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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM SANTA CATARINA – 3º OFÍCIO CRIMINAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM SANTA CATARINA – 3º OFÍCIO CRIMINAL R. PASCHOAL A. PITSICA, 4876, TORRE 1, ÁTICO – ED. LUIZ E. DAUX - FPOLIS - SC – 88025-255 - FONES: (48) 2107-6200 – www.prsc.mpf.mp.br - [email protected] EXCELENTÍSSIMA SENHORA JUIZA FEDERAL DA 7ª VARA FEDERAL DE FLORIANÓPOLIS-SC Autos nº PF Nº 0239/2014-4-SR/DPF/SC JF nº 5013638-09.2014.404.7200 Autor: Ministério Público Federal Réus: 1-ALEXANDRE NIEDERAUER RAMOS 2- ALEX CIPRIANO DE SOUZA 3-CAIO RAMOS DIR DE CARVALHO 4-CARL LIWIES CUZUNG GAKRAN 5-CESAR RAMI PEREIRA DA CUNHA TAVARES 6-DIEGO OSSIDO ALVES 7-DILTON MOTA RUFINO 8-DIVA CRISTIANE NASCIMENTO PEREIRA 9-EVERTON MACHADO VASQUES 10-FÁBIO NORIO IASUNAGA 11-GABRIELA SANTETTI CELESTINO 12-GABRIEL DE SOUZA BEVACQUA MELO 13-GABRIEL FABBRO 14-GABRIEL FELIPPI 15-GABRIEL NICOLODELLI DA SILVA 16-GIOVANI BAÚ ALVES 17-HENRIQUE AMADOR PUEL MARTINS 18-JOÃO GABRIEL CURSINO BARANOV 19-JOÃO VICTOR DE ARAÚJO 20-KAINARA FERREIRA DE SOUZA 21-LUCAS DE ABREU BORSUK 22-MATHEUS EIJI NOGUEIRA IKEZAWA 23-MICHELE DE MELLO 24-NICHOLLAS BICHUETE MUNHOZ 25-PAULO PINHEIRO MACHADO 26-PAULO MARCOS BORGES RIZZO 27-PEDRO HENRIQUE MASTRANGI 28- ROSELANE NECKEL 29-ROSICLEIA SPIECKER DA SILVA 30-SÔNIA WEIDNER MALUF 31-VINICIUS AQUINIO SILVA 32-VITOR DANIEL BREDA 33-VITOR DE AMORIN GOMES ROCHO 34-VITOR ROLLIN PRUDÊNCIO 35-YGOR GRIGOL 36-WAGNER MIQUEIAS FELIX DAMASCENO Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 1 Conclusão

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R. PASCHOAL A. PITSICA, 4876, TORRE 1, ÁTICO – ED. LUIZ E. DAUX - FPOLIS - SC – 88025-255 - FONES: (48) 2107-6200 – www.prsc.mpf.mp.br - [email protected]

EXCELENTÍSSIMA SENHORA JUIZA FEDERAL DA 7ª VARA FEDERAL DEFLORIANÓPOLIS-SC

Autos nº PF Nº 0239/2014-4-SR/DPF/SCJF nº 5013638-09.2014.404.7200

Autor: Ministério Público Federal

Réus: 1-ALEXANDRE NIEDERAUER RAMOS2- ALEX CIPRIANO DE SOUZA3-CAIO RAMOS DIR DE CARVALHO4-CARL LIWIES CUZUNG GAKRAN5-CESAR RAMI PEREIRA DA CUNHA TAVARES6-DIEGO OSSIDO ALVES7-DILTON MOTA RUFINO8-DIVA CRISTIANE NASCIMENTO PEREIRA9-EVERTON MACHADO VASQUES10-FÁBIO NORIO IASUNAGA11-GABRIELA SANTETTI CELESTINO12-GABRIEL DE SOUZA BEVACQUA MELO13-GABRIEL FABBRO14-GABRIEL FELIPPI15-GABRIEL NICOLODELLI DA SILVA16-GIOVANI BAÚ ALVES17-HENRIQUE AMADOR PUEL MARTINS18-JOÃO GABRIEL CURSINO BARANOV19-JOÃO VICTOR DE ARAÚJO20-KAINARA FERREIRA DE SOUZA21-LUCAS DE ABREU BORSUK22-MATHEUS EIJI NOGUEIRA IKEZAWA23-MICHELE DE MELLO24-NICHOLLAS BICHUETE MUNHOZ25-PAULO PINHEIRO MACHADO26-PAULO MARCOS BORGES RIZZO27-PEDRO HENRIQUE MASTRANGI28- ROSELANE NECKEL29-ROSICLEIA SPIECKER DA SILVA30-SÔNIA WEIDNER MALUF31-VINICIUS AQUINIO SILVA32-VITOR DANIEL BREDA33-VITOR DE AMORIN GOMES ROCHO34-VITOR ROLLIN PRUDÊNCIO 35-YGOR GRIGOL36-WAGNER MIQUEIAS FELIX DAMASCENO

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O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pelos

Procuradores da República signatários, vem ante

Vossa Excelência, com fundamento no art. 129, I, da

Constituição da República Federativa do Brasil e nos

arts. 24 e 41 do Código de Processo Penal,

promover Ação Penal Pública, pelo que oferece a

presente

- DENÚNCIA -nos termos que seguem:

I - QUALIFICAÇÃO DOS ACUSADOS

(8 páginas excluídas por conterem dados pessoais dos acusados)

PROLEGÔMENOSPROLEGÔMENOSII – INFORMAÇÕES HISTÓRICAS E CULTURAIS NECESSÁRIAS PARA

DESCARACTERIZAR QUALQUER ASPECTO POLÍTICO OU

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REINVIDICATÓRIO COMO MÓVEL DAS PRÁTICAS CRIMINOSAS

Pessoas que praticam a igualdade e a

impessoalidade, quando vêm outras envolvidas em problemas com a polícia, contratam

advogados. Se praticam a desigualdade e o personalismo, tentam elas mesmas resolver

o problema.

Em paralelo à tramitação do presente inquérito

policial, ocorreram algumas articulações no interior de certos segmentos sociais1 que

tentaram sublimar2 o fato criminoso, construindo uma linha de defesa paralela àquela

legalmente regulada. Esta sublimação consistiu em descrever impulsos (defesa de

território) e heranças culturais (manutenção de privilégios) como atitudes de aparente luta

política e movimento reivindicatório.

Assim, inicialmente se vai aqui deixar os fatos

na sua real dimensão, qual seja, fatos típicos, ilícitos e culpáveis3.

A Defesa do Território - Quando professores,

alunos e servidores da UFSC investiram contra a Polícia Federal, desenvolveram um

comportamento primitivo comum a várias espécies, incluindo os humanos: a defesa do

território. Nós, humanos, temos esta defesa programada desde os tempos em que nossos

antepassados viviam em árvores. É o que mostra um relato recente sobre comportamento

de grandes primatas4:

1 Os crimes objeto desta denúncia chegaram a ser objeto de campanha eleitoral por parte da candidata ao Senado por Santa Catarina Rosane de Souza, candidata nº 160, do PSTU (http://pstuflorianopolis.blogspot.com.br/2014/03/ocupacao-da-ufsc-acaba-com-vitoria-para.html). A falta de legitimidade da proposta foi tamanha, que referida candidata obteve somente 8.191, correspondente a 0.27% dos votos ao Senado (http://www.eleicoes2014.com.br/rosane-de-souza/).

2 O termo sublimação aqui parte de seu significado freudiano (http://teoriapsicanalitica.blogspot.com.br/2012/08/o-conceito-de-sublimacao-em-psicanalise.html).

3 FERREIRA, Gecivaldo Vasconcelos. Teoria do crime em síntese. Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 1677, 3 fev. 2008. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/10913>. Acesso em: 23 jan. 2015. Leia mais: http://jus.com.br/artigos/10913/teoria-do-crime-em-sintese#ixzz3PfiGYwwG

4 Wrangham, Richard & Peterson, Dale. O Macho Demoníaco. Tradução de M. H. C. Côrtes. Rio de Janeiro, Editora Objetiva, 1998, pp. 26-31.

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A defesa do território é uma conduta comum entre muitas espécies, mas os chimpanzés deKasekela estavam fazendo mais do que se defender. (…) Estas expedições eram diferentesde simples defesa ou mesmo de patrulhas de fronteira. Eram ataques. Um ataque podia se iniciar bem no interior de sua própria área, com várias pequenasequipes e indivíduos da comunidade chamando uns aos outros. Às vezes o machopredominante — o macho alfa — corria por entre as equipes, arrastando galhos deárvores, visivelmente excitado. Os outros o olhavam e logo se contagiavam com seu estadode ânimo. Depois de alguns minutos, se juntavam a ele. O macho alfa só tinha de olhar porcima do ombro umas poucas vezes. O grupo se deslocava com rapidez.(...) Esse era o tipo de excursão que fazia a territorialidade dos chimpanzés parecer mais doque defensiva. (…) O começo foi uma patrulha de fronteira. Num certo ponto, os chimpanzés ficaram imóveisnum cume, olhando para o vale de Kahama lá embaixo durante mais de três quartos dehora, até que viram Goliath, aparentemente se escondendo, a apenas 25 metros dedistância. Os atacantes dispararam pela encosta abaixo, alucinados, na direção do alvo.Enquanto Goliath gritava, os membros da patrulha grunhiram arquejantes e se exibiram,agarraram-no, deram-lhe socos e pontapés, ergueram-no e jogaram-no no chão, deram-lhedentadas e depois pularam sobre ele. No início, ele tentou proteger a cabeça, mas logodesistiu e ficou estendido no chão, imóvel. Seus atacantes mostravam sua excitação comuma sequência ininterrupta de bramidos, batendo com os pés no chão, correndo, agitandogalhos de árvores e gritando. Agrediram Goliath durante 18 minutos, depois regressarampara casa, ainda cheios de energia, correndo e gritando, batendo com os pés nas raízesprotuberantes das árvores. Goliath, com a cabeça sangrando profusamente e um cortegrande nas costas, tentou se sentar, mas caiu de costas, tremendo. Também ele nunca maisfoi visto novamente.(…)

Oportuno observar que, em nota na p. 26, o

autor da obra cujo trecho é acima transcrito esclarece que Território é uma área que é

ocupada pela força, isto é, defendida de intrusos da mesma espécie (ou, às vezes, de outra). Área,

por outro lado, é uma expansão de terra que é ocupada, seja ou não com emprego da força. Na

linguajem jurídica brasileira, as expressões que melhor explicam a diferença são

“território” e “terreno”, cuja etimologia é significativa: "território" tem origem na palavra

latina territorium (e não na palavra terrenum), estando relacionada, à palavra territorium

e a territum, particípio passado do verbo terreo, que quer dizer "fazer tremer, aterrorizar,

fazer fugir pelo terror, afugentar, repelir”5. Daí se vê que a defesa do território, incluído o

uso da violência, tem origem numa programação ancestral dos humanos, desde os

tempos anteriores àqueles em que o Ardipithecus ramidus pouco se distinguia fisicamente

5 BRANDÃO NETO, João Marques. Direito Administrativo para Concurso de Juiz do Trabalho. Bauru, Edipro, 2011,p. 192.

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de um chimpanzé6.

E porque manter o território livre de

importunações, especialmente da polícia constitucionalmente institucionalizada? Porque

isto permite abuso da liberdade, especialmente a contestação de crimes sem vítimas

relativos à moral pública, como é o caso da proibição dos entorpecentes 7. Especialmente

porque seu uso, no passado e quiçá no presente, é tido, em alguns setores da sociedade,

por chique8.

Comportamento pautado na imanência do

privilégio – Se os acusados vivessem na Desterro dos começos do século XVIII, e a

UFSC fosse uma congênere da Universidade de Coimbra ou uma escola mantida por

ordem religiosa, seriam um fato as imunidades e os privilégios que os fariam imunes à

ação policial.

