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Patologia Urológica Como a patologia urológica é bastante extensa, serão resumidos aqui apenas os tópicos relevantes, sendo que os demais assuntos vocês encontrarão nos livros textos. Patologia da Próstata Lesões Fundamentais: Hiperplasias Prostatites Neoplasias Hiperplasia Nodular Sinonímia: Hiperplasia prostática benigna (HPB), hipertrofia benigna da próstata (HBP) Definição: Aumento da próstata de caráter nodular, de natureza não neoplásica, que resulta da hiperplasia do estroma e do tecido glândular em diferentes graus É a afecção mais comum da próstata É mais freqüente nas raças branca e negra do que na amarela Origina-se predominantemente na zona de transição As causas ainda são indeterminadas Ocorre dos 40 anos em diante, sendo mais comum a partir dos 60 anos Atinge 50% dos homens aos 60 anos e 90% dos homens entre 70 e 80 anos O crescimento da próstata comprime a uretra determinando uma série de sintomas urinários (Protastismo) Sintomas: - Frequência, noctúria e urgência (sintomas de irritabilidade) - Jato urinário fraco, hesitação, intermitência e esvaziamento incompleto (sintomas obstrutivos)

Patologia da Prostatta

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Page 1: Patologia da Prostatta

Patologia Urológica Como a patologia urológica é bastante extensa, serão resumidos aqui apenas os tópicos relevantes, sendo que os demais assuntos vocês encontrarão nos livros textos.

Patologia da Próstata Lesões Fundamentais:

• Hiperplasias • Prostatites • Neoplasias

Hiperplasia Nodular

• Sinonímia: Hiperplasia prostática benigna (HPB), hipertrofia benigna da próstata (HBP)

• Definição: Aumento da próstata de caráter nodular, de natureza não neoplásica, que resulta da hiperplasia do estroma e do tecido glândular em diferentes graus

• É a afecção mais comum da próstata • É mais freqüente nas raças branca e negra do que na amarela • Origina-se predominantemente na zona de transição • As causas ainda são indeterminadas • Ocorre dos 40 anos em diante, sendo mais comum a partir

dos 60 anos • Atinge 50% dos homens aos 60 anos e 90% dos homens

entre 70 e 80 anos • O crescimento da próstata comprime a uretra determinando

uma série de sintomas urinários (Protastismo) • Sintomas:

- Frequência, noctúria e urgência (sintomas de irritabilidade) - Jato urinário fraco, hesitação, intermitência e esvaziamento incompleto (sintomas obstrutivos)

Page 2: Patologia da Prostatta

• Etiopatogênese

• Complicações da HNP:

Pielonefrite

aguda

Hidronefrose

Hidroureter

Hipertrofia muscular da bexiga

Hiperplasia nodular da próstata

Urina residual

aumentada

Pielonefritecrônica

Bexiga dilatada

COMPLICACOMPLICAÇÇÕESÕESDADA

HNPHNP

CCéélluullaa eessttrroommaall

TTeessttoosstteerroonnaa CCéélluullaa eeppiitteelliiaall

RReecceeppttoorreess aannddrrooggêênniiccoo

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5555αααα redutase tipo 2

FFaattoorr ddee ccrreessccii--mmeennttoo

FFaattoorr ddee ccrreessccii--mmeennttoo

Page 3: Patologia da Prostatta

Prostatites:

• Agudas • Crônicas

– Inespecíficas – Granulomatosas

Epidemiologia: - A prostatite é responsável por cerca de 25% das consultas médicas com queixas referentes ao aparelho gênito-urinário - Cerca de 50% dos homens adultos desenvolvem alguma prostatite durante a vida

Vias de contaminação da próstata: - Via ascendente: na qual a urina pode refluir para dentro dos ductos prostáticos, geralmente ocorrendo após instrumentação da uretra ou bexiga (Bactérias Gram -) - Via hematogênica: por infecções (estafilocócicas agudas, tuberculose ou infecções fúngicas profundas) - Contaminação direta a partir do reto, através de ductos linfáticos Prostatites Agudas:

• Etiologia: E. coli, Proteus sp, Klebsiella sp, Enterobacter sp, Pseudomonas sp, Serratia sp, etc.

• Fatores predisponentes: Manipulações Cirúrgicas (cateter, RTU, cistoscopia)

• Achados clínicos: Associada a febre, calafrios, disúria e próstata macia e dolorosa ao toque, Infecções urinárias

Prostatites Crônicas Inespecíficas:

• Bacterianas – Aguda inadequadamente ou não tratada – Início insidioso, sem fase aguda evidente

Page 4: Patologia da Prostatta

• Não bacterianas – Chlamydia trachomatis

– Ureaplasma urealyticum – Vírus – Extravasamento de secreção no estroma

Prostatites Crônicas Granulomatosas:

• INFECCIOSAS - Ex: Tuberculose, S.mansoni • IATROGÊNICAS - Ex: Pós-R.T.U., B.C.G. • DOENÇAS GRANULOMATOSAS SISTÊMICAS

