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Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

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CUID’ARTE

2015 - Centro Hospitalar de Setúbal, EPE

A Revista de Enfermagem do Centro

Hospitalar de Setúbal, é uma publicação

editada pela área de enfermagem do Centro

Hospitalar de Setúbal, EPE. Tem por missão dar

a conhecer as práticas de cuidados de enferma-

gem e ser um veiculo para a publicação de arti-

gos inéditos que contribuam para o conheci-

mento e desenvolvimento da profissão.

Direção

Enfermeira Diretora: Olga Ferreira

Núcleo Redatorial:

Enfermeira Especialista Ana Botas

Enfermeira Especialista Cláudia Estevão

Enfermeira Especialista Isabel Martins

Enfermeiro Flávio Faria

Enfermeiro Chefe Francisco Vaz

Enfermeiro Chefe João Gomes

Enfermeira Especialista Susana Ribeiro

A revisão cientifíca dos artigos publicados foi

realizada pelo grupo de enfermeiros especialis-

tas em enfermagem médico-cirúrgica do Cen-

tro Hospitalar de Setúbal. EPE.

Secretariado

Ana Pádua

(Assistente Técnico)

Edição - Cuid’arte

Propriedade

Centro Hospitalar de Setúbal, EPE

Administração e Redação

Serviço de Gestão da Formação do CHS

Rua Camilo Castelo Branco, 2910-446 SETÚBAL

Telefone: 265 549 000 - Fax: 265 532 020

E-Mail: [email protected]

Edição Gráfica

Pedro Pedroso

(Técnico de Pós-Produção Audiovisual)

Distribuição e periodicidade

http://cuidartesetubal.blogspot.com

Suporte Digital - (Adobe Acrobate Reader - PDF)

Semestral (Maio/Novembro)

Depósito Legal

Nº 258630/07

ISSN - 1646-7175

anotada na ERC

Sumário Ano 8 | nº 13 | maio 2015

Editorial

5 Enfermeira Diretora Olga Ferreira

Artigo de Investigação

7 O SONO E O REPOUSO DA PESSOA

INTERNADA NA UNIDADE DE CUIDADOS

INTENSIVOS: PERSPETIVA DOS

PROFISSIONAIS DE SAÚDE

Ana Sousa

Artigo de Revisão

15 OS CUIDADOS PALIATIVOS NAS UNIDADES

DE CUIDADOS INTENSIVOS:

QUE REALIDADE?

Manuela Fonseca; Elsa Monteiro

Relato de Experiência

25 M@OS LIMP@S É O NOSSO LEMA:

“HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS

UMA PRIORIDADE NO SANE”

Maria Carnot; Lurdes Martins

33 PLANEAR CUIDADOS DE ENFERMAGEM

COM OS DOENTES RENAIS CRÓNICOS

EM HEMODIÁLISE / FAMÍLIA: UM PROJETO

DE INTERVENÇÃO ORGANIZACIONAL

Lina Araújo

Destaque

41 2as JORNADAS DE ENFERMAGEM

DO CENTRO HOSPITALAR DE SETÚBAL

47 COMEMORAÇÃO DO DIA DO ENFERMEIRO -

12 MAIO 2015

Posters Científicos

14 CUIDADOS PALIATIVOS| ARTICULAÇÃO E REFERENCIAÇÃO

40 CONTROLO DA DOR | DOENTE ONCOLÓGICO

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http://www.who.int/eportuguese/onlinelibraries/pt/

Biblioteca Virtual em Saúde

http://www.bvs.eportuguese.org/php/index.php

http://bireme.br/php/index.php?lang=pt

Page 5: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

Editorial

Há alguns anos atrás, tive como referência algumas leituras que me marcaram até hoje, uma linha de pensamen-

to/comportamento, das quais retirei grandes benefícios.

Uma delas foi com certeza, a ideia de sucesso e do ser humano ser feito para o alcançar. Parece difícil. Pode ser

difícil.

Em primeiro lugar ele depende de 4 fatores:

1 – Ter um objetivo; 2 – Esse objetivo deve ser positivo e benéfico; 3 – Os meios devem ser justos e corretos; 4 – O resultado obtido será positivo.

Como diria um professor que cruzou o meu caminho…O sucesso é como um comboio: chega sempre ao seu

destino, a não ser que descarrile.

Não é minha intenção, neste texto, falar de nenhum estudo científico. Mas porque os leitores vão ser essencial-

mente enfermeiros, sabem que muitas vezes, o dia-a-dia, não é exatamente o que nos mostraram, o que esperá-

vamos, o que nos disseram que iria ser…

É preciso que comece em nós a ideia do sucesso, tanto pessoal como profissional!

Começamos por limpar o nosso terreno, deitar fora as ervas daninhas do pessimismo, do desacreditar, das dificuldades, da desmotivação.

Quantos de nós andamos sempre de costas para o sucesso?

Quantos dão conta que o sucesso está para a frente e mesmo assim continuam a caminhar para trás?

Nunca se encontram portanto! A maioria de nós é movido, não só por verdades, conhecimentos científicos, mas essencialmente por crenças e

também é essa maioria, que movida por essas mesmas crenças, não obtém os resultados positivos ou o sucesso que gostaria.

Vejamos então:

- Não, isso não é para mim… - É para mim, mas não consigo porque existem tantas dificuldades. - Sou capaz, mas isso acontece sempre aos outros…

É preciso saber que o desempenho na vida e na profissão não deve ser atribuído à sorte ou ao azar, ao destino ou outros desígnios…

Cada um colhe o que planta, lá diz o velho ditado, e neste caso bem dito.

Nenhum problema pode ser maior do que a nossa capacidade para o resolver.

Voltando ao meu ilustre professor… Se a humanidade fosse esbarrar em problemas, o avião não existiria, nem o homem tinha ido à lua.

Todos os dias, quando entro e circulo no Hospital sou abordada por várias pessoas (e aqui não são só enfermeiros) que me apresentam e falam

das dificuldades da falta disto, daquilo, do cansaço, da crise, das (des) compensações…

Se não fizermos mais do que estamos a fazer, conseguimos apenas o que estamos a conseguir.

O percurso da enfermagem dentro das Instituições nunca foi fácil. E passados tantos anos, continuamos a debater os mesmos problemas apenas

com outra roupagem, outro cenário.

É preciso urgentemente mudar esta imagem de humildade que ficaria bem nos tempos da Florence, mas completamente fora do tempo hoje.

Se sabem fazer, façam. Mostrem o conhecimento, seguramente e não andem para trás.

Não vejam no poder dos outros uma ameaça, porque ninguém tem poder sobre ninguém, se estamos no caminho certo. Determinem a meta que

querem alcançar e caminhem em direção a ela. Se não há metas, não há sucesso. Se tiverem muito objetivos, comecem pelo que for mais satisfa-

tório. Não fiquem para trás. Não se misturem no grupo dos anónimos institucionais.

Não se esqueçam que antes de serem enfermeiros são pessoas. E como pessoas todos temos direitos e deveres. No equilíbrio em que o dar e o

receber se situam. Quanto baste.

Tal como nos movemos fora da Instituição enquanto cidadãos, ocupando um lugar social respeitado por todos, não deve ser diferente dentro dos

locais de trabalho. Cada um tem o seu espaço e é responsável por ele.

Esta responsabilidade é individual, aqui sim, o todo é a soma das partes.

Quem não esteja disponível para fazer este percurso deve equacionar outras alternativas.

A primeira é mudar de profissão. A segunda é viver a vida toda a pensar que devia ter mudado e mesmo assim continuar porque o desafio é gran-

de. A terceira é resignar-se e comportar-se como tal. A quarta é nem se questionar Para quê?? Sempre foi assim….

Nenhuma delas leva ao sucesso de coisa nenhuma. A única (aquela de que falo há anos e anos...) é a de caminhar sabendo de cor o caminho.

Com a segurança profissional própria de quem pode fazer a diferença, com dignidade e com vontade de fazer parte da mudança da Cultura Organi-

zacional.

Parabéns aos que marcam a diferença.

Olga Ferreira

Enfermeira Diretora do Centro Hospitalar de Setúbal, E.P.E.

Olga Ferreira

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Artigo de Investigação

O SONO E O REPOUSO DA PESSOA INTERNADA NA UNIDADE DE CUIDADOS INTENSIVOS: PERSPETIVA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

Ana Sousa

RESUMO

As alterações no padrão normal do sono são comuns nos clientes internados em Unidade de Cuidados Intensivos

(UCI) e podem levar a disfunções fisiológicas e psicológicas que aumentam a morbilidade e mortalidade. Estudos

mostram que há necessidade de sensibilizar e educar os profissionais de saúde para a necessidade de implemen-

tar medidas que minimizem os fatores perturbadores do sono e melhorem a qualidade do sono do cliente inter-

nado. Neste sentido, delineou-se um estudo qualitativo com o objetivo de compreender qual é a perceção que a

equipa de saúde da UCI acerca do sono e o repouso do cliente internado. A ferramenta de recolha de dados utili-

zada foi um questionário misto, aplicado a toda a equipa de saúde de uma UCI da margem sul do país. Através da

análise estatística dos dados e da técnica de análise de conteúdo de Bardin, podemos concluir que a perturbação

do sono assenta numa etiologia multifatorial e que as principais causas centram-se em aspetos intrínsecos ao

ambiente e ao comportamento dos profissionais de saúde. As estratégias já utilizadas pela equipa e as estraté-

gias a implementar para potenciar o sono dos clientes internados passam pela redução dos estímulos ambientais

externos e pela aplicação de técnicas de relaxamento.

Palavras-chaves: Sono; repouso; Unidade de Cuidados Intensivos.

INTRODUÇÃO

O sono e repouso são aspetos essenciais ao adequa-

do funcionamento do organismo e a qualidade do

sono é um fator importante para a qualidade de vida,

daí que esteja a ganhar cada vez mais reconhecimen-

to e interesse no campo da saúde (Li et al., 2011).

Todos os sistemas fisiológicos importantes são

influenciados pelo sono e pesquisas em medicina e

enfermagem mostraram que a privação deste pode

ter efeitos prejudiciais sobre o cliente em situação de

saúde-doença (Winkelman & Richardson, 2002).

A principal missão de qualquer UCI é oferecer aos

clientes um atendimento de qualidade e um ambien-

te propício à sua recuperação (Cm et al., 2010). A UCI

difere de qualquer outro serviço do hospital pela

complexidade dos problemas de saúde, pelas moda-

lidades de tratamento utilizados e pelo ambiente

envolvente (DGS, 2003).

Inovação tecnológica é indispensável à assistência

médica. A estrutura complexa do ambiente e os exi-

gentes cuidados que o cliente necessita são também

responsáveis pelos stresses que se originam no

ambiente da UCI (DGS, 2003; Yava et al., 2011).

“… conclui-se que a maioria dos clientes inter-

nados sofre de perturbações do seu padrão de

sono e que as Unidades de Cuidados Intensivos

(UCI) parecem ser as que mais os privam de um

sono e descanso de qualidade…”

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 7

Page 8: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

De acordo com a pesquisa realizada, conclui-se que a

maioria dos clientes internados sofre de perturba-

ções do seu padrão de sono e que as Unidades de

Cuidados Intensivos (UCI) parecem ser as que mais

os privam de um sono e descanso de qualidade

(Krachman et al., 1995; Yava et al., 2011; Honkus,

2003; Tastan et al., 2010). Os estudos consultados

sobre o sono em clientes internados em unidades de

cuidados intensivos identificaram três fatores princi-

pais associados à privação do sono: ruídos, ilumina-

ção, assistência de enfermagem com intensidade

semelhante durante 24h e dor (Li et al., 2011; Cm et

al., 2010; Krachman et al., 1995; Yava et al., 2011;

Honkus, 2003; Tastan et al., 2010; Nagel et al., 2003).

“A equipa prestadora de cuidados precisa de ser

sensibilizada para a importância que têm as suas

intervenções na prevenção e ‘tratamentos’ das

alterações que ocorrem no padrão de sono…”

Com o conhecimento adquirido sobre a fisiologia

normal do sono e os potenciais efeitos da privação

do mesmo sobre a função celular e recuperação dos

níveis de saúde, torna-se urgente desenvolver pro-

gramas para diminuir e minimizar as consequências

da falta de sono e repouso. A equipa prestadora de

cuidados precisa de ser sensibilizada para a impor-

tância que têm as suas intervenções na prevenção e

‘tratamentos’ das alterações que ocorrem no padrão

de sono, sendo a intervenção multidisciplinar e a

educação chaves para sensibilizar e promover a

mudança nas práticas dos profissionais de saúde, a

fim de potenciar a qualidade do sono do cliente inter-

nado numa UCI (Li et al., 2011; Krachman et al., 1995;

Yava et al., 2011; Honkus, 2003; Tastan et al., 2010;

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 8

Lei et al., 2009). Embora existam várias pesquisas

internacionais sobre medidas para o melhoramento

da qualidade do sono em clientes internados em UCI,

consideramos ser necessário analisar e refletir con-

juntamente com a equipa multidisciplinar sobre a sua

prática, com o intuito de elaborar programas adapta-

dos à estrutura física da instituição, necessidades dos

clientes e da equipa prestadora de cuidados.

OBJETIVO DO ESTUDO

O estudo tem como principal objetivo conhecer a

perceção que a equipa de saúde da UCI tem acerca

do sono e o repouso do cliente internado.