Para entender os privilégios que,

costumeiramente, são associados ao ambiente universitário, há que se remontar à

formação da cultura universitária luso-brasileira, cujo ponto de convergência histórica é a

Universidade de Coimbra. Esta universidade, em certos pontos, se confundia com as

ordens de cavalaria (os Mestrados das Ordens de Nosso Senhor Jesus Cristo, Sant-Iago

e Avis9): tinha unidades jurisdicionais exclusivas (os Conservadores e os Juízos dos

6 http://pt.wikipedia.org/wiki/Ardipithecus_ramidus e http://www.avph.com.br/ardipithecusramidus.htm. 7 Conforme ROBERT, Philippe. Sociologia do Crime. Tradução de Luis Alberto Salton Peretti. Petrópolis, Editora

VOZES, 2007, p. 68.8 Foi assim com armas de quase nulo poder intimidativo que tivemos de enfrentar a onda de toxicomanias que submergiu o o nosso país ao

término da guerra de 1914. Ao lado do éter, que, por ser incômodo, entrou logo em decadência, cresceu então o emprego do ópio e,principalmente, da cocaína. Esta última, escreviam PERNAMBUCO FILHO e ADAUTO BOTELHO em 1924, desconhecida em nosso meiocomo vício 12 anos antes, tornou-se de uso comuníssimo entre os gentes de vida alegre, calculando-se que dois terços das prostitutas do Rio deJaneiro a consumissem. Propagou-se logo o seu contágio "no mundo chic, nos depravados, nas baixas classes e entre famílias de acatamento",assim como nos meios intelectuais. E advertiam os mencionados autores: "Iniciando suas conquistas pelas classes elevadas, a cocaína já vazoupara os andares mais inferiores da sociedade e, na sua torrencial caminhada, começa a envolver criados, operários e pessoas menos abastadas"(obra cit., págs. 13 e 27). Quanto a São Paulo, escreve PLÍNIO MARTINS RODRIGUES (Toxicomanias, Meios para Combatê-las. 1931, pág.11), "entre 1916 e 1921, os toxicômanos deram ampla expansão ao seu vício, tendo tomado grande impulso a venda de entorpecentes, havendo-se mesmo fundado um club para propinação e gozo da cocaína: o espantoso Club da Morte” . (GONZAGA, João Bernardino. Entorpecentes –Aspectos Criminológicos e Jurídico-Penais. São Paulo, Editora Max Limonad, 1963, p. 25)

9 PORTUGAL, Ordenações Filipinas, 1609, Livro 1, Títulos XIV, item 4; XVIII, item 14; LVII, introito e item 2; LVIII, itens 35, 47 e 56; LX; LXII, item 68; LXVI, item 29; LXXX, item 14; LXXXII, item 7; XCII, 15; XCV; XCVII, item 3.

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Feitos da Fazenda10), davam a seus egressos a condição de assumir cargos nos tribunais

(Desembargador da Relação do Porto11), de Advogar no Reino de Portugal12 e a isenção

de receber penas vis13. Havia, além destes privilégios dos Desembargadores, uma longa

lista no Livro 2 das Ordenações Filipinas14.

Outros privilégios, estes da Nobreza e das

Ordens dos Mestrados, provavelmente eram interpretados como extensíveis às

Universidades, já que os egressos destas também adquiriam tais privilégios, como se viu

10 PORTUGAL, Ordenações Filipinas, 1609, Livro 1, Título VI, introito, item 12; Título X, item 15; Título XXXVII. 11 PORTUGAL, Ordenações Filipinas, 1609, Livro 1, Título XXXV.12 PORTUGAL, Ordenações Filipinas, 1609, Livro 1, Título XLVIII, introito e item 20.13 “Judicatum fuit, die 23 Augusti 1677, na causa que se fez sumária ao licenciado Manoel Pestana de Pina pela morte de Francisco de Souza

Coutinho de Alenquer, que por ser o réu Médico formado na Universidade de Coimbra, não devia padecer pena de forca, e mandou-se que fossedegolado; e assim se executou: Escrivão das terras da Rainha”. PORTUGAL, Ordenações Filipinas, 1609, Livro 5, Título CXXXVII, nota 4(http://www1.ci.uc.pt/ihti/proj/filipinas/l5p1313.htm).Segundo consta nas Ordenações Filipinas, Livro V, tít. CXXXVIII, estavam isentos das penas vis os Escudeiros dos Prelados e dos Fidalgos,moços da Estrebaria do Rei, da Rainha, do Príncipe, Infantes, Duques, Mestres, Marqueses, Prelados, Condes e de Conselheiros, Pagens deFidalgos, Juízes, Vereadores e respectivos filhos, Procuradores das Vilas ou Concelhos, Mestres e Pilotos de Navios, amos ou colaços dosDesembargadores ou de Cavaleiros de linhagem, não podiam sofrer a aplicação das penas vis. No Livro V, CXX, há disposição proibindo quesejam presos em ferros os Doutores em Leis ou Cânones, ou em Medicina, feitos em Universidade, os Cavaleiros Fidalgos, de Ordens Militaresde Cristo, Santiago e Aviz, os Escrivães da Fazenda e Câmara reais, bem como as respectivas mulheres enquanto casadas ou mesmo já viúvas. Havia, porém, alguns crimes cujas penas eram aplicadas indistintamente, sem qualquer ressalva quanto à qualificação do criminoso: lesamajestade, sodomia, testemunho falso e outros. O tormento (hoje, tortura) não era aplicado a todas as pessoas, salvo se fossem acusados de crimede lesa majestade, aleivosia, furto e outros. O tormento não era pena, mas sim meio de prova, após alguns indícios (confissão fora do Juízo, umatestemunha, fama pública etc; mas o julgador poderia decidir mediante outros indícios que entendesse convincentes – Livro V, CXXXIII). Erafeito auto circunstanciado do tormento, ao qual só podiam comparecer o julgador, o escrivão e o ministro (este ministrava o tormento).

Segundo Pereira de Souza (citado por Cândido Mendes de Almeida, no comentário às ordenações – p.1315), eram consideradas penas vis aforca, as galés, o cortamento de membro, os açoites, a marca nas costas, o baraço e o pregão. As penas cominadas nas Ordenações Filipinas sãoas seguintes: açoite (em público; em público com baraço e pregão; com grinalda de cornos – no link, ver páginas 1257, 1249, 1190, 1149, 1148,1191, 1313, 1278, 1298, 1162, 1279 e 1285; e LIVRO 5º, TÍT. XXVI, § 9º), atenazamento (apertava-se a carne do condenado, com tenazardente), baraço e pregão (baraço é o laço de apertar a garanta; pregão era a descrição da culpa e da pena), confisco de bens, decepamento demãos ou corte de outros membros, degredo (para o Brasil, África, ou para o Couto de Castro-Mirim – a pena de degredo temporal era consideradaleve, podendo o acusado se defender sem procurador); galés (remar em embarcações), morte atroz (com circunstâncias que agravam a morte, masnão o sofrimento: confisco de bens, queima ou esquartejamento do cadáver), morte civil (perda dos direitos e da graduação social); civil – perda

dos direitos), morte com queima de cadáver após o estrangulamento, morte com queima do condenado vivo (a chamada "morte natural de fogo"ou "queima até virar pó"), morte cruel (tinha por fim tirar a vida lentamente, no meio de tormentos, para torná-la mais dolorosa – atenazamento,queima ou esquartejamento do condenado vivo, açoite até a morte, sepultamento do condenado vivo), morte na forca para sempre (deixar ocadáver apodrecer na forca), morte por degolação, com ou sem exposição da cabeça do réu, morte natural (por veneno, golpe, sufocação,decapitação), pagamento de custas processuais (não podendo pagar, o réu ficava quatro meses preso, sendo solto se não houvesse condenação oucumprindo a pena dada além do pagamento das custas) e pena arbitrária. (http://brasocentrico.blogspot.com.br/2009/08/prisao-resolve.html)

14 Ordenações FilipinasLivro 2TÍTULO LIXDos privilégios dos Desembargadores O Regedor da Casa da Suplicação, Governador da Casa do Porto, Escrivão da Puridade e a pessoa que servir de Presidente do Desembargo do Paço, quando o houver, o Chanceler Mor, Desembargadores do Paço, Vedores de nossa Fazenda, Desembargadores das ditas casas e os nossos Secretários, e a pessoa, que conosco despacha as petições do Estado, Presidente e Deputados da Mesa da Consciência e Ordens, Almotacé Mor, Escrivão da Chancelaria da Corte, Escrivães da Fazenda, não paguem em serviços, pedidos, empréstimos, fintas, talhas, a duas, nem outros quaisquer encarregos ordenados, que pelos moradores dos lugares, onde eles bens e fazenda tiverem, forem lançados, assim para Nós, como para as necessidades da guerra, ou para proveito e necessidade dos ditos Conselhos, ou para algumas coisas, que lhes aconteça, ou hajam de fazer, posto que sejam coisas pias, e a todos necessárias e proveitosas, assim como feito e reparo de muros, pontes, fontes, calçadas, caminhos, guardas, e outras quaisquer coisas, que aos Conselhos pertençam por qualquer maneira que seja.(...)2. E mandamos, que dos mancebos, obreiros e servidores, assim homens, como mulheres, que houver nos lugares e Julgados, onde eles tiverem seus bens, as Justiças

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acima. Dentre estes privilégios (dados aos poderosos, Duques, Marqueses, Condes,

Arcebispos, Bispos, Prelados, Senhores de terras e Fidalgos), destaca-se aqui, por sua

pertinência ao caso dos presentes autos, as restrições à entrada da polícia nas

respectivas propriedades (o que se deduz da expressa permissão do Rei para tanto

constante das Ordenações) e a pretensão de homiziar15 ou acoutar16.

A imunidade aos criminosos só era expressa

nos casos em que a Igreja os acoutava (Livro 2, Título V, especialmente parágrafo 7). Os

Comendadores e Cavaleiros de Hábito das Ordens de Cavalaria também eram isentos de

certos deveres com a Justiça (Livro 2, Título XII). Os Duques, Mestres das Ordens,

Marqueses, Condes, o Prior do Hospital de S. João, Prelados e Fidalgos tinham terras

com jurisdição (Livro 2, título XLV). E os Capitães das Capitanias também tinham

jurisdição (Livro 2, título XLVII).

lhes dê e façam dar a eles, primeiro que a outro, os ditos mancebos, obreiros e servidores, pelas taxas desses lugares, em modo que por falta deles seus bens e herdadesnão fiquem por aproveitar.(...)3. E havemos por em, que todos seus caseiros, criados, mordomos, e paniguados, que os servem, quando os hão mister, e recebem deles bem fazer em cada um ano, assim como capa, pelote, ou outra coisa semelhante, e seus Lavradores e homens, que com eles viverem em suas casas, e os servirem continuadamente, ou que deles receberem continuadamente, ou que deles receberem casamento, ou outra satisfação, sem serem acostados a outro, hajam todas as honras, privilégios e liberdades, quepara os seus hão os Fidalgos, e os do nosso Conselho.(...)7. E defendemos, que nenhuma pessoa, de qualquer estado e condição que seja, ouse fazer força aos sobreditos, nem as suas casas, herdades, bens, nem a seus homense mulheres, gados, bestas, casaes, quintas, e lugares, nem a outras coisas suas, nem lhes faça mal, ou desaguisado, nem lhes pouse em suas casas de morada, adegas, estrebarias. Nem lhes tomem a eles, nem a seus caseiros e Lavradores, que estiverem em suas quintas, e casaes encabeçados, bestas, roupa, palha, galinhas ou outras aves e gados. Nem lhes casem coelhos, nem outras alimárias, nem lhes cortem lenha, nem madeira em suas defesas, nem lhes façam caminhos, nem travessias pelas ditas suas herdades, lavras, quintas, defesas e terras, nem lhes pastem nelas.(...)10. Outrossim mandamos, que em quanto os sobreditos forem nossos Oficiais, e os Desembargadores nas ditas nossas Relações andarem, ou forem ver suas fazendas, ou a algum lugar por nosso serviço, ou mandando, não possam ser citados, demandados, nem acusados perante Juízes alguns por feito civil, nem crime, salvo perante os Corregedores da Corte.(...)15. E por fazermos mercê aos nossos Desembargadores das Casas da Suplicação e do Porto, e a suas mulheres, nos praz, que as mulheres que foram dos ditos Desembargadores, em quanto viúvas forem, e honestamente viverem, hajam e tenham todos os privilégios e liberdades, que seus maridos por razão de seus ofícios tinham, assim para suas pessoas, como para seus criados, amos, caseiros e lavradores, tirando somente os paniguados; e que não possam trazer seus contendores a Corte, nem a Casa do Porto, salvo nos Casos, em que as outras viúvas os podem trazer. E mandamos ao Chanceler Mor, que tirando estes dois casos, lhes mandem darsuas Cartas de privilégios em forma, como os tinham seus maridos.

15 A polícia era exercida pelos Alcaides (Ordenações Filipinas, Livro 1, Títulos LXXIV, LXXV) e pelos Quadrilheiros (Livro 1, Título LXXIII).Sobre a permissão real para entrada da polícia e correlata pretensão de homiziar, consta do Livro 1, Título LXXIII: 7. E sendo caso, que seguindoalgum Quadrilheiro algum homiziado para o prender, ele se acolher para casa de algum poderoso, Duque, Marquês, Conde, Arcebispo, Bispo,Prelado, Senhor de terras, ou Fidalgo principal, poderá entrar, e entre livremente na tal casa a buscar e prender o dito homiziado, sem da partedas ditas pessoas, parentes, ou criados lhe ser posto impedimento, nem dúvida alguma na entrada da casa, busca e prisão do dito homiziado. Epela dita maneira entrarão em quaisquer lugares e terras, ainda que sejam de Senhorios, ou Coutos, ou de outra jurisdição, sem embargo dequaisquer doações, privilégios e posses, que em contraria haja, até o delinquente, com efeito, ser preso.

16 PORTUGAL, Ordenações Filipinas, 1609, Livro 1, Título XXIV, item 44 e nota de Cândido Mendes de Almeida (Edição de Cândido Mendes de Almeida, Rio de Janeiro, 1870): 44. E todo o que dito é acerca do pagamento dos feitos dos presos pobres, não haverá lugar nos presos, que forem remetidos às Ordens, ou tornados à imunidade da Igreja, ou a algum Couto de nossos Reinos, onde estavam acoutados.

