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Organização Pública e Privada do Desporto (2ª Aula) Prof. Doutor Rui Teixeira Santos Pós-Graduação em Direito Desportivo Universidade Autónoma de Lisboa 8 de Outubro de 2016

Organização Pública e Privada do Desporto (Direito Público Desportivo) - 2ª aula: Os apoios ao desporto profissional (Universidade Autónoma de Lisboa, Pós-Graduação em Direito

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Organização Pública e Privada do Desporto (2ª Aula)

Prof. Doutor Rui Teixeira SantosPós-Graduação em Direito DesportivoUniversidade Autónoma de Lisboa8 de Outubro de 2016

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História do desporto:

Desde a rejeição até à aceitação do desporto profissional:• Desporto para elites• Massificação• Direito social• Desporto profissional com apoios públicos

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Estado não pode financiar o desportoi profissional

• A distinção entre Público e Privado é particularmente relevante no desporto profissional, estando nos termos da Lei de Bases da Actividade Física e Desportiva o Estado (administração central, regional e local) impedido de o financiar diretamente enquanto actividade.

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intervenção pública

• A intervenção pública no desporto profissional processa-se ao nível político, financeiro e regulativo,

• Os principais operadores são os praticantes desportivos profissionais, cujo estatuto social e fiscal se materializa sob diferentes formas.

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Contexto organizativo

O contexto organizativo do desporto profissional desenrola-se a dois níveis: • 1- O das estruturas de acolhimento do desporto

profissional, designadamente as sociedades desportivas e, os clubes em regime especial de gestão

• 2 - O da estrutura de gestão das competiçoes profissionais a ser assumido pela liga profissional integrada na respectiva federação desportiva.

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Competição profissional

• A competição desportiva profissional apresenta-se como a competição mais oficial no contexto desportivo, marcadamente publicizada e a ser o elemento central da dinamica jurídica em torno do desporto profissional.

• De facto, o regime jurídico do desporto profissional é dotado de coerencia e unidade jurídica, afigura-se consolidado e revela uma dupla especificidade, isto é, apresenta especificidades em relação ao Direito em comum e especificidades em relação do Direito do Desporto.

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• O desporto profissional, cada vez mais relacionado com realidades e designaçoes tais como: contratos de patrocínio e sponsorisação, direitos de imagem e direitos de informação, títulos e cotaçoes bolsistas, sançoes por dopagem e indisciplina, rescisoes contratuais, sociedades anónimas desportivas, regulamento de transferencias, corrupção passiva ou activa do agente desportivo, entre muitas outras, tornou-se, por varias razoes, o centro do direito desportivo.

• Mas nem sempre assim foi. • Vejamos a evolução, seguindo o texto da exposição histórica da

dissertação apresentada às provas de doutoramento no ramo de Ciencia do Desporto na Universidade do Porto da Doutora Maria José Carvalho, sob o tema “Os Elementos Estruturantes do Regime Jurídico do Desporto Profissional em Portugal” (Porto,2007) com as atualizaçoes convenientes:

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Começo do desporto profissional moderno

• Aparecem a partir de 1860, importantes organizaçoes desportivas privadas com destaque para a criação da primeira federação inglesa, a Football Association em 1863. E ainda que estranhemos, ja nos finais de 1880 o futebol tinha emergido em Inglaterra como um espectaculo comercial jogado por atletas profissionais num quadro competitivo regular

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Portugal: Ciclismo

• Focando a nossa atenção no desporto profissional, apenas em 1960 o legislador portugues reconheceu explicitamente este subsistema desportivo, nas modalidades de ciclismo, pugilismo e futebol,

• Porventura tera sido no ciclismo que o profissionalismo teve uma expressão mais rapida após a introdução desta modalidade entre nós, tendo sido JOSE BENTO PESSOA (1874-1954) a primeira grande figura da velocipedia portuguesa que optou pelo profissionalismo e por uma carreira internacional, ainda nos finais do século XIX.

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Pugilismo

• Em Portugal, a pratica da chamada “nobre arte”, o Pugilismo, embora ja anteriormente cultivada, pode dizer-se que só a partir de 1913 ensaiou entre nós voos seguros, sendo SILVA RUIVO o primeiro a abraçar o profissionalismo.

• Praticado inicialmente por núcleos de amadores do Ateneu Comercial de Lisboa e Ginasio Clube Portugues, o pugilismo conheceu no Campo Pequeno, segundo uns em 1909, segundo outros em 1910 o primeiro combate de profissionais estrangeiros.

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Futebol

• Actividade desportiva à qual se associou sempre o profissionalismo foi o futebol, no entanto a sua história apenas evidencia essa associação de forma plena e íntima nos finais da década de 50.

• A partir de finais do século XIX e com maior pendor nas primeiras duas décadas do século XX assistiu-se ao germinar das organizaçoes desportivas que seriam mais emblematicas e com responsabilidades organizativas no futebol.

• Seguidamente, nas décadas de 20 e 30, concretizou-se a organização e estabilização de uma competição nacional, primeiro através do Campeonato de Portugal, depois através do Campeonato da I Liga, que chegaram a coexistir durante quatro épocas desportivas e finalmente com os Campeonatos Nacionais da I e II divisoes

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• Se os autores convergem no entendimento de que o desporto moderno “surgiu como uma emanação e expressão fidedignas dos princípios basicos da sociedade industrial, contando-se, entre eles, como referencia cimeira e estruturante, o princípio do alto rendimento”, é também um dado adquirido que a mentalidade daqueles que começaram a dar corpo a este desporto assentou primordialmente numa dimensão amadora da pratica desportiva. Assim, numa primeira fase, era uma classe burguesa e aristocratica, que vivia dos seus rendimentos próprios ou exercia uma dada actividade profissional, que se deleitava com uma determinada actividade desportiva e da qual não usufruía qualquer prémio em dinheiro ou espécie, quer como praticante, professor ou monitor de exercícios físicos.

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• MICHEL CAILLAT: • “a adopção do profissionalismo representa uma conquista

da classe trabalhadora para que esqueça que a burguesia dispoe, com o desporto, de um meio de assegurar de forma mais suave o seu domínio”

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• Contudo, até o desporto profissional se ter afirmado como a principal fonte do espectaculo desportivo e se ter configurado como uma indústria que alberga nichos de negócio apetecíveis e rentaveis, viveu tempos avessos de reconhecimento público e espartilhados em ideais que o rejeitavam, o toldavam de preconceitos, e lhe atribuíam os malefícios que acabariam por destruir o próprio desporto.

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Amadorismo vs Profissionalismo

• A participação dos atletas nos Jogos Olímpicos desde a sua primeira edição em 1896 estava condicionada ao estatuto de amador conforme definido na Carta do Amadorismo: Qualquer pessoa que nunca tenha participado numa competicao aberta, nem competido por um premio em dinheiro, nem por outro premio e qualquer importancia em dinheiro de qualquer origem, especialmente das entradas – ou com profissionais – e que nunca, ao longo da vida, tenha exercido a actividade remunerada de professor ou instrutor de actividades fisicas.

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Visão Nacinal socialista

Afirmaçoes deveras radicais e aniquiladores do profissionalismo, como foi o caso de CARL DIEM, criador do percurso do facho olímpico e Secretario Geral do Comité Organizador dos Jogos de Berlim (de Hitler), que em 1938 ousou afirmar: • - E o amadorismo que faz viver o desporto, é profissionalismo

que o mata. • - O profissionalismo suga o sangue do amadorismo e deixa-o

em estado de anemia. Com o desenvolvimento do profissionalismo o amadorismo morre, mas pouco tempo depois o profissionalismo, após um período de maior florescimento, morre também por falta de novas forças e novos talentos.