Procurando aumentar o conhecimento relativo à temá-

tica, definimos os seguintes objetivos específicos:

Conhecer a perceção da equipa de saúde acerca dos

fatores que prejudicam o sono e repouso da pessoa

internada;

Conhecer as estratégias utilizadas para minimizar

as perturbações no padrão do sono do cliente e que

outras se poderiam utilizar;

Aferir a importância que a equipa de saúde atribui à

temática;

Identificar qual o grupo profissional que deverá estar

envolvido na implementação de novas estratégias.

METODOLOGIA

Optou-se por um estudo misto, uma vez que o obje-

tivo principal é conhecer a perceção que a equipa de

saúde da UCI tem acerca do sono e repouso do clien-

te internado.

A implementação de medidas promotoras do sono e

repouso são da responsabilidade de toda a equipa

multidisciplinar (Li et al., 2011). Definimos como cri-

térios de seleção da amostra toda a equipa de saúde

e, como critérios de exclusão, todos os profissionais

ausentes no serviço no período de 1 a 30 de Outubro

Page 9: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

de 2012. Podemos dizer que a amostragem foi aci-

dental, sendo formada pelos profissionais presentes

no período de aplicação do questionário.

Tendo como objetivo estudar as perceções e atitudes

de um grande número de sujeitos, optámos por utili-

zar como instrumento de recolha de dados o questio-

nário. A ordem idêntica das questões para todos os

sujeitos e as mesmas diretrizes permite-nos assegu-

rar a uniformidade, a fidelidade e facilitar compara-

ções entre sujeitos, além de que, o instrumento utili-

zado garante o anonimato das respostas, promoven-

do uma expressão livre das opiniões que considerem

mais pessoais (Fortin, 2009). O questionário adotado

insere-se na classificação dos questionários mistos,

contendo três questões fechadas e quatro questões

abertas com intuito de colher a opinião da amostra.

Houve a preocupação de apresentar as questões

segundo uma ordem lógica, colocando-se algumas

questões de filtro para conduzir os participantes as

questões que lhe são diretamente aplicáveis (Fortin,

2009). Terminada a primeira redação do questioná-

rio, submetemo-lo à discussão e à crítica de peritos.

Considerando a existência de um questionário misto,

usou-se duas técnicas para a análise dos dados,

nomeadamente, os resultados das questões fecha-

das foram analisados através de estatística descritiva

e as respostas abertas pela técnica de análise de con-

teúdo de Bardin. Escolheu-se a estatística descritiva

porque esta permite conhecer a opinião da amostra

face à temática (Fortin, 2009). Procurando explicar e

sistematizar o conteúdo da mensagem e o seu signi-

ficado por meio de deduções lógicas e justificadas,

tendo como referência os emissores, o contexto e/ou

os efeitos da mensagem, optou-se pela técnica de

análise de conteúdo de Bardin para estudar as res-

postas dadas às questões abertas (Bardin, 1997). As

diferentes alíneas da questão número 3, como ques-

tões abertas, apresentaram múltiplas respostas que

posteriormente foram categorizadas segundo o

objeto em estudo e o conhecimento que se pretendia

obter (Bardin, 1997). A categorização teve por base a

informação extraída da pesquisa anteriormente reali-

zada, pelo que, para a questão 3.a., foram estabeleci-

das as seguintes categorias: ruído, luz, procedimen-

tos terapêuticos, ansiedade, dor e fármacos. Face às

respostas à questão 3.b., a categorização centrou-se

nos seguintes itens: diminuir o ruído, diminuir a

intensidade das luzes, otimizar a prestação de cuida-

dos, medidas de conforto, controlo da dor e adminis-

tração de terapêutica indutora. Para a última alínea,

3.c., as categorias definidas foram as seguintes: dimi-

nuir o ruído, otimizar a prestação de cuidados, medi-

das de conforto, otimizar a terapêutica indutora do

sono e ações de sensibilização da equipa.

Com base nas categorias estabelecidas vamos procu-

rar extrair conhecimentos que forneçam contributos

para a prática clínica diária.

ANÁLISE DOS RESULTADOS

Pretendendo uma amostragem significativa e consi-

derando os fatores anteriormente referidos, defini-

mos como indicador de resultado obter 75% de res-

postas. Considerando que num total de 47 profissio-

nais, 2 estavam de baixa e 5 de férias, esperava-se

que um total de 30 destes funcionários participasse

no estudo. A meta definida não foi alcançada, obten-

do-se 28 respostas, o que corresponde a 70% da

amostra, das quais 63% se referem à classe profissio-

nal dos enfermeiros, 33% aos médicos e 4% aos

assistentes operacionais.

Na análise da segunda questão, ‘Considera que o

cliente internado na UCI sofre alterações no seu

padrão de sono?’, 100% da amostra respondeu ‘sim’,

corroborando com a literatura consultada. Ugras e

Ozteki (2007), aquando do seu estudo realizado com

66 pessoas internadas numa UCI, apuraram que 78,5%

apresentavam distúrbios do sono. Vinte e quatro por

cento dos clientes inquiridos no estudo de Jones et al.,

citado por Krachman et al. (1995), consideraram que o

sono experienciado durante o internamento na UCI foi

insuficiente. A investigação sobre os principais stres-

sores nas UCI na perspetiva do cliente e enfermeiros,

apresentada em 2010 por Yava et al., concluiu que a

alteração no padrão de sono foi um dos stressores

mais referidos pelos participantes.

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 9

Page 10: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

Com base nas categorias definidas, na opinião dos

profissionais da UCI do Centro Hospitalar de Setú-

bal (CHS), o ruído é o fator mais prejudicial ao sono

e repouso do cliente internado, seguindo-se a luz e

os procedimentos terapêuticos com igual rotina

durante as 24h.

Gráfico 1 - Opinião dos profissionais da UCI do CHS acerca

dos fatores prejudiciais ao sono e repouso do

cliente internado

Segundo a literatura consultada, o ruído é um dos

principais fatores da perturbação do sono e repouso

na UCI, sendo que 51% desse ruído pode ser modifi-

cável e 55% é referente ao ruído provocado pelos

profissionais de saúde (Tastan et al., 2010).

“…às intervenções de enfermagem foi atribuída uma

grande influência sobre o sono dos pacientes, sendo

as alternâncias de decúbito (43,9%) e as questões

destinadas à avaliação da consciência (40,9%) as

que mais perturbaram os participantes do estudo.”

Voltando ao estudo de Ugras e Ozteki (2007), às inter-

venções de enfermagem foi atribuída uma grande

influência sobre o sono dos pacientes, sendo as alter-

nâncias de decúbito (43,9%) e as questões destinadas à

avaliação da consciência (40,9%) as que mais perturba-

ram os participantes do estudo. Na pesquisa feita pelos

mesmos autores, a dor foi um dos fatores que pertur-

bou o sono normal e o ciclo de vigília, tendo a expres-

são de 59,1%, e 66% dos enfermeiros contactados por

Morgan e White (1983), sendo identificada como a

principal responsável pela interrupção do sono.

Estudo da Associação Britânica de Enfermeiros de

cuidados críticos mostra que os clientes consideram

que quanto maior é o número de vezes a que é sujei-

to a cuidados durante a noite, mais baixa é sua classi-

ficação face à qualidade do seu sono.

Na resposta referente à opinião dos profissionais

acerca das estratégias implementadas pela equipa

de saúde da UCI do CHS na promoção do sono e

repouso dos clientes internados na UCI, consideran-

do o conjunto de parâmetros indicado, constatou-se

que os profissionais atribuem maior importância à

diminuição do ruído e diminuição da intensidade da

luz. Como estratégias adicionais, manifestaram

preocupação em otimizar a prestação de cuidados,

condensando os procedimentos para momentos cha-

ve, dar mais importância as medidas de conforto e

gerir melhor a terapêutica indutora do sono.

Gráfico 2 - Opinião dos profissionais acerca das estratégias

implementadas pela equipa de saúde da UCI do

CHS na promoção do sono e repouso dos clien-

tes internados na UCI

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 10

Page 11: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

Quando questionados face a possíveis mudanças na

prática para promover o sono e o repouso do cliente

internado, as respostas centraram-se em estratégias

para diminuir o ruído, otimizar os cuidados durante o

turno da noite, promover o relaxamento dos clientes,

através de massagens, musicoterapia, comunicação

terapêutica, entre outras, havendo uma menor per-

centagem da equipa que considera importante ações

de sensibilização relativas ao tema.

Gráfico 3 - Opinião dos profissionais acerca de estratégias a

implementar para potenciar o sono dos clientes

internados na UCI do CHS

A análise à última questão mostra-nos que a totalida-

de da amostra considerou pertinente refletir sobre a

temática, considerando 52% que o enfermeiro deve

ser o profissional mais envolvido na implementação

de novas estratégias.

Gráfico 4 - Opinião dos profissionais acerca do grupo respon-

sável pela implementação de novas estratégias

Vários estudos têm sido desenvolvidos para determi-

nar se a implementação de um protocolo de “Quiet

Time” (período de tempo onde se reduz os estímulos

externos ambientais) está associada ao aumento do

sono nos pacientes internados em UCI. Os projetos

existentes assentam na implementação de medidas

que minimizem as interrupções desnecessárias no

período de sono e repouso da pessoa internada na

UCI, considerando como prioritário a redução das

luzes e sons ambientais (ruído) por 1 ou 2 períodos do

dia, sendo o período noturno comum a todos. Olson

et al. (2001), no seu estudo, concluíram que o esforço

de toda a equipa para reduzir os estímulos ambien-

tais no intervalo de tempo definido, aumenta a pro-

babilidade de os clientes poderem ter um período de

sono contínuo e tranquilo. Os resultados observados

noutros estudos são semelhantes aos de Olson, poden-

do concluir que o mesmo concorre para a melhoria da

qualidade do sono dos clientes internados em UCI (Li et

al., 2011; Cm et al., 2010; Olson et al., 2001).

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 11

Page 12: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

CONCLUSÃO

Na opinião da equipa de saúde, os clientes interna-

dos na UCI sofrem alterações no seu padrão de sono

e repouso. Quanto às causas da privação do sono dos

clientes internados em UCI, o estudo aponta para

uma etiologia multifatorial, identificando 5 fatores

principais: ruídos, iluminação, prestação de assistên-

cia de enfermagem com intensidade semelhante

durante 24h, dor e ansiedade.

“As estratégias avançadas pela equipa para promo-

ver o sono e repouso do cliente internado na UCI

passam pelo aumento do controlo do meio ambiente

no sentido de minimizar o efeito dos fatores ambien-

tais externos (diminuir a intensidade das luzes, oti-

mizar alarmes, tentar diminuir o tom de voz dos

profissionais durante o período noturno)…”

As estratégias avançadas pela equipa para promover o

sono e repouso do cliente internado na UCI passam

pelo aumento do controlo do meio ambiente no senti-

do de minimizar o efeito dos fatores ambientais exter-

nos (diminuir a intensidade das luzes, otimizar alar-

mes, tentar diminuir o tom de voz dos profissionais

durante o período noturno), fazer uma análise criterio-

sa das necessidades dos cliente com a finalidade de

prestar apenas os cuidados essenciais durante o perío-

do noturno e desenvolver ações de sensibilização da

equipa para a importância do sono e repouso no con-

forto e recuperação do cliente internado.

Embora existam várias pesquisas internacionais sobre

medidas para melhorar a qualidade do sono em clien-

tes internados em UCI, consideramos ser necessário

analisar e refletir conjuntamente com a equipa multi-

disciplinar sobre a sua prática, com o intuito de elabo-

rar programas adaptados à estrutura física da institui-

ção, necessidades dos clientes e da equipa prestadora

de cuidados. Medidas para reduzir as privações do

sono nas UCI poderão não ser muito fáceis de imple-

mentar, contudo pensamos que os enfermeiros

podem ter um papel ativo e muito importante na sua

identificação, implementação e monitorização.

REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS

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care patients. Journal Neurosci Nurs, (agosto), 217-214.

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Bardin, L. (1997). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.

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Intensive Care group. Journal Nursing Mirro, 157, 58-511.

Olson, DM. et al. (2011). Quiet Time: a nursing intervention

to promote sleep in neurocritical care units. American Journal

of Critical Care, (março), 74-78.

Artigo Rececionado em 17/03/2015

Aceite para Publicação em 27/03/2015

Ana Sousa:

Enfermeira no Serviço de Medicina

Interna do CHS.; Especialista em

Enfermagem Médico-Cirúrgica.

Contacto: [email protected]

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 13

ESPAÇO DE INTERESSE

http://www.apsono.com/

Page 14: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015
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Artigo de Revisão

OS CUIDADOS PALIATIVOS NAS UNIDADES DE CUIDADOS INTENSIVOS:

QUE REALIDADE?

Manuela Fonseca; Elsa Monteiro

RESUMO

Com o objetivo de identificar as ações que promo-

vem os cuidados paliativos em Unidades de Cuidados

Intensivos, realizámos uma pesquisa bibliográfica

baseada na revisão sistemática da literatura sobre a

relação entre cuidados paliativos e as Unidades de

Cuidados Intensivos, com análise de artigos encon-

trados em bases de dados online. Esperamos com

este artigo que os profissionais que lidam com as

questões de vida e de morte, fomentem a vontade

de cuidar integralmente, de forma humanizada, vol-

tando o olhar para os cuidados paliativos, como uma

possibilidade para os doentes terminais, tratando-os

de forma digna, respeitando a sua autonomia e inte-

grando a família nesse cenário.

Palavras-chave: Enfermagem; Cuidados Paliativos; Unida-

des de Cuidados Intensivos.

