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Saúde na mídia Brasília, 16 de julho de 2011 O Estado de S. Paulo/BR Ministério da Saúde | Órgãos Vinculados | Inca Saúde na mídia pg.1 Transplante de medula com doador anônimo cresce 6 vezes em 10 anos VIDA No mesmo período, número de transplantes rea- lizados no País aumentou cerca de 170%; Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea conta atual- mente com 2,2 milhões de voluntários - a maioria é mulher, com menos de 45 anos e moradora do Su- deste Clarissa Thomé / RIO - O Estado de S.Paulo O número de transplantes de medula óssea realizados no Brasil aumentou 169% nos últimos cinco anos em relação ao começo da década. E o de procedimentos feitos com doadores encontrados no País em pessoas não aparentadas foi seis vezes maior no período. O crescimento é atribuído principalmente às cam- panhas para captação de doadores e à maior se- gurança do processo. Entre 2006 e 2010, o Brasil registrou 676 trans- plantes - 403 deles com doadores localizados no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Entre 2001 e 2005, foram 251 trans- plantes, apenas 68 com doadores nacionais. Os ou- tros foram encontrados em bancos internacionais. O registro nacional de doadores tem hoje 2,2 milhões de inscritos e está integrado com a Rede BrasilCord, que reúne bancos de sangue de cordão umbilical e pla- centário. Eles foram responsáveis pelos doadores em 68% dos transplantes realizados no País no ano pas- sado. O transplante de doador nacional permite que o pro- cedimento seja feito de forma mais rápida e barata. O valor para importar o material a ser transplantado es- tá entre R$ 45 mil e R$ 50 mil. O transplante rea- lizado com doador nacional sai por R$ 12 mil. A busca nos bancos nacionais e internacionais é feita simultaneamente. O critério para a escolha do doador é o grau maior de compatibilidade. "Houve melhoria da distribuição genética do registro em relação à população. Isso tem significado im- portante, por causa da nossa miscigenação", explica o diretor do Centro de Transplante de Medula Óssea do Inca e coordenador do Redome, Luís Fernando Bouzas. "Quando você busca um doador para um bra- sileiro no registro da Alemanha, por exemplo, 90% deles são caucasianos. Não é a mistura que temos no Brasil." Perfil. Levantamento do Instituto Nacional do Cân- cer ( Inca )mostra que a maioria dos doadores vo- luntários é mulher (56%) e 88% têm menos de 45 anos - pessoas que, pela idade, tendem a ficar mais tempo no cadastro. O Sudeste também concentra o número maior de doa- dores (48%), mas a participação das outras regiões está crescendo. "Sul e Sudeste são regiões mais po- pulosas, mas o perfil de quem nasce no Nordeste é di- ferente daquele de quem nasce no Sul", diz Bouzas. Quanto maior a diversidade dos doadores, maior a chance de encontrar compatibilidades. Pacientes com leucemia, linfoma e anemias graves hoje têm 72% de chance de encontrar um doador "6 de 6" no Redome. Isso quer dizer que o possível doador tem seis características genéticas iguais às do re- ceptor. Essa é a primeira triagem feita no banco. É preciso apurar a compatibilidade - o transplante é feito se forem encontradas semelhanças genéticas em pelo menos oito de dez parâmetros. "A partir des- se teste, chegamos a uns três potenciais doadores. En- tão, a chance de encontrar a compatibilidade cai à metade, fica em torno de 45%", explica Bouzas. Ao se inscrever como doador, o voluntário coleta uma pequena quantidade de sangue e os dados são in- seridos no Redome. Se as características genéticas

Transplante de medula com doador anônimo cresce 6 vezes em 10 anos

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Saúde na mídia Brasília, 16 de julho de 2011O Estado de S. Paulo/BR

Ministério da Saúde | Órgãos Vinculados | Inca

Saúde na mídia pg.1

Transplante de medula com doador anônimo cresce 6vezes em 10 anos

VIDA

No mesmo período, número de transplantes rea-lizados no País aumentou cerca de 170%; RegistroNacional de Doadores de Medula Óssea conta atual-mente com 2,2 milhões de voluntários - a maioria émulher, com menos de 45 anos e moradora do Su-deste

Clarissa Thomé / RIO - O Estado de S.Paulo

O número de transplantesdemedulaóssea realizadosno Brasil aumentou 169% nos últimos cinco anos emrelação ao começo da década. E o de procedimentosfeitos com doadores encontrados no País em pessoasnão aparentadas foi seis vezes maior no período. Ocrescimento é atribuído principalmente às cam-panhas para captação de doadores e à maior se-gurança do processo.Entre 2006 e 2010, o Brasil registrou 676 trans-plantes - 403 deles com doadores localizados noRegistro Nacional de Doadores de Medula Óssea(Redome). Entre 2001 e 2005, foram 251 trans-plantes, apenas 68 com doadores nacionais. Os ou-tros foram encontrados em bancos internacionais.

O registro nacional dedoadores tem hoje 2,2 milhõesde inscritos e está integrado com a Rede BrasilCord,quereúne bancosdesanguedecordão umbilicalepla-centário. Eles foram responsáveis pelos doadores em68% dos transplantes realizados no País no ano pas-sado.

O transplante de doador nacional permite que o pro-cedimento seja feito de forma mais rápida e barata. Ovalor para importar o material a ser transplantado es-tá entre R$ 45 mil e R$ 50 mil. O transplante rea-lizado com doador nacional sai por R$ 12 mil.

A busca nos bancos nacionais e internacionais é feitasimultaneamente.O critério para aescolha do doadoré o grau maior de compatibilidade.

"Houve melhoria dadistribuição genética do registroem relação à população. Isso tem significado im-portante, por causa da nossa miscigenação", explicao diretor do Centro de Transplante de Medula Ósseado Inca e coordenador do Redome, Luís FernandoBouzas. "Quando você buscaumdoadorpara umbra-sileiro no registro da Alemanha, por exemplo, 90%deles são caucasianos. Não é a mistura que temos noBrasil."

Perfil. Levantamento do Instituto Nacional do Cân-cer (Inca )mostra que a maioria dos doadores vo-luntários é mulher (56%) e 88% têm menos de 45anos - pessoas que, pela idade, tendem a ficar maistempo no cadastro.

O Sudeste também concentra o número maior dedoa-dores (48%), mas a participação das outras regiõesestá crescendo. "Sul e Sudeste são regiões mais po-pulosas, mas o perfil de quem nasce no Nordeste é di-ferente daquele de quem nasce no Sul", diz Bouzas.Quanto maior a diversidade dos doadores, maior achance de encontrar compatibilidades.

Pacientes com leucemia, linfoma e anemias graveshoje têm 72% dechancedeencontrarumdoador"6 de6" no Redome. Isso quer dizer que o possível doadortem seis características genéticas iguais às do re-ceptor. Essa é a primeira triagem feita no banco.

É preciso apurar a compatibilidade - o transplante éfeito se forem encontradas semelhanças genéticasem pelo menos oito de dez parâmetros. "A partir des-se teste, chegamos auns trêspotenciais doadores.En-tão, a chance de encontrar a compatibilidade cai àmetade, fica em torno de 45%", explica Bouzas.

Ao se inscrever como doador, o voluntário coletauma pequena quantidade de sangue e os dados são in-seridos no Redome. Se as características genéticas

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forem compatíveis com as de um paciente, esse vo-luntário é procurado pelo banco. A recusa, hoje, estáentre 3% e 5%.

VOLUNTÁRIOS

Sudeste 48%

Sul 25%Nordeste 14%Centro-Oeste 8%Norte 5%