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• Em Portugal, o desprezo pelo profissionalismo foi também protagonizado pelos membros do Comité Olímpico Portugues e expresso por diversos autores. Constatamos que poucos anos antes da primeira intervenção legislativa pública de marcado relevo para Portugal, SILVIO LIMA (1904-1993), Professor da Universidade de Coimbra, presenteou os seus contemporaneos e legou aos seus vindouros leitores tres interessantes trabalhos: “Ensaios sobre o Desporto” (1937), “Desporto, Jogo e Arte” (1938), e “Desportismo Profissional” (1939). Tal como JOAO CORREIA BOAVENTURA enfatiza no prefacio da reedição do primeiro destes trabalhos, estes constituíram verdadeiros diamantes na inexistente literatura desportiva da época. E o que nos motiva particularmente para o estudo destes ensaios são as teses que então o autor sufragava no que concerne ao desporto profissional.

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Teses:• 1. - O desporto não é uma profissão; é um «otium cum

dignitate», um lazer bem aplicado, uma nobre superficialidade...necessaria;

• 2. - O «desportismo profissional» representa a negação intrínseca e a ruína do próprio desporto; socialmente, um perigo ético. O desporto deve ser sempre um amadorismo;

• 3. - O desporto – apesar do seu caracter de inutilidade – é renavel sob o ponto de vista económico. A profissão serve de base ao desporto; este esta antes e depois daquela.

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Dicotomia entre desporto amador e o desporto profissional

• Esta dicotomia entre desporto amador – o puro e o desporto profissional – o impuro, gerava naturalmente estados de incomodidade por parte dos atletas, que como vimos, se assumissem a condição de profissionais eram por muitas federaçoes e pelo COI rejeitados e excluídos das suas competiçoes.

• Por isso o profissionalismo que grassou em grande parte do séc. XX foi sobretudo um profissionalismo encapotado ou o designado falso amadorismo que naturalmente não contribuía para a valorização e dignificação dos seus praticantes desportivos e constituía uma grave questão e um dos “fantasmas” que perseguia desde ha muito o desenvolvimento do desporto portugues

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Lei n.º 2104, de 20 de Maiode 1961

• Nos anos 60 é finalmente atribuido ao desporto profissional da sua, ainda que limitada, carta de alforria. A Lei n.º 2104, de 20 de Maio, que perdurou até 1990, reconheceu o desporto profissional admitindo a existencia de praticantes profissionais e não amadores nas modalidades de futebol, ciclismo e pugilismo.

• Porém, ainda hoje o artº 79º da Constituição da Republica Portuguesa não consagra o desporto profissional.

• Houve a tentativa de incluir o tema na revisão constitucional falhada de 2010 (proposta por Pedro Passos Coelho)

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Prescrições legislativas

• - Os praticantes desportivos passaram a ser qualificados em amadores (nao recebem remuneracao nem auferem qualquer proveito material pela sua actividade desportiva); nao amadores (recebem pequenas compensacoes materiais, apesar de nao fazerem da actividade desportiva profissao) e profissionais (recebem remuneracao pela actividade desportiva);

• - O critério fundamentador para tal qualificação assentou no elemento que desde sempre foi referenciado para os atletas profissionais, o dinheiro, apesar de ser enunciado numa destas qualificaçoes o que até então era considerado aviltante, a profissão da actividade desportiva;

• - A obrigatoriedade de reduzir a escrito os acordos feitos entre os clubes e os praticantes profissionais e proceder ao seu registo na respectiva federação desportiva;

• - A incumbencia ao Ministério das Corporaçoes e Previdencia Social sobre tudo o que diga respeito ao eventual enquadramento corporativo dos praticantes profissionais, às relaçoes e disciplina do trabalho e à previdencia.

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• Estava iniciado o traço legislativo sobre o desporto profissional com incidencia num único elemento, o praticante desportivo.

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Lei de Bases do Sistema Desportivo (LBSD) de 1990

• No ano de 1990, com a publicação da Lei de Bases do Sistema Desportivo (LBSD) continha no seu articulado os princípios basilares do novo arquétipo estrutural do desporto profissional e que no essencial se mantém na actualidade.

• Esta lei-quadro demarcou uma impressiva fronteira normativa entre a pratica desportiva profissional e a não profissional ao prever um regime contratual específico para o praticante desportivo profissional, ao aludir à criação das sociedades com fins desportivos para acolherem esta pratica desportiva e ao ditar uma nova estrutura organizacional às federaçoes desportivas com a exigencia da instituição no seu seio de um organismo responsavel pela gestão das actividades desportivas de caracter profissional.

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• Relativamente à configuração piramidal, sobejamente conhecida, com os clubes desportivos na base da estrutura, seguidos das associaçoes regionais e no vértice da piramide a federação desportiva nacional que por sua vez é membro da federação continental ou internacional, foi o desporto profissional que introduziu certas modificaçoes sem, contudo deformar a configuração existente. A par dos clubes tradicionais figuram actualmente as sociedades desportivas, tendo entrado em desuso os clubes em regime especial de gestão, dada a possibilidade de constituição de sociedades por quotas sem capital (a partir de 2011).

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MED vs MAD

• O princípio de promoção e despromoção das equipas tendo em conta a classificação desportiva é considerado como um baluarte do Modelo Europeu de Desporto. A instituição de um sistema de competiçoes abertas em que as equipas integram e transitam entre as varias divisoes competitivas da modalidade, salvaguarda sobretudo o exito e a rendibilidade desportiva ao inverso da maxima rentabilidade financeira que é promovida pelo sistema de competiçoes fechadas próprias do Modelo Americano de Desporto

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Principio da solidariedade financeira

• O princípio da solidariedade financeira entre o desporto profissional e o desporto amador pressupoe a redistribuição de verbas

• Este princípio é bem salvaguardado nas relaçoes estabelecidas entre as ligas profissionais de clubes e as federaçoes desportivas concretizadas no protocolo ou contrato celebrado entre as duas entidades, figurando explicitamente e com a indicação precisa dos montantes envolvidos.

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Regulação do desporto

• Por razoes de ordem intrínseca, a pratica desportiva é uma actividade de intra-regulacao quanto ao objecto da acção, aos locais onde se exerce e aos agentes que a protagonizam. Depois, de acordo com o seu grau de institucionalização e ditado por razoes que se prendem fundamentalmente com a determinação da igualdade na competição, surge um espaço de auto-regulacao das actividades desportivas encabeçado pelas instituiçoes internacionais e nacionais que as superintendem. Finalmente, e saindo do domínio privado, encontramos um espaço de hetero-regulacao do desporto por parte das entidades públicas, seja dos ordenamentos jurídicos dos respectivos estatais, seja de ordenamentos supra-estaduais como é o caso do Direito Comunitario.

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• Sendo o desporto profissional um subsistema desportivo no qual o desporto é encarado como uma profissão e um negócio, é, consequentemente, um campo rico em regulação jurídica, quer no que respeita aos seus protagonistas, quer no que concerne à sua organização de base, acolhedora da respectiva pratica, ou de topo, responsavel pela gestão e disciplina da respectiva competição.

• Chamo a este o Direito Público Económico Desportivo

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Sistematização das disciplinas do Direito Desportivo

Direito Desportivo1. Direito Constitucional Desportivo1. Direito Público Desportivo (nacional e internaconal)

1.1. Direito Administrativo Desportivo1.2. Direito Regulatório Desportivo1.3. Direito Público Económico Desportivo (Direito Regulatório do desporto profissional)

2. Direito Privado Desportivo2.1. Nacional2.2. Internacional

3. Direito Fiscal ou Tributario Desportivo4. Direito Penal Desportivo5. Direito do Trabalho Desportivo6. Direito Financeiro Desportivo: Fair Play Desportivo

RTS, 2013

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• Um outro domínio de intervencao pública reporta-se ao financiamento público a este subsistema desportivo, registado a tres níveis diferentes: central, regional e local.

