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CAP˝TULO 14 203 © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. CAP˝TULO 14 “Saber viver não é fácil, pois é preciso lidar com diversos critérios opostos. Em matemática ou geografia, há sábios e ignorantes, mas os sábios estão quase sempre de acordo quanto ao fundamental. No viver, por outro lado, as opiniões estão longe de ser unânimes.” (Fernando Savater, Ética para meu filho) INTRODUÇÃO Entre a fronteira do social e o psicológico, a categoria “apoio social” tem favorecido o desen- volvimento de diversos trabalhos de investigação que buscam explicar algumas das diferenças existentes na distribuição de certas enfermidades tanto físicas quanto mentais. Esse tipo de inves- tigação iniciou-se com o clássico estudo sobre o suicídio, em que Durkheim 1951 (apud McCa- mish-Svensson et al., 1999) vê o suicídio como produto de um enfraquecimento da coesão da sociedade, cujos membros se tornaram menos solidários e mais individualistas. Em meados da década de 1970 alguns pesquisadores passam a dar atenção especial ao contex- to social a partir da suposição de que há outra categoria de fatores capazes de produzir efeitos sobre um hospedeiro suscetível a agentes de doenças, e que estes fatores estão relacionados com a presença de outros membros da mesma espécie ou, mais genericamente, ligados a certos aspectos do ambiente social. Sustenta-se que o apoio social tem um papel central na manutenção da saúde dos indivíduos por meio da facilitação de condutas adaptativas em situações de tensão emocional. Desta forma, a categoria de tensão ou estresse emocional foi proposta como uma variável psicos- sociológica intermediária que vincula as condições de vida com a saúde mental. Os estudos pas- sam a sugerir que deve existir uma relação entre redes formadas por laços sociais e/ou relações com parentes e amigos e promoção de saúde, proteção contra doenças e, mesmo, aumento da sobrevivência em indivíduos. As investigações neste âmbito confirmam que a presença ou a au- sência do apoio social afeta diferencialmente a saúde dos indivíduos (Cassel, 1976). Essas hipóteses vêm se confirmando a partir de resultados de diversas investigações que des- tacam o apoio social como possível determinante de certas formas de doenças. Um desses traba- lhos é o estudo longitudinal desenvolvido em amostra populacional de 6.928 adultos de Alameda County, realizado entre 1965 e 1974. Em 1979, Berkman e Syme observaram que pessoas que não mantinham relações sociais e comunitárias tiveram maior probabilidade de morrer durante o se- guimento do que aquelas que mantinham contatos mais extensos (contato com parentes e amigos, ser membro de igreja ou ser membro de grupos e associações), mesmo após ajuste por idade. Posteriormente, House e col. (1982), empregando metodologia semelhante, mas aprimorada em relação ao estudo de Berkman e Syme, desenvolveram a pesquisa “Tecumseh Community Health Study”. Esta investigação permitiu avaliar o impacto de um amplo leque de relações so- ciais, freqüência e intensidade delas na mortalidade de uma coorte de 1.322 homens e 1.432 mu- lheres que foram entrevistadas, examinadas por médicos e acompanhadas no tempo entre nove a Redes de Apoio Social Tereza Etsuko da Costa Rosa

Redes de apoio social ao idoso

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CAPÍTULO 14 203© Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA.

CAPÍTULO

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“Saber viver não é fácil, pois é preciso lidar com diversos critérios opostos.Em matemática ou geografia, há sábios e ignorantes, mas os sábios estãoquase sempre de acordo quanto ao fundamental. No viver, por outro lado, asopiniões estão longe de ser unânimes.”

(Fernando Savater, Ética para meu filho)

INTRODUÇÃO

Entre a fronteira do social e o psicológico, a categoria “apoio social” tem favorecido o desen-volvimento de diversos trabalhos de investigação que buscam explicar algumas das diferençasexistentes na distribuição de certas enfermidades tanto físicas quanto mentais. Esse tipo de inves-tigação iniciou-se com o clássico estudo sobre o suicídio, em que Durkheim 1951 (apud McCa-mish-Svensson et al., 1999) vê o suicídio como produto de um enfraquecimento da coesão dasociedade, cujos membros se tornaram menos solidários e mais individualistas.

Em meados da década de 1970 alguns pesquisadores passam a dar atenção especial ao contex-to social a partir da suposição de que há outra categoria de fatores capazes de produzir efeitossobre um hospedeiro suscetível a agentes de doenças, e que estes fatores estão relacionados com apresença de outros membros da mesma espécie ou, mais genericamente, ligados a certos aspectosdo ambiente social. Sustenta-se que o apoio social tem um papel central na manutenção da saúdedos indivíduos por meio da facilitação de condutas adaptativas em situações de tensão emocional.Desta forma, a categoria de tensão ou estresse emocional foi proposta como uma variável psicos-sociológica intermediária que vincula as condições de vida com a saúde mental. Os estudos pas-sam a sugerir que deve existir uma relação entre redes formadas por laços sociais e/ou relaçõescom parentes e amigos e promoção de saúde, proteção contra doenças e, mesmo, aumento dasobrevivência em indivíduos. As investigações neste âmbito confirmam que a presença ou a au-sência do apoio social afeta diferencialmente a saúde dos indivíduos (Cassel, 1976).

Essas hipóteses vêm se confirmando a partir de resultados de diversas investigações que des-tacam o apoio social como possível determinante de certas formas de doenças. Um desses traba-lhos é o estudo longitudinal desenvolvido em amostra populacional de 6.928 adultos de AlamedaCounty, realizado entre 1965 e 1974. Em 1979, Berkman e Syme observaram que pessoas que nãomantinham relações sociais e comunitárias tiveram maior probabilidade de morrer durante o se-guimento do que aquelas que mantinham contatos mais extensos (contato com parentes e amigos,ser membro de igreja ou ser membro de grupos e associações), mesmo após ajuste por idade.

Posteriormente, House e col. (1982), empregando metodologia semelhante, mas aprimoradaem relação ao estudo de Berkman e Syme, desenvolveram a pesquisa “Tecumseh CommunityHealth Study”. Esta investigação permitiu avaliar o impacto de um amplo leque de relações so-ciais, freqüência e intensidade delas na mortalidade de uma coorte de 1.322 homens e 1.432 mu-lheres que foram entrevistadas, examinadas por médicos e acompanhadas no tempo entre nove a

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12 anos. A associação das variáveis sociais (estado civil, visitar amigos/parentes, ir à igreja; fre-qüentar salas de leitura, cinema e jogos; ver TV, ouvir rádio e ler) com mortalidade persistiu,mesmo controlada por idade e pelos diversos indicadores de saúde e doenças. É interessante notarque os resultados demonstraram também que atividades mais solitárias, tais como ver TV, ler eouvir rádio, estão associadas mais com o aumento da mortalidade do que com a sua diminuição.Este resultado sugere que a mera atividade de diversão, diferente do trabalho ou da rotina da vidacotidiana, não é o que tem efeito na redução do risco de morrer. O efeito benéfico parece ser aatividade que envolve algum contato com outras pessoas.