Diz a nota 2, da p. 67(http://www1.ci.uc.pt/ihti/proj/filipinas/l1p67.htm): Couto, i e., lugar defeso de algum Senhor, em cujas terras não entravam as justiças do Rei: era regido por Juízes nomeados pelo Senhor, e gozava

de outros privilégios. E quanto aos presos das Ordens confronte-se esta com as Ords. do liv. 2 t. 1 § 27 e t. 3§ final, liv. 3 t. 67 § 5, e liv. 5 t. 124 § 13 e t. 132 § 2.

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As Ordenações enfatizavam e discorriam

longamente sobre a imunidade das terras da igreja (imunidade à jurisdição e à polícia –

livro 2, títulos V a XXIII). Esta imunidade chegava ao ponto de haver jurisdição secular e

jurisdição eclesiástica. Sob a denominação “Igreja” estavam as Ordens, Mosteiros,

Igrejas, Arcebispos, Bispos e outras pessoas eclesiásticas ou religiosas (Livro 2, título

XVI). Pois bem, certamente portavam tais imunidades os Colégios mantidos por Ordens

Religiosas no Brasil, dentre os quais se destacavam pelo número, os jesuíticos17:

Conforme afirmam Veríssimo (1980), Teixeira Soares (1961), Azevedo (1976), Serrão(1982), Almeida (2000), Holanda (1989) e Ribeiro (1998), os jesuítas foram osresponsáveis pela formação da elite nacional. Pois, do período compreendido entre suachegada em 1549 até sua expulsão em 1759, foram os responsáveis pelo ensino formal doshabitantes do Brasil, inclusive dos jovens que se preparavam para ingressar em cursossuperiores na Universidade de Coimbra.

Daí porque é uma explicação plausível que

esta cultura de imunidade à Justiça e à Polícia dos locais destinados ao ensino,

especialmente as Universidades e mais especialmente as federais, tenha atravessado os

tempos e chegado até os nossos dias, em razão daquela imunidade de que gozavam

Ordens, Mosteiros, Igrejas, Arcebispos, Bispos e outras pessoas eclesiásticas ou

religiosas, à Justiça secular, seus alcaides, meirinhos, quadrilheiros etc.

Conclusão: nem a UFSC está em terras

imunes à jurisdição secular, nem seus corpos docentes e discentes gozam de privilégios e

imunidades dados, nos séculos XV a XVIII, em Portugal e no Brasil, às Ordens, Mosteiros,

Igrejas, Prelados, Arcebispos, Bispos e outras pessoas eclesiásticas ou religiosas; aos

Duques, Marqueses, Condes, Senhores de terras e Fidalgos.

Mas não há só esta explicação.

A hierarquia como pressuposto da

17 Portanto, e levando-se em conta as dificuldades, seus objetivos, as dimensões geográficas do Brasil, as estruturas materiais, físicas e financeirasdisponíveis e sua relativa autonomia, os números da obra jesuítica impressionam pela grandeza, pois foram fundadas 36 missões; escolas de lere escrever em quase todas as povoações e aldeias; 25 residências dos jesuítas; 18 estabelecimentos de ensino secundário, entre colégios eseminários, nos principais pontos do Brasil, entre eles: Bahia, São Vicente, Rio de Janeiro, Olinda, Espírito Santo, São Luís, Ilhéus, Recife,Santos, Porto Seguro, Paranaguá, Alcântara, Vigia, Pará, Colônia do Sacramento, Florianópolis e Paraíba.(http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/educar/article/view/12806/8694).

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 8

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convivência social – Quando uma mulher, discursando em cima de uma viatura, dizia

para a Polícia que “os meninos não vão sair”; quando os presentes aos fatos objeto desta

denúncia diziam em coro à Polícia “Não vai sair, não vai sair...” comportavam-se como se

vivessem numa posição hierárquica superior à Polícia. Era como se dissessem aos

Policiais: Vocês sabem com quem estão falando? Somos pessoas acima de vocês e

acima da lei. E nossos companheiros não podem se submeter às leis feitas para os

indivíduos e não para pessoas18 como nós.

Se os jesuítas deixaram o Brasil em 1759, as

disposições das Ordenações Filipinas só iam sendo revogadas por aqui quando surgia

alguma incompatibilidade com dispositivo legal que viesse a surgir após a independência,

como se vê da Lei de 20/10/182319 e do art. 1.807 do Código Civil de 1916. Assim, os

privilégios jurídicos aos egressos das faculdades existentes na legislação portuguesa do

século XVII, se protraíram no tempo e, depois de revogados, se incorporaram aos

costumes. Em meados do século XIX, teve-se, por exemplo, a genrocracia, de que falou

Gilberto Freyre, que consistia na prática de fazendeiros procurarem bacharéis

promissores, mesmo que de fortuna modesta, para com eles casarem suas filhas.

Esperavam com isso ganhar prestígio social e voz na política20. E, em princípios do século

XX, Lima Barreto descreve o que chamou de “nobreza doutoral”21:

18 Sobre a diferença entre indivíduo e pessoa: Num sistema de pessoas, todos se conhecem, todos são "gente", todos se respeitam enunca ultrapassam seus limites. Vale dizer: todos conhecem seus lugares e ali ficam satisfeitos. (...) É nesse universo de pessoas queencontramos os medalhões, os figurões, os ideólogos, as pessoas-instituições (com o perdão da redundância): aqueles que não nasceram, foramfundados. (...) De fato, a superpessoa no Brasil tende a entrar num plano que já chamei de Nirvana social, uma área onde ela fica acima e alémdas acusações (...)Mas é preciso reconhecer que a vertente individualizante também existe entre nós. Ela está presente em nosso aparato legal, pois as leis foramfeitas para os indivíduos e em função da igualdade básica de todos os indivíduos perante a lei. (...) Pois somente os indivíduos frequentam asdelegacias de polícia, os tribunais, as filas (...) Os medalhões, as pessoas, não foram feitos para essas leis que igualam e tornam os indivíduosmeros recipientes, sem história, relações pessoais ou biografia. Assim, os que recebem a lei automaticamente ficam um pouco como osdesgarrados, indigentes e párias sociais.No Brasil, assim, o indivíduo entra em cena todas as vezes em que estamos diante da autoridade impessoal que representa a lei universalizante, a ser aplicada para todos. (...) Em outras palavras, as leis só se aplicam aos indivíduos e nunca às pessoas; ou, melhor ainda, receber a letra fria e dura da lei é tornar-se imediatamente um indivíduo. Poder personalizar a lei é sinal de que se é uma pessoa. DA MATTA, Roberto. Carnavais, Malandros e Heróis. Rio, Zahar, 4 ed., 1983, pp. 180-185.

19 http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei_sn/anterioresa1824/lei-40951-20-outubro-1823-574564-publicacaooriginal-97677-pe.html:

20 Visconde do Uruguai / organização e introdução de José Murilo de Carvalho – São Paulo: Ed.34, 2002. 640 p. (Coleção Formadores do Brasil) –ISBN 85-7326-237-0 – Paulino José Soares de Souza era o nome do Visconde do Uruguai – p. 16)

21 BARRETO, Lima. Os Bruzundangas. São Paulo, Ática, 1985, pp. 35-39.

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 9

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A nobreza da Bruzundanga se divide em dous grandes ramos. Talqualmente como na França de outros tempos,em que havia a nobreza de Toga e a de Espada, na Bruzundanga existe a nobreza doutoral e uma outra que, porfalta de nome mais adequado, eu chamarei de palpite. A aristocracia doutoral é constituída pelos cidadãos formados nas escolas, chamadas superiores, que são as demedicina, as de direito e as de engenharia. Há de parecer que não existe aí nenhuma nobreza; que os cidadãosque obtêm títulos em tais escolas vão exercer uma profissão como outra qualquer. É um engano. Em outroqualquer país, isto pode se dar; na Bruzundanga, não. Lá, o cidadão que se arma de um título em uma das escolas citadas, obtém privilégios especiais, algunsconstantes das leis e outros consignados nos costumes. O povo mesmo aceita esse estado de cousas e tem umrespeito religioso pela sua nobreza de doutores. Uma pessoa da plebe nunca dirá que essa espécie de brâmane temcarta, diploma; dirá: tem pergaminho. Entretanto, o tal pergaminho é de um medíocre papel de Holanda. As moças ricas não podem compreender o casamento senão com o doutor; e as pobres, quando alcançam ummatrimônio dessa natureza, enchem de orgulho a família toda, os colaterais, e os afins. Não é raro ouvir alguémdizer com todo o orgulho: - Minha prima está casada com o doutor Bacabau. Ele se julga também um pouco doutor. Joana d’Arc não enobreceu os parentes? A formatura é dispendiosa e demorada, de modo que os pobres,inteiramente pobres, isto é, sem fortuna erelações, poucas vezes podem alcançá-la. (...) Em geral, apesar de serem lentos e demorados, os cursos são medíocres e não constituem para os aspirantessenão uma vigília de armas para serem armados cavaleiros. O título - doutor - anteposto ao nome, tem na Bruzundanga o efeito do - dom - em terra de Espanha. (...) Quanto aos costumes, é isto que se observa em relação à nobreza doutoral. Temos, agora, que ver no tocante àsleis. O nobre doutor tem prisão especial, mesmo em se tratando dos mais repugnantes crimes. Ele não pode ser presocomo qualquer do povo. Os regulamentos rezam isto, apesar da Constituição, etc., etc. Tendo crescido imensamente o número de doutores, eles, os seus pais, sogros, etc., trataram de reservar o maiornúmero de lugares do Estado para eles. Capciosamente, os regulamentos da Bruzundanga vão conseguindo essedesideratum. Assim, é que os simples lugares de alcaides de polícia, equivalentes aos nossos delegados, cargos que exigem oconhecimento de simples rudimentos de direito, mas muito tirocínio e hábito de lidar com malfeitores, só podemser exercidos por advogados, nomeados temporariamente.

O diploma universitário não só levava a cargos

que usufruíam dos privilégios da nobreza, como se viu acima, mas também levava à

nobreza, como foi o caso de Paulino José Soares de Souza: bacharel, bem casado, teve

acesso a importantes cargos públicos no Império e ao título nobiliárquico de Visconde do

Uruguai.

Esta cultura do privilégio e da hierarquia social,

que é a negação da igualdade, do Portugal seiscentista e suas colônias, até o Brasil de

nossos dias, nunca foi quebrada. É que, segundo MAXWELL, em Portugal, Iluminismo,

racionalidade e progresso têm um significado muito diferente do costumeiramente

conhecido para outros países da Europa. Esta diferença diz respeito, segundo o mesmo

autor, ao poder do Estado, que cresceu em Portugal, enquanto diminuía naqueles países,

de modo que a história da administração de (Marquês) Pombal é um antídoto importante

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 10

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para a visão excessivamente linear e progressiva do papel do Iluminismo no século XVIII

na Europa...22.

Não é de estranhar portanto que, na vida

social da colônia portuguesa da América tenha vicejado não a igualdade, mas a

hierarquização e o autoritarismo, que se exteriorizam no “jeitinho” e no “você sabe com

quem está falando”23.

Componente desta hierarquização da vida

social são os privilégios aos formados em cursos superiores, em vigor até os nossos dias,

do que é exemplo o art. 295 do CPP, especialmente seu inciso VII24 (específico para o

tema ora tratado), nunca contestado, em que pese sua evidente incompatibilidade com o

art. 5º, caput, da CRFB25.

22 MAXWELL,Kenneth. MARQUES DE POMBAL – PARADOXO DO ILUMINISMO. Tradução de Antônio de Pádua Danesi. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1996, pp. 170-172.