• Para além das consignaçoes legais estabelecidas como fontes de financiamento para o desporto, os apoios financeiros disponibilizados nas regioes autónomas ao desporto profissional são vulgarmente referenciados no meio desportivo, pelo que importa analisar se são assumidos nos instrumentos legislativos regionais.

• Também ao nível das autarquias locais existe uma tradição de apoiar financeiramente os clubes que participem em competiçoes profissionais assim como a realização de eventos relacionados com este subsistema desportivo.

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Politica desportiva

• Tal como afirma J. M. MEIRIM, a legislacao desportiva deve arrancar de uma necessaria, coerente e firme politica legislativa. E esta pressupoe valoraçoes, estabelecimento de prioridades e escolhas. Caminhar na via da construção de uma resposta jurídica de enquadramento do sistema desportivo, sem o assegurar daquele momento prévio pode levar, e tem levado na pratica, a que as normas jurídicas que se produzem, por vezes bem motivadas do ponto de vista dos valores a prosseguir, se revelem ineficazes, mesmo letra morta, pela falta de meios – humanos, técnicos e financeiros – imprescindíveis à sua densificação.

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• Ha na Terceira República Portuguesa (1974-…) uma (des)conexão entre a actividade programatica política e a acção regulativa:

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1974-1991

• Relativamente ao primeiro período legislativo (1974-1991), dificilmente encontramos relação entre o conteúdo dos programas políticos e a legislação produzida. Verificamos que apenas o IX Governo (1983-85) e o XI Governo (1987-91) dirigiram intençoes politicas para o desporto profissional. O primeiro apontando para o estudo do seguro do profissional do desporto não apresentou qualquer instrumento legislativo referente a tal matéria; o segundo aludindo ao reexame dos esquemas de seguro e de segurança social, fez corresponder produção legislativa em relação à segurança social e à fiscalidade e esqueceu a matéria do seguro desportivo.

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1990-1996

• Ao segundo período legislativo (1990-1996) corresponde basicamente o XII Governo Constitucional (1991-95) e, paradoxalmente, estamos em presença do período legislativo mais significativo para o desporto profissional em contraposição ao deserto de intençoes políticas para este subsistema desportivo no programa governativo. E, pois, flagrante e total a desconexão existente entre a actividade legislativa e a intenção programatica política no período aureo da edificação da estrutura jurídica do desporto profissional.

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1996-2004

• No terceiro período, (1996 -2004), registou- se grande atividade legislativa referente ao desporto profissional. Porém esta inflação regulativa não emana diretamente de diretrizes políticas dos cinco programas que correspondem a este período. Efetivamente no programa do XIII Governo Constitucional (1995-99) não se vislumbram orientaçoes politicas relativas às principais matérias que nesse período foram legisladas: novos regimes jurídicos para as sociedades desportivas e para o contrato de trabalho desportivo e alteração ao regime das federaçoes desportivas.

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2004-2016

• No quarto período (2004-2016) registamos a incorporação das exigencias da sociedade da transparencia (novas leis contra a corrupção desportiva até ao Fair Play desportivo da UEFA) e uma agilização da legislação sobre sociedades comercias desportivas de modo a facilitar o cumprimento do Fair Play desportivo.

• Mas os governos relegam para segundo plano a iniciativa publica e o próprio apoio publico para além da realização do grande evento que foi o EURO 2004.

• A vitória de Portugal no Campeonato Europeu de 2016 não resulta de opção política dos governantes mas da feliz coincidencia das decisoes da federação e da qualidade dos jogadores profissionais. Desde o Euro 2004 o Desporto deixou de ser prioridade nas política publicas nos programas de governo. A situação financeira com o resgate do País vai secundarizar as prioridades desportivas.

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Financiamento Público

• O financiamento público central ao desporto profissional aludindo a um dos meios directos consagrado entre nós, denominado por consignação legal de receitas, que provem dos concursos dos jogos sociais. Contudo, não poderemos deixar de considerar formas de financiamento indirecto a este subsistema desportivo, como sejam os regimes especiais respeitantes a tributacao e da seguranca social dos praticantes desportivos profissionais, matéria a que nos dedicaremos na parte do estudo relativa a estes operadores desportivos, assim como o regime fiscal especifico das sociedades desportivas, Lei n.o 103/97, de 13 de Setembro, designadamente no calculo das amortizaçoes do exercício permitidas (artigo 3.o), o reinvestimento dos valores de realização para que estes não concorram para o lucro tributavel (artigo 4.o) e a possível isenção dos impostos municipal de sisa (o actual Imposto Municipal sobre Imóveis), de selo e emolumentos (artigo 5.o).

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SCML

• Em tempos que remontam ao ano de 1961, tendo como referencia varios países europeus, e constatando a grande adesão do público aos concursos de apostas mútuas sobre resultados de competiçoes desportivas, veio a ser publicado o Decreto-Lei n.o 43 777, de 3 de Julho que atribuiu competencia à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para organizar e explorar, em exclusividade, concursos de prognósticos ou apostas mútuas sobre resultados de competiçoes desportivas.

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Apoio Público ao Desporto através da SCML

No que ao desporto diz respeito as verbas dos Lucros dos jogos sociais serão repartidas do seguinte modo: • - 0,7% para o policiamento de espectaculos desportivos, atribuídos ao Ministério da

Administração Interna; • - 7,8% para o fomento de actividades e infra-estruturas desportivas, a transferir para o

Instituto do Desporto de Portugal e atribuído à Presidencia do Conselho de Ministros; • - 0,6% para a promoção e desenvolvimento do futebol, a transferir para o Instituto do

Desporto de Portugal e atribuído à Presidencia do Conselho de Ministros; • - 1% para o apoio ao desporto escolar e investimentos em infra- estruturas desportivas

escolares, atribuído ao Ministério da Educação; • - 0,2% para o apoio ao desporto escolar e investimentos em infra- estruturas

desportivas escolares, atribuídos ao Instituto do Desporto da Madeira; • - 0,2% para o apoio ao desporto escolar e investimentos em infra- estruturas

desportivas escolares, atribuídos ao Fundo Regional do Desporto dos Açores.

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Apoios através do IJD

• Com o sistema vigente deixou de existir o apoio directo às deslocaçoes às Ilhas/Continente para aquelas equipas que integrem competiçoes profissionais no futebol, alias, desaparecendo mesmo e também a menção expressa da atribuição das verbas à Federação Portuguesa de Futebol. Cabera, pois, ao Instituto da Juventude e do Desporto definir a politica de distribuição, quanto aos beneficiarios e respectivas percentagens, dos 0,6% do conjunto do produto líquido de exploração de todos os jogos sociais destinados à promoção e desenvolvimento do futebol.

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Apoios financeiros da Administração Pública Regional

• A relação das Regioes Autónomas da Madeira e dos Açores com o desporto profissional tem sido de grande abertura e clareza face ao apoio financeiro que prestam aos clubes que integram as competiçoes profissionais e à participação no capital social das sociedades desportivas, instituídas especialmente na Madeira.