No campo da epidemiologia, expandem-se as pesquisas com apoio social como preditor desaúde (Berkman e Syme, 1979, House, 1982, Wallsten, 1999, Litwin, 1999, McCamish-Svensson,1999, WU e Rudkin, 2000, Litwin, 2001), de morbidades como doenças cardiovasculares (Kawa-chi, 1996), de incidência de doença isquêmica do coração (Vogt et al., 1992) e de mortalidade(Shye, 1995, Davis, 1997, Penninx, 1997, Yasuda, 1997, Rahman, 1999, Lund, 2000, Ceria, 2001).Além de outros que evidenciam efeitos benéficos provindos das redes sociais de apoio sobre asobrevivência em pacientes com câncer de mama (Waxler-Morrison, 1991), com câncer em gerale em pacientes com acidente vascular cerebral (Vogt, 1992).

O CONCEITO DE APOIO SOCIAL

A despeito de uma grande quantidade de pesquisas e dos resultados que associam a presençado apoio social com a existência de certos níveis de saúde e doença, o conceito de apoio socialapresenta vários problemas de definição e de operacionalização.

Consideramos, portanto, oportuno fazer uma análise sobre a origem do termo e as maneiraspelas quais têm sido definido e as formas em que a investigação recente tem tratado de vincular adisponibilidade de apoio social com bem-estar e/ou saúde.

O apoio social, em geral, tem sido definido como a totalidade de recursos oferecidos poroutras pessoas; entretanto, trata-se de um conceito multidimensional em que os conhecimentos emrelação às conexões possíveis ainda são limitados.

Os termos mais freqüentemente utilizados são apoio social e redes sociais, mas é comumencontrarmos termos como relações sociais, integração social, vínculos sociais e ancoragem so-cial sendo empregados indistintamente (Castro, 1997, Due, 1999).

A maioria dos investigadores concorda que apoio social seria composto por uma estrutura euma função, as quais são aspectos e fenômenos distintos e que devem ser avaliados e examinadoscomo tais.

A estrutura das relações sociais refere-se à organização do vínculo de pessoas umas com asoutras e pode ser descrita sob diferentes aspectos, como número de relações ou papéis sociais queuma pessoa tem; freqüência de contatos com vários membros de uma rede; densidade, multiplici-dade e reciprocidade de relações entre os membros de uma rede etc. A estrutura das relaçõessociais é composta pela rede de relações formais e informais. As relações formais são relaçõesmantidas devido à posição e aos papéis na sociedade. Incluem profissionais como médico, dentis-ta, professor, advogado etc. e outras pessoas conhecidas. As relações sociais informais — relaçõestidas como de maior importância pessoal e afetiva do que as relações mais especializadas e for-mais — são compostas por todos os indivíduos (família, amigos, vizinhos, colegas de trabalho,comunidade etc.) e a ligação entre indivíduos com quem se tem uma relação familiar próximae/ou com envolvimento afetivo. A possibilidade de se “medir” a rede social freqüentemente cap-tura o nível ou grau de isolamento/integração social do indivíduo (Thoits, 1995, Due, 1999).

Define-se função das relações sociais como as interações interpessoais que ocorrem dentro daestrutura das relações sociais. A função abrange aspectos qualitativos e comportamentais das rela-ções sociais. Inclui o apoio social, as relações de tensão e a ancoragem social (Fig. 14.1).

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O apoio social — nível de recursos fornecidos por outros, abrange quatro funções, a saber:

1. Apoio emocional — envolve expressões de amor e afeição.

2. Apoio instrumental — refere-se aos auxílios “concretos”, provimento de necessidades mate-riais em geral, ajuda para trabalhos práticos (limpeza de casa, preparação de refeição, provi-mento de transporte), ajuda financeira.

3. Apoio de informação — refere-se a informações (aconselhamentos, sugestões, orientações)que podem ser usadas para lidar/resolver problemas.

4. Interação social positiva — é a disponibilidade de pessoas com quem se diverte e se relaxa.

As relações de tensão referem-se à dimensão em que a função das relações sociais causatensão emocional ou instrumental por conflitos e/ou demandas excessivas; seria o aspecto negati-vo das funções das relações sociais.

A ancoragem social está relacionada com o “grau de pertencer” ao grupo formal ou informale um senso mais qualitativo de seu “sentimento como membro desse grupo”.

Ainda não está bem esclarecido de que forma os aspectos estrutural e funcional do apoiosocial estão relacionados uns com os outros. Ressaltam alguns autores que é possível que o núme-ro e estrutura de vínculos dos indivíduos importe menos para a percepção de apoio do que possuirno mínimo um vínculo que seja bastante próximo e de confiança (Thoits, 1995). Entretanto, outrossustentam que a estrutura da rede é crucial para facilitar o acesso a vários tipos de assistênciafuncional. Além disso, tem sido evidenciado que o tamanho da rede social de uma pessoa, a coe-

Fig. 14.1 – Relações sociais — quadro referencial. Adaptado de Due et al., 1999.

relações sociais

estrutura

função

relações formais

relações informais = rede social

apoio social

relações de tensão

ancoragem social

no e tipo de relações freqüência de contatos duração dos contatos diversidade dos contatos densidade reciprocidade

apoio emocional apoio instrumental apoio de informações interação social positiva

conflitos demanda excessiva

integração social

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são da rede e o tipo de relacionamentos na rede (vínculos fortes ou fracos) são fatores que influen-ciam o “receber” de vários tipos de apoios sociais.

Trocas Sociais: Receber/Oferecer Apoio, Apoio Percebido(ou Avaliação Subjetiva de Apoio) e Interações Negativas

Alguns pesquisadores têm concluído que o apoio social é um constructo multidimensional e têmdescrito diferentes tipos ou categorias de apoio social que devem ser considerados e que podem terdiferentes conseqüências para a saúde física e mental dos indivíduos (Turner e Marino, 1994).

Como uma outra importante faceta do processo envolvido no apoio social, as trocas sociaissão vistas, por diversos autores, como sendo críticas para o bem-estar (Liang, 2001), ou seja, osefeitos do receber apoio, do oferecer apoio e os da reciprocidade sobre o bem-estar.

Na verdade, os resultados de investigações nesse sentido são contraditórios: alguns pesquisa-dores relatam que ajudar outras pessoas, geralmente, leva a um maior bem-estar e melhora nasfunções psicológicas, enquanto outros têm mostrado pequeno ou nenhum efeito.