23 No Brasil, porém, entre o "pode" e o "não pode", encontramos um "jeito". Na forma clássica do "jeitinho", solicita-se precisamente isso: um jeitinho que possa conciliar todos os interesses, criando uma relação aceitável entre o solicitante, o funcionário-autoridade e a lei universal. (…)A verdade é que a invocação da relação pessoal, da regionalidade, do gosto, da religião e de outros fatores externos àquela situação poderá provocar uma resolução satisfatória ou menos injusta. Essa é a forma típica do "jeitinho", e há pessoas especialistas nela. Uma de suas primeiras regras é não usar o argumento igualmente autoritário, o que também pode ocorrer, mas que leva a um reforço da má vontade do funcionário. De fato, quando se deseja utilizar o argumento (ou melhor, contra-argumento) da autoridade contra o funcionário, o jeitinho é um ato de força que no Brasil é conhecido como o famoso e escondido "sabe com quem está falando?" Aqui, ao contrário do jeitinho e quase como o seu simétrico e inverso, não se busca uma igualdade simpática ou uma relação contínua com o agente da lei que está por trás do balcão. Mas, isso sim, busca-se uma hierarquização inapelável entre o usuário e o atendente. De tal modo que, diante do "não pode" do funcionário, encontra-se um "não pode do não pode" feito pela invocação do "sabe com quem está falando? Sou filho do Ministro!", e pronto! gera-se logo um tremendo impasse autoritário que dependerá, para a sua solução, dos devidos trunfos de quem está implicado no drama. De qualquer modo, um "jeito" foi dado. Uma forma de resolução foi obtida. E a ligação entre a lei e o caso concreto fica realizada satisfatoriamente para ambas as partes."Jeitinho" e "você sabe com quem está falando?" são, pois, os dois polos de uma mesma situação. Um é um modo harmonioso de resolver a disputa; o outro é um modo conflituoso e um tanto direto de realizar a mesma coisa. O "jeito" tem muito de cantada, de harmonização de interesses aparentemente opostos, tal como ocorre quando uma mulher encontra um homem e ambos, interessados num encontro romântico, devem discutir a forma que esse encontro deverá assumir. O "sabe com quem está falando?", por seu lado, afirma um estilo diferente, onde a autoridade é reafirmada, mas com a indicação de que o sistema é escalonado e não tem uma finalidade muito certa ou precisa. Há sempre outra autoridade, ainda mais alta, a quem se poderá recorrer. E assim as cartas são lançadas ... (…)O malandro, portanto, seria um profissional do "jeitinho" e da arte de sobreviver nas situações mais difíceis. (…)Do lado do malandro, e como o seu oposto social, temos a figura do despachante (…) Assim, o despachante parece mais um padrinho. Tal como o padrinho, ele é um mediador entre a lei e uma pessoa. (...) Só que o despachante é um padrinho para baixo. Digo para baixo porque as classes média e alta do Brasil têm verdadeira aversão a tudo que a faça sentir-se como pessoa comum, indivíduo sujeito a rejeições e desagradáveis encontros com autoridades sem o menor traço de boa vontade. Assim, se não se tem um amigo ou uma relação que possa imediatamente facultar o "jeitinho", contrata-se um despachante, que realiza precisamente essa tarefa. DAMATTA, Roberto. O que faz o brasil, Brasil. Rio de Janeiro, Editora Rocco, 1986, pp. 100-103

24 CPP, Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da autoridade competente, quando sujeitos a prisão antes de condenação definitiva:(...)VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República. Somente em 9/3/2015 o PGR ajuizou arguição de descumprimentode preceito fundamental, contra o art. 295, inciso VII, do Código de Processo Penal (http://www.conjur.com.br/2015-mar-10/prisao-especial-pessoas-diploma-questionada-pgr e http://s.conjur.com.br/dl/prisao-especial-pessoas-ensino-superior.pdf)

25 CRFB, Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (…).

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Da mesma forma que a realização de curso

nas Universidades de Lisboa e Coimbra, desde a vigência das Ordenações Filipinas, em

1609, era condição para o ingresso nos altos cargos da Judicatura, no Brasil as

faculdades, especialmente as de Direito, supriram com seus formandos os altos cargos do

Império e depois da República, enquanto perdurou o domínio dos bacharéis. Não foi

diferente com a UFSC26 e as faculdades que a precederam em Florianópolis: até meados

da década de 1960 (quando irromperam as faculdades municipais no interior do Estado),

vieram dali todos os “doutores” que passaram pelos altos cargos públicos federais,

estaduais e municipais de Santa Catarina, quando providos por catarinenses.

Especialmente no Poder Judiciário.

Coincidência ou não, o fato é que, no campus

da UFSC, funciona, de há muito, uma unidade judiciária (da Justiça Estadual), o que

acaba por lembrar os Juízes Conservadores e os Juízos dos Feitos da Fazenda da

Universidade de Coimbra.

Muito provavelmente esteja aí nestes

privilégios de antanho a origem para a pretendida (e meramente mítica) imunidade à

polícia que viceja na UFSC e quiçá em outras universidades.

A sublimação - Das provas juntadas ao

Inquérito Policial, observa-se que, quando dos gritos, doestos e labéus proferidos pelos

acusados, por ocasião dos fatos, foram registradas palavras de ordem como Essa polícia

militar, essa polícia resquício da ditadura ou Ditadura não! Abaixo a repressão!27:

10’20’’ – Aparece a Aluna GABRIELA SANTETTI: “...Tá o massacre da juventude preta!Da juventude pobre, que a gente não aceita! Essa polícia militar, essa polícia resquício daditadura. A gente não tá aqui pra ganhar, apanhar da polícia não! A gente tá aqui pra

26 O Instituto Politécnico de Florianópolis foi a primeira instituição de ensino superior do Estado de Santa Catarina, sua fundação data de 13 demarço de 1917, sob a liderança de José Arthur Boiteux. (...)Durante sua existência ofereceu diversos cursos, dentre eles, os de Odontologia, Farmácia, Engenharia (Geologia),Veterinária, Botânica,Agrimensura e Topografia. (...)A proposta de criação da Faculdade de Direito, feita pelo Desembargador e Professor José Arthur Boiteux, foi aprovada em 1931, pelaCongregação do Instituto Politécnico. A faculdade foi incorporada à Universidade Federal de Santa Catarina pela lei n. 3.849, de 1960 (…). -

http://pt.wikipedia.org/wiki/Faculdade_de_Direito_de_Santa_Catarina27 Relatório de Inteligência Policial IPL 239-2014, pp. 12 e 14.

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ganhar uma conquista que é a liberdade de um preso que não tem nenhuma legitimidadepra tá dentro desse camburão.” Por trás, aparece o Procurador da UFSC passando edescendo da carroceria da viatura do DESEG.13’01’’ – HNI diz para os policiais: “A galera não quer dispersar.” Ouve-se dosestudantes: “Ditadura não! Abaixo a repressão!”13’04’’ – Delegado Cassiano: “...Conduzir o preso. Tá acontecendo um... Imagina isto!Bem, o choque tá... Beleza, pode... Pode.”13’10’’ – Policiais Federais caminham em direção aos estudantes para mais uma tentativafinal de resgatar o aluno detido e o segurança da UFSC da viatura do DESEG. O professorPAULO PINHEIRO caminha ao lado dos policiais.

A ditadura militar começou a acabar em 1979,

com o fim do AI 528 e a promulgação da Anistia29. Ficou moribunda em 1985, com a

assunção da Presidência da República por um civil e morreu definitivamente em

05/10/1988 com a promulgação da Constituição em vigor. Assim, ao pretender combater

uma ditadura morta, enfrentando uma polícia totalmente controlada pelos instrumentos

típicos do Estado Democrático de Direito, os acusados (em média, nascidos por volta de

1995), estavam, tais quais seus avós, que vaiavam Caetano Veloso em 1968, querendo

matar amanhã o velhote inimigo que morreu ontem...30

Dos professores, presumivelmente os mais

velhos dentre os acusados, WAGNER MIQUEIAS FELIX DAMASCENO nasceu em

01/11/1982, tendo 6 anos de idade em 1988. Os três mais antigos são PAULO PINHEIRO

MACHADO, nascido aos 19/03/1961, SÔNIA WEIDNER MALUF, nascida aos 03/10/1960

e PAULO MARCOS BORGES RIZZO, nascido em 06/07/53. Paulo Machado começou a

28 EC nº 11, de 13/10/1978, com vigência a partir de 01/01/1979.29 Lei nº 6.683, de 28/8/1979.30 FESTIVAL INTERNACIONAL DA CANÇÃO de 1968.

(http://memoriaglobo.globo.com/mobile/programas/entretenimento/musicais-e-shows/festival-internacional-da-cancao/1968.htm). O textocompleto é o seguinte: Mas é isso que é a juventude que diz que quer tomar o poder? Vocês têm coragem de aplaudir esse ano uma música, umtipo de música que vocês não teriam coragem de aplaudir no ano passado… São a mesma juventude e vão sempre, sempre matar amanhã ovelhote inimigo que morreu ontem. Vocês não estão entendendo nada, nada, nada, absolutamente nada. Vocês estão por fora. Vocês não vãovencer. Mas que juventude é essa? Vocês são iguais sabem a quem? Àqueles que foram no Roda Viva e espancaram os atores… Vocês nãodiferem em nada deles. Estão querendo policiar a música brasileira. Gilberto Gil está aqui comigo pra gente acabar com toda a imbecilidadeque reina no Brasil. Se vocês forem em política como são em estética, estamos feitos…(http://www.overmundo.com.br/overblog/voces- nao-entendem-nada)Neste ponto, uma comparação é apropriada: o MPF recebeu um e-mail de um estudante da UFSC, repórter de jornal interno, solicitando informações sobre os indiciamentos da Polícia Federal pela ação no Bosque da UFSC. Destaca-se um trecho do e-mail, sem grifo no original: (...) 24/06/14 14:21 (…) Gostaria de saber se o Ministério Público vai encaminhar para o Judiciário os inquéritos? Vai fazer isso integralmente ou acatar denúncias específicas? Quais delas?Parafraseando Caetano: se forem em política o que são em noções sobre o papel da Polícia e do Ministério Público, estamos feitos...

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graduação em História em 1979 e terminou em 1982; seguiu continuamente em estudos

de pós-graduação até concluir o Doutorado em 2001. É autor dos livros A Política de

Colonização do Império (Ed. UFRGS, 1999) e Lideranças do Contestado (Ed. UNICAMP,

2004), entre outras obras31. Logo, supõe-se que tem experiência de vida e conhecimento

de história suficiente para perceber que a Ditadura Militar de há muito se findou. Sônia

começou a graduação em 1978 e terminou em 1984, prosseguindo na pós-graduação de

1985 a 1996. É Doutora em Antropologia Social e Etnologia pela Ecole des Hautes Etudes

en Sciences Sociales, França (1996)32. Tem, portanto, experiência de vida e informação

suficiente para saber que a ditadura militar acabou. Paulo e Sônia, portanto, ainda que

pré-adolescentes no auge da ditadura militar, viveram no Brasil quando dos estertores do

regime de arbítrio. Já Paulo Rizzo viveu sua adolescência e juventude na ditadura militar.

Fez graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie

(1977)33. O mestrado em Geografia (1993) e o doutorado em Geografia foram cursados

na Universidade Federal de Santa Catarina (2013)34.

Ao lado da extemporaneidade da pretendida

manifestação contra a ditadura, extemporaneidade esta que comprova a sublimação,

estão também as diferenças de ação de uma polícia que agia sem qualquer limite, como

ocorria na ditadura militar, e uma polícia que age dentro dos limites do Estado

Democrático de Direito, como agiram a PF e a PM no dia dos fatos objeto do presente

31 Tem experiência na área de História do Brasil, com ênfase no período do Império e primeiras décadas da República, atuando na área de História Social do Campesinato, principalmente em pesquisas sobre colonização, terras, fronteira agrícola, fronteiras internacionais, RevoluçãoFederalista e movimentos sociais rurais, como Canudinho de Lages (1897) e a Guerra Sertaneja do Contestado (1912-1916). http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=K4780106A6.

32 É formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1984), mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina (1989) e DEA e doutorado em Antropologia Social e Etnologia pela Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales, França (1996). Fez pós-doutorado na Nottingham Trent University e na London School of Economics (2004-2005) e na Ecole des Hautes Études en Sciences Sociales (2011-2012). Publicou os livros Encontros noturnos: bruxas e bruxarias na Lagoa da Conceição (1993) e Les enfants du verseau au pays des terreiros: les cultures thérapeutiques et spirituelles alternatives au Sud du Brésil (1998), e várias coletâneas, artigos e capítulos de livros. Foi editora da Revista Estudos Feministas. As principais áreas de atuação são em antropologia urbana e antropologia do contemporâneo, atuando principalmente nos seguintes temas: pessoa, indivíduo e sujeitos contemporâneos, Estado e políticas públicas, gênero eteorias feministas, corpo, saúde e biopolítica, ´saúde mental´, antropologia da narrativa, religiosidades brasileiras - http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=K4780895U6

33 O Mackenzie é apontado por alguns autores como reduto de estudantes que apoiavam o regime militar (CENTENO, Ayrton. OS VENCEDORES: A VOLTA POR CIMA DA GERAÇAO ESMAGADA PELA DITADURA DE 1964, São Paulo, Geração Editorial, 2014, p.273).

34 http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=K4799770Y3

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 14

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IPL.

Se, por exemplo, surpreendidos fumando

maconha no campus de uma Universidade Federal, em 1974, os usuários seriam

sumariamente presos, ficariam incomunicáveis durante alguns dias, sob risco de tortura

e/ou sumiço. Se houvesse manifestação politica ou resistência contra a polícia, a resposta

provável eram tiros reais e com mortes35.

Ou, na melhor das hipóteses, prisão dos

manifestantes, ainda que estivessem somente vaiando um Ditador que merecia ser

vaiado, como aconteceu em Florianópolis, em 30 de novembro de 1979, episódio que

ficou conhecido como a “novembrada”36.

Não há dúvida que a “Novembrada”, ocorrida

em 30/11/1979 foi um fato de grande importância na história de Florianópolis; e os fatos

objeto do presente inquérito, ocorridos em 25/3/2014, pela repercussão que tiveram,

acabaram adquirindo importância também. Duas manifestações estudantis, de grande

repercussão, que ocorreram duas vezes. E, a valer a célebre assertiva de MARX, a

35 Em 28 de março de 1968, os estudantes do Rio de Janeiro estavam organizando uma passeata-relâmpago para protestar contra a alta do preço da comida no restaurante Calabouço, que deveria acontecer no final da tarde do mesmo dia.

