81
1 16 Comportamento eleitoral e o voto através de indicadores regionais nas eleições de outubro de 2015 Uma análise geográfica do voto Manuel Rodrigues

Comportamento eleitoral e indicadores regionais

  • Upload
    ese

  • View
    75

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

1

16

Comportamento eleitoral e o voto através de indicadores regionais nas eleições de outubro de 2015 Uma análise geográfica do voto Manuel Rodrigues

2

Apresentação Passados quatro meses completa-se este trabalho exploratório com base estatísticas cujo objetivo foi, numa situação política e eleitoral excecional, avaliar o comportamen-to eleitoral e o eventual condicionamento do sentido do voto nos vários distritos e regiões de Portugal continental relativamente a determinados indicadores socioeco-nómicos. O trabalho não pretendeu ser de opinião, nem de comentário, nem de explicações mais ou menos especulativas, foi efetuado apenas com dados estatísticos de várias entidades que se relacionaram com o intenção dum confronto com o comentário da realidade política e partidária mais ou menos especulativa para avaliar porque o eleito-rado nas várias regiões, face a condicionantes governativas, vota mais num partido do que noutro. O trabalho não foi conclusivo, nem o pretendia ser, mas ajudou a perceber que o sen-so comum por vezes não faz interpretações corretas dos factos políticos nem das intenções do eleitorado. Quando por vezes de diz que a população de determinada região que, por se mais desenvolvida ou por qualquer outra, vota num partido em lugar de outro, por uma ou outra razão, estamos a cair em vícios de raciocínio político que muitos comentadores da política, por fação, cometem. Feito num tempo relativamente curto, e sem uma revisão pormenorizada, terá com certeza algumas falhas que se pretenderão corrigir posteriormente com ajuda de sugestões de que quem tiver a gentileza de o ler até ao fim, já que se dirige especial-mente a especialistas da área. Oportunamente será preparada uma versão menos técnica, com uma redação menos especializada de modo a despertar interesse a um maior conjunto de pessoas even-tualmente interessadas por questões relacionadas com o comportamento eleitoral e intencionalidade do voto na política nacional e fora do comentário político, e de opi-nião que todos fazemos nos blogs e redes sociais. Para finalizar, e se a alguma conclusão se pode chegar, é que há fatores vários que, não apenas a economia, as finanças, o emprego ou o desemprego, terão influência no comportamento eleitoral das populações em cada região. Em resumo: há outra vida para além da dívida, do défice, da economia e da sociologia que condiciona a mudança nas intenções do voto.

3

ÍNDICE 1. Introdução 5 2. Variações no comportamento eleitoral na distribuição espacial do voto 9.1 Breve contexto histórico 6 2.2. Caraterização administrativa e estatística do território e análise eleitoral 6 2.3. A distribuição espacial do voto 2011-2015 9

3. Contextualização do comportamento eleitoral e do voto nos partidos 12 4. Análise comparativa do voto nos partidos nas eleições legislativas em 2015 13

4.1. Alguns conceitos de base 13 4.2. Os partidos através do voto distrital 14

4.2.2. O voto distrital do PS e do PSD.CDS-PP 15 4.2.3. Voto distrital do PS e do PCP-PEV 17 4.2.4. Voto distrital PCP-PEV e do PSD.CDS-PP 18 5.3.2 Voto distrital do PCP-PEV e do BE 22

4.3. Os distritos através das votações partidárias 26 5. Análise do voto e alguns indicadores socioeconómicos 29

5.2. O voto e o setor terciário 29 5.3. O voto e o setor secundário 34

7.2. O voto e o setor primário 37 8. O voto e os níveis de escolaridade 40

a) O voto no PSD.CDS-PP e o nível de escolaridade 41 b) O voto no PAN e o nível de escolaridade 42 c) O voto no BE e o nível de escolaridade 44 d) O voto no PS e o nível de escolaridade 45

7. O voto e alguns indicadores sociais e económicos 46 7.1. Introdução 46

7.3. O PIB e o voto regional nos partidos 47 7.3. O voto e a taxa de pensões da Caixa Geral de Aposentações 49

7.5. O voto e a percentagem de pensionistas da Segurança Social na população total 52

7.7. O voto e as Pensões da Segurança Social e Caixa Geral de Aposentações no total da população em percentagem 56

a) O voto na coligação PSD.CDS-PP e a taxa de pensionistas 56 b) O voto na coligação PS e a taxa de pensionistas 56 c) O voto na coligação PCP-PEV e a e a taxa de pensionistas 57

7.6. O voto e o índice de dependência de idosos 58 a. O voto e o índice sintético de desenvolvimento regional (ISDR) 61

b) O voto e a competitividade 62 1. O voto e o índice de coesão 64 2. O voto PS e o índice de qualidade ambiental 65 8. O voto a taxa de desemprego e o índice de poder de compra 67

a) O voto e a taxa de desemprego 67 b) O voto e os beneficiários de subsídio de desemprego 69 c) O voto e índice de poder de compra

72 9. Notas conclusivas 74

9.3 Síntese contextual 74

4

9.2 Relação interpartidária do voto nos distritos 75 9.3. Sobre os indicadores e o comportamento eleitoral 77

24.1. Síntese final 79 ANEXO 80

5

1. Introdução O estudo dos fenómenos eleitorais tem sido efetuado nos últimos anos por empresas especializadas em marketing que apenas se dedicam em saber e divulgar como é que a distribuição de votos é vista apenas em relação à sua distribuição espacial. As abordagens sociogeográficas e a sua relação com o voto salvo algumas, poucas, exceções que se dedicaram apenas ao comportamento eleitoral histórico. A situação política e os momentos eleitorais que o país viveu desde 2005 até às eleições de 2015 explicam por si mesmos que fosse dedicado algum tempo a um estudo com uma abordagem diferente das habituais que têm sido feitos ao nível da distribuição espacial do voto. Pretendeu-se avaliar em que medida indicadores e índices económicos e sociais terão tido influência no comportamento eleitoral. Não se pretendeu tirar quaisquer ilações favoráveis ou desfavoráveis a qualquer partido dos que foram estudados. A informação estatística utilizada não foi trabalhada para se obterem resultados subjetivos. Os números não enganam são aquilo que mostram já que não foram utilizados quaisquer artifícios que possibilitassem leituras que pudessem dar vantagens fosse a que partido for. Os dados que se utilizaram são de fontes que consideradas fidedignas, como sejam o INE - Instituto Nacional de Estatística, Pordata (Fundação Francisco Manuel dos Santos), MAI - Ministério de Administração Interna, SGMAI - Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna e CNE - Comissão Nacional de Eleições. O reduzido espaço de tempo em que foi efetuado este estudo, acrescido da precaridade de meios disponíveis, elaborado apenas pelo autor, e a quase total ausência no nosso país de estudos semelhantes recentes limitou logo de início uma maior ambição. A linha condutora que presidiu é de natureza geográfica mas, como é característica da própria geografia moderna, frequentemente penetramos noutros domínios afins e, por vezes, pouco convencionais. Este estudo exploratório escrito numa linguagem sem preocupações de estilo literário, mas com o rigor possível, para além das limitações já referidas, foi acrescido de outras como a inexistência de dados e indicadores com desagregação ao nível do mesmo espaço geográfico que serve aos dados eleitorais. Ao contrário do que se pretendia não foi possível, por razões técnicas e de rigor científico, traduzir o estudo numa linguagem mais acessível a um público mais vasto e a todos os interessados que não tivesse formação neste domínio. Assim, tentou-se o mais possível utilizar uma linguagem acessível e próxima das pessoas que não sendo especializadas tivessem interesse em conhecer o estudo para tal, introduziu-se ao longo do texto, informação que ajudasse a perceber alguns conceitos utilizados. Apesar de tudo muita informação ficou por ser trabalhada para não complexificar e tornar demasiado extenso o estudo.

6

2. Variações no comportamento eleitoral na distribuição espacial do voto 9.1 Breve contexto histórico

A análise da distribuição espacial do voto faz parte dos estudos em geografia eleitoral enquadrados no comportamento do eleitorado tarefa a que se procedeu para o período compreendido entre 1991 e 2015, realizaram-se no nosso país sete eleições legislativas, que se podem definir como eleições de primeira ordem. Neste tipo de eleições, à semelhança do que acontece com as eleições presidenciais, o objetivo é definir o controlo do poder executivo nacional. Dos resultados finais destes escrutínios é possível extrair uma síntese: O panorama político nacional tem sido dominado geograficamente por dois partidos, PS e PSD, e, em 2015, pela coligação PàF formada pelos partidos PSD e CDS-PP. O PSD e O PS venceram as eleições de forma alternada, e, como tal, é este o principal padrão eleitoral. A disputa entre o PS e o PSD, e em 2015 a coligação PSD.CDS-PP é a principal dimensão da competição visto que aqueles dois partidos têm liderado todos os governos desde a democratização. Quatro partidos (cinco a partir de 1999) têm dominado a escolha política em Portugal desde 1975, sendo os únicos que continuamente viera a alcançar representação parlamentar. Configura-se então à direita, o Partido do Centro Democrático Social-Partido Popular (CDS-PP); no centro-direita, o Partido Social-Democrata (PSD); no centro-esquerda, o Partido Socialista (PS); à esquerda, o Partido Comunista Português (PCP) e desde 1999 o Bloco de Esquerda (BE). Claro que estas classificações não são estáticas porque, de acordo com as evoluções políticas do eleitorado os partidos vão-se ajustando. A distribuição espacial do voto confirmou até 2015 existência dum bipartidarismo em Portugal, com os dois principais partidos a obterem sistematicamente a maioria dos votos. Curiosamente a soma da percentagem de votos destes dois partidos tem decrescido ao longo do tempo.

Com base nos dados da Comissão Nacional de Eleições (CNE), cartografaram-se os resultados eleitorais dos escrutínios que relativos ao conjunto dos distritos de Portugal Continental. Com base nos partidos vencedores em cada um dos distritos foram construídos os diversos mapas de distribuição do voto apresentados na figura 2.

1975 1979 (AD - PSD+CDS)

1983 1987 1991 1995

7

1999 2002 2005 2009

2011

Legenda

2015 (PSD.CDS-PP)

PPD/PSD-PP AD PS ADU, CDU, PCP-PEV

Figura 2 - Evolução e retração dos partidos mais votados ao nível distrital nas eleições legislativas

2.1. Caraterização administrativa e estatística do território e análise eleitoral A análise do comportamento eleitoral tem duas vertentes, e, consequentemente, deve ser visto a partir de dois pontos distintos de observação que se complementam. O primeiro ponto de vista relaciona-se com a distribuição do voto no espaço geográfico e, o segundo, com fatores de natureza socioeconómica que pode ter, ou não, nas várias regiões, uma ligação com o voto nos partidos. A abordagem foi efetuada referindo-se apenas a Portugal Continental e trabalhada a duas dimensões regionais. Uma ao nível de distritos e concelho reportada à distribuição espacial dos votos nos partidos; outra onde se faz uma análise quantitativa das votações ao nível das regiões NUTS III.

8

Fonte: INE NUT é o acrónimo de “Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos”, é uma nomenclatura para fins estatísticos cuja última versão entrou em vigor em 2015 e é uma nova divisão regional em Portugal. As NUTS III em relação à versão anterior (NUTS 2002) houve alterações significativas no que se refere ao número e composição municipal as quais passaram de 30 para 25 unidades territoriais, agora designadas de «unidades administrativas (figura 3). A opção por esta unidade territorial deve-se ao facto das fontes estatísticas e os indicadores socioeconómicos mais recentes que se utilizaram não se encontrarem desagregadas por distrito e concelho contrariamente o que acontece com os resultados eleitorais. Na geografia eleitoral a análise dos mecanismos geoespaciais não se limitam à expressão espacial da ocorrência de factos de natureza socioeconómica mas também dos de natureza puramente espacial e de relação de posição. Encontram-se neste domínio os fenómenos de difusão espacial que têm dois aspetos marcantes: um é a irradiação dum fenómeno a partir de um foco difusor; outro é o de contágio a partir do qual um fenómeno se alastra em mancha de modo semelhante ao dum processo de difusão como a gripe ou dum qualquer processo de inovação tecnológica, por exemplo. Do mesmo modo pode surgir um recuo no processo de difusão, verificando-

Figura 3 - Regiões de Portugal Continental ao nível NUTS III

9

se então o inverso, isto é, o recuo da mancha não no sentido da difusão mas da regressão do fenómeno. Em termos puramente teóricos isto significa que, se considerássemos durante quatro décadas a existência dos mesmos partidos e que havia eleições de quatro em quatro anos, poderíamos, através da representação espacial dos votos nos partidos, verificar os avanços e recuos ao longo dos anos, assim como a sua evolução em termos de difusão ou retração espacial do votos nesses partidos que seria mais visível numa representação ao nível de concelho e de freguesia dando uma visão mais detalhada da evolução/retração. Desde as eleições de 1995 que o PS foi ocupando o espaço do eleitorado do PPD/PSD com algumas perdas e ganhos nos seus distritos tradicionais de voto, com exceção do ano de 2011, recuperando em 2015 alguns dos que tinha perdido em 2011. Se compararmos o ato eleitoral de 4 de outubro de 2015 com os sete atos anteriores verifica-se que teve uma adesão de baixa grandeza, apenas 5.380.451 eleitores o que corresponde a 56,9% dos inscritos que foram 9.439.701 (quadro 1 e figura 4).

Quadro 1 - Percentagem de votantes entre 1991 e 2015 Fonte: CNE

Figura 4 - Evolução da % de votantes

2.3. A distribuição espacial do voto 2011-2015 A força política mais votada nas eleições de 4 de Outubro de 2015 foi a coligação de direita PàF-Portugal à Frente constituída pelo PSD e pelo CDS-PP que obteve no continente 36,8% dos votos. O PS obteve 32,4%, o BE 10,2% e a CDU PCP-PEV 8,3%. Os restantes partidos juntamente com os votos brancos e nulos atingem 12.3%. O Partido Pessoas, Animais e Natureza, PAN, obteve representação parlamentar, recolhendo 1,4% dos votos. A taxa de participação mais elevada no Continente foi na freguesia de S. Saturnino no concelho de Fronteira, distrito de Portalegre, onde votaram 80,33% dos 239 inscritos. Pelo contrário, na freguesia de Soajo, concelho de Arcos de Valdevez, distrito de Viana

50,0

55,0

60,0

65,0

70,0

75,0

1987 1991 1995 1999 2002 2005 2009 2011 2015

% de Votantes

Anos

Evolução da % de votantes entre 1987 e 2015

Ano 1987 1991 1995 1999 2002 2005 2009 2011 2015 % Votantes 71,57 67,78 66,30 61,09 61,48 64,26 60,65 58,03 56,90

10

do Castelo foi onde se registou a maior taxa de abstenção, pois apenas 22,42% dos 1436 inscritos nesta freguesia foram votar. Uma análise por freguesia mostra que a coligação PàF nas eleições de 2011 foi maioritária nas 3092 freguesias, o PS o mais votado em 926 freguesias, o PCP-PEV em 44 freguesias, o Juntos pelo Povo (JPP) em duas e o CDS-PP.PPM em uma. A cartografia representada nas figuras 4 e 5 mostram a retração que se verificou entre 2011 e 2015 do partido que obteve maior percentagem de votos nos concelhos do país nas duas últimas eleições mostrando a rosa o PS e a laranja a coligação PàF, PPD/PSD.CDS-PP. Quando comparado com a situação observada nas eleições de Junho de 2011, vemos que o mapa continua predominantemente "laranja", mas está agora mais "rosa". O PSD, que em 2011 havia sido o partido mais votado em 246 dos 308 concelhos do país, conseguiu agora, apesar da coligação PàF, constituída por dois partidos, a vitória em 179 concelhos (incluindo resultados do PSD-Madeira). O PS que em 2011 tinha obtido maioria em 51 concelhos, ganhou agora em 124. A coligação PCP-PEV que em 2011 tinha obtido maioria em 10 concelhos obteve apenas a maioria em 4 concelhos em 2015. A difusão dos votos do PS e a retração da coligação PàF pode ser vista na cartografia representada nas figuras 5 e 6 onde se encontram representados os resultados obtidos por estes partidos nas eleições de 2011 e de 2015. As figuras 7 a 11 mostram em tom mais escuro os concelhos onde cada força política mais votada obteve resultados acima da média nacional, e vice-versa.

Figura 5 - Votação nos concelhos dos principais partidos em 2011 Fonte: MAI e Marktest

Figura 6 - Votação nos concelhos dos prin-cipais partidos em 2015 Fonte: MAI e Marktest

11

A análise destes mapas permite concluir que as regiões do Norte se mantêm fiéis aos partidos da coligação PàF enquanto nas do Sul o PS e a CDU têm mais peso. A votação no BE e no PAN distribui-se sobretudo pelos concelhos do Litoral e grandes cidades e Áreas Metropolitanas, como se pode confirmar pelos mapas que se seguem.

Figura 7 - Concelhos com votações no PPD/PSD.CDS-PP acima da média nacio-nal em 2015 Fonte: MAI e Marktest

Figura 8 - Concelhos com votações no PS acima da média nacional em 2015 Fonte: MAI e Marktest

Figura 10 - Distribuição dos concelhos com valor médio dos votos do PCP-PEV em 2015 Fonte: MAI e Marktest

12

Os dados dos votos por freguesia permitem-nos uma análise de algumas curiosidades destas eleições.

O BE obteve o seu melhor resultado na freguesia de Enxames (concelho de Fundão), com 21,54% dos 260 votantes da freguesia. A coligação PàF obteve a melhor votação na associação de freguesias de Codessoso, Curros e Fiães do Tâmega (concelho de Boticas distrito de Viana do Castelo), com 86,9% dos 221 votantes. O PCP-PEV registou um máximo de 64.5% dos 279 votantes na freguesia de Alcórrego e Maranhão (concelho de Avis, distrito de Portalegre) O PS obteve melhor votação na freguesia de Negrões (concelho de Montalegre, distrito de Vila Real), com 65.1% dos 109 votos contabilizados

3. Contextualização do comportamento eleitoral e do voto nos partidos As eleições de 2015 tiveram lugar num contexto político nacional que se suponha ser desfavorável aos partidos da coligação no governo saído das eleições de 2011. Passados quatro anos e meio de austeridade, e apesar descontentamento que gerou nas populações, as eleições de 2015 deram uma maioria relativa de votos à coligação PSD.CDS-PP mas sem conseguir o número de deputados suficientes para um apoio maioritário ao Governo indigitado. Nas eleições de 2009 o Partido Socialista perdeu a maioria absoluta que tinha obtido em 2005 ficando minoritário num parlamento em que o PSD, o CDS-PP, o PCP-PEV e o BE tinham uma maioria de deputados o que não tinha acontecido nos dois anteriores atos eleitorais. A austeridade e os PEC's (Planos de Estabilidade e Crescimento) tinham causado um descontentamento geral na população que, juntamente com toda a instabilidade política provocada pela dificuldade de financiamento do Estado nos mercados, teve como consequência a ajuda externa pelas instâncias internacionais,

Figura 11 - Distribuição dos concelhos com valor médio dos votos do PAN em 2015 Fonte: MAI e Marktest

Figura 9 - Distribuição dos concelhos com valor médio dos votos do BE em 2015 Fonte: MAI e Marktest

13

Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia. Esta situação teve como consequência a queda do Governo minoritário do PS que não durou uma legislatura completa tendo sido derrubado com os votos conjuntos do PSD, CDS-PP, PCP, PEV e BE dando lugar à antecipação das eleições em 2011 que deram uma maioria absoluta ao PSD e ao CDS-PP que formaram uma coligação de Governo. Uma verificação por concelhos da distribuição eleitoral do voto em 2015 mostra que o Partido Socialista apresenta-se com a votação predominantemente a sul embora tenha recuperado em alguns concelhos a norte e no interior a norte do vale do rio Tejo com menor predominância no litoral norte. Quer o Partido Socialista, quer a PàF, obtiveram votos espacialmente distribuídos por todo o país, contudo, evidenciam-se por concelho algumas assimetrias em ambos os partidos. O eleitorado do PS ao longo dos anos foi sempres mais reduzido no norte, no distrito de Leiria e em alguns concelhos do Alentejo, excetuando nas eleições legislativas de 2005 onde obteve a maioria em todos os distritos menos o de Leiria. 4. Análise comparativa do voto nos partidos nas eleições legislativas em 2015 Optou-se selecionar para esta análise apenas os partidos que elegeram deputados para a Assembleia da República através das suas votações por distrito. O apuramento das votações dos partidos efetua-se por freguesia, concelho e distrito enquanto os dados socioeconómicos desagregados disponibilizados encontram-se ao nível de regiões NUTS. Assim, para que fosse possível estabelecer correlações com algumas variáveis socioeconómicas, efetuaram-se os cálculos para apuramento dos votos de cada região NUT a partir dos dados das votações por distrito e ou concelho incluídos em cada uma daquelas regiões (c. f. figura 1).