Em contrapartida, vários estudos têm sugerido que receber ajuda de outros, na verdade, exa-cerba a angústia. Em conseqüência disso, alguns investigadores têm focado a atenção sobre areciprocidade. Nesse âmbito, emergiram duas teorias muito semelhantes. Uma primeira, da eqüida-de, sustenta que pode ser mais angustiante para aqueles que recebem mais apoio do que o que éoferecido por eles, e isso suscita o sentimento de culpa por estarem violando a norma da reciprocida-de, essa situação pode levá-los ao estado de dependência. Uma segunda teoria, das trocas sociais, sepostula que a reciprocidade geralmente melhora a satisfação com a vida e que a inabilidade emrealizar trocas recíprocas tem um efeito negativo sobre a moral do indivíduo (Liang, 2001).

Outros autores chamam a atenção para a norma da solidariedade nas relações próximas, taiscomo as encontradas entre membros de uma família. A norma da solidariedade está refletida nocompromisso das pessoas com entes queridos e amados, apesar do custo ou do que vai retornar aele. Isto sugere que a família é suficientemente poderosa para suplantar a norma da reciprocidade.Além disso, propõe-se também a perspectiva do processo ao longo da vida. Ou seja, seria errôneojulgar a reciprocidade somente com base em interações atuais. Ao contrário, o presente precisa servisto no contexto do passado. Infelizmente poucos estudos sobre trocas sociais e bem-estar têmsido baseados em dados longitudinais, conhecendo-se muito pouco sobre as interações em termosde uma seqüência temporal.

O impacto das trocas sociais precisa ser examinado em conjunto com outras dimensões doapoio social, tais como o apoio percebido ou apoio antecipado e as interações negativas. A inclu-são de interações negativas e apoio percebido ajuda a explicar as conseqüências desejáveis, bemcomo as indesejáveis do apoio social sobre o bem-estar. Em termos de seus efeitos globais, intera-ção negativa e apoio percebido parecem ser mais poderosos do que as trocas sociais na influênciasobre o bem-estar.

Os efeitos do apoio social percebido têm sido mais freqüentemente examinados na literatura,especialmente os efeitos do apoio emocional, isto é, a crença de que amor e carinho, simpatia ecompreensão e/ou estima e valorização estão disponíveis nas pessoas próximas. A percepção oucrença de que apoio emocional está disponível parece ter influência mais forte sobre a saúdemental do que o apoio social realmente recebido.

Outros Aspectos do Apoio Social: Reciprocidade e oConceito de Capital Social

A idéia de obrigação familiar e reciprocidade ao longo da vida são muito congruentes com oconceito de capital social. O conceito de capital social tem sido colocado na vanguarda como uma

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das explicações de por que algumas comunidades prosperam e têm instituições políticas efetivas ecidadãos saudáveis, enquanto outras comunidades não (Kawachi et al., 1999, McCulloch, 2001).O capital social se refere a sistemas horizontais de participação cívica que podem ser associaçõescomunitárias, grupos de música, cooperativas, grêmios desportivos, partidos políticos etc. As ca-racterísticas centrais dessas redes de intercâmbio social são a confiança, a reciprocidade e a coope-ração (Labra, 2002). Fontes de capital social incluem não apenas trocas recíprocas, mas tambémprincipalmente valores culturais e solidariedade de classes e étnicas.

As redes sociais informais e formais são componentes essenciais do capital social, um recursoque se produz com a habilidade dos atores para assegurar benefícios a partir dos membros de umarede social ou outra estrutura social. As trocas sociais diferenciam-se das trocas puramente econô-micas em dois aspectos, a saber: primeiro a moeda com as quais as obrigações serão pagas podeser diferente daquela utilizada na economia e pode ser algo tão intangível como aprovação e leal-dade; no segundo, o tempo do pagamento é inespecífico (Cattell, 2001).

Deve ser importante ressaltar a distinção existente entre integração social medida como umacaracterística individual (que é como a maioria dos estudos epidemiológicos tem medido as redessociais) e integração social medida como uma característica coletiva (que é como capital social éconcebido). Características da sociedade não devem ser reduzidas aos atributos dos indivíduosque vivem nela. Aqui é importante distinguir entre os efeitos contextuais de viver em uma áreadepauperada de capital social e quaisquer efeitos constitucionais do capital social. Em um nívelecológico1, uma correlação entre o capital social e o pior nível de saúde pode ser explicada pelofato de que indivíduos socialmente mais isolados residem em áreas pobres em capital social (umefeito de constituição). É mais provável encontrar indivíduos socialmente isolados concentradosem comunidades que são fracas em capital social porque tais lugares provêem menos oportunida-des para que os indivíduos estabeleçam vínculos locais (Kawachi, 1999). Segundo os mesmosautores, a influência do capital social na saúde individual é plausível, pelo menos, de três modos:1. promovendo maior rapidez na difusão de informações em saúde; 2. aumentando a probabilidadede que normas de comportamentos saudáveis sejam adotadas (por exemplo, atividade física); e 3.exercendo controle social sobre comportamentos desviantes relacionados com a saúde. A teoria dadifusão de inovações sugere que comportamentos inovadores (por exemplo, utilização de serviçospreventivos) se difundem mais rapidamente em comunidades que são coesas e em que seus mem-bros se conhecam e confiem uns nos outros.

FAMÍLIA: RELAÇÕES E APOIO

Visando à melhoria das condições de vida dos idosos, a ONU divulgou o Plano Internacionalde Ação sobre o Envelhecimento na década de 1980, plano que atribuía ao Estado, à comunidadee à família a responsabilidade pelos problemas relacionados ao envelhecimento.

A realidade brasileira, dadas sobretudo as condições econômicas, sociais e políticas, mostra aincapacidade tanto do Estado quanto da comunidade em assumir o papel que lhes foi destinado.

A família, elemento que completaria o tripé supradescrito, modificou-se muito a partir doprocesso de industrialização, urbanização e modernização. A estrutura familiar sofreu trans-formações em relação à composição, ao tamanho, aos papéis sociais tradicionais e a algumasfunções familiares. Na família extensa os mais jovens, e principalmente a mulher, desempe-nhavam a função de cuidadores dos idosos. Se a família, na composição tradicional, era a redede apoio aos membros mais velhos, hoje tal suporte praticamente inexiste. Uma vez que a

1 Ecológico aqui é empregado no sentido dos estudos epidemiológicos ecológicos que abordam áreas geográficasbem delimitadas, analisando comparativamente variáveis globais, quase sempre por meio da correlação entre indi-cadores de condições de vida e indicadores de situação de saúde.

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mulher passa a ingressar no mercado de trabalho, a configuração do ambiente doméstico semodifica com a sua ausência.

Veras e colaboradores (1987) mostram que, com o aumento significativo da população idosano Brasil, aumenta o número de famílias nas áreas urbanas, compostas por um ou mais velhos.Nesse caso a mulher, como um ponto de referência básico para o cuidado do idoso dentro dacomposição familiar, torna-se um foco de estrangulamento. Se por um lado ela precisa assumiresse novo papel de “cuidadora” do idoso, significando aumento do dispêndio de tempo no âmbitodoméstico, por outro lado existem fortes apelos para o seu engajamento no mercado de trabalho,além da necessidade de contribuir com o sustento financeiro da família.