Por volta das 18 horas, a Polícia militar chegou ao local e dispersou os estudantes que estavam na frente do complexo. Os estudantes se abrigaram dentro do restaurante e responderam à violência policial utilizando paus e pedras. Isso fez com que os policiais recuassem e a rua ficasse deserta. Quando os policiais voltaram, tiros começaram a ser disparados do edifício da Legião Brasileira de Assistência, o que provocoupânico entre os estudantes, que fugiram.

Os policiais acreditavam que os estudantes iriam atacar a Embaixada dos Estados Unidos e acabaram por invadir o restaurante. Durante a invasão, o comandante da tropa da PM, aspirante Aloísio Raposo, atirou e matou o secundarista Edson Luís com um tiro a queima roupa no peito. Outro estudante, Benedito Frazão Dutra, chegou a ser levado ao hospital, mas também morreu.(http://pt.wikipedia.org/wiki/Edson_Lu%C3%ADs_de_Lima_Souto)

36 O então presidente João Figueiredo visitou a capital catarinense, e o governo do Estado ensaiou uma festa para recebê-lo, mas não foi o que ocorreu por parte da população.Enquanto o governo convidava o povo para saudar Figueiredo, os estudantes universitários da época planejavam um outro tipo de recepção. "Para certos setores, era um clima festivo. Para nós do movimento estudantil, era um clima de rebelião", relembra Rosângela Koerich.(…)A visita de Figueiredo seguia dentro da normalidade, mas uma manifestação estava prestes da explodir na Praça XV de Novembro, Centro de Florianópolis.No lado de fora do Palácio Cruz e Sousa, os estudantes já começavam a gritar palavras de ordem contra ele. O general, no entanto, não perdeu a pose e apareceu na sacada para acenar para o povo. Ao lado dele, estava o então governador Jorge Bornhausen.O jornalista Walter Souza era um dos repórteres da RBS TV na época encarregado pela cobertura da visita de Figueiredo ao estado. De baixo, o profissional descrevia tudo que aconteceu no Palácio. (...)"Aquilo que era uma manifestação de 20 ou 30 pessoas passou a ser uma imensa manifestação de talvez duas ou três mil pessoas que estavam na praça. Foi naquele momento que ocorreu o conflito", afirma . Em uma atitude inesperada, o presidente resolveu ir à rua enfrentar os manifestantes. (...)Dois dias depois, sete estudantes foram presos, dentre eles Rosângela. (…) - http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2014/12/capitulo-da-historia-do-brasil-durante-ditadura-novembrada-faz-35-anos.html

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 15

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primeira vez como tragédia, a segunda como farsa...37

Mas, se a sublimação da defesa do território e

de privilégios ora é vivida como luta contra a ditadura, também é verbalizada mediante

interpretação estapafúrdia da autonomia universitária, como se o art. 207 da CRFB fosse

excepcionado nas disposições constitucionais sobre segurança pública (CRFB, art. 144),

de modo que a polícia judiciária da União não pudesse ser exercida nas universidades

federais (que são autarquias vinculadas à União)..

Esta interpretação vai aparecer em matérias

jornalísticas juntadas ao IPL, como a entrevista da Reitora da UFSC (Diário Catarinense

de 26/3/2014, p. 6 - Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 13, OFIC5, Página

5) e em outros documentos. Um deles é a representação apresentada pela Reitora da

UFSC ao MPF contra a PF (PIC nº 1.33.000.001351/2014-45, apensado aos autos

1.33.000.001045/2014-17 e 5013638-09.2014.404.7200). Em tal representação,

(especialmente seus itens 03 a 17), percebe-se o posicionamento da representante no

sentido da proibição de policiamento nas terras da UFSC, já que tais terras (bens

públicos) e seus edifícios são tratados como se fossem uma casa particular (itens 3 e 4).

Ou, quando concedem que a área é pública, definem (item 07) os crimes em que a polícia

pode cumprir o art. 144 da CRFB (tráfico perigoso, assalto, estupro, assassinato) e os

casos em que não pode (uso de drogas).

O relatório da comissão38 que a UFSC formou

para apurar os fatos também adota a mesma postura pautada no espírito das Ordenações

Filipinas quanto à pretendida imunidade das terras da UFSC (sem grifos no original):

37 A frase completa é: Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundoocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa . MARX, Karl. O 18BRUMÁRIO DE LUIS BONAPARTE. http://www.culturabrasil.org/18brumario.htm.

38 Relatório das atividades da comissão designada pela Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) através da Portaria nº600/2014/GR, e retificada pela Portaria nº 680-A/2014/GR, cuja finalidade foi o levantamento dos fatos ocorridos no dia 25 de março de 2014 nocampus desta Universidade – p. 17 em pdf. A comissão foi composta por JEAN-MARIE ALEXANDRE FARINES (Presidente), VERAREGINA PEREIRA DE ANDRADE (Membro) e ZULMIRA DA SILVA (Membro).

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 16

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De qualquer forma a identidade (objeto e finalidade) daOperação a ser realizada no campus não foi explicitada, nemà PM/SC nem ao DESEG, nem à própria Reitoria da UFSC(não obstante a existência do referido acordo decolaboração), tendo a PF entrado no campus e no Prédio doCFH sem apresentação de qualquer documento oficial queidentificasse a Investigação (preliminar ou inteligência/investigação oficial já instaurada) e a mando de quem setratava (subscrição ou condução de autoridade competente).Por último, também pela competência que a ConstituiçãoFederal outorga à Polícia Federal, compreende-se, enfim, oporquê dos campi universitários não constituírem espaço deatuação da Polícia Federal, a não ser quando solicitada parafins claramente definidos, como foi o caso da solicitaçãoanterior da Reitoria..

O que impressiona nas conclusões do

“Levantamento”, mais adiante descritas, é o total descompromisso com a legalidade: em

nenhum momento se contesta o uso de maconha pelos estudantes surpreendidos no uso

ou posse; o que se contesta é toda a ação policial e do DESEG (deve atuar a favor e não

contra a Instituição, ou seja, deve atuar contra a polícia e contra a ordem jurídica vigente).

Para a comissão que fez o levantamento – é o que se infere de suas conclusões - a PF e

o DESEG, sabendo do uso de drogas no campus da UFSC, não deveriam tomar

providência alguma; mas, como foram lá cumprir o art. 144 da CRFB, os estudantes

ficaram muito contrariados e, pois, a PF e o DESEG deveriam dar meia volta, e deixar a

área livre para as práticas ilícitas; mas, como a PF e o DESEG cumpriram a lei, tomando

providências para lavrar o TC, acabaram gerando a revolta dos estudantes, que, no

entender da comissão, revoltados que estavam, usaram seu “direito” de agredir a polícia e

destruir dois veículos oficiais. E, mesmo assim, a polícia deveria sair de mansinho do

campus e não apurar a coação que sofreu (só cessada mediante auxílio da tropa de

choque da PM), nem a destruição do patrimônio público. Apurar tais crimes, segundo a

comissão, foi desperdício de dinheiro público e uma exata “inversão” fática e ideológica;

inversão que parece ser a lógica dominante em todo o processo conduzido pela PF. Tal conclusão

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 17

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gera mais perplexidade e estupefação quando uma integrante da comissão é Pós-Doutora

em Criminologia e Direito Penal, Doutora e Mestre em Direito e, dentre as disciplinas que

leciona, está a Criminologia39. Outro integrante da comissão, se é Doutor em Engenharia

Elétrica, tem, entretanto, longa convivência com pessoa a área jurídica, pois é casado

com integrante do MPF40.

Infelizmente esta forma de tratar as terras da

UFSC como se fossem bens de Mestrado de Ordem medieval, de cavalaria ou de algum

prelado religioso, foi indevidamente assimilada pela autoridade policial, que, em seu

relatório, faz, sem qualquer necessidade, constar que houve uma “autorização” para a PF

“prestar apoio” ao combate uso e tráfico de drogas no campus:

Com base no depoimento apresentado pelo Diretor do Departamento deSegurança Física e Patrimonial da UFSC (DESEG), corroborado pelosservidores TELES ESPÍNDOLA (fls. 80-84) e APF ARI COPETTI (fls. 86-90),constata-se que teriam sido recebidas informações relacionadas à crescenteatividade de tráfico e uso de entorpecentes no interior do campus da UFSC,tendo sido repassada aos vigilantes a determinação, por parte da Reitoria daUniversidade, para que fosse prestado o necessário apoio à Polícia Federalvisando ao combate dos referidos delitos, principalmente noentorno da região conhecida como “bosque”.Em seu depoimento, CARLOS ANTONIO OLIVEIRA VIEIRA,Chefe de Gabinete da Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina,confirmou que, em novembro de 2013, solicitou, formalmente, apoio doDepartamento de Polícia Federal para coibir o uso e tráfico de entorpecentesno campus (fl. 175).

Como se a PF não tivesse obrigação de fazê-

lo de ofício, ao saber do consumo e tráfico de drogas na UFSC, nos termos do art. 6º do

CPP:

Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, aautoridade policial deverá:I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado econservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelosperitos criminais; III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suascircunstâncias;IV - ouvir o ofendido;V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto noCapítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo serassinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;

39 http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=K4796202D240 http://www.ilhacap.com.br/edicao_marco11/MPFMovimentoPobristaDeFlorianopolis-mar11.html

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 18

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VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e aquaisquer outras perícias;VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, sepossível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual,familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimoantes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos quecontribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter. Efeitos deletérios da pretendida imunidade

territorial - O fato é que esta ilegal41 e ímproba “proibição” da polícia institucionalizada

estar presente no campus universitário da UFSC tem gerado uma onda de furtos e outros

crimes que nunca são desvendados, em prejuízo do patrimônio da referida autarquia

federal (que, ressalte-se, é público e não privado) como se percebe, por exemplo, no

Procedimento Investigatório Criminal nº 1.33.000.002546/2013-21. Ali, a notícia de furto é

dada ao MPF por ofício do Chefe de Gabinete da Reitoria. Noticia registro de B.O.'s no

Departamento de Segurança da UFSC. Não foi o primeiro caso em que chegaram ao

conhecimento do MPF Boletins de Ocorrência referentes a ilícitos penais praticados

contra o patrimônio da UFSC, que são lavrados por órgão que não o constitucionalmente

previsto (o DESEG). No Inquérito Policial nº 5012317-70.2013.404.7200 há dois Boletins

de Ocorrência: um (00004-2013-06529) lavrado perante a Polícia Civil estadual e outro (nº

109/2013), lavrado pelo Departamento de Segurança da UFSC, o DESEG.

Há outros casos, conforme o que constou do Relatório do

Delegado de Polícia Federal, em outro Inquérito Policial que tratava também de furto nas

dependências da UFSC:

Inquérito Policial nº 544/2013-SR/DPF/SC, Processo nº 5018807-45.2012.4.04.7200: “asimagens captadas pelo sistema de segurança não permitem a identificação de um suspeito na figura 1 a6, pela baixa qualidade, distância do alvo e pouca luminosidade”. Mais adiante, consta: 8. Quanto aos

41 Não há autorização legal para esta proibição da polícia entrar no campus universitário. Tanto não existe autorização legal que esta precisou serpedida em provimento judicial pelo MPF, limitando-se à polícia estadual e não à federal e excluídas da proibição as operações de rotina. Opedido se deu na ACP nº 2001.33.00.010564-1, proposta na Bahia. Foi deferida pelo Juízo, nos seguintes termos: Sendo assim, defiro o pedido decondenação do Estado da Bahia na obrigação de não ingressar através de seus agentes policiais (civis, militares, ou de qualquer outracorporação) em nenhum campus da Universidade Federal da Bahia, salvo mediante solicitação dos Diretores de qualquer das Unidades, doReitor, ou de outra autoridade acadêmica competente; ficando excluído desse impedimento o exercício regular do poder de políciaadministrativa mediante a realização das operações de rotina. (original não grifado). Mantida a decisão em segunda instância, está pendente derecurso no STJ [REsp nº 1339634 / BA (2011/0216003-5); em 03/09/2014 (15:59hs) estavam conclusos para decisão à Ministra REGINAHELENA COSTA (Relatora)].

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aspectos de segurança patrimonial da UFSC, basta se observar a profusão de procedimentosinvestigatórios, sem desfecho satisfatório, quanto ao esclarecimento da autoria. E isto se deve a váriosfatos que preponderam para esse tipo de ocorrência: Um, o acesso livre de qualquer um à área internade qualquer departamento da UFSC, onde os bens patrimoniais ficam expostos à cobiça de todo tipo dedelinquência. Dois, o sistema de vigilância eletrônica que poderia ser um aliado, de nada adianta, poisas imagens são captadas à distância e sem nenhum valor para reconhecimento facial. 9. Esteprocedimento, ao meu ver, dentre muitos outros já instaurados está fadado a servir apenas de estatísticaante a ausência de premissas básicas para apurar esse tipo de delito. Atuação rápida da Polícia no localdo crime, para a coleta de pistas e exame de local. 10. Essa providência não foi adotada pelo Serviço deSegurança da UFSC, pois considerou o bem furtado apenas como material de consumo.

