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Represas de Areia: Princípios e Propósitos . .
Mennonite Central Committee – Moçambique, 2010
O que é uma “represa de areia”?
Represas de areia, ou de armazenamento de água na
areia, são barreiras construídas transversalmente aos
rios de regime periódico ou sazonal, tipicamente de
betão reforçado ou pedra arrumada. Colectam e retêm
água e areia, criando aquíferos permanentes ou semi-
permanentes e fontes de água para as pessoas,
animais e
agricultura de
pequena escala.
Com o passar
do tempo,
represas de
areia elevam o
nível do lençol freático local a montante e a jusante da
estrutura, fazendo possíveis métodos melhorados para
extracção da água e criando um ambiente melhorado
para as plantas e animais. Represas de areia são uma
solução de captação de chuvas de muito baixo custo,
devido ao alto nível de envolvimento da comunidade
na sua construção, manutenção mínima e longa vida. O
estabelecimento destas fontes pode mudar a vida em
áreas quentes e secas, e represas de areia provêem
uma forma importante de adaptação em face de
mudanças climáticas e a crescente variabilidade de
chuvas.
Como implica o nome, a acumulação de areia é um
componente fundamental da tecnologia, e a água é
coleccionada e armazenada nos espaços entre os grãos
de areia. Enquanto isto parece contraproducente e
indesejável, a areia é de facto bastante útil,
protegendo a água retida contra evaporação, vectores
transportadores de doenças como mosquitos, e
reduzindo a contaminação devida ao acesso animal e
humano. Apesar do facto de que pode ser invisível na
superfície, ate 40% do volume do reservatório atrás de
uma represa de areia consiste em água, com um sítio
típico retendo entre 2-10 milhões de litros. Uma
represa construída num rio sazonal sem areia acumula
lodo e lama, materiais com pouca capacidade de
armazenamento de água.
Onde originaram as represas de areia?
Represas de areia foram construídas e usadas em áreas
semi-áridas do mundo ao longo dos séculos, inclusive
locais na Africa, América do Norte e Sul, Asia, e no
Médio Oriente. As suas raízes recentes no âmbito de
desenvolvimento comunitário podem ser localizadas
em Kenya, onde as primeiras represas foram
construídas pela Direcção Africana do
Desenvolvimento de Terra (ALDEV) entre 1954 e a
independência do país em 1964. A tecnologia é
actualmente usada em muitos países de Africa Austral,
inclusive Moçambique, Zimbabwe, Africa do Sul,
Angola e Botswana, mas permanece uma das soluções
mais apropriadas e menos utilizadas para conservação
de água nas áreas semi-áridas.
Como é que as represas funcionam?
Água das chuvas que desaba a montante da represa
escorre para o leito fluvial, e o rio começa a fluir, com
transcurso de água pela e sobre a areia. A força da
corrente transporta quantidades significantes de
sedimentos, e somente as partículas maiores caiem no
fundo quando o rio reduz a velocidade ao aproximar a
represa. Areia e água são coleccionadas a montante da
represa até que o nível da água chegue no topo da
estrutura, em que
ponto o rio
continua a fluir
normalmente por
cima do leito da
represa, levando o
lodo fino e lama. A
água fica
armazenada na
areia saturada a
montante depois que a chuva para, e esta água
frequentemente dura ao longo da estação seca,
dependendo das condições e a taxa de extracção. Esta
água pode ser acessada por uma variedade de
métodos, o mais simples tal como o uso de poços
tradicionais na areia ou buracos cavados a mão.
Participantes nas comunidades frequentemente abrem
hortas ou machambas nas margens a montante da
Mulher tirando água num buraco
Rio a transbordar sobre uma represa de areia
www.mcc.org
Comunidade elevando o leito da represa
represa, com cada família abrindo um ponto de acesso
à água perto da sua machamba.
Tipicamente, represas de areia são construídas em
fases para evitar a retenção de lodo fino, com
aumentos (0.5-1.5m/ano) da altura do leito.
Geralmente leva entre três a sete anos para a represa
ficar “madura” – cheia de areia e água com margens
humedecidas e estáveis. Durante este período, o nível
local do lençol freático sobe, permitindo o uso de furos
ou poços cobertos para fornecimento de água potável.
As estruturas tem o maior impacto quando são
combinadas com outros métodos de captação,
infiltração e conservação de água, como o uso de
terraços ou linhas de contorno, agricultura de
conservação, e plantio de árvores, tudo do quanto
pode ser feito na machamba e nas terras ao redor da
bacia do rio. Estes ajudam minimizar o escoamento
superficial e melhorar a infiltração e armazenamento
de água nos solos circunvizinhos.
Onde é que as represas são apropriadas?
Represas de areia são apropriadas somente em rios
razoavelmente estreitos e sazonais. Outros factores
importantes que constituem um bom local para uma
represa de areia incluem:
• A presença de rocha ou argila impermeável
debaixo da areia: Para que a água seja retida pela
represa, não pode ser permitida passar através
dos materiais por baixo da estrutura.
• Grãos maiores de areia no leito fluvial:
Reservatórios com grãos maiores de areia
conseguem reter mais água utilizável que esses
com materiais mais finas, e permitem uma taxa
de extracção mais alta (rápida).
• Declive apropriado do rio: Existe um equilíbrio
entre o alto transporte de areia (encontrado em
rios com declives acentuados) e uma capacidade
acrescentada do reservatório (encontrado em rios
com pequenos declives), e é recomendado um
gradiente entre 0.2-4%.
• Margens altas, preferivelmente de rocha: A altura
final do leito da represa (e a quantidade da água
retida) é limitada pela altura das margens e o
fluxo do rio, e a presença de rocha minimiza os
materiais requeridos e a filtração subterrânea,
enquanto acrescenta força às fundações da
represa.
• Bom fluxo de base: Fluxo de base, ou uma
quantidade pequena de água que continua fluir
debaixo da superfície da areia na estação seca,
ajudará reabastecer a água no reservatório
enquanto está a ser usada.
• Ambiente apropriado: Isto sempre inclui
comunidades organizadas e motivadas e
dependendo do propósito específico, também
pode incluir boas terras para a agricultura perto
da represa ou a presença de gado.
O que é que está sendo feito com estas represas em
Moçambique?
Represas de areia foram introduzidas no país em 2007,
quando o Conselho Cristão de Mozambique (CCM)
iniciou projectos de
represas de areia e
segurança alimentar
na província de
Manica em parceria
com a Mennonite
Central Committee
(MCC) e Canadian
Foodgrains Bank
(CFGB), depois de uma visita de aprendizagem ao
Quénia. CCM iniciou um projecto semelhante na
provincial de Tete em 2008, também focalizado na
produção de alimentos. Até Março de 2010, vinte e
cinco represas foram completadas nas duas províncias,
e mais dez se esperam até ao final do ano. CCM
planeja expandir o trabalho das represas de areia para
outras províncias, com apoio de vários parceiros.
Recursos:
“A Practical Guide to Sand Dam Implementation”. RAIN Foundation. 2008. www.rainfoundation.org www.excellentdevelopment.com www.sanddam.org
Para mais informação:
Conselho Cristão de Mozambique
CCM-Manica, [email protected], tel. 825.771.450.
CCM-Tete [email protected], tel. 828.717.180.
CCM-Central [email protected], tel. 21.302.583.
ou Mennonite Central Committee em Moçambique
[email protected], tel. 23.329.251.
www.mcc.org