Portanto, o envelhecimento populacional associado às modificações econômicas e sociais queacompanham a modernização das sociedades tem afetado a constituição das famílias em todo omundo, independentemente do contexto cultural de onde ocorreu este processo de modernização.Essa situação não implicou meramente em modificações na infra-estrutura econômica e de produ-ção, mas também em alterações sociais e psicológicas. Observamos mudanças em todos os âmbi-tos da existência: o ambiente físico, as comunidades onde convivem as pessoas, as formas deconceber o mundo, as maneiras com que se organiza o cotidiano, o significado das atividades desustento, trabalho e controle, as relações familiares e os aspectos íntimos da experiência de cadaindivíduo (Sánchez-Ayéndez, 1994 e 1999).

Pesquisadores e os formuladores de políticas públicas têm expressado preocupação com rela-ção a essas mudanças econômicas e sociais que acompanham a modernização das sociedades,porque essa configuração pode enfraquecer os tradicionais sistemas de apoio para pessoas idosas,dando lugar à expansão do grupo de idosos em situação de risco.

Contudo, a despeito de todas as modificações que a família tem sofrido, alguns investigadoresque se dedicam ao estudo dos determinantes da saúde-doença têm dado grande importância aocontexto social imediato no qual o indivíduo está envolvido, que é a família, ou os co-residentes deum domicílio.

O estudo da família adquire relevância notável na gerontologia social, dado o que os laçosfamiliares supõem para as pessoas de idade avançada.

Considerando-se as dimensões do apoio social informal (apoio emocional, apoio instrumentale apoio de informação) observa-se que o predomínio da família na atenção às pessoas idosas émuito forte. A investigação gerontológica transcultural vem demonstrando essa observação a par-tir da alta prevalência do apoio familiar na vida dos idosos, tanto na vida cotidiana como emmomentos de crise.

Em 1999, Bazo e Onãte, pesquisadoras na área da sociologia do envelhecimento na Espanha,sustentaram que a família não perdeu suas funções principais tradicionais. Ela continua envolvidanos cuidados de saúde, educação, provisão econômica e de bem-estar. O que ocorre nas socieda-des contemporâneas é que a família passou a compartilhar essas funções com as organizaçõesformais. Nesse sentido, sustentam que existe uma necessidade de complementaridade nas socieda-des industriais entre as organizações formais e as redes de grupos primários na hora de alcançardeterminadas metas. A questão é saber de que forma se articulam as relações entre a família,outros grupos primários e as organizações formais com relação a um aspecto que é de crucialimportância na atualidade, como é o cuidado das pessoas idosas incapacitadas e doentes crônicas.Constata-se que, à medida que as estruturas de bem-estar são mais amplas e abarcadoras, a famíliase vê menos envolvida no cuidado e atenção materiais, passando a atuar mais como intermediáriaentre o idoso doente e a administração das instituições.

Na família a interdependência é possível graças ao componente afetivo de suas relações e àgarantia de estabilidade, coesão e equilíbrio derivados do apego que se estabelece. Além disso, afamília como fonte fundamental provedora de apoio ao idoso está intimamente relacionada aodever indiscutível que os filhos têm no que diz respeito ao cuidado dos pais.

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Segundo Hughes e Waite (2002), as relações sociais domiciliares são distintas de todas asoutras relações em quatro importantes aspectos a serem mencionados.

Em primeiro lugar, as relações domiciliares são comumente investidas de normas poderosas,histórias e emoções que caracterizam as relações familiares. Pode-se dizer que as relações familia-res são multidimensionais; a solidariedade familiar desenvolve-se mediante o afeto, trocas, valoresconsensuais, estrutura e associação. De todas as relações sociais, relações familiares são as quesão mais freqüentemente apontadas por serem negativas e prejudiciais ao bem-estar individual, oque reforça a idéia de que relações familiares são também variáveis em qualidade. Em segundolugar, as interações domiciliares são estruturadas pelos papéis sociais do domicílio, muitos osquais são papéis familiares, tal como filho, cônjuge ou pai. As expectativas e obrigações associa-das com papéis familiares são relativamente bem definidos, no mínimo comparados aos papéissociais envolvidos em outras relações sociais, como amigos ou companheiros de trabalho. Essasexpectativas e obrigações ficam salientadas em todo o curso da vida. Em um terceiro aspecto, osmembros de um domicílio são ligados pela economia do domicílio que compreende atividadescotidianas de fazer compras, serviços domésticos e consumo. Em graus variados, os membros deum domicílio contribuem com tempo, trabalho e renda para a economia doméstica. Muitas vezes,a constituição do domicílio está determinada pelas trocas econômicas. A economia do domicílioconecta os indivíduos com a economia mais ampla e é uma importante condutora por meio da qualforças macrossociais afetam os indivíduos. Finalmente, a rotina e natureza repetitivas das trocasentre os membros do domicílio ressaltam a natureza recíproca das relações sociais. Relações so-ciais são transações em que indivíduos, normalmente, dão e recebem apoio. Embora receber apoioseja supostamente benéfico, prover apoio pode significar um custo. A maioria das análises sobreapoio social enfoca “o receber” ou a “disponibilidade de apoio” direcionado para um indivíduo.Entretanto, a reciprocidade entre os membros do domicílio é mais óbvia e é o que potencialmentemais se ressalta para o bem-estar individual.

A literatura sobre apoio social dificilmente enfoca o idoso como cuidador ou provedor deapoio. No entanto, ressaltam Liang e colaboradores (2001) que o idoso faz parte de um elencoonde o seu papel não é somente receber, mas também prover substancial ajuda para os outros.

A propósito desses conhecimentos acerca da dinâmica familiar, podemos salientar algumasconsiderações que têm implicações para o envelhecimento bem-sucedido. Primeiro, encorajar oidoso a adotar o papel de provedor pode ser uma maneira efetiva de reduzir a angústia psicológica,tal como prover apoio mediante atividades voluntariadas e atividades produtivas. Segundo, quan-do a ajuda é oferecida para o idoso, não deve ser excessiva para não resultar em angústia. Ao idosodeve ser dada a chance de reciprocidade. Terceiro, é importante minimizar a interação negativa ereforçar o senso de que o apoio está disponível porque esses dois componentes do apoio parecemter maior efeito do que as trocas sociais reais na influência no bem-estar. Finalmente, a manuten-ção da saúde física é crítica na redução da angústia psicológica. Isso argumenta fortemente parauma abordagem que inclua cuidado com a saúde física bem como com intervenções psicológicas.

Hughes e Waite (2002) teorizam que a percepção que os indivíduos têm sobre o equilíbrio dosrecursos e demandas é que tem conseqüências sobre a saúde dele. Isso significa que a percepçãode que as demandas excedem os recursos pode levar a piores comportamentos de saúde, afetandonegativamente o bem-estar psicológico e ativando respostas de estresse, cujas conseqüências po-dem ser prejudiciais à saúde. Ao contrário, quando os recursos são iguais ou excedem as deman-das das relações domiciliares, tal situação pode beneficiar ou proteger a saúde.