4.1. Alguns conceitos de base Ainda antes de se avançar com o desenvolvimento deste ponto é essencial o esclarecimento de alguns conceitos utilizados ao longo desta análise baseada em correlações entre o voto nos partidos e indicadores e índices socioeconómicos para que seja possível a sua compreensão. O coeficiente de correlação é uma medida estatística que se calcula por comparação entre diversas observações de duas variáveis, x e y, por exemplo. A medida da variação conjunta das variáveis ou covariação observada num diagrama de dispersão é a correlação entre essas duas variáveis. Um diagrama de dispersão representa graficamente a posição relativa dos pontos que são conjugados pela relação entre essas duas variáveis. Essa medida expressa numericamente por meio dos coeficientes de correlação que representam o grau de associação entre duas variáveis. As medidas genéricas de correlação, frequentemente designadas por R, variam entre -1 e +1. No que respeita ao sinal + significa que as variáveis têm um comportamento no mesmo sentido, isto é, que nos distritos ou regiões em que um partido observa valores altos também o outro terá valores elevados. Um sinal - significará, ao contrário, que, quando o primeiro tem valores altos

14

o segundo terá valores baixos e vice-versa para cada um dos casos. Assim, no caso concreto em estudo compararam-se os valores das votações em cada um dos partidos nos vários distritos e regiões de nível NUT III. A análise de regressão é uma técnica estatística que tem como objetivo investigar o comportamento entre as variáveis. Considerando que exista um relacionamento funcional entre os valores Y e X, responsável pelo aspeto dum diagrama de dispersão, tem como função explicar parcela significativa da variação de Y com X. Contudo, uma parcela da variação permanece inexplicada e deve ser atribuída ao acaso. Colocando em outros termos: admite-se a existência de uma função que explica, em termos médios, a variação de uma das variáveis com a variação da outra. Frequentemente, os pontos observados no diagrama apresentarão uma variação em torno da reta da função de regressão devido à existência de uma variação aleatória adicional denominada de variação residual. A equação de regressão fornece o valor médio de uma das variáveis em função da outra. Obviamente, caso seja conhecida a forma (equação) do modelo de regressão, a análise será facilitada. O problema, então, ficará restringido à apreciação dos parâmetros do modelo de regressão. Esse caso ocorrerá se existirem razões teóricas que permitam saber previamente que modelo rege a associação entre as variáveis. Geralmente, a forma da linha de regressão fica aparente na própria análise do diagrama de dispersão. Em síntese: Uma regressão simples é uma extensão do conceito correlação/covariância e tenta explicar uma variável chamada variável dependente, usando a outra variável, chamada variável independente. Mantendo a tradição estatística, seja Y a variável dependente e X a variável independente. Se as duas variáveis forem representadas uma em relação a outra num gráfico de dispersão, com Y no eixo vertical e X no eixo horizontal, a regressão tenta ajustar uma linha reta através dos pontos. Quando a reta é ajustada, dois parâmetros emergem - um é o ponto em que a linha corta o eixo Y, chamado de interceção da regressão, e o outro é a inclinação da linha de regressão. Um valor de R ao quadrado muito próximo de 1 indica uma forte relação entre as duas variáveis, podendo a relação ser positiva ou negativa. Uma outra medida numa regressão é o erro padrão, que mede a dispersão em volta de cada um dos dois parâmetros estimados - a interceção e a inclinação. Quanto maior for o valor de R, em módulo, maior será o grau de associação linear entre as variáveis. O coeficiente de correlação não é uma medida resistente, isto é, pode ser influenciado pela existência nos dados de alguns valores “estranhos”, ou seja, valores muito maiores ou menores que os restantes, pelo que deve ser interpretado com o devido cuidado. A representação prévia dos dados num diagrama de dispersão, antes de proceder ao cálculo do coeficiente de correlação, permite detetar a existência de daqueles valores estranhos.

4.2. Os partidos através do voto distrital Analisemos agora os cinco partidos que concorreram a todos os distritos e tiveram assento na Assembleia da República aplicando a técnica num espaço de dezoito dimensões em que onde se localizaram os partidos e que não pode ser representado

15

graficamente. Estas dezoito dimensões correspondem aos dezoito distritos localizando-se cada partido pela percentagem obtida em cada um deles através dos coeficientes de correlação. O facto de só se analisarem quatro partidos alguns partidos e todos terem concorrido a todos os círculos eleitorais facilitou a sua localização nas dezoito dimensões tornando possível estabelecer uma matriz de correlação entre eles e que se encontra representada no quadro 2.

Como se verifica os partidos que mais se assemelham na distribuição espacial do seu voto pelo coeficiente de correlação são o BE-Bloco de Esquerda e o PAN-Partido dos Animais e Natureza (R =+0,87). O mais antagónicos são a coligação PáF constituída pela coligação PSD-Partido Social-Democrata e o CDS-PP-Centro Democrático Social-Partido Popular e o PCP-PEV-Partido Comunista Português e o PEV-Partido Ecológico os Verdes (R = -0,91) partidos que passarão doravante a ser designados pelas suas siglas. O PS encontra-se numa posição antagónica com o PSD.CDS-PP e uma aproximação ao PCP-PEV não revelando qualquer ligação com o BE no que se refere aos votos distritais. Vejamos, através de diagramas de dispersão o significado de alguns destes coeficientes de correlação.

4.2.2. O voto distrital do PS e do PSD.CDS-PP A tendência geral do comportamento dos dois partidos ao longo dos dezoito distritos mostra um antagonismo que corresponde à posição real do eleitorado (figura 12). A nível distrital evidenciam-se tendências muito distintas. Este contrate é evidenciado pela correlação negativa relativamente significativa, R=-0,67, que mostra diminuição de votos no PS quando aumenta a votação no PSD-CDS.PP. Comparando agora os grupos de distritos G1 e G2 que correspondem a distritos do norte e do sul e alguns do centro e é clara a maior implantação eleitoral do PS no grupo G2 que corresponde aos distritos mais a sul e interior centro e de Lisboa que fica aproximadamente dentro das médias dos dois partidos. O grupo G1 é o de maior representação do PSD.CDS-PP como votações muito acima da média dos 38,5% e revela o contraste norte-sul. Nos distritos do sul, centro e grandes centros urbanos (Lisboa e Porto), grupo G2, a correlação não sendo muito forte é contudo negativa, R= -0,40, baixando os votos da coligação quando aumenta os do PS (figura 13a). Numa análise mais fina do grupo G2, distritos de Portalegre, Évora, Setúbal e Beja a situação é totalmente diferente,

BE PAN PCP-PEV PSD.CDS-PP BE PAN 0,87 PCP-PEV 0,30 0,22 PSD.CDS-PP -0,54 -0,40 -0,91 PS 0,03 -0,13 0,51 -0,67

Quadro 2 - Matriz de correlação das votações distritais dos cinco partidos com assento na Assembleia da República

16

quando aumenta o PS a coligação PSD.CDS-PP também cresce com uma correlação relativamente forte e de sentido positivo, o que poderá significar um grau de disputa entre estas duas forças políticas por parte do eleitorado adverso ao voto no PCP-PEV e BE (figura 13). Um grupo intermédio que corresponde a alguns distritos onde se verifica uma aproximação entre os dois partidos que obtiveram votações médias nestes distritos entre os 34,63% e os 35,65%.

Figura 12 - Votos distritais do PSD.CDS-PP e do PS

Aveiro

Beja

BragaBragança

C. BrancoCoimbra

Évora

Faro

Leiria

Lisboa

Portalegre

PortoSetúbal

V. CasteloVila RealViseu

y = -0,2704x + 43,833R² = 0,4548r = - 0,67

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

45,00

0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00 50,00 55,00PSD.CDS-PP %

PS %

G 1

G 2

Linha média votos PS

Beja Évora

Portalegre

Setúbal

y = 0,8067x + 18,858R² = 0,5666R=0,75

15,0020,0025,0030,0035,0040,0045,00

15,00 20,00 25,00 30,00

PS %

PPD/PSD.CDS-PP %Figura 13 - Correlação entre os votos distritais do PSD.CDS-PP e do PS nos distritos referenciados (G2) da figura 12

17

Figura 13a - Correlação entre os votos distritais do PSD.CDS-PP e do PS nos distritos referenciados (G2) da figura 12

4.2.3. Voto distrital do PS e do PCP-PEV

Apesar da correlação positiva de valor intermédio de R=+0,51, e da tendência para o voto acompanhar estes dois partidos ao nível distrital há contudo disparidades observando-se três grupos distintos (figura 14).

Uma correlação mais restrita entre os partidos nos distritos do norte do grupo G3 os dois partidos veem as suas votações evoluir em sentidos opostos, verificando-se um coeficiente de correlação medianamente significativo mas de sentido negativo, (R=-0,59), especialmente nos distritos de Viana do Castelo, Braga e Viseu com uma evolução mais lenta da tendência decrescente do PCP-PEV (figura 15). Quanto ao grupo G1 as votações progridem no mesmo sentido, subindo um quando sobe o outro como mostra o diagrama de dispersão da figura 16, mas a distância entre as votações dos dois partidos são evidentes. Os distritos de Évora e de Beja encontram-se muito próximo da linha nas votações de ambos os partidos mas o

PortoCoimbraSantarém

Castelo BrancoLisboaFaro

PortalegreÉvora

SetúbalBeja

y = -0,1869x + 41,52R² = 0,1569R = - 0,40

0,005,00

10,0015,0020,0025,0030,0035,0040,0045,00

0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00

PS %

PSD.CDS-CDS %

Aveiro

BejaBragançaCastelo Branco

Coimbra ÉvoraFaro

Guarda

Leiria

Lisboa

Portalegre

PortoSantarém Setúbal

V. Castelo e Braga

V. RealViseu

y = 0,3149x + 30,633R² = 0,2561R=0,51

0,05,0

10,015,020,025,030,035,040,045,0

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0PCP-PEV %

PS % Votos distritais do PS e do PCP-PEV

G1G2

G3

Figura 14 - Votos distritais do PS e do PCP-PEV

18

afastamento do PS é nítido em relação ao PCP-PEV. Destaca-se os distritos de Setúbal e de Beja onde as votações entre os dois partidos estão significativamente afastados.

4.2.4. Voto distrital PCP-PEV e do PSD.CDS-PP

A oposição geográfica do voto nestes dois partidos é evidente (figura 17) e a intensidade é antagónica variando de área para área. A evolução do voto de um e de outro partido faz-se sempre em sentidos opostos. O coeficiente de correlação do voto nestes dois partidos é muito forte e de sentido negativo R= -0,91 nos 18 distritos (quadro 2). Tendo em conta a distância entre a reta de regressão e os pontos correspondentes aos distritos não se verifica uma manifesta dispersão. No diagrama de dispersão evidenciam-se três grupos de distritos determinados por mudanças de intensidade no sentido dos votos. No grupo G1 a descida de um partido quando o outro sobe é mais intensa que no grupo G2 e neste ainda mais do que no grupo G3.

Viseu

V. RealBragança

Braga

Guarda

V. Castelo

Porto

y = -0,2993x + 13,521R² = 0,3479R = - 0,59

27,50

30,00

32,50

35,00

0,00 2,00 4,00 6,00 8,00PCP-PEV %

PS %

Évora

Setúbal

Beja

y = 0,4872x + 25,686R² = 0,7151R=0,85

30,00

32,50

35,00

37,50

40,00

15,00 17,50 20,00 22,50 25,00 27,50PCP-PEV %

PS %

Figura 15 - Correlação entre os votos distritais do PS e do PCP-PEV nos distritos referenciados (G3) da figura 14

Figura 16 - Correlação entre os votos distritais do PCP-PEV e do PS nos distritos referenciados (G1) na figura 14

19

Figura 17 - Votos distritais do PCP-PEV e do PSD.CDS-PP

Quer dizer que nos distritos com maior implantação do PCP-PEV o voto na coligação é nitidamente fraco. Por outro lado, nos distritos de maior implantação da coligação é menos relevante o voto PCP-PEV relativamente ao outro partido. Para além dos distritos do grupo os distritos do grupo G2, Faro, Portalegre, Coimbra e Castelo Branco, mostram votos no PSD.CDS-PP superiores às que seria de esperar. Nos distritos do grupo G3, tradicionalmente mais conservadores e cujo voto é tendencialmente dirigido para os partidos de direita, os votos no PCP têm sido muito baixos em todos os momentos eleitorais para a Assembleia da República.

A figura 18 mostra, com mais pormenor os distritos do grupo G1, Beja, Évora e Setúbal, um coeficiente de correlação entre o voto na coligação PSD.CDS-PP e do PCP-PEV uma tendência relativamente forte mas negativa, R= -0,63, com um fator explicado por 39% do modelo. Quando aumenta o voto na coligação baixa ligeiramente o do PCP-PEV. Embora o primeiro tenha obtido votações superiores às que seria de esperar, visto serem distritos onde o voto é tradicional e significativamente à esquerda (quadro 3). Apenas 4,85 pontos percentuais separaram a coligação PSD-CDS-PP do PCP-PEV chegando nos distritos de Évora e Setúbal a ser inferior aos votos dos partidos da direita coligada, conseguindo o PS obter neste distritos o maior número de votações, o

Figura 18 - Correlação entre os votos distritais do PCP-PEV e do PSD.CDS-PP nos distritos referenciados (G1) da figura 17

ÉvoraSetúbal

Beja

y = -0,9892x + 43,879R² = 0,3927R = - 0,63

0,005,00

10,0015,0020,0025,0030,00

19,00 20,00 21,00 22,00 23,00 24,00 25,00

PCP-PEV %

PSD.CDS-PP

20

que se vem verificando desde 1995 até hoje estes distritos eram de votação dominante no PCP-PEV.

Quadro 3 - Votações em três distritos do sul e respetivas diferenças 5.4.2 Voto distrital do PCP-PEV e do BE O diagrama de dispersão da figura 19 mostra que nos distritos do norte as votações nestes partidos não se aproximaram e que o BE superou o PCP-PEV mesmo nos distritos onde tradicionalmente os votos nos partidos de direita são elevados como Bragança, Vila Real e Viseu.

Figura 19 – Correlação entre os votos distritais do PCP-PEV e do BE

Na correlação, apesar de fraca (R= +0,30), entre os votos destes partidos são evidentes dois grandes grupos de distritos: o grupo G1 com distritos do norte do país onde a votação no BE superou em todos o PCP-PEV; o grupo G2 que reúne os distritos de Beja, Évora e Setúbal que se afastam da reta de tendência foram os únicos onde o voto no PCP-PEV superou, largamente, o voto no BE. A sul, o distrito de Faro, é outro caso que sai fora da tendência onde o voto no BE superou consideravelmente o do PCP-PEV Face a eleições anteriores, a progressão significativa do voto BE nas eleições legislativas de 2015 merece uma análise mais detalhada, sobretudo se comparado com o obtido pelo PCP-PEV. Nos resultados globais das eleições de 2011 a nível nacional as votações do PCP-PEV situavam-se nos 7,94% e as do BE nos 5,19% tendo havido em relação a 2009 perdas expressivas ao nível distrito em ambos os partidos. Comparando os votos dos dois partidos entre 2011 e 2015 (quadro 4 e figuras 20 e 21) verifica-se que houve ganhos

AveiroBejaBraga

Bragança

C. BrancoCoimbraÉvora

Faro

Guarda

Leiria LisboaPortalegre

PortoSetúbal

V. Castelo

V. RealViseu

y = 0,1065x + 8,3251R² = 0,0916R = 0,30

0,002,004,006,008,00

10,0012,0014,0016,00

0,00 2,50 5,00 7,50 10,00 12,50 15,00 17,50 20,00 22,50 25,00 27,50

BE %

PCP-PEV %

G1G2

Média votos BE 9,27%

Média votos PCP-PEV

Distritos % de votos PCP-PEV

% de votos PSD. CDS-PP Diferença de votos PCP-PEV e PSD.CDS-PP % de votos PS Évora 21,94 23,96 -2,02 37,47

Setúbal 18,8 22,59 -3,79 34,31 Beja 24,96 20,11 4,85 37,29

21

substanciais por parte do BE e perdas para o PCP-PEV em alguns distritos, mesmo nos distritos que tradicionalmente votam neste partido: Beja, Évora, Portalegre e Setúbal. Distritos

Eleições 2009 Eleições 2011 Eleições 2015 Diferenças 2011-2009 Diferenças 2015-2011

BE PCP-PEV BE PCP-PEV BE PCP-PEV BE PCP-PEV BE PCP-PEV Território Nacional 1 9,85 7,88 5,19 7,94 10,22 8,27 -4,66 -0,06 5,03 0,33

Aveiro 9,01 3,83 5,03 4,09 9,60 4,36 -3,98 -0,26 4,57 0,27 Beja 10,06 28,92 5,19 25,39 8,20 24,96 -4,87 3,53 3,01 -0,43 Braga 7,82 4,63 4,22 4,89 8,80 5,19 -3,6 -0,26 4,58 0,3 Bragança 6,2 2,41 2,30 2,59 5,54 3,07 -3,9 -0,18 3,24 0,48 Castelo Branco 9,08 5,05 4,19 4,89 10,03 6,03 -4,89 0,16 5,84 1,14 Coimbra 10,77 5,76 5,75 6,22 9,89 7,03 -5,02 -0,46 4,14 0,81 Évora 11,12 22,32 4,91 22,06 8,64 21,94 -6,21 0,26 3,73 -0,12 Faro 15,38 7,75 8,16 8,57 14,13 8,68 -7,22 -0,82 5,97 0,11 Guarda 7,55 3,28 3,34 3,48 7,42 3,95 -4,21 -0,2 4,08 0,47 Leiria 9,5 5,11 5,37 4,97 9,66 5,11 -4,13 0,14 4,29 0,14 Lisboa 10,81 9,93 5,72 9,55 10,89 9,84 -5,09 0,38 5,17 0,29 Portalegre 10,75 12,87 4,45 12,81 9,20 12,18 -6,3 0,06 4,75 -0,63 Porto 9,21 5,7 5,13 6,23 11,14 6,83 -4,08 -0,53 6,01 0,6 Santarém 11,91 9,26 5,79 9,02 10,76 9,64 -6,12 0,24 4,97 0,62 Setúbal 14,02 20,07 7,03 19,65 13,05 18,80 -6,99 0,42 6,02 -0,85 Viana do Castelo 8,55 4,19 4,39 4,93 7,96 5,23 -4,16 -0,74 3,57 0,3 Vila Real 5,5 2,86 2,34 3,06 5,18 2,95 -3,16 -0,2 2,84 -0,11 Viseu 6,49 2,86 2,85 2,87 6,72 3,50 -3,64 -0,01 3,87 0,63 Quadro 4 – Votos em % por distrito no BE e no PCP-PEV nas eleições de 2009, 2011 e 2015 Fonte dos resultados eleitorais: CNE - Comissão Nacional de Eleições Comparando os resultados das votações do BE em 2011 e 2015 (figura 20) observamos que em todos os distritos verificou-se um aumento significativo das votações neste partido destacando-se Faro e Setúbal com resultados substancialmente mais elevados. Apesar da fraca implantação deste partido nas regiões eleitoralmente favoráveis aos partidos de direita o BE obteve percentagens de voto significativas. A percentagem média de 4,79% em 2011 passou em 2015 para 9,27%, tendo quase duplicado.

1 Inclui Regiões Autónomas da Madeira e Açores

22

Figura 20 – Votos no BE em 2011 e em 2015

Quanto às votações PCP-PEV também se verificaram em 2015 ligeiros aumentos na maior parte dos distritos sendo de notar que em Beja, Setúbal e Portalegre se verificaram ligeiras descidas no voto nesta coligação de esquerda.

Figura 21 – Votos no PCP-PEV em 2011 e em 2015

Figura 22 – Votos no BE e no PCP-PEV em 2011

02468

10121416

%Votos

BE 2011BE 2015

0

5

10

15

20

25

30

%Votos

PCP-PEV 2011PCP-PEV 2015

0

5

10

15

20

25

30Votaçõesno BE e no PCP-PEV em 2011

BEPCP-PEV

23

Evidenciam-se nos restantes distritos ligeiros aumentos, mesmo naqueles onde o PCP-PEV habitualmente tem uma fraca representatividade, nomeadamente nos distritos de Viseu, Viana do Castelo, Guarda, Bragança, Braga e Aveiro (figuras 21, 22 e 23). A percentagem média dos votos obtidos neste partido manteve-se aproximadamente estável, situando-se em 2011 nos 8,63%, passando para 8,85% em 2015.

Figura 23 – Votos no BE e no PCP-PEV em 2015

Como já se referiu o BE obteve melhores resultados de sempre em todos os distritos enquanto o PCP-PEV apresentou os resultados mais fracos. A comparação dos votos no PS nas eleições de 2011 e nas de 2015 representadas na figura 24 revela um aumento significativo na maioria dos distritos em 2015 ultrapassando a faixa da média dos 32,42%, excetuando os distritos de Leiria e Braga, com maior incidência nos distritos de Beja, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Guarda e Portalegre. É de salientar a baixa percentual de 1,98% que se verificou somente em Braga.

Figura 24 – Votos no PS em 2011 e em 2015

Foi no distrito de Portalegre onde se verificou o maior crescimento do PS.

0

5

10

15

20

25

30Votações no BE e no PCP-PEV em 2015

BEPCP-PEV

05

1015202530354045

% de Votos

Votações no PS comparadas

PS 2011PS 2015

24

Distritos 2011 2015 Diferença 2011 2015 PSD.CDS-PP PS PSD.CDS-PP PS PSD.CDS-PP PS

Território Nacional 2 38,63 28,05 36,83 32,38 -2,80 4,33 Aveiro 44,45 25,93 48,14 27,91 3,69 1,98 Beja 23,65 29,79 20,11 37,29 -3,54 7,50 Braga 40,07 32,85 45,61 30,87 5,54 -1,98 Bragança 51,99 26,10 49,41 34,06 -2,58 7,96 Castelo Branco 37,96 34,80 35,31 38,86 -2,65 4,06 Coimbra 40,17 29,18 37,18 35,28 -2,99 6,10 Évora 27,47 29,07 23,96 37,47 -3,51 8,40 Faro 37,03 22,95 31,47 32,77 -5,56 9,82 Guarda 46,32 28,31 45,59 33,78 -0,73 5,47 Leiria 47,00 20,71 48,42 24,82 1,42 4,11 Lisboa 34,10 27,53 34,68 33,54 0,58 6,01 Portalegre 32,46 32,43 27,63 42,43 -4,83 10,00 Porto 39,14 32,03 39,59 32,72 0,45 0,69 Santarém 37,72 25,85 35,82 32,91 -1,90 7,06 Setúbal 25,15 27,14 22,59 34,31 -2,56 7,17 Viana do Castelo 43,59 26,18 45,54 29,82 1,95 3,64 Vila Real 51,41 29,12 51,02 33,06 -0,39 3,94 Viseu 48,38 26,69 51,05 29,65 2,67 2,96

Quadro 5 – Votações por distrito no PSD,CDS-PP e no PS nas eleições de 2011 e de 2015 Fonte dos resultados eleitorais: CNE - Comissão Nacional de Eleições

Figura 25 – Votos no PSD-CDS-PP em 2011 e em 2015

2 Inclui Regiões Autónomas da Madeira e Açores

0

10

20

30

40

50

60

% de Votos

Votações no PSD.CDS-PP comparadas

PSD.CDS-PP 2011PSD.CDS-PP 2015

25

Comparando as votações da coligação PSD.CDS-PP de 2015 com 2011 verifica-se que perdeu votos em 39% dos distritos (figura 25). Excetuam-se os distritos de Aveiro, Braga, Leiria, Lisboa, Porto, Viana do Castelo e Viseu que foi onde aquela força partidária conseguiu obter alguma margem, salientando-se Aveiro e Braga com os valores positivos mais significativos (quadro 5). Excetuando o distrito de Braga o comportamento do eleitorado em 2015, no que se refere ao Partido Socialista comparado com a coligação PSD.CDS-PP foi no sentido do aumento da votação em todos os distritos não conseguindo, apesar disso, atingir os resultados eleitorais que obteve em 2009 quando atingiu o resultado global nacional de 36,56% contra os 32,38% em 2015. A explicação pode ser encontrada numa eventual passagem de votos para outros partidos à sua esquerda, nomeadamente o para o PS, para o PAN e para o Bloco de Esquerda este dois últimos como recurso a voto de protesto (quadro 5).

