers for Disease Control and Prevention (CDC), Division of Global HIV/AIDS e Division of HIV/AIDS Program, através do Acordo de Cooperação no. 5U2GPS001204. Seu conteúdo é responsabilidade apenas dos autores e não representa necessariamente a visão oficial do CDC.

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3Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico

Ministério da Saúde do BrasilSecretaria de Vigilância em Saúde

Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais

CENTROS DE CONTROLE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

DIVULGAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÕES COMPORTAMENTAIS EFETIVAS

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Líderes de Opinião Popular (LOP)

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Secretaria de Vigilância em Saúde · Departamento de DST, Aids e Hepatites Viriais

DEBI Brasil

De 1980 até junho de 2009 foram identificados 544.846 casos de aids no Brasil. Em média são 35 mil novos casos por ano no País. A Região Sudeste ainda concentra o maior percentual (59,3%), seguida pelas Regiões Sul (19,2%), Nordeste (11,9%), Centro-Oeste, (5,7%) e Norte (3,9%). Em 2008, a exposição sexual foi responsável por 97% dos casos notificados. Embora se observe, a partir de 2000, uma tendência de estabilização na proporção de casos de aids entre homens que fazem sexo com homens (HSH), em 2008, verificou-se um aumento na proporção de casos na faixa etária de 13 a 24 anos para este segmento (35% em 2000 para 42,7%). Estudo recentemente realizado mostra que os HSH apresentam risco maior de infecção ao HIV do que o observado na população geral, com taxas de incidência em torno de 15 vezes a mais do que entre os heterossexuais (Barbosa Jr., 2009).

De acordo com parâmetros estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a epidemia no Brasil é concentrada. Estudos realizados em 10 municípios brasileiros, entre 2008 e 2009, estimaram taxas de prevalência para o HIV de 10,5% entre HSH (Kerr, 2009); de 5,9% entre UDI (Bastos, 2009); e de 4,9% entre mulheres profissionais do sexo (MPS) (Szwarcwald, 2009), enquanto que, na população geral a taxa média de prevalência está em torno de 0,6%. Outro estudo realizado em 2006 aponta que os HSH têm uma probabilidade de desenvolver aids 18 vezes maior do que os homens heterossexuais (Beloqui, 2006).

A resposta brasileira à epidemia do HIV/aids é reconhecida pela compreensão dos contextos de vulnerabilidade e diversidade que implicam na valorização das identidades de grupos e populações e no respeito à diferença. Isso é o resultado da profícua parceria entre governo e organizações da sociedade civil, estabelecida desde o início do combate ao HIV/aids no País e consolidada ao longo dos anos.

A estrutura programática do DEBI Brasil tem como base a implantação de três projetos-piloto distintos desenvolvidos por ONG locais, sob supervisão e coordenação do Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz e dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), instituições parceiras nessa iniciativa. Os resultados obtidos na etapa inicial de tais projetos-piloto – vinculada, sobretudo, à adaptação das metodologias DEBI no contexto nacional – subsidiarão uma possível e futura ampliação da estratégia, a partir da transferência dessas tecnologias de prevenção para outras ONGs brasileiras.

Um conjunto de estratégias específicas para a ampliação dos esforços em prevenção do HIV/DST junto aos homens homossexuais foi definido e consolidado, a partir de 2007, no Plano Nacional de Enfrentamento da Epidemia de Aids e das DST entre Gays, outros HSH e Travestis. O Programa DEBI Brasil atende diretamente dois dos objetivos nele listados:

• FortalecermetodologiasdeprevençãodasDST/HIVparagayseoutrosHSHquetiveram êxito comprovado e investir em novas metodologias que acompanhem as mudanças do contexto da epidemia.

• Ampliaraabrangênciageográficaeaqualidadedasaçõesdeprevenção,assistência e tratamento do HIV, das DST e hepatites para travestis, considerando novas tecnologias de educação em saúde, demandas e especificidades desse grupo populacional.

Este material cumpre importante etapa do Programa DEBI Brasil, em sua fase piloto, que é a tradução e adaptação dos manuais editados pelo CDC, sendo assim base para a coleta de experiências brasileiras que possam ser formatadas, terem sua eficácia cientificamente comprovadas, avaliadas e, consequentemente, transformadas em metodologias replicáveis por outras organizações.

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ÍNDICEI. Introdução ................................................................................. 7

A. Apresentação do Guia Técnijco ........................................................ 7B. Contextualização do modelo LOP .................................................. 7

O MODELO LOP .............................................................................................................. 9Resumo da avaliação formativa necessária em relação aos LOP e

à cultura de risco ................................................................................................ 9Resumo do Projeto LOP criado pelo Dr. Jeff Kelly .............................. 11Breve descrição da implementação da estratégia LOP .................... 12Os Nove Elementos Centrais da Estratégia LOP ................................... 13Exemplos de Projetos LOP ..................................................................................... 14Principais Atividades e sua Sequência na Estratégia LOP ............... 15

II. Avaliação formativa para adaptação do modelo da estratégia LOP ....................................................................... 17

Roteiro de decisões sobre avaliação formativa para direcionar, adaptar e construir a estratégia LOP ................................................. 18

Resumo das tarefas básicas a serem realizadas na etapa formativa ................................................................................................................. 20

Este Guia descreve os componentes e recursos do mapeamento na etapa formativa antes de descrever os métodos do mesmo .......................................................................................................................................... 21

A. Mapeamento de componentes comunitários que serão alvo da intervenção e que subsidiarão a elaboração de atividades e materiais ..................................................................... 21População demográfica ampla ........................................................................ 26População atendida pela instituição .......................................................... 26População da estratégia LOP ........................................................................... 26Ambiente Comunitário ............................................................................................ 26Norma ................................................................................................................................. 26Grupos de Amizade .................................................................................................... 26LOP ........................................................................................................................................ 26

B. Materiais do projeto a serem desenvolvidos na etapa formativa: logo e conteúdo do plano de treinamento ........ 32

D. Métodos de avaliação formativa ............................................... 33Resumo dos Métodos de Avaliação Formativa ..................................... 35Conclusão (da Seção II - Avaliação formativa para a estratégia

LOP) .............................................................................................................................. 39

Page 7: Lop   guia técnico

III. Recrutamento, treinamento, apoio e atuação dos LOP ..................................................................................................... 43A. Recrutamento dos LOP ..................................................................... 43

Avaliação para a realização da estratégia LOP .................................. 43Avaliação dos LOP em potencial ..................................................................... 44Recrutamento de LOP .............................................................................................. 45Protocolos, sistemas e formulários para o recrutamento .......... 46Retenção ........................................................................................................................... 47

B. Treinando os LOP ............................................................................... 481. Visão geral do treinamento dos LOP .................................................. 482. Passos para a adaptação das sessões de treinamento e

preparação para sua realização .............................................................. 533. Descrição detalhada da estrutura, conteúdos, atividades e

propósito de cada sessão .............................................................................. 54

C. Atuação dos LOP (realização dos endossos) ............................ 61D. Apoiando a Estratégia LOP e os LOP ............................................ 61

Encontros ........................................................................................................................ 62

IV. Manutenção da estratégia LOP no longo prazo ........ 65V. Indicadores e monitoramento da fidelidade aos

elementos centrais da estratégia LOP ........................... 67Exemplos de objetivos programáticos “SMART” para a

identificação e documentação da fidelidade das atividades do projeto LOP, em relação aos elementos centrais ou à lógica interna do modelo da estratégia LOP ................................ 68

Elemento Essencial Nº 7 da Intervenção .................................................... 72Perguntas “SMART” a serem respondidas em relação aos

objetivos programáticos acima ................................................................ 73

ANEXOS .......................................................................................... 75Anexo 1 - ESTIMATIVA DO CUSTO DA ESTRATÉGIA LOP ............. 75Anexo 2 - NÚMERO MÍNIMO DE INTERAÇÕES COM OS

INTEGRANTES DA COMUNIDADE .................................................. 76Anexo 3 - MODELO DE QUESTIONÁRIO SOCIOMÉTRICO ......... 77Anexo 4 - MODELO DE ROTEIRO PARA OBSERVAÇÃO DA

COMUNIDADE .................................................................................... 78Anexo 5 - MODELO DE ROTEIRO PARA ENTREVISTAS COM

INFORMANTES-CHAVE ..................................................................... 80

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7Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico

I. IntroduçãoA. Apresentação do Guia Técnico

A estratégia para intervenção de mudança comportamental com Líderes de Opinião Popular (LOP) é apropriada para diversas populações e situações que se enquadrem nas características específicas visadas pelo modelo LOP. O enfoque deste Guia Técnico é orientar sobre a adaptação do modelo LOP. A adaptação é um procedimento normal, básico, além de ser um dos primeiros passos, e é essencial para a implementação da estratégia LOP. De todas as tarefas relacionadas à implementação da estratégia LOP, a fase de adaptação é a menos explicada.

As informações contidas neste Guia explicam mais detalhadamente os procedimentos e os processos de implementação descritos no manual de estratégia e também nos treinamentos para facilitadores realizados pelo CDC. Utilize este Guia Técnico junto com os demais recursos que o CDC disponibiliza para apoiar a implementação da estratégia LOP.

Este Guia fornece orientações técnicas sobre a estratégia LOP e trata de duas das três principais etapas da realização da mesma.

I. Avaliação formativa para adaptar, direcionar e estabelecer a estratégia LOP;

II. Recrutamento, treinamento, atuação e apoio aos Líderes de Opinião Popular;

III. Avaliação e monitoramento da estratégia LOP. 1

B. Contextualização do modelo LOPA estratégia LOP de prevenção é um modelo específico que tem o

objetivo de influenciar a mudança de comportamento. A estratégia possui uma lógica específica e um conjunto de parâmetros que vão influenciar os determinantes sociais de comportamentos dentro de uma cultura, removendo os comportamentos de risco dessa cultura. A estratégia LOP é um modelo e também uma estratégia para promover o determinante sociocomportamental de uma norma de redução de riscos relacionados ao HIV, dentro de uma rede social caracterizada por uma cultura compartilhada de risco (atitudes, convicções, normas, opiniões, conhecimentos e comportamentos etc. compartilhados e relativos a 1 Um manual detalhado de avaliação do CDC está disponível separadamente para ajudar a orientar a terceira

etapa: “III. Avaliação e monitoramento da estratégia LOP.”

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riscos). A estratégia LOP, também, focaliza relações de influência nessas redes socais. A comunicação interpessoal, que tem mais poder de persuasão que os meios de comunicação de massa, transmite uma norma de redução de risco por meio de formadores de opinião, dentro das redes ou “Líderes de Opinião Popular” (LOP). O comportamento tem forte influência na adaptação ou absorção de uma nova norma social relativa ao risco na cultura. A norma passa a ser adotada ou instituída, quando ela é endossada pelos Líderes de Opinião Popular com aqueles que os admiram.

Na intervenção com “Líderes de Opinião Popular”, os LOP são identificados, recrutados, treinados, apoiados e atuam para influenciar os amigos, de modo que passem a considerar a redução do risco de infecção pelo HIV como a prática aceita. Os LOP têm atributos específicos. Dentro de seus grupos de amizade, eles são os 15% mais influentes, respeitados, com credibilidade e experiência relevante de vida, confiáveis, compreensivos com os amigos, falam bem, são articulados e autoconfiantes. Em razão desses atributos, eles determinam a formação de opinião entre as pessoas ao seu redor. Os LOP criam tendências entre seus amigos. Eles já existem. Essa estratégia não cria LOP: a intervenção identifica, apoia e utiliza esses líderes influentes para modificar visões, atitudes, opiniões e normas sobre riscos presentes na cultura.

A estratégia LOP utiliza Líderes de Opinião Popular para modificar ou introduzir uma norma social relacionada a risco. Normas sociais são regras tácitas de comportamento; são convicções, costumes, expectativas e opiniões compartilhados por um grupo que determinam atitudes, convicções, opiniões e comportamentos individuais. A existência de uma norma social pode ser percebida, dentro de uma rede social, na influência entre pares quanto ao que é considerado apropriado ou inapropriado para os integrantes da rede ou de um grupo social. Por exemplo, muitas vezes as pessoas usam (comportamento individual) um determinado estilo de roupas por causa de pressão sutil porém significativa dos pares, em relação ao que é apropriado e inapropriado (a norma social). A norma é transmitida tanto pela exibição (o uso) como pelas conversas sobre roupas e estilos que ocorrem em suas relações sociais imediatas.

A “norma social” é a essência da pressão social ou dos pares que existe dentro do grupo em relação a comportamentos apropriados e esperados. A norma social ou a existência da influência dos pares não devem ser confundidas com as “razões técnicas” que levam ao uso das roupas, que podem ser para proteção, confortáveis etc. Tais “razões técnicas” são justificativas subsidiárias relacionadas à norma social, mas não são a norma social em si. Muitas vezes as justificativas técnicas, assim como a própria norma, não são evidentes para os integrantes do grupo. Podem não “fazer sentido”, não ser coerentes ou compreensíveis, especialmente para pessoas fora do grupo ou da cultura.

Em suma, a estratégia LOP atua com pessoas que criam tendências dentro da cultura a fim de estabelecer uma tendência, uma inovação ou

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9Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico

uma norma relacionada ao risco, que seja viável e esteja em consonância com a cultura. A intervenção utiliza 15% dos integrantes mais influentes da rede social para promover a tendência de redução de risco. Quando os integrantes mais influentes manifestam a sua opinião junto àqueles que os admiram, os demais integrantes começam a imitá-los e a adotar a essa opinião, que se dissemina e, no final, se estabelece em toda a rede social.

O MODELO LOP

Resumo da avaliação formativa necessária em relação aos LOP e à cultura de risco.

É oportuno identificar e enfocar uma norma relacionada ao risco que esteja imediatamente disponível para implantação dentro da cultura. É preciso entender e, também, ter explicações coerentes a respeito de uma cultura de risco para poder estabelecer a estratégia LOP e direcioná-la dentro dessa cultura. A “competência cultural” do programa significa que a cultura seja adequadamente entendida e o programa implementado em consonância com essa cultura. Uma das principais áreas enfocadas por este Guia é a avaliação formativa necessária para descrever suficientemente bem uma comunidade de modo a poder realizar a estratégia LOP, de forma apropriada. Essa especificação da modificação do modelo para combinar com a comunidade é a etapa de adaptação da estratégia LOP (essa é a etapa menos explicada entre todas as relacionadas à sua implementação).

A estratégia LOP depende do compromisso e da disposição de integrantes específicos de um grupo, os “LOP”, para transmitir aos amigos mensagens que referendem a redução do risco pessoal. Para poder realizar a intervenção, é necessário localizar e descrever pessoas em grupos de amizade interligados. Isso porque os próprios LOP pertencem a grupos específicos de amizade. Os LOP não são desconhecidos ou estranhos. São pessoas que estão ao nosso redor, por quem temos um grau significativo de confiança, admiração, cujas opiniões são importantes para nós, cujos conselhos seguimos e, o mais importante, são pessoas que queremos imitar..

a fim de se obter

determina

O enfoque (determinante

comportamental)

Norma da comunidade

relacionada ao risco

(Ex.: Pouco ou nenhum valor atribuído ao uso

do preservativo).

A atividade de intervenção

LOP endossam uma norma social

relacionada ao risco

(Ex.: LOP endossam / referendam uso do

preservativo junto aos amigos).

O resultado esperado da atividade

Comunidade adota a norma(Ex.: A rede social de amigos passa a

valorizar muito o uso do preserva-tivo e a

exercer pressão junto aos pares para que também o usem).

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A rede social composta por grupos interligados por amizade indispensável para a estratégia LOP, também, precisa ser uma rede em que a promoção de uma norma de redução de risco (como a forte valorização do uso do preservativo em toda a comunidade) seja necessária e viável. Se as pessoas não compartilham normas entre si, ou não têm o potencial de compartilhá-las ou estarem sujeitas à sua influência, significa que não estão suficientemente unidas entre si para que a estratégia LOP possa focalizar ligações baseadas em influência e normas compartilhadas. Uma cultura compartilhada de risco é uma característica importante na definição de um grupo social em que a estratégia LOP possa ser realizada.

Grupo de amizade A Grupo de amizade B Grupo de amizade CLOP LOP LOP LOP LOP LOP LOP LOPGrupo de amizade D Grupo de amizade E Grupo de amizade FLOP LOP LOP LOP LOP LOP LOP LOP LOPGrupo de amizade G Grupo de amizade H

LOP LOP LOP LOP LOP

E assim por diante… para todos os grupos de amizade no local da

intervenção, e com 15% de LOP em cada subgrupo.

Pessoas em grupos ligados de amizade nos quais se circula a influência pessoal e que precisam da promoção de uma norma de redução de risco.

• Umdosprimeirosestudosdadifusãodainovaçãomostrouquea norma “decolou” ou obteve a velocidade necessária para ser absorvida, quando 15% dos LOP, no seu meio, endossaram a opinião. Visto que não se sabe se um número inferior é capaz de produzir o impacto, mantém-se a meta de 15% na realização da intervenção.

Um exemplo de uma cultura compartilhada de risco e uma rede de grupos de amizade apropriada para a estratégia LOP são os amigos que frequentavam um bar gay, em uma cidade pequena no estado de Mississipi, onde Jeff Kelly realizou o primeiro ensaio da estratégia LOP. Nesse caso, a estratégia LOP foi direcionada aos homens vinculados pelo contexto do bar gay, à amizade entre eles e outros aspectos de suas relações compartilhadas, como interesses sexuais em potencial e atividades sexuais entre si, elementos comuns da vida cotidiana (incluindo a comunicação e o compartilhamento de informações), bem como normas, atitudes, convicções e valores compartilhados sobre sexo mais seguro (se toda a comunidade considerava que o uso do preservativo era apropriado e/ou inapropriado).

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11Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico

Resumo do Projeto LOP criado pelo Dr. Jeff KellyJeff Kelly queria fazer uma intervenção com homens, fora dos centros

urbanos, sob o risco de relações sexuais desprotegidas com outros homens.

Em termos de como intervir, Dr. Kelly sabia que: “reduções em comportamentos sexuais de alto risco entre homossexuais em centros urbanos parecem estar ligadas a novas normas em comunidades gays, em grandes cidades, que desestimulam atividades de alto risco como o sexo anal desprotegido e incentivam medidas de precaução como o uso do preservativo ou outras práticas sexuais mais seguras.” 2

Dr. Kelly sabia que “redes sociais de influência e estreitamente ligadas” seriam necessárias para estabelecer uma norma de sexo mais seguro, por meio de formadores de opinião respeitados.3 Ele sabia que precisaria encontrar um ambiente de encontro social de uma rede de pessoas estreitamente ligadas para poder traçar e definir uma população para a estratégia LOP. Em especial, ele precisava descrever e definir as conexões sociais dos indivíduos, suas normas compartilhadas de risco, os padrões de influência entre os integrantes, bem como outros aspectos da população como as lideranças comunitárias. Para descrever uma população de uma estratégia LOP, também, é necessário quantificá-la. Dr. Kelly sabia que precisava treinar 15% do total para endossar a norma e, também, precisava de recursos suficientes para definir a abrangência e o tamanho da população da intervenção.

Dr. Kelly resolveu enfocar sua avaliação formativa em um bar gay de uma cidade pequena (50 a 70 mil habitantes), no estado de Mississipi. Ele sabia que um bar gay poderia ajudar a facilitar a coleta das informações necessárias. “Por causa do relativo isolamento e da falta de outros locais de encontro, esses bares tendem a atrair grupos grandes e estáveis de homossexuais masculinos e servem como o principal ambiente de encontro social da comunidade gay de cada cidade [pequena].”4

O tamanho da população da intervenção era de 328 pessoas. Para identificar os LOP dentro das redes sociais de gays, Dr. Kelly treinou os garçons para serem observadores discretos e para fazerem indicações das principais pessoas respeitadas, benquistas e de confiança. Trinta e um LOP foram recrutados, treinados e apoiados para referendar a norma do sexo mais seguro junto aos demais. 90% dos LOP eram masculinos e 90% eram brancos.

2 Página 168: JA Kelly, JS St. Lawrence, YE Diaz, LY Stevenson, et al. (1991). HIV risk reduction following intervention with key opinion leaders of population: An experimental analysis, American Journal of Public Health, 81 (2), 168 – 171.

3 Página 1488: JA Kelly, JS St. Lawrence, LY Stevenson, AC Hauth, et al. (1992). Community AIDS/HIV risk reduction: The effects of endorsements by popular people in three cities. American Journal of Public Health, 82 (11): 1483-1489.

