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19/09/2016 Evento 17 RELT1 https://eproc.trf4.jus.br/eproc2trf4/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=41473943582876921115814488193&evento=4147394358287692… 1/2 RECURSO CRIMINAL EM SENTIDO ESTRITO Nº 505041489.2015.4.04.7000/PR RELATOR : LEANDRO PAULSEN RECORRENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL RECORRIDO : DALMEY FERNANDO WERLANG ADVOGADO : RAIMUNDO CEZAR BRITTO ARAGÃO RECORRIDO : MARIO RENATO CASTANHEIRA FANTON ADVOGADO : ELIOENA ASCKAR RELATÓRIO O Senhor Desembargador Leandro Paulsen: Tratase de recurso criminal em sentido estrito interposto pelo Ministério Público Federal em face de decisão que rejeitou denúncia apresentada em face de DELMEY FERNANDO WERLANG, agente de polícia federal, e MARIO RENATO CASTANHEIRA FANTON, delegado de polícia federal, pela prática do crime de calúnia. Narra a denúncia: 'Em março de 2015, o Delegado de Polícia Federal MÁRIO RENATO CASTANHEIRA FANTON, lotado na Delegacia de Bauru SP, veio em missão à Superintendência da Polícia Federal no Paraná, a fim de conduzir inquérito policial específico, de conteúdo sigiloso. Antes da conclusão do apuratório, no dia 30.04.2015, não foi dada continuidade à missão, pelo que FANTON deveria retornar à delegacia de origem. DALMEY FERNANDO WERLANG estava em exercício, até o início de maio de 2015, no Núcleo de Inteligência da Polícia Federal em Curitiba (NIP). Imediatamente após o afastamento de FANTON, ainda no final de semana dos dias 02 e 03 de maio, ele e DALMEY se encontraram para conversar sobre afastamento daquele. Após esses encontros, associaramse para ofender a honra dos colegas que entendiam ser os responsáveis pelo afastamento. Já na segundafeira (04 de maio), no hotel em que FANTON estava hospedado, e sem nenhum procedimento formalmente instaurado, ele tomou depoimento de DALMEY, o qual relatou supostos vícios na sindicância 04/2014, sindicância esta acerca da escuta ambiental localizada por Alberto Youssef no forro da cela que ocupava. Dia 04 de maio de 2015, FANTON acusa os Delegados Igor, Daniele e Moscardi de coação no curso do processo, por meio de mensagem eletrônica enviada ao Ministério Público: 'fui coagido a manipular provas no inquerito pelo dpf igor, sua esposa dpf daniele, dpf moscardi e ate do escrivao do feito' Dia 06 de maio de 2015, em depoimento prestado à CorregedoriaGeral da Polícia Federal, FANTON disse de que o APF 'Bolacha' sofreu algum tipo de pressão para não indicar eventuais culpados houve coação no decorrer da sindicância levada a cabo no ano de 2014. 'Bolacha' é o Agente Paulo Romildo Rossa Filho, responsável pela carceragem da PF e que prestou depoimento na sindicância 04/2014 por ocasião da localização de aparelho de captação de áudio na cela. Embora FANTON não aponte os nomes dos coatores, do contexto dos depoimentos fica absolutamente claro que FANTON se refere aos Delegados Rosalvo Ferreira Franco, Igor Romário de Paula, Maurício Moscardi Grillo, Márcio Adriano Anselmo, Érika Mialik Marena e Daniele Gossenheimer Rodrigues. No dia 07 de maio, DALMEY enviou, a pedido de FANTON, comunicado ao Ministério Público Federal no qual imputa crime de coação, tendo como vítima o Agente de Polícia Federal Romildo, aos Delegados Rosalvo Ferreira Franco, Igor Romário de Paula, Maurício Moscardi Grillo, Márcio Adriano Anselmo, Érika Mialik Marena e Daniele Gossenheimer Rodrigues: '... o Delegado Fanton detectou possíveis crimes do art. 10 da Lei 9626, crime de coação no curso do processo, provavelmente, teria sido coagido o Agente de Polícia Federal Romildo, vulgo 'bolacha', e crime de condescendência criminosa na instrução da sindicância, praticados pelos Delgados de Polícia Federal Rosalvo, Igor, Moscardi, Márcio, Érica e Daniele' Todavia, ao contrário do que insistem os acusados em dizer, não houve nenhuma espécie de coação sobre o agente Romildo no que diz respeito ao seu depoimento perante a sindicância realizada no ano

Relatorio trf4 sobre recurso caso dalmey e fanton

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19/09/2016 Evento 17 ­ RELT1

https://eproc.trf4.jus.br/eproc2trf4/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=41473943582876921115814488193&evento=4147394358287692… 1/2

RECURSO CRIMINAL EM SENTIDO ESTRITO Nº 5050414­89.2015.4.04.7000/PRRELATOR : LEANDRO PAULSENRECORRENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALRECORRIDO : DALMEY FERNANDO WERLANGADVOGADO : RAIMUNDO CEZAR BRITTO ARAGÃORECORRIDO : MARIO RENATO CASTANHEIRA FANTONADVOGADO : ELIOENA ASCKAR