Figura 26 - Votos no PSD.CDS-PP e no PS em 2011

Outras possíveis explicações podem ser, em parte, justificadas por uma análise sociopolítica que não se enquadra nos objetivos deste trabalho.

Figura 17 – Votos no PSD.CDS-PP e no PS em 2015

05

10152025303540455055

% Votos

Votações no PSD.CDS-PP e no PS em 2011

PSD.CDSPS

05

10152025303540455055

% Votos

Votações no PSD.CDS e no PS em 2015

PSD.CDS-PPPS

26

Quanto à distribuição espacial por concelho pode ser observada na cartografia das figuras 5 e 6. Se compararmos os anos as eleições de 2011 com 2015 os dois partidos coligação PSD.CDS-PP e o PS é notável a diferença entre os dois partidos em 2011 com uma perda significativa de votos por parte do PS e uma acentuada votação na coligação de direita. Em 2015 mantem-se na maior parte dos distritos uma votação maioritária na coligação de direita PSD.CDS-PP com alguma recuperação do PS em todos eles verificando-se um recuo apenas no distrito de Braga (figuras 26 e 27). Quanto ao PAN não existem dados de referência que possibilitem, uma avaliação anterior nas mesmas circunstâncias que a dos partidos que já tinham assento na Assembleia da República.

4.3. Os distritos através das votações partidárias Nos números anteriores analisaram-se as associações entre as votações nos partidos, vamos agora ver os graus de associação e ligação entre os distritos tendo em conta o comportamento eleitoral dos partidos nos dezoito distritos. Com base nas votações distritais dos partidos com deputados na Assembleia da República calcularam-se os coeficientes de correlação entre os distritos do continente que se encontram no quadro 6. Evidencia-se um elevado número de correlações muito fortes que nos podem dar uma imagem do agrupamento espacial por grupos de distrito em função das votações nos partidos em análise.

Aveiro

Beja

Braga

Bragan

ça

Castelo

Branco

Coimb

ra

Évora

Faro

Guarda

Leiria

Lisboa

Portale

gre

Porto

Santaré

m

Setúba

l

Viana

do Cas

telo

Vila Re

al

Viseu

Aveiro 0,475 0,995 0,989 0,903 0,944 0,614 0,908 0,986 0,997 0,934 0,75 0,973 0,946 0,642 0,996 0,993 0,998 Beja 0,55 0,553 0,725 0,693 0,985 0,715 0,578 0,432 0,73 0,88 0,627 0,714 0,959 0,542 0,531 0,487

Braga 0,997 0,94 0,971 0,682 0,94 0,997 0,985 0,964 0,812 0,99 0,972 0,708 1,000 0,997 0,995 Bragança 0,944 0,972 0,685 0,934 0,999 0,977 0,963 0,819 0,987 0,969 0,702 0,997 0,999 0,994

Castelo Branco 0,994 0,83 0,991 0,958 0,868 0,992 0,955 0,976 0,986 0,864 0,932 0,93 0,906 Coimbra 0,806 0,989 0,982 0,917 0,998 0,925 0,994 0,997 0,836 0,966 0,963 0,946

Évora 0,82 0,707 0,573 0,835 0,941 0,75 0,822 0,985 0,674 0,664 0,625 Faro 0,951 0,877 0,99 0,938 0,978 0,987 0,87 0,931 0,921 0,903

Guarda 0,971 0,974 0,843 0,994 0,979 0,73 0,996 0,996 0,989 Leiria 0,908 0,702 0,954 0,922 0,599 0,988 0,983 0,994

Lisboa 0,935 0,99 0,999 0,863 0,959 0,953 0,936 Portalegre 0,878 0,921 0,958 0,801 0,798 0,758

Porto 0,993 0,784 0,987 0,982 0,973 Santarém 0,85 0,968 0,961 0,947

Setúbal 0,696 0,68 0,644 Viana do Castelo 0,998 0,997

Vila Real 0,997 Viseu

Quadro 6 - Matriz de correlação entre os distritos segundo o voto de quatro partidos e umacoligação (BE, PAN, PCP-PEV, PSD,CDS-PP e PS)

27

A matriz dos coeficientes de correlação do quadro 6 e as figuras 28 e 29 traduz o comportamento eleitoral das populações entre distritos que se podem agrupar segundo o menor ou maior grau de associação. Para estas associações selecionaram-se apenas os distritos cujos coeficientes de correlação são superiores a 0,985 considerados como muito significativos. Todavia, selecionaram-se também outros distritos cujos coeficientes de correlação são menores do que o indicado mas que, apesar de serem mais fracos, são também relevantes e mostram uma tendência de associação entre distritos semelhantes no comportamento eleitoral tendo-se o cuidado, nestes casos, colocar essas ligações a tracejado. Apesar de se ter optado, apenas por uma questão de facilidade de representação gráfica pelos dos distritos com os coeficientes de correlação indicados porque evidenciam uma maioria de correlações muito fortes ao nível de 0,9XX que traduzem a existência de grupos de distritos associados. A correlação mais baixa encontrada foi 0,432 verificada entre os distritos de Beja e de Leiria. Através das ligações entre os distritos com iguais coeficientes de correlação evidenciam-se em primeiro lugar as mais fortes que mostra a existência de três grandes grupos: a) Bragança que se liga primeiro a Vila Real e à Guarda com 0,999 e a Viana do Castelo e a Viseu com 0,997 e 0,994 respetivamente; b) utilizando o mesmo critério da correlação do voto entre partidos que lhes são comuns, segue-se ao mesmo nível Aveiro que se liga a Braga, Viana do Castelo, Viseu e Bragança; c) Aveiro associa-se em primeiro lugar a Viseu, este com o coeficiente de correlação de 0,998 que forma um grupo com aqueles três distritos. Os distritos destes três grupos apresentam entre si coeficientes de correlação significativamente elevados e positivos, daí a sua associação.

Figura 28 - Graus de associação e ligação entre os distritos correspondentes ao quadro 6 com coeficientes de correlação iguais ou superiores a 0,9 distritos do norte

28

Definem-se a partir dos coeficientes de correlação com a votação nos partidos dois grandes agrupamentos de distritos que correspondem a uma dicotomia norte-centro e sul, com algumas exceções que provêm do facto do distrito do Porto se associar aos distritos centro-sul, e o distrito de Leiria a associar-se com os do norte (figura 28), enquanto Coimbra que se associa a norte (Porto, Viana do Castelo e Vila Real), Leiria que está no centro encontra-se no grupo de Viseu e de Aveiro. Braga liga-se a Viana do Castelo com o coeficiente de correlação máximo de 1,000 e a Vila Real e a Bragança ambas com 0,997, muito próximos do grupo Viseu-Leiria-Aveiro-Vila Real. Vila Real que, por seu lado, se associa a Bragança, à Guarda e a Vila Real, ambos com 0,999. Vila Real associa-se mais ao grupo Viseu-Aveiro do que ao conjunto Bragança-Viseu (0,997). Os distritos do norte com um elevado coeficiente de associação configuram um grupo com forte conservadorismo eleitoral e afinidades partidárias no sentido do voto apesar de alguns apresentarem um certo afastamento dessas afinidades. Assim, Coimbra apesar de apresentar afinidades com o conjunto dos distritos do norte tem também afinidades com Santarém e com Lisboa, Castelo Branco mas também pode ser incluído no conjunto nortenho por ter resultados semelhantes. Braga associa-se plenamente a Viana do Castelo e muito próximo de Bragança e Vila Real. O grupo Beja, Évora, Setúbal e Portalegre afasta-se do grupo dos distritos do norte e mantêm entre si forte associação.

Figura 29 - Grau de associação e ligação entre os distritos correspondente ao quadro 6 com coeficientes de correlação ao nível 0,9 distritos centro e sul As exceções provêm do facto do distrito do Porto associar-se ao nível da correlação 0,97X e 0,98X com alguns distritos quer do centro, quer do sul.

29

O grau de coesão entre os distritos do sul Beja, Évora e Setúbal é elevado mas inferior ao que seria de esperar por serem, em grande parte, distritos cujo histórico eleitoral foi sempre de votação mais à esquerda enquanto o conjunto dos distritos do norte evidenciam uma maior homogeneidade com a maior parte dos níveis de ligação acima de 0,9, incluindo Coimbra e Porto. As redes de ligação traduzem o voto um comportamento político nos distritos que se agrupam pelo seu maior ou menor grau de conservadorismo manifestado pelas suas populações nos resultados eleitorais, destacando-se à esquerda Beja, Évora e Setúbal com 0,985 com aproximação a Portalegre e, no polo oposto Vila Real, Bragança, Viseu e Guarda ficando os restantes associados em posições intermédias. Estas associações entre distritos consoante o seu voto partidário revelam uma continuidade espacial de proximidade de comportamento eleitoral como se destaca na figura 30 onde não se encontram representados os partidos BE e PAN visto que não obtiveram maioria em nenhum concelho. Destaca-se também um "nicho" de concelhos no distrito de Coimbra onde há uma continuidade espacial de votações no PS. Em síntese, é evidente uma dicotomia em termos de comportamento eleitoral no voto entre os principais partidos que se verifica entre os distritos do norte e os do sul. Excetuando os distritos do Alentejo e Setúbal as redes a sul formam outros conjuntos associados sem ser por proximidade como Lisboa, Santarém, Castelo Branco, Coimbra e Faro que se estendem até ao Porto que está fortemente associado a Santarém. Apesar das votações mais elevadas nos partidos em alguns distritos as correlações menos significativas verificam-se entre os distritos do norte e os do centro e sul, confirmam a dicotomia salientada pela associação dos distritos de Beja, Évora e Setúbal e de Portalegre com Faro.

Figura 30 - Votação nos concelhos dos principais partidos em 2015

1. Análise do voto e alguns indicadores socioeconómicos Em estudos de geografia eleitoral procura-se correlacionar o comportamento eleitoral nas várias unidades espaciais com os valores correspondentes de certos indicadores de natureza social, económica, religiosa e outros mais específicos.

30

A questão que agora se coloca é a de saber se existem fatores sociais, económicos que possam ser explicativos do voto em cada um dos partidos. Embora saibamos que a correlação entre dois fenómenos não significa que exista necessariamente uma relação de causa e efeito é importante, como hipótese de trabalho, avaliar o grau de correlação entre o voto alguns dos indicadores. Como já anteriormente se notou os indicadores estatísticos encontram-se são apurados e desgregados ao nível NUTS e não por distritos pelo que houve necessidade de fazer o apuramento das votações adequado ao mesmo nível para que se pudessem respeitar e poder referir-se às mesmas unidades espaciais tornado assim exequível estabelecer possíveis relações de causa e efeito. Não se dispondo de indicadores e dados estatísticos exatamente no ano do ato eleitoral de 2015 utilizaram-se os que tivessem mais proximidade temporal, se não em termos absolutos pelo menos em termos relativos. Este tipo de análise, como as anteriores, foi efetuado apenas para os partidos com acento na Assembleia da República que forneceram as grandes tendências do eleitorado. 5. O voto da população empregada por setores de atividade

5.2. O voto e o setor terciário Analisaram-se os três grandes setores de atividade económica: o setor Primário que inclui a agricultura, a floresta, a caça, a pesca e a extração mineral; o Secundário que congrega a indústria transformadora e a construção; o Terciário que inclui serviços, tais como comércio, transporte, administração pública, educação e saúde. Calcularam-se as correlações entre a percentagem de voto nos partidos em 2015 por regiões NUTS III e a população empregada por setor de atividade com dados relativos a 2011 cujos valores não terão sofrido alterações significativas nos últimos quatro anos que provocassem o enviesamento dos cálculos.

Quadro 7 - Coeficientes de correlação entre o voto nas regiões NUTS III

e os setores de atividade em 2011.

Partidos Setores de atividade Primário Secundário Terciário

BE -0,51 -0,08 0,35 PAN -0,49 -0,23 0,52 PCP-PEV 0,39 -0,40 0,27 Coligação PSD.CDS-PP -0,24 0,47 -0,44 PS 0,41 -0,48 0,36

31

As correlações dos votos com os três setores de atividade, como se pode verificar no quadro 7, são relativamente baixas e pouco significativas com exceção da correlação entre o BE e o setor secundário que é muito fraco, sem significado e de sinal negativo, mostrando não existir qualquer ligação entre o voto neste partido e a percentagem de população empregada neste setor de atividade. O setor terciário na correlação com o voto nos partidos origina grupos de dois partidos com coeficientes de correlação de sinal oposto: o PS com R= +0,36 e a coligação PSD.CDS-PP com R= -0,44.

Alentejo Litoral

Algarve

Alto Alentejo

Alto Minho AM LisboaAM Porto

Ave

CávadoRegião Aveiro

Região Coimbra

Região de Leiria

Tâmega e Sousa

Terra de Trás-os-Montes

Viseu Dão-Lafões

y = 0,1992x + 19,71R² = 0,1325R= 0,36

0,005,00

10,0015,0020,0025,0030,0035,0040,0045,00

0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0

PS %

% Pop Emp no Setor Terciário 2011

Alentejo CentralAlentejo Litoral

AlgarveAlto Alentejo

Alto Minho

Alto Tâmega

AM Lisboa

AM PortoAve

Médio tejo

Beira Baixa

Douro

Lezíria do Tejo

Médio Tejo

Regiões Aveiro e de Leiria

Região de Coimbra

Tâmega e Sousa

Terras Trás-os-Montesy = -0,5592x + 76,664R² = 0,1942R= - 0,44

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0

PSD.CDS-PP %

% Pop Empregada no setor terciário 2011

Figura 31 - Correlação entre o voto no PS e população empregada no setor terciário por NUTS III

Gráfico 32 - Correlação entre o voto no PSD.CDS-PP e a população empregada no setor terciário por NUTS III de 2015

32

As correlações dos votos no PS e do PSD.CDS-PP com o setor terciário são muito aproximadas, diferença de 0,08 em módulo, mas apresentam variação de sentido oposto o que indicia de certa maneira que o aumento da percentagem de população empregada naquele setor é acompanhado por um aumento do voto no PS e por um decréscimo no voto na coligação PSD.CDS-PP o que é confirmado pelos diagramas das figuras 31 e 32. Com alguma expressividade os diagramas de dispersão mostram uma dicotomia norte-sul do voto e uma separação nítida entre das regiões da Área Metropolitana de Lisboa, mais próxima das regiões do sul, e da Área Metropolitana do Porto que se aproxima das regiões mais a norte apesar de esta ter percentagens de população do setor terciário também mais elevadas, ficando a região de Coimbra num ponto intermédio às duas. A reta de regressão separa, em parte, as regiões do Norte e as do Sul, confirmando que, a uma menor percentagem de população empregada no setor terciário correspondem maiores votações no PS. As percentagens superiores a 60% da população empregada naquele setor concentraram os votos no PS e as com percentagens mais baixas mostraram maior incidência na votação na coligação do PSD.CDS-PP como pode ser verificado no diagrama de dispersão da figura 32. Enquanto o PS, o BE e o PCP-PEV vêm o seu voto aumentado quando sobe a percentagem de população empregada no setor terciário a coligação PSD.CDS-PP, pelo contrário, apresenta votações mais baixas quando aumenta aquela percentagem. Estas conclusões são apenas tendenciais, pois, como se pode ver nas figuras e no quadro dos coeficientes de correlação, a percentagem de população empregada no setor terciário por regiões NUT III leva a distinguir dois grandes grupos que se agrupam acima e abaixo da reta de regressão e que correspondem aproximadamente às regiões localizadas a norte e a sul. As Áreas Metropolitanas do Porto e a Área Metropolitana de Lisboa situadas sobre a reta distanciam-se, a primeira por ter mais elevada votação na coligação mas com menos percentagem de população no setor terciário e a segunda com mais percentagem de população empregada no terciário mas com menos votação. É curioso verificar ainda que neste caso há uma tendência para o aumento da votação no partido quando menor a percentagem de população do setor terciário. Nas regiões do sul tendencialmente com menos votação no caso do PS verifica-se o inverso. Repare-se que a correlação do PSD.CDS-PP com o setor secundário é o mesmo que o do PS mas este de sentido contrário (R = - 48), mostrando que o primeiro ganha o segundo perde. No que se refere ao BE verifica-se uma correlação positiva muito próximas do PS, con-tudo, o diagrama de dispersão (figura 33) mostra diferenças significativas na distribuição do voto naquele partido, nomeadamente na região do Algarve, onde, devido aos serviços ligados ao turismo, se verificou apesar de fraca, uma correlação positiva do voto no BE.

33

Nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto as votações praticamente foram iguais sendo a diferença de 0,01% derivado ao cálculo ter sido efetuado ao nível NUTS III que não incluem apenas os concelhos dos respetivos distritos mas abrangem também outros às suas periferias. A AM de Lisboa inclui o antigo distrito de Setúbal e a AM Porto inclui uma parte do distrito de Braga e uma parte do distrito de Aveiro (antiga região de Entre Douro e Vouga). Para esta análise a diferença de décimas ou centésimas não é relevante visto não afetar o apuramento de mandatos. As regiões do norte, Alto Tâmega, Terras de Trás-os-Montes, Douro, Viseu Dão Lafões e Alto Minho, apesar das percentagens relativamente elevadas de população empregada no setor terciário, superior a 60%, não corresponderam a mais votos no BE. Nas regiões do sul o efeito foi contrário ao do PSD.CDS-PP (figura 34).

Alentejo Litoral

Algarve

Região de CoimbraAlto Minho

Alto Tâmega

AM LisboaAM Porto

Ave

Douro

Lezíria do TejoOesteRegião de Aveiro e de LeiriaTâmega e Sousa

Terras Trás-os-Montes

Viseu Dão Lafões

y = 0,0934x + 2,8869R² = 0,123R = 0,35

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0

BE %

% Pop Emp no Setor Terciário em 2011

Alentejo CentralAlentejo Litoral

AlgarveAlto Alentejo

Alto Tâmega

AM de LisboaAM do PortoAve

Médio Tejo

Beira BaixaDouro

Lezía do Tejo

Região CoimbraTâmega e Sousa Terras de Trá-os-Montes

y = 0,2193x - 6,0191R² = 0,0751R = 0,27

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0

PCP-PEV %

% de Pop Emp no Setor Terciário 2011

Gráfico 33 - Correlação entre o voto no BE e população empregada no setor Terciá-rio por NUTS III de 2015

Gráfico 34 - Correlação entre o voto no PCP-PEV e população empregada no setor Terciário por NUTS III de 2015

34

O coeficiente de correlação com o voto no PCP-PEV e a população empregada no setor terciário é extremamente baixo situando-se em R= +0,27. A comparação da correlação do setor terciário com o voto nos partidos mostra que, excetuando o PCP-PEV, os três outros partidos têm coeficientes de correlação mais elevados e que o único que revela uma correlação negativa com este setor é o PSD.CDS-PP. A explicação para este facto poderá estar em que a percentagem mais elevada da população empregada no terciário, acima dos 65 a 70%, concentra-se sobretudo nas regiões do sul com exceção das Terras de Trás-os-Montes que se encontra no limiar deste valor e que apresenta votos elevados na coligação.

Figura 25 - Correlação entre o voto no PAN e a população empregada no setor Terciário por NUTS III de 2015

Entre o conjunto dos partidos analisados o PAN é um caso atípico por ser o único que apresentou com a população empregada no setor terciário uma correlação positiva relativamente mais elevada do que os restantes, R= +0,52. O diagrama de dispersão da figura 35 mostra a relativamente elevada percentagem votação no partido em função da população empregada no setor terciário. A distribuição dos pontos mostra uma concentração das regiões entre os 0,5% e 1% dos votos nas que apresentam mais de 60% de população empregada no setor e uma percentagem ainda mais elevada de votos nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto e no Algarve. Não se verifica uma clara dicotomia entre o norte e o sul com o voto neste partido como se verificou nos outros partidos. 5.3. O voto e o setor secundário O setor secundário de atividade inclui indústria transformadora e construção e é ocupada por trabalhadores comumente denominados por operários.

Com este setor todos os partidos apresentam correlações negativas com exceção do PSD.CDS-PP que apresenta uma correlação positiva de +0,47 (figura 36).

Alentejo Litoral

Algarve

Alto AlentejoAlto Minho

Alto Tâmega

AM de Lisboa

AM do Porto

Ave Médio TejoCávado Douro

Lezíria do tejoBaixo Alentejo

Oeste

Região de Aveiro Região de CoimbraRegião de Leiria

Tâmega e SousaTerras de Trás-os-Montes

y = 0,0256x - 0,6868R² = 0,2667R = 0,52

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0

PAN %

Pop Emp no setor Terciário em % 2011

Nas regiões de Aveiro, Leiria, AvePorto regiões onde existe uma elevadaindústria como é o caso, por exemplonível de industrialização devido à forte presença de empresas ligadas à indústria têxtil, sobretudo vestuário. Sendo intensivo de mão-de-obra que setor secundário, acrescido o facto dpostos de trabalho ameaçada pelo eventual fecho de empresas devido a imprevisíveis conjunturas políticas adversascariz politicamente mais conservador

y =

0,005,00

10,0015,0020,0025,0030,0035,0040,0045,00

0,0

PS %

Figura 37 - Correlação entre o voto n

Figura 36 - Correlação entre o voto no PS

Nas regiões de Aveiro, Leiria, Ave, Cávado, Tâmega e Sousa e Área Metropolitana do existe uma elevada percentagem de população empregada na por exemplo, do vale do Ave, zona caracterizada por um forte nível de industrialização devido à forte presença de empresas ligadas à indústria têxtil, sobretudo vestuário. Sendo regiões especializada em indústrias com base no uso obra que se reflete num elevado número de empregados acrescido o facto duma possível insegurança na manutenção dos postos de trabalho ameaçada pelo eventual fecho de empresas devido a imprevisíveis conjunturas políticas adversas pode ser um fator explicativo o que lhescariz politicamente mais conservador.