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Açores

• Nos Açores em 1994 surge, pela primeira vez, a regulamentação de apoio às actividades desportivas de ambito associativo através do Decreto Legislativo Regional n.o 22/94/A, de 26 de Julho. Do diversificado conjunto de comparticipaçoes financeiras assumem particular relevancia as que se destinavam ao apoio à participação em quadros competitivos nacionais com regularidade anual, designadamente nas modalidades de andebol masculino, basquetebol, futebol masculino, hóquei em patins masculino e voleibol sem qualquer interdição para a participação em competiçoes profissionais. Inclusive foi previsto serem atribuídos aos clubes suplementos nesses apoios consoante a maior ou menor utilização de atletas formados na Região, assim como a atribuição de prémios aos que se classificassem num dos tres primeiros lugares de campeonatos nacionais nas divisoes superiores e Taças de Portugal, aos que se classificassem de forma a acederem a provas internacionais e aí obtivessem classificaçoes nos tres primeiros lugares dessas provas, e ainda a atribuição de suplementos às classificaçoes obtidas nas divisoes intermédias e últimas que garantissem subidas de divisão nos campeonatos nacionais de seniores nos desportos colectivos.

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Açores

• Dos aspectos que merecem destaque na reapreciação feita em 1999 registe-se a introdução de apoio financeiro a eventos desportivos de relevante interesse promocional e/ou com relevancia turística e à aquisição, construção e beneficiação de instalaçoes para a pratica desportiva ou funcionamento de diferentes entidades, na medida em que estes eventos e estas instalaçoes podiam naturalmente enquadrar-se no ambito da pratica desportiva profissional e consequentemente constituir mais uma forma de apoio financeiro público.

• (Decreto Legislativo Regional n.o 4/99/A, de 21 de Janeiro que revogou o Decreto Legislativo Regional n.o 22/94/A)

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Açores

• O Decreto Legislativo Regional n.o 14/2005/A, de 5 de Julho procede a uma profunda reforma de reafectação dos apoios ao movimento associativo desportivo.

• Neste texto legal (83 artigos) deparamo-nos com algumas inovaçoes e também certas incongruencias no que respeita ao apoio ao desporto profissional. Logo no primeiro artigo deste decreto o legislador regional define como objecto do diploma o desenvolvimento do quadro geral de apoio a prestar pela administração regional autónoma ao desenvolvimento da actividade desportiva não profissional. Donde, não revogando o Decreto Legislativo Regional n.o 8/99/A, o apoio financeiro público ao desporto profissional ficaria confinado ao estabelecido em 1999.

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Açores

• Por via disso e em consonancia com o seu objecto, o artigo 5.º, n.º 5 do decreto em analise estipula que não pode ser objecto de comparticipação ou patrocínio financeiro o desporto profissional excepto nas situaçoes previstas no Decreto Legislativo Regional n.º 8/99/A.

• Porém, em total desacerto com este articulado, o artigo 7.º, n.º 1, al. e) integra as sociedades desportivas, entidades por excelencia de acolhimento da pratica desportiva profissional, nas entidades beneficiarias das comparticipaçoes financeiras.

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Madeira

• Se a actuação legislativa da Região Autónoma dos Açores relativamente ao apoio financeiro ao desporto profissional tem pendido ha mais de duas décadas para a efectivação do mesmo, apesar da existencia de alguns sinais em contrario, a actuação legislativa da Região Autónoma da Madeira, bem mais recente no tempo, é clara nesse propósito e molda-se à pratica reiterada do seu governo regional que ao longo dos tempos tem prestado esse apoio direta e indiretamente…

• Apoio este que inclusive é tornado público no Jornal Oficial da Região

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Madeira

• Nos preambulos dos contratos-programa efectuados com o fim de promover o desporto profissional, o Instituto do Desporto da Região Autónoma da Madeira contratualiza com asentidades desportivas considerando o forte impacte das provas desportivas profissionais de andebol e basquetebol nos órgãos de comunicação social regionais, nacionais e internacionais; considerando que o desporto de rendimento constitui igualmente um veículo de divulgação dos benefícios da pratica desportiva e um meio de promoção da sua pratica pela juventude e pelas populaçoes em geral; considerando que as sociedades desportivas em causa constituem um veículo promocional da Região Autónoma da Madeira no espaço nacional e internacional; e considerando que a participação nos campeonatos oficiais daquelas modalidades é onerada pelo facto das sedes sociais das duas entidades desportivas se situarem numa região insular e ultraperiférica.

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Madeira

• Na Madeira não tem havido na legislação limitaçoes, restriçoes, ou interdiçoes em função da natureza profissional ou não profissional da pratica desportiva e, como tal, em coerencia, surgem as sociedades anónimas desportivas e os clubes desportivos como beneficiarios naturais daquelas comparticipaçoes financeiras.

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• Sem alterar o entendimento político de apoio expresso ao desporto profissional a Região Autónoma da Madeira, à qual se juntou a dos Açores, opos-se totalmente à solução apresentada pela proposta de lei que originou a presente Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto e que estatuía a proibição de comparticipaçoes financeiras das Regioes Autónomas ao desporto profissional.

• Neste sentido, os órgãos de governo próprios da Madeira e dos Açores emitiram pareceres nos quais, para além de se terem pronunciado negativamente em relação à proposta de lei, destacaram as contradiçoes existentes entre o disposto no artigo 45.o dessa proposta e as legislaçoes regionais em vigor, insurgindo-se portanto contra a impossibilidade das Regioes Autónomas financiarem os seus clubes desportivos, independentemente da natureza das competiçoes em que participem. Para além do desacordo demonstrado, a Comissão de Educação, Juventude, Cultura e Desporto da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira, bem como o plenario desta Assembleia Legislativa, apontam a inconstitucionalidade da medida que proíbe o apoio da Região Autónoma da Madeira aos seus clubes, e por via disso aos seus praticantes desportivos. Consideram que desta forma é violado o disposto no artigo 40.o do Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma da Madeira onde o desporto figura como matéria de interesse específico da Região e como tal inserido no conjunto de matérias abrangidas pela sua autonomia legislativa como institui o artigo 228.o da CRP.

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Conflito legislativo

• Consequentemente, Portugal, na regulação da mesma matéria, apresenta actualmente disposiçoes antagónicas para o continente e para a Madeira, podendo tal situação consubstanciar uma ilegalidade face ao princípio da igualdade constitucionalmente consagrado. Se por um lado, a autonomia legislativa das Regioes sobre matéria desportiva é inatacavel, por outro lado, não nos parece curial que subsistam na ordem jurídica nacional bases legais que colidam e que sejam potencialmente geradoras de condiçoes discriminatórias entre cidadãos que pertencem a um Estado unitario.

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Principios estruturantes do poder local

• Corolario do Estado de direito democratico, o princípio da autonomia local é uma das expressoes do pluralismo dos poderes públicos, da policracia instituída após o derrube do regime totalitario, da liberdade de decisão sobre problemas próprios sem subordinação a outrem. A «autonomia das autarquias locais», expressão pleonastica do artigo 6.º, n.º 1 da Constituição representa a liberdade da autarquia em relação ao Estado, e a assunção de responsabilidades públicas pela autoridade que esta mais próxima dos cidadãos.

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• A descentralização democratica a que se refere o artigo 6.º n.º 1 da CRP implica, indubitavelmente, que existam instancias de poder administrativo que se distingam das areas do poder estatal, e por conseguinte, detenham autonomia de orientação relativamente a assuntos autonomizaveis.

• A aplicação do princípio da descentralização administrativa às autarquias locais torna-se indissociavel do princípio de autonomia que caracteriza e rege o funcionamento das mesmas.