RELATÓRIO

O Senhor Desembargador Leandro Paulsen: Trata­se de recurso criminal emsentido estrito interposto pelo Ministério Público Federal em face de decisão que rejeitou denúnciaapresentada em face de DELMEY FERNANDO WERLANG, agente de polícia federal, e MARIORENATO CASTANHEIRA FANTON, delegado de polícia federal, pela prática do crime de calúnia.Narra a denúncia:

'Em março de 2015, o Delegado de Polícia Federal MÁRIO RENATO CASTANHEIRA FANTON,lotado na Delegacia de Bauru ­ SP, veio em missão à Superintendência da Polícia Federal no Paraná,a fim de conduzir inquérito policial específico, de conteúdo sigiloso. Antes da conclusão doapuratório, no dia 30.04.2015, não foi dada continuidade à missão, pelo que FANTON deveriaretornar à delegacia de origem.DALMEY FERNANDO WERLANG estava em exercício, até o início de maio de 2015, no Núcleo deInteligência da Polícia Federal em Curitiba (NIP).Imediatamente após o afastamento de FANTON, ainda no final de semana dos dias 02 e 03 de maio,ele e DALMEY se encontraram para conversar sobre afastamento daquele. Após esses encontros,associaram­se para ofender a honra dos colegas que entendiam ser os responsáveis pelo afastamento.Já na segunda­feira (04 de maio), no hotel em que FANTON estava hospedado, e sem nenhumprocedimento formalmente instaurado, ele tomou depoimento de DALMEY, o qual relatou supostosvícios na sindicância 04/2014, sindicância esta acerca da escuta ambiental localizada por AlbertoYoussef no forro da cela que ocupava.Dia 04 de maio de 2015, FANTON acusa os Delegados Igor, Daniele e Moscardi de coação no cursodo processo, por meio de mensagem eletrônica enviada ao Ministério Público:'fui coagido a manipular provas no inquerito pelo dpf igor, sua esposa dpf daniele, dpf moscardi e atedo escrivao do feito'Dia 06 de maio de 2015, em depoimento prestado à Corregedoria­Geral da Polícia Federal, FANTONdisse de que o APF 'Bolacha' sofreu algum tipo de pressão para não indicar eventuais culpados houvecoação no decorrer da sindicância levada a cabo no ano de 2014.'Bolacha' é o Agente Paulo Romildo Rossa Filho, responsável pela carceragem da PF e que prestoudepoimento na sindicância 04/2014 por ocasião da localização de aparelho de captação de áudio nacela.Embora FANTON não aponte os nomes dos coatores, do contexto dos depoimentos fica absolutamenteclaro que FANTON se refere aos Delegados Rosalvo Ferreira Franco, Igor Romário de Paula,Maurício Moscardi Grillo, Márcio Adriano Anselmo, Érika Mialik Marena e Daniele GossenheimerRodrigues.No dia 07 de maio, DALMEY enviou, a pedido de FANTON, comunicado ao Ministério PúblicoFederal no qual imputa crime de coação, tendo como vítima o Agente de Polícia Federal Romildo,aos Delegados Rosalvo Ferreira Franco, Igor Romário de Paula, Maurício Moscardi Grillo, MárcioAdriano Anselmo, Érika Mialik Marena e Daniele Gossenheimer Rodrigues:'... o Delegado Fanton detectou possíveis crimes do art. 10 da Lei 9626, crime de coação no curso doprocesso, provavelmente, teria sido coagido o Agente de Polícia Federal Romildo, vulgo 'bolacha', ecrime de condescendência criminosa na instrução da sindicância, praticados pelos Delgados dePolícia Federal Rosalvo, Igor, Moscardi, Márcio, Érica e Daniele'Todavia, ao contrário do que insistem os acusados em dizer, não houve nenhuma espécie de coaçãosobre o agente Romildo no que diz respeito ao seu depoimento perante a sindicância realizada no ano

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19/09/2016 Evento 17 ­ RELT1

https://eproc.trf4.jus.br/eproc2trf4/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=41473943582876921115814488193&evento=4147394358287692… 2/2

de 2014; tampouco existiu a afirmada coação a FANTON por parte dos delegados Igor, Daniele eMoscardi.FANTON e DALMEY tinham plena ciência, a todo tempo, de que essa coação não existiu'.

O Juízo a quo compreendeu que a ação criminal inaugurada pelo Ministério PúblicoFederal carece de justa causa e, forte no art. 395, III, do CPP, acabou por rejeitar a denúncia.

Segundo o recorrente, já há provas suficientes no sentido de que a coação praticada poroutros delegados da polícia federal descrita pelos réus inexistiu, o que, por consectário lógico,tipifica o delito de calúnia. Nessa toada, afirma que os elementos probatórios que instruíram a inicial(mensagens eletrônicas) não são apócrifos e demonstram claramente autoria e materialidadedelitivas. Destarte, pugna pelo recebimento da inicial acusatória e regular processamento da açãocriminal.

É o relatório.Peço dia.

Desembargador Federal Leandro PaulsenRelator

Documento eletrônico assinado por Desembargador Federal Leandro Paulsen, Relator, na forma doartigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 demarço de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônicohttp://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador8387253v3 e, se solicitado, do código CRC 13AF0616.Informações adicionais da assinatura:Signatário (a): Leandro PaulsenData e Hora: 15/09/2016 14:05