4 Página 168: Kelly et al, (1991).

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12Ministério da Saúde

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Breve descrição da implementação da estratégia LOP1. Uma população ou uma comunidade de amigos que compartilham

uma cultura de risco é identificada para ser o alvo da intervenção. A rede de amigos precisa ser descrita detalhadamente em termos dos riscos, dos grupos e dos integrantes desses grupos. Um ambiente, um local ou contexto comunitário pode ser um espaço que facilite a descrição, a identificação e a avaliação da quantidade de subgrupos e seus integrantes. Os LOP precisam ser identificados e descritos (para fins de recrutamento, treinamento e atuação), sendo necessário um número equivalente a 15% para cada grupo de amizade. É indispensável avaliar quantos integrantes cada grupo de amizade tem para poder determinar o número de LOP equivalente a 15% em cada subgrupo. É preciso, também, realizar avaliação formativa para conhecer e descrever o comportamento e as normas compartilhadas de risco a serem trabalhadas, a fim de reduzir o risco dentro da rede. Esses componentes são os elementos básicos da estratégia LOP que precisam ser definidos em cada contexto local. Os materiais, as atividades e os planos do projeto serão elaborados tendo como base as informações obtidas na etapa de avaliação formativa. Nessa etapa ocorre a pesquisa e o desenvolvimento básicos necessários para as atividades da estratégia LOP.

2. Uma vez concluída a avaliação formativa, a estratégia LOP envolve o recrutamento, o treinamento, o apoio e a atuação dos LOP embasados em um plano. O projeto recrutará, treinará e convencerá os LOP identificados de que a norma de redução de risco é apropriada. Por sua vez, os LOP convencem os amigos que a norma é adequada. O projeto dá apoio continuado aos LOP na sua atuação junto aos amigos. A etapa de “implementação” significa pôr em prática os planos, os produtos e as atividades.

3. O plano e a implementação da estratégia LOP são monitorados para permitir ajustes em caso de eventuais problemas encontrados durante a sua realização.

Obs.: A quantidade de recursos disponíveis é uma questão importante. Há uma relação específica entre o tamanho da população e o número de LOP (15% da população a ser abrangida). O número de LOP que podem ser apoiados é limitado pelos recursos financeiros disponíveis e isso limita, também, o tamanho da população que será trabalhada.

As orientações contidas neste Guia se baseiam nos nove elementos centrais da estratégia LOP, descrevendo-os da maneira mais completa e técnica, designando a forma como serão implementados na prática.

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13Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico

Os Nove Elementos Centrais da Estratégia LOP1. A estratégia LOP é direcionada a uma população identificável, em

locais comunitários bem definidos, nos quais é possível estimar o tamanho da população.

2. Técnicas etnográficas são utilizadas sistematicamente para identificar segmentos da população e para identificar as pessoas que são mais benquistas, respeitadas e que detêm a confiança de outras pessoas, em cada segmento da população.

3. No decorrer do programa, 15% da população encontrada nos locais de intervenção foi treinada como Líder de Opinião Popular.

4. Por meio do treinamento, os Líderes de Opinião Popular aprendem habilidades necessárias para iniciar a divulgação de mensagens sobre a redução de risco para amigos e conhecidos durante conversas cotidianas.

5. Os Líderes de Opinião Popular, também, aprendem as características de mensagens efetivas sobre mudanças de comportamento direcionadas para atitudes, normas, intenções e autoeficácia relativas ao risco. Em conversas, os Líderes de Opinião Popular endossam ou referendam pessoalmente os benefícios de comportamentos mais seguros e recomendam passos práticos necessários para realizar as mudanças.

6. Grupos de Líderes de Opinião Popular têm encontros semanais em sessões que envolvem aprendizagem, modelos de facilitação e exercícios bem elaborados, com dramatizações, para que possam aprimorar suas habilidades e ganhar segurança quanto à transmissão para outras pessoas de mensagens efetivas sobre a prevenção do HIV. O tamanho dos grupos é suficientemente pequeno para permitir que todos os Líderes de Opinião Popular tenham várias oportunidades de fazer exercícios que aprofundem suas habilidades de comunicação e lhes deem tranquilidade na transmissão de mensagens por meio de conversas.

7. Os Líderes de Opinião Popular estabelecem metas para a realização de conversas sobre a redução de risco com amigos e conhecidos da população abrangida, nos intervalos entre as sessões semanais.

8. Os resultados das conversas dos Líderes de Opinião Popular são analisados, discutidos e reforçados nas sessões subsequentes.

9. Logos, símbolos ou outros dispositivos são utilizados como meios para iniciar conversas entre os Líderes de Opinião Popular e outras pessoas.

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14Ministério da Saúde

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Exemplos de Projetos LOPProjeto Comunitário de Saúde da Mulher (Women’s Community Health

Project)Um projeto LOP foi realizado em nove programas de habitação para

pessoas de baixa renda, em cinco cidades nos EUA. As LOP foram identificadas por meio de observação, para ver quais mulheres se relacionavam melhor umas com as outras. Um perfil, também, foi obtido para descobrir quais eram as mais respeitadas e detinham mais confiança por parte das outras. Indicações de LOP também foram solicitadas aos gerentes dos conjuntos habitacionais e às lideranças comunitárias (informantes-chave). Foram formados “Conselhos de Saúde da Mulher” que realizavam eventos, envolvendo toda a comunidade, sendo essas ocasiões voltadas tanto para o convívio social quanto para a prevenção. Dessa forma, o apoio à comunidade e seu fortalecimento eram parte integral desse projeto LOP.

Projeto Michê (The Hustler Project)Em 1992, a organização Gay Men’s Health Crisis, Inc. (GMHC) recebeu

financiamento de uma fundação para um projeto com garotos de programa ou “michês” na cidade de Nova York. Como o financiamento era por apenas um ano, a GMHC precisou fazer uma avaliação rápida e de baixo custo. O pessoal da área de prevenção e da área de avaliação obtiveram informações relevantes de fontes já existentes, realizaram observações na comunidade, entrevistaram informantes-chave e utilizaram seu próprio conhecimento e experiência na comunidade para nortear as decisões que precisavam tomar.

Embora mudanças para comportamentos sexuais mais seguros tivessem ocorrido entre subgrupos de gays que se encontravam em duas regiões de Manhattan, existiam lacunas nessas mudanças entre outros subgrupos de gays e outros HSH. Existia risco entre michês por causa de relações sexuais profissionais com homens e, também, em razão de outras formas de relações sexuais desprotegidas com homens. O uso de substâncias, incluindo as drogas injetáveis, também caracterizava a vida de muitos dos michês. Vários clientes de michês, também, estavam sob risco, por causa de relações sexuais desprotegidas com outros HSH.

A GMHC sabia que já havia sido demonstrado que centrar esforços em uma só norma é mais eficaz do que centrar esforços em várias normas. A organização, também, estava preocupada com a viabilidade de se trabalhar com várias normas, porque o projeto tinha duração de apenas um ano. A organização decidiu que a promoção do sexo mais seguro seria a norma a ser trabalhada, tendo como base a observação de que o sexo anal desprotegido era provavelmente o meio de transmissão mais frequente entre a maioria dos homens.

Existiam evidências mostrando que pode acontecer de michês se unirem e formarem redes sociais e normativas (nem todo michê é isolado

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15Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico

socialmente). Assim, uma questão importante para a GMHC era como e onde relações sociais tangíveis entre michês poderiam ser encontradas em Nova Yorque e, assim, alcançá-los de forma viável com a estratégia LOP. Alguns lugares frequentados por michês eram menos passageiros, ocultos e discretos que outros. Três bares de michês em Manhattan foram escolhidos como os locais comunitários para a intervenção. Os bares eram locais de trabalho, “feiras” sexuais, além de ser uma “segunda casa” entre michês que formavam grupos de amigos, seus clientes e outros frequentadores regulares. Os garçons identificavam e indicavam indivíduos influentes nos bares, independentemente de serem michês, clientes de michês, outros clientes do bar ou pessoas que trabalhavam no bar.

As sessões de treinamento foram adaptadas para que o conteúdo fosse relevante para os contextos de práticas sexuais mais seguras entre os homens-alvo da intervenção. Por exemplo, foi elaborada uma dramatização para retratar uma situação passível de ser vivenciada por um michê, como a oferta de receber dinheiro adicional em troca de relações sexuais sem proteção. Dois intermediários foram treinados e designados para cada bar a fim de se encontrarem com os líderes de opinião duas vezes por semana. Os intermediários prestavam apoio continuado aos LOP depois dos treinamentos.

Principais Atividades e sua Sequência na Estratégia LOP Etapa anterior ao recebimento do financiamento

• Identificarumapopulaçãosobrisco,dentrodaqualaestratégiaLOP será direcionada;

• Iniciarodesenvolvimentoderelaçõesrelevantescomacomunidade;

• AvaliaraaplicabilidadeeaviabilidadedaestratégiaLOPnacomunidade (iniciar a avaliação da comunidade e do risco);

• Obterfinanciamentoourecursossuficientespararealizaraestratégia LOP.

Etapa de Planejamento, Avaliação Formativa e Direcionamento

• Definirarelaçãoentreosrecursosdisponíveiseaabrangênciaeotamanho do projeto. • Comosrecursosdisponíveis,serápossíveltreinarquantosLOP

e tê-los atuando? • Comosrecursosdisponíveis,qualéotamanhodaredenaqual

será possível fazer a intervenção?• Treinaropessoaldoprojeto.• Iniciaroprocessodeelaboraçãodasferramentasdeplanejamento

e monitoramento da estratégia LOP (www.effectiveinterventions.org).

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• EnvolverliderançaseacomunidadeespecíficaalvodaestratégiaLOP.

• Concluiraavaliaçãodacomunidadeedoriscoafimdepoderdirecionar a estratégia LOP (identificar e estimar o tamanho da(s) rede(s) social/sociais alvo(s), a norma relacionada ao risco que será alvo da intervenção, bem como a primeira turma de LOP.

• ElaborarmateriaiseplanosespecíficosdoprojetoLOPlocal.• Logo/dispositivoquefavorececonversas• Planodetreinamento• PlanoseprocedimentospararecrutamentodeLOP• PlanoparatreinarLOPemturmas• Planoeprocedimentosderetenção• PlanodeapoioemanutençãodeLOPnacomunidade

• Finalizarasferramentasdeplanejamentoemonitoramentodaestratégia LOP

Etapa de Implementação e Monitoramento

• IniciarorecrutamentodosLOP• RealizaraidentificaçãocontínuadeLOP(seapropriado)• IniciarotreinamentocontínuodosLOP(emgrupos)• Iniciarasatividadescontínuasderetenção,seguimentoeapoio• Monitoraraobtençãodosobjetivosdoprograma

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17Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico

II. Avaliação formativa para adaptação do modelo da estratégia

LOPEsta seção do Guia explica mais detalhadamente o que é preciso fazer

para direcionar e realizar a estratégia LOP localmente e desenvolver materiais, atividades e planos para o contexto local.

Um dos primeiros passos é a definição da maneira específica como a estratégia LOP será implementada em sua comunidade. Conforme informado na seção anterior sobre o modelo básico da estratégia LOP, ele é direcionado a condições e atributos específicos relacionados ao risco e à “comunidade” (relações compartilhadas de influência e risco). É preciso obter informações sobre a existência dos riscos e das características da comunidade local para poder definir exatamente onde, como e a quem a estratégia LOP pode ser dirigida e como os materiais e as atividades serão planejados e elaborados, em consonância com o modelo básico, a lógica e os parâmetros da estratégia LOP. Depois de identificar as características do risco e da comunidade, será necessário planejar exatamente como o modelo LOP será direcionado a essas comunidades.

Adaptação é o processo da definição detalhada das atividades de intervenção que sejam apropriadas para o contexto em que a intervenção será realizada, sem perder a lógica interna ou os elementos centrais do modelo de intervenção. Refere-se ao processo de tornar as atividades do modelo de intervenção culturalmente apropriadas, adequando as atividades do modelo de intervenção para o contexto cultural. É um processo comum e normal na implementação de um modelo de intervenção.

Obs.: Se o contexto da comunidade em questão não possui as características específicas focalizadas pela estratégia LOP, ela não será apropriada. Nessa situação, seria o caso de se utilizar uma intervenção diferente ou criar uma nova.

Os Elementos Centrais 1 a 3 dizem respeito à avaliação formativa que precisa ser realizada para adaptar e definir o conteúdo da estratégia LOP.

1. A estratégia LOP é direcionada a uma população identificável, em locais comunitários bem definidos, nos quais é possível estimar o tamanho da população.

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2. São utilizadas, sistematicamente, técnicas etnográficas para identificar segmentos da população e pessoas que são as mais benquistas, respeitadas e que detêm a confiança de outras pessoas, em cada um desses segmentos.

3. No decorrer do programa, 15% da população encontrada nos locais de intervenção são treinados como Líderes de Opinião Popular.

Os Elementos Centrais nºs 4 a 9 também refletem recursos que precisam ser planejados e elaborados para o contexto local durante a etapa da avaliação formativa: os detalhes do plano de treinamento e a logo específica.

A avaliação formativa para a estratégia LOP pode ser entendida como o “mapeamento” da comunidade-alvo e sua cultura. Na intervenção DEBI chamada COMMUNITY PROMISE, essa atividade é conhecida como o “processo de identificação da comunidade”.

Roteiro de decisões sobre avaliação formativa para direcionar, adaptar e construir a estratégia LOP

Para poder direcionar a estratégia LOP, será necessário decidir qual grupo específico será o alvo dentre os muitos grupos possíveis na comunidade. É essencial realizar uma avaliação ou mapeamento rápido para poder tomar decisões sobre o direcionamento da estratégia LOP. Os recursos, incluindo o tempo, para o mapeamento são limitados. É provável que a decisão seja baseada em conhecimentos já existentes sobre os diferentes segmentos da comunidade e em observações ágeis, incluindo entrevistas com informantes-chave, realizadas pelo pessoal da instituição para obter informações para subsidiar as decisões. A seguir, há um roteiro de decisões para ajudar na seleção de um grupo-alvo para a intervenção em sua comunidade. O roteiro de decisões faz perguntas cada vez mais específicas sobre “o que” será necessário descobrir e, também, orienta a identificação de “como” serão feitas as avaliações que subsidiarão as decisões.

1. Qual população sob risco (ex.: homens que fazem sexo com homens - HSH; usuários de drogas injetáveis - UDI; afroamericanos; mulheres), qual o segmento específico e que perfil específico de risco será possível trabalhar?• Detodasaspopulaçõesdemográficaseepidemiológicassobrisco,

atendidas por sua instituição e/ou para as quais há financiamento para projetos, qual delas a instituição pretende beneficiar com a estratégia LOP?

• OpessoaldainstituiçãoedoprojetoLOPpodeestarmaispreparado para atender um determinado tipo de população sob risco. Pode conhecer melhor e estar mais à vontade com uma determinada população. Uma dessas populações pode responder melhor à instituição que as outras.

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• Qualdaspopulaçõessobriscotemmaisnecessidade?Nessaspopulações, quais são os perfis ainda mais específicos de risco que são prioritários? (Obs.: nem todos os perfis específicos de risco podem ser apropriados para a estratégia LOP.)

• Quaispopulaçõessobriscotêmsubgruposqueprecisamepossuem as características necessárias para a estratégia LOP que possam ajudar a identificá-los?o Relações de amizade em comum entre si. o Norma social compartilhada que impulsiona o risco entre eles.o Compartilham o mesmo ambiente ou contexto de bate-papo

ou encontro social na comunidade como parte de suas vidas cotidianas e relações de amizade.

• Ainstituiçãopodeterrecebidofinanciamentoparatrabalharcomuma determinada população sob risco, de modo que não seja necessário escolher a população da intervenção. Nesse caso será necessário focar a atenção em subgrupos dentro dessa população sob risco para determinar como a estratégia LOP será adaptada.

• Quaisasinformaçõesnecessáriasparadefinirtodasessasquestõese qual será a forma mais prática e eficiente de obter as informações e chegar a uma decisão?

2. Qual é o grupo local específico ou perfil de risco específico a ser o alvo da estratégia LOP (rede social de grupos de amizade interligados, caracterizados por uma normal social compartilhada que impulsiona o risco)?• Quaissãoossubgruposdentrodapopulaçãosobriscoselecionada

que possuem as características necessárias para a estratégia LOP?o Relações de amizade em comum entre si. o Norma compartilhada de risco.o Compartilham o mesmo ambiente ou contexto de bate-papo

na comunidade como parte de suas vidas cotidianas e relações de amizade.

• Qualsubgrupopodesertrabalhadocomosrecursosainstituiçãotem para a estratégia LOP?

• Comquaisdessessubgruposopessoaldainstituiçãovaipodertrabalhar melhor? Quais desses subgrupos estarão dispostos a trabalhar com a instituição?

• Detodosesses,quaisdefatosãoospossíveisalvosdaintervenção?• Quaisinformaçõessãonecessáriasparadefinirtodasessas

questões e qual será a forma mais prática e eficiente de se obter as informações e de se chegar a uma decisão?

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Resumo das tarefas básicas a serem realizadas na etapa formativa1. Calcular o número de LOP e o tamanho da população com a qual será

possível trabalhar (com base no financiamento/recursos disponíveis).5 2. Realizar avaliação para identificar uma população apropriada para a

intervenção, até o nível de uma rede social específica de amigos que compartilham uma norma que impulsiona o risco e um ambiente de encontro social que permite identificar e descrevê-los.

3. Realizar uma avaliação para estimar o tamanho da população identificada.

Obs.: Se a estimativa indica que foi selecionada uma população que é grande demais para os recursos disponíveis (item 1 acima), será necessário restringi-la e identificar outra.(item 2 acima).

4. Realizar a avaliação necessária para identificar uma só norma específica de redução de risco (a ser promovida pela intervenção).

5. Envolver lideranças no ambiente de encontro social para apoiar a estratégia LOP.

6. Dentro da população específica da intervenção, descrever os subgrupos, bem como 15% dos LOP em cada um deles.

7. Criar a logo e/ou outros dispositivos de apoio que serão utilizados pelos LOP para provocar as mensagens ou conversas de apoio à redução de risco que serão entabuladas.

8. Elaborar uma estratégia (incluindo sistemas e protocolos) para coordenar, administrar e monitorar a identificação, o recrutamento, o apoio (retenção e treinamento) e a atuação dos LOP, em turmas ou grupos com cerca de 10 LOP em cada turma.

9. Adaptar as sessões de treinamento da estratégia LOP para que sejam relevantes para a norma específica relacionada ao risco e para a rede social alvo da intervenção.

Obs.: É provável que seja necessário obter as informações, as atividades e os materiais para o contexto, de maneira rápida e eficiente. Este Guia fornece orientações gerais para nortear seus esforços. Auxílio com o fortalecimento da capacidade para realizar a estratégia LOP deve ser solicitado aos responsáveis por projetos, nos serviços federais e estaduais de saúde pública. É uma prática comum recorrer a essa forma de auxílio. A instituição também pode optar por obter o auxílio de um cientista social na etapa formativa da estratégia LOP, sobretudo um cientista social com conhecimento aprofundado de intervenções comunitárias de prevenção do HIV e de avaliações etnográficas rápidas voltadas para o estabelecimento de programas sociais e de saúde6.

5 O financiamento disponível para realizar a estratégia LOP determina o tamanho da população no local ou contexto a ser o alvo da intervenção. É preciso estimar quantos LOP podem ser recrutados, apoiados e ser atuantes com o financiamento disponível para realizar a intervenção. (Ver o Anexo 1: Planilha de Estimativa de Custos para estimar quantos LOP é possível ter com os recursos financeiros disponíveis). O tamanho da população no local ou contexto que pode ser trabalhado com a estratégia LOP é 15 vezes o número de LOP que podem ser recrutados, apoiados e ser atuantes com os recursos disponíveis.

6 Conhecer e ter habilidade com métodos de pesquisa social contribuirá para a realização da pesquisa formativa. Por exemplo, a utilização correta de conhecimentos e técnicas de amostragem deverá aumentar a qualidade dos dados coletados pelos diversos métodos empregados.