INTRODUÇÃO

A Organização Mundial da Saúde definiu cuidados

paliativos como uma abordagem que melhora a qua-

lidade de vida dos doentes e das suas famílias, que

enfrentam o problema associado à doença com risco

de vida, através da prevenção e alívio do sofrimento

por meio de identificação precoce, avaliação e ges-

tão da dor e de outros problemas físicos, psicosso-

ciais e espirituais.

São cuidados direcionados aos doentes onde não

existe a finalidade de curar, uma vez que a doença já

se encontra num estágio progressivo, irreversível e

não responsivo ao tratamento curativo, sendo o

objetivo desses cuidados proporcionar qualidade de

vida nos momentos finais (Barros et al., 2013).

Para estes mesmos autores, a busca da qualidade de

vida do doente tem sido reiterada como uma das

pedras angulares dos cuidados paliativos, havendo

um número significativo e crescente de pesquisas

sobre o que seria qualidade de vida em cuidados no

fim da vida e sobre quais seriam seus possíveis indica-

dores, especialmente para o doente e o seu cuidador.

“O conceito de morte é sempre relativo, complexo e

sofre mudanças influenciadas pelo contexto situa-

cional, social e cultural.”

O conceito de morte é sempre relativo, complexo e

sofre mudanças influenciadas pelo contexto situacio-

nal, social e cultural. A morte e o morrer são vistos de

formas diferentes, dependendo do contexto histórico

e cultural em que o indivíduo está inserido, tratando-

se de um tema bastante complexo (Silva et al., 2011).

A Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) é uma unida-

de de alta complexidade, caracterizada pelo atendi-

mento de doentes graves que possuem característi-

cas comuns, como instabilidade hemodinâmica e

insuficiência respiratória e/ou que necessitam de

monitorização e acompanhamento como uma medi-

da preventiva. Culturalmente, a UCI é um ambiente

desconhecido e incerto, que traz aos doentes e fami-

liares uma ideia de gravidade associada à perda que,

muitas vezes, não é real (Santana et al., 2010).

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 15

Page 16: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

O cuidado é a essência da enfermagem e cuidar do

doente terminal exige do enfermeiro conhecimentos

específicos sobre controlo da dor, administração de

analgésicos, comunicação com o doente, além da

reflexão sobre o processo de terminalidade da vida

(Freitas & Pereira, 2013).

“O enfermeiro que atua na UCI deve ter conhecimen-

tos sobre essa temática, pois é uma unidade que

amplia as perspetivas terapêuticas em diversas situa-

ções clínicas, mas por outro lado, possibilita o pro-

longamento da vida a qualquer custo, acarretando,

muitas vezes, tratamentos fúteis.”

O enfermeiro que atua na UCI deve ter conhecimentos

sobre essa temática, pois é uma unidade que amplia as

perspetivas terapêuticas em diversas situações clíni-

cas, mas por outro lado, possibilita o prolongamento

da vida a qualquer custo, acarretando, muitas vezes,

tratamentos fúteis. Para Freitas e Pereira (2013), a uti-

lização dessas medidas ocorre, muitas vezes, por des-

conhecimento dos profissionais sobre os cuidados

paliativos que poderiam ser empregues.

O objetivo de encaminhar doentes terminais para a

UCI é disponibilizar os mais modernos recursos tec-

nológicos para a manutenção da vida. Contudo, esse

aparato técnico, mesmo quando suficiente para ofe-

recer aos doentes o alívio de sintomas, não será, cer-

tamente, suficiente para eliminar o sofrimento e a

angústia do doente e dos seus familiares (Fonseca,

Junior & Fonseca, 2012).

Os avanços tecnológicos na manutenção da vida do

doente internado, em cuidados intensivos, necessita

de um repensar por parte da equipa que atua nesse

setor. Deve ser levado em conta, até que ponto estes

avanços tecnológicos são benéficos para o doente e

os seus familiares. Não se trata de afastar a tecnolo-

gia no processo assistencial nas UCI, mas a utilização

desses recursos de forma mais ética, humana e palia-

tivista, percebendo o doente em todas as suas dimen-

sões, respeitando os limites de intervenções terapêuti-

cas e a autonomia do doente (Santana et al., 2012).

A medicina curativa nas UCI tem sido obstinada a

ganhar mais tempo de vida, mas ainda se omite em

proporcionar qualidade de vida ao seu término. Para

Santana et al. (2012), a necessidade de proporcionar

conforto e dignidade, no processo do morrer, aos

doentes internados na terapia intensiva é fundamen-

tal na perspetiva dos cuidados paliativos.

“Os cuidados paliativos podem e devem ser ofereci-

dos concomitantemente aos cuidados curativos, pois

não são excludentes para a prevenção e tratamento

do sofrimento do doente e os seus familiares.”

Os cuidados paliativos podem e devem ser oferecidos

concomitantemente aos cuidados curativos, pois não

são excludentes para a prevenção e tratamento do

sofrimento do doente e dos seus familiares. Portanto, é

errônea a suposição de que ‘não há mais nada a se

fazer’ pelo doente sem possibilidades de cura, enquan-

to houver vida, sempre existirá a necessidade do cuida-

do de enfermagem. Enquanto existe vida, há muito a

fazer para a pessoa transpor os últimos dias de sua

existência sem sofrimento (Freitas & Pereira, 2013).

Uma habilidade fundamental para o paliativismo é a

comunicação, ligada à construção da relação entre a

equipa de saúde, os doentes e familiares. Os profis-

sionais devem ser preparados e treinados no que diz

respeito à comunicação e diálogo por forma a esta-

rem aptos a lidar com situações indesejadas, relacio-

nadas aos doentes e familiares, além de sua própria

equipa (Santana et al., 2012).

É importante também a inserção da família dentro

das UCI, preferencialmente junto à equipa de saúde,

medidas de controlo que aliviam a dor e o uso de

sedação de forma correta (Santana et al., 2012).

Os cuidados paliativos ampliam o arsenal terapêutico

para além das tecnologias de cuidado tradicionais da

UCI. O respeito pela autonomia do doente/família,

estimulando-os a coparticipar das decisões, é tam-

bém iniciativa que pode contribuir para minimizar as

angústias que a terapêutica medicamentosa costuma

não conseguir (Fonseca, Junior & Fonseca, 2012).

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 16

Page 17: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

O cuidar envolve atos humanos no processo de assis-

tir o indivíduo, a família ou a comunidade, de tal for-

ma, que envolve de maneira igualitária o relaciona-

mento interpessoal baseado em valores humanísti-

cos e em conhecimento científico. Os enfermeiros

possuem mais oportunidades de efetivação do cui-

dar, em virtude de serem os profissionais que passam

as 24 horas do dia junto ao doente (Silva et al., 2011).

Toda vida humana tem inevitavelmente um fim e é

fundamental que o processo final de vida ocorra res-

peitando a dignidade da pessoa. Nem tudo o que é

tecnicamente possível é eticamente correto. Perce-

ber o momento de interromper um tratamento, com

o objetivo de não prolongar o sofrimento gera mui-

tas dúvidas nas UCI (Santana et al., 2010).

A bioética, nas últimas décadas, vem discutindo

sobre quais devem ser os limites de intervenção

necessários e prudentes sobre a conduta humana

para se evitar a distanásia, lembrando-se que o avan-

ço tecnológico e científico na medicina e nas ciências

da saúde possibilitou o aumento do poder de inter-

venção sobre o ser humano e o adiamento da morte,

à custa, muitas vezes, de prolongado e desnecessário

sofrimento para os doentes e seus familiares

(Santana et al., 2010).

METODOLOGIA

O referente estudo é do tipo bibliográfico com uma

análise integrativa, composto pelas seguintes eta-

pas: pesquisa de artigos relacionados ao tema, leitu-

ra dos artigos, interpretação dos dados obtidos, aná-

lise, discussão e apresentação dos resultados.

Determinou-se a busca por artigos científicos em

bases de dados online, nomeadamente B-On, EBS-

CO, PubMed e Google Académico com os seguintes

descritores: cuidados paliativos e UCI.

Para seleção dos artigos relacionados ao tema foram

estabelecidos os seguintes critérios: artigos em lín-

gua portuguesa; período de publicação 2007 a 2013.

Os critérios de inclusão dos artigos definidos para a

presente pesquisa bibliográfica foram: artigos publi-

cados cuja metodologia adotada permitisse obter

evidências sobre a atuação do enfermeiro em UCI.

Foram analisados um total de 23 artigos dos quais

foram eleitos apenas 8 para construção da pesquisa

por serem os mais recentes e de acordo com um

objetivo da pesquisa.

Foram analisados os artigos que contemplavam

aspetos relacionados à enfermagem e assistência ao

doente em fim de vida na UCI, discussão e apresenta-

ção dos resultados.

Em seguida estabeleceu-se a apresentação dos resul-

tados e discussão dos dados obtidos, feita de forma

descritiva, estabelecendo um diálogo entre os auto-

res e as ideias na qual foi proposto discutir.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após o estudo bibliográfico, surge a reunião dos pon-

tos convergentes entre os autores. Reunimos os pon-

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 17

Page 18: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

tos de maior importância dentro do estudo, a fim de

analisar os dados relevantes para a pesquisa.

Os artigos levam-nos a elaborar categorias sobre os

principais temas abordados tais como: conceito de

cuidados paliativos; cuidados de enfermagem em

cuidados paliativos na UCI; medidas de avaliação e

controlo da dor e outros sintomas; integração da

família na UCI; importância da humanização dos cui-

dados; promoção de uma comunicação efetiva e éti-

ca em enfermagem.

Conceito de cuidados paliativos

No estudo de Barros et al (2013), mediante a questão

‘qual a sua compreensão sobre cuidados paliativos?’,

emergiram duas ideias centrais: ações multiprofissio-

nais que visam promover bem-estar aos doentes e

seus familiares através do alívio da dor e de proble-

mas, físicos, psicossociais e espirituais e ações que

não resultam em melhoria. No entanto, a maioria

dos entrevistados apresenta uma compreensão fragi-

lizada no que diz respeito aos cuidados paliativos.

Freitas e Pereira (2013) mostram-nos no seu estudo

que, para os enfermeiros da UCI estudada, os cuida-

dos paliativos são aqueles que amenizam a dor e pro-

porcionam conforto ao doente em fase terminal da

vida. No entanto, os depoimentos dos enfermeiros

tiveram como foco o conforto físico relacionado ao

alívio da dor e pouco foi abordado sobre a questão

do conceito de dor total, o qual trata sobre todas as

dimensões do ser humano, incluindo, além do alívio

do sofrimento físico, o psicológico, social e espiritual.

“Os cuidados paliativos na UCI são da responsabili-

dade da equipa multidisciplinar. As condutas

devem ser discutidas com toda a equipa para

determinar quais medidas terapêuticas a utilizar

para cada doente.”

Os cuidados paliativos na UCI são da responsabilida-

de da equipa multidisciplinar. As condutas devem ser

discutidas com toda a equipa para determinar quais

medidas terapêuticas a utilizar para cada doente.

Além disso, essa equipa precisa ter preparação para

lidar com os medos, angústias e sofrimento do indiví-

duo e família (Freitas & Pereira, 2013).

Santana et al. (2012), referem que na UCI encontra-

mos muitos doentes que não respondem mais às

medidas curativas, o que torna coerente a implemen-

tação de cuidados paliativos, para promoção de con-

forto e bem-estar na fase final da vida destes doen-

tes. Percebe-se nesse mesmo estudo a importância

das ações de Enfermagem que visam o conforto e

bem-estar dos doentes internados nos cuidados

intensivos. É importante realizar ações que aliviam o

sofrimento humano, propiciar um ambiente agradá-

vel, respeitar o horário do banho e do sono, realizar

intervenções de forma mais humana possível, em

consonância com as necessidades do doente e a par-

ticipação dos familiares.

Os cuidados paliativos proporcionam a oportunidade

de intervir sob outro prisma, oferecendo conforto,

alívio e respeito à autonomia do doente e seus fami-

liares (Fonseca, Junior & Fonseca, 2012).

Quando questionados acerca do cuidado de enfer-

magem ao doente sem possibilidade de cura na UCI,

os entrevistados do estudo de Silva et al (2011) res-

ponderam guiados por uma prática de como deve ser

o cuidado a partir de normalizações e rotinas e muito

pouco expressando a sua atitude diária diante da sua

prática assistencial. Observou-se também a superva-

lorização do tecnológico em detrimento da essência

do cuidado humano, em prol de um processo de

morte e de morrer com dignidade.

“…tem sido possível manter a sobrevida de doentes

graves por longo período nas UCI, com a ajuda das

medidas de suporte de vida e do aparato tecnológi-

co. Sendo assim, o limite terapêutico torna-se difí-

cil de ser identificado.”

Com o avanço da medicina, tem sido possível manter

a sobrevida de doentes graves por longo período nas

UCI, com a ajuda das medidas de suporte de vida e

do aparato tecnológico. Sendo assim, o limite tera-

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 18

Page 19: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

pêutico torna-se difícil de ser identificado. Quando

não existem mais possibilidades de cura, manter todas

as intervenções sem perceber os limites traduz-se em

obstinação terapêutica e gera o prolongamento da

agonia, do sofrimento e o adiamento da morte do

doente, que é a distanásia (Santana et al., 2010).

Cuidados de enfermagem

em cuidados paliativos na UCI

Os cuidados paliativos tratam os doentes como um

todo e procuram melhorar a sua qualidade de vida.

Esses cuidados destinam-se a garantir cuidados aos

doentes em condições que viabilizam e incentivam o

doente a viver uma vida de forma útil, produtiva e

gratificante até ao momento da sua morte. É impor-

tante oferecer reabilitação, em termos de saúde físi-

ca, mental e espiritual, não a negligenciando (Barros

et al., 2013).