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• O princípio da descentralização aponta para o principio da subsidiariedade, devendo a lei reservar para os órgãos públicos centrais apenas aquelas matérias que as autarquias não estão em condiçoes de prosseguir-

• Em regra, o exercício das responsabilidades públicas deve incumbir, de preferencia, às autoridades mais próximas dos cidadãos. A atribuição de uma responsabilidade a uma outra autoridade deve ter em conta a amplitude e a natureza da tarefa e as exigencias de eficacia e economia. Por conseguinte, são critérios de racionalidade, eficacia e proximidade dos cidadãos que devem presidir à determinação do nível de administração melhor colocado para o exercício de determinadas competencias

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Intervenção dos Municipios no ambito do desporto

• Os municípios foram, por um lado, respondendo às necessidades das populaçoes no plano da construção e manutenção de infra-estruturas desportivas, no plano do apoio às estruturas associativas e na implantação e desenvolvimento de programas desportivos direccionados para sectores específicos da população ou que privilegiassem praticas desportivas diferenciadas das praticas tradicionais. Por outro lado, em notaveis exercícios de marketing foram utilizando o desporto como bandeira promocional, ora autoproclamando-se como «cidades desportivas» e como aquelas que proporcionavam melhor qualidade de vida para os seus munícipes, ora associando-se e apoiando fortemente o clube emblematico da cidade principalmente nos momentos de gaudio colectivo.

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• Os municípios depararam-se com um problema central que é o da democratização autentica da pratica do desporto, ou seja, aquela que luta contra a segregação social nas actividades, procura criar condiçoes de desenvolvimento maximo das capacidades de cada um, ao mesmo tempo que garante que todos tenham acesso à pratica numa perspectiva humanizadora

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Descentralização Desportiva

• A descentralização desportiva é inegavelmente um factor decisivo no desenvolvimento desportivo local, e como tal, assume particular importancia saber quais os domínios de actuação legalmente consignados para os municípios para assim delinearmos o seu quadro de responsabilidades, ou seja, o que é que a eles podera ser exigido em complemento ou contraposição com a actuação da administração central.

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• O problema da definição e atribuição das competencias desportivas relativamente aos diferentes níveis da administração pública não é, claramente, um problema apenas nacional como nos é demonstrado pelo trabalho de ANDREU CAMPS POVILL ao reportar-se às competencias desportivas das diferentes organizaçoes públicas e privadas regionais, estatais e europeias

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Apoios financeiros Municipais

• Não é um acontecimento recente, nem constitui novidade de relevo o apoio financeiro e material que muitos municípios portugueses prestam a variados clubes nacionais que desenvolvem a sua actividade no ambito do desporto profissional.

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• O poder local vai actuando para que as crises financeiras dos clubes não atinjam a ruptura, providenciando assim, “mais um subsídio, mais um terreno, mais uma licença de construção, mais uma renegociação da dívida” ou então que o poder autarquico “descobriu uma forma de ganhar eleiçoes com apoios descarados aos clubes de futebol locais usando recursos saídos directamente dos respectivos orçamentos, alimentando o vicio de alguns com o dinheiro de todos”. Tanto mais que em muitos concelhos a duplicidade de papéis dos decisores políticos, ora actuando como dirigentes de órgãos sociais dos clubes, ora actuando como responsaveis autarquicos, naturalmente viabiliza e acelera mais facilmente os canais de comunicação e deliberação para o apoio directo ou indirecto ao desporto profissional.

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• Sera o apoio financeiro, e de outro tipo, prestado pelos municípios ao desporto profissional uma mera obrigação política ou de oportunidade, ou radica em algo juridicamente determinado?

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NATUREZA DOS APOIOS

• Quanto à sua natureza, os apoios atribuídos e disponibilizados pela Camara podem ser, nomeadamente: • a)  Técnicos — como o apoio na concepção, execução e avaliação de projectos; • b)  Logísticos como a disponibilização de materiais, equipamentos, instalaçoes,

serviços; • c)  Financeiros — em forma de subsídio ou do suporte indirecto de despesas.

• A atribuição de apoios financeiros esta condicionada à dotação orçamental inscrita para o efeito nos documentos de gestão previsional da Camara.

• Os apoios atribuídos pela Camara podem ser disponibilizados directamente às entidades desportivas que se candidatem.

• A Camara pode ainda apoiar as entidades desportivas através de assumpção de encargos perante terceiros, nomeadamente alugueres, serviços, taxas ou outros custos associados ao licenciamento das actividades desenvolvidas por essas entidades.

• O apoio a conceder através de meios técnicos e logísticos, esta condicionado às disponibilidades operacionais da Camara.

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PROGRAMAS DE DESENVOLVIMENTO DESPORTIVO

1Consideram-se “programas de desenvolvimento desportivo”: a)  Os planos regulares deacção das entidades que fomentam e dirigem, no plano nacional, regional ou local, a pratica das diversas modalidades desportivas; b)  Os planos de acção específica destinados a promover e divulgar a actividade física e o desporto, a organizar competiçoes com interesse social ou desportivo relevante ou a apoiar a participação de praticantes portugueses em provas internacionais; c)  Os projectos de construção ou melhoramento de instalaçoes e equipamentos desportivos; d)  As iniciativas que visem o desenvolvimento e a melhoria da pratica da actividade física e do desporto, nomeadamente nos domínios da formação, da documentação, da investigação ou das relaçoes com organismos internacionais;

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Os Contratos-Programa devem integrar expressamente:a)  Objectodocontrato; b)  Obrigaçoes assumidas pela entidade responsavel pela execução do programa de desenvolvimento desportivo; c)  Entidades eventualmente associadas à gestão do programa, seus poderes e suas responsabilidades; d)  Prazo de execução do programa; e)  Custo previsto do programa e definição das responsabilidades de financiamento; f)  Candidatura à realização de eventos internacionais; g)  Regime de comparticipação financeira; h)  Destino dos bens adquiridos ou construídos ao abrigo do programa e responsabilidade pela sua gestão e manutenção, bem como as garantias de afectação futura dos mesmos bens aos fins do contrato; i)  Sistema de acompanhamento e controlo da execução do programa; j)  Condiçoes de revisão do contrato e, sendo caso disso, a respectiva fórmula.

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Base juridica do apoio publico ao desporto

Constituição da República Portuguesa (1976)Artigo 79.º

Cultura física e desporto 1. Todos tem direito à cultura física e ao desporto. 2. Incumbe ao Estado, em colaboração com as escolas e as associaçoes e colectividades, promover, estimular, orientar e apoiar a pratica e a difusão da cultura física e do desporto, bem como prevenir a violencia no desporto.

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Lei n.o 5/2007, de 16 de Janeiro Lei de Bases da Actividade Fisica e do Desporto

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SECCAO IV Alto rendimento

Artigo 44.o Medidas de apoio

• 1 - Considera-se desporto de alto rendimento, para efeitos do disposto na presente lei, pratica desportiva que visa a obtenção de resultados de excelencia, aferidos em função dos padroes desportivos internacionais, sendo objecto de medidas de apoio específicas.

• 2 - As medidas referidas no número anterior são estabelecidas de forma diferenciada, abrangendo o praticante desportivo, bem como os técnicos e arbitros participantes nos mais altos escaloes competitivos, a nível nacional e internacional.

• 3 - Os agentes desportivos abrangidos pelo regime de alto rendimento beneficiam, também, de medidas de apoio após o fim da sua carreira, nos termos e condiçoes a definir em legislação complementar.

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Artigo 45.o Selecçoes nacionais

A participação nas selecçoes ou em outras representaçoes nacionais é classificada como missão de interesse público e, como tal, objecto de apoio e de garantia especial por parte do Estado.

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CAPITULO V Apoios financeiros e fiscalidade

Artigo 46.o Apoios financeiros

• 1 - Sem prejuízo do disposto no número seguinte, podem beneficiar de apoios ou comparticipaçoes financeiras por parte do Estado, das Regioes Autónomas e das autarquias locais as associaçoes desportivas, bem como os eventos desportivos de interesse público como tal reconhecidos por despacho de membro do Governo responsavel pela area do desporto.