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Este Guia descreve os componentes e recursos do mapeamento na etapa formativa antes de descrever os métodos do mesmo A. Mapeamento de componentes comunitários que serão

alvo da intervenção e que subsidiarão a elaboração de atividades e materiais

É necessário realizar avaliação formativa para identificar os contextos e fatores locais que atendam aos requisitos da estratégia LOP. Também é necessário adaptar e definir os elementos da intervenção para o contexto local, ou seja, a especificidade cultural do modelo. A maior parte do trabalho de adaptação e definição da intervenção será feita antes da implementação. Contudo, as redes sociais, os riscos e as normas relacionadas a riscos evoluirão com o passar do tempo e será necessário ficar atento a esses fatores e fazer os ajustes necessários para a manutenção da estratégia LOP no longo prazo. Deve-se obter informações detalhadas sobre:

• apopulação/rede social alvo da intervenção e um ambiente comunitário significativo frequentado pela mesma.

• grupos de amizade (componentes da rede social).• formadoresdeopiniãorespeitadosecomcredibilidade(osLOP).• anorma social a ser promovida especificamente relacionada ao

risco.Recursos adicionais que precisam ser desenvolvidos na etapa formativa:

• logo ou dispositivo atraente e relevante para despertar conversas. • conteúdo das sessões de treinamento dos LOP.

1. População priorizada pela estratégia LOPAs intervenções para mudar comportamentos relativos ao HIV (como a

estratégia LOP) são estratégias específicas. São altamente focalizadas em determinantes sociocognitivos específicos de comportamentos de risco. As intervenções comportamentais sociais são dirigidas aos precursores sociais e/ou cognitivos, aos determinantes sociais, aos contextos sociais ou à lógica social dos comportamentos. Os determinantes sociocognitivos são fatores como normas sociais, autoeficácia, intenções, conhecimentos etc. Para poder aplicar uma intervenção específica, é preciso determinar quais indivíduos ou grupos de indivíduos têm os tipos particulares de risco que são o alvo dos determinantes sociocognitivos específicos da intervenção de mudança de comportamento.

A população de uma estratégia LOP é muito mais específica que uma grande população demográfica como a “população branca”, e mais específica que uma categoria epidemiológica/comportamental ampla como os HSH, e/ou toda a população atendida pela instituição. Nem

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todos os integrantes de uma categoria demográfica e epidemiológica ampla compartilham ou têm o potencial de compartilhar com outros integrantes uma norma social que impulsiona o risco, e nem de influenciá-los a seu respeito. Deve-se ter em mente que a população de uma estratégia LOP é um grupo de pessoas que podem ser identificadas em termos de: 1) seus relacionamentos íntimos e pessoais, 2) uma norma ou regra social tácita que está impulsionando o risco, e 3) um ambiente de encontro social que faz parte de suas vidas cotidianas. Essas três características precisam ser identificadas simultaneamente para poder definir uma população sob risco que pode ser alvo da estratégia LOP.

2. Local/locais comunitários, ambiente(s) de encontro social, rede social, população da intervenção ou contexto social:

Para uma estratégia LOP, um “local comunitário” é um lugar onde a rede social alvo se encontra socialmente com muita frequência7. Identificar e definir um contexto viável e socialmente tangível frequentado pela rede social de amigos sob risco ajuda a identificar e caracterizar a população da estratégia LOP em termos dos elementos específicos que devem ser objeto das atenções e das atividades da mesma. Identificar um “local comunitário” ajuda muito a localizar amigos que têm um vínculo entre si e compartilham uma norma relacionada a risco, para que as atividades da estratégia LOP possam ser focalizadas de forma prática e útil. São pessoas que se encontram socialmente com frequência. Não são pessoas que quase não se conhecem. Elas se conhecem e se estimam. É preciso que o ambiente ou contexto seja acima de tudo um que tenha um papel de encontro social para as pessoas, porque só locais assim possuem as características exigidas pela estratégia LOP e serão viáveis. Uma população de uma estratégia LOP precisa compartilhar contextos cotidianos, padrões de encontro social, normas relacionadas a risco, opiniões, convicções, atitudes e expectativas quanto ao comportamento de seus integrantes. A estratégia é dirigida à característica de uma norma social compartilhada socialmente entre os amigos na vida cotidiana – em suma, uma “comunidade” ou cultura de risco e relacionamentos. Se não há uma comunidade concreta com normas relativas a riscos e relacionamentos de amizade comuns, não existe o contexto para a realização da estratégia LOP.

Comunidade

“Comunidade” é um termo comumente utilizado para designar um grupo socialmente coeso de pessoas. Geralmente “comunidade’ é definida por um território e instituições comuns, relações de ajuda, interações, expectativas, normas e outros fatores, contextos e vínculos sociais comuns. Um local ou contexto (comunitário) apropriado para a estratégia LOP é qualquer espaço de encontro comunitário no qual os integrantes se reúnem para confraternizar

7 Um local comunitário pode ser um espaço ou contexto virtual como uma sala de bate-papo na internet. O que importa é se o contexto atende aos critérios de “comunidade”. A pergunta a ser respondida é: Este é um contexto duradouro, cotidiano de encontro social da rede social de amigos sob risco? Algumas salas de bate-papo podem ter essas características, outras não.

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como amigos, ou para desenvolver amizades e entabular conversas. O fato de pertencer à comunidade dentro do contexto apropriado para a estratégia LOP precisa ser relativamente estável e não passageiro ou desconexo. Para que a estratégia LOP possa ser realizada de forma prática, é preciso ter um contexto no qual possam ser identificados todos os subgrupos, como grupos de amizade entre os integrantes. Se os indivíduos forem muito transitórios e não tiverem vínculos entre si, na forma de relacionamentos significativos e pontos de vista comuns, não será possível fazer a estratégia LOP porque ela trabalha normas compartilhadas e relacionamentos influentes. Essas normas e relacionamentos precisam ser identificados, estimados e trabalhados concretamente. Quais são os vínculos compartilhados pelas pessoas? Esses vínculos comuns são suficientes para formar uma comunidade? São os vínculos necessários para a estratégia LOP?

Diferente do termo “comunidade,” o termo “população” geralmente se refere a grandes categorias demográficas, epidemiológicas e/ou comportamentais, como HSH ou “população branca.” É improvável que uma norma de redução de risco possa ser disseminada por meio da estratégia LOP em toda uma população definida tão somente com base em uma categoria de risco ou simplesmente por categorização racial ou étnica. O mero fato de que as pessoas podem ser agrupadas com base em um comportamento de risco ou por pertencerem a uma categoria racial ou étnica não significa que seu comportamento de risco seja determinado pela mesma norma. Deve-se lembrar que as intervenções de mudança de comportamento focalizam os determinantes ou precursores sociais que impactam no comportamento. Nem todos os comportamentos de risco dentro de uma categoria ampla definida com base em características demográficas, comportamentais ou epidemiológicas possuem os mesmos determinantes sociais. “Agrupar” as pessoas em categorias amplas demográficas e comportamentais também não significa que as pessoas “agrupadas” dessa maneira se conheçam ou possam exercer influência umas sobre as outras. As categorias de populações relevantes para a estratégia LOP são mais específicas que as categorias demográficas e comportamentais mais amplas. É preciso obter uma definição social aprofundada do grupo-alvo para poder especificar exatamente quais HSH e/ou “pessoas brancas” têm vínculo entre si de modo a formar uma comunidade de relacionamentos, espaços, contextos, influências, expectativas, padrões, opiniões, normas etc. A estratégia LOP precisa ter como sua população pessoas que compartilham tempo, espaços sociais, amizades, conversas, ideias, relações influentes e as mesmas convicções sobre risco.

Se os determinantes do comportamento de risco não forem os mesmos e não forem compartilhados, a estratégia LOP não terá como funcionar porque trabalha justamente os determinantes sociais, a lógica e as explicações específicas, assim como a especificidade cultural do comportamento. Da mesma forma, os LOP influenciam as

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pessoas que têm uma admiração significativa por eles - seus amigos - em relação a uma atitude e a uma norma de comportamento. Se as pessoas não se conhecerem pessoalmente, e se a influência e as opiniões não “fluírem” naturalmente entre delas, de tal forma que a influência e os pontos de vista possam ser modificados por meio de atividades direcionadas a essas pessoas, a estratégia LOP não será apropriada. Os LOP não são pares distantes – são pares próximos e queridos (ver o item “Líderes de Opinião Popular” mais abaixo).

Intervenção não baseada em locais

A estratégia LOP não é baseada em locais, embora utilize um ambiente ou local comunitário ou um contexto social de encontro de amigos para identificar e estimar uma população viável de pessoas que compartilham uma norma de risco para ser o alvo da estratégia LOP. Ou seja, a intervenção não é realizada no local. As mensagens de endosso da norma de redução de risco são dadas por LOP em conversas individuais, cara a cara, com os amigos, no lugar que for apropriado para suas vidas e necessidades. Essas mensagens não precisam ser dadas somente no local comunitário. As conversas podem ocorrer em outros lugares, que sejam apropriados para os integrantes do grupo. Da mesma forma, as sessões de treinamento dos LOP também não precisam ser realizadas no local comunitário. O termo “local comunitário” é utilizado para identificar, estimar e descrever de forma coerente uma cultura comum de risco entre amigos unidos por um vínculo e que pode ser trabalhada de maneira prática por meio da estratégia LOP.

Âmbito, tamanho, quantificação, estimativas e recursos

É necessário contar o número de integrantes na população da estratégia LOP e também descrevê-la. A população deve estar localizada em um ambiente, local ou contexto comunitário para que se possa estimar o número total de integrantes, descrever cada rede social ou subgrupo e identificar os LOP. Estimar o tamanho da população é um dos primeiros passos da estratégia LOP. Os Líderes de Opinião Popular devem representar 15% do número total da população da intervenção para que ocorra o impacto desejado. Assim, existe uma relação conhecida entre o tamanho da população e o número de LOP para que se obtenha o impacto desejado na população. A instituição tem recursos limitados e somente pode realizar uma intervenção com uma população cujo tamanho corresponda à quantidade de recursos disponíveis. Estimar o número de pessoas que frequentam os locais comunitários, significa avaliar o tamanho das populações (das redes sociais) em relação à quantidade de recursos disponíveis para realizar a estratégia LOP.

A instituição possui os recursos (financiamento, pessoal etc.) que serão necessários para trabalhar com uma rede social do tamanho identificado? É importante observar que os recursos financeiros

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disponíveis vão limitar o número de LOP que poderão ser apoiados e que poderão atuar. Por causa da necessidade de ter 15% de LOP por subgrupo, o número de LOP limitará o tamanho da população e o número de subgrupos que podem ser atingidos. A fórmula para calcular o custo por líder de opinião popular está no Anexo 1: Planilha de Estimativa de Custos. Utilize o modelo na planilha para estimar o número de LOP que a instituição tem condições de apoiar e o tamanho da população que será possível atingir. É necessário observar, contar ou estimar o número de pessoas no local da intervenção ou o número de pessoas na população para saber quantos LOP serão necessários.

Uma população grande requer um volume grande de recursos. Uma rede de amizade com cinco mil integrantes precisaria de 750 LOP identificados, recrutados, treinados e apoiados! Por outro lado, pequenas redes de amizade (menos de 100 pessoas) podem não ser do melhor tamanho para a estratégia LOP. 15 LOP (isto é, 15% de 100) talvez não consigam sustentar a intervenção durante o período de tempo necessário para a norma ser absorvida e ter impacto sobre o comportamento. Não se deve utilizar a estratégia LOP com redes sociais com menos de 100 ou com mais de mil integrantes.

Tipos possíveis ou exemplos de locais comunitários

Serviços de saúde não são ambientes onde um grupo de pessoas que compartilham um vínculo vão para confraternizar. Lugares, como presídios, por exemplo, que de modo geral as pessoas não frequentam por livre e espontânea vontade, também não são locais que atendem às necessidades de encontro social das pessoas e tampouco servem de ambiente de encontro social. Locais transitórios como rodoviárias, esquinas de ruas e moradias temporárias talvez não abriguem também amizades duradouras e fortes apropriadas para a estratégia LOP. Um local de pegação onde ocorrem relações sexuais caracterizadas por interações não verbais também não seria apropriado. Se as pessoas não falam, elas vão acabar não se conhecendo. Se há uma norma de comunicação não verbal no ambiente, pode ser muito difícil ou até inaceitável para os frequentadores mais benquistos endossar verbalmente uma norma neste local e também em outros locais que frequentam cotidianamente. Será difícil definir exatamente quem é amigo de quem e, por isso, não será fácil identificar e recrutar os LOP. Podem até ser contextos dentro de uma comunidade, mas são limitados porque não existe um espírito de comunidade.

Quais seriam exemplos de locais comunitários viáveis com clientela estável e regular onde os integrantes se conhecem o suficiente para permitir a identificação e as estimativas necessárias para a estratégia LOP? Em conjuntos habitacionais de baixa renda em contextos urbanos, pode existir um centro comunitário dentro do próprio complexo. Talvez existam clubes nos conjuntos, como ligas de beisebol, ou festas nas casas das pessoas, ou talvez até mesmo

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“galeras”. Talvez o próprio conjunto habitacional possa ser descrito em termos das relações de amizade entre os residentes, de modo a serem suficientes para permitir a realização da estratégia LOP. Entre trabalhadores agrícolas rurais, uma liga de futebol pode atender às necessidades de encontro social dos homens. Talvez existam clubes de bordado frequentados por mulheres em áreas rurais que atendam aos critérios necessários para a realização da estratégia LOP. Clubes de mulheres num campus universitário talvez tenham as características necessárias.

A instituição pode até considerar a possibilidade da formação de subgrupos com características de comunidades dentro do contexto do conjunto habitacional, a fim de possibilitar o surgimento de relacionamentos significativos capazes de se traduzirem em segmentos populacionais aptos a receber a estratégia LOP. No entanto, a construção de uma comunidade de amigos e de influência está fora do âmbito da estratégia LOP. A intervenção foi concebida basicamente para funcionar dentro de subculturas e comunidades existentes e que estejam sob risco.

Segmentação de uma população para fins da aplicação da estratégia LOP de mudança de comportamento

A figura mostra as camadas de segmentos da população com especificidade crescente até se chegar à camada de LOP que define uma população apropriada para a realização da estratégia. Mesmo assim, é preciso pesquisar e analisar para verificar se existe um local comunitário apropriado para a estratégia LOP. Averiguar essa e outras questões parecidas é o objetivo da etapa formativa e de adaptação da estratégia LOP.

População demográfica ampla

População atendida pela instituição

População da estratégia LOP

Ambiente Comunitário

Norma

Grupos de Amizade

LOP

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3. Identificação de uma norma específica a ser promovida: A estratégia LOP também trabalhará uma norma social relacionada ao

risco.

Adequação cultural

Os integrantes da rede social alvo da intervenção precisam ter pelo menos o potencial de compartilhar a norma. Trabalhar uma norma que não tem precedência ou viabilidade dentro da cultura de risco provavelmente não irá funcionar. É preciso prestar muita atenção no início do projeto ao tecido cultural da comunidade em termos de como valoriza, incentiva e proíbe comportamentos possivelmente relacionados a risco em relação a seus valores mais importantes e a suas estruturas sociais. Será difícil tentar promover o uso do preservativo em uma cultura composta por grupos que acreditam que seu uso contraria suas convicções e valores religiosos. Da mesma forma, a promoção da testagem pode não ser vista como uma estratégia viável em grupos que, na prática, não têm acesso ao tratamento; no entanto, à medida que o tratamento passa a ser mais facilmente acessível, fazer o teste começa a “fazer sentido” dentro dessas comunidades. É improvável que uma norma sem o potencial de aceitabilidade dentro da comunidade possa ser promovida.

Qual norma?

Quais são as normas sociais, as atitudes e as convicções compartilhadas, que já existam ou que poderão existir, sobre comportamentos que caracterizam as pessoas vinculadas por amizade descritas por meio do “local comunitário?” É provável que haja muitas normas relacionadas a risco dentro de uma só subcultura ou rede social específica sob risco. Qual é a norma de redução de risco cuja promoção é mais necessária e apropriada? A meta de 14 conversas por líder de opinião popular promovendo a norma de redução de risco significa que cada indivíduo na população receberá em média apenas 2,5 interações dessa natureza. 8 Por causa de limitações práticas, como recursos limitados, por exemplo, é inviável querer trabalhar todas as normas relacionadas a risco. Outro motivo para restringir o foco em apenas uma norma social é que pesquisas têm demonstrado que o enfoque em normas múltiplas confunde a mensagem e que eleger uma só norma é mais eficaz. Perguntas importantes a serem feitas e respondidas incluem: Qual norma concisa e relevante pode ser promovida com mais êxito no contexto da intervenção? Qual norma terá o maior impacto sobre o risco? Como se pode promover a norma escolhida, sem desviá-la, diluí-la ou contradizê-la?

As necessidades de prevenção das pessoas vinculadas por amizade e alvo da estratégia LOP, especificamente os comportamentos de risco que podem ser influenciados pela promoção de uma norma social, precisam ser identificadas para que a intervenção possa focalizar

8 O cálculo do número mínimo médio de interações dos LOP com os integrantes da comunidade consta do Anexo 2: Número mínimo de interações com os integrantes da comunidade.

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uma norma que tenha impacto sobre o risco. É importante avaliar as relações entre: 1) os comportamentos de risco e, 2) as normas, convicções e atitudes a respeito dos comportamentos relacionados ao risco de infecção pelo HIV. É preciso identificar qual ou quais a(s) norma(s) podem ter impacto no(s) comportamento(s) de risco. Podem existir múltiplas normas relacionadas a apenas um comportamento de risco! É preciso priorizar a norma que é mais importante e viável para ser trabalhada.

Qual norma relacionada a risco a ser promovida pelos LOP terá maior impacto? Uma rede social de grupos de amizade interligados talvez não valorize a testagem rotineira para HIV, ou talvez não haja uma norma bem aceita sobre a testagem rotineira para HIV, mas os integrantes dos grupos precisam adotar o comportamento (teste de rotina) para os fins de prevenção do HIV. Por exemplo, é provável que o nível de infecção por HIV já esteja alto nesse grupo, e eles não saibam. A promoção do uso do preservativo não parece possível dentro desse grupo social porque ideologicamente tem forte oposição ao preservativo. Consequentemente, a estratégia LOP promoverá uma norma de testagem de rotina nas redes sociais encontradas no local. Os LOP dirão para os amigos que os admiram: “Eu acho que é melhor que nossa comunidade faça o teste do HIV.” A instituição convencerá 15% dos integrantes mais influentes dos grupos de amizade, que por sua vez influenciarão seus amigos, difundindo assim a norma em toda a comunidade. Deve-se focalizar uma norma de cada vez, até que seja absorvida pela população.

Planos de longo prazo

Com o passar do tempo, pode-se passar a trabalhar outra norma relacionada a risco a fim de continuar a produzir impacto na cultura e nos comportamentos de risco na comunidade. No entanto, para maximizar a efetividade, é preciso começar a trabalhar concretamente com uma só norma até que a comunidade fique complemente saturada. Para o longo prazo, o projeto da estratégia LOP pode ser planejado levando em conta a evolução dos riscos, das redes sociais e das normas relacionadas à redução de risco. O trabalho voltado para as normas relacionadas a risco deve ser priorizado e focalizado. Pesquisas têm demonstrado que uma só mensagem clara é superior a múltiplas mensagens. Além disso, os recursos são limitados. Intervir simultânea e adequadamente com normas múltiplas requer recursos adicionais para cada norma trabalhada.

4. Grupos de amizadeApós a identificação do local comunitário e da norma, será necessário

especificar os “segmentos” da população até alcançar os grupos de amizade. É provável que uma comunidade de pessoas vinculada por amizade e interesses comuns seja composta por muitos grupos de amizade menores. Tais grupos de amigos são articulados socialmente em termos de interesses, relações, afinidades e influência ainda mais

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específicos e compartilhados. Por exemplo, muitas vezes grupos menores de amizade como esses se formam em torno de indivíduos benquistos, influentes, de confiança e admirados. Alguns grupos de amizade podem ser compostos apenas de mulheres ou jovens. Outros grupos podem ser compostos exclusivamente por pessoas que jogam baralho.

Interesses e atividades parecidos não garantem a existência de relações de amizade

Deve-se lembrar que uma rede social definida somente por categorias demográficas como “pessoas brancas” ou por categorias epidemiológicas e/ou comportamentais como “UDI” pode não ser uma rede social dentro da qual os indivíduos se relacionem socialmente de uma maneira que possa ser trabalhada pela estratégia LOP. O termo “usuários de crack” não necessariamente descreve um grupo de amizade. Da mesma forma, um subgrupo definido somente por um interesse ou estilo comum como o “sadomasoquismo” não necessariamente define um grupo coerente de amigos que sejam influenciados por determinados integrantes daquele grupo. As pessoas definidas somente com base em um interesse comum, sem a existência de amizade entre si, não atenderão aos critérios da estratégia LOP. Por outro lado, se existe um local comunitário coerente e estável composto por grupos de amizade de “usuários de crack” que compartilham entre si normas e valores referentes ao uso dessa droga, a estratégia LOP pode ser realizada, porque existem relações específicas e cotidianas envolvendo conversas, influência e amizades (bem como uma subcultura de risco: normas, valores e comportamentos compartilhados de risco). As amizades próximas, cotidianas, envolvendo conversas e influência são fatores muito mais importantes para a estratégia LOP que os “nomes” que utilizamos para categorizar os grupos. O compartilhamento e a influência de atitudes e normas relativas a risco são muito importantes para a estratégia LOP.