Percebe-se que a enfermagem tem grande participa-

ção nas ações paliativistas devido à sua proximidade

com o doente, visto que a profissão do enfermeiro está

relacionada ao cuidado direto ao doente e ao supri-

mento de suas necessidades (Santana et al., 2012).

“…sobre os cuidados de enfermagem aos doentes

em cuidados paliativos na UCI, foi relacionado

somente à questão do alívio do sofrimento físico

mediante procedimentos técnicos… Poucos enfer-

meiros abordaram a questão da humanização do

cuidado e do aspeto afetivo ao cuidar do doente

terminal.”

O conceito evidenciado nos depoimentos dos enfer-

meiros do estudo de Freitas e Pereira (2013), sobre os

cuidados de enfermagem aos doentes em cuidados

paliativos na UCI, foi relacionado somente à questão

do alívio do sofrimento físico mediante procedimen-

tos técnicos, tais como higiene, medicação, preven-

ção de úlceras por pressão e outras complicações.

Poucos enfermeiros abordaram a questão da huma-

nização do cuidado e do aspeto afetivo ao cuidar do

doente terminal.

Essa dificuldade é fruto da formação académica que

prioriza a qualidade do ensino técnico-científico, des-

valorizando os aspetos humanistas do cuidado, prin-

cipalmente relacionados à terminalidade. Assim, é

imprescindível que o cuidado seja humanizado, algo

que transcende uma assistência puramente técnica

(Freitas & Pereira, 2013).

Neste contexto percebe-se a importância dos cuida-

dos de enfermagem nas UCI, com vista a proporcio-

nar conforto e bem-estar ao doente e aos seus fami-

liares. É fundamental o processo da comunicação, o

respeito pela autonomia do doente e um cuidado de

forma humana e paliativa em consonância com os

avanços tecnológicos presentes no quotidiano dessas

unidades (Santana et al., 2012).

Borges et al. (2013), concluem no seu estudo que

“devemos estar sempre atentos, para não deixar que

o cuidado paliativo perca o seu espaço, para os atos

mecânicos. E sim que ganhe cada vez mais espaço,

prestando uma assistência de enfermagem mais

qualificada e especializada fazendo com que os cui-

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 19

Page 20: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

dados paliativos sejam mais valorizados e executa-

dos nas práticas de enfermagem”.

O papel importante desempenhado pela enferma-

gem nos cuidados paliativos foi um item frequente

nas publicações selecionadas por Fonseca et al.

(2012) para o seu estudo. Os artigos destacam que os

enfermeiros são profissionais com função essencial

na equipa no que respeita a intervenções paliativas.

Cabe a esse profissional o cuidado direto do enfermo

que contribui para aproximar toda a equipa de saúde

da UCI na participação ativa nessa atenção. Obvia-

mente que uma equipa multiprofissional paliativista

contempla outras categorias e estas também são

importantes, cada uma na sua área de atuação.

Entretanto, o destaque ao profissional da enferma-

gem é necessário, pois, muitas vezes, é o condutor

do plano de intervenção nos cuidados paliativos

(Fonseca et al., 2012).

Percebe-se através dos enfermeiros entrevistados

por Santana et al. (2010) os conflitos vivenciados nas

UCI referente ao prolongamento da vida dos doen-

tes. Discute-se até quando é lícito manter um doente

ligado por aparelhos, com diversas intervenções

invasivas, quando não existe perspetiva de cura. As

grandes diferenças culturais, económicas, religiosas,

sociais e legais podem justificar as dificuldades

encontradas por profissionais, doentes e familiares

ao lidar com esse tipo de decisão.

Medidas para avaliar e controlar a dor

e outros sintomas

Na essência do conceito de cuidados paliativos, destaca-

se o alívio dos sintomas, dor e sofrimento em doentes

que sofrem de doenças crónico-degenerativas, ou estão

em fase final (Barros et al., 2013).

São várias as formas de executar esse tipo de ação

paliativa, porém a mais importante é oferecer con-

forto ao doente nos momentos restantes de sua vida,

no qual a sua principal queixa é relativa à dor, e para

o alívio desta, há uma diversidade de analgésicos e

sedativos (Barros et al., 2013).

“A avaliação da dor possibilita planear cuidados, de

acordo com as necessidades individuais e permite veri-

ficar a eficácia dos tratamentos de modo confiável.”

A avaliação da dor possibilita planear cuidados, de

acordo com as necessidades individuais e permite

verificar a eficácia dos tratamentos de modo confiá-

vel. Para isso existem algumas escalas que permitem

auxiliar na mensuração e avaliação da dor. As escalas

propostas pela Direção Geral da Saúde são a Escala

Visual Analógica, a Escala de Avaliação Numérica e a

Escala Qualitativa. Estas escalas não estão recomen-

dadas para pessoas submetidas a ventilação mecâni-

ca ou sedadas. Nestas é proposta a utilização da

Behavioral Pain Scale para a avaliação da dor.

Em relação às medidas para controle da dor, os

enfermeiros descreveram que o principal método

utilizado na UCI é a medicação para analgesia

(Freitas & Pereira, 2013).

Mesmo com as evidências disponíveis sobre a impor-

tância dos cuidados paliativos na UCI, com os avan-

ços nas discussões sobre ética, autonomia e morte e,

sendo os cuidados paliativos área de atuação médi-

ca, os doentes ainda morrem com um grau elevado

de sofrimento e, muitas vezes, de dor (Fonseca,

Junior & Fonseca, 2012).

De referir que nos estudos selecionados, não há refe-

rência a medidas não-farmacológicas de combate à

dor, como a massagem, o posicionamento, a escuta

ativa, a musicoterapia, entre outros, tão sensíveis ao

cuidado de enfermagem.

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 20

Page 21: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

Integração da família na UCI

O enfermeiro deve abordar a família durante a per-

manência do doente na UCI, porém, pode-se eviden-

ciar nos depoimentos realizados no estudo de Freitas

e Pereira (2013) que ainda há pouco envolvimento

com a família, principalmente devido à sobrecarga

de trabalho e escassez de recursos humanos. O apoio

oferecido pela equipa deve estender-se até a fase de

luto (Barros et al., 2013).

A família é parte integrante do tratamento paliativo

ao doente pois também está em sofrimento, necessi-

tando de apoio da equipa de enfermagem, contudo o

que se percebe no estudo de Borges et al. (2013) é

que a maioria das vezes os profissionais preocupam-

se tanto com o doente, que negligenciam o cuidado

com a família. Através deste estudo foi possível iden-

tificar que a família se sente um pouco esquecida

pela equipa durante o tratamento do seu familiar.

É fundamental, independentemente do contexto,

compreender a família como extensão do doente.

Conforme evidenciado no estudo de Silva et al.

(2011), os familiares foram citados como necessita-

dos dos cuidados de enfermagem para melhor com-

preenderem e minimizar o seu sofrimento diante do

processo de morte e morrer.

Importância da humanização dos cuidados

Um doente que tem uma patologia sem possibilida-

des de cura, não aceita facilmente a morte. E diante

desse fato surge a necessidade da enfermagem cui-

dar, confortar e aliviar esse doente dos seus medos e

angústias.

De acordo com Borges et al. (2013), fica claro que a

tecnologia se tornou indispensável para o tratamen-

to dos doentes intensivos, porém interferiu no pro-

cesso de humanização dos cuidados. A enfermagem

tem como fundamentação conciliar a humanização e

a tecnologia nos doentes terminais nas UCI, já que

ambos são indispensáveis para a humanização dos

cuidados.

Evidencia-se grande ênfase ao hipertecnicismo e

muito pouco presente, se não mesmo ausente, o cui-

dado a nível emocional e espiritual em relação ao

doente (Silva et al., 2011).

“Os enfermeiros ressaltam a importância dos cui-

dados paliativos nas UCI, discutem a necessidade

da presença dos familiares, das medidas de confor-

to e higiene, do respeito à autonomia do doente e

da presença humana do cuidar.”

Os enfermeiros ressaltam a importância dos cuida-

dos paliativos nas UCI, discutem a necessidade da

presença dos familiares, das medidas de conforto e

higiene, do respeito pela autonomia do doente e da

presença humana do cuidar. Os cuidados paliativos

apresentam-se, então, como uma possibilidade tera-

pêutica digna, trazendo a humanização para o pro-

cesso de morte (Santana et al., 2010).

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 21

Page 22: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

Promoção de uma comunicação efetiva

A equipa de enfermagem está sempre presente ao

lado do doente e não pode ser diferente em relação à

família. A comunicação é considerada algo muito

importante para a família do doente, pois significa a

ligação com o saber sobre o estado do doente

(Freitas & Pereira, 2013). Assim, os enfermeiros

devem apoiar a família colaborando na diminuição

do seu sofrimento através do esclarecimento de

dúvidas, encorajamento de atitudes positivas e ser

acessível durante o internamento do doente na UCI.

“A comunicação é indispensável na qualidade de

vida dos doentes terminais e uma comunicação de

qualidade torna-se facilitadora de uma assistência

de qualidade.”

A comunicação é indispensável na qualidade de vida

dos doentes terminais e uma comunicação de quali-

dade torna-se facilitadora de uma assistência de qua-

lidade. Torna-se praticamente impossível não levar

em consideração qualquer forma de comunicação do

doente (Borges et al., 2013).

Os dados recolhidos no estudo de Santana et al.

(2012) permitiram uma reflexão sobre a comunicação

como atributo na terapêutica para aqueles que viven-

ciam a terminalidade. Destacando-se os conceitos de

comunicação, relacionamento interpessoal no con-

texto da terminalidade, e relação de confiança esta-

belecida com os profissionais de saúde e cuidadores

a partir da leitura dos sinais não-verbais dos da valo-

rização do otimismo.

“O processo da comunicação na UCI visa proporcio-

nar um diálogo transparente aos familiares, favore-

ce a integração do doente com a equipa e seus

familiares.”

O processo da comunicação na UCI visa proporcionar

um diálogo transparente aos familiares, favorece a

integração do doente e da família na equipa e seus

familiares. É importante valorizar a comunicação ver-

bal e não-verbal nos cuidados intensivos, com o intui-

to de atender às necessidades do doente, favorecer a

sua recuperação e propiciar um ambiente mais

humano e paliativo (Santana et al., 2012).

Para os mesmos autores, uma comunicação adequa-

da entre a equipa de saúde, os doentes e seus fami-

liares torna-se um fator primordial no que concerne à

discussão sobre a futilidade de um tratamento.

A comunicação entre a equipa e os familiares é então

um fator primordial para enfrentar a difícil situação

de ter um ente querido internado. É importante

esclarecer as dúvidas, mantê-los informados da real

situação do doente e permitir que os familiares parti-

cipem do processo do tratamento e dos momentos

das decisões acerca dos limites de intervenções

(Santana et al., 2010).

Ética em enfermagem

Cada vez mais são identificadas metas que visam

reduzir tensões éticas associadas ao tratamento de

doentes com doenças terminais, com ênfase para o

tratamento baseado na obtenção do conforto. A pro-

moção de uma melhor comunicação e do melhor

conhecimento sobre cuidados paliativos nas UCI

pode prevenir conflitos e melhorar o tratamento do

doente crítico. Sobre este aspeto, é aconselhado que

sejam respeitados os aspetos socioculturais dos

doentes e dos seus familiares e que sejam avaliados

os aspetos éticos e práticos da recusa ou suspensão

de terapia fútil, da administração de sedo-

analgésicos e abordagem não farmacológica, que

possam diminuir o sofrimento de todos os envolvidos

no processo (Barros et al., 2013).

Além da própria vontade do doente também deve ser

levada em consideração a necessidade da família acom-

panhar as decisões sobre o doente e contribuir na solu-

ção dos dilemas envolvidos (Borges et al., 2013).

“…os profissionais de saúde são aqueles que têm a

incumbência em zelar por uma assistência de quali-

dade a estes doentes, de modo a lhes proporcionar

uma morte com dignidade.”

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 22

Page 23: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

A assistência prestada aos doentes terminais busca

possibilitar uma assistência com qualidade, proporcio-

nando momentos de dignidade e paz para o doente

em fim de vida. Para Silva et al. (2011), os profissionais

de saúde são aqueles que têm a incumbência em zelar

por uma assistência de qualidade a estes doentes, de

modo a proporcionar-lhes uma morte digna.

Percebe-se uma necessidade emergente de discutir e

refletir sobre o prolongamento da vida nas UCI,

numa perspetiva que envolva o lado religioso, profis-

sional, legal e ético (Santana et al., 2010).

Continuar um tratamento considerado fútil e doloro-

so é contra todos os princípios fundamentais da ética

médica: contra a beneficência, pois não provê

nenhum benefício ao doente; contra a não-

maleficência, pois pode causar sofrimento e prejuízo

ao doente; contra a justiça, pois implica custos, tem-

po e energia que poderiam ser melhor usadas; e até

mesmo contra a autonomia, pois ninguém quer rece-

ber uma terapia fútil que apenas prolonga por horas

ou dias a morte (inevitável) em estado vegetativo

irreversível, sem acrescentar qualidade de vida

(Santana et al, 2010).

CONCLUSÃO

Os doentes que estão hospitalizados, particularmen-

te nas UCI, encontram-se fragilizados e sensíveis.

