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PODER JUDICIÁRIO DA UNIÃO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 14ª REGIÃO 2ª VARA DO TRABALHO DE ARIQUEMES Avenida Juscelino Kubitschek, 2351, Setor Institucional, ARIQUEMES - RO - CEP: 76870-046 S E N T E N Ç A PROCESSO Nº 0010715-42.2013.5.14.0031 RECLAMANTE(S): LEONARDO SOUSA NEVES DE OLIVEIRA RECLAMADO(S): EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS I - RELATÓRIO O reclamante ajuizou reclamação trabalhista, assistido pelo sindicato da categoria, em face da reclamada aduzindo, em síntese, ser empregado desta e ter passado por momentos de tensão e humilhação em

Sentença Leonardo sousa neves de oliveira

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PODER JUDICIÁRIO DA UNIÃO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 14ª REGIÃO

2ª VARA DO TRABALHO DE ARIQUEMES

Avenida Juscelino Kubitschek, 2351, Setor Institucional, ARIQUEMES - RO - CEP: 76870-046

S E N T E N Ç A

PROCESSO Nº 0010715-42.2013.5.14.0031

RECLAMANTE(S): LEONARDO SOUSA NEVES DE OLIVEIRA

RECLAMADO(S): EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E

TELEGRAFOS

I - RELATÓRIO

O reclamante ajuizou reclamação trabalhista, assistido pelo

sindicato da categoria, em face da reclamada aduzindo, em síntese, ser

empregado desta e ter passado por momentos de tensão e humilhação em

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razão de assalto na agência onde é lotado, por culpa da reclamada, que não

adota as medidas de segurança necessária para evitar assaltos. Postulou dano

moral, custas, juros. Requereu os benefícios da justiça gratuita e honorários

advocatícios sucumbenciais. Atribuiu à causa o valor de R$50.000,00

(cinquenta mil reais). Juntou documentos.

As partes compareceram à audiência.

Infrutífera a tentativa de conciliação.

A reclamada apresentou contestação escrita. Refutou alegações

do reclamante. Requereu a improcedência dos pedidos. Protestou pela

produção de provas. Juntou documentos.

Na audiência em prosseguimento, a ação foi redistribuída da 1ª

Vara do Trabalho para esta 2ª Vara do Trabalho de Ariquemes.

Procuração ad judicia foi juntada pelo sindicato, outorgando

poderes ao i. Advogado que atua no feito, Num. 529288 - Pág. 1.

O reclamante manifestou-se acerca dos documentos juntados

pela reclamada.

Dispensou-se o depoimento das partes.

Encerrou-se a instrução processual.

Razões finais remissivas.

Inconciliados.

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II - FUNDAMENTAÇÃO

DA LEGITIMIDADE PASSIVA

O reclamado arguiu, em preliminar, ilegitimidade passiva,

alegando que “A responsabilidade pela manutenção da Ordem Pública é

mesmo do Estado, por intermédio das instituições públicas criadas para esse

fim (policiais militar, civil, federal, guarda municipal etc...) segundo o nível

de atuação e competências de cada uma delas. Tergiversar com relação a essa

realidade é negar a vigência de preceitos constitucionais e permitir que o

verdadeiro responsável sinta-se cada vez mais distante do dever de garantir a

Segurança da Coletividade. Em que pese a reclamada ter implementado

instrumentos de segurança nas unidades – alarme, cofre retardo, câmeras -,

assim o faz não porque tenha o dever de propiciar a segurança individual dos

empregados e dos clientes. Garantir a segurança contra meliantes que estão

nas ruas e vielas das cidades é responsabilidade do Estado. A reclamada,

repise-se, não tem competência para agir como instituição criada para garantir

a segurança de pessoas e coisas”. Requereu a extinção do feito sem resolução

do mérito.

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O princípio da asserção informa que a legitimidade deve ser

analisada abstratamente, bastando a indicação do autor de que o réu é o

devedor do direito material postulado.

No caso apreciado, o reclamado é pessoa indicada como

responsável pelos créditos trabalhistas. Portanto, é parte legítima para figurar

no polo passivo da relação processual. A questão de ser ou não responsável

pertence ao fundo do litígio, envolve o mérito da causa, onde receberá

tratamento, por meio de sentença de natureza declaratória ou declaratório

negativa, se for o caso.

Preliminar que se afasta.