E os problemas de segurança continuam,

conforme notícia recente da imprensa:

A menos de uma semana para as aulas, roubos preocupam funcionários da UFSC, em Florianópolis

Agentes de segurança não usam armas e ficam na desvantagem com os assaltantes

Colombo de Souza FLORIANÓPOLI

Ano letivo começa no dia 9 de marçoA menos de uma semana para o início do ano letivo na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina),os assaltos já começam a preocupar os funcionários e alunos, no campus de Florianópolis. Entredomingo e segunda-feira (2), duas mulheres foram atacadas, mas apenas uma acionou o Departamentode Segurança Física e Patrimonial da universidade e também deu queixa na 5ª DP.De acordo com a servidora Janaína, o ataque ocorreu por volta das 8h de segunda-feira, atrás do prédiodo RU (Restaurante Universitário). Ela contou à polícia que o suspeito armado de revólver colocou aarma em seu peito e roubou o notebook e a carteira contendo R$ 80, nove euros e documentos pessoais.Pelas características físicas do ladrão, repassadas pela vítima, o chefe de segurança do campus,Leandro Luís de Oliveira, 42 anos, recorreu ao seu acervo fotográfico particular e reconheceu osuspeito. O caso foi repassado para a 5ª DP. Como o campus não é totalmente cercado, há vários locaisvulneráveis por onde invasores têm acesso para circular no campus.Conforme Leandro, a segurança no campus é feita por 45 agentes plantonistas, auxiliados por 1.171câmeras de vigilâncias. O problema, segundo ele, é que apenas uma pessoa na central devideomonitoramento não dá conta para olhar tudo o que se passa no entorno da UFSC. Além disso, osservidores questionam os equipamentos de segurança que têm à disposição e requisitam um númeromaior de efetivo e a liberação do porte de arma.Em várias universidades, os agentes trabalham armados. Na UFSC, eles têm apenas o Taser (arma dechoque) que, se comparada ao armamento dos assaltantes, é obsoleta, pois seu alcance é mínimo emrelação à arma de fogo. Leandro contou que a questão da segurança em universidades federais vai serdebatida nesta quinta e sexta-feira (6) num encontro de reitores em Poços de Caldas (MG).

Não só nos ofícios criminais se apuram

problemas decorrentes da falta de policiamento no campus da UFSC. Nos ofícios do

patrimônio público e da cidadania do MPF/PRSC também tramitam procedimentos

versando sobre o tema: 1.33.000.001974/2013-37 (no qual foi exarada a recomendação

nº 8, de 25/3/14) e 1.33.000.001251/2012-57. Antes de expedir a recomendação nº 8, o

Procurador da República signatário do documento recebeu ofício da Polícia Federal com

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 20

Conclusão

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as seguintes informações (sem destaque no original):

Ofício n° 0041/2014 – SR/DPF/SCa) foram localizadas 26 ocorrências relacionadas á UFSC em nossos livros de plantão dos últimos cincoanos ( 2009/2013). (...)b) foram localizados 51 inquéritos policiais relacionados à comunicação de crimes patrimoniaiscometidos no campus da UFSC, entre 2009 e 2013. (…)d) não foram listados os inquéritos que, embora relacionados à UFSC, nada digam respeito à segurançado campus, e apuram crimes cometidos, em tese, na execução de atividades administrativas dainstituição, tais como fraudes em licitação, falsidade documental, inserção de dados falsos em sistemasde informação, e outros, A pesquisa concentrou-se, portanto, em crimes patrimoniais.(…)f) a investigação de crimes ocorridos no campus da UFSC em Florianópolis, segundo informaçõesfornecidas por delegados que presidem tais inquéritos, é muitas vezes dificultada pela tardiacomunicação dos fatos à Polícia Federal. A notícia crime chega ora por boletins de ocorrência daPolícia Civil, ora por ofício da UFSC. Em se tratando de crimes que deixam vestígios, notadamente, nocaso da UFSC, furtos qualificados, a modalidade mais comum, deve haver imediata comunicação aoplantão da SR/DPF/SC, tão logo constatado o fato, para acionamento dos papiloscopistas e peritoscriminais federais.g) dos 51 inquéritos listados, somente 08 terminaram com indiciamentos; nos demais,não se chegou ao autor. Naqueles casos em que houve indiciamento, grosso modo, deveu-se à prisão emflagrante, ao pronto atendimento da ocorrência por equipe de plantão, com coleta de impressões digitaisaptas à confrontação com banco de dados e/ou com reconhecimento de contumazes criminosos,principalmente viciados em drogas que circulam na região.

A recomendação nº 8, de 25/3/14, do

MPF/Ofício da Cidadania, diz o seguinte, em resumo (sem destaque no original):

(…)RECOMENDAÇÃO N° 8, DE 25 DE MARÇO DE 2014OFÍCIO CIDADANIAO MINISTÉRIO PÚBUCO FEDERAL, pelo Procurador da República signatário, no exercício de

suas atribuições constitucionais e legais, especificamente as previstas nos artigos 127 e 129, II, daConstituição da República e no artigo 6º, inciso XX, da Lei Complementar ns 75/93, e (…)

Considerando a Constituição da República Federativa do Brasil estabelece em seu artigo 144, §1º, IV,a atribuição exclusiva da Polícia Federal das funções de polícia judiciária da União, cabendo-lhe,inclusive, a análise das infrações penais ocorridas em detrimento de bens, serviços e interesses de suasautarquias, a exemplo da Universidade Federal de Santa Catarina;

Considerando a existência do Inquérito Civil Público nº 1.33.000.001974/2013-27, o qual visa apuraras condições globais de segurança no Campus da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, paraadoção de medidas adequadas à solução do problema de insegurança;

RECOMENDA à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), na pessoa de sua Reitora,Roselane Neckel, extensível a quem quer que a substitua em atribuição, com vistas a prevenirresponsabilidades e evitar eventuais demandas judiciais para responsabilização das autoridadescompetentes, que

cientifique os servidores daquela instituição, em especial aos que estejam lotados noDepartamento de Segurança Física e Patrimonial (DESEG), acerca da necessidade deimediata comunicação de todo e qualquer fato criminoso que ocorra nas dependências daUFSC ao plantão da Polícia Federal, a fim de que sejam adotadas, pela autoridade policial, asmedidas cabíveis à elucidação dos fatos e colheita de provas.

Estabelece-se o prazo de 20 (vinte) dias para demonstração quanto às providências tomadas, nostermos da lei.

MAURÍCIO PESSUTTO - PROCURADOR DA REPÚBLICA

Conclusão dos Prolegômenos - Do que foi

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Conclusão

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acima considerado, em cotejo com os fatos abaixo, conclui-se que os acusados se acham

detentores do privilégio de não ver criminalizado, pelo menos para seus pares, o uso de

drogas ilícitas; que no “território da UFSC” estaria liberada tal prática; que a Polícia, seja

federal, seja estadual, não pode entrar no campus universitário por ser ali uma espécie de

“terra imune à jurisdição da República Federativa do Brasil”, cujo acesso somente é

permitido se a Reitora autorizar; que qualquer presença da polícia sem tal “autorização”

deve ser repelida, pois constitui “abuso de autoridade”; que a imunidade do “território da

UFSC” e de seus frequentadores admite que, em represália às “invasões da Polícia”,

sejam destruídos os bens da República Federativa do Brasil ou de suas autarquias,

quando utilizados na “invasão”.

Como a postura acima descrita não encontra

respaldo no ordenamento jurídico brasileiro em vigor, os fatos a seguir narrados não

passam de crime, sem qualquer conotação política (luta contra a ditadura), reivindicatória

(legalização da maconha) ou de exercício de direito (defender-se de invasão ao campus

universitário).

DESCRIÇÃO DOS FATOS OBJETO DADESCRIÇÃO DOS FATOS OBJETO DA

DENÚNCIADENÚNCIA

III – A CONSTATAÇÃO DO FATO DESCRITO NO ART. 28 DA LEI Nº 11.343/2006 E

OS ATOS INICIAIS DO PROCESSO PERANTE O JUIZADO ESPECIAL

Os fatos se passaram no dia 25 de março de

2014, entre as 14 e 17 horas, no campus da Universidade Federal de Santa Catarina

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 22

Conclusão

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R. PASCHOAL A. PITSICA, 4876, TORRE 1, ÁTICO – ED. LUIZ E. DAUX - FPOLIS - SC – 88025-255 - FONES: (48) 2107-6200 – www.prsc.mpf.mp.br - [email protected]

(UFSC), situado no bairro Trindade, cidade de Florianópolis/SC. Em resumo, o que

aconteceu foi o seguinte: cinco indivíduos faziam uso de maconha no campus

universitário da UFSC, quando foram surpreendidos por policiais federais e componentes

da segurança do campus. Ao se inciarem os serviços de polícia judiciária, destinados à

lavratura de Termo Circunstanciado, como parte inicial do procedimento no Juizado

Especial, os acusados impediram o curso do processo, seja mediante coação moral

(sentaram-se no capô dos carros), seja mediante coação física (postavam-se diante dos

carros para que estes não andassem, se punham imóveis na frente dos policiais, fizeram

barreiras humanas, depredaram os veículos, lançaram pedras e objetos contra os

policiais, além de desacatá-los com doestos e labéus). Para prosseguir no processo de

lavratura do TC perante o Juizado Especial, de modo a levarem os usuários de maconha

para um local onde a formalidade pudesse ser executada, os agentes policiais, agora já

acompanhados de autoridades (Delegados) tiveram que pedir ajuda à Polícia Militar, que

compareceu com a tropa de choque. Somente assim, com a intervenção da tropa de

choque da PM, cessou a coação sobre os policiais civis, que puderam levar os usuários

de maconha para a Superintendência da Polícia Federal a fim de lavrarem o TC.

Frustrados com o fim da coação, os acusados resolveram descarregar sua raiva sobre o

patrimônio público, terminando de depredar dois veículos oficiais e, por fim, virando-os, de

modo a ficarem com as rodas para o ar.

Segundo relata a autoridade policial (Processo

5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, REL_FINAL_IPL1, Página 6)...

Com base no depoimento apresentado pelo Diretor do Departamento de Segurança Física ePatrimonial da UFSC (DESEG), corroborado pelos servidores TELES ESPÍNDOLA (fls. 80-84) eAPF ARI COPETTI (fls. 86-90), constata-se que teriam sido recebidas informações relacionadas àcrescente atividade de tráfico e uso de entorpecentes no interior do campus da UFSC, tendo sidorepassada aos vigilantes a determinação, por parte da Reitoria da Universidade, para que fosseprestado o necessário apoio à Polícia Federal visando ao combate dos referidos delitos,principalmente no entorno da região conhecida como “bosque”.

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 23

Conclusão

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Em seu depoimento, CARLOS ANTONIO OLIVEIRA VIEIRA,Chefe de Gabinete da Reitoria daUniversidade Federal de Santa Catarina, confirmou que, em novembro de 2013, solicitou,formalmente, apoio do Departamento de Polícia Federal para coibir o uso e tráfico de entorpecentesno campus (fl. 175).(…) Nesse contexto, conforme relatado, já em 21/03/2014 havia sido realizada atividade por policiaisfederais em companhia do DESEG, havendo a apreensão de menores de idade na posse de substânciaentorpecente, os quais foram encaminhados à Delegacia de Polícia Civil, sem qualquer tipo de atrito. No dia 25/03/2014, de acordo com os depoimentos colhidos, foi realizada nova diligência no local,constatando-se a existência de diversos indivíduos fazendo uso de drogas, especialmente maconha,tendo sido realizada abordagem pelos policiais federais.(…)

Conforme consta do Termo Circunstanciado

006/2014-SR/DPF/SC (Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 2, AP-

INQPOL2, Páginas 1 e 2)

o APF MATEUS, lotado na Delegacia de Polícia Federal de Barra do Garça/MT, relatou querecebeu determinação superior para compor equipe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes,onde se encontra em missão, para realizar diligências no campus da UFSC; QUE participou deequipe composta dos APF HEITOR, COPETTI, MACHADO, BRUNO BORGES, GIANCARLO,CRUZ e DANILO para atuarem no local; QUE o objetivo da missão era o de apurar a atividade detráfico de drogas e uso de drogas ilícitas nos arredores do planetário, localizado no interior docampus da UFSC; (...) QUE foi diagnosticado, através da presença velada dos policiais citados, quehavia uso de substâncias ilícitas, notadamente de "maconha", na referida região; QUE, junto com aequipe, promoveu a abordagem de indivíduos que se encontravam na região usando a referidadroga; QUE havia outras pessoas, as quais não foram abordadas por não haver indícios de queusavam a referida substâncias; QUE os infratores abaixo qualificados foram abordados e, comtodos, foi encontrada certa quantidade de substância entorpecente, com características de usopróprio; QUE um deles, GIOVANNI, foi conduzido para uma viatura, de modo a ser transportadopara a superintendência do Departamento de Polícia Federal para formalização de termocircunstanciado, como prevê a Lei 11.343/2006; OUE o restante do grupo, ou seja, os 4 (quatro)outros infratores abaixo qualificados foram agrupados, de forma separada, para posterior transporteà superintendência; (…) INDAGADO o APF HEITOR, o mesmo relatou que participou de equipecomposta dos APF MATEUS, COPETH MACHADO, BRUNO BORGES. GIANCARLO, CRUZ eDANILO para atuarem no campus da UFSC; QUE o objetivo da missão era o de apurar a atividadede tráfico de drogas e uso de drogas ilícitas nos arredores do planetário, localizado em seu interior;(...) QUE foi diagnosticado, através da presença velada dos policiais citados, que havia uso desubstâncias ilícitas, notadamente de "maconha", na referida região; QUE havia levantamentosanteriores que apontavam para o suposto uso de droga; QUE inclusive na sexta-feira, dia21/03/2014, se deslocou para o referido local onde, junto com equipe da DESEG/UFSC, abordaramtrês indivíduos que também usavam droga ilícita (maconha) e que por serem menores de idade, foramconduzidos para a Polícia Civil de Santa Catarina; QUE, portanto, há fortes indícios de que areferida área é usada frequentemente por usuários e traficantes de drogas, tanto estudantes comopessoas estranhas ao quadro da UFSC; QUE, junto com a equipe, promoveu a abordagem de