Nesta perspetiva, a equipa de enfermagem tem um

papel fundamental na assistência humanizada e

paliativista, visto que o foco da enfermagem é o cui-

dado ao ser humano em todas as suas dimensões

(física, psicológica, espiritual e emocional). Cabe a

estes profissionais, estabelecer uma relação de con-

fiança com o doente e os seus familiares, identificar

as suas necessidades e atendê-las, proporcionando

conforto e bem-estar.

Para um cuidado efetivo nas UCI é necessário uma

equipa multidisciplinar que trabalhe para suprir todas

as necessidades do doente, sejam biológicas, físicas,

sociais ou psicológicas e sua família, proporcionando

desta forma um cuidado mais direcionado. Neste

contexto, é fundamental proporcionar os cuidados

curativos em consonância com os cuidados paliativos

desde a admissão do doente na UCI até às situações

onde não existe mais perspetiva de vida.

Os cuidados paliativos surgem como uma esperança

de humanização do processo de morte, especialmen-

te nas UCI. Implementá-los é propor uma nova cultu-

ra de respeito e dignidade ao ser humano nesse

momento, em que encara a própria morte. Esta

preocupação não se limita ao doente mas também

aos seus familiares e amigos.

Cuidar do doente em processo de morte deve ser

considerado tão gratificante quanto a reanimação de

um doente que teve uma paragem cardiorrespirató-

ria. Proporcionar uma boa morte é prestar os cuida-

dos de enfermagem com respeito pela dignidade do

doente, com o mínimo de sofrimento e dor.

Esta reflexão é mais uma contribuição para os profis-

sionais de saúde que atuam em cuidados intensivos e

um incentivo para que procurem abordar mais esta

temática, abrindo espaço para discussões e reflexões

sobre os cuidados paliativos nas UCI, com vista a

conciliar os cuidados curativos com os paliativos.

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 23

Page 24: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Artigo Rececionado em 17/03/2015

Aceite para Publicação em 27/03/2015

Manuela Fonseca:

Enfermeira na Unidade de Cuidados

Intensivos do CHS.; Estudante do 3º

Curso de Pós-Licenciatura em Enfer-

magem Médico-Cirúrgica.

Contacto: [email protected]

Elsa Monteiro:

Enfermeira na Unidade de Técnicas e

Gastrenterologia do CHS.; Especialista

em Enfermagem Médico-cirúrgica. Mes-

tre em Enfermagem médico-cirúrgica;

Mestre em Ciências de Educação.

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 24

ESPAÇO DE INTERESSE http://www.apcp.com/#

Page 25: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

RESUMO

A equipa de enfermagem é a que mais tempo desen-

volve atividades junto da pessoa doente, o que a tor-

na responsável, por desempenhar um papel funda-

mental na prevenção das infeções associadas aos

cuidados de saúde, mas também a torna potencial-

mente veículo de transmissão das mesmas. A pessoa

insuficiente renal crónica em programa de diálise

convive diariamente com o facto de ser portadora de

uma doença crónica, que a obriga a um tratamento

doloroso, de longa duração que provoca, juntamente

com a evolução da doença, alterações de grande

impacto, tanto na sua vida como na dos seus familia-

res. É fundamental que seja cada vez mais importan-

te a criação de ambientes que sejam potenciadores

de bem-estar, pois esses, são os verdadeiros ambien-

tes seguros.

A higienização das mãos é identificada mundialmen-

te como uma medida básica, mas fundamental, no

controle de infeções associadas aos cuidados de saú-

de, sendo considerada um dos pilares da prevenção e

do controle de infeções nos serviços de saúde.

Com o impulso dado pelo programa Salve Vidas:

Higienize as Mãos da Organização Mundial de Saúde

(OMS), e a realização de momentos de observação,

iremos monitorizar a prática de higienização das

mãos e identificar necessidades de intervenção com

vista a alterar a prática, nomeadamente através da

formação. A prática da enfermagem exige ao longo

do seu percurso um processo contínuo de aprendiza-

gem e atualização para que os cuidados sejam de

excelência, cabendo à equipa de enfermagem a res-

ponsabilidade de conceber estratégias que reduzam

as infeções que podem ocorrer na prestação de cui-

dados.

Palavras-chave: Higienização das mãos; equipa de

enfermagem; adesão; Ambulatório

de Nefrologia.

INTRODUÇÃO

É com alguma frequência que lemos nas primeiras

páginas dos jornais de maior circulação ou vemos nos

telejornais notícias sobre descalabros assistenciais

ocorridos nas unidades hospitalares, quer por erro

clínico, ou unidades que tiveram que ser temporaria-

mente encerradas por aumento de infeções, entre

outras situações críticas para pessoa doente/família

ou para quem presta os cuidados.

Enquanto enfermeira numa unidade de saúde e cons-

ciente de que a área do Controlo de Infecção se

encontra a adquirir cada vez maior relevância, entre

elas a higienização das mãos, surgiu a preocupação

que motivou a concretização deste projeto.

Qualquer organização é compreendida e apreendida

por aqueles que com ela interagem através de uma

determinada representação, que pode ser favorável

ou desfavorável, real ou idealizada, com implicações

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 25

Relato de Experiência

M@OS LIMP@S É O NOSSO LEMA:

HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS UMA PRIORIDADE NO SANE

Maria Carnot; Lurdes Martins

Page 26: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

na sua identidade, a qual cumpre um processo evolu-

tivo de constante construção.

O projeto ‘M@os Limp@s é o nosso Lema: Higieni-

zação das Mãos uma Prioridade no SANE’, realizado

em contexto académico, baseou-se no programa

Salve Vidas: Higienize as Mãos. Na implementação

deste projeto, considerou-se pertinente verificar se

os resultados obtidos aquando da observação da prá-

tica da higienização das mãos, durante a recolha de

dados e colocação na plataforma da Direcção-Geral

de Saúde (DGS) se mantinham. Empiricamente pare-

cia que a boa prática, que possibilitou os bons resul-

tados obtidos na altura, estava um pouco descura-

das, indo ao encontro do descrito na literatura, San-

tos (2002:6), “Em um estudo conduzido por Pittet e

sua equipe, no Hospital Universitário de Genebra, a

adesão dos profissionais à prática da lavagem das

mãos foi considerada moderada, com média de 48%

de aplicação da medida nas oportunidades geradas

durante o dia de trabalho.”

Assim surgiu a nossa inquietação - Será que se man-

têm as boas práticas observadas? Se não, onde se

deve intervir? Se sim, onde podemos melhorar de

modo a atingir os 100% de boas práticas e cumprir

uma das exigências para uma prestação de cuidados

de excelência no serviço.

O objetivo geral do projeto foi:

Aumentar a adesão dos enfermeiros à higienização das

mãos, com o intuito de evitar/reduzir as Infeções Associa-

das aos Cuidados de Saúde (IACS) no SANE do Centro

Hospitalar de Setúbal (CHS).

Para a sua concretização delineámos dois objetivos

intercalares:

Contribuir para a formação da equipa de saúde do SANE

do CHS;

Auditar a adesão dos enfermeiros à higienização das

mãos nos Cinco passos do programa Salve Vidas: Higieni-

ze as Mãos (Figura 1).

Ancoraremos a nossa intervenção numa teoria de

enfermagem em que teremos em atenção o todo,

pois o controlo de Infeção é algo muito amplo e

influenciador da qualidade de vida tanto do cuidador,

como de quem usufrui dos cuidados de saúde.

“…o uso de luvas foi observado somente em 18,7%

das situações em que foram necessárias; e a lava-

gem das mãos se deu em somente 32,4% das opor-

tunidades, apresentando insatisfatória adesão,

conduta que com certeza fragiliza a segurança, tan-

to do profissional quanto do paciente.”

Os estudos revelam que os profissionais têm alguma

dificuldade em usufruir das oportunidades que lhes

são disponibilizadas como refere Jimenez (1999, cita-

do por Melo 2005:25) “em uma unidade de hemodiá-

lise, as potenciais oportunidades para implementa-

ção das PP e o número de vezes que os profissionais

as colocaram em prática, concluíram que o uso de

luvas foi observado somente em 18,7% das situações

em que foram necessárias; e a lavagem das mãos se

deu em somente 32,4% das oportunidades, apresen-

tando insatisfatória adesão, conduta que com certe-

za fragiliza a segurança, tanto do profissional quanto

do paciente”. Esta conduta tem que ser percebida à

luz de algumas teorias comportamentais, faladas

mais adiante.

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 26

Page 27: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

Dada a continuidade da dinamização do projeto e

por forma a podermos (quase em tempo real) atuali-

zar, enriquecer, comentar e validar os seus resulta-

dos, optámos por apresentar o respetivo relatório de

estágio, que serviu de base a este estudo, sob a for-

ma de blog que, tendo em conta a temática do proje-

to, será denominado “M@osLimp@s”, título que

pensamos ser sugestivo e apelativo.

DESENVOLVIMENTO, APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS

O desenvolvimento do projeto decorreu no SANE,

onde o alvo dos nossos cuidados são as pessoas com

Insuficiência Renal Crónica (IRC) em programa de

hemodiálise, podendo, no entanto, surgir situações

em que se terá que recorrer a técnicas de substitui-

ção da função renal para resolução ou alívio dos sin-

tomas do doente. Santos (1997:267) refere, “A histó-

ria da hemodiálise como terapêutica artificial de

substituição da função renal começa na Holanda, no

início de 1940,com os trabalhos de Willem Kolff, no

sentido de desenvolver o primeiro ‘rim artificial’ (…)

Kolff tratou 15 doentes sofrendo de Insuficiência

Renal Aguda, com o seu rim artificial e em 1945 apre-

sentou-o à comunidade científica.”

A população alvo deste projeto foram os dezoito

enfermeiros que prestam cuidados aos doentes a

realizar sessão de hemodiálise.

Foi utilizado o Formulário de Observação preconizado

pelo programa da OMS, Salve Vidas: Higienize as

Mãos. Para aplicação deste formulário optámos pela

observação dos procedimentos inventariados no mes-

mo. Como nos menciona Leininger (1991, citado por

Correia, 2009), o investigador pode utilizar “um mode-

lo O-P-R, observação, participação e reflexão” (p.32),

como tal optou-se pela técnica de investigação obser-

vação participante. Quanto ao observador, neste tipo

de técnica, tem como vantagem estar integrado na

população a ser observada e assim as alterações de

comportamento são reduzidas dando menor margem

de enviesamento dos comportamentos.

Na Tabela 1 estão registados os momentos observa-

dos, sendo que o segundo não foi informado, pois

era importante perceber se ocorria diminuição na

adesão, assim como alterações de comportamento.

Como se pode constatar temos uma alta percenta-

gem de adesão aos momentos, é no entanto impor-

tante salientar que o momento um e dois são muitas

vezes sobrepostos pois quando se entra no ambiente

envolvente do doente, inúmeras vezes é para a reali-

zação de procedimentos limpos ou assépticos, como

puncionar, conectar ou verificar o funcionamento do

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 27

Page 28: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

acesso vascular. Quando nos aproximarmos da cadei-

ra do doente a higienização das mãos é realizada, cal-

çando-se de seguida luvas de procedimentos ou este-

rilizadas, consoante a ação a realizar é limpa ou assép-

tica. Estes resultados mostram que a equipa tem

conhecimento e está mobilizada para a realização da

higienização das mãos, como se pode comprovar

pelos resultados da Tabela 1, ocorreu uma evolução

muito positiva na anuência aos cinco momentos.

Ocorreram momentos em que a adesão foi de 100%, o

que nos pode levar a pensar que os enfermeiros já

interiorizaram a importância desta prática.

As duas teorias comportamentais utilizadas para justi-

ficar os resultados, selecionadas por serem as que mais

se adequavam ao problema em estudo, foram a Teoria

da Autoeficácia que está contida na Teoria Social Cog-

nitiva (TSC) a qual lhe dá suporte e sentido, desenvolvi-

da por Albert Bandura e o Modelo de Crenças em Saú-

de (MCS) proposto por Rosenstock, que considera as

crenças em saúde de uma pessoa, o fruto das suas

ideias, conjunturas e atitudes sobre saúde e doença.

“Estudos demonstram que a maior adesão dos pro-

fis­sionais à higienização das mãos após o cuidado

ao paciente e contato com fluidos corporais repre-

senta mais uma prática de autocui­dado do que

uma prática de cuidado com o paciente.”

Guedes et al (2012:308), referem que os “estudos

demonstram que a maior adesão dos profis­sionais à

higienização das mãos após o cuidado ao paciente e

contato com fluidos corporais representa mais uma

prática de autocui­dado do que uma prática de cuida-

do com o paciente”. Esta reflexão vem ao encontro

do comportamento referido no MCS, em que ao se

entender a severidade e o benefício percebido é pos-

sível um aumento de adesão a determinada prática.

Uma das razões a que é atribuída mais ênfase é o que

é valorizado por cada indivíduo, equipe ou organiza-

ção, tal como nos refere Andrade et al. (2011) “A ado-

ção de um comportamento envolve aspetos indivi-

duais, coletivos e institucionais que variam de um

indivíduo para o outro; e a sua manutenção vincula-

se à expectativa de êxito ou na crença de autoeficá-

cia. Assim, segundo Bandura essa crença consiste na

expectativa que um indivíduo tem de que pode exe-

cutar um comportamento necessário para obter um

resultado desejado. O comportamento não necessita

ser diretamente reforçado para ser adquirido, o indi-

víduo aprende e adquire experiências observando as

consequências dentro do seu ambiente, assim como

as vivências das pessoas à sua volta, considerando

que pensamentos, conivências e expectativas fazem

parte de um processo conhecido como experiências

vicárias.” (p.30). Assim podemos depreender que

este aumento de adesão à prática da higienização

das mãos pode resultar das pressões internas para

uma melhoria das práticas, o que vai ao encontro

TSC, desenvolvida por Bandura, logo a experiência, o

êxito de observações anteriores, a pressão social, são

fatores que motivam para sustentar a crença de

autoeficácia. É também fundamental esta mensura-

ção, pois avaliações positivas como as que foram

obtidas podem ainda levar a melhores desempenhos.