Ex: Sarcoidose • IDIOPÁTICAS

Neoplasias da Próstata

AdenocarcinomaAdenocarcinomaacinaracinar98%98%

outras neoplasiasoutras neoplasias2%2%

E. pathology. 2E. pathology. 2rdrd Ed., 1994Ed., 1994

AdenocarcinomaAdenocarcinoma ductalductal 0,4%0,4%Carcinoma Carcinoma urotelialurotelial 1%1%Sarcoma Sarcoma 0,1%0,1%Outras Outras 0,5%0,5%

Carcinoma da Próstata

• 1980 - 1990 – Aumento de 46% na incidência do carcinoma da

próstata

• 1991- 2011 - A neoplasia de maior incidência nos Homens

- Maior conscientização dos médicos e do público

Page 5: Patologia da Prostatta

- Aumento da vida média da população - Melhoria dos métodos diagnósticos

• Lesão precursora:

Neoplasia Intraepitelial Prostática

Normal Displasia Carcinoma

Muito leve Leve Moderada Intensa In situ Micro invasivo

Baixo grau Alto grau

Camada de célula luminal

(secretora)

Camada de célula basal

Membranabasal

• Formas Clínicas:

• Adenocarcinoma incidental (necrópsia ou material cirúrgico) - Adenocarcinoma latente (necrópsia)

• Adenocarcinoma oculto • Adenocarcinoma clinicamente evidente

• Fatores Predisponentes

• Principais: – Idade:

• Maioria dos pacientes estão na 7ª e 8ª décadas – Raça:

• É mais freqüente em brancos e negros do que na raça amarela • Negros > brancos

– Genético: • 90% dos carcinomas que ocorrem em pacientes com menos de 55

anos • Risco 2x maior se pai ou irmão afetado • Risco 5 a 9x maior se ambos são afetados

Page 6: Patologia da Prostatta

• Outros Prováveis: – (?) Hormônios:

• Andrógenos estimulam as células cancerosas • Eventos carcinogênicos que requerem ou envolvem estimulação

androgênica (etapa precoce); antes do aparecimento dos clones de células neoplásicas (quando havia níveis elevados de testosterona)

– (?) Dieta: • Consumo de gordura e carne vermelha - maior risco • Licopeno (tomates) - efeito protetor

Carcinoma Incidental (latente) da próstata (Estadiamento patológico pT1)

Freqüência: 6,6 a 67 % > 80

• Sofre influência da idade, mas não da raça

• Influência de carcinógenos encontrados universalmente →efeito potencializado com o aumento da idade

• A promoção da neoplasia para desenvolver carcinoma clínico seria influenciada pelo fator racial e pelos eventuais novos carcinógenos aos quais o paciente estaria exposto

HHiippeerrppllaassiiaa nnoodduullaarr xx AAddeennooccaarrcciinnoommaa AA mmaaiioorriiaa ddooss eessttuuddooss mmoossttrraamm qquuee HH..NN..PP..

nnããoo pprreeddiissppõõee aaoo ccâânncceerr ddaa pprróóssttaattaa

Page 7: Patologia da Prostatta

Próstata Carcinogênese

⇓(N.I.P.)

Ca histológico

Ca Ca latentelatente

Ca Ca clclííniconico

etapaetapa 33

FatoresFatores gengenééticosticos

RaRaççaa

HormôniosHormônios

FatoresFatores ambientaisambientais

AlimentaAlimentaççãoão

etapaetapa 11

etapaetapa 22 { { idadeidade

Page 8: Patologia da Prostatta

Gradação de Gleason para o Câncer da Próstata

• GRAUS 1 e 2 – Desarranjo arquitetural

– Não há caráter infiltrativo nítido

– A neoplasia é bem delimitada

– Ácinos arredondados ou ovalados bemindividualizados

• GRAU 3– Infiltração do estroma

– Glândulas mais irregulares

– Arranjo cribriforme no mínimo é grau 3

• GRAU 4– Fusão entre os ácinos

• GRAU 5– Arranjo sólido, trabecular, células isoladas ou

comedocarcinoma

GrauGrau predominantepredominante + + graugrau secundsecundááriorio = = contagemcontagem finalfinal

Como é feita a graduação histológica de Gleason?

Exemplos:

• Adenocarcinoma da próstata, Gleason 4 + 3, contagem final 7

• Adenocarcinoma da próstata, Gleason 2 + 3, contagem final 5

• Adenocarcinoma da próstata, Gleason 6 (3 + 3)

• Adenocarcinoma da próstata, Gleason 9 (4 + 5)

Page 9: Patologia da Prostatta

RACEMASEAlpha-methylacyl-CoA-Racemase (ou Proteina P504S)

Recentemente identificado como marcador de câncer de próstata e suas lesões precursoras.

Moderada a forte coloração desta proteína é observada em câncer de próstata e PIN de alto grau, mas não em lesões benignas.

Cora o citoplasmacitoplasma das células atípicas.