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 24

Conclusão

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indivíduos que se encontravam na região usando a referida droga; (…); QUE ouvido o APFGIANCARLO, o mesmo relatou que participou de equipe composta dos APF MATEUS, COPETTI,MACHADO, BRUNO BORGES, HEITOR, CRUZ e DANILO para atuarem no campus da UFSC;QUE o objetivo da missão era o de apurar a atividade de tráfico de drogas e uso de drogas ilícitasnos arredores co planetário, localizado em seu interior; (…) QUE; junto com a equipe, bem comofuncionários do Departamento de Segurança da UFSC, promoveu a abordagem de indivíduos que seencontravam na região usando a referida droga; (…) QUE os infratores abaixo qualificados foramabordados e, com todos, foi encontrada certa quantidade de substância entorpecente, comcaracterísticas de uso próprio; QUE um deles, GIOVANNI, foi conduzido para uma viatura, de modoa ser transportado para a superintendência do Departamento de Policia Federa1 para formalizaçãode termo circunstanciado, como prevê a Lei 11.343/2006: QUE o restante do grupo, ou seja, os 4(quatro) outros infratores abaixo qualificados foram agrupados, de forma separada, para posteriortransporte a superintendência; (…); QUE em sede policial promoveu levantamentos em bancos dedados, em que constou, por exemplo, que o infrator ANDREY GONÇALVES, não é aluno da UFSC epossui passagens por FURTO, ROUBO.

Para usar a terminologia do Lei Nº 11.343/2006,

art. 48, §§ 1º a 4º, os agentes transportados à Superintendência da Polícia Federal em

Santa Catarina para lavratura do Termo Circunstanciado 006/2014-SR/DPF/SC (Processo

5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 2, AP-INQPOL2, Páginas 1 e 2), pela prática do

delito descrito no art. 28 da lei 11.343/06, foram GIOVANNI REGAZZO, AILSON RIBEIRO

MARCOS, CESAR COTA LEDRA, SAMUEL ROSA RIBEIRO e ANDREY LEIRIA

GONÇALVES. Foi constatado, por meio de laudo pericial juntado naquele feito, que tais

agentes se encontravam, de fato, na posse de substância ilícita, no dia 25 de março de

2014, às 14:00 horas.

A apreensão dos usuários de maconha atendeu

às disposições legais, que aqui se transcreve e se interpreta, pois a compreensão do

sentido de tais atos normativos é fundamental para se valorar a sequência dos fatos (sem

grifo no original):

Lei Nº 11.343, de 23/08/2006Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumopessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar serásubmetido às seguintes penas:I - advertência sobre os efeitos das drogas;II - prestação de serviços à comunidade;

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 25

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III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.(…)Art. 48. O procedimento relativo aos processos por crimes definidos neste Título rege-se pelodisposto neste Capítulo, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições do Código de Processo Penale da Lei de Execução Penal.§ 1º O agente de qualquer das condutas previstas no art. 28 desta Lei, salvo se houver concurso comos crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, será processado e julgado na forma dos arts. 60 eseguintes da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre os Juizados EspeciaisCriminais.§ 2º Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei, não se imporá prisão em flagrante,devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta deste,assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e providenciando-seas requisições dos exames e perícias necessários.§ 3º Se ausente a autoridade judicial, as providências previstas no § 2º deste artigo serão tomadasde imediato pela autoridade policial, no local em que se encontrar, vedada a detenção do agente.§ 4º Concluídos os procedimentos de que trata o § 2º deste artigo, o agente será submetido a examede corpo de delito, se o requerer ou se a autoridade de polícia judiciária entender conveniente, e emseguida liberado.

Feita a transcrição, fixa-se o entendimento do

Ministério Público Federal sobre a condução do agente.

Inicialmente registre-se que, conforme o termo

circunstanciado, no momento da constatação do uso de maconha não havia Delegados

de Polícia, ou seja, não havia autoridade policial no local dos fatos em sentido estrito:

...INDAGADO o APF HEITOR, o mesmo relatou que participou de equipe composta dos APFMATEUS, COPETH MACHADO, BRUNO BORGES. GlANCARLO, CRUZ e DANILO para atuaremno campus da UFSC; QUE o objetivo da missão era o de apurar a atividade de tráfico de drogas euso de drogas ilícitas nos arredores do planetário, localizado em seu interior (…) - Processo5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 2, AP-INQPOL2, Páginas 1 e 2

Mas, ainda que houvesse Delegados de

Polícia/Autoridades Policiais no local dos fatos em sentido estrito, é importante lembrar

que todO o aparato necessário à formalização dos atos de polícia judiciária se encontra

em determinados pontos (Superintendência da Polícia Federal, por exemplo). Por este

aparato entenda-se o local onde haverá um computador e impressora para lavratura do

Termo Circunstanciado, onde será realizado o laudo de constatação de substância (sem

ele não é formalizado nem Termo Circunstanciado nem Auto de Prisão em Flagrante),

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 26

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onde será feita a pesquisa de antecedentes e eventuais mandados de prisão, além da

verificação de autenticidade de documentação pessoal. Ainda é na Superintendência (ou

Delegacia) que, em geral, se encontra a autoridade policial (ou seja, o Delegado de

Polícia), notadamente em regime de sobreaviso, que formaliza os autos desempenhados

pelos Agentes de Polícia, que, em geral, são aqueles que constatam a utilização de

drogas em atividade de campo e conduzem os envolvidos para a sede. Como o Delegado

de sobreaviso atende não somente esse tipo de ocorrência, mas, em geral, eventos de

maior potencial ofensivo (Auto de Prisão em Flagrante de todos os tipos), não há, na

prática e a bem do andamento do serviço policial, como deslocá-lo para todas as

ocorrências em que houver a necessidade de lavratura de Termo Circunstanciado. Seria

inviável, especialmente em locais de grande abrangência territorial, como a circunscrição

de Florianópolis/SC.

Nesse sentido, é de se entender que a expressão

"local onde se encontrar" faz referência à autoridade de polícia judiciaria e não ao fato em

si.

Mas, independentemente dos aspectos práticos a

respeito do significado o local da lavratura do Termo Circunstanciado, a interpretação

meramente gramatical é suficiente para solucionar qualquer dúvida. É que o §3º acima

transcrito não traz nenhuma referência ao "usuário" ou "agente do fato". Desse modo, o

"no local em que se encontrar" só pode se referir à autoridade judicial ou à autoridade

policial. Por contexto, a autoridade judicial deve ser excluída, restando a autoridade

policial.

Ainda que se aceite como possível referência ao

"local em que se encontrar o suposto usuário", o conceito "local" na técnica jurídica não é

tão restrito a ponto de impedir a condução do agente do fato à autoridade policial da

circunscrição. Caso o entendimento fosse contrário, como ficaria a competência do juízo

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 27

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por "local do crime"?

Não suficiente a interpretação gramatical, a

interpretação sistemática do dispositivo acima citado42 solucionará as contradições (art.

69, parágrafo único da Lei nº 9.099/1995 x art. 48, § 3º da Lei nº 11.343/2006). Desta

interpretação sistemática (sempre retroalimentada com a informação sobre a praxe),

temos, da Lei 9.099/1995, a informação de que, nos crimes de menor potencial ofensivo

em geral, caso o suposto autor do fato se negue a assinar o termo de compromisso, há

possibilidade de mantê-lo preso. E dentro desta interpretação sistemática, a constatação

seguinte é de que, tratando-se de usuário de drogas, a vedação do art. 48, §3º, última

parte, da Lei 11.343/2006, significa que ele não pode ser mantido preso mesmo diante da

recusa em assinar o termo circunstanciado. Mas pode ser levado à Delegacia, ou onde

está a autoridade policial, para assinar o termo.

Por fim, a vedação à detenção do agente não se

confunde com a vedação à condução coercitiva para averiguações. E esta condução

coercitiva para esclarecimentos é admitida pelo STF: III – Legitimidade dos agentes

policiais, sob o comando da autoridade policial competente (art. 4º do CPP), para tomar

todas as providências necessárias à elucidação de um delito, incluindo-se aí a condução de

pessoas para prestar esclarecimentos, resguardadas as garantias legais e constitucionais

42 Sistema jurídico é unidade sem lacunas nem contradição (STJ, Min. Luiz Vicente Cernicchiaro, RESP 72.597, DJU 1 nº 25, pp.1460-1461,05.02.1996). Na Filosofia do Direito, as diversas escolas têm cada qual sua noção de sistema. Dentre os jusnaturalistas, LAMBERT vê sistemacomo um todo fechado, onde a relação das partes com o todo e das partes entre si estão perfeitamente determinadas segundo regras lógicas dededução. A ideia de um todo orgânico também aparece em KANT. O historicista SAVIGNY inova a noção de sistema ao retirar-lhe o caráterabsoluto da racionalidade lógico-dedutiva, dando uma qualidade contingente: a lei é substituída pela convicção comum do povo, como fonteoriginária do direito. Com o positivismo, a noção de sistema adquire três características: (1) a ideia de sistema fechado, sem lacuna; (2) a noçãode sistema como instrumento metódico do pensamento e (3) o procedimento construtivo e o dogma da subsunção. WINDELBAND (neokantista)vê o Direito como um sistema de normas, que pode ser considerado sob a ótica da Dogmática Jurídica, da História e da Filosofia do Direito, ouseja, um sistema que abarque todo o Direito. Nas concepções que LASK chama de empiristas, a norma jurídica é entendida como expressão deuma vontade que tem, por contrapartida, o reconhecimento por parte dos indivíduos que vivem em sociedade, os quais, através de umcomportamento contínuo e habitual, respeitam as normas. No Sistema Kelseniano há uma hierarquia de normas que, por ser de normas é fechadoao mundo circundante (Apud FERRAZ Jr, Tércio Sampaio. Conceito de Sistema no Direito. São Paulo, USP/RT, 1976, pp. 12, 26, 48, 168 e130). BERTALANFY , ao estabelecer os traços gerais da Teoria dos Sistemas, os definiu como um conjunto de elementos em interação, quedevem manter entre si relações estruturais características, interagindo, ao mesmo tempo, com base em alguns processos peculiares . Aretroalimentação é peça chave da Teoria dos Sistemas e nos chamados sistemas sociais se dá através da informação. (Apud GRILLO, Vera deAraújo. Teoria dos Sistemas e Democracia. In SEQÜÊNCIA, Florianópolis, Editora da UFSC, dez/86, nº 138, pp. 57-62).

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 28

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dos conduzidos43.

Assim, o caso presente não pode ser tipificado no

crime do art. 345 do Código Penal, em face do entendimento acima explanado sobre o

art. 48, § 3º, da Lei nº 11.343/2006. Até porque o dolo dos denunciados não era no

sentido de fazer justiça pelas próprias mãos, mas sim subtrair membros do seu grupo

cultural/social aos efeitos da aplicação da lei (a Polícia Federal “não sabia com quem

estava falando” - ver supra).

Importante registrar aqui que o Termo

Circunstanciado dá início ao processo perante o Juizado Especial (art. 62 e seguintes da

Lei nº 9.099/1995).

IV – DESCRIÇÃO GERAL DAS CONDUTAS (COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO,

DESACATO, LESÕES CORPORAIS, DANO E FURTO)

Conforme acima explicitado, repete-se – ad

perpetuam rei memoriam - que o Termo Circunstanciado dá início ao processo perante o

Juizado Especial (art. 62 e seguintes da Lei nº 9.099/1995). Quando os fatos a seguir

narrados se iniciaram, a Polícia Federal já estava exercendo suas funções de polícia

judiciária, pois já tinha iniciado os procedimentos para lavratura de um termo

circunstanciado e, portanto, já tramitava o processo perante o Juizado Especial.

De acordo com o que consta no RELATÓRIO

DE INTELIGÊNCIA POLICIAL44, tão logo os policiais federais iniciaram a condução dos

agentes para os veículos que os transportariam ao local de lavratura do Termo

43 (HC 107644, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 06/09/2011, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-200 DIVULG 17-10-2011 PUBLIC 18-10-2011)

44 - Inquérito Policial nº 0239/2014 [Evento 16, OUT2, Página 3, ..\VÍDEOS GERAIS\1 - Condução e Aglomeração\1- Início da condução de GIOVANNI REGAZZO (DESEG).mp4 - 1]

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Circunstanciado45, os denunciados os cercaram, com o fim de impedir a lavratura do TC46.