Salientamos a definição do conceito de autoeficácia

de Moncaio (2010) a propósito do conceito de autoe-

ficácia, “como a capacidade que o indivíduo tem de

organizar e executar uma sequência de ações neces-

sárias para produzir um determinado resultado, o

que sem dúvida poderá ser aplicado à prática de

higienização das mãos entre os profissionais de saú-

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 28

Momentos

% de

Adesões de

Outubro

2010

% de

Adesões

de Março

2011

% de

Adesões de

Outubro

2011

% de

Adesões de

Outubro

2012

% de

Adesões de

Outubro

2013

Antes do

contacto com o

doente

65,5 68,5 85,70 81,6 86,3

Antes de

procedimentos

limpos ou

assépticos

91,6 33,3 60 95,5 77,8

Após risco de

exposição a

fluidos orgânicos

78,5 90 100 96,1 90,4

Após contacto

com o doente 89,6 20,6 97,1 93,3 94

Após contacto

com o ambiente

envolvente do

doente

88,2 91,8 92,3 91 93,5

Tabela 1 - Comparação de resultados das Adesões das observações ao programa “Salve Vidas: Higienize as Mãos”

Page 29: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

de.” (s.p.), e foi essa prossecução de atividades que

levou à obtenção destes resultados.

Está descrito se não ocorrer um reforço da informa-

ção/formação, esta tende a ser descurada pois este é

um processo que é adquirido e que deve estar inte-

grado e envolver os profissionais, como cita Melo

(2005), “ao falarmos de educação como estratégia de

adesão, necessário se faz que revisemos as estrutu-

ras de atividades empreendidas, com a finalidade de

situarmos a prática das mesmas, como instrumento

de transformação.” (p.28).

É com este dinamismo que vamos desenvolvendo

este projeto. Seguimos as diretrizes do programa

emanado pela OMS, mas vamos reforçando-as quer

em momentos formais de formação, como noutros

mais informais.

Considerando que os valores atingidos são franca-

mente bons, pois a adesão por parte dos enfermeiros

do SANE foi muito positiva, o que vai contra o que

está descrito na maior parte da literatura por nós

consultada.

A corroborar o que expusemos, Tipple et al. refere a

propósito de um estudo realizado (2007), “Percebe-

se que existe um hiato entre o reconhecer a necessi-

dade de uma prática e sua adesão, pois conhecem

sobre a importância das mãos como veículo de con-

taminação cruzada (89,9%) e conhecem a técnica

(92,6%), mas a adesão referida é baixa.” (p.111).

Também Silvestrin et al. (2007) mencionam que, “Na

literatura tem-se registado baixa adesão ao procedi-

mento de higiene das mãos. O Guideline do Centers

for Disease Control (CDC, 2002:9), contém uma aná-

lise retrospectiva de 34 estudos observacionais sobre

adesão à higiene das mãos, e relata taxas de adesão

que variaram de 5% a 81% (com média de 40%).”

Só com uma atitude proactiva, se consegue mobili-

zar para a mudança, com a realização de formações

dinâmicas, diversificadas e atuais, envolvendo todos

os intervenientes assim como partilhando os exce-

lentes resultados obtidos no que respeita à adesão

dos enfermeiros á prática da higienização da mãos,

como cita Gir et al (2004), “A desconstrução da per-

ceção de invulnerabilidade a infeções no exercício

profissional deve ser trabalhada para que o comodis-

mo e as práticas de risco sejam substituídos por com-

portamentos que resultem em assistência de quali-

dade ao usuário e na maior proteção possível ao tra-

balhador da saúde.” (p.252).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A importância da higienização das mãos é reconheci-

da por todos os enfermeiros do SANE. No entanto

observamos que há ações que têm de ser continua-

mente monitorizadas pois, por vezes, as práticas são

descontinuadas, sendo fundamental que se reforce a

formação.

É relevante contemplar, com maior incidência, as

áreas sobre as quais se verifica um maior incumpri-

mento, de modo a que estas situações diminuam.

A adequação dos planos formativos às necessidades

diagnosticadas permitirá colmatar falhas e alcançar

melhores resultados, ao nível da adoção das melho-

res práticas.

Segundo Neves (2009:252),“Acreditamos que a ade-

são à higienização das mãos está intimamente rela-

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 29

Page 30: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

cionada com os aspetos comportamentais de cada

indivíduo, pois estes são determinantes na atitude de

execução ou não do ato de higienizar as mãos.”

Angerami (1993:11) expõe-nos que “o que caracteriza

uma profissão é Ter um corpo de conhecimento

específico e instrumentos de trabalho que lhe permi-

tam desempenhar suas atribuições com independên-

cia, competência e responsabilidade.”

No decorrer do desempenho da profissão de enferma-

gem, as ações que desenvolvemos assentaram num

referencial teórico e o que pretendemos era que o

ambiente não interferisse negativamente no equilibro

Saúde/Doença da pessoa ou grupo alvo dos nossos

cuidados, assim como no prestador dos cuidados, o

que segundo os resultados apresentados denota que

se prestam no SANE cuidados cada vez mais seguros.

Colliére (1999:260) reforça que “é necessário que os

conhecimentos utilizados por uma profissão consti-

tuam um património, que gerem outros conhecimen-

tos e sirvam de alicerces permanentes a toda uma

evolução profissional.”, como tal pareceu-nos perti-

nente a criação do blog “M@osLimp@s” que, sendo o

instrumento de apresentação do relatório de estágio,

irá contribuir não só para a divulgação do trabalho rea-

lizado e a desenvolver, como para a recolha de comen-

tários e/ou sugestões passíveis de serem utilizados na

melhoria das práticas e na partilha de experiências.

“A higienização das mãos como principal medida

de controlo de Infeção, é muitas vezes negligencia-

da, por parte dos profissionais que prestam cuida-

dos de saúde…”

A higienização das mãos como principal medida de

controlo de infeção, é muitas vezes negligenciada,

por parte dos profissionais que prestam cuidados de

saúde, foi com o intuito de tentar alterar esta prática

que se desenvolveu este projeto.

Nunca é demais abordar esta temática, pois com a

adesão à higienização das mãos por parte dos profis-

sionais pode-se reduzir a mortalidade e morbilidade

dos doentes, assim como reduzir os gastos com os

cuidados de saúde.

Como enfermeiros especialistas temos responsabili-

dades acrescidas de responder de uma maneira mais

diligente às necessidades de cuidados solicitadas

pela população alvo dos mesmos, promovendo um

ambiente seguro, onde as práticas sejam cada vez

mais de maior excelência. Pois, o que se opõe à exce-

lência é a negligência, e não é com essa postura que

nós enfermeiros no SANE prestamos cuidados.

Assim referindo Mendes (2009), concluímos que,

“assegurando, na sua prática, a especificidade da

natureza dos cuidados de enfermagem adequados às

necessidades reais e potenciais da pessoa ou grupo,

suportadas na evidência científica, na ética e deonto-

logia profissional pode garantir-se cuidados de quali-

dade.”, só assim é que se vai ao encontro do desafio

lançado pela OMS “Clean Care is Safer Care”.

“A higienização das mãos é transversal a todas as

profissões…”

Sendo fundamental a divulgação das boas práticas,

para além do blog, foi concretizada através da apre-

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 30

Page 31: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

sentação de um poster, sobre as boas práticas aplica-

das no SANE.

Apesar dos resultados alcançados, mantem-se como

desafio continuar a promover a adesão pelos profis-

sionais ao projeto M@OS LIMP@S é o nosso lema.

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Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 31

Page 32: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

Lurdes Martins:

Professora Adjunta do IPS/ESS;

Especialista em Enfermagem Médi-

co-Cirúgica; Mestre em Teologia e

Ética da Saúde; Doutorada em

Enfermagem.

Artigo Rececionado em 11/03/2015

Aceite para Publicação em 27/03/2015

Maria do Carmo Carnot:

Enfermeira no SANE do CHS; Espe-

cialista em Enfermagem Médico-

Cirúrgica; Mestre em Enfermagem

Médico-Cirúrgica.

Contacto: [email protected]

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 32

ESPAÇO DE INTERESSE

O Observatório Nacional da

Violência Contra os Profissio-

nais de Saúde no Local de Tra-

balho foi criado na Direcção-

Geral e disponibiliza um siste-

ma de notificação on-line dos

episódios de violência contra

Profissionais de Saúde no

Local de Trabalho, a nível

nacional.

Violência contra

Profissionais de Saúde

http://www.dgs.pt/areas-em-destaque/violencia/registo-on-line.aspx

Page 33: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

RESUMO

Projeto/Ação que visa a integralidade e planificação

dos cuidados de enfermagem com as pessoas/

famílias em hemodiálise, na Unidade de Hemodiálise

do Centro Hospitalar de Setúbal. Fundamenta-se no

conceito que no confronto com a doença vivenciam-

se variadíssimos problemas e necessidades de saúde,

decorrentes das diferentes dimensões e interações a

considerar. No seu cerne está o resgate da qualidade

de vida e são focos fulcrais deste processo a aceita-

ção da doença, a adaptação à nova circunstância de

saúde e a adesão ao regime terapêutico, que pela

complexidade se consideram domínio do especialista

de médico-cirúrgica. Com este projeto/ação obtive-

mos uma adesão de 78% dos profissionais desta uni-

dade e cuidados de enfermagem consonantes com

os padrões de qualidade preconizados pela ordem

dos enfermeiros.

Palavras-chave: Plano de cuidados; hemodiálise; ade-

são regime terapêutico

CONCEÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO

Nas últimas décadas temos observado o envelheci-

mento da população associado à franca diminuição

da taxa de mortalidade. Este fenómeno originou uma

transformação no que respeita à saúde das popula-

ções e o aumento das doenças crónicas, sendo a sua

mais clara manifestação. Isto trouxe novas necessi-

dades sociais e individuais mas também novos desa-

fios para a comunidade científica. Procura-se asso-

ciar aos anos de vida a qualidade de vida e reduzir o

impacto económico das doenças crónicas. Uma des-

tas doenças é a doença renal crónica, muitas vezes

secundária a outras doenças crónicas como a diabe-

tes, lúpus ou hipertensão arterial. O aumento do

número de doentes renais crónicos determinou a

evolução rápida das terapias de substituição da fun-

ção renal, permitindo uma boa resposta à necessida-

de de preservar a vida. No entanto, o doente renal

crónico continua sujeito a um infindável número de

condicionalismos impostos pela sua patologia e tam-

bém pela terapia de substituição da função renal a

que está sujeito. Estes aumentam a dificuldade de

adaptação do doente/família à sua nova situação de

saúde, afetam negativamente a qualidade das suas

vidas e o sofrimento instala-se. A aceitação da doen-

ça, a adaptação à nova situação de saúde e a adesão

ao regime terapêutico, para a pessoa/família em

hemodiálise, interligam-se e interagem enquanto

caminhos a percorrer no resgate da qualidade de

vida.

De acordo com os Padrões de Qualidade dos Cuida-

dos de Enfermagem, deve procurar-se a satisfação

do cliente, a promoção da saúde, otimizar o trabalho

adaptativo, prevenir complicações, promover o bem-

estar, o autocuidado e a readaptação funcional. No

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 33

Relato de Experiência

PLANEAR CUIDADOS DE ENFERMAGEM COM OS DOENTES RENAIS

CRÓNICOS EM HEMODIÁLISE / FAMÍLIA:

UM PROJETO DE INTERVENÇÃO ORGANIZACIONAL

Contributo na adesão ao regime terapêutico & no resgate da qualidade de vida

Lina Araújo

Page 34: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

caso das pessoas com doença crónica estes objetivos

refletem-se nos focos Aceitação, Adaptação, Adesão

ao regime terapêutico e resgate da qualidade de

vida.

Considerando a complexa circunstância de saúde

vivida por estas pessoas/famílias, podemos com-

preender a inevitabilidade da intervenção sistémica,

holística e integradora dos profissionais de enferma-

gem, que o nosso projeto substância através da pla-

nificação dos cuidados.

“Conhecer e compreender os fatores que podem

afetar o doente renal crónico/família na generali-

dade e, principalmente, as perceções individuais,

subjetivas de cada indivíduo - as suas necessidades

de saúde… permitirá ao enfermeiro intervir na pla-

nificação dos cuidados com rigor e maior significa-

do para a pessoa/família.”

Na matriz de individualização das especialidades em

enfermagem encontramos que o campo de atuação

do especialista limita-se na complexa interdepen-

dência pessoa/ambiente, estabelecendo-lhe assim

uma abordagem sistémica dos problemas de saúde

complexos. Podemos definir, assim, um campo de

atuação do enfermeiro especialista junto da pessoa/

família em programa de Hemodiálise.

Conhecer e compreender os fatores que podem afe-

tar o doente renal crónico/família na generalidade e,

principalmente, as perceções individuais, subjetivas

de cada indivíduo - as suas necessidades de saúde

(Fujii, 2009, p. 27), permitirá ao enfermeiro intervir

na planificação dos cuidados com rigor e maior signi-

ficado para a pessoa/família. Ainda que a doença

renal e o tratamento dialítico sejam na sua essência

os mesmos, afetarão a qualidade de vida de cada

pessoa/família de forma única, uma vez que “as

necessidades de saúde dos indivíduos não devem ser

homogeneizadas, pois eles apresentam particulari-

dades no processo de conviver com um acometimen-

to crónico” (Fujii, 2009, p. 30).