DO DANO MORAL. ASSALTO EM BANCO POSTAL

Aduziu o reclamante: “O reclamante é funcionário da Empresa

Brasileira de Correios e Telegráfos lotado na agência situada na cidade de

Alto Paraíso - Rondônia.Quantias em dinheiro foram roubados da agência

onde a reclamante trabalha, por dois homens portando arma de fogo que,

após o roubo, fugiram em uma motocicleta no dia 17.05.2013 – OC.POL.

1169/2013 de ARIQUEMES. O reclamante sofreu abalos psicológicos

decorrente do assalto, uma vez que ficou com a arma apontada diretamente

em sua direção, tudo em face da omissão daempresa em adotar medidas

efetivas de seguraça a seus empregados. Os funcionários na maioria das

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vezes têm seus pertences roubados e são ameaçados durante um roubo.

Diante de tal roubo, o reclamante trabalha inseguro e melindroso, pois a

qualquer momento está sujeito a ser novamente vitimado, temendo pela sua

vida, correndo sério risco de deixar sua família sem assistência. Trata-se de

uma situação de constante perigo, vez que o reclamante continua a exercer as

suas atividades em ambiente sujeito a outros assaltos e sem aparatos de

segurança, justificando, portanto, o seu temor e o abalo psicológico

permanente. Ademais, a ocorrência de vários assaltos durante o contrato de

trabalho não se enquadra na situação de caso fortuito, ou de

responsabilidade exclusiva de terceiros, mas configura a inércia da empresa,

ressaltando que o dever de adoção de medidas de proteção decorre das

atividades exercidas, de risco, e não do enquadramento jurídico ou não da

ECT como instituição financeira.”

Em defesa, a reclamada alegou, em suma, ausência de nexo

causal e a ocorrência de força maior. Aduziu que a responsabilidade civil,

neste caso, deve ser subjetiva, baseada na culpa, e não objetiva, uma vez que

não se trata de atividade de risco. Argumenta que a responsabilidade pela

segurança pública é do Estado.

No caso em apreciação, a responsabilidade civil será analisada

sob o prisma subjetivo, eis que não se trata de caso especificado em lei e a

atividade normalmente desenvolvida pelos Correios, ainda como

correspondente bancário, não implica, por sua natureza, risco para os direitos

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de outrem (parágrafo único do artigo 927 combinado com artigo 186, ambos

do Código Civil).

Destarte, a responsabilidade civil do empregador, no caso de

indenização decorrente de dano moral pressupõe a existência dos seguintes

requisitos: a prática de ato ilícito ou com abuso de direito (culpa ou dolo), o

dano propriamente dito (prejuízo material ou o sofrimento moral) e o nexo

causal entre o ato praticado pelo empregador ou por seus prepostos e o dano

sofrido pelo trabalhador.

É incontroverso que o reclamado é correspondente bancário. A

figura do correspondente bancário foi criada pelo Banco Central do Brasil, por

meio da Resolução nº 2.707, de 30 de março de 2000, a qual facultou aos

bancos a contratação de empresas para o desempenho da função de

correspondente no País, com vistas à ampliação geográfica do Sistema

Financeiro Nacional com a prestação de serviços bancário básicos. Em 04 de

outubro de 2000, o Ministério da Comunicação editou a Portaria nº 588/2000,

em que instituiu o Serviço Financiado Postal Especial, denominado Banco

Postal, para prestar os serviços bancários previstos na citada norma do Banco

Central do Brasil, como instrumento de inserção social, nos municípios

desassistidos de atendimento bancário, por meio de parcerias com instituições

pertencentes ao Sistema Financeiro Nacional.

Não obstante o Banco Postal não se equiparar às instituições

financeiras, ele realiza atividades tipicamente bancárias, entre os quais o

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recebimento de pagamentos relativos a contas de depósito à vista, a prazo e de

poupança, entre outros recebimentos, conforme contratos de prestação de

serviços anexados aos autos .

Evidentemente, com o contrato de prestação de serviços como

correspondente bancário, aumentou consideravelmente o fluxo monetário nas

Agências dos Correios em que funciona o Banco Postal. Fato que, fatalmente,

atrai a ação dos assaltantes.

É incontroverso nos autos que a agência dos correios, local de

trabalho do reclamante foi assaltada por elementos armados; fato confirmado

pelo boletim de ocorrência anexado aos autos.