Muitos formuladores de políticas estão estimulando as redes de apoio informal como prove-dores de apoio como uma alternativa aos onerosos serviços formais. Entretanto, como vimos, oapoio informal, dentro das redes sociais dos idosos, é governado também pelo critério da recipro-cidade. Considerando tal ressalva, alguns especialistas postulam que é crucial encorajar os idososa participarem de tarefas de cuidados com membros da sua rede social, especialmente quando eles

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ainda são capazes de prover apoio instrumental e/ou emocional, assim quando estes idosos setornarem mais velhos ou mais fracos em sua capacidade funcional, os seus familiares poderãofornecer apoio a ele, não por causa da obrigação filial, mas devido à reciprocidade no apoio social.

APOIO SOCIAL E SAÚDE: MODELOS EXPLICATIVOS

Os mecanismos mediante os quais o apoio social influencia a saúde ainda não estão suficien-temente esclarecidos. De um lado o modelo do “efeito direto” que postula que o apoio socialfavorece os níveis de saúde, independentemente dos níveis de estresse do indivíduo. Essa explica-ção sugere que seria por intermédio da regulação social de certos hábitos, tais como o fumo e oconsumo de álcool, mediante o fornecimento de informações e recursos adequados relacionadoscom ajuda econômica, cuidados com a casa e meio de transportes e por meio das influências naacessibilidade ao cuidado à saúde e às práticas saudáveis (Berkman e Syme, 1979).

Por outro lado, o modelo do “efeito amortecedor” sustenta que o apoio social protege osindivíduos dos efeitos patogênicos ligados aos eventos estressantes. Esse mecanismo explicativoproposto está relacionado com processos psicobiológicos que influenciam os sistemas neuroendó-crino e imunológico. O apoio social permite aos indivíduos redefinir a situação estressante e en-frentá-la mediante estratégias não estressantes ou que inibam os processos psicopatológicos quepoderiam se desencadear na ausência do apoio social. O apoio social enfraquece ou amortece osefeitos do estresse evitando que os indivíduos definam uma situação como estressante.

É importante mencionar algumas implicações teóricas do modelo do efeito direto. Postula-seque o apoio social tem repercussões sobre o indivíduo, independentemente da presença de estres-se. Implicitamente aceita-se que não há interação entre o estresse e o apoio social. Nessa perspec-tiva, se os outros fatores se mantiverem constantes os indivíduos que diferem em seus níveis deapoio social diferirão, na mesma medida, em seu bem-estar físico e mental, independentemente deque experimentem baixos ou altos níveis de estresse.

IMPORTÂNCIA DAS REDES DE APOIO SOCIAL PARA OS IDOSOS

De fato, do mesmo modo como as redes sociais de apoio influenciam as condições de saúde emortalidade da população em geral, a presença de apoio social tem sido fortemente associada comdesfechos positivos, também para os idosos.

A importância das relações sociais tem sido evidenciada por trabalhos que associam altosescores de satisfação com a vida, melhor estado de saúde subjetiva e objetiva de idosos — impor-tantes preditores de mortalidade — com freqüência de contatos com irmãos (MacCamish-Svens-son, 1999) e com freqüência de contatos com amigos (Pinquart e Sörensen, 2000). Têm-se observadoem população de idosos associação positiva entre redes sociais formadas por grande número deamigos e maiores escores de estado de ânimo (Litwin, 2001) e elevada auto-estima (Lee e Shehan,1989). O efeito protetivo das relações sociais sobre a mortalidade tem sido amplamente reconhe-cido mediante estudos epidemiológicos longitudinais, avaliando essa associação em idosos, reali-zados nos Estados Unidos (Davis, 1997, Yasuda, 1997), na Europa (Shye, 1995, Penninx et al.,1997 e Lund, 2000), Ásia (Ceria, 2001), bem como na África (Rahman, 1999).

Considerando a hipótese de que o suporte social fornecido por amigos e familiares condicionaa maneira como a incapacidade afeta os sintomas depressivos, Wallsten e colaborador (1999),investigaram uma amostra de idosos com variados níveis de incapacidades, vivendo na comunida-de. Os resultados apresentados sugerem que existe uma relação direta entre grau de incapacidadee sintomas depressivos e que o suporte social mitiga o efeito da incapacidade na depressão quandoa rede de apoio é avaliada positivamente pelo idoso. Em outros termos, o cuidado e o interesse noindivíduo incapacitado das pessoas que compõem a rede de apoio pode ser mais importante para a

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saúde mental deste idoso do que a “quantidade” de suporte instrumental, como fornecimentos derefeições, transportes, suprimentos, serviços domésticos diversos etc.

Em 1981, Leaner e Kivett, interessados em investigar variáveis associadas com adequaçãode dietas em idosos, observaram que aqueles que estavam satisfeitos com a freqüência de visitasrecebidas por parentes e amigos registraram menos problemas com suas dietas. Discutem osautores que não se sabe se esta associação está baseada em estimulação social e em concomitan-te aumento no interesse na alimentação ou se há influência de outros fatores não estudados. Ocerto é que a satisfação com visitas recebidas é um importante índice para outros aspectos comoavaliação subjetiva de bem-estar, satisfação com a situação de aposentadoria e sentimento desolidão, fatores que podem afetar o apetite e a dieta. Em 1982, Krondl e colaboradores, autoresconsistentes com esses supostos, evidenciaram, em estudo com pessoas com mais de 65 anos,no Canadá, que aqueles que eram mais ativos fisicamente e socialmente tinham dietas alimenta-res mais diversificadas e adequadas.

Em 1989, McIntosh e colaboradores desenvolveram um estudo para avaliar a relação entre asdimensões do apoio social, estresse, tensão e dieta em 170 pessoas com 65 anos ou mais, amostrade idosos de uma região da Virgínia nos Estados Unidos. Os resultados do estudo sugerem queamplas redes de amigos têm conseqüências positivas no apetite e na ingestão adequada de nutrien-tes, enquanto o estresse financeiro afeta negativamente o apetite e que a falta de apetite afetanegativamente a dieta. A magnitude desses efeitos negativos foi reduzida pelo relacionamentocom amigos, pelo estado conjugal e pela presença de companhia. Além disso, o estudo revelou quepessoas que mantinham relacionamento com amigos tiveram influências mais benéficas para anutrição do que as que viviam somente com cônjuge.