“Conhecer o significado atribuído pelo doente/

família à sua doença, ao seu tratamento, aos condi-

cionantes impostos na sua vida torna-se um impor-

tante instrumento para o enfermeiro definir estraté-

gias de ajuda e construir estratégias de aceitação,

adaptação e de resolução de problemas…”

Justifica-se então a execução de um plano de cuida-

dos ou seja, a formulação antecipada de interven-

ções, estabelecidas conjuntamente pelos interve-

nientes, face aos problemas/necessidades percecio-

nados. Este processo necessitará de uma expressão

escrita pois esta acautelará a continuidade dos cuida-

dos planeados, evidenciará a sua eficácia, a necessi-

dade de reformulação e permitirá a evidência dos

ganhos em saúde.

A opção pelo modelo de Nola Pender evidencia a

preocupação com a Pessoa no seu todo, o seu passa-

do, ambiente, presente, as suas expectativas. Conhe-

cer o significado atribuído pelo doente/família à sua

doença, ao seu tratamento, aos condicionantes

impostos na sua vida torna-se um importante instru-

mento para o enfermeiro definir estratégias de ajuda

e construir estratégias de aceitação, adaptação e de

resolução de problemas, optando pela integralidade

nos cuidados e de empowerment da pessoa/família.

De acordo com Pereira (2010), “consiste num proces-

so em que o doente adquire um maior poder e con-

trolo sobre a sua vida, proporcionado quer por um

ganho de conhecimentos como pelo desenvolvimen-

to de competências, que lhe permitem a tomada de

decisão e uma participação efetiva no seu projeto de

saúde. Este processo pode assim ser utilizado inten-

cionalmente pelo enfermeiro como uma ferramenta

promotora da relação terapêutica”. Pereira

(2010:1,55 e 59), entende que “ao nível da interven-

ção de enfermagem, pretende-se que o enfermeiro

avalie com o doente as suas necessidade, tendo em

conta a sua globalidade e a interação familiar, e por

um lado promova a tomada de decisão e por outro

contribua para o desenvolvimento de competências

que visem uma adequada adaptação aos problemas

de saúde, num contexto da continuidade de cuida-

dos. Neste sentido estamos perante um novo para-

digma, em que o enfermeiro em vez de impor o seu

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 34

Page 35: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

conhecimento, o utiliza como um instrumento de

empowerment, num contexto de parceria com o

doente/família”. O empowerment através de relações

de parceria, empatia e compromisso confere à pes-

soa autodeterminação, autonomia e autoatualização

(Perry & Potter, citado por Martins, 2002:93), ou seja,

o controlo real da sua vida.

Desta forma poderemos considerar não só a qualida-

de proveniente de uma abordagem sistémica dos

problemas complexos e da planificação das interven-

ções, mas também a existência de cuidados de enfer-

magem especializados com recurso a competências

clínicas específicas para a conceção, gestão e super-

visão clínica. Dar-se-á, então, ênfase à valorização

dos recursos humanos na busca de qualidade, quan-

do consideramos os cuidados de enfermagem.

“Bons cuidados significam coisas diferentes para

diferentes pessoas.”

De acordo com Barbier (1996), definimos o nosso

projeto como uma ação de desenvolvimento que visa

melhorar as competências e eficácia de um grupo de

profissionais de enfermagem, no atendimento às

pessoas com doença renal crónica em programa

regular de hemodiálise e famílias, objetivando a

segurança e qualidade dos cuidados, através da

aposta numa nova visão para os cuidados: A globali-

dade/integralidade. Esta visão firma-se no entendi-

mento do mundo e da enfermagem explicitado por

Jean Watson (2002). O Cuidar é caracterizado como

uma relação interpessoal, de ajuda, que permite ao

ser humano satisfazer as suas necessidades funda-

mentais, promovendo o seu máximo potencial. Cen-

tra-se no outro como pessoa e no respeito pelo seu

valor e carácter único. Também para a Ordem dos

Enfermeiros (2002), o exercício profissional da enfer-

magem centra-se na relação interpessoal que permi-

te compreender os outros numa perspetiva ética.

Ajudar o cliente a ser proactivo; envolvendo as pes-

soas significativas, definindo projetos de saúde para

si, gerindo recursos. Bons cuidados significam coisas

diferentes para diferentes pessoas.

O PROJETO

Na unidade de hemodiálise do CHS preconiza-se,

desde 2009, a realização de um plano de cuidados de

enfermagem para cada pessoa/família em programa

de hemodiálise, alocado a um enfermeiro de referên-

cia/responsável pela gestão dos cuidados a disponibi-

lizar. Contudo, na realidade os enfermeiros não ade-

riam a este projeto.

A partir do problema encontrado: Não adesão da

equipa de enfermagem ao projeto “Plano de cuida-

dos de enfermagem ao Doente Renal Crónico (DRC)

em Hemodiálise / Família, decidimos desenhar um

novo projeto.

Alicerça-se a necessidade no conhecimento da enfer-

magem e nos domínios da gestão organizacional que

estipula atributos e critérios de qualidade que deter-

minaram a oportunidade: A Unidade de hemodiálise

(UH) tem como missão assegurar cuidados de supe-

rior qualidade, que no domínio dos cuidados de

enfermagem ao doente em hemodiálise associa-se

exponencialmente à planificação das intervenções.

Com capacidade para assegurar hemodiálise regular

a 30 pessoas, estabeleceu-se o objetivo: Proceder ao

registo sistematizado das necessidades dos utentes e

intervenções em enfermagem a 50% destes utentes.

Associa-se que o hospital iniciou um processo de

Reacreditação, em 2011, e exigia a efetivação de Pla-

nos de Cuidados a todos os doentes do serviço de

nefrologia, facultando uma oportunidade a este pro-

jeto que se reconheceu fundamental e oportuno.

Torna-se assim necessário compreender as razões

subjacentes ao problema.

Recorremos a um questionário para identificar a

importância atribuída ao projeto profissional e as

razões para a não adesão da equipa. Optámos pela

interpretação da cultura organizacional da equipa

para perspetivar quais as estratégias que melhor se

adaptariam às suas características nos contextos de

mudança e criatividade.

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 35

Page 36: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

Identificámos os seguintes problemas parcelares

Baixa motivação da equipa;

Reconhecimento insuficiente do método “Enfermeiro

responsável/referência”;

Instrumentos de registo considerados pouco eficazes;

Inexistência de formação/treino sobre a execução de

planos de cuidados;

Inexistência de obrigatoriedade sectorial;

Inexistência de indicadores de qualidade.

Objetivo geral

Contribuir para a segurança e qualidade dos cuidados

de enfermagem na unidade de hemodiálise através

da sensibilização dos enfermeiros da equipa para a

adesão ao projeto “Plano de Cuidados de Enferma-

gem ao DRC em Hemodiálise/Família na UH”.

Objetivos específicos

Elaborar Norma de Orientação Clínica para a execução

do “Plano de Cuidados de Enfermagem ao DRC em

Hemodiálise e Família” de acordo com o instrumento

existente na instituição;

Reformular os Instrumentos do “Plano de Cuidados de Enfer-

magem ao DRC em Hemodiálise/Família” já existentes;

Formar/Treinar 100% da equipa na execução de “Planos de

Cuidados de Enfermagem ao DRC em Hemodiálise/Família”;

Auditar os Registos de Enfermagem: “Plano de Cuidados

de Enfermagem ao DRC em Hemodiálise / Família”.

Intervenções realizadas

Norma de Orientação Clínica (NOC) para a execução

do “Plano de Cuidados de Enfermagem ao DRC em

Hemodiálise e família”

“…todos os doentes/famílias em hemodiálise nesta

unidade têm um plano de cuidados personalizado,

desenvolvido em parceria com o doente e com as

pessoas significativas…”

A metodologia Consensus Based Guidelines foi a utili-

zada na construção desta NOC, dentro do contexto

académico onde se iniciou o projeto. Hoje, e porque

se destina a um grupo específico de profissionais,

existe na forma de procedimento sectorial e prevê:

Que todos os doentes/famílias em hemodiálise nesta

unidade tenham um plano de cuidados personaliza-

do, desenvolvido em parceria com o doente e com as

pessoas significativas, onde se identificam as suas

necessidades/problemas e a forma como irá ser dada

reposta a essas necessidades e os responsáveis por

essa resposta. As informações dadas, a discussão e

as escolhas são registadas no plano de cuidados. São

incluídas as intervenções de enfermagem relaciona-

das com outros projetos desta unidade, como a

“Adesão à medicação extra-dialitica”, “Sobrevida dos

acessos” e “Avaliação da dor”.

Instrumentos do “Plano de Cuidados

de Enfermagem ao DRC em Hemodiálise e família”

Pretendeu-se organizar a informação centrando-a na

Pessoa/família e facilitando a observação da globali-

dade, integrando as possíveis interações. Segundo a

CIPE (Conselho Internacional de Enfermagem, 2005),

“a prática holística da Enfermagem inclui: avaliar o

risco de não-adesão (incluindo aspetos físicos, men-

tais, comportamentais, socioculturais, ambientais e

espirituais); identificar os diagnósticos e motivos

para a não-adesão; proporcionar intervenções apro-

priadas, adaptadas para o cliente, com base na ava-

liação; e avaliar a adesão ao tratamento”. No presen-

te esta informação é compilada num instrumento

criado em excel, de acordo com o modelo de promo-

ção de saúde de Nola Pender:

Avaliação inicial - Obtém o maior conhecimento possível

sobre a pessoa, o contexto familiar e social. Conhece as

suas crenças de saúde, a importância que atribui à doen-

ça e ao tratamento, o seu passado de adesão, as suas

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 36

Page 37: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

crenças de autoeficácia relativamente ao regime tera-

pêutico, as barreiras conhecidas à adoção do comporta-

mento desejado. Avalia o seu conhecimento sobre a

doença, sobre o regime terapêutico e avalia a sua capaci-

dade para gerir o regime terapêutico. Conhece o sistema

familiar, o papel da pessoa na família, a organização das

atividades domésticas principalmente no que se refere ao

local e quem realiza as refeições. A atividade profissional

da pessoa e as suas redes sociais de apoio.

Documentar e diagnosticar - Os casos de adesão ao regi-

me terapêutico não demonstrada, conhecimento não

demonstrado ou diminuído sobre o regime alimentar

adequado, conhecimento e aprendizagem de capacida-

des não demonstrada sobre as estratégias para controlar

a quantidade de líquidos ingeridos, conhecimento não

demonstrado ou diminuído sobre o regime medicamen-

toso, conhecimento e aprendizagem de capacidades não

demonstrada sobre métodos de confecionar os alimentos

de modo a eliminar o potássio. A aceitação do estado de

saúde.

Intervenções de enfermagem - Em função dos diagnósti-

cos de enfermagem identificados, serão essencialmente

educar, ensinar, instruir e treinar. O planeamento e

implementação das intervenções prescritas será adapta-

do às necessidades e características específicas de cada

pessoa / família, aos objetivos que pretendemos atingir e

com os quais a pessoa se compromete.

Monitorização, avaliação e reformulação – Semestral e/

ou de acordo com as necessidades de cada pessoa/

família. Evidência os resultados obtidos com as interven-

ções delineadas (ganhos em saúde) e necessidade de

reformulação.

Formar/Treinar 100% da Equipa

A intervenção formativa focou-se não só nos conteú-

dos diretamente ligados à planificação dos cuidados

mas também na consciencialização e sensibilização

da equipa. Apresentamos o projeto e enriquecemo-lo

com as sugestões da equipa, envolvendo-a. Segundo

Matheus (1995) “é a partir da interação que o grupo

se organiza, se motiva e se percebe como grupo” (p.

13 - 25). Momentos informais foram recurso para trei-

no individual dos vários instrumentos de colheita de

dados e planificação dos cuidados. A apresentação e

discussão de casos, em formação de serviço, favore-

ceram o treino/formação da equipa.

Auditar os Registos de Enfermagem

A necessidade de implementar sistemas de qualida-

de está fortemente assumida, quer por instâncias

internacionais como a Organização Mundial de Saú-

de na declaração Saúde para todos no ano 2000, Meta

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 37

Page 38: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

31 e o Conselho Internacional de Enfermeiros, quer

por organizações nacionais como o Conselho Nacio-

nal de Qualidade e o Instituto da Qualidade em Saú-

de. De acordo com isto elaborámos indicadores de

estrutura, processo e resultado tendo em conta o

Modelo Donabediano:

Dimensão Estrutura - Identificar a existência de: Sala de

consulta; Dotação da equipa enfermagem 2:1; Atribuição

Enf.º Responsável; Dossier/Ficheiro 1:1;

Dimensão Processo - Instrumento Plano Cuidados Preen-

chido; Instrumento Plano de Cuidados Atualizado;

Dimensão Resultado – Ainda em discussão, monitorizam

-se alguns indicadores de Adesão: Regime Medicamento-

so (valores superiores a 89% de adesão). Sobrevida do

Acesso (nº infeções do acesso vascular/ pessoa <1) e pro-

curamos nomear indicadores exclusivamente sensíveis

aos cuidados de enfermagem no âmbito da planificação

de cuidados. A análise isolada dos indicadores possibilita

certificar se as metas a que nos propusemos foram alcan-

çadas e intervir com procedimentos corretivos e anteci-

patórios. Mensurar e monitorizar a evolução dos indica-

dores, traduz efetivamente a qualidade de um serviço.