Alentejo CentralAlentejo Litoral

Algarve

Alto Alentejo

Alto DouroAlto TâmegaAM de Lisboa AM do Porto AveAlto Trás-os-Montes

Beira Baixa

CávadoDouro

Região de AveiroRegião de Leiria

Tâmega e Sousa

Viseu Dão Lafões

y = -0,2209x + 39,078R² = 0,2306R= - 0,48

10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0% Pop Emp no Setor Secundário 2011

Correlação entre o voto no PS e população empregada no setorSecundário por NUTS III de 2015

Correlação entre o voto no PSD.CDS-PP e população empregada no setorSecundário por NUTS III de 2015

35

e Área Metropolitana do população empregada na zona caracterizada por um forte nível de industrialização devido à forte presença de empresas ligadas à indústria têxtil, especializada em indústrias com base no uso mero de empregados do insegurança na manutenção dos postos de trabalho ameaçada pelo eventual fecho de empresas devido a imprevisíveis pode ser um fator explicativo o que lhes confere um

Tâmega e Sousa

60,0

e população empregada no setor

e população empregada no setor

36

Por sua vez, a correlação do voto no PS com o setor secundário (R= -0,47) sendo praticamente igual à do PSD.CDS-PP (R= +0,48) é no entanto de sentido inverso como mostra o diagrama de dispersão da figura 37. O PS obteve, a norte do Tejo, votos tanto mais quanto menor a população empregada no setor secundário. A tendência mostra o voto no PS a baixar quando aumenta a percentagem do operariado nas regiões mais industrializados do litoral-norte Aveiro, Leiria, Ave, Cávado, Tâmega e Sousa e Área Metropolitana do Porto. Só uma análise mais detalhada ao nível dos concelhos e dos centros urbanos permitiria saber ao certo qual o tipo de voto da população empregada neste setor. Salientam-se regiões como a Área Metropolitana de Lisboa, Algarve, Terras de Trás-os-Montes e Douro onde se encontra menos população empregada no setor secundário e onde o PS obteve relativamente menos votos. O BE apresenta com o setor secundário um coeficiente de correlação negativa sem significância não existindo qualquer relação entre o voto e a população empregada neste setor (figura 38). Como se viu anteriormente voto neste partido tem uma correlação mais significativa com o setor terciário o que leva a admitir que poderá ter mais influência nos trabalhadores dos serviços do que no operariado.

No que se refere ao PCP-PEV estes partidos em coligação apresenta um coeficiente de correlação com a população empregada no setor secundário muito próxima do PS e do mesmo sentido. O diagrama de dispersão da figura 39 mostra uma tendência para a uma menor votação no PCP-PEV quando aumenta a percentagem da população empregada no setor secundário nomeadamente nas regiões do litoral-norte mais industrializadas que, como já se viu, mostram uma tendência para um comportamento eleitoral mais direitista.

Alentejo Central

Alentejo Litoral

Algarve

Alto AlentejoAlto Minho

Alto Tâmega

AM Lisboa AM Porto

AveBeira Baixa Cávado

Douro

Médio TejoRegião de AveiroRegião de Coimbra Região de Leiria

Tâmega e SousaBaixo Alentejo

Viseu Dão Lafões

y = -0,0177x + 9,5693R² = 0,0062R= 0,080,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0

BE %

Pop Emo no setor Secundário em % 2011

Figura 38 - Correlação entre o voto no BE e população empregada no setor secundário por NUTS III 2015

37

As regiões do sul, nomeadamente a Área Metropolitana de Lisboa, Alentejo Central, Alentejo Litoral e Baixo Alentejo são que, tendo menos população empregada no setor secundário, abaixo do 25%, mostram uma tendência para o voto na coligação PCP-PEV. A região do Algarve abaixo da reta de regressão que separa em grande medida as regiões do norte e do sul, destaca-se do grupo das regiões do sul tendencialmente de votação no PCP-PEV aproximando-se a algumas regiões do norte e centro onde há uma baixa percentagem de trabalhadores no setor, entre os 15% e os 20%, ficando abaixo da linha de votação dos 10% naquele partido. Sendo o PCP um partido cuja base eleitoral seriam os trabalhadores do secundário, que designada por classe operária, a explicação para esta "fuga" do seu eleitorado tradicional poderá ser idêntica à que se apontou para explicar a forte votação no PSD.CDS-PP da população empregada neste setor.

7.2. O voto e o setor primário O voto nos partidos e os trabalhadores do setor primário, agricultura, silvicultura (floresta), caça, pesca e extração mineral mostram correlações muito baixas de sentido negativo com a coligação PSD.CDS-PP, e médias mas também negativas com o BE e o PAN. Apenas o PS e o PCP-PEV apresentam coeficientes de correlação aproximados e do mesmo sentido positivo. As percentagens mais baixas da população empregada no setor primário ocorrem nas regiões litorais e mais industrializadas. O Algarve insere-se no grupo das que têm percentagens de população no setor próximas da mediana, 4,8%. No diagrama de dispersão da figura 40 pode verificar-se que a coligação PCP-PEV obteve menos votações na maior parte das regiões que apresentam menores percentagens de população a trabalhar no setor primário. As regiões do sul, Alentejo Central, Alentejo Litoral e Baixo Alentejo apresentam um grande afastamento da reta de regressão enviesando a tendência de voto das restantes regiões. A norte, as regiões

Alentejo Central Alentejo Litoral

Algarve

Alto Alentejo

Alto douroAlto Tâmega

AM Lisboa

AM Porto Ave

Baixo Alentejo

Beira Baixa Cávado

Douro

Lezíria do TejoMédio Tejo Região Aveiro

Região de CoimbraTâmega e SousaTerra de Trás-os Montes Viseu Dão Lafões

y = -0,2674x + 15,982R² = 0,1579R= - 0,40

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0

PCP-PEV %

Pop Emp no setor Secundário em % 2011

Figura 39 - Correlação entre o voto no PCP-PEV e população empregada no setor secundá-rio por NUTS III 2015

38

Terras de Trás-os-Montes, Douro, Alto Tâmega apresentam inversamente das anteriores percentagens mais elevadas no setor primário com menos percentagem de votos no PCP-PEV. No Alto Alentejo decrescem drasticamente os votos no PCP-PEV assim como na Lezíria do Tejo. As regiões mais rurais a norte, onde se encontram maiores percentagens de trabalhadores no setor primários são as que apresentem menor percentagem de votos neste partido. O voto no PS é o que mais se correlaciona com a distribuição destes trabalhadores (R=+0,41) encontrando-se nas regiões mais rurais um pouco mais à frente do PCP-PEV (R=+39).

O voto neste partido aparenta correlacionar-se mais com a população empregada no setor primário e terciário do que no secundário, este com maior predominância no litoral norte onde obtém, como já vimos, uma correlação negativa (R= -40). Nas regiões com maior percentagem de população empregada no setor primário conseguiu percentagens de votos acima dos 25% que tendencialmente também cresce com o aumento dos empregados naquele setor (figura 41) com destaque para as regiões do Alentejo Litoral, Alentejo Central e Baixo Alentejo. As regiões de Aveiro e de Leiria, apesar de terem menos população a trabalhar no primário, é onde obtém percentagem de votos abaixo dos 25%. É ainda nestas regiões mais industrializadas a norte onde este partido baixa a tendência de voto relativamente aos trabalhadores do secundário. O PS mostra assim significativa votação nas regiões com elevada percentagem de população empregada no setor primário não se verificando neste caso uma clara dicotomia entre o norte e o sul, mas, nas regiões abaixo 7,5% de trabalhadores neste setor há um nítido decréscimo dos votos neste partido. Nestas condições encontram-se regiões do norte como o Douro, Tâmega, Trás-os-Montes, abaixo da reta de regressão que estão próximas do Alto Alentejo, Alentejo Central e Baixo Alentejo. Encontra-se ainda um grupo de regiões intermédias em termos de percentagem de

Alentejo Central Alentejo Litoral

Algarve

Alto Alentejo

Alto Minho

Alto Tâmega

AM de Lisboa

AM do PortoAve

Baixo Alentejo

Douro

Lezíria do TejoRegião de Aveiro

Região de Leiria Alto Trás-os-MpntesViseu DãoLafões

y = 0,6083x + 4,9603R² = 0,1498R = 0,39

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0

PCP-PEV %

Pop Emp no setor Primário em % 2011

Figura 40 - Correlação entre votos no PCP-PEV e a população empregada no setor primário por NUTS III 2015

39

população empregada no setor como a Lezíria do Tejo, Beira Baixa e Beiras e Serra da Estrela que apresentam votos altos no PS.

A coligação PSD.CDS-PP apresenta com o setor primário a mais baixa correlação negativa dentre todos os partidos, R= -0,24, que é pouco significativa e com grande dispersão das regiões como mostra a figura 42. O voto neste partido mostra não existir uma relação bem definida com a percentagem de trabalhadores no setor primário. Todavia, menores percentagens de população ocupada no setor primário correspondem a percentagens de voto mais elevadas. Verificam-se contudo exceções como as regiões do Alto Tâmega, Terras de Trás-os-Montes e Douro onde a uma população mais elevada a trabalhar no setor primário correspondem também votações muito superiores à média daquele partido, 39,63%.

Alentejo CentralAlto Alentejo

Tâmega

AM Lisboa

AM Porto

AveBaixo AlentejoBeira BaixaBeiras e Serra da Estrela

CávadoDouroLezíria do Tejo

Médio Tejo Região de Aveiro

Região de Coimbra

Região de Leiria

Trás-os-MontesDão Lafões

y = 0,438x + 30,348R² = 0,166R = 0,41

0,005,00

10,0015,0020,0025,0030,0035,0040,0045,00

0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0

PS %

Pop Emp no setor Primário % 2011

Alentejo CentralAlentejo Litoral

AlgarveAlto Alentejo

Alto Minho

Alto Tâmega

AM LisboaAM Porto

Ave

Baixo Alentejo

Beira BaixaCávado Douro

Lezíria do Tejo

Região de Aveiro

OesteRegião de Coimbra

Região de LeiriaTâmega e Sousa Alto Trás-os-Montes

Viseu Dão Lafões

y = -0,5892x + 43,061R² = 0,0559R = - 0,24

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0

PSD.CDS-PP %

Pop Emp no setor Primário em % 2011

Figura 41 - Correlação entre votos no PS e a população empregada no setor primário por NUTS III 2015

Figura 42 - Correlação entre o voto no PSD,CDS-PP e a população empregada no setor primário por NUTS III 2015

40

A Lezíria do Tejo, Alto Alentejo, Alentejo Central, Alentejo Litoral e Baixo Alentejo com elevadas percentagens de setor primário atribuíram menores votos à coligação PSD.CDS-PP. A região do Algarve onde o setor terciário é dominante o voto neste partido, a par da Área Metropolitana de Lisboa e da Lezíria do Tejo, foram as regiões onde o voto foi mais baixo ficando abaixo da média. Estes resultados denotam, mais uma vez, a dicotomia entre o litoral norte, onde se encontra uma população em certa medida ocupada no setor secundário, e o sul com maior número de trabalhadores no setor primário, em especial nas regiões do Alentejo e Lezíria do Tejo. Salienta-se ainda as regiões do Alto Tâmega, Alto Trás-os-Montes e Douro onde contrariamente à tendência tendo elevado número de trabalhadores no setor primário contribuíram com elevada percentagem para o de voto na coligação. Consultando os resultados eleitorais desde 1975 verifica-se que o PSD sozinho ou coligado obtiveram percentagens de votos maioritários na maior parte das regiões do norte, litoral e interior e que apenas em 2005 o PS ganhou votos em todas as regiões exceto na região de Leiria.

2. O voto e os níveis de escolaridade Neste ponto continuamos a recorrer à técnica estatística da correlação para correlacionar o voto dos partidos. As unidades espaciais foram as regiões ao nível NUT III. Tomando como base aquelas unidades espaciais analisou-se o voto de cada um dos quatro partidos em função do nível de escolaridade segundo os Censos 2011 calculado em percentagem. Estes dados dos níveis de escolaridade são os mais recentes e referem-se a quatro anos antes das eleições o que poderá de algum modo distorcer os resultados ainda que minimamente não afetando em grande medida os coeficientes calculados já que as retas de regressão daí resultantes mostram apenas uma tendência. Em síntese, o objetivo desta parte da pesquisa é tentar identificar no geral a importância de tais características, ou de algumas delas, no comportamento eleitoral em cada uma das unidades espaciais. A análise incidiu sobre o nível de escolaridade do total da população em cada região NUT III e não apenas sobre a escolaridade da população votante visto o que o pretendido não é apenas a população eleitora mas o total em cada região. Para determinação dos coeficientes de correlação considerou-se, como se disse, o voto nos partidos e o nível de escolaridade da população total em cada região cujos valores podem ser verificados no quadro 9.

BE PAN PCP-PEV PSD.CDS-PP PS Sem nível de escolaridade -0,54 -0,65 0,23 -0,15 0,44

Básico 1º ciclo -0,73 -0,76 -0,47 0,52 0,04 Básico 2º ciclo -0,05 -0,12 -0,20 0,32 -0,39 Básico 3º ciclo 0,83 0,73 0,30 -0,37 -0,21

Secundário 0,79 0,88 0,35 -0,47 -0,03 Superior 0,39 0,60 -0,02 -0,08 -0,09

Quadro 9 - Coeficientes de correlação entre o voto regional e o nível de escolaridade.

41

Como se pode verificar os coeficientes de correlação mais fortes e positivos verificam-se nos partidos PAN e BE. O BE apresenta para o nível de escolaridade básico 3º ciclo e secundário coeficientes de correlação significativos de R= +0,83 e R= +0,79 respetivamente. Estes valores contrastam, no mesmo partido, com as correlações também significativas, mas negativas, com os grupos sem nível de escolaridade, R= -0,54 e R= -0,73 para o 1º ciclo do ensino básico.

e) O voto no PSD.CDS-PP e o nível de escolaridade O quadro 9 destaca que, contrariamente aos outros partidos, a coligação PSD.CDS-PP apresenta correlações positivas com o voto apenas nos níveis de escolaridade básica do 1º e 2º ciclo, R= +0,52 e R= +0,32 respetivamente. Nos restantes níveis de escolaridade as correlações são fracas e de sentido negativo, ou seja, o voto naquele partido aumenta quando o nível de escolaridade das regiões é mais baixo. O nível do ensino superior mostra uma correlação negativa sem significado com os votos no PSD.CDS-PP. A uma maior percentagem de população com escolaridade básica do 1º ciclo corresponde uma maior percentagem de votos na coligação (R= +0,52), verificando-se uma vez mais assimetrias regionais entre o norte e o sul. O diagrama de dispersão da figura 45 mostra claramente que, com exceção das regiões do sul, a uma percentagem de população mais elevada com o nível de escolaridade do 1º ciclo do ensino básico corresponde uma maior percentagem de votos na coligação o que significa que, nas regiões do norte, a um maior número de votos na coligação corresponde a uma maior percentagem de população com mais baixo nível de escolaridade. Salienta-se ainda que em todas as regiões a percentagem de população que possuí apenas escolaridade ao nível do 1º ciclo é a mais elevada de todos os níveis de escolaridade sendo a média de 29,3% com desvio-padrão de 2,98. Os restantes níveis de escolaridade apresentam médias de 12,6%, 18,2%, 14,4% e 11,2% para o básico 2º ciclo, básico 3º ciclo, secundário e superior respetivamente.

Figura 45 - Correlação entre o voto no PSD.CDS-PP e a população com ensino básico 1º ciclo

Alentejo CentralAlentejo Litoral

Algarve Alto Alentejo

Alto Minho

Alto Minho

A M LisboaA M do Porto

Baixo Alentejo

Beira Baixa

Cávado Douro

Lezíria do tejo

Oeste

Regiões de Aveiro e de Leiria

Tâmega e SousaViseu Dão Lafões

y = 1,8143x - 13,604R² = 0,2683R = 0,52

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

PSD.CDS-PP %

Básico 1º ciclo %

42

Figura 36 - Correlação entre o voto no PSD.CDS-PP e a população com o nível secundário

No nível do ensino secundário no qual o BE e o PAN mostram correlações relativamente fortes e de sinal positivo o PSD.CDS-PP apresenta um coeficiente de correlação negativo fraco (figura 46) R= -0,47. A média de todas as regiões na escolaridade do secundário é de 14,4% com um desvio padrão de 1,87, ocorrendo nas regiões do norte as percentagens regionais mais baixas, portanto abaixo da média, onde o voto na coligação foi também mais elevado. Excetuam-se o Alto Alentejo e Baixo Alentejo onde a coligação obteve votações das mais baixas. A região de Leiria e do Cávado são as que mais se destacam por terem uma percentagem de população com o nível secundário elevada contrariando a tendência apresentando percentagem de voto também elevado. A região de Aveiro apresenta naquele nível de escolaridade uma percentagem muito próxima da média apesar de ser no nível de ensino superior que esta região se salienta com percentagens muito acima da média, 13,2%, numa média de 11,2%, o que a coloca em quarto lugar entre todas as regiões. Um dos fatores explicativo poderá ser a existência da universidade com elevado prestígio e nível de qualidade cujos alunos que dela saem alimentam, em parte, as empresas desta região industrializada. No entanto, é de notar que o coeficiente de correlação da coligação PSD.CDS-PP com este nível de ensino é irrelevante e de sentido negativo, R= -0,08, se comparado com o BE e o PAN. O coeficiente de correlação daquela coligação com a população sem escolaridade, R = -15, explica apenas 0,02% do fenómeno mostra que não existe qualquer relação com os votos na coligação, daí não se apresentar o respetivo diagrama de dispersão.

f) O voto no PAN e o nível de escolaridade No grupo dos partidos analisados o PAN evidencia-se apresentando um coeficiente de correlação relativamente elevado entre a percentagem de população com nível do ensino secundário e o voto neste partido. Abaixo deste nível de escolaridade as correlações mais significativas são negativas evidenciando que a diminuição do voto neste partido é acompanhada por elevadas percentagens de baixo nível de escolaridade. Isto é, quanto mais baixo o nível de escolaridade menor a votação no PAN.

Alentejo centralAlentejo Litoral

AlgarveAlto Alentejo

Alto Minho

Alto Tâmega

AM LisboaAM do Porto

Ave

Baixo Alentejo

Beira Baixa

CávadoDouro

Lezíria do Tejo

Médio Tejo

Região de Aveiro

Região de Coimbra

Região de LeiriaTâmega e Sousa

Terras Trás-os-MontesViseu Dão Lafões

y = -2,6279x + 77,398R² = 0,2222R= -0,470,005,00

10,0015,0020,0025,0030,0035,0040,0045,0050,0055,0060,00

10,0 11,5 13,0 14,5 16,0 17,5 19,0 20,5

PSD.CD

S.PP %

Nível Secundário %

43

No nível de escolaridade superior é este partido que apresenta a maior correlação positiva o que significa que as regiões com maiores percentagens de escolaridade de nível superior terão votado mais no PAN (figura 47).

Figura 47 - Correlação entre o voto no PAN e a população com ensino superior

A média nacional neste nível de escolaridade situa-se nos 11,2% com desvio-padrão de 2,72. A maioria das regiões onde o PAN obteve mais votos foi entre os 0,75% e os 1,25%, que se encontram aproximadamente dentro da média de 1,01% com um desvio padrão de 0,4. É este o partido que apresenta percentagens mais elevadas de população com mais elevados níveis de escolaridade ao nível secundário e superior. Todavia, a maior parte das regiões do norte foram as que menos atribuíram voto ao PAN. O retângulo a tracejado demarca as regiões onde se concentram as regiões dentro da média dos votos e do nível de escolaridade superior que se situa dentro das respetivas médias não se verificando uma nítida dicotomia norte-sul. Nas regiões da Área Metropolitana de Lisboa, Área Metropolitana do Porto, Região de Coimbra e Algarve foi nas que e o PAN obteve percentagem de votos mais elevada e também onde se encontra o nível de escolaridade superior mais elevado possivelmente pela influência de ser nessas regiões onde se localizam universidades relevantes. No que respeita à correlação entre o nível secundário da escolaridade e o voto no PAN o coeficiente é positivo e muito significativo, R= +0,88. No diagrama de dispersão da figura 48 observa-se que a dicotomia norte-sul não é nítida como se tem verificado na maior parte dos casos. Os pontos correspondentes às regiões no diagrama acompanham claramente a reta de regressão mostrando que o voto no PAN aumenta quando também aumenta a população com aquele nível de escolaridade. A escolaridade de nível secundário terá tido influência para o voto naquele partido.

Alto Minho

Alentejo Litoral

Algarve

Alentejo Central

Alto Tâmega

A M LisboaA M Porto

AveBaixo Alentejo

Cávado

Douro

Lezíria do TejoOeste

Região de AveiroRegião de Coimbra

Região de Leiria

Tâmega e SousaTerras de Trás-os-Montes

y = 0,0899x + 0,0004R² = 0,3592R =0,60

0,000,250,500,751,001,251,501,752,002,252,50

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0 17,5 20,0 22,5

PAN %

Ensino superior %

44

Figura 48 - Correlação entre o voto no PAN e a população com ensino secundário

g) O voto no BE e o nível de escolaridade

O BE apresenta uma correlação média e negativa com a percentagem da população sem escolaridade. O diagrama de dispersão da figura 49 mostra a tendência para que a associação de percentagens mais elevadas de população sem nível de escolaridade com a baixa votação neste partido revelando também a dicotomia norte-sul, embora neste caso com disparidades reveladas pelo afastamento da reta de regressão. A região do Algarve é um caso evidente visto que, encontrando-se numa posição um pouco abaixo da média neste nível de escolaridade (13,4%), consegue um resultado em votos muito acima da média de 9,08%.

Alto MinhoAlentejo Litoral

Algarve

Alto Alentejo

A M Lisboa

A M Porto

Baixo Alentejo

Lezíria do Tejo OesteRegião de Aveiro Região de Coimbra

Região de Leiria

Tâmega e Sousa

Terras de Trá-os-Montes

y = 0,1927x - 1,7594R² = 0,7815R = 0,88

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0

PAN %

Ensino secundário %

Alentejo Litoral

Algarve

Alto AlentejoAlto Minho

Alto Tâmega

A M Lisboa A M Porto

AveBaixo Alentejo

Região de CoimbraRegião de Leiria

Terra de Trãs-os-Montes

Viseu Dão Lafõesy = -0,3643x + 13,969R² = 0,2934R = - 0,54

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0

BE %

Sem escolaridade %

Figura 49 - Correlação entre o voto no BE e a população sem escolaridade

45

Nas regiões do Alentejo percentagens elevadas de população com falta de escolaridade correspondem votos mais baixos elevados no BE contrariamente às regiões do norte. Relativamente à percentagem de população com o 3º ciclo do ensino básico correlacionada com o voto no BE mostra um coeficiente de correlação muito significativo com, R= +0,83 como mostra a figura 50.