Em síntese, os vários tipos de evidências sugerem que o ambiente social tem importância,porém, seus efeitos sobre a saúde são bastante variados. Uma relativa falta de integração socialpode estar associada a aumento no risco para piores desfechos de saúde; entretanto a qualidade dosvínculos existentes também pode levar a efeitos positivos ou negativos para a saúde. Cada indiví-duo e seu relacionamento dentro de uma rede social representam um sistema dinâmico e comple-xo, portanto não é surpreendente que tal sistema engendre uma complexa relação com desfechosem saúde. Por outro lado, uma clara compreensão das formas que o vínculo social pode influenciara saúde (positiva ou negativamente) é crucial, se o nosso intuito é sermos capazes de delinearintervenções efetivas que visem à melhoria e ao fortalecimento dos aspectos do ambiente socialpara a promoção da saúde.

Na verdade, os mecanismos pelos quais o apoio social pode influenciar qualquer aspectoda saúde física de um indivíduo podem ser bem mais complexos. As pessoas que fornecemapoio podem estimular (ou sabotar) tentativas de um indivíduo para controlar comportamen-tos de comer, beber, fumar ou fazer exercícios físicos; podem monitorar ativamente e regularcertos comportamentos relacionados com a saúde; e podem também encorajar a procurar tra-tamento médico, entre outras possibilidades. Conhecemos, ainda, muito pouco sobre o querealmente os provedores de apoio fazem para encorajar ou sustentar mudanças relacionadascom benefícios à saúde.

Outro ponto que merece ser destacado é que se tem explorado pouco a respeito dos recursosde personalidade que afetam o apoio percebido ou recebido e a integração/isolamento social. Pare-ce razoável supor que indivíduos com altos níveis de auto-estima e domínio também tenham maiorhabilidade social, que por sua vez deve melhorar suas chances de ter um sistema de apoio em dia,e/ou percepção de que o apoio está disponível.

Entretanto estudos mostram que autocontrole e apoio são apenas moderadamente correlacio-nados e que eles são recursos alternativos e funcionalmente equivalentes que diretamente reduzema depressão; um preenche a lacuna se o outro está ausente. Este interessante achado acrescenta

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uma questão a mais: O recurso da personalidade e o recurso do apoio social são suplementares(aditivamente), aumenta (interativamente) ou simplesmente um substitui o outro? Sem dúvida,conhecemos muito pouco sobre como esses recursos interagem, e seus efeitos sobre a saúde físicae mental e, portanto, não temos conclusões definitivas acerca dessas questões (Thoits, 1995).

A despeito das conotações positivas dos conceitos de “integração social” e “apoio social”,nossos vínculos sociais nem sempre têm influências positivas sobre nossas vidas e sobre o nossobem-estar. As condições sob as quais o apoio é recebido pode ser perigoso e/ou não benéfico. Apesquisa de Wortman e Conway (1985), sugere que freqüentemente os piores provedores deapoio são os membros da família, pois são eles próprios afetados ou ameaçados pela crise dapessoa-alvo do apoio. Os provedores de apoio mais efetivos podem ser uma “pessoa semelhan-te”, ou seja, indivíduos que, eles mesmos, foram bem-sucedidos ante a mesma situação estres-sante que o outro está atualmente enfrentando. Isto porque parece mais fácil que o apoio sejaoferecido por um “semelhante” cujas necessidades práticas e emocionais “combinam” com asque a pessoa está precisando.

A hipótese de que tipos de apoio mais eficazes são os que combinam com as necessidades doindivíduo não tem sido definitivamente confirmada até o momento. Entretanto a idéia de “combi-nação” também tem produzido diversos esforços para especificar se fontes de apoio (cônjuge,amigos, colega de trabalho, profissionais) são mais eficazes em proteger dos impactos de certassituações estressantes. Em decorrência disso a preferência dos idosos por diferentes tipos de apoiotem se tornado o foco da atenção de pesquisas gerontológicas. Em 2002, Pinquart e Sörensenobservaram, numa população americana e canadense, que os idosos preferem apoio informal emisto (formal/informal) para necessidades de cuidados em curto prazo e preferem assistência maisformal para necessidades de cuidados de longo prazo. Concluem os autores que, dado os dife-rentes padrões de preferências por assistência informal, formal e mista, é difícil ter uma conclu-são geral para ser direcionada aos serviços oferecidos para todos os idosos. No entanto, a altapreferência por apoio misto indica que: a) apoio formal dever estar disponível e facilmenteacessível em todas as regiões; b) deve ser compatível e facilmente combinável com a utilizaçãode apoio informal. Uma forma de alcançar tal compatibilidade deve ser incrementar a flexibilidadedos serviços oferecidos.

RELAÇÃO ENTRE APOIO SOCIAL E NÍVEL SOCIOECONÔMICO,GÊNERO E IDADE

A maioria dos estudos enfoca o papel do apoio social na determinação dos diferentes níveis desaúde e bem-estar dos indivíduos e alguns poucos investigadores sociais têm voltado seus interes-ses nos determinantes de tais níveis de integração social. A resposta para perguntas tais como“Qual a influência da classe social, do gênero, do estado civil, da idade sobre a distribuição edisponibilidade do apoio social?” é de capital importância se partimos do pressuposto de que ascaracterísticas da estrutura social podem explicar, pelo menos em parte, a disponibilidade diferen-cial de apoio social entre os indivíduos.

Se existe um consenso em relação aos efeitos benéficos do apoio social, os especialistasconcordam também que nem todos têm igual acesso a esse importante recurso e que existemsignificativas variações em natureza e quantidades de apoio social disponível, segundo o ní-vel socioeconômico. Neste aspecto, todavia, a inconsistência dos resultados das investiga-ções é muito grande. Alguns pesquisadores evidenciam que as pessoas pertencentes a classessociais inferiores podem ter redes sociais menos desenvolvidas. Por outro lado, outro corpode pesquisadores sugere que as redes sociais nas classes mais baixas são maiores, e que aque-les que estão em desvantagem econômica recebem apoio significativo de pessoas que lhes sãoimportantes. Kause e Borawski-Clark (1995) afirmam que a principal razão que justifica taiscontradições nos resultados é que o apoio social é um constructo multifacetado que contém

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um número de diferentes dimensões, incluindo a freqüência de contatos com outros, tiposespecíficos de apoio que são intercambiados com outros (apoio percebido ou apoio realmenterecebido) e avaliações subjetivas da adequação das trocas de apoio. Infelizmente, ainda nãoapareceu nenhum estudo que nos proporcione uma visão ampla sobre diferenças nas classessociais por meio de um espectro abrangente de medidas de apoio social. Esta é uma questãoimportante, pois identificar precisamente de onde as diferenças podem emergir é passo impor-tante na compreensão de onde pode aumentar a vulnerabilidade das populações. Além disso,saber onde as diferenças nas classes sociais ocorrem representa um importante ponto de par-tida para estratégias de intervenção com vistas à sustentação e manutenção de sistemas deapoio para aqueles menos afortunados.

Esses autores, então, propuseram um estudo para verificar a existência de diferenças no apoiosocial em classes sociais nas idades mais avançadas, utilizando dados sobre uma ampla bateria demedidas de apoio social para uma abrangente amostra nacional de idosos dos Estados Unidos. Osprincipais achados do estudo sugerem que quanto menor o nível educacional e quanto menor arenda dos idosos menos contato com amigos e familiares, menos apoio eles provêem para osoutros e menos satisfeitos estão com o apoio recebido.