Diversidade entre grupos de amigos

Dentro da rede ampliada de amigos, alguns grupos de amizade são mais benquistos que outros. Podem existir rivalidades sutis entre esses grupos dentro da mesma rede ampliada e, também, haver grupos relativamente impopulares dentro do local comunitário como um todo. No entanto, não se pode deixar esses grupos de lado só porque são impopulares. É preciso utilizar as pessoas benquistas dentro dos grupos impopulares também!

Cada grupo de amizade tem seus próprios líderes de opinião - íntimos, influentes e benquistos. É preciso garantir que os LOP sejam representativos de cada subgrupo específico para que todos osindivíduos e subgrupos dentro do local da intervenção sejam trabalhados. A forte identificação com o líder de opinião popular por parte de quem recebe a mensagem (os amigos do líder) é um aspecto importante para a assimilação e um indicador da influência que existe na relação. Os LOP são “pares próximos e queridos.”

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4. Os Líderes de Opinião Popular Os LOP são influentes, respeitados, têm credibilidade e experiência

relevante de vida, são confiáveis, compreensivos com os amigos, falam bem, são articulados e autoconfiantes.

Os LOP são os formadores de opinião dentro de cada grupo de amizade. Isso não significa que são as pessoas que têm mais popularidade com a população. Não necessariamente têm popularidade e credibilidade com todos os integrantes de todos os grupos de amizade na comunidade. Um indivíduo que tem influência e popularidade em um determinado grupo de amizade pode não ser visto assim em outro grupo de amizade. Com efeito, pode haver pessoas em determinados grupos que chegam a detestar alguém que tem muita popularidade em outro grupo de amizade. A credibilidade, a confiança, a influência e a popularidade são atributos percebidos por quem está confiando e admirando etc. Assim, os LOP são específicos e relativos a quem está ao seu redor. São as pessoas ao seu redor que lhes atribuem essas qualidades. Elas gostam dos LOP, respeitam, acham que têm credibilidade, confiam neles e os consideram compreensivos.

O papel dos LOP é plantar a semente da norma de que a prática de redução de risco é aquilo que é socialmente aceitável fazer. Os LOP conseguem fazer isso, porque já desempenham o papel de formadores de opinião e tendências entre seus amigos. O LOP é a pessoa admirada, popular, que tem credibilidade e confiabilidade, cuja opinião é respeitada e reproduzida por aqueles que o admiram.

Devem ser recrutados minimamente para cada grupo de amizade 15% de LOP, a fim de garantir que todos os grupos de amizade sem exceção sejam alcançados pela intervenção. Tem sido demonstrado que a atuação de 15% dos LOP é o ponto crítico para que uma norma a ser promovida alcance a velocidade necessária para “decolar” e ser absorvida pela comunidade. A estratégia é “plantar a semente” em todos os grupos de amizade dentro da comunidade / rede social para promover o “crescimento” ou a difusão da norma. Observação e monitoramento cuidadosos serão necessários para garantir que todos os grupos sejam alcançados pelo programa.

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Resumo dos Componentes-chave da Estratégia LOP(Obs.: Os componentes são inter-relacionados. A tabela a seguir não é

uma sequência de passos ou etapas)

Componente Objetivo

População sob risco

•Selecionarumapopulaçãosobrisco,dentrodaqualaestratégia LOP será direcionada.

•Definircomportamentosefatoresderiscoexistentesdentro da população maior de interesse.

Obs.: É possível que a população sob risco já tenha sido priorizada pelo financiador, por exemplo.

Ambiente comunitário

•Identificarlocais,ambientesoucontextosfrequentadospela população sob risco.

•Determinarquaisdessesambientescomunitáriosatendem aos critérios de amizades compartilhadas, interações comuns e normas relacionadas a risco nos subgrupos da população sob risco.

•Definirquaisdessesambientescomunitáriospodemfacilitar a tarefa obrigatória da quantificação e descrição dos grupos de amizade e de seus integrantes, bem como dos LOP dentro de cada grupo de amizade.

•Selecionarumambientecomunitárioqueatendaaosrequisitos e cujo tamanho seja compatível com os recursos disponíveis.

Norma específica

•Obterinformaçõessobrea(s)norma(a)social/sociaisqueimpulsiona(m) o comportamento de risco dentro da rede social / subcultura alvo da intervenção.

•Selecionar/priorizarumanormaqueimpulsionaumcomportamento de risco (a ser trabalhado pela estratégia LOP).

Grupos de amizade •Definirosgruposdeamizadeaseremoalvodaestratégia

LOP.

LOP em grupos de amizade•Definireselecionaroumonitorar15%dosformadoresde

opinião mais influentes (para poder recrutar os LOP).

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B. Materiais do projeto a serem desenvolvidos na etapa formativa: logo e conteúdo do plano de treinamento

1. Logo atraente, relevante e útil ou outro dispositivo para despertar conversas

Será necessário ter um dispositivo que estimule as conversas. A logo ou o dispositivo servirá de apoio para os LOP iniciarem e realizarem o endosso da norma com seus pares na rede. Será necessário realizar um trabalho formativo sólido para desenvolver e testar o(s) dispositivo(s) (ver as seções sobre os passos para o desenho e os métodos abaixo).

A logo ou o dispositivo pode divulgar a norma e o projeto, mas o reconhecimento do projeto e a divulgação da norma não é o propósito do dispositivo. Da mesma forma, o dispositivo não é um meio de recrutamento. Na estratégia LOP, a promoção da norma é realizada pessoalmente pela influência dos LOP. A norma não é promovida por imagens, propaganda, símbolos ou histórias impessoais etc.

Passos para o desenvolvimento da logo ou do dispositivo para provocar conversas

• Montarumgrupodetrabalhocompostoporpessoaldainstituiçãoe/ou voluntários da comunidade para desenvolver o dispositivo.

• Educarogrupodetrabalhoarespeitodofocoespecíficodoprojeto LOP da instituição. Educar o grupo de trabalho sobre o propósito do dispositivo, que é ajudar a despertar conversas.

• Desenvolverideiasedispositivosaseremtestados.• Testarosváriosdispositivos,emtermosdesuautilidade(em

relação ao propósito) e aceitabilidade (os métodos para testar os dispositivos são descritos na próxima seção deste Guia).

• Aprimoraro(s)dispositivo(s)apartirdostestes.• Testarosdispositivosaprimorados.• Aprimorarefinalizarosdispositivos.

A logo é para despertar conversas, não é para fins de marketing ou fins informativos.

Abordagem comunitária (outreach), educação e marketing social são formas de intervenção muitas vezes confundidas com a estratégia LOP. A tabela a seguir retrata algumas das principais diferenças significativas entre a estratégia LOP e os métodos de mudança de comportamento por meio de educação/abordagem comunitária/marketing.

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Diferenças entre “Abordagem/Educação por Pares” e “LOP”

“Abordagem por Pares” “LOP”

Agente Qualquer par (ou pares)Apenas os pares mais influentes dentro de cada grupo de amizade

Relação com os indivíduos alvo da intervenção

Relação de pares que talvez não se conheçam

Relação pessoal que já existe

Foco

(Determinante de comportamento)

Conhecimento – repassar informações

Norma – afirma opinião

2. Conteúdo das sessões de treinamento para os LOPA avaliação formativa para a estratégia LOP tem implicações diretas

para a adaptação do conteúdo das sessões de treinamento dos LOP. Os dados obtidos serão utilizados para adaptar as sessões de treinamento para refletir as informações e práticas específicas do projeto LOP local e seu foco. Sobretudo na Sessão 1, mas também nas demais sessões de treinamento, a ênfase está em convencer os LOP que é importante que endossem a norma escolhida. Qual é a norma que eles vão endossar? É a promoção da testagem, uma prática sexual mais segura ou a revelação do estado sorológico para o HIV etc.? Quais informações vão ser necessárias para que os LOP entendam e aceitem a norma a ser trabalhada pelo programa? Quais informações vão ser necessárias para que entendam e aceitem que o programa LOP como um todo vale a pena? Nas sessões de treinamento será necessário informá-los sobre o contexto e a fundamentação do projeto LOP para ajudar a convencê-los que a norma escolhida é de fato a opinião correta, que eles são importantes para a promoção da opinião, que o programa LOP merece o tempo e os esforços deles, e convencê-los a atuar e, assim, promover a mudança de opinião.

Informações detalhadas sobre o desenho e a adaptação das sessões de treinamento, inclusive os passos para a adaptação, constam na Seção IIIB, Treinando os LOP.

D. Métodos de avaliação formativaVários métodos podem ser utilizados para avaliar o tamanho da

população da intervenção, seus integrantes, suas redes sociais, seus líderes de opinião popular (LOP), os comportamentos e a norma relacionada à redução do risco de infecção pelo HIV que precisa ser promovida. Determinados métodos funcionam melhor para determinadas tarefas. Utilizar um método que não é condizente com a tarefa é um erro às vezes cometido por pesquisadores. As descrições a seguir apresentam cada método e sua principal função. Cada descrição também destaca a aplicabilidade do método aos componentes e fatores nos quais a avaliação formativa deve se focalizar.

A descrição dos métodos a seguir proporciona uma noção do propósito da avaliação formativa para cada componente, assim como um bom

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entendimento da ampla gama de métodos que podem ser utilizados. A descrição serve para indicar as possibilidades – e não para recomendar a utilização de cada método da forma mais completa possível. É preciso ser prático e levar em consideração as limitações de tempo e dinheiro ao realizar a avaliação formativa da comunidade-alvo da estratégia LOP. É provável que a instituição somente precise utilizar parte desses métodos, de forma sucinta e ágil.

No final desta seção sobre métodos de avaliação formativa há um resumo de dois projetos LOP. Os dois resumos foram incluídos para permitir uma comparação da abrangência, dos aspectos práticos e dos recursos utilizados na avaliação. Um deles, o Women’s Health Project de Sikkema, foi bastante abrangente comparado com o outro, o Hustler Project de Miller. É provável que o processo de avaliação formativa realizada por sua instituição seja mais parecido com o de Miller do que o de Sikkema. É provável que a instituição tenha menos recursos que Sikkema para a realização da avaliação formativa. A utilização sucinta e rápida de uma variedade de métodos para o estabelecimento de programas sociais de promoção da saúde é conhecida como avaliação etnográfica rápida.

Depois da tabela a seguir que resume os métodos, há uma narração descritiva. Os métodos descritos são: levantamentos sociométricos; estudos observacionais; entrevistas (e apoio) com lideranças/informantes-chave; grupos focais; estudos de Conhecimentos, Atitudes, Convicções e Comportamentos (CAC); avaliações de necessidades e riscos existentes, e estudos de mercado e de censos. Exemplos simples de ferramentas para a coleta de dados foram incluídos nos anexos deste Guia. Exemplos adicionais podem ser encontrados no Manual de Implementação da Estratégia LOP e no Manual de Avaliação da Estratégia LOP, ambos do CDC.

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Resumo dos Métodos de Avaliação FormativaSerá necessário realizar uma avaliação rápida para poder tomar decisões

sobre o direcionamento da estratégia LOP. Os recursos, inclusive o tempo, para a avaliação formativa são limitados. É provável que a instituição baseie a decisão em conhecimentos já existentes a respeito de partes da comunidade e em observações planejadas, incluindo entrevistas com informantes-chave, realizadas pelo pessoal da instituição para colher informações e nortear as decisões. A seguir há um resumo de várias opções. Alguns desses métodos são bastante complexos e intensivos. Os métodos e os dados utilizados em um componente podem ser apropriados também para a avaliação formativa de outro componente.

Método(s)

População sob risco

Rever dados e relatórios existentes da instituição e/ou outras fontes de dados epidemiológicos e dados sobre comportamentos de risco.

Coletar e analisar dados epidemiológicos e dados sobre comportamentos de risco

Obs.: É possível que a população sob risco já tenha sido selecionada em função do financiamento recebido ou por causa da missão da instituição de atender uma determinada população sob risco.

Ambiente comunitário

Rever dados existentes (dados do censo, dados sobre moradia, dados de marketing etc.) sobre concentrações de pessoas na comunidade que provavelmente vão ter o perfil necessário, incluindo um contexto/ambiente comunitário compartilhado.

Mapeamento observacional dos ambientes comunitários na área.

Dados de informantes-chave sobre ambientes comunitários.

Norma específicaGrupos focais. Estudos de conhecimentos, atitudes e comportamentos (CAC). Observação participante. Entrevistas com informantes-chave.

Grupos de amizade Levantamentos. Observações. Entrevistas com informantes-chave.

LOP nos grupos de amizade

Levantamentos. Observações. Entrevistas com informantes-chave. Indicações.

Logo/ dispositivo(s) de apoio

Grupos focais. Observações e entrevistas com informantes-chave. Estudos CAC.

Levantamento do grupo-alvoSerá necessário encontrar formas de identificar quem é benquisto,

tem credibilidade e confiança dentro da comunidade. Um verdadeiro levantamento sociométrico consiste em cada membro de uma população identificar cada indivíduo que conhece, avaliando-o quanto a características de interesse, como popularidade e credibilidade. Pontuações podem ser calculadas para cada indivíduo identificado. Além disso, as redes de relacionamentos entre os membros do grupo também

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podem ser descritas. É dessa maneira que se descobre quem é benquisto e tem credibilidade diante dos outros e em que agrupamentos.

Deve-se observar que é provável que a realização de um verdadeiro levantamento sociométrico exija uma grande quantidade de recursos. Provavelmente será necessário realizar um levantamento sociométrico menos complexo ou menos completo, solicitando a lideranças e/ou integrantes de subgrupos que identifiquem os grupos de amizade e indiquem quem são os indivíduos mais benquistos e com mais credibilidade dentro deles. Pode-se elaborar um roteiro de perguntas a serem feitas diretamente, ou elaborar e utilizar um questionário que é preenchido pelos próprios membros do grupo. O roteiro de perguntas é preferível por causa de limitações de tempo e recursos. Os levantamentos sociométricos são utilizados principalmente para identificar os grupos de amizades e os líderes de opinião popular. O Anexo 3: Modelo de Questionário Sociométrico contém um modelo que pode ser incrementado com perguntas adicionais.

Estudos observacionaisPode-se observar sistematicamente a comunidade-alvo e fazer

anotações, inclusive a respeito de: 1) seus subgrupos/redes/panelinhas/grupos de amizade e locais de encontro, 2) os indivíduos benquistos dentro dos grupos de amizade e as lideranças e informantes-chave, e 3) o conteúdo cultural da comunidade relacionado à promoção de normas de redução de risco, tais como quando, onde, quem, o quê, e por que os membros da comunidade expressam (ou não expressam) opiniões e convicções sobre a redução de riscos. Ao realizar observações para descrever um ambiente comunitário, em que a rede social em questão se encontra socialmente com frequência e para descrever os grupos de amizade, as normas relacionadas ao risco e aos LOP dentro da rede social em questão, está sendo feito o “mapeamento social” da população. A observação sistemática pode ajudar a definir os locais de encontro comunitário, os grupos de amizade, os LOP, a norma social para a promoção da redução de risco, bem como formas apropriadas de promover a norma desejada. O Anexo 5 contém um Modelo de Roteiro para Observação da Comunidade, que pode ser adaptado conforme a necessidade.

Os conhecimentos que o pessoal da instituição têm a respeito da comunidade também podem ser um recurso importante. Não se deve esquecer a possibilidade de que o pessoal da instituição talvez já tenha experiência e ligações com o(s) local(ais) comunitário(s) alvos da intervenção, e que possa atuar como etnógrafos ou observadores participantes do local de encontro comunitário e ajudar na realização de muitas tarefas da etapa formativa.

Obs.: Ao estimar o tamanho da população no local de encontro, é bastante provável que seja necessário fazer contagens, utilizando métodos de amostragem para estimar o tamanho da população em questão. Por exemplo, se a intenção é realizar a intervenção junto aos frequentadores

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de um bar, pode-se solicitar ao proprietário, estimativas do número de clientes, com base no número de ingressos, ajustado por estimativas de contagem dupla e vendas. Como alternativa, o pessoal do projeto poderia fazer a contagem dos clientes do bar em horários representativos, e com base nisso fazer a projeção do tamanho da população que se espera estar presente no local durante a intervenção.

Entrevistas com informantes-chaveIndivíduos que são “antenados” ou têm muito conhecimento (por

exemplo, em virtude do papel que desempenham) da comunidade podem ser entrevistados para se obter informações necessárias sobre locais de encontro comunitário, grupos de amizade, LOP e normas apropriadas de redução de risco, incluindo considerações quanto à norma a ser trabalhada.

Uma forma eficiente de atuação pode ser a realização de uma reunião ou várias reuniões com informantes-chave para a indicação/identificação de LOP. É importante definir se as lideranças e informantes-chaves devem ou não informar às pessoas que indicaram para ser LOP sobre as indicações. Nem todas as indicações estarão de acordo com os critérios e será prejudicial criar expectativas que poderão ser frustradas.

Deve-se lembrar que os informantes-chaves também podem ser lideranças na comunidade e, por isso, é importante conquistar seu apoio. É possível que consigam facilitar a aceitação e o sucesso da intervenção na comunidade. As lideranças também podem ajudar a orientar as observações, indicando contextos em que os integrantes da comunidade podem ser acessados e observados. O Anexo 5 contém um Modelo de Roteiro para entrevistas com informantes-chave, que pode ser adaptado conforme a necessidade. As lideranças também devem estar envolvidas no planejamento e na implementação da estratégia LOP. As lideranças podem ajudar com o recrutamento e apoiar a intervenção de diversas outras maneiras.

Grupos focais Grupos focais representam uma boa oportunidade para obter

informações detalhadas sobre um tópico específico e restrito. Os grupos focais são mais apropriados para a elaboração e validação de materiais utilizadas na intervenção, como uma logo capaz de assinalar o reconhecimento da promoção da norma de redução de risco. O formato do grupo focal facilita a coleta interativa (entre os participantes) de dados. Não é o intenção de um grupo focal obter respostas individuais de cada pessoa sobre diversos tópicos

Há muitos recursos úteis disponíveis sobre grupos focais, na internet, em bibliotecas e por meio de consultores. Os grupos focais representam uma metodologia complexa de pesquisa. Recomenda-se que habilidades especializadas sejam desenvolvidas e utilizadas na sua criação.

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Questionários CAP (Conhecimento, Atitudes e Práticas)A aplicação de questionários sobre os conhecimentos, atitudes,

convicções, práticas e comportamentos dos integrantes da comunidade pode ajudar a determinar necessidades e a definir para onde deve ser direcionada a intervenção, envolvendo a norma de redução de risco. É preciso ter conhecimentos especializados para criar um questionário adequado e útil. É necessário levar em consideração estratégias de amostragem em relação à coleta de dados. Os questionários podem ser aplicados de várias maneiras para facilitar a coleta dos dados. Talvez já existam relatórios sobre questionários CAP aplicados anteriormente e que sejam relevantes para a população. Eles podem ser analisados para obter informações úteis para a intervenção proposta. Talvez a instituição aplique rotineiramente questionários que possam ser importantes. Deve-se pesquisar na internet e junto à Secretaria de Saúde também. Lembre-se de que estas informações também serão necessárias para a adequação das sessões de treinamento dos LOP.

Dados existentes, como avaliações de necessidades e riscos Talvez seja possível ter acesso e analisar relatórios e dados de avaliações

já existentes de necessidades e riscos, parecidos com os dados obtidos por meio de questionários CAC. As Secretarias de Saúde podem ser fontes de dados como esses. Às vezes contratam empresas privadas de consultoria e pesquisadores universitários para realizar avaliações de necessidades e riscos. Seja criativo na forma como acessa esses tipos de dados. Serão muito úteis na determinação das necessidades e na definição do direcionamento da intervenção em termos da norma de redução de risco. Essas informações e a análise dos riscos e das normas associadas também serão necessárias para a adequação das sessões de treinamentos dos LOP. Será necessário informar os LOP, nas sessões de treinamento, como se definiu a norma a ser alvo da intervenção.