Figura 50 - Correlação entre o voto no BE e a população com 3ºciclo ensino básico

A dispersão das regiões entre votos e as percentagens de população com escolaridade do 3º ciclo do ensino básico não evidencia uma clara dicotomia norte-sul e que, independentemente da região, verifica uma forte tendência para crescer o número de votos no BE quanto mais elevada a percentagem de população com aquele nível de escolaridade. A norte são as regiões de Terras de Trás-os-Montes, Alto Tâmega e Douro que se afastam nitidamente das outras, apresentando percentagens de população com o nível 3º ciclo abaixo da média dos 18,2% e voto muito baixo da média de 9,08% do BE.

h) O voto no PS e o nível de escolaridade A análise das correlações dos níveis de escolaridade com o voto no PS mostra este partido com coeficientes com os níveis de escolaridade extremamente fracos e a não existência de qualquer correlação significativa com os níveis de escolaridade mais altos. Apenas o nível sem escolaridade é o que revela ter algum significado, R= +0,44, aproximando-se do BE mas no sentido inverso. A figura 51 mostra o diagrama de dispersão onde não se observa não existir distinção entre as regiões norte-sul e litoral-interior nos votos do PS com este nível de escolaridade.

Alentejo Central

Alentejo Litoral

Algarve

Alto Alentejo

Alto Minho

Alto Tâmega

A M de LisboaA M do Porto

Região de Aveiro e Ave

Baixo AlentejoBeira Baixa Cávado

Douro

Baixo Alentejo OesteRegião de Coimbra

Tâmega e Sousa

Terras de Trás-os-Montes

Viseu Dão Lafões

y = 1,0995x - 10,939R² = 0,6837R = 0,83

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0 17,5 20,0 22,5

BE %

3º Ciclo %

46

Figura 51 - Correlação entre o voto no PS e a população sem escolaridade

A linha tracejada define o ponto médio do nível sem escolaridade, 13,4%, que separa as regiões com percentagens de população sem escolaridade acima da média, à direita e abaixo da média à esquerda e onde as assimetrias são menos nítidas. A correlação do voto no PS com a percentagem de população com o nível de ensino do básico 2º ciclo é fraca e de sentido negativo sendo entre os outros partidos a mais elevada neste nível de escolaridade. Como mostra o diagrama de dispersão da figura 52 não acompanha o voto no PS verificando-se uma concentração em torno das médias da escolaridade, 12,6%, e dos votos no PS, 32,90%.

Figura 52 - Correlação entre o voto no PS e a população com 2º ciclo ensino básico

3. O voto e alguns indicadores sociais e económicos

1. Introdução Analisam-se neste ponto valores de natureza económica e social que possibilitem traçar um retrato social da população votante e, ao mesmo tempo, verificar desenvolvimentos ocorridos neste domínio. Existe um conjunto de fatores e cadeias de variáveis envolvidos no comportamento eleitoral que podem contribuir para o voto dos sujeitos eleitores, que podem ser

Alentejo LitoralAlgarve

Alto Alentejo

Alto Minho Alto Tâmega

A M de LisboaA M do Porto Ave

Beira Baixa

CávadoMédio Tejo

Região de Aveiro

Região de Coimbra

Região de LeiriaTâmega e SousaViseu Dão Lafões

y = 0,6088x + 24,725R² = 0,1943R = 0,440,005,00

10,0015,0020,0025,0030,0035,0040,0045,00

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0 17,5 20,0

PS %

Sem escolaridade %

Alentejo Central

Algarve

Alto Alentejo

Alto MinhoAlto TâmegaAM de Lisboa AM Porto Ave

Beira Baixa

Cávado

Baixo Alentejo

Região de AveiroRegião de Leiria

Tâmega e SousaViseu Dão Lafões

y = -0,823x + 43,256R² = 0,1549R = -0,400,005,00

10,0015,0020,0025,0030,0035,0040,0045,00

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0 17,5 20,0

PS %

Básico 2º ciclo %

47

distanciados como os históricos, socioeconómicos, valores, atitudes e grupos de pertença, e fatores próximos como candidatos, campanha eleitoral, situação política e económica, ação do governo e influência dos amigos. É na entrada de alguns indicadores socioeconómicas, de proteção social e de rendimento que se irá centrar este ponto da análise do voto partidário. Neste âmbito foram analisados três grupos de indicadores regionais ao nível NUTS III: Taxa de Pensões da Caixa Geral de Aposentações e da Segurança Social, Taxa de Desemprego, Índice de Poder de Compra per capita e Índice de Dependência de Idosos. O índice de poder de compra per capita - IPCPC, é um número que serve de indicador para traduzir o poder de compra em termos per capita que permite comparar o poder de compra manifestado quotidianamente nas diferentes regiões. Este índice é útil para comparar o poder de compra das famílias em cada região. Nesta análise utilizou-se este índice para verificar eventuais correlações com os votos nos partidos com assento na Assembleia da República. O objetivo da análise é detetar se determinado indicador foi ou não fator de incidência no voto partidário, avaliando ao mesmo tempo a aceitação maior ou menor das políticas seguidas pelos partidos que governaram durante a última legislatura no espaço geográfico regional de Portugal continental.

7.3. O PIB e o voto regional nos partidos O PIB regional corresponde ao valor acrescentado pelas unidades de produção localizadas num certo espaço geográfico sendo aproximado ao rendimento gerado nesse espaço não sendo, portanto, o mesmo que o rendimento per capita. O objetivo foi verificar qual o eventual contributo que o PIB regional poderia ter no voto dos partidos. As estatísticas do PIB regional de 2013 do INE (dados preliminares) encontravam-se apenas ao nível da NUTS III de 2003 pelo que foi necessário efetuar uma correspondência para o nível das NUTS III de 2015 que pudesse ser compatível com os votos nos partidos, também estes já calculados para as NUTS III, como se fez para os pontos anteriores. Para facilidade de leitura e de análise os valores do PIB regional em euros foram convertidos em valores percentuais para cada região para assim se calcularem os coeficientes de correlação com os votos nos partidos, cujos resultados são apresentados no quadro 10.

BE PCP-PEV PSD.CDS-PP PS PIB regional 2013 Dados Preliminares 0,38 0,06 -0,15 -0,02

Quadro 10 - Correlação entre o PIB regional e o voto nos partidos Os coeficientes de correlação referentes ao PIB regional e o voto não se revelaram significativos sendo na generalidade muito fracos destacando-se o BE, o mais forte, com R= +0,38. Verifica-se ainda a não existência de qualquer correlação entre aquele indicador e os votos no PCP-PEV e no PS. A coligação PSD.CDS-PP mostra uma correlação de sentido negativo, R= -0,15. A explicação para este facto poderá ser

48

devido aos quantitativos do PIB se concentram sobretudo nas regiões da Área Metropolitana de Lisboa, com aproximado a 40%, e na do Porto com cerca de 15%. As regiões do Algarve, um pouco acima da média, e as regiões do Ave, Aveiro, Coimbra, Tâmega e Sousa com valores abaixo da média, 4,35. Verifica-se a concentração das regiões com valores do PIB regional abaixo dos 5%. Os votos no BE confirmam que, independentemente do PIB de cada região, o comportamento do voto neste partido não foi influenciado pelo maior ou menor valor do PIB nas regiões como mostra o diagrama de dispersão da figura 53. De modo geral todas as regiões apresentam um PIB regional muito baixo cujas correlações com os votos não traduzem possibilidades de haver qualquer relação evidente. É nas duas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto que os partidos obtêm maior percentagem de votos. Contudo, e mais uma vez, o BE obtém aí uma tendência para votação mais elevada, enquanto a coligação mostra tendência para naquelas regiões baixar a seu voto. Verifica-se ainda que o voto naquele partido, independentemente do PIB, aumenta nas regiões do sul e áreas metropolitanas enquanto o PSD.CDS-PP aumenta nas regiões do norte e baixa nestas regiões quando aumenta o PIB (figuras 53 e 44). Quanto ao voto nos partidos PS e PCP-PEV, cujos coeficientes de correlação são extremamente baixo e sem significado relevante não se procedeu a uma análise mais detalhada. A riqueza económica das regiões representada pelo PIB regional que é um dos indicadores mais utilizados para quantificar a atividade económica e ser uma agregação de toda a atividade económica (duma região neste caso) não revelou ser um fator explicativo para justificar o sentido de voto nos partidos. Possivelmente obter-se-iam outros resultados efetuando a análise com a desagregação das atividades económicas que contribuíram para a determinação do PIB regional.

Alentejo Central

Alentejo Litoral

Algarve

Alto Tâmega

AM LisboaPIB 39,14% AM PortoPIB 14,82 %

Cávado

Douro

Lezíria do TejoRegião de AveiroRegião de Coimbra

Região de LeiriaTâmega e Sousa

Terras de Trás-os-Montes

Viseu Dão Lafõesy = 0,1024x + 8,6302R² = 0,1432R = 0,38

0,002,004,006,008,00

10,0012,0014,0016,00

0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00

BE %

PIB regional %

Figura 53 - Correlação entre o voto BE e o PIB regional por NUTS III

49

7.3. O voto e a taxa de pensões da Caixa Geral de Aposentações Seguindo a meta informação e nomenclatura do INE considerou-se pensionista quem recebe uma ou mais pensões, tais como a pensão de velhice ou de sobrevivência. No caso específico da Caixa Geral de Aposentações (CGA) distingue-se entre quem recebe pensão de aposentação (aposentado), pensão de reforma (reformado) e outras pen-sões (pensionista). No caso da Segurança Social, é o titular de uma prestação pecuniária nas eventualidades de invalidez, velhice, doença profissional ou morte. No caso da Caixa Geral de Aposentações, "é o utente que adquiriu o direito a uma pensão, seja na qualidade de herdeiro hábil do contribuinte falecido, seja na qualidade de titular de pensão de preço de sangue ou outra de natureza especial". É aposentado quem recebe uma pensão de aposentação da Caixa Geral de Aposentações. Esta pen-são é atribuída por velhice ou incapacidade permanente a quem foi funcionário público. As taxas utilizadas referem-se a 2013 e aos pensionistas da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentações no total da população residente com 15 e mais anos em per-centagem. A taxa de pensões refere-se ao cálculo da percentagem total de Pensões no final do ano civil sobre o total da população residente com 15 e mais anos no final do ano civil multiplicado por 100. Considerou-se ser irrelevante para esta análise o facto da idade considerada para o cálculo efetuado pelo INE incluir as faixas etárias a partir dos 15 apesar da idade legal para o exercício do direito ao voto ser a partir dos 18 anos. Para efeito do cálculo dos coeficientes de correlação considerou-se que as taxas de pensão correspondem a um certo número de pensionistas que as recebem em determinada região. De acordo com este pressuposto determinaram-se numa primei-ra análise apenas os coeficientes de correlação entre as percentagens de votos de cada partido e as percentagens nos referidos indicadores nas vinte e três regiões NUTS III com as taxas de pensões referentes a 2014 que se encontram representados no

Alentejo CentralAlentejo Litoral

AlgarveAlto Alentejo

Minho

Alto Tâmega

AM Lisboa PIB 39,41%

AM Porto PIB 14,82%Ave

Cávado

Lezíria do Tejo

Região de Aveiro

Região de Coimbra

Região de Leiria

Tâmega e SousaViseu Dão Lafões

y = -0,1875x + 40,441R² = 0,021R = - 0,15

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00

PSD.CDS-PP %

PIB regional %

Figura 54 - Correlação entre o voto PSD.CDS-PP e o PIB regional por NUTS III

50

quadro 11 e, mais adiante, as correlações com o total de pensionistas CGA e SS em 2013, últimos dados disponíveis.

BE PAN PCP-PEV PSD.CDS-PP PS Taxa Pensões CGA 2014 -0,06 0,06 0,24 -0,36 0,57 Taxa Desemp, 2014 -0,28 -0,17 -0,08 0,05 0,34 IPCPC 2013 em % 0,70 0,84 0,29 -0,39 -0,02

Quadro 11 - Coeficientes de correlação entre o voto regional NUTS III com alguns indicadores de condições de vida As correlações da taxa de pensões da CGA com o voto são baixa e mesmo insignificantes, com exceção do PS (R= +0,57) e do PCP-PEV (R =+0,24) - os menos fracos de sentido positivo - verificando-se uma variação em sentido contrário com a coligação PSD.CDS-PP (R= -0,36) o que pode ser explicado por o aumento em cada região da percentagem de pensionistas ser acompanhado por um aumento de voto no PS e, em parte, no PCP-PEV fazendo decrescer o voto na coligação quando aumenta a percentagem da população aposentada. Os diagramas de dispersão das figuras 55 e 56 mostram que, a um aumento da taxa de pensões da CGA corresponde também um aumento de votos no PS. Contrastando com análises anteriores não existe, neste caso, uma tão nítida dicotomia norte-sul, verificando-se que, em várias regiões do norte como a região de Coimbra, Douro, Alto Tâmega e Terras de Trás-os-Montes, onde há um maior número de pensionistas a receber pensões do subsistema da CGA houve também uma crescente na votação no PS.

Figura 55 - Correlação entre o voto PS e a taxa de pensões da CGA

Evidenciam-se as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto cujas votações no PS, 33,89% e 32,40%, respetivamente, se aproximam mas em que as taxas de pensões das duas regiões se encontram substancialmente distantes. A região do Algarve aproxima-se do grupo de algumas regiões do norte, como Alto Minho, Viseu Dão Lafões e Alto Tâmega, ao nível da menor taxa de pensionistas da CGA.

Alentejo LitoralAlgarve

Alto Alentejo

Alto TâmegaA M de LisboaA M do PortoAve

Baixo AlentejoBeira Baixa

Cávado Terra de Trás-os.Montes

Lezíria do Tejo

Região de Aveiro

Região de Coimbra

Região de Leiria

Tâmega e Sousa Douro

Viseu Dão Lafões

y = 1,1891x + 24,981R² = 0,3276R = 0,57

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

45,00

0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0

PS %

Taxa de pensões CGA

Alto Minho

51

O Figura 56 mostra uma separação nítida entre as regiões do norte e do sul separadas pela reta de regressão que as separa. Contudo o coeficiente de correlação é negativo pois que, quando cresce a taxa de pensionistas, decresce tendencialmente nas regiões do sul a votação no PSD.CDS-PP quando aumenta a taxa de pensionistas.

Figura 56 - Correlação entre o voto PSD.CDS-PP e a taxa de pensões da CGA

As principais exceções são as Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto com posições extremas no que respeita à taxa de pensões e que é superada por Lisboa que atinge o seu máximo. Uma explicação pode ser a região onde existe o maior número de funcionários públicos e, consequentemente, o maior número de aposentados da CGA. Nas regiões localizadas a norte é onde se verifica uma elevada votação na coligação e menores taxas de aposentados. Comparando os dois diagramas de dispersão e sem pretender tirar conclusões apressadas pode dizer-se que as regiões com maior número de aposentados não terão votado na coligação PSD.CDS-PP e que as votações no PS, apesar de a norte a tendência ser para o voto na coligação observa-se uma inversão na posição relativa das retas de regressão representadas no PS e na coligação. Nas regiões com taxa de pensões da CGA no total da população muito abaixo da média (6,7%), Ave, Tâmega e Sousa, Cávado, Leiria, Aveiro e Alto Minho a votação foi mais elevada na coligação e mais baixas no PS. São também as mesmas regiões que, como veremos adiante, as que apresentam um índice baixo de dependência de idosos e, por isso, menos envelhecidas.

Alentejo CentralAlentejo Litoral

AlgarveAlto Alentejo

Alto Minho

Alto Tâmega

A M de LisboaA M do Porto

Ave

Alto Alentejo

Beira Baixa

Cávado Douro

Lezíria do Tejo

Regiões de Aveiro e Leiria

Região de Coimbra

Tâmega e Sousa Terras de Trás-os-MontesViseu Dão Lafões

y = -1,7503x + 51,284R² = 0,1319R = -0,360,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0

PSD.CDS-PP %

Taxa de pensões CGA

52

A correlação entre o voto do PCP-PEV e a taxa de pensões da CGA é muito baixa, +0,24. A reta de regressão representada no diagrama de dispersão da figura 57 mostra uma nítida divisão norte-sul e as regiões do norte situadas abaixo da reta e com mais população a receber pensões da CGA foram as que verificaram baixas votações neste partido, exceção feita às quatro regiões do Alentejo, não sendo portanto passível duma associação dos votos neste partido às pensões da CGA. Os restantes partidos não indicam qualquer associação como o voto por parte destes pensionistas.

7.5. O voto e a percentagem de pensionistas da Segurança Social na população total

De modo idêntico aos pensionistas da CGA apuraram-se as correlações entre os votos nos principais partidos e a percentagem de pensionistas da Segurança Social ativos em 31 de Dezembro de 2014 para se verificar se os resultados relativos ao "comportamento" deste grupo social estariam correlacionados com as votações nos partidos em análise cujos resultados se apresentam no quadro 12. Os coeficientes calculados tiveram como base os valores por centro distrital da Segurança Social que correspondem aos distritos.

BE PAN PCP-PEV PSD.CDS-PP PS % de Pensionistas da Segurança Social 0,44 0,68 -0,03 -0,04 -0,21

Quadro 12 - Coeficientes de correlação entre o voto nos partidos e os pensionistas da Segurança Social por distrito Como se verifica no quadro as correlações são quase nulas com o PCP-PEV e com a coligação PSD.CDS-PP. O PS apresenta um coeficiente de correlação comparativamente mais elevado mas de sentido negativo. Salientam-se o BE e o PAN com valores um pouco mais significativos.

Alentejo CentralAlentejo Litoral

Algarve

Alto Alentejo

Alto MinhoAlto Tâmega

A M de Lisboa

A M do PortoAve

Baixo Alentejo

Beira BaixaDouro

Lezíria do Tejo

Região de Aveiro

Região de CoimbraCávadoTâmega e Sousa Terras de Trás-os -MontesViseu Dão-Lafões

y = 0,7345x + 3,6146R² = 0,0584R = 0,24

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0

PCP-PEV %

Taxa pensões CGA

Figura 57 - Correlação entre o voto PCP-PEV e a taxa de pensões da CGA

53

Figura 58 - Correlação entre o voto PS por distrito e os pensionistas da Segurança Social por centro distrital

Os resultados relativos aos "comportamentos" dos pensionistas da segurança social como de outras variáveis são bastante curiosos: o PCP-PEV com coeficiente de correlação irrelevante e negativo e a coligação PSD.CDS-PP acompanhando o PCP-PEV apresentam a mesma tendência nos vários distritos. O com coeficiente de correlação com o PS, apesar de mais elevado é mesmo assim bastante fraco e também de sinal negativo. Os resultados sugerem fundamentalmente uma relativa mas nítida concordância entre a distribuição do voto e os pensionistas que acompanhou a tendência do voto no PCP-PEV e no PSD.CDS-PP. O coeficiente de correlação com o PS não revela que haja uma correlação significativa com a percentagem de pensionistas mas pelo diagrama de dispersão da figura 58 verifica-se que a maior parte dos distritos do norte tem votos mais baixos que acompanham a menor percentagem de pensionistas e a posição relativa da percentagem de pensionistas em cada distrito com o voto no Partido Socialista. Só os distritos de Lisboa e Porto apresentam um afastamento dos restantes devido ao maior número de pensionistas que pode ser justificado por ser nestes dois centros urbano onde se concentra a maior percentagem de população mais idosa. Nos distritos do sul, acima da reta de regressão, verifica-se o inverso, o voto no PS atinge percentagens mais elevadas apesar da baixa percentagem de pensionistas. Evidenciam-se os distritos de Lisboa e do Porto onde, devido ao maior número de pensionistas, o PS obteve tendencialmente menos percentagem de votos podendo concluir-se grosso modo que nestas eleições o voto no PS não foi influenciada pelo número de pensionistas da segurança social. Relativamente ao BE e ao PAN passa-se o inverso, apresentam coeficientes de correlação mais significativos de sinal positivo revelando que os distritos do norte, que ficam abaixo da reta de regressão, têm menor percentagem de pensionistas também o BE obteve menos votos. Os distritos a sul, Faro e Setúbal, são os que tendo mais pensionistas também deram mais votos no BE.

Aveiro

BejaBragaBragança

Castelo BrancoCoimbraÉvora

Faro

Leiria

Lisboa

Portalegre

PortoSantarém SetúbalCastelo BrancoViseu

y = -0,162x + 34,319R² = 0,0446R = -0,21

0,005,00

10,0015,0020,0025,0030,0035,0040,0045,00

0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00

PS %

Pensionistas %

54

Figura 59 - Correlação entre o voto BE por distrito e os pensionistas da Segurança Social por centro distrital

Verifica-se haver uma tendência para aumentar o voto no BE quando aumenta a percentagem de pensionistas (figura 59). Todavia, observam-se grandes desvios a essa tendência: nos distritos de Beja, Évora e Portalegre onde o voto no BE aumenta a um ritmo superior à dos pensionistas evidenciando-se os distritos de Faro e Setúbal onde o aumento foi mais pronunciado, enquanto nos do norte se passa o inverso.

Figura 60 - Correlação entre o voto PAN por distrito e os pensionistas da Segurança Social por centro distrital

Salientam-se ainda os distritos do Porto e de Lisboa onde o BE obteve votações mais altas e que são também aqueles onde se concentra o maior número de pensionistas. Foi no distrito do Porto onde o BE obteve uma percentagem de votos um pouco superior ao de Lisboa embora tenha uma muito menor percentagem de pensionistas 16,23% e 21,48% respetivamente. Se compararmos os diagramas de dispersão do PAN (figura 60) com o do BE verifica-se uma relativa equivalência na distribuição dos pontos dos distritos e da percentagem de pensionistas e do voto em cada um dos partidos que, apesar da relativa diferença na dimensão do voto mas que evidenciam a mesma tendência de crescimento embora mais lento no caso do voto no PAN com a percentagem de pensionistas.