Notório o fato de que o interior de Rondônia, especialmente a

região de Ariquemes e cidades circunvizinhas, uma delas Alto Paraíso, onde

ocorreu o assalto, registra alto índice de criminalidade, inclusive com assaltos

a bancos.

Deste modo, a agência do Banco Postal onde o reclamante

trabalha trata-se de alvo fácil aos assaltantes, eis que não possui dispositivos

de segurança mínimo para impedir ou dificultar a ação dos criminosos.

Cabe ao empregador zelar pela segurança no local de trabalho,

na forma do artigo 157 da CLT.

Considerando que não há lei especifica quanto à segurança nos

Bancos Postais ou correspondentes bancários, deve ser aplicada, por analogia,

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a Lei 7.102/1983, que dispõe sobre a segurança para estabelecimentos

bancários, conforme autoriza o artigo 8º da CLT.

Dispõe a Lei 7.102/83:

Art. 1º É vedado o funcionamento de qualquer estabelecimento

financeiro onde haja guarda de valores ou movimentação de numerário,

que não possua sistema de segurança com parecer favorável à sua

aprovação, elaborado pelo Ministério da Justiça, na forma desta lei.

(Redação dada pela Lei 9.017, de 1995) (Vide art. 16 da Lei 9.017, de

1995)

§ 1o Os estabelecimentos financeiros referidos neste artigo

compreendem bancos oficiais ou privados, caixas econômicas,

sociedades de crédito, associações de poupança, suas agências, postos de

atendimento, subagências e seções, assim como as cooperativas

singulares de crédito e suas respectivas dependências. (Renumerado do

parágrafo único com nova redação, pela Lei nº 11.718, de 2008)

§ 2o O Poder Executivo estabelecerá, considerando a reduzida circulação

financeira, requisitos próprios de segurança para as cooperativas

singulares de crédito e suas dependências que contemplem, entre outros,

os seguintes procedimentos: (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

I – dispensa de sistema de segurança para o estabelecimento de

cooperativa singular de crédito que se situe dentro de qualquer edificação

que possua estrutura de segurança instalada em conformidade com o art.

2o desta Lei; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

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II – necessidade de elaboração e aprovação de apenas um único plano de

segurança por cooperativa singular de crédito, desde que detalhadas todas

as suas dependências; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

III – dispensa de contratação de vigilantes, caso isso inviabilize

economicamente a existência do estabelecimento. (Incluído pela Lei nº

11.718, de 2008)

§ 3o Os processos administrativos em curso no âmbito do Departamento

de Polícia Federal observarão os requisitos próprios de segurança para as

cooperativas singulares de crédito e suas dependências. (Incluído pela

Lei nº 11.718, de 2008)

Art. 2º - O sistema de segurança referido no artigo anterior inclui pessoas

adequadamente preparadas, assim chamadas vigilantes; alarme capaz de

permitir, com segurança, comunicação entre o estabelecimento financeiro

e outro da mesma instituição, empresa de vigilância ou órgão policial

mais próximo; e, pelo menos, mais um dos seguintes dispositivos:

I - equipamentos elétricos, eletrônicos e de filmagens que possibilitem a

identificação dos assaltantes;

II - artefatos que retardem a ação dos criminosos, permitindo sua

perseguição, identificação ou captura; e

III - cabina blindada com permanência ininterrupta de vigilante durante o

expediente para o público e enquanto houver movimentação de

numerário no interior do estabelecimento.

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Com efeito, conclui-se que o reclamado age de forma negligente,

ao não adotar medidas mínimas de segurança previstas na Lei 7.102/83.

Configurada, portanto, a culpa do reclamado, quanto à ocorrência de assaltos

na agência, local de trabalho da reclamante, e aos danos decorrentes.

No que concerne ao dano moral, evidentemente que ser vítima

de assalto, em qualquer lugar, gera abalo emocional, ainda que momentâneo, e

viver com o constante temor de, a qualquer momento, sofrer nova violência,

por trabalhar em ambiente inseguro, propício a assaltos, agrava o estado

emocional do indivíduo, causando danos de natureza moral.

No caso dos autos, verifica-se a presença de todos os requisitos,

uma vez que houve dano moral decorrente de violência psíquica no local de

trabalho; culpa da reclamada, posto que negligencia na segurança do local de

trabalho; e nexo de causalidade entre o ato culposo e o dano experimentado

pela obreira.

Diante disso, com base no artigo 186 combinado com o artigo

927 do Código Civil, defiro o pedido de indenização por dano moral, no

valor de R$ 10.000,00.