• 2 - Os clubes desportivos participantes em competiçoes desportivas de natureza profissional não podem beneficiar, nesse ambito, de apoios ou comparticipaçoes financeiras por parte do Estado, das Regioes Autónomas e das autarquias locais, sob qualquer forma, salvo no tocante à construção ou melhoramento de infra-estruturas ou equipamentos desportivos com vista à realização de competiçoes desportivas de interesse público, como tal reconhecidas pelo membro do Governo responsavel pela area do desporto.

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3 - Os apoios ou comparticipaçoes financeiras concedidas pelo Estado, pelas Regioes Autónomas e pelas autarquias locais, na area do desporto, são tituladas por contratos- programa de desenvolvimento desportivo, nos termos da lei. 4 - As entidades beneficiarias de apoios ou comparticipaçoes financeiras por parte do Estado, das Regioes Autónomas e das autarquias locais na area do desporto, ficam sujeitas a fiscalização por parte da entidade concedente, bem como à obrigação de certificação das suas contas quando os montantes concedidos sejam superiores ao limite para esse efeito definido no regime jurídico dos contratos-programa de desenvolvimento desportivo. 5 - As federaçoes desportivas, ligas profissionais e associaçoes de ambito territorial tem obrigatoriamente de possuir contabilidade organizada segundo as normas do Plano Oficial de Contabilidade, adaptadas, se disso for caso, ao plano de contas sectorial aplicavel ao desporto. 6 - O disposto no número anterior aplica-se, também, aos clubes desportivos e sociedades desportivas, com as adaptaçoes constantes de regulamentação adequada à competição em que participem. 7 - Sem prejuízo de outras consequencias que resultem da lei, não podem beneficiar de novos apoios financeiros por parte do Estado, das Regioes Autónomas e das autarquias locais, as entidades que estejam em situação de incumprimento das suas obrigaçoes fiscais ou para com a segurança social, devendo ser suspensos os benefícios financeiros decorrentes de quaisquer contratos -programa em curso enquanto a situação se mantiver.

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Artigo 47.o Contratos-programa

1 - A concessão de apoios ou comparticipaçoes financeiras na area do desporto, mediante a celebração de contratos-programa, depende, nomeadamente, da observancia dos seguintes requisitos: a)  Apresentação de programas de desenvolvimento desportivo e sua caracterização pormenorizada, com especificação das formas, dos meios e dos prazos para o seu cumprimento; b)  Apresentação dos custos e aferição dos graus de autonomia financeira, técnica, material e humana, previstos nos programas referidos na alínea anterior; c)  Identificação de outras fontes de financiamento, previstas ou concedidas. 2 - Os apoios previstos no artigo anterior encontram-se exclusivamente afectos às finalidades para as quais foram atribuídos, sendo insusceptíveis de apreensão judicial ou oneração.

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Regulação dos Contrato-Programa

• Hoje esta em vigor um novo diploma regulador deste género de contratos-programa, a saber, o D.L. n.º 273/09, de 1 de Outubro, que entrou em vigor no dia 1 de Novembro de 2009, o qual regula os contratos celebrados depois da sua entrada em vigor.

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Beneficiarios das comparticipacoes financeiras

Podem beneficiar da concessão de comparticipaçoes financeiras, no ambito definido pelo presente diploma: • O Comité Olímpico Portugues;

As federaçoes desportivas que possuam o estatuto de pessoa colectiva de utilidade pública desportiva; As associaçoes de praticantes ou de clubes desportivos filiadas nas federaçoes referidas na alínea anterior;Os clubes desportivos, independentemente da associação ou federação em que estejam inscritos.

• 2 - As comparticipaçoes directamente atribuídas aos clubes desportivos só podem ter por objecto planos ou projectos específicos que não caibam nas atribuiçoes próprias das associaçoes e federaçoes e não constituam um encargo ordinario dos mesmos clubes.

Obrigatoriedade dos contratos-programa • As comparticipaçoes financeiras referidas no presente diploma só podem ser concedidas

mediante a celebração de contratos-programa.

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Finalidade dos contratos-programa

A subordinação das comparticipaçoes financeiras à celebração de contratos-programa tem em vista a realização dos seguintes objectivos: a)  Enquadrar os apoios financeiros públicos na execução de planos concretos de promoção do desporto; b)  Dar maior flexibilidade ao processo de concessão dos apoios financeiros, de modo a permitir que eles sejam em cada circunstancia os mais adequados ao programa de desenvolvimento desportivo em que se integram; c)  Fazer acompanhar a concessão dos apoios financeiros por uma avaliação completa dos custos de cada plano ou projecto, assim como dos graus de autonomia financeira, técnica, material e humana previstos para a sua execução; d)  Permitir a intervenção e mútua vinculação de diversas entidades interessadas na realização de um mesmo programa de desenvolvimento desportivo; e)  Reforça ro sentido de responsabilidade dos outorgantes relativamente ao cumprimento das obrigaçoes por eles livremente assumidas; f)  Assegurar a plena publicidade e transparencia das condiçoes com base nas quais os apoios financeiros foram concedidos.

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Servidao desportiva

Artigo 13.° do D.L. n.º 273/09, de 1 de Outubro1 - A servidão desportiva a que se refere a alínea g) do n.° 2 do artigo anterior tem a natureza de um direito real público de uso de bens privados, destinado a assegurar a utilização pelo público, ou por certas categorias de pessoas abstractamente determinadas, das infra-estruturas e equipamentos cuja aquisição ou construção tenha sido objecto de comparticipação financeira pública ao abrigo de contratos-programa de desenvolvimento desportivo. 2 - Compete à entidade concedente da comparticipação financeira, se outra não for designada no contrato como titular do direito referido no número anterior, o exercício dos poderes de fiscalização e dos procedimentos executivos necessarios para assegurar o cumprimento das obrigaçoes correspondentes à servidão desportiva. 3 - Qualquer entidade que adquira ou construa, ao abrigo de contratos-programa de desenvolvimento desportivo, bens onerados com uma servidão desportiva, deve promover a respectiva inscrição no registo predial no prazo maximo de 90 dias após a aquisição ou construção. 4 - Decorrido o prazo previsto no número anterior sem que se mostre feito o registo da servidão, podera ele ser efectuado pela entidade pública aí referida.

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Beneficios fiscais

Artigo 48.o da LBAFDRegimes fiscais

1 - O regime fiscal para a tributação dos agentes desportivos é estabelecido de modo específico e, no caso dos praticantes desportivos, de acordo com parametros ajustados à natureza de profissoes de desgaste rapido. 2 - As bolsas atribuídas ao abrigo do regime geral de apoio ao alto rendimento, por entidades de natureza pública e ou privada, destinam-se a apoiar os custos inerentes à preparação dos praticantes desportivos, sendo o seu regime fiscal estabelecido na lei. 3 - Nos termos do Estatuto do Mecenato, tem relevancia fiscal os donativos em dinheiro ou em espécie concedidos sem contrapartidas que configurem obrigaçoes de caracter pecuniario ou comercial às entidades públicas ou privadas nele previstas cuja actividade consista, predominantemente, na realização de iniciativas na area desportiva.

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Organização Privada e solidária do Desporto

• A parceria publico-privada/social no Desporto

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CAPITULO III (LBAFD)Associativismo desportivo

SECCAO I Organização Olímpica

Artigo 12.o Comité Olímpico de Portugal

1 - O Comité Olímpico de Portugal é uma associação sem fins lucrativos, dotada de personalidade jurídica, que se rege pelos seus estatutos e regulamentos, no respeito pela lei e pela Carta Olímpica Internacional. 2 - O Comité Olímpico de Portugal tem competencia exclusiva para constituir, organizar e dirigir a delegação portuguesa participante nos Jogos Olímpicos e nas demais competiçoes desportivas realizadas sob a égide do Comité Olímpico Internacional, colaborando na sua preparação e estimulando a pratica das actividades aí representadas.