Racemase(α metil coA racemase ou AMACR)

• Está ligado ao carcinoma e a NIP de alto grau• Este gene desempenha papel chave no metabolismo dos ácidos graxos

(produz enzima que converte os ac. Graxos de cadeia ramificada presentes nos produtos lácteos e carne vermelha em uma forma que possa queimar energia)

• Este é um dos genes mais consistentemente aumentados no câncer de próstata

• Este pode ser a melhor evidência da relação entre fatores dietéticos e câncer da próstata

• A racemase é expressa em até 9X mais no câncer da próstata do que no tecido normal, isto faz com que as células cancerosas tenham maior potencial de ganho e uso de energia provenientes da carne vermelha e dos laticíneos do que as células normais. Esta metabolização parece gerar estresse oxidativo, que podem causar mutações no DNA que levam ao câncer ou contribuem para sua progressão.

Page 10: Patologia da Prostatta

CÂNCER DA PRÓSTATA: Fatores prognósticos

• Categoria I- Importância comprovada

PSA, Gleason, estádio, margens cirúrgicas

• Categoria II- Necessitam confirmação

volume tumoral, tipo histológico, ploidia DNA

• Categoria III- Dados insuficientes

invasão perineural, diferenciação neuroendócrina, densidade microvascular, cariometria, marcadores de proliferação (PCNA, Ki-67 e MIB-1) e fatores vários (oncogenes etc)

College of American Pathologists- Arch Pathol Lab Med 124:995,2000

Estadiamento de Acordo com o Sistema TNM

Tx Tumor primário não pode ser avaliado

TO Não há evidência de tumor primário

T1 Tumor é um achado histológico incidental, é impalpável e invisível por tecnicas de imagenologiaT1a tumor em 5% ou menos do tecido ressecadoT1b tumor em mais de 5%do tecido ressecadoT1c tumor identificado em biópsia por agulha (PSA elevado, porém tumor

não palpado ao toque e não visualizado em ultra-sonografia)

T2 Tumor limitado à próstataT2a tumor compromete até metade de 1 lobo, ou menosT2b tumor compromete mais da metade de 1 lobo porém não ambos os lobosT2c tumor compromete ambos os lobos

T3 Tumor se estende além da cápsula prostáticaT3a extensão extra-prostática unilateralT3b extensão extra-prostática bilateralT3c tumor invade vesícula(s) seminal(is)

T4 Tumor está fixo ou invade estruturas adjacentes outras que não a vesícula seminalT4a tumor invade o colo vesical e/ou esfícter externo e / ou retoT4b tumor invade músculos elevadores do reto e/ou está fixo na parede pélvica

Tumor primTumor primáário (T)rio (T)

• Sítios de Metástases de Ca de Próstata:

- Linfonodos, ossos, pulmões, partes moles, serosas, fígado, etc

Page 11: Patologia da Prostatta

Metástases Ósseas

Lesões osteoblásticas

Coluna lombar

Fêmur proximal

Pelve

Coluna torácica

Costela

P.S.A.(Antígeno Específico da Próstata)

• Produzido por células epiteliais normais e neoplásicas

• É uma protease sérica

• É secretada no sêmen humano

• Função de clivar e liquefazer o coágulo seminal (apósejaculação)

• No câncer há uma maior difusão do P.S.A. dos ácinosmalignos para os vasos sanguíneos do estroma

• Através de técnica de imuno-histoquímica pode ser detectado na neoplasia prostática metastática

Page 12: Patologia da Prostatta

P.S.A. X Idade

40 - 49 anos 2,5 ng / ml

50 - 59 anos 3,5 ng / ml

60 - 69 anos 4,5 ng / ml

70 - 79 anos 6,5 ng / ml

P.S.A. Livre Sanguíneo

• Proteases sanguíneas ligadas a inibidores de proteases α1 antiquimiotripsina

• Proteases sanguíneas livres

RelaRelaççãoão % P.S.A.L% P.S.A.L..P.S.A.T.P.S.A.T.

< 0,10 < 0,10 ⇒⇒⇒⇒⇒⇒⇒⇒ sugestivosugestivo de de câncercâncer

Page 13: Patologia da Prostatta

Velocidade do P.S.A.

• Análise de 3 amostras em intervalos de 6 meses:

⇑ 0,03 ng / ml / ano ⇒ normal

⇑ 0,12 ng / ml / ano ⇒ H.N.P.

⇑ > 0,75 ng / ml / ano ⇒ Carcinoma

Fatores que Influenciam o P.S.A. Sérico

• Carcinoma

• Hiperplasia nodular

• Prostatite e infarto prostático

• Ejaculação

• Retenção aguda de urina

• Manipulação prostática– Massagem

– Ultra-sonografia transretal

– Biópsia por agulha

– R.T.U.

Droga bloqueadora de 5 Droga bloqueadora de 5 αααααααα redutaseredutase reduz os valores de P.S.A.reduz os valores de P.S.A.

Page 14: Patologia da Prostatta

Prevenção do Câncer da Próstata

• Consulta com urologista

– Toque retal

– Dosagem de P.S.A.

– Estudo imaginológico da próstata (U.S.)

– Biópsia por agulha

≥≥≥≥≥≥≥≥ 40 40 anosanos