Não existem dados para a explicar por que renda e educação estão relacionadas apenas comesses tipos de apoio, mas, os autores levantam alguns pontos especulando algumas justificativasinteressantes para tais achados. Para ser capaz de prover assistência a outros, o idoso deve obvia-mente ter recursos adequados à disposição. Isto inclui renda e outras situações compatíveis e deveenvolver também ter passado por experiências diversificadas e ter discernimento, produtos quesão freqüentemente associados com níveis educacionais mais altos. Portanto, os idosos de classesmais altas, tendo uma melhor posição para ajudar membros da rede social, podem beneficiar-se,pois ajudar os outros dá a sensação de objetividade e bem-estar e pode promover um senso deindependência que é muito valorizado por eles.

Além disso, os idosos aderem muito mais às normas de reciprocidade e tentam evitar se tornardependente de outros. Ajudar os outros, então, pode auxiliar na manutenção desse senso de equi-líbrio nas trocas sociais. Conseqüentemente, é mais provável que ajudar os outros facilite o desen-volvimento de um senso de satisfação com o apoio que recebem, porque em vez de se sentiremcomo se estivessem dando unilateralmente, eles podem estar mais inclinados a acreditar que elestêm direito a algo e que é um ganho o que é oferecido pelos outros.

Ter os recursos para ajudar os outros pode, também, determinar os tipos de vínculos sociaisque são desenvolvidos e mantidos ao longo da vida. Alguns pesquisadores apontam que enquan-to os vínculos familiares são mantidos por um senso de obrigação, as relações com amigosmantêm-se mais voluntariamente. Conseqüentemente, manter um senso de reciprocidade podeter maior importância para a manutenção de vínculos com amigos do que com membros dafamília. Talvez o idoso de nível social mais elevado tenha contatos com amigos mais freqüente-mente porque ele dispõe de recursos necessários para manter esses vínculos voluntariamente.Por outro lado, isso sugere que a fonte de vulnerabilidade nas classes mais baixas pode serexplicada pela inabilidade daqueles que são menos afortunados para manter relações equilibra-das que são caracterizadas pelo senso de reciprocidade e pelas trocas eqüitativas.

Embora essas considerações sejam bastante plausíveis, alertam os investigadores que essa éuma dentre diversas explicações possíveis e que outras possibilidades teóricas existem.

Considerando a importância de conhecer o impacto das estruturas sociais sobre os processosenvolvidos no apoio social e que existem poucos estudos sobre a distribuição de apoio social napopulação de idosos, utilizaremos os resultados do estudo realizado por Turner e Marino, em1994, com uma população de adultos (18-55 anos), para a discussão da distribuição de apoiosocial segundo estado civil, gênero e idade.

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Esses autores observaram uma clara tendência para as mulheres experienciarem maiores ní-veis de apoio social. Surpreendentemente, essa situação inclui também maiores níveis de apoioprovenientes de colegas de trabalho, a despeito da tendência das mulheres a terem menos ativida-des de trabalho do que os homens, e independente das variações na renda familiar, idade e estadoconjugal. Pode-se dizer que esses achados, considerando o tamanho e a representatividade daamostra empregada, fornecem fortes evidências para uma importante diferença para o gênero naquantidade de apoio social normalmente experienciada.

A relação de gênero e apoio social, em coortes de idosos, foi investigada por Shye e colabora-dores (1995) do ponto de vista da natureza da relação entre apoio social e mortalidade. Os resul-tados sugerem que o tamanho das redes de apoio provê proteção direta para o risco de mortalidade,tanto para homens quanto para mulheres; entretanto, chama a atenção o fato de que os homensganham proteção com menores níveis no tamanho das redes do que as mulheres. Esses achadosconfirmam a necessidade de modelos teóricos de relação entre apoio social e risco de mortalidadedistintos para homens e para mulheres.

Em relação ao estado marital, contrariando as expectativas, Turner e Marino (1994) não evi-denciaram nenhuma diferença importante no apoio social associado a estado civil. Essa situaçãopersiste para todos os tipos ou fontes de apoio social, considerados separadamente, exceto emrelação ao apoio proveniente da família, onde são observadas diferenças significativas favorecen-do os casados, tanto para os homens quanto para as mulheres.

Na verdade, a hipótese de que os casados teriam vantagens sobre os não-casados emrelação aos níveis de apoio surgiu com as considerações de House (1981), citado por Turner eMarino (1994) de que a mínima condição para experienciar apoio social é ter um ou maisrelacionamentos com outras pessoas e, daí, ser casado usualmente define a existência de pelomenos um relacionamento no qual está envolvido “dar” e “receber” apoio social. A partirdisso e tendo como pressuposto que o estado conjugal diferenciaria os níveis do apoio social,alguns investigadores têm empregado o estado conjugal como um indicador completo ou parcialde apoio.

Ao que parece as evidências pendem mais para apoiar a suposição de que indivíduos casadosdesfrutam de maiores níveis de apoio do que os não-casados, sendo necessárias evidênciasadicionais para se tirar conclusões mais concisas.

Os estudos, em geral, reportam um declínio na quantidade e qualidade de redes sociais com oavançar da idade. Turner e Marino (1994), a partir do estudo realizado com a população de adultos(18 a 55 anos), observaram menores níveis de apoio entre as pessoas de 18 a 25 anos e níveis maiselevados para os sujeitos entre 35 e 45 anos. É importante notar que neste estudo, em que tambémforam avaliadas as variações epidemiológicas na saúde mental, foi evidenciado que a distribuiçãode apoio social segundo a idade se aproxima de uma imagem em espelho da distribuição de desor-dens psicológicas. Ou seja, entre os mais jovens (18 a 25 anos) foram observados maiores níveisde depressão e menores níveis de apoio social; por sua vez, verifica-se o contrário nas idadespróximas entre 44 e 55 anos. Essa observação de complementaridade entre as distribuições deidade e apoio social e desordens psicológicas é consistente com a hipótese de que variações naexperiência de apoio social podem explicar, pelo menos parcialmente, as diferenças observadas naocorrência de depressão segundo a idade.

As considerações relativas à distribuição de apoio social segundo nível socioeconômi-co, gênero, idade e estado civil teve como objetivo mostrar que a disponibilidade desteimportante recurso é em parte uma função de condições de vida que varia segundo o statussocial de cada um. Estas informações são importantes para o planejamento e programas deprevenção e intervenção que pretendam reduzir riscos para problemas de saúde mental esaúde em geral.

