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DIREITO PENAL II Professor Dr. Urbano Félix Pugliese Efeitos da Condenação

Direito penal ii efeitos da condenação

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DIREITO PENAL IIProfessor Dr. Urbano Félix Pugliese

Efeitos da Condenação

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Base Cognitiva: A condenação só existe, juridicamente falando, quando há um documento, já transitado em julgado (sem possibilidade de recurso) indicando o fim do processo crime (pressuposto); Toda condenação (mesmo antes do próprio fim) gera EFEITOS diversos nas vidas das pessoas; Os efeitos podem ser de inúmeras ordens: 1)Jurídicas: penais (cumprimento da pena, restrições e extinções de institutos jurídico-penais) e extra-penais (administrativa, civil, trabalhista, constitucional, registral e muitas outras).

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Base Cognitiva: 2) Não somente jurídicas: Social (trabalho, família, amigos, escola), psicológica, física e tantas outras (Discussão criminológica: talvez, sejam os efeitos mais importantes nas vidas das pessoas); Pergunta: A sentença penal que indica uma Medida de Segurança dá azo aos efeitos da condenação? Caso haja condenação, a resposta é positiva: Semi-imputáveis “não perigosos”; e Caso haja absolvição imprópria, a resposta é negativa: Semi-imputáveis “perigosos”.

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Divisão dos efeitos jurídicos: Divisão arbitrária: Principais (diretos, imediatos): a) A doutrina só fala dos penais: A imposição da Pena ou Medida de Segurança (talvez haja a discussão criminológica do que seja principal e secundário na vida das pessoas); e Secundários (reflexos, mediatos, acessórios, indiretos): a) Penais; e b) Extra-penais (genéricos e específicos).

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Efeitos jurídicos secundários penais: a) Reincidência (CP: Arts. 63 e 64); b) Maus antecedentes (CP: Art. 59); c) Regime de pena a ser cumprido (CP: Art. 33, § 2º.); e d) Revogação, ampliação de prazo, interrupção, suspensão, não aplicação de institutos (sursis, livramento condicional, reabilitação, prescrição, fiança, penas alternativas, transação penal e suspensão condicional do processo (9.099/95)). Rol dos culpados?

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Efeitos jurídicos secundários extra penais: A) Genéricos – CP: Art. 91 (automáticos, a motivação precisa existir porém, sem especificidades): CF: Art. 93, IX: todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;

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Efeitos jurídicos secundários extra penais: A) Genéricos – CP: Art. 91 (automáticos, a motivação precisa existir porém, sem especificidades): Art. 91 - São efeitos da condenação:I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; Todo dano causado pelo crime deve ser indenizado (é a famosa ação civil ex delicte ou ex delicto [ação civil pela razão de ter ocorrido um crime]).

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Normas Processuais por conta do delito O juiz deve indicar, na sentença, o mínimo indenizatório: CPP: Art. 387.  O juiz, ao proferir sentença condenatória: IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; CPC: Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: II – a sentença penal condenatória transitada em julgado; eO patrimônio do agente do delito deve arcar com o a indenização: Art. 5º., XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.

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Normas processuais: CPP: Art. 63.  Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros. Parágrafo único.  Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido.        Art. 64.  Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil.        Parágrafo único.  Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, até o julgamento definitivo daquela.       

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Normas processuais:        Art. 65.  Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.        Art. 66.  Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato.        Art. 67.  Não impedirão igualmente a propositura da ação civil: I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação; II - a decisão que julgar extinta a punibilidade; III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime.

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Normas processuais: CPP: Art. 68.  Quando o titular do direito à

reparação do dano for pobre (art. 32, §§ 1o e 2o), a execução da sentença condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público;

E a Defensoria Pública, segundo a CF/88? Resposta: Será a DP e somente o MP quando não houver DP no estado membro com capacidade de cumprir a CR; e

Para o STJ é preciso haver pedido formal para que o juiz possa arbitrar o valor mínimo.

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Confisco: A) Genéricos – CP: Art. 91 II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé:a) dos instrumentos do crime (e contravenção? Também é abrangida), desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.

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Confisco: Conceito: Perda de bens de natureza ilícita em favor da União (Fundo Penitenciário Nacional). Finalidade: a) Impedir a difusão das coisas ilícitas; e b) Impedir o enriquecimento ilícito dos agentes do delito; Perda dos (a) instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; e (b) Produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua (c) proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.

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Instrumentos do crime: Conceito: Coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito (instrumenta sceleris);

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Produto e proveito do crime: Conceitos: A) Produto do crime (producta sceleris): Vantagem direta obtida com o delito; eB) Proveito do crime: vantagem indireta obtida com o delito.

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Normas novas (art. 91):§ 1º.  Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito do crime quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior. § 2º. Na hipótese do § 1º., as medidas assecuratórias previstas na legislação processual poderão abranger bens ou valores equivalentes do investigado ou acusado para posterior decretação de perda. 

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Arresto e sequestro: Natureza jurídica: Medidas assecuratórias da possível indenização por conta do delito; Conceito: a) Sequestro: CPP: Art. 125.  Caberá o sequestro dos bens imóveis (móveis também), adquiridos pelo indiciado com os proventos da infração, ainda que já tenham sido transferidos a terceiro. Art. 133.  Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz, de ofício ou a requerimento do interessado, determinará a avaliação e a venda dos bens em leilão público. Parágrafo único.  Do dinheiro apurado, será recolhido ao Tesouro Nacional o que não couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé.