AveiroBeja Braga

Bragança

Castelo Branco CoimbraÉvora

Faro

Guarda

LeiriaLisboa

PortalegrePortoSantarém

Setúbal

Viana do Castelo

Vila Real

Viseu

y = 0,1927x + 8,1968R² = 0,1975R= 0,44

0,00

2,50

5,00

7,50

10,00

12,50

15,00

0,00 2,50 5,00 7,50 10,00 12,50 15,00 17,50 20,00 22,50 25,00

BE %

Pensionistas Seg. Social 2014 em %

AveiroBeja, ÉvoraBraga

Bragança

Catelo BrancoCoimbra

Faro Lisboa

Portalegre

PortoLeiria Santarém

Setúbal

Vila FRealViseu y = 0,0598x + 0,7475R² = 0,460R= 0,68

0,000,250,500,751,001,251,501,752,002,25

0,00 2,50 5,00 7,50 10,00 12,50 15,00 17,50 20,00 22,50 25,00

PAN %

Pensionistas da Seg. Social 2014 em %

55

7.7. O voto e as Pensões da Segurança Social e Caixa Geral de Aposentações no total da população em percentagem Nos pontos anteriores analisou-se individualmente a relação entre cada uma das taxas de pensões, CGA e Segurança Social, com o voto em cada partido. Veremos agora qual a tendência da população pensionista no conjunto dos dois subsistemas de pensões referentes a 2013, os mais recentes, publicados até à data. Assim, procedeu-se como anteriormente à determinação dos coeficientes de correlação e à construção dos respetivos diagramas de dispersão utilizando os mesmos critério.

Para uma melhor comparação apresenta-se agora num outro quadro (Quadro 12) as correlações dos três subsistemas que mostra como varia em cada partido o coeficiente de correlação em relação a cada uma das origens das pensões.

Quadro 13 - Coeficientes de correlação entre o voto nos partidos e o total de pensionistas da Segurança Social e Caixa Geral de Aposentações Como se pode verificar no quadro 13, a taxa dos pensionistas da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentações, quando considerados em conjunto, apresentam em todas as regiões, correlações muito fracas com o voto dos partidos BE e PAN. Quanto ao PCP-PEV e ao PSD.CDS-PP, tendo correlações próximas R= +0,39 e R= -0,44 respetivamente, mostram evoluir em sentidos diferentes. Note-se que os valores das correlações dos pensionistas da segurança social poderão ter sido, em parte, afetados por algumas pequenas diferenças devido a ter sido considerado para o seu apuramento por falta de informação disponível ao nível NUT áreas geográficas ao nível de distrito em vez das regiões NUTS III como o foi para os outros dois indicadores. Os coeficientes de correlação das taxas de pensões da GCA em 2014 com o BE e com o PAN é praticamente nulo e no conjunto dos pensionistas dos dois subsistemas mostram valores pouco significativo o mesmo não se verificando com a percentagem de pensionistas da Segurança Social considerados isoladamente que já se analisou no ponto anterior. É nas correlações da taxa do total de pensionistas dos dois subsistemas com os votos dos cinco partidos (quadro 13) que se mostram um pouco mais fortes os coeficientes de correlação no PCP-PEV e particularmente mais elevado no PS ambos de sentido positivo ena coligação PSD.CDS-PP negativo. O BE e o PAN apresentam neste grupo valores muito fracos e ambos negativos, R= -0,20 e R= -0,28, respetivamente. 1. O voto na coligação PSD.CDS-PP e a taxa de pensionistas O diagrama de dispersão da figura 61 mostra que o voto no PSD.CDS-PP decresce quando aumenta a taxa do total de pensionistas e que o principal afastamento da reta

BE PAN PCP-PEV PSD.CDS-PP PS Taxa Pensões CGA 2014 -0,06 0,06 0,24 -0,36 0,57 % Pensionistas da Segurança Social por distrito 2014 0,44 0,68 -0,03 -0,04 -0,21 Taxa total de Pensões CGA e Seg. Social Ano 2013 -0,20 -0,28 0,39 -0,44 0,65

56

se verifica nas regiões do Alentejo Central, Baixo Alentejo, Alentejo Central, Lezíria do Tejo e Algarve afastando-se da tendência pela percentagem do voto, marcadamente abaixo da média (39,63%). As regiões do Alto Alentejo, Alentejo Central e Baixo Alentejo, com percentagem de pensionistas marcadamente acima da média foram as que atribuíram voto à coligação também muito abaixo da média. Em posição oposta, encontram-se regiões do norte como Alto Tâmega, Terras de Trás-os-Montes e Viseu Dão Lafões, regiões com taxa total de pensionistas superiores à média de 42,3% com elevada percentagem de voto na coligação, todas elas muito superiores à média acompanhadas também pelas regiões de Aveiro e de Leiria com voto elevado atingindo a diferença próxima do 12% em relação à média. Nestas regiões anteriores o voto não baixou apesar das taxas de pensionistas serem relativamente elevadas não tendo sido influenciado negativamente por este tipo de votantes. Para além de outras explicações mais complexas uma das possíveis poderá ser que, nestas regiões mais interiores do norte, sendo predominantemente de pensionistas provenientes do trabalho agrícola, setor primário, as pensões por serem substancialmente baixas não foram afetadas por cortes. Todavia, o mesmo não se verificou nas regiões do Alentejo onde o setor primário é muito superior à média, 5,8%, mas o voto na coligação PSD.CDS-PP foi, comparativamente com as outras regiões, muito mais baixo. A tendência dicotómica norte-sul do voto nas regiões mantém-se independentemente da tendência decrescente do voto com o aumento da taxa total de pensionistas.

Figura 61 - Correlação entre o voto PSD.CDS-PP e o total de pensionistas da Segurança Social e CGA

c) O voto na coligação PS e a taxa de pensionistas

O diagrama de dispersão da figura 62 mostra uma nítida tendência para o crescimento do voto no PS com um coeficiente de correlação relativamente significativo de R= +65 que mostra que, quando aumenta a taxa total de pensionistas aumenta o voto neste partido não se revelando muito clara a dicotomia norte-sul que vimos em outras análises. As linhas tracejadas no diagrama indicam os pontos médios da taxa de pensionistas (linha vertical, 42,3%) e o voto no PS (linha horizontal, 32,9%). No primeiro quadrante

Alentejo CentralAlentejo Litoral

Algarve Alto Alentejo

Alto Minho

Alto Tâmega

AM de LisboaAM do Porto

Ave

Baixo Alentejo

Beira BaixaAlentejo Central

Cávado Douro

Lezíria do Tejo

Médio Tejo

Região de Aveiro

Região de Coimbra

Região de LeiriaTâmega e Sousa Terras de Trás-os Montes

Viseu Dão Lafões

y = -0,7144x + 69,853R² = 0,1918R = - 0,44

0,005,00

10,0015,0020,0025,0030,0035,0040,0045,0050,0055,0060,00

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0

PSD.CDS-PP %

Taxa de Pensões totais CGA e Seg. Social Ano 2013

57

definido por estas linhas encontram-se as regiões com os valores acima da média da taxa de pensionistas totais dos dois subsistemas e da média do voto no PS que correspondem a cerca de 50% do total das regiões não sendo evidente uma distinção dicotómica. No quarto quadrante abaixo da média do voto no PS, mas acima da média do total de pensionistas, encontram-se apenas três regiões do norte que votaram em maior percentagem na coligação mas que mesmo assim acompanham o crescimento do voto no PS.

Figura 62 - Correlação entre o voto PS e o total de pensionistas da Segurança Social e CGA

Os pontos referenciados pelas das regiões de Aveiro e de Leiria são as que apresentam o maior desvio em relação à média dos votos do PS. O seu afastamento dos pontos destas regiões da sua reta de regressão mostra uma diferença significativa entre a distância os valores de observados de y (voto no PS) e os valores previstos de Y que são obtidos pela reta de regressão. Concomitantemente, quanto relativamente mais próximos da reta de regressão menor é o erro padrão, neste caso de 3,5. Os valores que ocorrem mais elevados quer de Y, quer de X, refletem os pontos que permanecem mais próximos da reta de regressão e indicam uma forte probabilidade de estarem relacionados, com os pontos mais afastados da reta de regressão (erro padrão baixo de 3,5) são os que se afastam da tendência. Assim, verifica-se que, com exceção daquelas duas regiões, há uma relativa correspondência entre a taxa total dos pensionistas e o voto no PS que é explicada por 41% das observações.

d) O voto na coligação PCP-PEV e a e a taxa de pensionistas Vale ainda a pena analisar a correlação entre o voto no PCP-PEV com a taxa total de pensionistas que apresenta o coeficiente de R= +0,39 que pode ser considerado fraco. Comparativamente o coeficiente de correlação do PCP-PEV é menos de metade do PS e apresenta uma grande dispersão de pontos cujas regiões se localizam abaixo da média do voto (8,51%) representada a tracejado, mesmo nas que apresentam uma

1º Quadrante 2º Quadrante

3º Quadrante 4º Quadrante

58

elevada taxa de pensionistas (figura 63), com uma maior incidência nas regiões do norte litoral e interior apresentando uma forte dicotomia norte-sul. Com grande afastamento da reta, justificado pelo elevado erro padrão de 6,2, encontram-se as regiões do Alentejo Central, Alentejo Litoral e Baixo Alentejo, únicas que apresentam voto mais elevados também acompanhado pela também elevada taxa de pensionistas. O Alto Alentejo acompanha a Área Metropolitana de Lisboa e a Lezíria do Tejo na tendência de crescimento do voto, acima da média, com um crescimento da taxa de pensionistas também elevada.

Figura 63 - Correlação entre o voto PCP-PEV e o total de pensionistas da Segurança Social e CGA

Nas restantes regiões, especialmente as do norte, o voto neste partido, não foi acom-panhado pela elevada taxa de pensionistas, devendo o voto, ou ausência dele, poder ser explicado complementarmente por fatores e variáveis especificamente culturais, económicas e sociais.

7.6. O voto e o índice de dependência de idosos O indicador do índice de dependência de idosos está, de certa forma, associado à taxa de pensionistas, complementando-se, considerando que a maioria dos idosos em cada região recebe uma pensão. Este índice é calculado, de acordo com o INE, entre o número e pessoas com 65 e mais anos por cada 100 pessoas em idade ativa. Considera-se a idade ativa entre os 15 e os 64 anos. Um valor inferior a 100 significa que há menos idosos do que pessoas em idade ativa. Assim, correlacionando este indicador social com os votos nos partidos obtiveram-se os valores dos coeficientes de correlação apresentados do quadro 13. Nesta análise o partido que revela o valor mais significativo é o PS com o coeficiente de correlação mais elevado e de sentido positivo com este índice R= +0,47 mas bastante inferior à taxa do total dos pensionistas que conforme se verificou no ponto anterior.

Alentejo CentralAlentejo Litoral

Algarve

Alto Alentejo

Alto Minho

AM Lisboa

AM PortoAve

Baixo Alentejo

Beira BaixaBeiras e Serra da EstrelaCávado

Douro

Lezíria do Tejo

Oeste

Região de Aveiro

Região de Coimbra

Região de LeiriaTâmega e Sousa

Terras de Trás-os-MontesViseu D Lf

y = 0,3972x - 8,2996R² = 0,1492R = 0,39

0,002,505,007,50

10,0012,5015,0017,5020,0022,5025,0027,50

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0

PCP-PEV %

Taxa de pensões totais CGA e Se. Social Ano 2013

Média dos votos

59

BE PAN PCP-PEV PSD.CDS-PP PS

Índice de dependência de idosos 2014 -0,31 -0,32 0,14 -0,19 0,47 Quadro 13 - Coeficientes de correlação entre o voto nos partidos e o índice de dependências de idosos

A coligação PSD.CDS-PP destacou-se por ter uma correlação com pouca expressão de sentido negativo de R= -19 não tendo o voto acompanhado a proporção de idosos nas regiões. O PCP-PEV também apresenta um coeficiente de correlação muito fraco e sem significado relevante embora positivo, o que demonstra não existir uma correlação entre o voto neste partido e o índice de dependência de idosos. Contudo, apesar de pouco significativa, a correlação entre os votos do PCP-PEV e o índice de independência de idosos, há uma tendência, embora ligeira, para o voto no PCP-PEV se verificar nas regiões com elevados índices de dependência, nomeadamente nas regiões do Alentejo e na área Metropolitana de Lisboa (figura 64). A tendência nas regiões do norte manteve votações baixas naquele partido mesmo nas regiões com aquele índice de dependência mais elevado.

Figura 64 - Correlação entre o voto PCP-PEV e o índice de dependência de idosos

O diagrama de dispersão da figura 65 mostra claramente um ligeiro aumento do voto no PS quando aumenta o índice de dependência de idosos, isto é, quando nas regiões existe maior número de idosos relativamente à população em idade ativa. Contudo, em vez duma nítida dicotomia norte-sul verifica-se uma dispersão das regiões em que existe uma relação da maior dependência de idosos também com o aumento do voto naquele partido e que inversamente as regiões com menos dependência de idosos mostram uma tendência para o voto se inferior. Evidenciam-se as regiões de Aveiro e de Leiria com um afastamento pronunciado abaixo da reta de regressão e o Alto Alentejo acima.

Alentejo Litoral e Alentejo Central

AlgarveAlto Alentejo

Alto MinhoAlto Tâmega

AM LisboaAM PortoAve

Baixo Alentejo

Beira BaixaRegião de Aveiro

Região de Coimbra

Região de LeiriaTâmega e Sousa Terras de Trás-os-Montes

y = 0,1196x + 4,2541R² = 0,0204R = 0,14

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0

PCP-PEV %

Índice de dependência de idosos

60

As regiões de Aveiro e de Leiria apresentam voto baixo no PS e um índice de dependência de idosos abaixo da média de 35,6% e o Alto Alentejo pela razão inversa, índice de dependência acima da média e a mais alta votação no PS. Nos cerca de cinquenta por cento das regiões com índices superior à média, isto é, com mais idosos, também foram a que se situaram acima da média de votos no PS.

O BE e o PAN marcam pelos fracos coeficientes de correlação próximos dos da taxa total de pensões. Comparado o PAN com o BE que têm um coeficientes de correlação praticamente iguais e do mesmo sentido, verifica-se nos diagramas de dispersão das figuras 66 e 67 que existem apenas ligeiras diferenças na dispersão das regiões relativamente ao índice de dependência de idosos, apresentando ambos a mesma tendência com uma dicotomia norte-sul, ressalvando as percentagens de votação mais elevadas no BE.

Alentejo LitoralAlgarve

Alto Alentejo

Alto Tâmega

A M de Lisboa

A M do PortoAve

Beira Baixa

Cávado

Terras de Trás-os-Montes

Médio TejoOeste

Região de Aveiro

Região de Coimbra

Região de Leiria

Tâmega e Sousa Douro

Viseu Dão Lafões

y = 0,2685x + 23,352R² = 0,22R =0,47

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

45,00

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0

PS %

Índice dependência de idosos

Figura 65 - Correlação entre o voto PS e o índice de dependência de idosos

Alentejo LitoralAlgarve

Alto AlentejoAlto Minho

Alto Tâmega

A M de LisboaAM do Porto

Ave Beira BaixaCávado

Douro

Médio TejoOesteRegião de Aveiro R Coimbra

Tâmega e SousaTerras de Trás-os-Montes

Viseu Dão Lafões

y = -0,0868x + 12,162R² = 0,0969R = -0,310,002,004,006,008,00

10,0012,0014,0016,00

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0

BE %

Índice de dependências de idosos 2014

Figura 66 - Correlação entre o voto BE e o índice de dependência de idosos

61

Figura 67 - Correlação entre o voto BE e o índice de dependência de idosos

b. O voto e o índice sintético de desenvolvimento regional (ISDR)

O ISDR - Índice Sintético de Desenvolvimento Regional (Competitividade) é um indicador heterogéneo (Portugal = 100) que pretende acompanhar as assimetrias do processo de desenvolvimento regional, nas vertentes competitividade, coesão e qualidade ambiental. Antes de iniciar as análises destes índices com o voto nos partidos será útil a clarificação destes conceitos. Nesta análise do voto através deste indicador foram utilizados índices da competitividade, coesão e qualidade ambiental para avaliar o desenvolvimento regional ao nível das regiões NUTS III. O índice de competitividade é definido como um número que pretende captar o potencial de cada região, em termos de recursos humanos e de infraestruturas físicas, assim como o grau de eficiência na trajetória seguida medido pelos perfis educacional, profissional, empresarial, produtivo e, ainda, a eficácia na criação de riqueza e a capacidade demonstrada pelo tecido empresarial para competir no contexto internacional. Segundo o INE os resultados relativos a 2013 mostram que as regiões NUTS III com um índice de competitividade mais elevado se concentram no litoral continental. Neste contexto o retrato territorial salienta os territórios centrados nas duas áreas metropolitanas – a sul, envolvendo a Área Metropolitana de Lisboa, a norte, constituindo um contínuo formado pelo Alto Minho, pelo Cávado, pela Área Metropolitana do Porto e Região de Aveiro. Das 23 regiões NUTS III do continente que se têm vindo a analisar apenas três superavam a média nacional – as duas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, e a região de Aveiro. A Área Metropolitana de Lisboa apresentava o índice de competitividade mais elevado, destacando-se das restantes regiões, o interior continental, sobretudo do norte e centro. De entre as três componentes do desenvolvimento regional, os resultados para o índice de competitividade nas NUTS III revelavam o maior nível de disparidade regional, aferido pelo coeficiente de variação.

Algarve

Alto Tãmega

AM LisboaAM PortoAve

Baixo AlentejoBeira BaixaCávado

DouroTâmega e Sousa Terras de Trás-os-Montes

y = -0,0868x + 12,162R² = 0,0969r= -0,31

0,002,004,006,008,00

10,0012,0014,0016,00

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0

BE %

Índice de dependência de idosos

62

O índice de coesão procura refletir o grau de acesso da população a equipamentos e serviços coletivos básicos de qualidade, bem como os perfis conducentes a uma maior inclusão social e a eficácia das políticas públicas traduzidas no aumento da qualidade de vida e na redução das disparidades territoriais. No índice de coesão, os resultados obtidos refletiam um retrato territorial mais equilibrado do que o observado para a competitividade, na medida em que, em oito das 23 regiões NUTS III, o índice de coesão superava a média nacional. A qualidade ambiental está associada às pressões exercidas pelas atividades económicas e pelas práticas sociais sobre o meio ambiente (numa perspetiva vasta que se estende à qualificação e ao ordenamento do território), mas também aos respetivos efeitos sobre o estado ambiental e às consequentes respostas económicas e sociais em termos de comportamentos individuais e de implementação de políticas públicas, Os resultados de 2013 refletiam uma imagem territorial de algum modo simétrica à da competitividade, atendendo à concentração de regiões com índices de qualidade ambiental mais elevados no interior continental. O padrão territorial dos resultados desta componente sugere um aumento progressivo da qualidade ambiental do Litoral para o Interior. Assim, destacam-se as NUTS III da faixa Litoral do Continente – Alto Minho, Área Metropolitana de Lisboa e Região de Leiria – com resultados superiores à média nacional. A média nacional nesta componente era superada por 14 das 23 regiões NUTS III do Continente, verificando-se uma disparidade territorial mais ténue do que a observada para as restantes componentes.

a. O voto e a competitividade Utilizando estes índices e a mesma metodologia anterior tentou-se encontrar uma relação entre o voto nos quatro principais partidos e o índice de competitividade. Pelo quadro 14 pode-se confirmar que no índice de competitividade apenas os partidos BE, PAN e o PS são aproximados apresentando coeficientes de correlação com alguma relevância conseguindo o PS um valor de sentido negativo. Já no que reporta à qualidade ambiental o PS mostra um coeficiente de correlação positivo e relativamente mediano comparado com os restantes partidos.

Com a competitividade e com a coesão o BE e o PAN foram os partidos onde se verificaram os coeficientes e correlação mais significativos, mas foi na qualidade ambiental que o PS foi o que mostra o coeficiente de correlação comparativamente mais forte. Em relação ao PCP-PEV os valores dos coeficientes embora todos positivos

BE PAN PCP-PEV PSD.CDS-PP PS Índice global 0,45 0,48 0,13 -0,17 -0,15 Competitividade 0,45 0,55 0,10 -0,06 -0,38 Coesão 0,41 0,38 0,07 -0,09 -0,26 Qualidade ambiental -0,15 -0,24 0,06 -0,21 0,56

Quadro 14 - Coeficientes de correlação entre o voto nos partidos e os três índices de sintéticos de desenvolvimento regional (ISDR)

63

são irrelevantes, o mesmo se verificando no PSD.CDS-PP mas neste com sentido negativo. O diagrama de dispersão da figura 68 mostra uma tendência para o voto no BE acompanhar o índice de competitividade refletindo graficamente um retrato regional onde se salientam os territórios centrados nas duas áreas metropolitanas – a sul, envolvendo a Área Metropolitana de Lisboa; a norte, constituindo um contínuo formado pelo Alto Minho, Cávado, Ave, Área Metropolitana do Porto e região de Aveiro. Como se pode observar são as regiões que apresentam maiores índices de competitividade superiores à média de 92,84 que correspondem também ao maior voto naquele partido. Numa posição inversa encontra-se a região do Alto Tâmega também afastado da reta com um índice de competitividade muito abaixo da média e também com votos no BE muito abaixo da média e da mediana (9,20%). A região do Algarve mostra ser a exceção com o voto no BE muito acima da média e com evidente afastamento da reta de regressão verificando as duas variáveis, índice competitividade e votos um erro padrão relativamente baixo.

Figura 68 - Correlação entre o voto do BE e o índice de competitividade

Pelo contrário, o diagrama de dispersão da correlação do índice de competitividade com o voto no PS (figura 69) mostra que não há um padrão definido entre as regiões do norte, sul e litoral.

Alentejo Central

Alentejo Litoral

Algarve

Alto AlentejoAlto Minho

Alto Tâmega

A M de LisboaA M do Porto

AveBaixo Alentejo

Beira BaixaCávado

Douro

Lezíria do TejoMédio TejoRegião de Aveiro

Região de CoimbraRegião de Leiria

Tâmega e Sousa

Terras de Trás-os-Montes

Viseu Dão Lafões

y = 0,1247x - 2,4981R² = 0,2011R = 0,45

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

60,0 65,0 70,0 75,0 80,0 85,0 90,0 95,0 100,0 105,0 110,0 115,0 120,0

BE %

Índice competitividade

Linha da média índicecompetitividade

Linha da médiavotaçõesno BE

64

Figura 69 - Correlação entre o voto do PS e o índice de competitividade

Verifica-se que quanto maior o índice de competitividade a tendência do voto é para ser mais baixo atingindo valores muito abaixo da média nas regiões do litoral norte, Alto Minho, Cávado, Aveiro e Leiria. A região do Ave, cujo voto se tem verificado tendencialmente de direita, em relação à competitividade, sai fora do padrão habitual obtendo ali o PS voto acima da média. Este partido obteve maior percentagem de votos nas regiões com menores índices de competitividade. Por outro lado, foram as regiões com competitividade abaixo da média onde o voto no PS foi o mais elevado. Foi nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto onde os índices são os mais altos e o voto se situou à volta da média. O voto no PAN em correlação com o índice de competitividade apresenta um coeficiente R= +0,55 crescendo tendencialmente, embora com pouca intensidade, com este índice. O diagrama de dispersão da figura 70 mostra semelhanças com o BE nas regiões do litoral norte e centro com índices mais elevados de competitividade com recuo no voto obtendo valores abaixo da média (1,01%).