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A despeito de algumas intervenções em apoio social terem produzido fracos resultados,vários programas de intervenções bem-sucedidas têm sido delineados para prevenir um amploleque de problemas emocionais, comportamentais e cognitivos em adultos e crianças e para apromoção da saúde. Os programas de prevenção bem-sucedidos têm, em geral, algumas ca-racterísticas em comum. Eles têm uma população-alvo de risco, eles provêem educação bemcomo treinamento em habilidades no enfrentamento de situações específicas; eles se baseiamno apoio social não específico, a partir do staff do programa (por exemplo, encorajamento,validação, entusiasmo); como componente-chave alguns tentam fortalecer apoios naturais fa-miliares ou comunitários existentes. Assim, a manipulação do apoio social é uma entre diver-sas características de um efetivo programa de prevenção/promoção de saúde e pode ser quemediante a combinação de apoio social com treinamento e informação que o programa alcanceo sucesso.

A MENSURAÇÃO DO APOIO SOCIAL

Os pesquisadores têm reconhecido que apoio social é um constructo multidimensional comdiferentes tipos ou espécies de apoio social. Entretanto, uma revisão da literatura sobre escalas deapoio social entre idosos sugere que nenhuma é adequada, e que a confiabilidade, validade efatores estruturantes dos instrumentos existentes são desconhecidos. Três questões relativas à men-suração e conceituação do apoio social são particularmente importantes de serem destacadas: con-fusão entre apoio potencial e apoio verdadeiramente recebido; avaliação de variações denecessidades de apoio social nos indivíduos; e identificação de tipos de dimensões de apoio social(Krause e Markides, 1990).

Usualmente, as medidas de apoio social disponíveis são limitadas a informações sobre o esta-do conjugal, composição domiciliar e participação em organizações formais (clubes, igrejas etc.),que, no entanto, não são suficientes para representar o complexo conceito de apoio social.

Não obstante a ausência de um instrumento ideal de mensuração do apoio social, considera-mos oportuna a apresentação de uma escala utilizada por Krause e Borawski-Clark (1995) nainvestigação da relação entre apoio social e classes sociais entre idosos (Tabela 14.1), instrumentoconsiderado abrangente que tenta medir o número máximo de dimensões envolvidas no apoiosocial. Os autores basearam-se no esquema empregado por Barrera (1986) para classificar as di-mensões do apoio social.

O primeiro tipo de indicador, “inserção social” (social embeddedness), avalia o grau em queum indivíduo está socialmente conectado com outros. Esta dimensão é freqüentemente medidapela freqüência de contatos com outros. A segunda dimensão, “apoio realmente recebido” (enac-ted support), afere a quantidade de assistência realmente prestada que foi fornecida pelos mem-bros da rede social. Empregando esse tipo de medida enfoca-se a quantidade de apoios emocionais,instrumentais e de informação que são intercambiadas na rede social.

Outra dimensão contemplada no instrumento, “apoio percebido” (perceived support), cap-tura avaliações subjetivas do apoio, examinando a satisfação com a quantidade de ajuda rece-bida de outros. O instrumento abrange também as interações negativas, uma vez que recentesevidências indicam que o apoio fornecido também pode ser fonte de desprazer ou de trocasnão positivas.

É importante ressaltar que este instrumento é apenas uma tradução livre daquele construídopelos autores antes citados, não tendo sido realizado nenhum trabalho prévio sobre o instrumentoe, portanto, não existem informações acerca da confiabilidade ou validade para a população deidosos brasileiros. Apresentamos apenas a título de exemplificação de um instrumento complexoe multidimensional de mensuração de apoio social, que precisará ser utilizado no dia-a-dia, paraser categorizado como adequado.

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Tabela 14.1Medidas de Apoio Social

Contato com familiaresa

1. Nas duas últimas semanas, com que freqüência você foi visitar a sua família?2. A sua família te visitou?3. Você teve contato por telefone ou por carta com a família?

Contato com amigosa

1. Nas duas últimas semanas, com que freqüência você foi visitar amigos?2. Seus amigos te visitaram?3. Você teve contato por telefone ou por carta com amigos?

Apoio instrumental recebidob

1. Com que freqüência você tem alguém para fornecer algum transporte?2. Alguém se ofereceu para te ajudar a fazer alguma coisa que precisou, como algum trabalho

doméstico ou trabalho pesado?3. Alguém te ajudou a fazer compras?

Apoio emocional recebidob1. Com que freqüência alguém foi conveniente com você (fisicamente) em uma situação

estressante?2. Confortado pela demonstração física de afeto?3. Escutado falar sobre seus sentimentos íntimos?4. Expressou interesse e consideração pelo seu bem-estar?

Apoio de informação recebidob

1. Com que freqüência alguém sugeriu alguma atitude que deveria tomar para intervir numproblema que você estava tendo?

2. Ofereceu alguma informação que fez uma situação difícil tornar-se mais fácil de sercompreendida?

3. Ajudou você a entender por que você não faz bem alguma coisa?4. Contou o que eles fizeram numa situação de estresse que era parecida à que você estava

vivendo?

Apoio instrumental fornecidob

1. Com que freqüência você forneceu algum transporte?2. Ofereceu-se a alguém para fazer alguma coisa que precisava, como algum trabalho

doméstico ou trabalho pesado?3. Ajudou alguém a fazer compras?

Apoio emocional fornecidob

1. Com que freqüência você foi conveniente com alguém (fisicamente) em uma situaçãoestressante?

2. Confortou alguém pela demonstração física de afeto?3. Escutou alguém falar sobre seus sentimentos íntimos?4. Expressou interesse e consideração pelo bem-estar de alguém?

Apoio de informação fornecidob1. Com que freqüência você sugeriu alguma atitude que deveria tomar para intervir num

problema que eles estavam tendo?2. Ofereceu alguma informação que fez uma situação difícil tornar-se mais fácil de ser

compreendida?3. Ajudou alguém a entender por que eles não fazem bem alguma coisa?4. Contou o que você fez numa situação de estresse que era parecida à que eles estavam vivendo?

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Interação negativab

1. Com que freqüência você tem sentido que os outros têm feito demandas em demasia paravocê?

2. Os outros foram críticos com você ou com algo que você fez?3. Aqueles em sua volta tentam espiar sobre seus assuntos pessoais?4. Os outros tiram vantagens de você?

Satisfação com apoio recebidoc

1. Satisfação com apoio instrumental2. Satisfação com apoio emocional3. Satisfação com apoio de informação

a Esses itens foram pontuados da seguinte maneira (código em parênteses): Mais de seis vezes (4); três a seisvezes (3); uma ou duas vezes (2); nenhuma (1).b Esses itens foram pontuados da seguinte maneira (código em parênteses): muito freqüentemente (4); mais oumenos freqüentemente (3); de vez em quando (2); nunca (1).c Esses itens foram pontuados da seguinte maneira (código em parênteses): respondente está satisfeito (1);outra (0).Em todas as dimensões um alto escore indica que o idoso tem uma boa rede de apoio social, com exceção dadimensão da interação negativa que quanto maior o escore pior é a avaliação nesta dimensão.Tradução da Tabela Social Support Measures de Krause e Borawski-Clark, 1995.

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