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Federações desportivas

SECCAO II (LBAFD)Federaçoes desportivas

SUBSECCAO I Disposiçoes gerais

Artigo 14.o Conceito de federação desportiva

As federaçoes desportivas são, para efeitos da presente lei, pessoas colectivas constituídas sob a forma de associação sem fins lucrativos que, englobando clubes ou sociedades desportivas, associaçoes de ambito territorial, ligas profissionais, se as houver, praticantes, técnicos, juízes e arbitros, e demais entidades que promovam, pratiquem ou contribuam para o desenvolvimento da respectiva modalidade, preencham, cumulativamente, os seguintes requisitos: a)  Se proponham, nos termos dos respectivos estatutos, prosseguir, entre outros, os seguintes objectivos gerais:

Promover, regulamentar e dirigir, a nível nacional, a pratica de uma modalidade desportiva ou de um conjunto de modalidades afins ou associadas; Representar perante a Administração Pública os interesses dos seus filiados; Representar a sua modalidade desportiva, ou conjunto de modalidades afins ou associadas, junto das organizaçoes desportivas internacionais, bem como assegurar a participação competitiva das selecçoes nacionais;

b)  Obtenham o estatuto de pessoa colectiva de utilidade pública desportiva.

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Utilidade Pública Desportiva

SUBSECCAO II (LBAFD)Utilidade pública desportiva

Artigo 19.o Estatuto de utilidade pública desportiva

1 - O estatuto de utilidade pública desportiva confere a uma federação desportiva a competencia para o exercício, em exclusivo, por modalidade ou conjunto de modalidades, de poderes regulamentares, disciplinares e outros de natureza pública, bem como a titularidade dos direitos e poderes especialmente previstos na lei. 2 - Tem natureza pública os poderes das federaçoes desportivas exercidos no ambito da regulamentação e disciplina da respectiva modalidade que, para tanto, lhe sejam conferidos por lei. 3 - A federação desportiva à qual é conferido o estatuto mencionado no n.o 1 fica obrigada, nomeadamente, a cumprir os objectivos de desenvolvimento e generalização da pratica desportiva, a garantir a representatividade e o funcionamento democratico internos, em especial através da limitação de mandatos, bem como a transparencia e regularidade da sua gestão, nos termos da lei.

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Ligas profissionais

SUBSECCAO III (LBAFD)Organização das competiçoes desportivas profissionais

Artigo 22.o Ligas profissionais

1 - As federaçoes unidesportivas em que se disputem competiçoes desportivas de natureza profissional, como tal definidas na lei, integram uma liga profissional, sob a forma de associação sem fins lucrativos, com personalidade jurídica e autonomia administrativa, técnica e financeira. 2 - As ligas profissionais exercem, por delegação das respectivas federaçoes, as competencias relativas às competiçoes de natureza profissional, nomeadamente: a)  Organizar e regulamentar as competiçoes de natureza profissional, respeitando as regras técnicas definidas pelos competentes órgãos federativos nacionais e internacionais; b)  Exercer, relativamente aos seus associados, as funçoes de controlo e supervisão que sejam estabelecidas na lei ou nos respectivos estatutos e regulamentos; c)  Definir os pressupostos desportivos, financeiros e de organização de acesso às competiçoes profissionais, bem como fiscalizar a sua execução pelas entidades nelas participantes. 3 - As ligas profissionais são integradas, obrigatoriamente, pelos clubes e sociedades desportivas que disputem as competiçoes profissionais. 4 - As ligas profissionais podem ainda, nos termos da lei e dos respectivos estatutos, integrar representantes de outros agentes desportivos.

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Artigo 23.o Relaçoes da federação desportiva com a liga profissional

1 - O relacionamento entre a federação desportiva e a respectiva liga profissional é regulado por contrato a celebrar entre essas entidades, nos termos da lei. 2 - No contrato mencionado no número anterior deve acordar-se, entre outras matérias, sobre o número de clubes que participam na competição desportiva profissional, o regime de acesso entre as competiçoes desportivas não profissionais e profissionais, a organização da actividade das selecçoes nacionais e o apoio à actividade desportiva não profissional. 3 - Os quadros competitivos geridos pela liga profissional constituem o nível mais elevado das competiçoes desportivas desenvolvidas no ambito da respectiva federação. 4 - Na falta de acordo entre a federação desportiva e a respectiva liga profissional para a celebração ou renovação do contrato a que se refere o n.o 1, compete ao Conselho Nacional do Desporto regular, provisoriamente e até que seja obtido consenso entre as partes, as matérias referidas no n.o 2, com excepção do apoio à actividade desportiva não profissional que fica submetido ao regime de arbitragem constante da Lei n.o 31/86, de 29 de Agosto.

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Artigo 24.o (LBAFD)Regulamentação das competiçoes desportivas profissionais

1 - Compete à liga profissional elaborar e aprovar o respectivo regulamento de competição. 2 - A liga profissional elabora e aprova, igualmente, os respectivos regulamentos de arbitragem e disciplina, que submete a ratificação pela assembleia geral da federação no seio da qual se insere, nos termos da lei.

Artigo 25.o Disciplina e arbitragem

1 - Nas federaçoes desportivas em que se disputem competiçoes de natureza profissional, o órgão de arbitragem e de disciplina deve estar organizado em secçoes especializadas, conforme a natureza da competição.

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Obrigatoriedade de Homologação de Provas por parte das Federações mesmo de organizações privadas e informais (Decreto lei 45/2015 de 9 de Abril )

• O regulamento de Homologação de Provas foi adotado ao abrigo do disposto na alínea a) do n.º 2 do Artigo 41.º do Regime Jurídico das Federaçoes Desportivas, aprovado pelo decreto-Lei n.º 248-B/2008, de 31 de dezembro, e do artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 45/2015, de 9 de abril, que define as formas de proteção do nome, imagem e atividades desenvolvidas pelas federaçoes desportivas bem como o respetivo regime contraordenacional.

• O Regulamento supra citado, estabelece as condiçoes para a emissão de parecer, exigido nos termos da lei, para as provas ou manifestaçoes desportivas de futebol não inseridas no calendario da Federação Portuguesa de Futebol, da Liga Portuguesa de Futebol Profissional ou de uma associação distrital e regional de futebol, bem como os termos da homologação do respetivo regulamento.

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SECCAO III (LBAFD)Clubes e sociedades desportivas

Artigo 26.o Clubes desportivos

1 - São clubes desportivos as pessoas colectivas de direito privado, constituídas sob a forma de associação sem fins lucrativos, que tenham como escopo o fomento e a pratica directa de modalidades desportivas. 2 - Os clubes desportivos participantes nas competiçoes profissionais ficam sujeitos ao regime especial de gestão, definido na lei, salvo se adoptarem a forma de sociedade desportiva com fins lucrativos.

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• Artigo 27.o • Sociedades desportivas

• 1 - São sociedades desportivas as pessoas colectivas de direito privado, constituídas sob a forma de sociedade anónima, cujo objecto é a participação em competiçoes desportivas, a promoção e organização de espectaculos desportivos e o fomento ou desenvolvimento de actividades relacionadas com a pratica desportiva profissionalizada no ambito de uma modalidade.

• 2 - A lei define o regime jurídico das sociedades desportivas, salvaguardando, entre outros objectivos, a defesa dos direitos dos associados do clube fundador, do interesse público e do património imobiliario, bem como o estabelecimento de um regime fiscal adequado à especificidade destas sociedades.