Figura 70 - Correlação entre o voto no PAN e o índice de competitividade

Alentejo CentralAlentejo Litoral

Algarve

Alto Alentejo

Alto MInhoAlto TâmegaAM de LisboaAve

Beira Baixa

Cávado

DouroMédio tejo

AM do Porto

Região de Coimbra

Região de LeiriaTâmega e Sousa

Viseu Dão Lafõesy = -0,2156x + 52,92R² = 0,1427R = -0,38

0,005,00

10,0015,0020,0025,0030,0035,0040,0045,00

60,0 65,0 70,0 75,0 80,0 85,0 90,0 95,0 100,0 105,0 110,0 115,0 120,0

PS %

Índice de Competitividade

Região de Aveiro

Alentejo Central e Beira BaixaAlentejo Litoral

Algarve

Alto Alentejo

Alto Tâmega

AM Lisboa

AM Porto

AveDouro

Lezíria do TejoMédio tejoOeste

Região de AveiroCoimbraLeiria

Tâmega e SousaTerras de Trás-os-MontesViseu D Lf

y = 0,0286x - 1,6468R² = 0,3057R = 0,55

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00 100,00 110,00 120,00

PAN %

Índice de Competitividade

65

A maior parte das regiões que possuem um índice de competitividade superior à média (92,94) apresentam votos baixo no PAN. Exceção às regiões com desvio muito acentuado em relação à reta de regressão, Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto, e Algarve, esta última com um índice abaixo da média. O erro padrão das duas variáveis que mede a variabilidade dos valores à volta da média, situa-se para o índice de competitividade em 2,01 e em 0,35 para o voto. Quanto ao PCP-PEV e ao PSD.CDS-PP não se encontram correlações significativas nem uma tendência que pudesse indiciar um comportamento eleitoral em função do índice de competitividade. 5. O voto e o índice de coesão Nos resultados da correlação do "comportamento" do voto com o índice de coesão estão próximos em quase todos os partidos evidenciam-se o BE e o PAN com correlações positivas, embora com valores ligeiramente menores se comparados com a competitividade. O PS mantem-se na mesma linha mas com uma diferença de 0,12. Sendo o BE o partido que apresenta o valor do coeficiente mais significativo construiu-se o respetivo diagrama de dispersão para análise da tendência do voto em relação à coesão. O PS apesar da correlação fraca de sentido negativo, como o segundo partido mais votado optou-se por também conhecer o resultado da dispersão em torno das duas variáveis.

Figura 70 - Correlação entre o voto no BE e o índice de coesão

O diagrama de dispersão e respetiva reta de regressão do BE que tem a correlação mais forte permite avaliar as diferentes posições das várias regiões (figura 70). Os resultados não sugerem uma nítida dicotomia entre regiões mas sim uma dispersão independente do seu posicionamento espacial do território. No resultado não se distinguem grupos regionais como os que se verificavam em a. Podemos considerar que se agrupam e distinguem em função da média do índice de coesão é acompanhada pelo aumento do voto. O grupo de regiões que mais se aproximam e verificam um comportamento de voto baixo consonante com o baixo índice de coesão são a Terras de Trás-os-Montes, Douro

Alentejo Central

Alentejo Litoral

Algarve

Alto Minho

Alto Tâmega

AM LisboaAM Porto

AveBaixo Alentejo

Beira Baixa

CávadoDouro

Lezíria do Tejo Médio TejoOeste AveiroRegião de Coimbra

Região LeiriaTâmega e Sousa

Terras de Trás-os-MontesViseu Dão Lafões

y = 0,1824x - 8,8376R² = 0,1679R = 0,410,002,004,006,008,00

10,0012,0014,0016,00

88,00 90,00 92,00 94,00 96,00 98,00 100,00 102,00 104,00 106,00 108,00

BE %

Índice de coesão

Média do índicede coesão

66

e Alto Tâmega. Outras, como as regiões do Ave e do Cávado, encontram-se próximas de regiões do sul. Mais de metade das regiões apresenta índices de coesão superiores à média de 98,19 acompanhados que são pelas percentagens mais elevadas de voto no BE. Embora se verifique uma correlação próxima do ponto médio, (-1; +1) R = +0,41 a distribuição evidencia que a distribuição do voto não se opõe aos perfis básicos estabelecidos para a coesão de acordo com a definição dada anteriormente, até porque esta está em certa medida relacionada com a gestão das autarquias.

Figura 71 - Correlação entre o voto no PS e o índice de coesão

Como no índice de competitividade o PS também apresenta com o índice de coesão um coeficiente de correlação fraco e negativo, R= -0,26. O diagrama de dispersão da figura 71 mostra uma queda pouco marcada no voto PS que a reta de regressão evidencia. À medida que o índice de coesão vai aumentando acima da média (98,19) algumas regiões do norte manifesta o voto naquele partido abaixo da média, 33,9%. Nestas circunstâncias encontram-se as regiões do Alto Minho, Cávado, Douro, Região de Aveiro e Região de Leiria. Verifica-se no diagrama que a reta de regressão, na generalidade, separa as regiões a norte das mais a sul. Por outro lado, são as do interior norte, Alto Tâmega, Terras de Trás-os-Montes e Tâmega e Sousa as que, tendo índices de coesão muito baixos, mais contribuíram para o voto no PS. Com o PCP-PEV e a coligação PSD-CDS-PP não se encontraram com este índice correlações que justificassem uma análise mais detalhada pelo, R= +0,07 e R= -0,09 respetivamente, como tal não se considerou relevante efetuar uma análise detalhada. No caso do PSD.CDS-PP o voto neste partido poderá ter sido determinado por outras variáveis independentemente do índice de coesão verificando a tendência para maiores votações no norte e menores nas regiões do sul assim como naquelas onde se localizam grandes centros urbanos. 6. O voto PS e o índice de qualidade ambiental No índice de qualidade ambiental o PS foi o partido que mostrou a correlação positiva mais forte com o voto, R= +56, do que qualquer outro merecendo por isso análise mais detalhada.

Alentejo CentralAlgarve

Alto Alentejo

Alto MinhoAlto TâmegaAM LisboaAM Porto

Baixo AlentejoBeira Baixa

Cávado

Lezíria do Tejo

OesteRegião de Aveiro

Região de Coimbra

Região de Leiria

Tâmega e SousaTrás-os Montes

Viseu Dão Lafões

y = -0,2336x + 55,838R² = 0,0653R= -0,260,005,00

10,0015,0020,0025,0030,0035,0040,0045,00

88,00 90,00 92,00 94,00 96,00 98,00 100,00 102,00 104,00 106,00 108,00

PS %

Índice de coesão

67

A observação do diagrama de dispersão da figura 72 mostra uma ligeira tendência para o aumento do voto no PS com o aumento do índice de qualidade ambiental (IQA) não manifesta uma distinta dicotomia norte-sul. As regiões do norte, centro e sul, independentemente dos índices de qualidade ambiental não demonstram uma divisão clara entre elas no que se refere ao voto, encontrando-se regiões com índices baixos e elevados que também revelam voto mais elevado neste. Verifica-se, por exemplo, que no diagrama a dispersão dos pontos as regiões Terras de Trás-os-Montes, Alto Minho, Tâmega e Sousa e Ave distribuem-se acima da média do IQA (100,57) juntamente com regiões do sul como Alto Alentejo, Beira Baixa e Baixo Alentejo com votos no PS também acima de média dos 32,9%. Abaixo da média do IQA também não se verifica uma agregação por semelhança entre regiões antagónicas do ponto de vista do voto.

Figura 72 - Correlação entre o voto no PS e o índice de coesão

As regiões de Aveiro e de Leiria são as que se afastam da reta de regressão, a primeira muito abaixo da média do IQA, e a segundo dentro da média mas cujo voto no PS sãos dos mais baixos com afastamento da tendência com desvios em relação à média do voto de 8,27 para Aveiro e de 9,98% em Leiria cerca de dois desvios padrão cujo valor é 4,5. A tendência do voto em relação ao IQA é explicada em R para 31% das observações. 8. O voto a taxa de desemprego e o índice de poder de compra

1. O voto e a taxa de desemprego A taxa de desemprego divulgada em 2014 foi um dos indicadores utilizados para analisar a tendência do voto nos partidos. A taxa de desemprego e foi calculada tendo em conta os desempregados inscritos nos centros de emprego em percentagem da população residente com 15 a 64 anos e de formação profissional no ano civil pela população média residente com 15 a 64 vezes 100. Como já se disse anteriormente a idade dos 15 anos não é relevante para os cálculos visto que as correlações calculadas em função da população total das regiões considerando cada um dos indicadores

Alentejo CentralAlentejo Litoral Algarve

Alto Alentejo

Alto MinhoAlto Tâmega

AM LisboaAM Porto

Baixo AlentejoBeira Baixa

Beiras e Serra bda EStrela

Cávado

DouroLezíria do Tejo

Médio TejoOeste

Região de Aveiro

Região de Coimbra

Região de Leiria

Ave, Tâmega e Sousa Terras de Trás-os-Montes

Viseu Dão Lafões

y = 0,4961x - 16,994R² = 0,3182R = 0,56

0,00

5,00

10,00

15,0020,00

25,00

30,00

35,0040,00

45,00

92,50 95,00 97,50 100,00 102,50 105,00 107,50 110,00 112,50

PS %

Índice de Qualidade Ambiental

Média do IQA

68

sociais e não apenas para os eleitores inscritos nos cadernos eleitorais com mais de dezoito anos. BE PAN PCP-PEV PSD.CDS-PP PS

Taxa de Desemprego 2014 -0,28 -0,17 -0,08 0,05 0,34 Quadro 15 - Coeficientes de correlação entre o voto nos partidos e a taxa de desemprego em 2014

Foi o PS que obteve o coeficiente de correlação positivo mais elevado, apesar de fraco, entre o voto e a taxa de desemprego, como se pode verificar no quadro 15. Pelo contrário o BE obteve um valor de correlação de sentido negativo e mais fraco do que o PS. No que se refere ao PSD.PSD-PP e PCP-PEV os coeficientes de correlação não demonstram que tenha havido qualquer tendência de voto com a taxa de desemprego.

Figura 73 - Correlação entre o voto no PS e a taxa de desemprego em 2014

O diagrama de dispersão da figura 73 mostra que a taxa de desemprego apresenta uma ligeira tendência para o crescimento do voto no PS quando aumenta a taxa de desemprego. As regiões onde a taxa de desemprego está acima da média, 9,03%, o voto no PS foi também mais elevado mas abaixo da reta de regressão verifica-se uma tendência de crescimento mais fraco onde se agrupam a maior parte das regiões do norte opondo-se às regiões do sul cujo os pontos de dispersão se localizam acima da reta com voto no PS mais elevado. Considerando apenas a taxa de desemprego podemos afirmar que se verificou nas regiões nortenhas alguma tendência para o aumento relativo do voto neste partido, nomeadamente a regiões do Ave, Douro e Área Metropolitana do Porto. Outras regiões também do norte e centro onde se verificaram taxas de desemprego mais baixas percentagens o voto também é correspondentemente mais baixo. Nas regiões do sul verifica-se uma homogeneidade no que se refere ao voto no PS independentemente do valor da taxa de desemprego. Repare-se por outro lado, que, há regiões do norte, tradicionalmente votantes na direita, e onde encontram em 2014 taxas de desemprego mais altas, como já referimos, Alto Tâmega, Área Metropolitana do Porto, Ave, Douro e Tâmega e Sousa o voto foi também aí elevado naquele partido.

Alentejo CentralAlentejo Litoral e CoimbraAlgarve

Alto Alentejo

Alto Minho Alto Tâmega

AM Lisboa AM PortoAveAlto Alentejo

Beira Baixa

Cávado

Douro Lezíria do TejoMédio TejoRegião de Aveiro

Região de Leiria

Tâmega e Sousa

Viseu Dão Lafões

y = 1,0791x + 23,161R² = 0,113R= 0,34

0,005,00

10,0015,0020,0025,0030,0035,0040,0045,00

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 13,0

PS %

Taxa de desemprego 2014

Média da Taxadesemprego

69

2. O voto e os beneficiários de subsídio de desemprego

Uma das variáveis que está ligada ao desemprego é o número de beneficiários que recebem um subsídio em determinado momento e durante certo tempo. Para efeito do cálculo da percentagem de beneficiários a receber subsídio de desemprego é considerado o montante compensatório atribuído pela segurança social, durante um número limitado de meses, enquanto o trabalhador que perdeu o seu emprego procura um novo trabalho.

BE PAN PCP-PEV PSD.CDS-PP PS % de Beneficiários de Subsídio de Desemprego 2014 0,78 0,64 0,34 -0,50 0,17

Quadro 16 - Coeficientes de correlação entre o voto nos partidos e a % de beneficiários de subsídio de desemprego 2014

Figura 74 - Correlação entre o voto no PSD.CDS-PP e a % de beneficiários com subsídio de desemprego em 2014

Observando o quadro 16 e o diagrama de dispersão da figura 74 nota-se que, comparativamente ao quadro anterior (quadro 15), o comportamento dos beneficiários do subsídio de desemprego relativamente ao voto nos partidos, avaliado pelo coeficiente de correlação, não apresenta qualquer semelhança. Vimos que a taxa de desemprego apresentou correlações negativas e positivas sem relevância, com exceção do PS que apresentou uma correlação positiva com algum significado embora fraco. No que respeita aos beneficiários que recebem subsídio de desemprego em verifica-se em cada região a existência de correlações relevantes, elevadas em alguns partidos sendo a coligação PSD.CDS-PP que apresenta uma correlação negativa com esta variável com algum significado, R= -0,50. O diagrama de dispersão da figura 74 referente a este partido mostra uma tendência do voto tanto menor quanto maior a percentagem de beneficiários do subsídio de desemprego. Abaixo da reta de regressão situam-se as regiões do sul com voto médio inferior à média e acima da reta as do norte que apresentam voto acima da média mas com baixas percentagens de beneficiários com subsídio de desemprego a maior parte abaixo da média. Abaixo da média dos votos neste partido encontram-se as regiões com população com maiores taxa de subsídio que se situam no centro e no sul onde

Alentejo CentralAlentejo Litoral

AlgarveAlto Alentejo

Alto MinhoAlto Tâmega

AM LisboaAM PortoAve

Baixo Alentejo

Beira Baixa

CávadoDouroMédio Tejo

Região de AveiroTâmega e SousaAlto Trás-os-Montes

y = -10,511x + 66,222R² = 0,2535R= -0,500,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

PSD.CDS-PP

% Beneficiários com Subsidio de Desemprego 2014

Média votos

Média beneficiários

70

estão incluídas as duas regiões das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto. As regiões do Alentejo são as que se evidenciam com menor votação na coligação e que se encontram abaixo da reta contrastando com todas as regiões do norte que se localizam acima sendo a região do Algarve uma exceção. Haverá outra explicação de natureza socioeconómica para os principais desvios à reta já que, a percentagem da população com subsídios poderá ter afetado apenas em parte o comportamento de voto neste partido. O BE contraria a tendência descrita no ponto anterior para a taxa de desemprego, apresentando uma correlação positiva mais forte de entre todos os partidos, R= +0,78 apenas aproximada com o PAN, R= +64.

Figura 75 - Correlação entre o voto no BE e a % de beneficiários de subsídio de desemprego 2014

As regiões localizadas acima ou abaixo da reta de regressão que exprime uma tendência, como se pode observar na figura 75, os desvios não são muito pronunciados o que pode explicar o comportamento de voto neste partido poderá estar mais relacionado com o corte do respetivo subsídio que o Governo da coligação acentuou durante o seu mandato, do que com o próprio desemprego que, como se verificou anteriormente, não mostrou um coeficiente de correlação com uma significativa. O diagrama de dispersão mostra uma concentração de votação mais elevada no BE quando a percentagem de população a receber subsídios de desemprego se situa acima dos 2%, cerca de 0,5% abaixo da média (2,5%).Também não há evidência da existência duma nítida dicotomia norte-sul encontrando-se regiões do norte onde o voto no BE foi também acima da média (9,08%), regiões onde é tendencialmente à direita e onde encontram também regiões do norte, mais próximas do litoral, como Ave, Cávado, Tâmega e Sousa, Área Metropolitana do Porto e Aveiro, mais industrializadas que foram afetadas pelos desemprego. Salientam-se regiões do interior norte Alto Tâmega e Terras de Trás-os-Montes e em parte a região do Douro que ficam abaixo da reta de tendência onde o voto no BE foi

Al. Central

Alentejo Litoral

Algarve

Alto AlentejoAlto Minho

Alto Tâmega

AM Lisboa AM Porto

AveBaixo Alentejo

Cávado

Douro

Lezíria do TejoMédio TejoAveiroCoimbraRegião de Leiria

Tâmega e Sousa

Terras de Trás-os-MontesRegião de Coimbra

y = 3,4002x + 0,4717R² = 0,6016R = 0,78

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

BE %

% Beneficiários com Subsídio de Desemprego 2014

Média subsídios

71

dos mais baixos acompanhando a baixa percentagem de população a receber subsídio de desemprego, contrastando com a região do Algarve com a votação máxima e também muito elevada percentagem de beneficiários de subsídio. O comportamento que se deduz para os beneficiários de subsídio de desemprego é uma forte tendência de voto no BE com um fator explicativo de 60%. É provável que muitos dos desempregados que não recebendo subsídio, dada a legislação até então em vigor, tenham dirigido o seu voto para este partido.

Figura 76 - Correlação entre o voto no PS e a % de beneficiários de subsídio de desemprego 2014

A figura 76 mostra que a correlação entre a percentagem de benificiários é muito fraca com o voto PS mas revela uma tendência para o voto neste partido acompanhar as percentagens mais elevadas de beneficiários nas regiões mas que apesar da variável subsídio não ser suficientemente explicativo. Em algumas regiões do norte o voto no PS sobe um pouco acima da média dos 32,9% com como Viseu Dão Lafões, Aveiro e Leiria. A região de Leiria distingue-se com o acentuado afastamento da reta regressão o que pode significar que o voto no PS foi excecionalmente baixo em relação ao que seria de esperar face ao desemprego gerado durantes os quatro anos de governação da coligação de direita. Relativamente ao voto no PS não se verificou uma correlação com os beneficiários do subsídio de desemprego não sendo esta variável um fator explicativo praticamente nulo, 0,3.

Alentejo CentralAlentejo LitoralAlgarve

Alto Alentejo

Alto MinhoAlto TâmegaAM Lisboa

AM PortoAve

Baixo AlentejoBeira Baixa

CávadoDouro

Região de AveiroRegião de Leiria

Terra s de Trás-os-MontesViseu D. Lf

y = 1,5058x + 29,091R² = 0,028R= 0,17

0,005,00

10,0015,0020,0025,0030,0035,0040,0045,00

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

PS %

% Beneficiários com subsídio de desemprego 2014

Linha médiabeneficiários

72

Figura 77 - Correlação entre o voto no PCP-PEV e a % de beneficiários de subsídio de desemprego 2014

O PCP-PEV tem uma correlação positiva fraca, R= +0,34 o dobro do PS, com a percentagem dos beneficiários de subsídio de desemprego. O diagrama de dispersão da figura 77 mostra um afastamento muito nítido da reta de regressão das regiões do Alentejo, com exceção da região do Alto Alentejo, que mostram a forte votação neste partido e a percentagem de beneficiários com subsídio de desemprego com grandes desvios em relação às médias distorcendo a estimativa. Contudo o voto acompanha a percentagem de população a beneficiar de subsídio de desemprego acima dos 2,5%. Qualquer outra extrapolação tem uma margem de erro muito elevada. O relativamente elevado erro padrão de 6,33 demonstra como o desvio dos pontos das regiões e o voto se afastam da reta de regressão. Nas regiões do norte as votações no PCP-PEV ficam abaixo da média e encontram-se abaixo da reta seguindo a tendência para aumentar o voto quando aumenta a percentagem da população a receber subsídio de desemprego sendo de 11,7% a percentagem que pode ser explicada pela relação linear.

3. O voto e índice de poder de compra O índice de poder de compra é um indicador obtido a partir de várias componentes que pretende traduzir o poder de compra per capita. Segundo o INE é um número índice com o valor 100 na média do país, que compara o poder de compra manifestado quotidianamente, em termos per capita nos diferentes municípios ou regiões. Os dados mais recentes deste indicador referem-se a 2013 e a informação base utilizada, segundo a Pordata, teve a última atualização em 09-11-2015. A partir deste indicador e seguindo o mesmo critério das análises anteriores procedeu-se ao cálculo dos coeficientes de correlação que se encontram no quadro 17.

Alentejo Central Alentejo Litoral

AlgarveAlto Alentejo

Alto Minho

Alto Tâmega

AM Lisboa

AM PortoAve

Baixo Alentejo

CávadoDouro

Lezíria do Tejo

Médio Tejo Oeste

Região de Aveiro

Coimbra

Leiria Tâmega e SousaTerra s de Trás-os-Montes Viseu D Lf

y = 4,51x - 2,9052R² = 0,1174R= 0,34

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

PCP-PEV %

% de Beneficiários com Subsídio de Desemprego 2014

Linha da médiade votos no PCP-PEV

73

BE PAN PCP-PEV PSD.CDS-PP PS IPCPC - Índice de Poder de Compra 2013 0,70 0,84 0,29 -0,39 -0,02

Quadro 17 - Coeficientes de correlação entre o voto nos partidos e a % de IPCPC- Índice de Poder de Compra per Capita 2013 Como se pode observar a correlação com o PCP-PEV é fraca, PSD.CDS-PP com uma cor-relação relativamente fraca mas de sentido negativo e o PS com uma correlação sem insignificância e de sentido negativo.