Pesquisas de mercado, censos e outras fontes secundárias de dados populacionais

Estatísticas resumidas e descritivas sobre a população local podem ser encontradas em relatórios de pesquisas de mercado, censos e estudos. Podem ajudar na estimativa do tamanho da população. Os dados dos censos estão disponíveis na internet e na maioria das bibliotecas. Muitas vezes dados de pesquisas de mercado também podem ser encontrados na internet. Alguns deles são focados em determinados segmentos da população que talvez englobe a população da intervenção. Relatórios disponíveis na internet às vezes são chamados de “literatura cinzenta,” ou não convencional, como também as brochuras, panfletos, relatórios e informativos comunitários. Essa “literatura cinzenta”, assim como pesquisas acadêmicas e outras publicações, podem ser fontes de informações relevantes sobre o tamanho da população e suas necessidades, comportamentos, conhecimentos, convicções e preferências no que diz respeito a riscos.

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Conclusão (da Seção II - Avaliação formativa para a estratégia LOP)

Esta seção descreveu os principais “componentes” a serem identificados. A avaliação formativa focalizada nesses sujeitos é necessária para a realização da estratégia LOP. Também foram descritos métodos de identificação. A primeira fase da implementação da estratégia LOP é a etapa de avaliação formativa e de planejamento. Essa etapa envolve o planejamento de sistemas a serem implementados, a identificação de componentes da população que serão alvo da intervenção, bem como o desenho de recursos e atividades a serem utilizados na realização da intervenção. As demais etapas da estratégia LOP serão norteadas pela avaliação formativa. Por exemplo, parte das informações obtidos na etapa formativa será incorporada nas sessões de treinamento dos LOP. O recrutamento dos LOP será baseado na descrição e nos parâmetros da comunidade, dos grupos de amizade e dos LOP mapeados na etapa formativa. As atividades formativas devem ser concebidas e planejadas de modo a garantir que as atividades subsequentes de recrutamento, treinamento, apoio e a atuação dos LOP ocorram da forma mais tranquila possível, sejam válidas e efetivas na promoção da norma definida de redução de risco (por meio dos LOP junto a seus amigos). As atividades formativas realizadas para fundamentar o projeto LOP são o alicerce das atividades de intervenção. Se o alicerce não for sólido, será mais difícil implementar o projeto e o mesmo pode até vir a fracassar.

Compare e contraste os dois exemplos de casos nas páginas a seguir, sendo (1) o Women’s Health Study de Sikkema e (2) o Hustler Study de Miller, em termos da agilidade e do contexto prático da avaliação formativa e/ou mapeamento.

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Women’s Health Study (Sikkema)

O quê? (Componente)

Como? Métodos Atividades para definir o alvo

Alvo identificado

I. População sob risco

Obs.: Sikkema sabia desde o início que queria focalizar mulheres sob alto risco

Revisou dados epidemiológicos e dados sobre comportamentos de risco relativos a mulheres e infecção pelo HIV nos Estados Unidos

Mulheres de baixa renda, solteiras, chefes de família e minoritárias encontram-se especialmente sob risco por causa de relações sexuais desprotegidas com parceiros masculinos de alto risco

II. População da estratégia LOP

Local de encontro comunitário

Revisou dados do Departamento de Moradia e Desenvolvimento Urbano (HUD) e do Censo dos EUA para identificar ambientes comunitários de mulheres urbanas, de baixa renda, solteiras e chefes de família

Mapeamento observacional de locais nas áreas urbanas identificadas

Priorizou ou selecionou conjuntos habitacionais urbanos que também possuíam centros comunitários

(Foi uma pesquisa em nove locais comunitários, calculados em cinco cidades de porte médio nos EUA)

Norma específica

Grupos focais, estudos de conhecimentos, atitudes e comportamentos (CAC), observações e entrevistas com informantes-chave entre as mulheres nos locais escolhidos para a ação

Falta de valor e apoio na comunidade para as mulheres se comunicarem com os parceiros sobre o uso do preservativo. “Não é apropriado para as mulheres pedirem para os homens usarem preservativos”

Grupos de amizade

Pesquisas cara a cara em múltiplos idiomas com cada mulher sobre suas amizades

Observação nos locais

Amizades já existentes entre mulheres nos conjuntos habitacionais determinou o tamanho de cada grupo de amizade (e o número total de grupos)

LOP em grupos de amizade

As LOP foram indicadas por meio de pesquisas com as mulheres e por informantes-chave / lideranças comunitárias

Identificou para recrutamento, treinamento e atuação 15% das mulheres mais influentes, confiáveis, admiradas e benquistas em cada grupo de amizade

III. Logo e dispositivos e estratégias de apoio.

Grupos focais. Observações e entrevistas com informantes-chave. Dados dos questionários CAC

Logo. Informativos. Cartazes. Brochuras. Distribuição de preservativos masculinos e femininos. Oficinas sobre sexo mais seguro – Conselhos de Saúde da Mulher. Piqueniques e outros eventos

IV. Fatores relativos a recursos Relação prévia com o contexto com as pessoas alvo da intervenção

Não havia uma relação prévia com os ambientes comunitários. Muito pouco conhecimento direto prévio dos ambientes e das integrantes das comunidades

Duração do projeto Três anos

PessoalPesquisadores profissionais e pessoal administrativo universitário remunerado

Custo total Alto – pelo menos US$ 375 mil por ano

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Hustler Project (Miller)

O quê? (componente)Como? Métodos, atividades para

definir o alvoAlvo identificado

I. População sob risco Revisão e conhecimento da literatura atual sobre riscos na cidade de Nova York

Financiamento para intervir junto a profissionais do sexo masculinos

Profissionais do sexo masculinos ou “michês” / “hustlers” na cidade de Nova York

II. População da estratégia LOP

Local de encontro comunitário Mapear (para a realização da estratégia LOP) os subgrupos e os ambientes da população sob risco.

É necessário ter um ambiente/subgrupo alvo da intervenção de tamanho compatível com os recursos disponíveis.

Conhecimentos já existentes entre o pessoal da instituição a respeito de michês e seus estilos de vida, incluindo os locais onde se reúnem na cidade de Nova York. Observações, pelo pessoal da instituição, dos locais de frequência de michês na cidade de Nova York. Capacidade de acessar vários locais frequentados por michês

Três bares cuja clientela é majoritariamente composta por michês e pessoas interessadas em michês

Norma específica Obter informações sobre convicções e atitudes na cultura que impulsionam o comportamento de risco (para a realização da estratégia LOP)

Conhecimentos do pessoal da instituição sobre fatores e comportamentos de risco já existentes

Promover uma norma de sexo mais seguro / uso do preservativo

Grupos de amizadeDeterminar as relações nos grupos pequenos (grupos de amizade) nos quais há LOP (para realização da estratégia LOP junto a esses grupos)

Observações, pelo pessoal da instituição, dos grupos de amizade nos locais. Entrevistas com informantes-chave sobre os grupos de amizade. Amigos dos LOP.

Grupos de amizade identificados

LOP em grupos de amizade Selecionar/indicar 15% dos formadores de opinião mais influentes (para identificação e recrutamento dos LOP).

Indicações de LOP por informantes-chave

LOP identificados

III. Logos e estratégias relacionadas de apoio

Tomada de decisões pelo pessoal da instituição orientada pelas contribuições dos informantes-chave. Indicações de contatos de apoio/intermediários pelos informantes-chave.

Logo específica do projeto definida.

Dois “contatos de apoio/intermediários” identificados para cada ambiente comunitário.

IV. Fatores relativos a recursos Relação prévia com o contexto com as pessoas alvo da intervenção

A instituição tinha uma ampla relação prévia com os ambientes comunitários

Duração do projeto 10 meses (2 dos 10 meses foram dedicados ao planejamento)

Pessoal Maioria voluntários, com algumas pessoas da OBC remuneradas

Custo total Baixo, US$ 20 mil

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III. Recrutamento, treinamento, apoio e atuação dos LOP

A Seção III deste Guia contém orientações sobre o recrutamento, treinamento (incluindo a adaptação das sessões de treinamento), apoio, atuação e retenção dos LOP.

Depois de criado o modelo de intervenção específico para o contexto local (após a etapa formativa), será necessário iniciar o recrutamento, treinamento, atuação e apoio aos LOP. Os Elementos Centrais 3 a 8 dizem respeito ao recrutamento, treinamento/apoio e atuação dos LOP.

A. Recrutamento dos LOPAvaliação para a realização da estratégia LOP

De modo geral, no recrutamento para intervenções comportamentais, os participantes em potencial são “avaliados” para determinar se possuem ou não características, como o(s) risco(s) alvo da intervenção. Caso atendam aos critérios, podem ser recrutados. Por exemplo, participantes elegíveis ou apropriadas para a intervenção SISTA são mulheres sob alto risco decorrente da falta do uso recente do preservativo com parceiros masculinos, outros comportamentos de risco dos parceiros masculinos, a falta de habilidades de comunicação por parte das mulheres relacionadas a gênero/poder para possibilitar a negociação efetiva do uso do preservativo com seus parceiros. Cada mulher é avaliada individualmente para ver se atende aos critérios de elegibilidade. Por outro lado, na etapa formativa da estratégia LOP, os participantes que seriam apropriados para a intervenção são avaliados quanto à existência de uma cultura de risco – identificando assim uma comunidade que precisa da intervenção. A população ou os participantes da estratégia LOP são os integrantes da comunidade identificada em termos da rede de amigos que compartilham uma norma que impulsiona o risco. A “elegibilidade” para participar da estratégia LOP diz respeito a quem integra a rede de amizade e compartilha a cultura de risco. É a existência de uma comunidade ou os aspectos dos relacionamentos compartilhados entre os indivíduos (normas compartilhadas) que são o alvo da intervenção com o objetivo de ter um impacto sobre os indivíduos. A identificação e escolha de uma comunidade para a estratégia LOP é, efetivamente, a avaliação quanto à elegibilidade para a mesma. A identificação e escolha da população

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da intervenção na etapa formativa é uma “pré-avaliação” quanto à elegibilidade, porque cada integrante da rede social alvo da intervenção é um líder de opinião popular (LOP) ou uma pessoa que receberá do LOP a mensagem endossando a norma.

Avaliação dos LOP em potencialAs pessoas elegíveis para atuarem como LOP, dentro de cada grupo

de amizade são os 15% considerados como sendo os mais influentes, respeitados, com credibilidade e experiências de vida relevantes, confiáveis, compreensivos com os amigos, falam bem, são articulados e autoconfiantes.

A “avaliação” dos LOP, conforme critérios específicos, corresponde à identificação ou à indicação, realizada na etapa formativa e, provavelmente, também no decorrer da realização da intervenção. A maior parte da identificação dos LOP ocorre no início na etapa formativa. No entanto, conforme os métodos utilizados para identificá-los e conforme o cronograma de recrutamento e treinamento em turmas pequenas, é provável que a identificação dos mesmos ocorra de maneira contínua.

Pode-se utilizar uma variedade de estratégias para identificar os LOP dentro dos diversos grupos de amizade, por exemplo entrevistas com lideranças comunitárias e informantes-chave, observações de comunidades e pesquisas com integrantes de comunidades. Por um lado, se você conseguiu sondar todas as pessoas na etapa formativa quanto às suas amizades e influências, pode ser que já tenha identificado 15% dos LOP até concluir essa etapa. Contudo, se você está utilizando outros métodos, como entrevistas com informantes-chave e/ou observações para identificar 15% dos LOP dentro de cada grupo de amizade, esse processo pode ser mais demorado (em vez de identificar de uma só vez logo no início todos os grupos e todos os LOP).

O primeiro grupo e os grupos subsequentes de LOP que forem identificados, recrutados e treinados podem ser utilizados como “informantes-chave.” Se você quiser, pode pedir para eles ajudarem a identificar outros LOP e seus grupos de amizade. Algumas dessas indicações podem ser apropriadas para inclusão em uma lista de LOP em potencial. Outras indicações talvez não sejam apropriadas porque já foram recrutados 15% dos LOP do grupo de amizade ou de uma determinada estratégia LOP. É preciso cuidar para não recrutar um número exagerado ou insuficiente de LOP de cada subgrupo, à medida que as turmas de LOP entrarem em atuação no decorrer do tempo. 9 Deve-se seguir o mesmo processo iterativo (informante, identificação, recrutamento, treinamento, e entrevista com o informante novamente), caso você esteja utilizando lideranças comunitárias ou informantes-

9 Todos os LOP não precisam ser identificados e recrutados na etapa formativa. No entanto, será necessário mapear o máximo possível na etapa formativa a rede e a cultura como um todo, por exemplo em termos de seu tamanho e ambientes sociais, lideranças comunitárias e a primeira leva de grupos de amizade/LOP com o objetivo de conseguir a inclusão de 15% dos LOP de cada subgrupo, etc.

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chave que não são LOP, pessoal do projeto, ou os próprios LOP como informantes para identificar os diversos grupos de amizade e os LOP dentro dos mesmos.

Caso uma pessoa se autoindique como LOP e queira fazer o treinamento e endossar a mensagem, isso não deve ser visto como um problema. A pessoa deve ser incluída, mesmo que aparentemente não se encaixe nos critérios identificados ou destoe de outras pessoas que já foram treinadas e atuaram como LOP. Apesar disso, é provável que tenha amigos que possam influenciar e que seja integrante de uma comunidade que possa apoiar a intervenção.

Recrutamento de LOPDe modo geral, o recrutamento para uma estratégia LOP envolve apenas

o recrutamento dos LOP, que verão ser treinados. Uma vez treinados, os LOP atuam junto aos amigos, endossando a norma. As conversas com a mensagem de endosso não se caracterizam como recrutamento. Os LOP não marcam um horário e lugar especial – fora da rotina normal – para ter essas conversas com os amigos. Os LOP não “recrutam” seus amigos no sentido tradicional da palavra. O único sentido em que há recrutamento de pessoas que não são LOP ou de outros integrantes da comunidade ocorre com as lideranças comunitárias e os informantes-chave etc.

O recrutamento (assim como o treinamento e a identificação – ver acima) é um processo contínuo. Os LOP serão recrutados, treinados e atuarão em turmas de 8 a 10 pessoas no decorrer do tempo. O recrutamento dependerá sobretudo da qualidade dos contatos pessoais que o pessoal do projeto faz com os LOP na comunidade. Consideração deve ser dada à forma como cada LOP é abordado, para que o recrutamento seja apropriado para cada caso.

O recrutamento é feito principalmente pelo pessoal do projeto. As lideranças podem colaborar com o recrutamento, apresentando candidatos em potencial. No entanto, tais apresentações por si só não garantem o sucesso. A instituição não pode depender de apresentações alheias. O pessoal do projeto terá que recrutar LOP em potencial. Cada recrutador do projeto terá que desenvolver seu próprio estilo para poder interagir à vontade com as pessoas. Cada um deles pode ensaiar o papel de recrutador para aumentar a segurança, o estilo positivo e a experiência. É importante saber se apresentar bem. A identificação apropriada e a documentação de apoio podem tornar a apresentação mais profissional e fazer uma impressão melhor.

O momento em que se faz o recrutamento também é importante. O recrutador precisa ser observador e abordar os LOP em momentos apropriados. A postura verbal e não verbal de quem faz o recrutamento também é importante. É provável que os LOP em potencial percebam a sinceridade e demais sentimentos dos recrutadores. Novamente, as boas relações talvez sejam o determinante mais importante do

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recrutamento bem-sucedido. O recrutador precisa responder todas as perguntas dos LOP em potencial. Embora não seja necessário, dar incentivos, dar sinais de valorização e prestar serviços para amenizar as demandas quanto ao tempo e às responsabilidades dos LOP, pode ajudar. Incentivos “em espécie” como refeições nas sessões de treinamento pode facilitar o cumprimento de suas rotinas cotidianas. Os incentivos devem ser significativos e práticos. A perseverança e uma atitude positiva são qualidades importantes. Inevitavelmente, haverá recusas - independentemente da efetividade e adaptabilidade dos recrutadores. Não se deve deixar que as recusas abalem a autoconfiança.

O recrutamento deve apelar em especial para o altruísmo, o espírito de comunidade e motivações parecidas. Os recrutadores devem incluir os seguintes elementos em suas conversas com os LOP em potencial: uma apresentação sucinta do programa LOP, uma explicação de como os LOP em potencial foram indicados, enfatizar que ser um LOP significa desempenhar um papel positivo junto a amigos e conhecidos, e destacar a contribuição para a redução da infecção pelo HIV. Outros pontos positivos incluem: ser um exemplo na comunidade, desempenhar liderança em relação à prevenção do HIV, ser benquisto, contribuir e provocar mudanças nessa comunidade. Os recrutadores devem deixar claras as expectativas de que os LOP devem promover a mensagem de redução de risco junto aos amigos após terem participado das sessões de treinamento. Não se deve atribuir expectativas adicionais aos LOP em potencial. É preciso dar apoio, ser honesto, acessível e claro nas interações com eles.

Protocolos, sistemas e formulários para o recrutamento O recrutamento não é uma tarefa simples ou fácil: envolve muita

preparação, solicitações iniciais muitas vezes sem respostas claras, acompanhamento contínuo de cada contato, e muito juízo e discrição. Deve ser elaborada uma ficha de contato para cada LOP, bem como um mapa de todos os LOP necessários para a intervenção (15% de cada subgrupo). Os contatos com os LOP devem ser feitos de forma direcionada, respeitosa e completa até chegar ao desfecho natural. Os recrutadores precisam reconhecer que estão trabalhando para ir ao encontro das necessidades e dos compromissos dos recrutados, e não o contrário. Seria equivocado achar que os recrutados em potencial irão procurar a instituição. Seria equivocado achar que eles serão contactados e se interessarão por meio de entrevistas formais. Seria equivocado achar que os recrutados assumirão a liderança e a responsabilidade pelas interações da instituição. Os recrutadores precisam assumir total responsabilidade por acompanhar cada contato em potencial até obter um desfecho de sucesso. O recrutamento não é igual à venda de produtos de porta em porta ou por telefone. Os produtos não se vendem sozinhos. O processo se deslancha com o vendedor e o recrutador!

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Seguem algumas considerações gerais sobre o recrutamento:

• Nãoexisteumamágicaouumaciênciacomplexasobreorecrutamento. A maioria das “melhores práticas” é bastante evidente. Envolve uma apresentação forte e consistente, muito acompanhamento e controle.

• Alémdeserumaarte,orecrutamentotambéméumaciência.Requer criatividade, experiência, experimentação, persistência.

• Orecrutamentoembasaatomadadedecisõesemevidênciassobre o que talvez possa funcionar, com a coleta subsequente de informações para verificar se a estratégia está funcionando de fato.

• Aproveiteoquefunciona;descarteesubstituaoquenãofunciona.• Aspessoasquerealizamotrabalhodorecrutamentoprecisam

estar envolvidas no planejamento. Elas são as melhores fontes de informações.

• Presteserviçosdeexcelentequalidade.Umaboareputaçãoatraiclientes.

Quem tem mais probabilidade de ter sucesso no recrutamento de LOP são pessoas que: gostam de conversar com outras pessoas, se sentem à vontade em abordar pessoas que não conhecem, criam vínculo rapidamente com outras pessoas, têm habilidade em perceber e entender linguagem corporal e outros sinais interpessoais, sabem falar bem, são persuasivos, demonstram entusiasmo, respeitam os outros e não fazem juízos de valor. Fazem parte, conhecem bem e se sentem à vontade com a população. Conhecem a estratégia LOP, acreditam que essa estratégia funciona, têm autoconfiança e não se abalam diante de recusas.

RetençãoO acompanhamento cuidadoso dos LOP também é importante. Deve-

se obter os dados de contato necessários para gerenciá-los, treiná-los e apoiá-los. Deve-se respeitar o sigilo na coleta e utilização dos dados.

A etapa formativa do projeto LOP envolve a dedicação de tempo e esforços para a coleta de informações, o contato com as lideranças comunitárias e a realização de tarefas do projeto como a criação da logo. Essas atividades contribuirão para que o projeto e suas mensagens de prevenção sejam efetivas e atraiam a população da intervenção. Não se deve subestimar a importância de estratégias e conteúdos de alta qualidade para o recrutamento e a retenção dos LOP. O recrutamento dos LOP será facilitado por fatores como: a maneira como a intervenção é vista na comunidade; o apoio das lideranças comunitárias para a intervenção; a forma como os LOP são abordados, respeitados, tratados e recebidos; até que ponto as sessões de treinamento são relevantes, atraentes, solidárias socialmente e divertidas; até que ponto a logo serve de apoio para os LOP no repasse da mensagem em suas conversas; a qualidade dos incentivos, o apoio aos esforços dos LOP como a disponibilização de oportunidades importantes e divertidas de encontro

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social e comida boa; a garantia do respeito e do sigilo; a minimização do ônus nos LOP quanto à realização das conversas e à apresentação para o projeto de relatórios das atividades realizadas.