AVALIAÇÃO DO PERCURSO

Não diremos que este foi um caminho sem obstácu-

los mas que estes não constituíram constrangimento

para o projeto. Foram elaborados 22,5% do universo

de planos de cuidados, até à data estabelecida no

projeto académico. Isto representa 50% do objetivo.

E os resultados melhoraram face à continuação do

planeado e com a aproximação da reacreditação, em

Janeiro de 2012, tínhamos 78% de planos efetivados.

A Qualidade é uma arma que, nesta cultura hierárqui-

ca, tem um peso determinante: o da obrigatorieda-

de. Mas quando alguns estímulos de motivação

(contextos académicos, auditorias) desaparecem, a

adesão dos profissionais baixa. Serão então necessá-

rias novas estratégias para dinamizar a equipa: parti-

lha de casos, novos instrumentos, um artigo e o reco-

nhecimento do benefício.

CONCLUSÃO

Vimos que ser portador de uma doença crónica dei-

xou de ser apenas um conjunto de sinais ou sintomas

diagnosticáveis clinicamente, é também uma expe-

riência/vivência pessoal. Naturalmente ocorreu uma

mudança na filosofia dos cuidados de enfermagem.

É, agora, necessário compreender a pessoa/família

doente e dar-lhes empowerment.

Neste processo demos especial atenção a focos que,

como demonstrado, cabem no domínio da médico-

cirúrgica: A aceitação, a adaptação e a adesão tera-

pêutica, perspetivando o resgate da qualidade de

vida destas pessoas. Apreender, divulgar na equipa

alguns factos determinantes à realização de bons

cuidados de enfermagem e criar as condições exequí-

veis para a realização deste projeto substanciou a

intervenção do enfermeiro especialista desde a

implementação ao apoio na planificação de cuidados.

Desta forma todo este percurso resultou, também,

num processo de empowerment da equipa de enfer-

magem através da capacitação de cada elemento

para a execução de intervenções autónomas e conse-

quentemente, do reconhecimento do seu valor no

projeto/qualidade de vida destes doentes/famílias.

REFERÊNCIAS BIBLOGRÁFICAS

Barbier, J. M. (1996). Elaboração de Projetos de Ação e

Planificação. Porto: Porto Editora.

Conselho Internacional de Enfermagem (2005). Classifi-

cação internacional para a prática de enfermagem (CIPE/

ICNP): versão 1.0. Lisboa: Associação Portuguesa de

Enfermeiros.

Fujii, C. D. C. (2009). Desafios da integralidade do cuidado

em hemodiálise: A ótica da equipa de saúde e dos usuários.

Dissertação de Mestrado em Enfermagem, Universidade

Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Recuperado

em 20 de março de 2012, em http://

hdl.handle.net/10183/18664

Matheus, M. C. C. (1995, abril). O Trabalho em Equipa:

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 38

Page 39: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

Um instrumento Básico e um Desafio para a Enferma-

gem. Rev. Esc. Enf. USP., 29, 1.

Martins, G. (2002). A Auto-Actualização e o Sofrimento na

Explicação da Aceitação da Doença Crónica: uma investi-

gação no adulto em tratamento de Hemodiálise. Tese de

Mestrado, Faculdade de Medicina da U.P.

Ordem dos Enfermeiros (2009). Modelo de desenvolvi-

mento profissional. Caderno temático, Lisboa. Recupera-

do em 02 de julho de 2011, em http://www.ordem enfer-

m e i r o s . p t / d o c u m e n t o s o f i c i a i s / D o c u m e n t s /

MDPIndividualizacaoEspecialidades.pdf

Ordem dos Enfermeiros (2002). Padrões de Qualidade dos

Cuidados de Enfermagem. Divulgar. Lisboa: Ordem dos

Enfermeiros.

Watson, J, (2002).Enfermagem: Ciência Humana e Cuidar,

Uma Teoria De Enfermagem. Loures: Lusociência.

Artigo Rececionado em 11/03/2015

Aceite para Publicação em 27/03/2015

Lina Araújo:

Enfermeira no SANE do CHS.;

Especialista em Enfermagem

Médico-Cirúrgica; Mestre em

Enfermagem Médico-Cirúrgica.

Contacto: [email protected]

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 39

ESPAÇO DE INTERESSE http://www.geosaude.dgs.pt/

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Em Destaque

As Segundas Jornadas de Enfermagem do Centro

Hospitalar de Setúbal (CHS) - EPE, iniciativa da Dire-

ção de Enfermagem, decorreram nos dias 27 e 28 de

novembro de 2014, no Fórum Luísa Todi, em Setúbal.

O evento teve como objetivo a reflexão sobre o exer-

cício de enfermagem em áreas de apoio à clínica e a

forma como contribuem para melhoria contínua da

qualidade dos cuidados de enfermagem, intitulando-

se assim “Um olhar reflexivo sobre o (in)visível –

Intervenção partilhada de enfermagem”.

O programa científico abrangeu temas de acordo

com as áreas de apoio à clínica com intervenção de

profissionais de enfermagem do CHS, tais como:

Gestão da Formação; Segurança do Doente; Contro-

lo de Infeção; Gestão do Risco; Saúde Ocupacional e

Gestão de Altas. As discussões das temáticas foram

conduzidas por um conjunto de moderadores, comu-

nicadores e participantes que, partilharam os seus

saberes.

PROGRAMA - 27 NOV.

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 41

Page 42: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

PROGRAMA - 28 NOV. A par das apresentações das temáticas supramencio-

nadas também teve lugar a projeção de pósteres

científicos e a apresentação de comunicações livres

com a atribuição para os melhores pósteres e comu-

nicações livres.

A iniciativa contou com a presença de 218 participan-

tes que foram convidados, após o evento, a responder

a questionário online para avaliação da satisfação, que

esteve disponível no período de 16 de dezembro a 16

de Janeiro. A taxa de resposta obtida foi de 31,7%

(n=69), apresentando-se abaixo os resultados.

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 42

Page 43: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

Terminada esta experiência, a Comissão Científica e Comissão Organizado-

ra congratula-se por ter estado ao nível das expectativas dos participantes e

tornar visível, através da partilha/discussão, áreas de enfermagem de apoio

à clínica, muitas vezes invisíveis.

MEMÓRIA FOTOGRÁFICA

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 43

Page 44: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

POSTERS PREMIADOS 2as JORNADAS DE ENFERMAGEM

CENTRO HOSPITALAR DE SETÚBAL, EPE.

1º Prémio

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Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 45

POSTERS PREMIADOS 2as JORNADAS DE ENFERMAGEM

CENTRO HOSPITALAR DE SETÚBAL, EPE.

2º Prémio

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Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 46

POSTERS PREMIADOS 2as JORNADAS DE ENFERMAGEM

CENTRO HOSPITALAR DE SETÚBAL, EPE.

3º Prémio

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Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 47

Em Destaque

Centro Hospitalar de Setúbal, EPE.

12 de Maio de 2015

Dia do

Enfermeiro

Page 48: Revista cuidarte ano 8 nº13 maio 2015

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2015 48

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Normas de Publicação

A Revista Cuid’arte tem como objetivo a publicação de trabalhos científicos de reconhecido interesse na área de

enfermagem, sob a forma de artigos de investigação, de revisão ou relato de experiência, que contribuam para o

desenvolvimento e visibilidade dos cuidados de enfermagem. Os artigos devem ser originais e destinados exclu-

sivamente à publicação na Revista Cuid ’arte.

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ção deve ser assinada por todos os autores e acompanhada de fotocópia de documento de identificação – Bilhe-

te de Identidade ou Cartão do Cidadão.

Artigos - Tipo/Estrutura

Artigo de Investigação – Resulta de uma investigação baseada em dados empíricos. Este artigo deve conter as

seguintes secções: Título; Resumo; Palavras-chave; Introdução; Fundamentação Teórica; Metodologia; Resulta-

dos; Discussão; Conclusão; Agradecimentos e Referências. São admitidas pequenas adaptações a esta estrutura,

como inclusão de sub-parágrafos. Deve ser clara a permissão de publicação por entidade/ instituição que finan-

ciou a investigação. Máximo 10 páginas.

Artigo de Revisão – Artigo no qual o autor interpela sobre um fenómeno, fundamentando as suas afirmações

com literatura temática consultada para o efeito. Este artigo deve conter as seguintes secções: Título; Resumo;

Palavras-chave; Introdução; Método de Revisão; Resultados; Discussão; Conclusão e Referências. São admitidas

pequenas adaptações a esta estrutura. Máximo 6 páginas.

Relato de Experiência – Artigo em que o autor narra experiências vivenciadas no seu quotidiano que considere

enriquecedoras para si e para outros. Este artigo deve conter as seguintes secções: Título; Resumo; Introdução;

Desenvolvimento; Conclusão e Referências. Máximo 4 páginas.

São também aceites para publicação redações científicas em formato de póster desde que seguindo as orienta-

ções supramencionadas.

Título: Deve ser breve, claro e objetivo e descrever adequadamente o conteúdo do artigo (máximo de 16 pala-

vras). O subtítulo é opcional e deve complementar o título com informações relevantes. Nos artigos de investiga-

ção deverá estar redigido em português e inglês.

Autores: Os artigos deverão ser assinados no máximo por 4 autores. Os autores deverão estar devidamente

identificados: nome; habilitações; categoria profissional; instituições onde exerce funções e endereço eletrónico.

Resumo: Deve representar de forma fiel o conteúdo do artigo, contendo no máximo 80 palavras. Não inclui cita-

ções ou referências a figuras e/ou tabelas. Nos artigos de investigação deverá estar redigido em português e inglês.

Palavras-Chaves: São termos indicativos de assunto. Os artigos deverão apresentar entre 3 a 6 palavras-

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chaves. Nos artigos de investigação deverão estar redigidas em português e inglês.

Referências bibliográficas: As citações bibliográficas devem ser apresentadas segundo o modelo estabelecido

pela American Psychological Association (APA).

Imagens: Os artigos devem ser acompanhados de imagens ilustrativas – fotografias, tabelas e/ou figuras, prefe-

rencialmente originais, num mínimo de 3. A caracterização de cada tabela e figura deve conter título e legenda de

modo a serem compreendidas e interpretadas sem recurso ao texto. Todas as imagens deverão ser enviadas em

suporte digital separadas do texto do artigo. No artigo deverá ser realizada referência para introdução das mesmas.

Abreviaturas: Devem ser evitadas à exceção das unidades do Sistema Internacional. Outras abreviaturas

podem ser utilizadas caso sejam referidas três ou mais vezes, devendo, na primeira utilização, ser escritas por

extenso e imediatamente seguidas pela sua abreviação entre parênteses.

A revista Cuid’arte contempla uma rubrica para Destaques na qual se faz referência a eventos/projetos de cariz

científico. Os Destaques não são considerados artigos científicos pelo que não se faz referência aos autores, mas

apenas às comissões organizadoras, científicas ou outras.

Submissão de artigos

Formato: Os artigos devem ser redigidos em formato Word, em fonte Times New Roman, tamanho 12, espaços 1,5,

sem cabeçalho nem rodapé, margens inferior e laterais de 2cm e superior de 3cm, em formato A4, coluna única, com

páginas devidamente numeradas. Não deve incluir notas de rodapé e deverão ser evitados negritos e sublinhados.

Procedimento: Deverão ser enviados para o e-mail da revista ([email protected]) os seguintes documentos:

Declaração de responsabilidade e de cedência de direitos de autor, devidamente preenchida e assinada por todos os autores;

Digitalização do Bilhete de Identidade/ Cartão do Cidadão de todos os autores;

Documento em formato Word contendo todas as secções do artigo e toda a informação relativa aos autores (nome; habilitações;

categoria profissional; instituições onde exerce funções e endereço eletrónico) bem como informação relativa ao contexto em que

o artigo foi realizado (por exemplo, académico);

Documento em formato Word contendo todas as secções do artigo sem referência aos autores;

Imagens em formato digital (incluído fotografia dos autores).

Processo de Revisão: Cada artigo submetido para publicação é verificado pelo Núcleo Redatorial, quanto ao

cumprimento das Normas de Publicação da Revista Cuid’arte. O processo de revisão editorial será iniciado se o

texto obedecer às Normas de Publicação mencionadas.

Posteriormente é submetido a uma análise apoiada, sempre que se justifique, por peritos e segundo os critérios:

interesse para os destinatários da Revista; originalidade (contribuição significativa ou inovadora); exatidão técni-

ca das referências e citações; correção e precisão dos conceitos utilizados; adequação metodológica e profundi-

dade na abordagem ao assunto; atualidade e rigor da bibliografia utilizada; qualidade geral do texto (estrutura

lógica e equilibrada, exposição clara e coerente, estilo objetivo e factual, correção gramatical).

Os peritos são contactados pelo Núcleo Redatorial, pela reconhecida competência na área a que o artigo se refe-

re. Neste processo de avaliação é preservada a identidade dos autores e consultores. O Núcleo Redatorial poderá

sugerir aos autores modificações nos artigos, para que se adaptem às normas editoriais da Revista. A decisão

final sobre a publicação de um artigo cabe ao Núcleo Redatorial, auxiliado pelo parecer dos peritos. Os artigos

não refletem, necessariamente, a opinião do Núcleo Redatorial.

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Encarte

Revista Cuid’Arte

Espaço aberto à participação de todos os que sentem que cuidar é uma arte…

Contamos com os V/ artigos, as V/ sugestões e impressões…

http://cuidartesetubal.blogspot.com

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