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Arresto e sequestro: Conceito: b) Arresto: Medida assecuratória de bens lícitos do agente do delito no afã de pagamento de indenização (à vítima ou ao Estado), móveis e imóveis; e Há, ainda, a hipoteca legal de bens imóveis do agente do delito, medida cautelar para garantir o pagamento de uma futura indenização, custas processuais e despesas com o processo (ou mesmo a investigação). Além, da apreensão de coisas para a fluidez do processo.

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Efeitos jurídicos secundários extra penais: B) Específicos - CP: Art. 92 (não automáticos, só são aplicados em crimes correlacionados, expressa motivação no sentido do porquê haver a aplicação):

Art. 92 - São também efeitos da condenação: I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo (perde para sempre?; de ou da função pública? Da função.):

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Efeitos jurídicos secundários extra penais: Cargo: “São as mais simples e indivisíveis unidades de competência a serem expressadas por um agente, previstas em número certo, com denominação própria, retribuídas por pessoas jurídicas de direito público e criadas por lei” Celso Antonio Bandeira de Mello; ex. professor, Promotor de Justiça, Juiz de Direito; e Função pública: exercida no interesse da administração pública; ex. jurado, mesário.

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Efeitos jurídicos secundários extra penais: Mandato eletivo: Conquistado pelo voto popular, tempo certo de duração, podendo ser renovado ou não; Federal: Presidente, Vice-Presidente; Senadores; Deputados Federais;Estadual: Governador, Vice-governador, Deputados Estaduais; eMunicipal: Prefeito, Vice-prefeito e Vereadores.

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Efeitos jurídicos secundários extra penais:Cuidado: Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: § 2º - Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por voto secreto e maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.

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Efeitos jurídicos secundários extra penais:

CR: Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;Exceto: Art. 55, § 2º ; Não pode votar e ser votado, fazer iniciativa popular, ação popular, participar de partidos políticos e ser diplomado; e Ficha limpa: oito anos de inelegibilidade após o cumprimento da condenação.

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Efeitos jurídicos secundários extra penais:

a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; e Com a perda não poderá mais exercê-lo, nem mesmo reabilitado (pode fazer novo concurso público).

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Efeitos jurídicos secundários extra penais:

b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos; e Não precisa haver relação do crime com o exercício do cargo/função.

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Efeitos jurídicos secundários extra penais:Art. 92 - São também efeitos da condenação: II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado (para sempre? Sim. E dos outros filhos? Não.); III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso.  Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença.

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Outros efeitos da condenação: art. 12, II, b da CF: São brasileiro: II Naturalizados: b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira Art. 15, III da CF: É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos (votar e ser votado; automático);

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Outros efeitos da condenação: Art. 482, “d” da CLT: Constituem justa causa

para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador: d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena.

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Outros efeitos da condenação: Art. 83 da 8.666/93 (Lei de licitações): Art. 83.  Os

crimes definidos nesta Lei, ainda que simplesmente tentados, sujeitam os seus autores, quando servidores públicos, além das sanções penais, à perda do cargo, emprego, função ou mandato eletivo.

Art. 181, I a II da lei n. 11.101/05 (Lei de falências): Art. 181. São efeitos da condenação por crime previsto nesta Lei:

        I – a inabilitação para o exercício de atividade empresarial; e

        II – o impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de administração, diretoria ou gerência das sociedades sujeitas a esta Lei.

       

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Outros efeitos: Art. 181, I a II da lei n. 11.101/05: Art. 181. São

efeitos da condenação por crime previsto nesta Lei: III – a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócio. § 1º. Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença, e perdurarão até 5 (cinco) anos após a extinção da punibilidade, podendo, contudo, cessar antes pela reabilitação penal. § 2º. Transitada em julgado a sentença penal condenatória, será notificado o Registro Público de Empresas para que tome as medidas necessárias para impedir novo registro em nome dos inabilitados.

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Outros efeitos da condenação:Art. 1. § 5º. da lei 9.455/97 (Lei de Tortura): § 5º A

condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

Art. 63, caput e § 1 da 11.343/06 (Lei de tóxicos): Art. 63.  Ao proferir a sentença de mérito, o juiz decidirá sobre o perdimento do produto, bem ou valor apreendido, seqüestrado ou declarado indisponível.

§ 1o  Os valores apreendidos em decorrência dos crimes tipificados nesta Lei e que não forem objeto de tutela cautelar, após decretado o seu perdimento em favor da União, serão revertidos diretamente ao Funad.

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Outros efeitos da condenação:Art. 16 e 18 da lei n. 7.716/89 (Lei de crimes

raciais): Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou função pública, para o servidor público, e a suspensão do funcionamento do estabelecimento particular por prazo não superior a três meses.

Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença.

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Outros efeitos: Art. 218 – B, § 3º.: Art. 218-B.  Submeter,

induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. § 1o  Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. 

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Outros efeitos: Art. 218 – B, § 3º.:§ 2o  Incorre nas mesmas penas: I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato

libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo;  II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo.  § 3o  Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento

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Outros efeitos: CPP: 530-G: Art. 530-G. O juiz, ao prolatar a

sentença condenatória, poderá determinar a destruição dos bens ilicitamente produzidos ou reproduzidos e o perdimento dos equipamentos apreendidos, desde que precipuamente destinados à produção e reprodução dos bens, em favor da Fazenda Nacional, que deverá destruí-los ou doá-los aos Estados, Municípios e Distrito Federal, a instituições públicas de ensino e pesquisa ou de assistência social, bem como incorporá-los, por economia ou interesse público, ao patrimônio da União, que não poderão retorná-los aos canais de comércio