“Promova” o projeto LOP da forma mais ampla possível, fazendo com que todas as atividades e todos os materiais sejam bastante atrativos. O recrutamento de qualidade depende em muito da continuidade dos esforços dentro do contexto de um plano apropriado de recrutamento. Todos os componentes do recrutamento devem ser planejados, levando em consideração os demais elementos de apoio embutidos no projeto LOP. Modifique e atualize o plano de recrutamento e retenção à medida que você aprender com o trabalho e a experiência nessa área.

Para os LOP, as sessões de treinamento e apoio são a parte do projeto que mais toma tempo. Essas sessões são importantes porque fortalecem os LOP, criando habilidades e um nível de bem-estar em relação às conversas que terão com os amigos. Isso reduz a ansiedade e facilita bastante a comunicação dos LOP. Planeje com cuidado, crie e realize sessões de treinamento que sejam altamente relevantes, úteis, interessantes, fortalecedoras e divertidas. Isso contribuirá para o recrutamento e a retenção dos LOP à medida que perceberem o treinamento e o projeto como sendo divertidos e importantes.

Os LOP são fundamentais para o projeto porque são eles que fazem a intervenção por meio das conversas sobre redução de risco. A função do Coordenador do Projeto é prestar aos LOP o apoio que precisam. Eles são voluntários altamente respeitados, de confiança e benquistos entre seus amigos. As conversas que os LOP tiverem com os amigos para endossar a norma de redução de risco não devem ser um compromisso demasiadamente oneroso para eles. Basicamente, os LOP manifestarão sua opinião em apoio da norma de redução de risco para pelo menos 14 de seus amigos, no decorrer de suas conversas naturais, cotidianas e individuais. Não são educadores de pares ou agentes comunitários. Também não são monitores de projeto. O papel deles é endossar a opinião referente à redução de risco. Não são responsáveis pela educação dos outros com fatos e informações, nem assistentes sociais para coletar e apresentar informações pessoais sobre seus amigos, ou ser responsáveis por monitorar diversos tipos de dados para o projeto LOP ou para a instituição. Eles devem receber o apoio necessário para endossar a opinião. Não lhes devem ser atribuídas tarefas e responsabilidades adicionais do projeto. As expectativas e as responsabilidades dos LOP devem ser restritas à estratégia LOP. Devem ser bem definidas e realistas.

B. Treinando os LOP1. Visão geral do treinamento dos LOP

O Manual da Estratégia LOP e os materiais, ferramentas e guias para o treinamento e outros elementos da intervenção contêm orientações bem fundamentadas para o desenvolvimento e a realização de sessões de

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treinamento de alta qualidade para os LOP. Esta seção do Guia traz dicas adicionais e destaca algumas questões de particular importância, como a adaptação das sessões de treinamento para a sua implementação local.

As quatro sessões de treinamento têm o propósito de apoiar os LOP no endosso da norma de redução de risco junto aos amigos. É importante que o pessoal do projeto LOP entenda claramente por que os LOP são treinados com informações relevantes, bem como o raciocínio que fundamenta o projeto. O conteúdo e a estrutura das sessões de treinamento têm o objetivo de fortalecer a segurança e o nível de conforto dos LOP. Para que sua atuação seja eficaz, os LOP precisam acreditar em si e na eficácia do programa. Precisam ter habilidades específicas de comunicação para ajudá-los a transmitir com eficácia as mensagens de redução de risco. As sessões de treinamento também têm o objetivo de fortalecer a motivação dos LOP. As sessões incluem uma dinâmica por meio da qual os LOP aprendem entre si e se motivam por meio de dramatizações etc. Portanto, é importante que os LOP interajam uns com os outros nas sessões. A participação em várias sessões também reforça a aprendizagem e as mensagens no decorrer do tempo. Os intervalos entre as sessões permitem que os LOP tenham tempo para testar as conversas no “mundo real”, processar as experiências e aprimorar a forma de atuação nas sessões posteriores. Os facilitadores apresentam exemplos de conversas de endosso da mensagem de redução de risco para os LOP para que entendam o que vão fazer na comunidade. Os LOP dramatizam e ensaiam as conversas para fortalecer sua autoeficácia. Os facilitadores do treinamento reforçam e complementam as habilidades de dramatização e sugerem formas de tornar as conversas eficazes. Os LOP estabelecem metas para a realização das conversas.

As sessões de treinamento para os LOP podem ser vistas como uma intervenção dentro da intervenção principal. A intervenção principal consiste no endosso pelos LOP da mensagem de redução de risco para que os amigos mudem de comportamento. Enquanto o enfoque da intervenção principal está nas normas relacionadas a comportamentos de risco, as sessões de treinamento têm o objetivo de ter um impacto na habilidade de comunicação dos LOP. Em suma, as sessões de treinamento consistem no fortalecimento das habilidades cognitivas e comportamentais dos LOP, fortalecendo sua capacidade, conhecimento, nível de conforto, intenções, autoeficácia, habilidades etc. As sessões de treinamento também ajudam os LOP a “adotar” a norma a ser endossada. As sessões de treinamento proporcionam aos LOP as habilidades necessárias para endossar uma norma de redução de risco em conversas com os amigos. As sessões de treinamento ensinam os LOP a disseminar mensagens de redução de risco em conversas dentro de suas próprias redes sociais.

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Lógica das sessões de treinamento para fortalecer a habilidade de comunicação dos LOP

Determinantes Atividades Impactos

Conhecimento sobre comunicação eficaz

Atitudes sobre a realização das conversas

Autoeficácia para a realização das conversas

Intenções de realizar as conversas

Ensinar a lógica da intervenção para os LOP

Ensinar os elementos das conversas para os LOP

Os facilitadores dão exemplos das conversas

Os LOP ensaiam as conversas nas sessões

Os LOP realizam conversas na vida real

As conversas dos LOP analisadas e reforçadas

Os LOP estabelecem metas para a realização de conversas

Aumento de conhecimento sobre fatos relativos à prevenção do HIV que subsidiam a lógica das comunicações da estratégia LOP

Aumento de conhecimento sobre o propósito das conversas

Aumento de conhecimento sobre os elementos de uma conversa eficaz

Aumento de atitude de segurança com o papel de LOP, com o endosso da norma e com o propósito das conversas

Adoção da norma pelos LOP

Os LOP se sentem mais capazes de realizar as conversas

Aumento na intenção de realizar as conversas

Difusão de Inovações (disseminando uma norma) — O Papel dos LOPO endosso pessoal da norma de redução de risco pelos LOP é o cerne

do todo o programa de intervenção. Os LOP precisam ter claro que seu papel na estratégia LOP é demonstrar a opinião – endossar a norma de redução de risco junto a seus amigos (utilizando enunciados contendo a palavra “eu”). O papel dos LOP não é educar outras pessoas sobre HIV ou distribuir dados. Ensinar aos LOP informações relevantes sobre a norma escolhida e sobre o objetivo e a lógica do projeto ajuda-os a sentirem que têm, de fato, credibilidade para endossar a norma de redução de risco junto a amigos. As sessões de treinamento ajudam a convencer os LOP de que norma de redução de risco que vão endossar é apropriada para eles e para sua comunidade. O objetivo do repasse de informações para os LOP, na Sessão 1, é dar suporte à segurança deles. O objetivo não é que os LOP, por sua vez, repassem essas informações para seus amigos. Novamente, o papel deles é endossar a opinião sobre a redução de risco. Qualquer atividade educativa realizada por eles é secundária ao seu papel central enquanto promotores da norma de redução de risco. Há uma distinção importante entre dar uma opinião e educar os outros. Essa distinção é importante para a realização da estratégia LOP. Também é uma distinção que as instituições às vezes não percebem, quando entendem erroneamente que se trataria de uma intervenção de educação por pares e abordagem comunitária.

O objetivo central da estratégia LOP é a promoção de uma norma relacionada à redução de risco por meio de pessoas que têm relevância pessoal para cada indivíduo. Enquanto amigos benquistos e influentes, os LOP adotam e promovem a opinião de modo que se torne aceita no

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grupo imediato de amigos e depois se difunda ou se transfira para toda a comunidade. Nos treinamentos, 15% das pessoas mais influentes dentro dos grupos de amizade (os LOP) ficarão convencidos de que é melhor adotar a norma de redução de risco. Ao endossar essa opinião junto aos amigos, os LOP influenciarão outras pessoas na comunidade de modo que passem a compartilhar a mesma opinião.

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Sessões de Treinamento Esta seção do Guia apresenta a estrutura, as atividades, os conteúdos e

o propósito das sessões de treinamento com LOP e faz um resumo dos passos para a adaptação e realização das sessões de treinamento para o projeto LOP específico de sua instituição. No quadro a seguir há um resumo simplificado das sessões de treinamento.

Sessão 1

• ExplicaçãodoprogramaLOP;• ExplicaçãodateoriaefilosofiaqueembasamaestratégiaLOP;• Uma perspectiva geral de informações atualizadas e fatos quanto ao risco alvo da

intervenção; • Umaperspectivageraldosriscoscomportamentaisrelacionadosaoriscoalvoda

intervenção; • UmaperspectivageraldeserviçoslocaisemHIV,ex.:secretariadesaúde,serviçosdeaconselhamentoetestagem,serviçosdeinformaçãoportelefone;

• Umadiscussãosobremétodoseestratégiasparareduziroueliminaroriscorelacionadoà norma;

• ResumodaSessão1ebreveapresentaçãodaSessão2.

Sessão 2

• RevisãodaSessão1,especialmenteoriscoalvodaintervençãoeosmétodosparareduzir ou eliminá-lo;

• Discutirmitosenoçõeserrôneassobreoriscoalvodaintervenção;• Realizarumadiscussãosobrecomoasnormassociaispodemserutilizadaspara

reduzir o HIV dentro de uma comunidade; • Fornecerumaperspectivageraldos“elementosdeumamensagemefetivaderedução

de risco”;• Pedirparaosparticipantespensarememquatroamigoscomosquaissesentiriamà

vontade tendo a conversa de redução de risco; • ResumodaSessão2ebreveapresentaçãodaSessão3.

Sessão 3

• Revisãodoselementosdeumamensagemefetivadereduçãoderisco;• OfacilitadordemonstraamensagemdereduçãoderiscoaosLOP;• OsLOPensaiamarealizaçãodeconversassobrereduçãoderisco;• OsLOPsecomprometameplanejamarealizaçãodequatrooumaisconversassobre

a redução de risco antes da 4ª Sessão; • OsLOPdiscutemsobreoensaiodasconversas;• Apresentareexplicarametodologiapara“despertarconversas”(ex.:logoououtro

dispositivo);• EncerramentodaSessão3ebreveapresentaçãodaSessão4.

Sessão 4

• DiscussãosobreaexperiênciatidapelosLOPnarealizaçãodasconversassobreredução de risco;

• Revisãodefatosrelevantessobreprevençãoedadoslocais;• Revisãosobrefatoresrelevantesrelativosacomportamentosderisco;• OsLOPsecomprometemacontinuaraterconversassobrereduçãoderisco,com10

ou mais de seus amigos e conhecidos (distribuir o formulário para contatos);• MotivarosLOPaendossaremamensagemdeprevenção.

*Os conteúdos em itálicos podem estar sujeitos a adequação para o projeto local específico e para a norma e o comportamento específicos de risco alvo da intervenção.

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2. Passos para a adaptação das sessões de treinamento e preparação para sua realização.• Criarumgrupodetrabalhoparadesenharotreinamento.• Revisartodososmanuais,guias,ferramentasdeplanejamentoe

objetivos programáticos das sessões de treinamento.• ReunirasinformaçõesbásicasnecessáriasparatreinarosLOP,por

exemplo: o risco/a norma alvo da intervenção e materiais como o dispositivo/logomarca para despertar as conversas.

• Deve-seobservarqueváriostiposdedadoscoletadoseanalisadosna etapa formativa são relevantes para a adequação dos conteúdos das quatro sessões de treinamento realizadas com cada turma de LOP. Os dados coletados e as decisões tomadas, sobre a norma específica a ser alvo da intervenção são informações que precisam ser repassadas aos LOP nas sessões de treinamento. Por exemplo, se a norma a ser trabalhada é a importância da testagem para HIV, o treinamento repassará informações sobre testagem para ajudar os LOP a entenderem, adotarem, se sentirem à vontade e terem conhecimentos adequados para endossar a prática da testagem. Diferente do projeto original de Jeff Kelly, as sessões de treinamento talvez não enfoquem a promoção do uso do preservativo e o repasse de informações sobre a transmissão sexual e a prevenção do HIV. Os conteúdos das sessões de treinamento mais sujeitos à adequação são indicados com palavras em itálicos, nos quadros a seguir, sobre a realização de cada sessão.

• Combasenaapresentaçãodetalhadadassessõesdesteguia,nosconteúdos definidos por Jeff Kelly para as sessões de treinamento e nas informações e materiais que a instituição reuniu, deve-se elaborar um plano de treinamento10 detalhado, descrevendo exatamente como e o que será ensinado nas sessões de treinamento (instruções para o facilitador, conteúdos e ordem das atividades). Esse documento servirá como o manual de instruções para os facilitadores das sessões de treinamento.

• Elaborarmateriais,textoscomplementaresouummanual para os LOP para utilização nas sessões de treinamento.

• Testar,aprimorarefinalizaroplanodetreinamento.• Concluiraferramentadeplanejamento,osobjetivos

programáticos e os formulários (identificação de LOP, recrutamento de LOP, plano de treinamento). Obs.: os LOP são treinados em turmas de 12 a 15 para que as sessões sejam suficientemente pequenas para possibilitar amplas oportunidades para exercícios, apoio e retorno (feedback) para e entre cada LOP.

• IniciarotreinamentodosLOPemturmas.• Monitorarostreinamentosdeacordocomosobjetivos

programáticos e aprimorar o treinamento com base na avaliação e monitoramento de processo.

10 Ao realizar essa tarefa, deve-se ler o manual elaborado por Jeff Kelly para observar como a lógica do treinamento foi incorporada nos conteúdos para a realização da estratégia LOP em uma pequena cidade no Mississipi (um resumo consta da página 7 deste Guia).

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3. Descrição detalhada da estrutura, conteúdos, atividades e propósito de cada sessão

A seguir há uma descrição detalhada da estrutura, conteúdos, atividades e propósito de cada sessão. Isso ajudará a perceber quais elementos são “fixos” e não podem ser alterados, e quais precisam ser adequados e adaptados. De modo geral, a “estrutura” das sessões de treinamento é fixa. É preciso abordar os tópicos e realizar as atividades na sequência indicada. Pode ser necessário alterar alguns conteúdos das sessões. Por exemplo, se o projeto vai promover a norma de testagem para HIV, será necessário repassar para os LOP as informações necessárias sobre testagem para que se sintam à vontade endossando uma norma sobre testagem junto aos amigos.

Sessão 1Esta sessão apresenta aos LOP a estratégia LOP e transmite a ideia

de que são pessoas benquistas e respeitadas, que podem desempenhar um papel fundamental na prevenção da transmissão do HIV. As informações repassadas nessa sessão sobre o HIV e a redução de risco devem ser relevantes para a necessidade de entenderem por que a norma é apropriada e por que o projeto é importante. A sessão de treinamento deve ser adaptada para refletir a norma a ser trabalhada e para que seja relevante para os LOP. Não se deve repassar informações já conhecidas, e sim informações que:

• OsajudemasesentiràvontadenopapeldeLOP.• Ensinemalógicaquefundamentaoprojetoemquestão:

o o que diferencia a estratégia LOP (é comunitária, difunde uma norma);

o os dados da avaliação de necessidades que demonstram por que a norma de redução de risco escolhida para a intervenção é necessária e apropriada.

• Ensinemseupapelcomoindivíduosinfluentes,benquistos,comcredibilidade e confiabilidade entre seus amigos, que podem e querem difundir a opinião sobre a redução de risco junto aos amigos, de modo que a opinião seja adotada pelos demais e se torne a opinião predominante em toda a comunidade.

• ForneçaminformaçõesbásicassobreprevençãoeserviçosdeHIVpara que se sintam informados e com credibilidade para tratar do assunto. Dados locais sobre HIV também serão relevantes e importantes para os LOP.

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Sessão 1

I. Uma descrição básica do programa LOP, seu propósito e o papel essencial que os LOP desempenham na intervenção.

II. O comportamento de risco, os fatores de risco e a população da estratégia LOP:

A. Explicaroriscoeapopulaçãodoprojeto;

B. Explicarcomooriscoeapopulaçãoforamdefinidosparaesseprojetoespecífico.

III. A norma a ser promovida para impactar sobre o risco nessa população:

A. Explicar o que é uma norma e como determina comportamentos;

B. Explicar como foi determinada a norma que será promovida para ter impacto sobre o risco presente na população;

C. Explicar a lógica da maneira como os LOP promovem a difusão de uma norma;

D. Descreveranormaespecíficaaserpromovidapeloprojetoecomoelafoideterminada.

IV. Apresentar eventuais informações adicionais sobre o risco, a transmissão a prevenção e o tratamento do HIV que os LOP possam precisar para se sentirem seguros para atuarem como LOP e se sentirem confortáveis como modelos de referência porque têm domínio dos fatos, entendem e acreditam na necessidade de reduzir o risco na maneira proposta pelo projeto.A. Explicar as informações básicas e importantes para os LOP sobre a

epidemiologia, a transmissão, a redução de risco e o tratamento do HIV;

B. Explicarinformaçõesbásicas(comportamentosderiscos,métodoseestratégiasdereduçãoderiscoetc.),especificamenterelacionadasaoriscoeànormaqueaestratégiaLOPvaitrabalharequeosLOPprecisamsaber.

C. Fazer uma tempestade de ideias para superar eventuais barreiras percebidas pelos LOP em relação à prática de risco a ser trabalhada.

V. O local / os locais comunitário(s), os grupos de amizade dentro dos locais, os LOPdentro dos grupos de amizade e o papel dos LOP.

A. ExplicarqualouquaislocaiscomunitáriosforamselecionadosparaoprojetoLOPemquestão,bemcomooraciocínioquefundamentaaidentificaçãoeaseleçãodelocaiscomunitáriosparaumaestratégiaLOP;

B. ExplicarcomoeporqueoslocaiscomunitáriosdoprojetoLOPemquestãoforamselecionados;

C. ExplicarporquegruposdeamizadeeosLOPdentrodessesgrupossãoidentificados,ecomoforamidentificadosparaoprojetoemquestão;

D. Explicar o papel importante que os LOP desempenharão, demonstrando e promovendo a opinião junto aos amigos.

VII. Despertando conversas – Descrever o(s) dispositivo(s) a serem utilizados no projeto em questão para ajudar a despertar as conversas.

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Sessão 2Na Sessão 2, ocorre um aprofundamento do conteúdo sobre

normas sociais, o papel dessas normas na comunidade em relação a comportamentos e o papel desempenhado pelos LOP na promoção delas. Nesta seção, os LOP adquirirão mais informações sobre a lógica por trás da escolha da norma específica, por meio da participação em um exercício dedicado à desconstrução de mitos e noções errôneas relativas à norma e ao risco a serem trabalhados.

A Sessão 2 também apresenta um modelo específico de comunicação efetiva. A sessão ensina que a comunicação que efetivamente promove uma mudança de comportamento é aquela direcionada a atitudes, normas, intenções e autoeficácia relacionadas ao risco. A demonstração e promoção da opinião pelos LOP junto aos amigos mudarão as atitudes, normas, intenções e autoeficácia relacionadas ao risco dos amigos. Enunciados contendo a palavra “eu” são essenciais para conversas efetivas sobre a redução de riscos. É claro que um enunciado que contém a palavra “eu” é uma opinião. Quando eu utilizo um enunciado contendo a palavra “eu”, não estou dizendo para os outros o que devem fazer, estou dizendo o que penso e o que faço. Estou ensinando por meio do exemplo (em vez de “dar um sermão”). Essa questão dos enunciados contendo a palavra “eu” deve ser enfatizada ao ensinar os elementos da comunicação que efetivamente promovem uma mudança de comportamento na estratégia LOP.