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DL 10/2013 de 25 de janeiro

Decreto-Lei n.º 10/2013 de 25 de janeiro estabelece o regime jurídico das sociedades desportivas a que ficam sujeitos os clubes desportivos que pretendem participar em competiçoes desportivas profissionais. • - Para efeitos do presente decreto-lei são competiçoes desportivas

profissionais as que como tal são qualificadas pela lei. • - O regime jurídico das sociedades desportivas é também aplicavel a

todas as entidades desportivas que optem por esta forma jurídica, ainda que não pretendam participar em competiçoes desportivas profissionais.

Questão da inconstitucionalidade da nova lei das sociedades desportivas: consultar http://pt.slideshare.net/Ruiteixeirasantos/lies-de-direito-desportivo-professor-doutor-rui-teixeira-santos

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Artigo 2.º (DL 10/2013 de 25 de janeiro )Sociedades desportivas

• 1 — Para efeitos do presente decreto-lei entende-se por sociedade desportiva a pessoa coletiva de direito pri- vado, constituída sob a forma de sociedade anónima ou de sociedade unipessoal por quotas cujo objeto consista na participação numa ou mais modalidades, em compe- tiçoes desportivas, na promoção e organização de espe- taculos desportivos e no fomento ou desenvolvimento de atividades relacionadas com a pratica desportiva da modalidade ou modalidades que estas sociedades tem por objeto.

• 2 - Um clube desportivo que constitua uma sociedade para mais do que uma modalidade desportiva só pode ter uma única sociedade desportiva.

• 3 - Um clube desportivo só pode dar origem a duas ou mais sociedades desportivas se cada uma delas tiver por objeto uma única modalidade desportiva.

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Artigo 3.º (DL 10/2013 de 25 de janeiro )Formas de constituicao de sociedades desportivas

A sociedade desportiva pode ser constituída: a) De raiz;b) Por transformação de um clube desportivo;c) Pela personalização jurídica de uma equipa que participe ou pretenda participar, em competiçoes desportivas.

Artigo 4.º (DL 10/2013 de 25 de janeiro )Transformacao e irreversibilidade

1 - Uma sociedade desportiva pode transformar-se numa sociedade desportiva de tipo societario diferente. 2 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, o clube desportivo que tiver constituído uma sociedade desportiva, ou personalizado a sua equipa profissional, só pode participar nas competiçoes desportivas de caracter profissional com o estatuto jurídico de sociedade desportiva.

Artigo 5.º (DL 10/2013 de 25 de janeiro )Direito subsidiario

1 - As sociedades desportivas são aplicaveis, subsidia- riamente, as normas que regulam as sociedades anónimas e por quotas. 2 - As ofertas públicas de açoes das sociedades anónimas desportivas são reguladas pelo Código dos Valores Mobiliarios, com as devidas adaptaçoes ao respetivo objeto e especificidade.

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Ensino

Actividade física e pratica desportiva Artigo 28.º (LBAFD)

Estabelecimentos de educação e ensino 1 - A educação física e o desporto escolar devem ser promovidos no ambito curricular e de complemento curricular, em todos os níveis e graus de educação e ensino, como componentes essenciais da formação integral dos alunos, visando especificamente a promoção da saúde e condição física, a aquisição de habitos e condutas motoras e o entendimento do desporto como factor de cultura. 2 - As actividades desportivas escolares devem valorizar a participação e o envolvimento dos jovens, dos pais e encarregados de educação e das autarquias locais na sua organização, desenvolvimento e avaliação. 3 - As instituiçoes de ensino superior definem os princípios reguladores da pratica desportiva das respectivas comunidades, reconhecendo-se a relevancia do associativismo estudantil e das respectivas estruturas dirigentes em sede de organização e desenvolvimento da pratica do desporto neste ambito.

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Artigo 33.º (LBAFD)Associaçoes promotoras de desporto

São associaçoes promotoras de desporto as entidades, sem fins lucrativos, que tem por objecto a promoção e organização de actividades físicas e desportivas, com finalidades lúdicas, formativas ou sociais, não compreendidas na area de actuação própria das federaçoes desportivas, cujo regime jurídico é definido na lei.

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Agentes Desportivos

SECCAO II (LBAFD)Agentes desportivos

Artigo 34.o Praticantes desportivos

1 - O estatuto do praticante desportivo é definido de acordo com o fim dominante da sua actividade, entendendo-se como profissionais aqueles que exercem a actividade desportiva como profissão exclusiva ou principal. 2 - O regime jurídico contratual dos praticantes desportivos profissionais e do contrato de formação desportiva é definido na lei, ouvidas as entidades sindicais representativas dos interessados, tendo em conta a sua especificidade em relação ao regime geral do contrato de trabalho.

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Artigo 36.º Titulares de cargos dirigentes desportivos

A lei define os direitos e deveres dos titulares de cargos dirigentes desportivos. Artigo 37.o Empresarios desportivos 1 - São empresarios desportivos, para efeitos do disposto na presente lei, as pessoas singulares ou colectivas que, estando devidamente credenciadas, exerçam a actividade de representação ou intermediação, ocasional ou permanente, mediante remuneração, na celebração de contratos de formação desportiva, de trabalho desportivo ou relativos a direitos de imagem. 2 - O empresario desportivo não pode agir em nome e por conta de praticantes desportivos menores de idade. 3 - Os factos relativos à vida pessoal ou profissional dos agentes desportivos de que o empresario desportivo tome conhecimento em virtude das suas funçoes, estão abrangidos pelo sigilo profissional. 4 - A lei define o regime jurídico dos empresarios desportivos. Artigo 38.o Apoio ao voluntariado 1 - O Estado reconhece o papel essencial dos agentes desportivos em regime de voluntariado, na promoção e no apoio ao desenvolvimento da actividade física e do desporto, sendo garantidas as condiçoes necessarias à boa prossecução da missão socialmente relevante que lhes compete. 2 - A lei define as medidas de apoio aos agentes desportivos em regime de voluntariado.

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SECCAO III Protecção dos agentes desportivos

Artigo 40.º Medicina desportiva

1 - O acesso à pratica desportiva, no ambito das federaçoes desportivas, depende de prova bastante da aptidão física do praticante, a certificar através de exame médico que declare a inexistencia de quaisquer contra-indicaçoes, a regulamentar em legislação complementar.

Artigo 41.º Segurança social

O sistema de segurança social dos praticantes e demais agentes desportivos é definido no ambito do regime geral da segurança social, e no caso dos praticantes profissionais e de alto rendimento, respeitando a especificidade das suas carreiras contributivas.

Artigo 42.º Seguros

1 - E garantida a institucionalização de um sistema de seguro obrigatório dos agentes desportivos inscritos nas federaçoes desportivas, o qual, com o objectivo de cobrir os particulares riscos a que estão sujeitos, protege em termos especiais o praticante desportivo de alto rendimento.

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Artigo 43.º Obrigaçoes das entidades prestadoras de serviços desportivos

As entidades que proporcionam actividades físicas ou desportivas, que organizam eventos ou manifestaçoes desportivas ou que exploram instalaçoes desportivas abertas ao público, ficam sujeitas ao definido na lei, tendo em vista a protecção da saúde e da segurança dos participantes nas mesmas, designadamente no que se refere: a)  Aos requisitos das instalaçoes e equipamentos desportivos; b)  Aos níveis mínimos de formação do pessoal que enquadre estas actividades ou administre as instalaçoes desportivas; c)  A existencia obrigatória de seguros relativos a acidentes ou doenças decorrentes da pratica desportiva.

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Continua

• Muito Obrigado• Prof. Doutor Rui Teixeira Santos• Pós-Graduação em Direito Desportivo• Universidade Autónoma de Lisboa• Lisboa, 8 de Outubro de 2016