O valor arbitrado teve em conta:

1- o grau de culpa da reclamada, que deve ser considerada

moderada, visto que, mesmo com a adoção de medidas de segurança previstas

na Lei 7.102/83, o fato poderia ter ocorrido.

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2- o princípio do risco da atividade, segundo o qual o dano

decorrente do acidente do trabalho deve ser suportado pelo empregador, na

medida de sua participação no evento danoso;

3- a medida educativa e repreensiva da atitude da reclamada, que

deveria ter sido mais diligente no sentido de prevenir e evitar o ocorrido,

devendo o valor ser suficiente para desestimular a conduta omissiva ou

comissiva da reclamada;

4- a condição de empresa pública da reclamada;

5- o sofrimento da vítima que passou por assalto, conforme

inicial e B.O., e exposição à ambiente inseguro.

DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

A assistência judiciária gratuita tem sede na Lei 1.060/50, que

prevê o requisito para o direito ao benefício, qual seja, a afirmação de que não

está em condições de pagar as despesas do processo sem prejuízo próprio ou

da família.

“In casu”, o reclamante requereu, nos termos da lei os benefícios

da justiça gratuita.

Defiro, consoante autorização do artigo 790, § 3º, da CLT.

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DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Considerando que o reclamante está assistida pelo sindicato da

categoria e declarou não ter condições de suportar as custas processuais e

despesas do processo, defiro o pedido de honorários advocatícios

sucumbenciais no percentual de 15% sobre o valor da condenação, na forma

da Súmula 219, I, do C. TST.

DO IRRF E INSS

Tratando-se de parcela de natureza indenizatória, não há

incidência de imposto de renda e contribuição previdenciária.

DOS JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA

Juros e correção monetária na forma da Súmula 439 do c. TST,

que dispõe in verbis:

DANOS MORAIS. JUROS DE MORA E ATUALIZAÇÃO

MONETÁRIA. TERMO INICIAL - Res. 185/2012, DEJT

divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

Nas condenações por dano moral, a atualização monetária é

devida a partir da data da decisão de arbitramento ou de alteração

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do valor. Os juros incidem desde o ajuizamento da ação, nos

termos do art. 883 da CLT.

Aplicam-se a EBCT juros de 0,5% ao mês, conforme determina

o art. 1º - F da Lei nº 9.494, de 10.09.1997, introduzido pela Medida

Provisória nº 2.180-35, de 24.08.2001.

O Supremo Tribunal Federal vem firmando o entendimento de

que o artigo 12 do Decreto-Lei nº 509/69 foi recepcionado pela Constituição

Federal. Assim, a EBCT goza dos privilégios da Fazenda Pública, tendo

direito à execução de seus débitos trabalhistas pelo regime de precatórios,

isenção de custas processuais e não exigência de depósito recursal.

III - CONCLUSÃO

Diante do exposto, nos termos e limites da fundamentação,

que passa a integrar este decisum, na ação ajuizada por LEONARDO

SOUSA NEVES DE OLIVEIRA, reclamante, em face de EMPRESA

BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS, reclamada, DECIDO:

1) Rejeitar a preliminar de ilegitimidade de parte.

2) Acolher parcialmente os pedidos formulados na inicial,

rejeitando os demais, para condenar a reclamada a pagar à reclamante

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indenização por dano moral, no importe de R$10.000,00, e honorários

advocatícios sucumbenciais no valor de R$1.500,00;

3) Conceder os benefícios da assistência judiciária gratuita ao

reclamante.

Juros e correção monetária na forma da Súmula 439 do c. TST.

Custas, pela reclamada, no importe de R$230,00, calculadas

sobre o valor de R$11.500,00, provisoriamente arbitrado à condenação, das

quais fica sento na forma da lei (artigo 790-A da CLT c/c artigo 12 do

Decreto-Lei nº 509/69).

Cientes as partes, nos termos da Súmula 197 c/c a Súmula 30,

ambas do c. TST.

Registro feriado regimental e nacional (Semana Santa e Tiradentes), no

período de 16 a 21 de abril de 2014.

Ariquemes, 18.04.2014.

CLEIDE APARECIDA BARBOSA SANTINI

Juíza Titular da 2ª Vara do Trabalho de Ariquemes

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Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a:

[CLEIDE APARECIDA BARBOSA SANTINI]

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