Figura 78 - Correlação entre o voto no PSD.CDS-PP e a % de IPCPC 2011

A correlação entre o voto na coligação PSD.CDS-PP e o IPCPC mostra um progressivo enfraquecimento, embora fraco, do voto quando aumenta o IPC, sobretudo acima da média dos 88,19%. É também claro que nas regiões do norte a coligação obteve maiores votações independentemente do seu índice de poder de compra. Contudo, nas que têm o índice mais baixo de IPC, abaixo da média, foi também onde se verificaram percentagens de voto elevadas na coligação. São exceção as regiões do Alto e Baixo Alentejo onde a um IPC abaixo da média corresponde também ao voto mais baixo. Nas restantes regiões do sul onde se encontra mais elevado IPC o voto na coligação PSD.CDS-PP foi abaixo da média dos 39,63%. A explicação poderá ser atribuída a outras variáveis que não se enquadram apenas na mera relação estatística mas com opções que se prendam com a religiosidade e com questões políticas e ideológica mais conservadoras, alimentada ou não por órgãos de comunicação ou campanhas locais onde existem pressões comunitárias de vária espé-cie. Sem uma análise sociológica local qualquer explicação terá sempre uma base especulativa.

Alentejo CentralAlentejo Litoral

AlgarveAlto Alentejo

Alto Minho

Alto Tâmega

AM LisboaAM PortoAve

Baixo Alentejo

Beira Baixa

CávadoDouro

Lezíria do Tejo

Médio TejoOesteRegião de Coimbra

Regiões de Leiria e de Aveiro Tâmega e Sousa

Terra de Trás-os-MontesViseu Dão Lafões

y = -0,3651x + 71,821R² = 0,1549R= -0,390,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 100,0 110,0 120,0 130,0

PSD.CDS-PP %

IPC - Índice de Poder Compra 2013 em %

Linha da médiado índice de poderde compra

74

Figura 79 - Correlação entre o voto no BE e a % de IPCPC 2013

O BE e o PAN foram os partidos cujos votos apresentam correlações muito fortes com o IPC, sendo o PAN o que mais evidencia e que é explicado por cerca de 51% dos casos com um erro padrão relativamente baixo de 1,60. Optou-se assim por analisar apenas o BE por este ser o partido que mais representatividade teve em número de votos e, ao mesmo tempo, apresenta uma correlação forte com o indicador sendo podendo assim estabelecer-se comparação com os outros partidos e indicadores analisados anteriormente. No caso concreto do BE o coeficiente de correlação relativamente forte de R= +0,70 é elucidativo e a análise de regressão mostra um ajuste dos dados com alguns desvios e que neste modelo é explicativo pra para 49% dos casos. A figura 79 mostra a tendência crescente dos votos no BE quando aumenta o IPC verificando-se afastamentos da reta de regiões com valores abaixo das médias do voto e do índice IPC e à direita com afastamento pronunciado acima das duas médias. Encontram-se as regiões do Algarve e das Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto, muito acima da média das votações no BE (9,08%) e do IPC (88,19) e desvio muito abaixo da reta de regressão das duas médias nas regiões do Douro e Alto Tâmega. 9. Notas conclusivas

9.3 Síntese contextual O panorama eleitoral e político nacional tem sido predominantemente “controlado” pelos dois grandes partidos PS e PSD formando um padrão geográfico eleitoral que se vai repetindo ao longo dos anos liderando alternadamente todos os governos. Em 2011 o PSD fez coligação com o CDS-PP após as eleições desse ano. Observando as distribuições espaciais dos votod constata-se que existe um padrão de distribuição bem definido e expectável a priori: a norte do território prevalece o domínio dos partidos de direita e centro-direita, enquanto a Sul, predominam claramente os partidos de esquerda e centro-esquerda, embora os dois maiores partidos, PS e PSD vençam a esmagadora maioria das freguesias de forma cíclica.

Alentejo Central

Alentejo Litoral

Algarve

Alto AlentejoAlto Minho

Alto Tâmega

AM LisboaAM Porto

Ave

Baixo Alentejo

Beira BaixaBeiras e Serra da Estrela

CávadoDouro

Lezíria TejoMédio Tejo OesteRegião de CoimbraRegiões de Aveiro e LeiriaTâmega e Sousa

Terras de Trás-os-Montes

Viseu Dão Lafões

y = 0,1368x - 2,9877R² = 0,4932R= 0,70

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00 100,00 110,00 120,00 130,00

BE %

IPC - Índice de Poder de Compra 2013 em %

Linha da Média IPC

75

Existe pois, um vasto eleitorado que deambula entre os dois partidos, ideologicamente localizados, um que alterna entre a direita e o centro e outro que alterna entre mais ou menos à esquerda o centro-esquerda, cuja influência é decisiva no espectro político nacional para o resultado final em cada eleição. Ao longo do tempo existiram algumas situações que merecem particular atenção. O domínio do PPD/PSD na região do Algarve em 1991 (ano em que o partido alcançou uma maioria absoluta), repetiu-se apenas em 2011. Pelo meio, haverá apenas a registar o razoável desempenho do partido nas Legislativas de 2002 e por certo, uma vez mais, a volatilidade do comportamento eleitoral funcionou como fator explicativo para esta alternância. A norte, especificamente na faixa litoral, o PS consegue em diversas eleições mesclar a paisagem do PPD/PSD de forma significativa (ver por exemplo no início, na figura 2, as legislativas de 2005 e 2009) com a vitória em diversos distritos e freguesias. Quando consideramos o território a sul do rio Tejo o PSD já não apresenta a mesma tendência que se verifica nas regiões do território litoral e do interior norte onde o PPD/PSD tem obtido os seus melhores resultados de forma continuada ao longo do tempo. As regiões do Alentejo, com menor ou maior incidência, constituíram e são ainda o bastião do PCP, partido que, sobretudo na região Baixo Alentejo, por diversas razões históricas, tem apresentado um dos eleitorados mais fiéis ao longo do tempo e onde é possível constatar que, cada vez mais, o PS passou a desempenhar um papel preponderante nas em diversas freguesias das regiões alentejanas como se pode confirmar pelas análises realizadas. A luta pelo domínio nas regiões do Alentejo é um clássico das disputas do PCP em séria concorrência com o BE, e do PS. Em 2015, com particular destaque, as regiões de Alto Tâmega, Viseu Dão Lafões, Leiria, Aveiro, Terras de Trás-os-Montes e Douro foi onde a coligação PSD.CDS-PP apresentou os resultados mais elevados, muito superior à média de 39,63%. O ano de 2005 foi a exceção a esta “regra” por serem as regiões onde se localizam o maior número de freguesias que, ao longo dos diversos escrutínios, têm mostrado fidelidade partidária aos ideais sociais-democratas, mesmo em determinadas conjunturas adversas para o partido, situação que apenas encontra paralelo no seio do eleitorado comunista residente na Região do Baixo Alentejo. Um dos prováveis fatores de ligação de fidelidade em ambas as regiões, cada uma com o seu partido favorito, poderá estar relacionado com as classes sociais a que os seus eleitorados maioritariamente pertencerão.

9.2 Relação interpartidária do voto nos distritos Analisou-se a medida de similaridade, forte ou fraca, positiva ou negativa, entre os partidos a partir da sua percentagem do voto obtido por regiões ao nível distrital utilizando como unidade de comparação os coeficientes de correlação, diagramas de dispersão e retas de regressão calculados a partir de dados estatísticos publicados por instituições credenciadas. Os resultados obtidos por esta técnica possibilitaram verificar a tendência no geral, e em particular, o comportamento interpartidário distrital, primeiro entre partidos e depois através de indicadores socioeconómicos.

76

No primeiro caso pretendeu verificar-se o antagonismo ou a proximidade entre pares de partidos que correspondessem à posição real do eleitorado. Evidenciaram-se tendências muito distintas e, em alguns casos, dicotomias claras entre as regiões litoral norte e as do sul no que se refere ao sentido do voto. O PS e os partidos em coligação PSD.CDS-PP mostraram correlações fortes mas de sentidos opostos. Enquanto a sul o voto do PS era dominante reduzia nos distritos do norte em favor da coligação. Contudo, nos distritos do sul, verificaram-se, entre os dois partidos, correlações muito fortes de sentido positivo mostrando uma penetração embora lenta da coligação. A correlação entre o PS e o PCP-PEV mostrou que este último ainda mantem alguma influência nos distritos de Beja, Setúbal e Évora onde atinge as maiores percentagens de voto, muito acima da média, mas que é substituída pelo PS e pelo BE, embora moderadamente. Nos distritos do norte evidenciam o distanciamento marcado entre os dois partidos com vantagem para o PS, ficando o PCP-PEV muito baixo da média dos 8,85%. O voto distrital do PCP-PEV relacionado com o do PSD.CDS-PP denota uma oposição geográfica muito clara e um antagonismo manifestado pelo sentido oposto da correlação entre as percentagens de votação. A correlação muito forte mas negativa (R = - 0,91) explicada em 83% dos casos torna evidente uma nítida dicotomia entre os distritos do norte e os do sul. O declive acentuado da reta de regressão demonstra forte antagonismo eleitoral entre as duas forças políticas aumentando a votação da coligação quando diminui a do PCP-PEV. Revela-se um grande grupo de distritos com voto elevado no norte e relativamente mais fraco no centro no caso da coligação PSD.CDS-PP e um pequeno grupo, com votações relativamente fracas no PCP-PEV em três distritos do sul onde supera a coligação de direita. O nível da relação entre os votos no PCP-PEV e no BE não são relevantes mantendo-se o PCP-PEV a aumentar nos três distritos do sul, Beja, Évora e Setúbal, onde mantém a predominância sobre o BE que, nos distritos do norte, supera em votos o PCP-PEV e a sul onde o BE se salienta no distrito de Faro. A correlação positiva entre estes dois partidos, embora fraca, mostra que, quando um cresce o outro acompanha a tendência, mas o PCP-PEV em menor grau, mas com desvios nos distritos em que ambos se distinguem. A comparação dos votos do PCP-PEV e do BE nas eleições de 2011 e de 2015 mostra que o PCP-PEV, apesar de ter recuperado votos em quase todos os distritos, perdeu em cinco deles mas que o BE recuperou e superou em todos os distritos os votos que perdeu em 2011 apresentando aumentos muito significativos. Na comparação feita com o PS e o PSD.CDS-PP verificou-se que este último perdeu em quase todos os distritos com exceção de sete onde os aumentos foram pouco significativos. O PS perdeu votos apenas no distrito de Braga tendo nos restantes o acréscimo sido, em média, acima dos 5 pontos percentuais. Em conformidade com as correlações entre a percentagem dos votos obtidos pelos partidos analisados mostrou que existem graus de correlação muito fortes que geraram uma imagem de agrupamentos/associações interdistritais que se pode traduzir numa espécie de comportamento eleitoral das populações em conformidade com o menor ou maior grau de associação através do voto.

77

Os graus de associação dos distritos com correlações significativas superiores a 0,985 confirmam a existência duma dicotomia entre o norte e o sul e ainda entre alguns do centro tais como Coimbra e Leiria onde prevalece o voto na coligação PSD.CDS-PP. Esta associação é relativa porque se verifica que distritos do norte também se associam, embora em segunda ordem, com distritos do sul por coeficientes de correlação um pouco abaixo dos 0,985 que se consideraram para as associações. As redes de ligação traduzem através do voto distrital um comportamento político e partidário através do seu grau de ligação a partidos tradicionalmente caracterizados como sendo à direita ou à esquerda do espetro partidário

9.3. Sobre os indicadores e o comportamento eleitoral Justificar o comportamento eleitoral duma população é complexo por estarem envolvidos vários esquemas teóricos representativos dum comportamento, dum fenómeno ou conjunto de fenómenos sociológicos e psicossociais, teorias da escolha racional, e respetiva complementaridade que os une e determinam aquele comportamento. Os indicadores utilizados nesta análise foram a informação utilizada para se estabeleceram comparações regionais ao nível NUTS III com o voto nos partidos. A análise quantitativa efetuada utilizou alguns indicadores sociais e económicos como os setores de atividade económica, desemprego, apoios sociais, aposentação, bem-estar social, escolaridade, saúde e PIB regional que pareceram ser relevantes que potencialmente pudessem ter influenciado o sentido do voto. As correlações do voto com o PIB regional mostraram não existir uma relação evidente com este indicador, isto é, a maior ou menor riqueza das regiões não terá influenciado consideravelmente o sentido do voto, quer à direita, quer à esquerda. Os setores de atividade económica fornecem indicações sobre o quantitativo de população a trabalhar em cada setor de atividade e foram correlacionados com o voto nos partidos apresentando correlações com algum significado. O PS obteve coeficientes de correlação positiva nos setores primário e terciário e negativo no secundário contrariamente à coligação PSD.CDS-PP que obteve valor idêntico mas de sentido positivo tendo os restantes partidos valores aproximados ao do PS mas de sentido negativo. O BE distingue-se com o mais elevado coeficiente no setor primário mas de sentido negativo. Em todos os setores verificou-se para o PSD.CDS-PP a tendência do voto decrescente nas regiões do sul e crescente nas do norte onde foi acompanhado pelo PS nas mesmas regiões mas com menos intensidade. No setor terciário o BE acompanha a sua votação com o aumento da população no terciário e apresenta votações crescentes em todas regiões excetuando quatro regiões mais a norte, Viseu Dão Lafões, Douro, Alto Tâmega e Terras de Trás-os-Montes o PCP-PEV baixa o voto com o aumento da população empregada no terciário. A coligação PSD.CDS-PP mostrou maior tendência de voto no setor secundário em oposição ao PS que mostrou uma tendência decrescente de voto com o número de pessoas a trabalhar neste setor, também acompanhado pelo PCP-PEV. O BE não mostrou qualquer relação de voto com o setor secundário.

78

No setor primário apenas o PS e o PCP-PEV registaram aumento de votos quando aumenta este tipo de população mas com as regiões a norte as que apresentam menos votos nestes partidos contrapondo-se ao PSD.CDS-PP que aumenta a percentagem de voto apesar da menor população empregue no setor primário. O PIB regional não mostrou ter influência relevante no voto dos partidos sendo o BE o que apresentou uma correlação, embora pouco significativa, com este indicador. O nível de escolaridade da população das regiões foi o indicador que mostrou ter algum significado na correlação com o voto em alguns dos partidos. O BE e o PAN foram os que mais se distinguem no voto correlacionado com o nível superior de ensino e correlações fortes mas negativas com o nível básico 1º ciclo, sendo o PSD.CDS-PP o único partido que apresenta uma relação deste nível de ensino com o voto. O baixo nível de escolaridade teve correlações mais altas com a coligação PSD.CDS-PP e mais baixas nos outros níveis mas de sentido de negativo com exceção do nível de escolaridade básico 1º ciclo. No que diz respeito ao voto no PS não mostrou que tivesse tido influência o nível de escolaridade, verificando-se apenas uma correlação relativamente mais forte e positiva com a população sem nível de escolaridade, sendo comparado neste nível com o PSD.CDS-PP, cujo coeficiente de correlação não mostrou valor que tivesse significado. Evidencia-se que o BE e o PAN têm correlações fortes com os níveis de escolaridade do básico 3º ciclo e secundário, mas com menor voto nas regiões do norte quando diminui a percentagem de população com aqueles níveis de escolaridade. A taxa de pensões da CGA (Caixa Geral de Aposentações) e a Taxa de Desemprego correlacionadas com o voto apresentam os valores mais elevados de sentido positivo com o PS mas pouco significativos. O BE e o PAN destacaram-se nas correlações com a percentagem de pensionistas da Segurança Social. Após o período dos quatro anos do Governo do PSD.CDS-PP que penalizou os idosos com cortes de pensões e outros subsídios de subsistência seria expectável que se verificasse uma forte correlação de sentido negativo com o voto naquele partido o que não se verificou na análise efetuada. Apena o PS mostrou alguma correlação com o índice de dependência de idosos. O BE e o PAN foram os únicos que revelaram correlações muito significativas com o índice de poder de compra per capita (IPCPC) mostrando uma tendência para o aumento do voto quanto maior o valor deste índice. Foi nas regiões do interior norte onde o IPCPC é baixo, onde se verificou menor percentagem de votos no BE e no PAN. O índice sintético de desenvolvimento regional (ISDR) não mostrou correlações significativas com os dois partidos mais votados, PSD.CDS-PP e PS. Só o PS apresentou uma correlação com algum significado com o índice de qualidade ambiental. O BE e o PAN distinguiram-se com correlações positivas com a competitividade e a coesão, assim como co o índice global.

79

24.1. Síntese final A análise quantitativa que se efetuou correlacionando o voto nos partidos com assento na Assembleia da Republica com vários índices e indicadores socioeconómicos ao nível distrital e regiões NUTS III mostrou não existir uma evidente relação entre a percentagem de votações nos partidos e aqueles indicadores. Em todas as correlações efetuadas verificou-se uma clara dicotomia nas votações entre o norte e o sul, tendo os partidos do centro-esquerda e da esquerda obtido mais votos nas regiões do sul e nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto independentemente da sua ou maior votação correlacionada com os indicadores utilizados. Todavia também se verificou em alguns indicadores uma relevante ligação com o voto nos partidos de esquerda. A influência da religião católica profundamente enraizada nas populações do norte, pouco propensa a ideologias de esquerda, de que os partidos da direita e centro-direita tiram proveito. A variável taxa de desemprego não justificou, com exceção do PS, os votos nos partidos mesmo nas regiões onde aquela taxa é muito elevada como as regiões do Ave, Alto Tâmega, Douro, Tâmega e Sousa onde o voto na coligação PSD.CDS-PP foi predominantemente elevado. A análise demonstrou ainda que os indicadores utilizados não foram suficientes para se tirarem conclusões claras sobre o comportamento eleitoral pois que deve ter obedecido a variáveis mais políticas e de comunicação social do que sociais e económicas Porém, não é depreciativa a influência destas últimas variáveis no aumento dos votos em partidos, regularmente classificados como sendo da esquerda e do centro-esquerda e outro sem ideologia definida, em relação às anteriores eleições de 2011. Os resultados verificados terão validade quando posteriormente relacionados com outros fatores politico-sociológicos que possam justificar o comportamento eleitoral dos portugueses nas eleições de 2015, realizadas após um período socialmente muito conturbado pelas políticas sociais e económicas muito restritivas e de austeridade severa promovidas pela coligação que antes governou. A apreciação que eventualmente se fizer deverá ter em conta as causas sociais e políticas remotas e atuais em relação ao sentido conservador do voto das regiões a norte do rio Tejo.

80

ANEXO

Distritos Eleições 2009 Eleições 2011 Eleições 2015 Diferenças 2011-2009 Diferenças 2015-2011 Diferenças 2015 2009 % % % % % % % % % % % % % % % % % % % BE PCP-PEV PS BE PCP-PEV PS PSD.CDS BE PCP-PEV PS BE PCP-PEV PS BE PCP-PEV PS BE PCP-PEV PS

Aveiro 9,01 3,83 33,75 5,03 4,09 25,93 48,14 9,6 4,36 27,91 -3,98 -0,26 -7,82 4,57 0,27 1,98 0,59 0,53 -5,84 Beja 10,06 28,92 34,82 5,19 25,39 29,79 20,11 8,2 24,96 37,29 -4,87 3,53 -5,03 3,01 -0,43 7,5 -1,86 -3,96 2,47 Braga 7,82 4,63 41,73 4,22 4,89 32,85 45,61 8,8 5,19 30,87 -3,6 -0,26 -8,88 4,58 0,3 -1,98 0,98 0,56 -10,86 Bragança 6,2 2,41 32,98 2,3 2,59 26,10 49,41 5,54 3,07 34,06 -3,9 -0,18 -6,88 3,24 0,48 7,96 -0,66 0,66 1,08 Castelo Branco 9,08 5,05 41,00 4,19 4,89 34,80 35,31 10,03 6,03 38,86 -4,89 0,16 -6,20 5,84 1,14 4,06 0,95 0,98 -2,14 Coimbra 10,77 5,76 37,90 5,75 6,22 29,18 37,18 9,89 7,03 35,28 -5,02 -0,46 -8,72 4,14 0,81 6,1 -0,88 1,27 -2,62 Évora 11,12 22,32 35,01 4,91 22,06 29,07 23,96 8,64 21,94 37,47 -6,21 0,26 -5,94 3,73 -0,12 8,4 -2,48 -0,38 2,46 Faro 15,38 7,75 31,86 8,16 8,57 22,95 31,47 14,13 8,68 32,77 -7,22 -0,82 -8,91 5,97 0,11 9,82 -1,25 0,93 0,91 Guarda 7,55 3,28 35,97 3,34 3,48 28,31 45,59 7,42 3,95 33,78 -4,21 -0,2 -7,66 4,08 0,47 5,47 -0,13 0,67 -2,19 Leiria 9,5 5,11 30,18 5,37 4,97 20,71 48,42 9,66 5,11 24,82 -4,13 0,14 -9,47 4,29 0,14 4,11 0,16 0 -5,36 Lisboa 10,81 9,93 36,35 5,72 9,55 27,53 34,68 10,89 9,84 33,54 -5,09 0,38 -8,82 5,17 0,29 6,01 0,08 -0,09 -2,81 Portalegre 10,75 12,87 38,28 4,45 12,81 32,43 27,63 9,2 12,18 42,43 -6,3 0,06 -5,85 4,75 -0,63 10 -1,55 -0,69 4,15 Porto 9,21 5,7 41,81 5,13 6,23 32,03 39,59 11,14 6,83 32,72 -4,08 -0,53 -9,78 6,01 0,6 0,69 1,93 1,13 -9,09 Santarém 11,91 9,26 33,70 5,79 9,02 25,85 35,82 10,76 9,64 32,91 -6,12 0,24 -7,85 4,97 0,62 7,06 -1,15 0,38 -0,79 Setúbal 14,02 20,07 34,00 7,03 19,65 27,14 22,59 13,05 18,8 34,31 -6,99 0,42 -6,86 6,02 -0,85 7,17 -0,97 -1,27 0,31 V. do Castelo 8,55 4,19 36,26 4,39 4,93 26,18 45,54 7,96 5,23 29,82 -4,16 -0,74 -10,08 3,57 0,3 3,64 -0,59 1,04 -6,44 Vila Real 5,5 2,86 36,05 2,34 3,06 29,12 51,02 5,18 2,95 33,06 -3,16 -0,2 -6,93 2,84 -0,11 3,94 -0,32 0,09 -2,99 Viseu 6,49 2,86 34,71 2,85 2,87 26,69 51,05 6,72 3,5 29,65 -3,64 -0,01 -8,02 3,87 0,63 2,96 0,23 0,64 -5,06

81