Além de utilizar enunciados contendo a palavra “eu”, a mensagem do LOP deve ser positiva, recomendar a redução de risco e repassar formas práticas de reduzir comportamentos de risco. Deve-se enfatizar, também, que as conversas devem acontecer em um “espaço seguro”. A realização do endosso da norma de redução de risco junto aos amigos não está limitada ao local comunitário. Os LOP fazem o endosso em conversas cotidianas e pessoais que têm com os amigos. Assim, como na Sessão 1, muitos dos dados coletados na etapa formativa também são utilizados para ajudar a adequar o conteúdo da Sessão 2.

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Sessão 2

I. Rever brevemente os conteúdos da Sessão 1:

Rever o programa LOP, o papel dos LOP, o risco e a norma a serem trabalhados,informaçõesbásicasadicionaissobrecomportamentosderiscoereduçãoderiscorelevantesparaoriscoasertrabalhadoeparaqueosLOPsintamquetêmconhecimentosuficienteequeestejamconfortáveiscomamensagem.

II. Examinarmitosenoçõeserrôneasprovavelmenteexistentesemrelaçãoaosrisco(s)enorma(s)aseremtrabalhadospeloprojetoLOPemquestão:

DesconstruirosmitoseasnoçõeserrôneascomosLOPparaquetenhaminformações corretas, se sintam confortáveis com as informações e se sintam inspirados e com credibilidade.

III. Utilizando normas para mudar comportamentos:

A. Como as normas sociais podem contribuir para a redução das infecções por HIV;

B. Como os “líderes ou formadores de opinião” podem ajudar a “redefinir” normas sociais.

IV. Ensinar os conteúdos “fixos” sobre os elementos de uma conversa efetiva (seis habilidades de comunicação):

A. O facilitador apresenta os elementos;

B. O facilitador demonstra os elementos / a conversa (os “elementos” são seis habilidades de comunicação que devemserilustradasdentrodocontextodeumaconversaqueendossaareduçãodoriscoalvodoprojetoespecíficoemquestão).

V. Pede-se aos LOP que pensem em quatro amigos com os quais se sentiriam à vontade para entabular a conversa sobre redução de risco.

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Sessão 3A Sessão 3 é voltada para o fortalecimento das habilidades dos LOP

para a realização das conversas, por meio de dramatizações entre os participantes da sessão de treinamento. Nesta sessão, os LOP ensaiam o endosso de uma norma utilizando os elementos da comunicação efetiva. Têm a oportunidade de fortalecer suas habilidades, prevendo e imaginando formas de endossar a norma no contexto de conversas normais e cotidianas com os amigos. Muitos dos elementos da comunicação que efetivamente mudam comportamentos dentro da metodologia LOP dizem respeito ao ensino de estratégias para o endosso das normas no decorrer de conversas cotidianas. Além de fortalecer as habilidades e a segurança por meio de dramatizações, os LOP também recebem apoio no planejamento da realização das conversas. Entre a 3ª e a 4ª sessão, os LOP irão pôr os planos em prática, em situações da vida real, experimentando o endosso em conversas com quatro amigos diferentes.

A maior parte da Sessão 3 é dedicada ao ensaio pelos próprios LOP para a realização de conversas de endosso. Os ensaios permitem que eles ganhem segurança e habilidade na realização das conversas. Os LOP devem ensaiar utilizando os elementos (as seis habilidades de comunicação). O retorno (feedback) oferecido aos LOP deve estar focado na presença, ou não, dos elementos nos ensaios, e como incorporá-los caso não estejam presentes. Os LOP recebem retorno e reforço na realização das conversas, tanto dos demais participantes da sessão quanto do facilitador. Da mesma forma, o retorno deve estar focado na incorporação bem-sucedida dos elementos.

Após ter ensaiado bastante e recebido retorno considerável, os LOP devem assumir o compromisso de experimentar a realização das conversas no “mundo real” com quatro amigos. O compromisso contribui para a concretização da intenção dos LOP de realizar as conversas. Eles farão as conversas “no mundo real” entre esta sessão e a próxima.

Assim como nas Sessões 1 e 2, muitos dos dados coletados na etapa formativa também são utilizados para ajudar a adequar o conteúdo da Sessão 3. O exercício sobre mitos e noções errôneas é abordado novamente na Sessão 3. Isso contribui para descrever o raciocínio por trás da escolha de uma norma específica de redução de risco no projeto LOP em questão. O facilitador também demonstra a conversa novamente na Sessão 3. Os exemplos de conversas demonstrados nas sessões de treinamento serão adaptados para a norma de redução de risco a ser endossada. É importante dedicar tempo e esforço para que os exemplos sejam relevantes para o contexto em questão e estejam em consonância com o propósito do treinamento.

Por último, a logomarca o ou dispositivo a ser utilizado para ajudar a despertar a conversa deve ser apresentado aos LOP.

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Uma observação sobre a indicação de LOP pelos LOPNa sessão 3, os LOP podem indicar outros LOP na comunidade. Alguns

dos indivíduos indicados podem se encaixar nas turmas para os quais ainda não se tem 15% dos LOP do grupo de amizade específico. No entanto, é preciso comparar os LOP indicados com o número de LOP já identificados para cada um dos grupos de amizade mapeados na etapa formativa do projeto. É preciso treinar 15% dos LOP de cada grupo de amizade. É importante lembrar que quem é um LOP em um grupo de amizade, não necessariamente é LOP em outro. As indicações de outros LOP pelos LOP na Sessão 3 podem não corresponder às necessidades. Essas indicações podem suplementar os planos e as estratégias existentes de recrutamento e atuação de LOP. Tais indicações também poderão ser úteis se a instituição obtiver financiamento adicional para o projeto de modo a poder incluir mais grupos de amizade. Da mesma forma, com o passar do tempo a configuração dos grupos de amizade nos locais mudará e o projeto será ampliado para incluir esses novos grupos. Se houver continuidade do projeto LOP para abranger novas redes, isso poderá envolver também novas normas de redução de risco, dependendo das necessidades e da natureza da cultura de risco nas novas redes. Por essas e outras razões (ex.: a avaliação de processo e resultados), o mapeamento e o monitoramento do ambiente para a realização da estratégia LOP, iniciados na etapa formativa, precisam continuar durante todo o projeto.

Sessão 3I. Rever os elementos de uma conversa efetiva – os LOP citam e discutem os

elementos.

II. Repassando a mensagem: A. O facilitador demonstra duas ou três conversas efetivas sobre redução de

risco;

B. Os participantes dramatizam as conversas na sessão;

C. Orientar os participantes sobre as dramatizações das conversas;

D. Discutir as dramatizações; dar retorno (feedback);

E. Os participantes planejam e se comprometem a realizar conversas com quatro amigos depois da 3ª e antes da 4ª sessão;

F. Apresentar e explicar a logo ou os dispositivos e sua função de despertar as conversas (seránecessáriocriarumalogoouumdispositivoespecíficoparaoprojeto em questão).

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Sessão 4A Sessão 4 consiste na análise das quatro conversas experimentais

tidas “no campo” para poder fortalecer ainda mais as habilidades e as capacidades dos LOP. A Sessão 4 também deve servir de inspiração para motivar os LOP a realizarem pelo menos 10 conversas efetivas sobre a redução de risco direcionadas às normas e atitudes entre os amigos. Nesta sessão, os LOP se comprometem a realizar as 10 conversas. A afirmação do compromisso é importante para firmar a intenção de realizar, bem como a própria realização das conversas. No entanto, é importante que o projeto tenha planos sólidos e continuação para inspirar e apoiar os LOP. Esse apoio deve estar presente em todas as atividades da estratégia LOP. A realização de eventos sociais de apoio e inspiração para os LOP após o treinamento são parte da estratégia, além da qualidade e efetividade de todos os aspectos e esforços do projeto.

Sessão 4I. Analisar as conversas experimentais de redução de risco que os LOP tiveram com

quatro amigos entre a 3ª e a 4ª sessão: A. Obter o retorno (feedback) dos LOP sobre suas conversas experimentais de

redução de risco;

B. Procurar superar problemas, realizando conversas baseadas nas experiências tidas com as conversas experimentais;

C. Rever com os participantes a utilização da logo ou dispositivo para despertar conversas;

D. Reforçar as habilidades em realizar conversas.

II. Reverasinformaçõesbásicassobreriscorelevantesparaoprojeto.

III. Inspirar os LOP para a realização das conversas de endosso: A. Proferir uma fala motivacional;

B. Facilitar o estabelecimento pelos LOP de metas para as conversas (compromisso de ter 10 conversas);

C.Cerimôniadeformatura/entregadecertificados.

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C. Atuação dos LOP (realização dos endossos)É necessário planejar, montar e manter um sistema capaz de orientar e

documentar as tarefas e o cronograma para a atuação dos LOP no projeto, desde a identificação inicial e o recrutamento, até a disponibilização de interações de apoio. Um banco de dados eletrônicos é provavelmente a melhor forma de monitorar as atividades no decorrer do tempo. Pastas do tipo “A/Z” também podem ser apropriadas. Minimamente, é preciso ter um sistema para o acompanhamento de cada LOP, onde este se encontra no processo e o que é necessário para que avance. É provável, também, que seja necessário prestar essas informações ao financiador e a outras instâncias que monitoram o projeto do progresso alcançado.

Quais indivíduos foram identificados como LOP? Quais devem ser convidados primeiro? E em segundo lugar? E assim por diante? Onde vão ser guardados os dados de contato dos LOP? Como fazer as informações chegarem até eles? Quais LOP fazem parte de quais turmas? Os LOP e as turmas estão em que etapa do processo (identificados, recrutados, treinados, no processo de realizar os endossos, precisando de seguimento, reforço e apoio, já concluíram o número mínimo de endossos etc.)? Quais LOP precisam ser relembrados da realização de uma sessão de treinamento e quais precisam ser convidados para um evento de apoio em determinada data? Até quando cada LOP deveria ter concluído o número mínimo de endossos? Quais LOP já apresentaram de forma documentada as conversas de endosso, e quais ainda não apresentaram?

O Manual do Facilitador e o Plano de Avaliação devem ser consultados quanto a recursos úteis relativos à atuação dos LOP, como o formulário para registro de conversas a ser utilizado por eles.

D. Apoiando a Estratégia LOP e os LOPO apoio para os LOP é algo que deve ser planejado desde o início do

projeto e estar em relação a quase todos os aspectos desse projeto. A qualidade do projeto está diretamente relacionada ao bom apoio aos LOP. Por exemplo, fortes relações com a comunidade e seu apoio são fatores importantes que ajudarão os LOP na realização de sua tarefa. Também é importante envolver desde o início os “atores interessados” ou as pessoas que se interessam e atuam em prol do bem-estar da população. O envolvimento das lideranças que controlam o acesso à comunidade também é importante. Os dispositivos destinados a despertar conversas podem facilitar o apoio da comunidade de modo geral e seu reconhecimento do projeto, além de facilitar as conversas dos LOP em relação à opinião sobre a redução de risco junto a seus amigos, desde que sejam cuidadosamente elaborados para obter esse efeito. Eventos altamente úteis, interessantes e socialmente gratificantes – como as sessões de treinamento dos LOP – também fazem parte do apoio da instituição aos LOP. Pode ser importante considerar o apoio a suas necessidades de alimentação, serviços de creche ou equivalente para seus filhos, ou a programação das sessões de treinamento em horários

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que permitam sua participação. O contato individual continuado com os LOP, por parte do pessoal da instituição, pode ajudar a reforçar o apoio dado a eles. Cartas e boletins informativos também podem proporcionar aos LOP e às lideranças comunitárias materiais de apoio, ideias e motivação. Encontros (ver abaixo) também podem servir para apoiar os LOP e sustentar o projeto. As pessoas que estão envolvidas em todo o processo velarão pelo seu sucesso. As lideranças comunitárias, os informantes-chave e os o LOP, que se tornam voluntários imprescindíveis, podem querer ajudar a planejar e realizar os encontros, as atividades de continuação e apoiar as interações com os LOP. O reconhecimento e a valorização dos esforços e das contribuições são recompensas importantes para as pessoas. O envolvimento da comunidade no projeto é um indicador de seu sucesso na obtenção de apoio.

Não existe uma única atividade ou componente “mágico” para apoiar plenamente os LOP. O apoio pode ser prestado por meio do planejamento e do forte compromisso da instituição em todas as áreas. Esta seção descreve alguns dos principais pontos dos encontros, da atuação dos LOP e da manutenção da estratégia LOP no longo prazo. Recomendamos consultar o manual do facilitador para orientações e ideias mais detalhadas.

Encontros Os encontros (eventos e contatos de seguimento) são um dos

componentes do programa que são importantes para o apoio aos LOP. É preciso planejar e realizar encontros. Atividades sociais contínuas são mais uma maneira de promover o engajamento e a motivação. Pode ser necessário manter o acompanhamento dos LOP até para obter documentação básica (as datas e descrições demográficas simples) sobre suas conversas de endosso da mensagem de redução de riscos. Também é importante apoiar a participação dos LOP em diversas formas de encontros para:

• ContinuaraendossarareduçãodoriscodeinfecçãopeloHIV;• MotivarosLOPparaquecontinuemaendossaropiniõesafavor

da redução de riscos; • Discutirhistóriasdesucesso;• Discutirdesafioseencontrarformasdesuperá-los;• ContinuarafortalecerashabilidadesdosLOPnoendossoda

redução do risco de infecção pelo HIV; • Encontraremconjuntosoluçõesparaasbarreirasaconversas

efetivas; • Obterretorno(feedback) dos LOP sobre como o programa pode

ser melhorado; • Atualizaroselementosdasconversasemconsonânciacoma

evolução da cultura da comunidade;

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63Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico

• Sentirem-sevalorizadosnoendossodareduçãodoriscodeinfecção pelo HIV;

• TeremprazeremendossarareduçãodoriscodeinfecçãopeloHIV e em participar do projeto LOP;

• ApresentaraosLOPosdadossobreosresultadosdoprojetoLOP;• Manterumsentidodeatuaçãoemproldacomunidade;• Construirosentimentodecomunidade,reforçaraprestaçãode

serviços à comunidade; • FacilitaroapoiomútuoentreosLOP;• ReduziroisolamentoqueosLOPpossamsentirnarealizaçãodas

atividades do projeto; • ProporcionaraosLOPexperiênciasdivertidas,interessantesecom

reconhecimento social;• DarpoderemotivaraindamaisosLOPparaqueendossema

mensagem.

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IV. Manutenção da estratégia LOP no longo prazo

Após ter treinado e apoiado 15% dos LOP de uma rede específica de amizade para endossar uma norma exclusiva de redução de risco, é possível que essa norma venha a se estabelecer naquela rede de amizade. Nesse caso, pode ser necessário mudar o enfoque para outra norma, ou até para outra população e outro local comunitário (sobretudo se a instituição conseguir os recursos para fazer isso). Com o passar do tempo, as configurações das redes sociais presentes no local podem mudar, de modo que pode ser necessário promover novamente a mesma mudança voltada para a redução de risco. Assim, o projeto continuará da mesma forma, agora enfocando esses novos subgrupos por meio de seus LOP. Pode acontecer, também, que as novas redes sociais, ou as redes sociais já saturadas pela norma de redução de risco, precisem de normas novas ou adicionais de redução de risco para mudar seus comportamentos de risco. A manutenção da estratégia LOP no longo prazo envolve mudanças em normas, comportamentos e populações.

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V. Indicadores e monitoramento da fidelidade aos elementos centrais da

estratégia LOPComo avaliar a adesão ou a fidelidade do projeto da instituição à lógica

interna ou aos elementos centrais da estratégia LOP? Para poder avaliar a fidelidade, é preciso comparar o que será feito na implementação do projeto com os elementos centrais ou a lógica interna da estratégia LOP.

Implementação local do projeto LOP

<----- Consonância? ----->

Elementos centrais ou lógica interna do modelo da estratégia LOP

Esta seção descreve uma estrutura e um processo para a descrição da implementação do projeto LOP, na prática comparada com os elementos centrais do modelo da estratégia LOP. Será necessário documentar a fidelidade do projeto LOP local em relação ao modelo original da intervenção, para apresentação ao responsável por acompanhar o projeto no CDC. Tal identificação e documentação de fidelidade deverá ocorrer como parte da elaboração da ferramenta de planejamento para a implementação da estratégia LOP (disponível em www.effectiveinterventions.org). Fazer a identificação e a documentação da fidelidade é um subcomponente do processo de elaboração da ferramenta de planejamento da implementação da estratégia LOP.11 A seguir há uma descrição e exemplos de como identificar e documentar a fidelidade ao modelo da estratégia LOP.

11 Com efeito, a ferramenta de planejamento da implementação da estratégia LOP passa a ser, no decorrer de seu desenvolvimento e elaboração, o protocolo para a implementação do projeto LOP. Depois de elaborada a primeira versão completa da ferramenta de planejamento da implementação da intervenção, subsequentemente a versão atual da ferramenta é o protocolo atual para a implementação da estratégia LOP. Além dos objetivos, indicadores e cronogramas do programa serem identificados e planejados no documento, eles também são documentados em relação ao mesmo. A ferramenta tanto documenta o plano do programa quanto documenta o cumprimento dos planos, de modo que se constitui no principal dispositivo de monitoramento do programa. A instituição apresenta esse documento ao responsável pelo projeto no CDC, conforme solicitado para fins de monitoramento do progresso e dos planos do projeto. A instituição também apresenta o documento como o relatório parcial e anual porque é o protocolo atual e o documento de garantia da qualidade do projeto LOP. A instituição utiliza o documento para nortear sua atuação cotidiana e também como referencial para a assistência técnica que o projeto recebe.

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Instruções:

1. Definir objetivos programáticos SMART (significando ‘inteligente’ em inglês (eSpecífico; Mensurável; Apropriado; Realista; Tempo definido) para o alcance dos principais propósitos e atividades da intervenção, conforme estabelecidos nos elementos centrais do modelo.

2. Registrar quais objetivos programáticos vêm ao encontro de quais metas específicas (propósito e/ou atividade) expressas pelos elementos centrais da intervenção.

3. Pedir para especialistas no assunto da intervenção analisar e aprovar a fidelidade dos objetivos programáticos.

4. Cumprir os objetivos programáticos por meio da realização das atividades e documentar o cumprimento dos mesmos (apresentando o documento ao responsável pelo projeto no CDC).

Exemplos de objetivos programáticos “SMART” para a identificação e documentação da fidelidade das atividades do projeto LOP, em relação aos elementos centrais ou à lógica interna do modelo da estratégia LOPFidelidade do Programa - Objetivo A (FPOA)

Após um mês e novamente após cinco meses e meio depois do recebimento do treinamento, a LOPC será analisada objetivamente por dois especialistas técnicos em intervenções LOP, em relação a: 1) fidelidade dos objetivos programáticos; 2) afirmações de introdução de práticas novas; 3) plano de implementação; e 4) documentação do cumprimento dos objetivos programáticos (após cinco meses e meio).

Elemento Essencial Nº 1 da Intervenção A estratégia LOP é direcionada a uma população identificável em locais

comunitários bem definidos, nos quais é possível estimar o tamanho da população.

Fidelidade do Programa - Objetivo B (FPOB) (ex.: “A estratégia LOP é direcionada…”).

Dois meses depois do recebimento do treinamento, o projeto terá um plano para o recrutamento, treinamento, apoio e atuação dos LOP em turmas (para endossar a norma relacionada à redução de risco dentro da população da intervenção).

Fidelidade do Programa - Objetivo C (FPOC) (ex.: “A estratégia LOP é direcionada...

Seis meses depois do recebimento do treinamento e em tempo hábil para iniciar o recrutamento dos LOP, o projeto começará a recrutar

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e documentar a atuação dos LOP em conformidade com um plano devidamente escrito (ver FPOB acima).

Fidelidade do Programa - Objetivo D (FPOD) (ex.: “… locais comunitários bem definidos...)

Seis meses depois do recebimento do treinamento, um relatório escrito do trabalho formativo realizado para estabelecer a estratégia LOP documentará a avaliação (incluindo os resultados e os métodos utilizados) feita para identificar uma rede social. O relatório incluirá uma descrição do local comunitário em que se encontra a rede social alvo da intervenção; um “mapa da comunidade”, a justificativa pela escolha da(s) rede(s) social(ais) encontrada(s) no local, e como a população/local alvos da intervenção se constituem em uma cultura compartilhada de risco apropriada para a intervenção utilizando o modelo LOP.

Fidelidade do Programa - Objetivo E (FPOE) (ex.: “… uma população identificável em locais comunitários bem definidos nos quais é possível estimar o tamanho da população.”)

Seis meses depois do recebimento do treinamento e em tempo hábil para iniciar o recrutamento dos LOP, o projeto terá um relatório escrito documentando os métodos utilizados para estimar o número de indivíduos a serem objeto da estratégia LOP no local identificado, bem como os resultados da estimativa do número. Além disso, o tamanho da rede corresponderá ao montante dos recursos do projeto disponíveis para fazer a intervenção com 15% dos LOP.

Elemento Essencial Nº 2 da Intervenção Técnicas etnográficas são utilizadas sistematicamente para identificar

segmentos da população e para identificar as pessoas que são as mais benquistas, respeitadas e que detêm a confiança de outras pessoas, em cada segmento da população.

Fidelidade do Programa - Objetivo F (FPOF) Dois meses após o recebimento do treinamento, um plano escrito

do trabalho formativo para estabelecer a estratégia LOP documentará o plano de avaliação utilizado (incluindo os métodos propostos) para identificar cada grupo de amizade dentro do contexto ou local da intervenção (ver FPOD e FPOE acima).

Fidelidade do Programa - Objetivo G (FPOG)Seis meses após o recebimento do treinamento, um relatório sobre

o trabalho formativo para estabelecer a estratégia LOP documentará a avaliação (incluindo os resultados e os métodos utilizados) para identificar cada grupo de amizade dentro do contexto ou local da intervenção (ver FPOD e FPOE acima).

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Fidelidade do Programa - Objetivo H (FPOH)Dois meses após o recebimento do treinamento, um plano para o

trabalho formativo para estabelecer a estratégia LOP documentará o plano de avaliação (incluindo os métodos) a ser utilizado para identificar 15% dos LOPs de cada grupo de amizade, dentro do contexto ou local da intervenção (ver FPOD, FPOE, FPOF e FPOG acima).

Fidelidade do Programa - Objetivo I (FPOI)Seis meses após o recebimento do treinamento, um relatório sobre

o trabalho formativo para estabelecer a estratégia LOP documentará a avaliação (incluindo os resultados e os métodos utilizados) para identificar 15% dos LOP de cada grupo de amizade, dentro do contexto ou local da intervenção.

Elemento Essencial Nº 3 da Intervenção No decorrer do programa, 15% da população encontrada nos locais de

intervenção são treinados como Líderes de Opinião Popular.

Fidelidade do Programa - Objetivo J (FPOJ)Seis meses depois do recebimento do treinamento, o projeto terá um

plano para a atuação de 15% dos LOP, em turmas, dentro de cada grupo de amizade, no contexto ou local da intervenção.

Fidelidade do Programa - Objetivo K (FPOK)A cada dois meses depois do recebimento do treinamento do pessoal,

o projeto documentará por escrito a atuação de 15% dos LOP (incluindo o treinamento e a realização de 14 conversas por cada LOP) dentro de cada grupo de amizade e no contexto ou local da intervenção, em conformidade com o plano de atuação dos LOP (ver FPOJ acima).

Elemento Essencial Nº 4 da Intervenção Por meio do treinamento, os Líderes de Opinião Popular aprendem

habilidades necessárias para iniciar mensagens sobre a redução de risco para amigos e conhecidos durante conversas cotidianas.

Fidelidade do Programa - Objetivo L (FPOL)Quatro meses depois do recebimento do treinamento, o projeto terá um

plano de treinamento escrito, em consonância com as orientações para o fortalecimento das habilidades dos LOP necessárias para iniciar e realizar as conversas da intervenção.

Fidelidade do Programa - Objetivo M (FPOM)Quatro meses depois do recebimento do treinamento, o projeto

realizará um teste-piloto do plano de treinamento e elaborará um relatório por escrito sobre os resultados do mesmo.

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Fidelidade do Programa - Objetivo N (FPON)Seis meses depois do recebimento do treinamento, o projeto terá um

plano de treinamento revisado.

Elemento Essencial Nº 5 da Intervenção Por meio do treinamento, os Líderes de Opinião Popular aprendem as

características de mensagens efetivas sobre mudanças de comportamento direcionadas para atitudes, normas, intenções e autoeficácia relativas ao risco. Em conversas, os Líderes de Opinião Popular endossam ou referendam pessoalmente os benefícios de comportamentos mais seguros e recomendam passos práticos necessários para realizar mudanças.

Fidelidade do Programa - Objetivo O (FPOO)Quatro meses depois do recebimento do treinamento, o projeto terá

testado e finalizado um breve instrumento com perguntas de escolha múltipla que avalie o conhecimento das características e dos elementos da comunicação efetiva para mudança de comportamento, em relação às conversas, conforme descritas nas orientações sobre a estratégia LOP. [Obs.: A comunicação efetiva para mudança de comportamento na estratégia LOP é aquela voltada para atitudes, normas, intenções e autoeficácia relacionadas ao risco. A demonstração e promoção da opinião pelos LOP junto aos amigos deverão resultar em mudanças nas atitudes, normas, intenções e autoeficácia relacionadas ao risco entre seus amigos.]

Fidelidade do Programa - Objetivo P (FPOP)Próximo à conclusão do treinamento de cada turma de LOP, o projeto

receberá de cada LOP um instrumento preenchido com perguntas de escolha múltipla que avalie a aquisição de conhecimentos (das características e dos elementos da comunicação efetiva para mudança de comportamento). Os LOP que não demonstrarem a aquisição desses conhecimentos, tendo 90% de respostas corretas, receberão treinamento e apoio individual adicional, até conseguir responder 90% das perguntas corretamente.

Elemento Essencial Nº 6 da Intervenção Grupos de Líderes de Opinião Popular se encontram semanalmente

em sessões que envolvem aprendizagem, modelos de facilitação e exercícios aprofundados com dramatizações para que possam aprimorar suas habilidades e ganhar segurança quanto à transmissão para outras pessoas de mensagens efetivas sobre a prevenção do HIV. O tamanho dos grupos é suficientemente pequeno para permitir que todos os Líderes de Opinião Popular tenham oportunidades amplas para fazer exercícios que aprofundem suas habilidades de comunicação e proporcionem tranquilidade na transmissão de mensagens por meio de conversas

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Fidelidade do Programa - Objetivo Q (FPOQ)Até seis meses depois do recebimento do treinamento, será desenvolvida

uma ficha de verificação das sessões de treinamento dos LOP, com indicadores quanto ao tamanho das sessões, aprendizagem, modelos de facilitação e exercícios aprofundados com dramatizações.

Fidelidade do Programa - Objetivo R (FPOR)Após três meses e novamente após quatro meses e meio depois do

recebimento do treinamento do pessoal, um avaliador independente, especialista na estratégia LOP, avaliará o plano de treinamento no tocante aos indicadores do tamanho das sessões, aprendizagem, modelos de facilitação e oportunidades de exercícios aprofundados com dramatizações. O plano de treinamento será revisado em consonância com a avaliação independente nesses dois momentos, e novamente antes da finalização do mesmo no marco dos seis meses do projeto.

Fidelidade do Programa - Objetivo S (FPOS)Seis meses depois do recebimento do treinamento, o Gerente de

Prevenção do projeto na instituição avaliará a fidelidade por meio de observações aleatórias de sessões de treinamento dos LOP, utilizando a ficha de verificação – de acordo com um plano específico de amostragem.

Elemento Essencial Nº 7 da Intervenção Os Líderes de Opinião Popular estabelecem metas para a realização

de conversas sobre a redução de risco com amigos e conhecidos na população nos intervalos entre as sessões semanais.

Fidelidade do Programa - Objetivo T (FPOT)Entre a terceira e a quarta sessão de treinamento, cada LOP assinará

um documento no qual concorda em realizar quatro (4) conversas experimentais sobre redução de risco com quatro amigos diferentes.

Elemento Essencial Nº 8 da Intervenção Os resultados das conversas dos Líderes de Opinião Popular são

analisados, discutidos e reforçados nas sessões subsequentes de treinamento.

Fidelidade do Programa - Objetivo U (FPOU)Seis meses depois do recebimento do treinamento, o projeto terá um

protocolo para avaliar até que ponto as conversas sobre redução de risco realizadas pelos LOP, entre a terceira e a quarta sessão, são analisadas, discutidas e reforçadas na quarta sessão.

Fidelidade do Programa - Objetivo V (FPOV)O Gerente de Prevenção do projeto na instituição avaliará observações

aleatórias de 25% das sessões de treinamento dos LOP e, utilizando protocolo de avaliação, avaliará até que ponto as conversas sobre redução

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de risco realizadas pelos LOP, entre a terceira e a quarta sessão, são analisadas, discutidas e reforçadas.

Elemento Essencial Nº 9 da Intervenção Logos, símbolos ou outros dispositivos são utilizados como meios para

iniciar conversas entre os Líderes de Opinião Popular e outras pessoas.

Fidelidade do Programa - Objetivo W (FPOW)Dois meses depois do recebimento do treinamento, um plano escrito

relativo ao trabalho formativo do projeto para criar os dispositivos documentará o protocolo de avaliação.

Fidelidade do Programa - Objetivo X (FPOX)Seis meses depois do recebimento do treinamento, um relatório sobre

o trabalho formativo do projeto para criar os dispositivos documentará a avaliação, os métodos utilizados e os resultados, incluindo análise, os materiais testados, o raciocínio por trás dos materiais criados – em especial quais aspectos da estratégia ajudarão e serão utilizados para despertar conversas sobre redução de risco.

Perguntas “SMART” a serem respondidas em relação aos objetivos programáticos acima

• Osobjetivosprogramáticossãosuficientementeespecíficos e apropriados para a tarefa do monitoramento da fidelidade? São mensuráveis?

• Atéquepontosãoapropriados para o propósito e /ou as atividades específicas das intervenções?

PERGUNTA IMPORTANTE RELACIONADA: Foi incluída alguma prática capaz de violar o propósito central do modelo da intervenção? Caso afirmativo, tal prática pode não ser apropriada e talvez não deva ser realizada. Talvez seja necessário readequar os planos e o protocolo da intervenção para que as práticas sejam fiéis ao modelo.

Exemplo: O projeto pretende trabalhar com homens, no contexto das interações não verbais de homens procurando ter relações sexuais com outros homens, no bosque do Parque Memorial de Houston.

• Érealista afirmar que será possível alcançar esse objetivo na prática? Como?

Cronograma(s) para o cumprimento do(s) objetivo(s) programático(s): • Seismesesdepoisdorecebimentodotreinamento(Objetivos

programáticos: A, B e C)[Afirmação: O projeto LOPC vai mapear os grupos de amizade de

HSH dentro de um raio de 50 milhas da cidade de Amarillo, TX, dentro de um período de seis meses.]

• Apósummêsenovamenteapóscincomesesemeiodepoisdorecebimento do treinamento. (Objetivo programático D).

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ANEXO 1ESTIMATIVA DO CUSTO DA ESTRATÉGIA LOP

A seguir está a análise original do custo da estratégia LOP. Inclua os valores para poder calcular quanto vai custar para ter cada Líder de Opinião Popular (LOP) atuando. Essa estimativa resultará no custo total da atuação de 43 LOPS. Divida o custo total por 43 para obter o custo “por líder”, no local da intervenção.

O número dos LOPque a instituição terá condições financeiras de manter é igual ao orçamento disponível dividido pelo custo estimado “por líder”. O tamanho da população da intervenção, que pode ser alcançado com os recursos disponíveis, é 15 vezes o número de LOP que o orçamento permite recrutar.

Exemplo: Uma rápida estimativa do “custo por LOP” baseada em valores vigentes na região de Atlanta (sem previsão para voluntários, e incluindo os custos do treinamento de facilitadores como uma despesa diversa) resultou no custo estimado de $21.930,00, ou $510,00 por LOP ($21.930,00 dividido por 43 LOPs). 43 LOPs representam 15% de uma população de 645 pessoas. 1

Detalhamento de custos e unidades baseado no ensaio de pesquisa original

Custo Unitário Nº de Unidades Custo Total

Salários1

Pessoal sênior/supervisão $___/hora x 200 horas $ _______

Pessoal júnior $___/hora x 202 horas $ _______

Pessoal administrativo $___/hora x 19 horas $ _______

Pessoal do bar* $___/hora x 16 horas $ _______

Custo Total dos Salários $ _______

Pagamentos de incentivos2

Incentivos para LOP $___/LOP x 43 LOPs $ _______

Outras Despesas3

Locação sala de reunião $___/sessão x 8 sessões $ _______

Transporte local do pessoal $___/ida e volta x 36 idas e voltas $ _______

Coffee break treinamentos $___/sessão x 8 sessões $ _______

Panfletos $___/panfletos x 1500 panfletos $ _______

Cartazes $___/cartaz x 20 cartazes $ _______

Despesas diversas $ ---- ---- $ _______

Subtotal $ _______

Custos Fixos (25%)4 + subtotal Total $ _______

1 Incluir o valor por hora, incluindo o custo de benefícios

2 Despesas opcionais

3 As despesas podem variar

4 Não inclui utilidades, locação e manutenção do escritório custos administrativos gerais

* O “pessoal do bar” atuou como informantes-chave. Assim, essa linha do orçamento se refere aos incentivos para os informantes-chave.

1 Deve-se observar que a estimativa do tamanho da população e do custo por pessoa inclui os próprios LOP.

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ANEXO 2NÚMERO MÍNIMO DE INTERAÇÕES COM OS INTEGRANTES DA COMUNIDADE

Em média, quantas interações a estratégia LOP estabelece entre cada integrante da comunidade e um LOP?

Se o tamanho da população for 500?

Haverá 75 LOP (15% de 500)

Cada LOP realiza 14 conversas (mínimo), totalizando 1050 conversas

Excluindo os próprios LOP das pessoas que recebem as conversas, (500-75), há 425 integrantes da população que não são LOP.

Isso representa, em média, 2,5 conversas para cada integrante da população que não é um LOP.

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ANEXO 3MODELO DE QUESTIONÁRIO SOCIOMÉTRICO

Preencha todos os campos deste formulário. Faça uma lista de até 30 pessoas com as quais você se encontra socialmente com frequência. Inclua o primeiro e o último nome de cada pessoa, bem como o nome do local específico em que você se encontra socialmentee, com frequência, com o indivíduo indicado. Selecione uma resposta para cada atributo, indicando a sua avaliação de cada indivíduo em relação a cada característica.

Nome: ____________________________________________ Escreva seu primeiro e último nome

Data: ____/_____/___/ Informe a data do dia de hoje.

-----------------------------------------------------------------------------------------------

QUADRO 1 – O LOCAL QUE VOCÊ MAIS FREQUENTA

Local: Escreva no campo a seguir o nome específico do local que você mais frequenta socialmente. Preencha até 10 quadros iguais a este em relação ao local que você mais frequenta, para descrever até 10 indivíduos com quem você se encontra socialmente com frequência no local.

___________________________________________________________________

Pessoa 1: Escreva abaixo o primeiro e o último nome de uma pessoa, cujo nome ainda não consta deste formulário, com quem você se encontra socialmente com frequência no local citado acima.

Nome completo da pessoa: _________________________________________

Para mim, neste contexto esta pessoa é (selecione apenas uma das respostas a seguir).

[ ] A mais benquista [ ] Muito benquista [ ] Mais ou menos benquista [ ] Nem benquista nem malquista [ ] Mais ou menos malquista [ ] Muito malquista [ ] A mais malquista

Para mim, esta pessoa é: (selecione apenas uma das respostas a seguir)

[ ] A pessoa em quem eu mais confio. [ ] Alguém em quem eu confio bastante. [ ] Alguém em quem eu confio um pouco. [ ] Alguém em quem eu definitivamente não confio.

Descreva abaixo com três frases o subgrupo neste local ao qual esta pessoa mais pertence. _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Agora preencha o próximo quadro

-----------------------------------------------------------------------------------------------

INSTRUÇÕES PARA A ELABORAÇÃO DO RESTANTE DESTE FORMULÁRIOCrie 10 “quadros” para cada um dos três locais (o primeiro conjunto de 10 “quadros” diz respeito ao local

mais frequentado, o segundo conjunto de 10 “quadros” diz respeito ao segundo local mais frequentado e o terceiro conjunto de 10 “quadros” diz respeito ao terceiro local mais frequentado). Numere cada quadro de cada conjunto de maneira apropriada e sequencial. Se quiser, podem ser criados itens a serem respondidos em cada quadro a respeito de características relevantes adicionais, como: respeitado, credibilidade, experiências relevantes de vida, compreensivo com os amigos, articulado e autoconfiante.

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ANEXO 4MODELO DE ROTEIRO PARA OBSERVAÇÃO DA COMUNIDADE

Cada observador deve fazer suas próprias anotações. As anotações devem ser feitas sempre que as observações forem realizadas As anotações devem ser transcritas em três categorias: 1) anotações de observação, 2) anotações teóricas, e 3) anotações metodológicas. Devem ser feitas referências cruzadas entre os três tipos de anotação. Os três tipos de anotação são descritos a seguir:

Anotações de observação

Escreva aqui “o que” você observa. Faça anotações das observações, de acordo com os principais objetivos ou propósitos da pesquisa. Inclua a data, o horário, o local e faça observações detalhadas. Por exemplo: Quem está presente? Quem fala com quem? Quais são os subgrupos em que se relacionam socialmente? Por que se relacionam socialmente de certa maneira e em certos grupos? Quais características descrevem os indivíduos (ex. benquisto/malquisto; confiável/não confiável)? Quem são os “Líderes de Opinião Popular” em cada subgrupo? Existem “lideranças/contatos-chave” nos locais e nos grupos?

Anotações teóricas

Aqui você procura explicar: “por quê?” Registre aqui seus pensamentos conceituais e analíticos. Certifique-se de que os mesmos se baseiam nas suas observações. Por exemplo, faça anotações aqui sobre sua concepção da base da socialização dos subgrupos ou da rede social, por exemplo, quanto à maneira como os integrantes se relacionam entre si ou como uma norma poderia ser trabalhada entre eles. Há algum espírito de “comunidade” ou coerência social entre as pessoas, de modo a compartilharem normas em relação a um risco, e de modo que norma de redução de risco possa ser promovida entre elas? Qual é a base da comunidade? Quais evidências sustentam sua concepção? Da mesma forma, anote como você está definindo quem são Líderes de Opinião Popular, com base em suas observações. Por que se relacionam socialmente de certa maneira e em certos grupos?

Anotações metodológicas

Aqui você procura documentar “como” você faz a observação e como você determina ou determinou o que você acredita saber. Registre aqui anotações sobre métodos apropriados e úteis e suas ideias (baseadas em suas observações), sobre métodos apropriados de identificação e quantificação da “comunidade”, das redes sociais dentro da mesma, bem como os LOP dentro delas, que atendam aos critérios para a estratégia LOP. Com base na “teoria” (acima) sobre os grupos sociais e a comunidade que você observou e descreveu, qual é a melhor maneira de acessar esses grupos e indivíduos?

Pode ser útil criar tópicos iniciais para orientar as observações. À medida que você aprender a partir das observações, achados e reflexões, é provável que seja necessário rever e ampliar os tópicos. Alguns possíveis tópicos iniciais para as anotações das observações incluem:

1. Grupos/locais

a. locaisb. subgrupos/redes/panelinhas/grupos de amizade

2. Dentro de cada desses subgrupos e locais comunitários

a. indivíduos benquistos• Quemfalacommuitaspessoasemseusgruposecomquemaspessoasnogrupo

tendem a falar mais?

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• Quemsãoosindivíduosdereferênciaqueaspessoasprocuramparareceberconselhos e a quem elas prestam atenção quando os conselhos são oferecidos?

b. lideranças/informantes-chave • Quemcontrolaoacessoaolocal?• Quemsabemaissobreasituaçãoesobreasdemaispessoas?

3. Conteúdo cultural da “comunidade” relacionado à promoção de normas de redução de risco, como, quando, onde, quem, o quê e por que os integrantes da comunidade expressam (ou não expressam) opiniões e convicções sobre a redução de riscos.

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ANEXO 5MODELO DE ROTEIRO PARA ENTREVISTAS COM INFORMANTES-CHAVE

1. Onde eu posso acessar e observar integrantes da comunidade alvo da intervenção?

2. Quais são os subgrupos em cada contexto?

3. Quem são os indivíduos mais benquistos e com mais credibilidade em cada subgrupo?

4. Qual seria uma opinião sobre redução de risco que poderia ser promovida na comunidade e que seria mais eficaz na redução de práticas de risco?

5. Por que você selecionou essa norma de redução de risco para ser trabalhada nesta intervenção?

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