Como os Policiais Federais insistissem no prosseguimento do processo, ou seja, nos atos

destinados à lavratura do Termo Circunstanciado, os denunciados prosseguiram no cerco,

aproximando-se da viatura oficial GM/Astra da Polícia Federal.

Este RELATÓRIO DE INTELIGÊNCIA POLICIAL47

descreve o que acontece em vídeos que documentaram os fatos. Assim, os fatos

criminosos que caracterizaram a coação no curso do processo, o furto, o desacato, o

porte de munição, as lesões corporais e os danos são os seguintes, segundo referido

relatório (sem destaque no original):

1.1 VÍDEO “1 Condução do Giovanni vídeo DESEG”..\VÍDEOS GERAIS\1 - Condução e Aglomeração\1 - Início da condução de GIOVANNIREGAZZO (DESEG).mp41. Os policiais iniciam a condução do estudante GIOVANI, flagrado na posse de drogas.2. A esse movimento é oferecida resistência por diversos indivíduos. Nesse momento é possívelidentificar a presença dos professores VAGNER DAMASCENO, SONIA MALUF e de diversosalunos, alguns identificados, como JOÃO BARANOV, ALEX CIPRIANO, JOÃO GABRIEL e VITORDE AMORIM GOMES ROCHO, VITOR ROLLIN e outros ainda não identificados. 3. Um indivíduo não identificado, de baixa estatura, careca, de óculos, trajando camisa clarae calça escura obstrui a passagem do policial uniformizado, inclusive, colocando a mão em seu peito.É advertido pelo policial: “Sai da minha frente!”4. O estudante é colocado na viatura pela porta traseira esquerda da viatura oficial GM/Astrada Polícia Federal (PF).5. A professora SONIA MALUF senta no capô da viatura para impedir sua saída. É aplaudidapelos presentes que na sequência entoam: “Não vai sair, não vai sair...”6. Ato contínuo, CAIO DIR se posiciona na parte traseira para impedir a saída em marcha àré.7. Nesse momento já estão sentados na parte da frente da viatura, além de SONIA, JOÃOBARANOV, ALEX CIPRIANO, VITOR DE AMORIM GOMES ROCHO, DIEGO OSSIDO e MulherNão Identificada (MNI). O professor VAGNER DAMASCENO se posiciona à frente da viatura. DIVAPEREIRA filma a cena.

45 Superintendência da Polícia Federal, a 3,8km de distância, que, de carro, consome 7 min, segundo Googlemaps. 46 - sem destaque no original (...) COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO. CONDUTA NARRADA NA DENÚNCIA QUE SE AMOLDA À

PREVISÃO DO ART. 344 DO CÓDIGO PENAL. AMEAÇA PROFERIDA QUANDO AINDA EM CURSO O PROCESSO ANTERIOR. DELITO FORMAL. (…) 2. Não merece prosperar a tese de falta de justa causa, porque o recorrente já havia sido sentenciado na outra ação penal, se o acórdão deixa certo que "o delito se consumou no momento da ameaça, quando ainda em curso o feito". O que deve ser avaliado é o momento em que foi proferida a ameaça.3. Tratando-se de delito formal, não se exige a produção de resultado, consumando-se o crime no momento da ameaça à vítima do outro processo, ainda que ela leve o fato ao conhecimento das autoridades competentes.(…) (RHC 23.415/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 28/04/2011, DJe 01/06/2011)

47 - Inquérito Policial nº 0239/2014 [Evento 16, OUT2, Página 3, ..\VÍDEOS GERAIS\1 - Condução e Aglomeração\1- Início da condução de GIOVANNI REGAZZO (DESEG).mp4 - 1]

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 30

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R. PASCHOAL A. PITSICA, 4876, TORRE 1, ÁTICO – ED. LUIZ E. DAUX - FPOLIS - SC – 88025-255 - FONES: (48) 2107-6200 – www.prsc.mpf.mp.br - [email protected]

8. Nesse momento, já observam a cena os identificados: NICHOLLAS MUNHOZ, CARLLIWIES, GABRIEL NICOLODELLI, GABRIEL FABBRO e GABRIEL FELIPPI. Karem Kilin semostra presente fotografando os fatos.9. O policial adverte que SONIA está amassando a lataria da viatura.10. Logo em seguida, ao ser advertido pelo policial, o professor VAGNER DAMASCENO grita:“Não tem maior patrimônio público do que aluno!”11. O policial adverte: “Então você vai fazer o seguinte, com toda a sua inteligência, com todaa sua sagacidade, eu quero você fazer isso na frente do juiz, e não da gente que tá cumprindodeterminação...”12. O policial adverte PEDRO HENRIQUE MASTRANGI para que saia da lateral da viatura.Este oferece resistência física. A cena é filmada por Diva Pereira. Após a advertência o estudantevolta e se escora novamente na viatura e logo após se senta no para-brisas da mesma.13. Ouvem-se palavras do tipo: “Vamos esperar a reitora!”. “Ninguém vai embora não!”14. Quando o policial diz que vai chamar o reforço da PM, um aluno diz que PM não podeentrar no campus. Ao que o policial responde: “Eu chamando ela pode!” O agente do DESEG queestá filmando reforça a palavra do policial e diz: “Pode sim amigo!” Alguém diz: “Manda vir umônibus!”15. O policial pergunta se o professor quer ver que a viatura é de propriedade do Ministério daJustiça.16. Ao advertir o professor, alunos se revoltam e partem para cima do policial, que é contidopor outro da equipe. Dentre os alunos identificados, merecem destaque a conduta de VITOR ROLLINe VITOR DE AMORIM GOMES ROCHO.17. 19 João Baranov aparece conversando com o conduzido Giovani, dentro da viatura, commetade do corpo para dentro da mesma, acessando-a pela porta traseira direita.18. CAIO DIR, posicionado obstruindo a saída da viatura à marcha ré discursa: “Precisavadisso, cara? Precisava disso? Pra que isso? Um estudante, na aula. Tinha aula cara, tinha aula, praque fazer isso cara? A gente trabalha cara, ah... Olha isso” O agente do DESEG que filma o adverte:“Isso é depredação de patrimônio público.” CAIO continua: “Pra que vocês tão perdendo seutempo?” O agente novamente adverte: “Todos vocês podem responder por depredação dopatrimônio público!” CAIO diz sua conclusão: “Vocês tão perdendo seu tempo, cara. Podia táfazendo coisa muito melhor, cara, com o nosso dinheiro, público!” O agente do DESEG: “E vocêsestão perdendo a razão!”19. Na parte abaixo do vídeo um professor conversa com o policial perguntando se existe algumprocesso relativo a alguma investigação sobre drogas.20. Nesse momento chega GABRIELA SANTETTI e pergunta ao professor VAGNER o queestava acontecendo. Ele se reporta a ela dizendo: “Tão querendo levar um aluno... Fizeram umaapreensão...” GABRIELA vai até a viatura, verifica que o estudante GIOVANI está lá dentro e emseguida sai em direção ao Centro de Filosofia. VITOR DE AMORIM GOMES ROCHO vai atrás deGABRIELA.21. O agente do DESEG adverte JOÃO PEDRO MASTRANGI acerca do risco de sua condutaarranhar a viatura da PF, causando danos. “Isso é depredação de patrimônio público! Estásarranhando o veículo!” JOÃO PEDRO ignora. E o agente pergunta: “Sabe quanto é a pintura de umcapô desse?” 22. Aquele indivíduo, que parece ser um professor, de baixa estatura, calvo, óculos e camisetaclara se dirige também ao centro de Filosofia, quando percebe que GABRIELA se dirige para lá.23. Olhando para a câmera do DESEG e dando discurso, PEDRO HENRIQUE MASTRANGI,“Gastando dinheiro público com pouca bosta! Uma puta estrutura policial e dinheiro público porcausa de uma merdinha. Que trabalho inútil. A sociedade não precisa desse trabalho inútil. Dinheiropúblico jogado fora, ó! Gesticula como se estivesse tirando dinheiro dos bolsos e diz: “Toma, quermais?”

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Conclusão

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No vídeo “1.2 VÍDEO..\VÍDEOS GERAIS\1 -

Condução e Aglomeração\2 - Professora SONIA MALUF sobre a viatura (DESEG).mp4”48

consta o seguinte (sem destaque no original):

1. O policial se identifica mostrando a carteira funcional para a professora SONIA.Professora argumenta que o carro em que está sentada não é veículo oficial. Ele pede que ela saia decima da viatura e diz que pode levar o estudante na viatura do DESEG. Professora diz: “Mas ele nãotava com maconha...!” O policial diz que estão atendendo requisição ministerial.2. Neste momento chega JOÃO VICTOR DE ARAÚJO e se dirige diretamente à viatura,sentando-se no capô, logo atrás da professora SONIA MALUF.3. A professora SÔNIA se identifica. O policial adverte à professora que ela pode serconduzida por resistência à atuação policial e se retira do tumulto, com a identidade da professoraem mãos, para identificá-la.4. Momento em que VITOR DANIEL BREDA se posta a frente do policial, tentando impedirsua passagem. Alunos gritam que o policial seria truculento e sugerem pegar a identificação dele. 5. O professor PAULO PINHEIRO aparece vindo da direção do Centro de Filosofia, eleaponta no canto do vídeo. No mesmo momento, o agente do DESEG adverte JOÃO VICTORdizendo-lhe que ele, com sua ação, estava amassando o capô da viatura da PF. VITOR ROLLINdiz que: “É assim mesmo, sobe depois!” Como se a deformação desaparecesse depois que eledescesse do capô. O agente do DESEG diz que “arranha! E estima que a pintura de um capo custeaté mil reais. VITOR ROLLIN tenta justificar a atitude de João Victor e diz que o sapato dele temsolado de borracha. PEDRO HENRIQUE MASTRANGI intercede: “A gente paga depois!” JoãoVictor aponta o dedo para o agente do DESEG e diz: “Tá bom! Tira a polícia que a gente sai decima do capô!”

Vídeo “1.3 VÍDEO BAND..\VÍDEOS REDES DE

TELECOMUNICAÇÕES\BAND\VIDEO_TS\VTS_01_0.IFO” (sem destaque no original)49:

0’54’’ – Gritos de “Fora PM do Campus”2’31’’ – Gritos de “Libera! Libera! Libera!”Diálogos entre Diretor do CFH PAULO PINHEIRO e Delegado de Polícia Federal (DPF)CASSIANO. Diálogos envolvendo deputada CARMINATTI, Comandante Gomes da PM, Procuradorda UFSC) 5’40’’ – Novamente: “Libera! Libera! Libera!”5’44’’ – O Procurador da UFSC é vaiado ao falar sobre a não liberação dos usuários de droga.6’04’’ – O Procurador da UFSC diz “Eu me comprometo de acompanhar os...os usuários.” Recebe“NÃO” como resposta.Negociação (Diretor do CFH Paulo Pinheiro, Chefe de Gabinete da reitora, Deputada Carminati,Procurador da UFSC, DPF CASSIANO, DPF DOTTORI e DPF ALAN)

48 Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 549 Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 6

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Conclusão

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6’39’’ – O choque se posiciona.7’01’’ – Os policiais federais ainda tentam uma última conversa enquanto os alunos respondemaos gritos “Resistir!”7’05’’ – O choque avança. Nesse momento não há outra ação além da tomada de posição.7’13’’ – Por trás da multidão, os policiais federais conduzem os alunos/usuários detidos.7’17’’ – As viaturas da PF já deixaram o local com os detidos.7’30’’ – O choque lança gás porém o vento é contrário. Os alunos, atrás de barricadasimprovisadas, não se afastam dos veículos oficiais e se armam com pedaços de pau e pedras.7’40’’ – (Professor?) xinga os policias de “Filha da Puta” e “Nazistas”. O choque avança emdireção aos veículos para efetuar o resgate de um dos presos e um segurança da UFSC que estavano veículo da segurança da UFSC.7’50’’ – O Astra da PF é atacado pelos alunos.8’00’’ – DILTON MOTA RUFINO, servidor da UFSC, se posiciona na frente do choque e chama,com gestos e gritos, que os demais façam o mesmo.8’13’’ – Policiais Federais e Militares tentam quebrar a janela direita traseira para retirar o alunoe o segurança da UFSC. Tudo acontecendo sob uma “chuva” de paus e pedras atirados contra ospoliciais.8’25’’ – O aluno detido que estava trancado no veículo da segurança da UFSC é colocado dentrode uma viatura da Polícia Federal.8’32’’ – Aluno que havia se deitado em frente a viatura da PF é retirado por Policiais Militares.9’10’’ – Imagem das viaturas tombadas e destruídas.9’36’’ – Aluno(S) saqueando as viaturas destruídas. GABRIEL FABRO levanta objeto(possivelmente carregador da pistola municiado do APF COPPETTI, segundo, foi possívelidentificar pela análise das informações coletadas). GABRIEL sorri e diz: “Ei, vamos comprar umbeque” enquanto estava com a peça na mão. 9’45’’ – Homem Não Identificado (HNI) fala: “É, irmão. Os caras quiseram chegar... ó aí ó.”HNI2: “Só dois carros perderam.” HNI3: “Eu ganhei uma bala de borracha, mas eles perderamdois carros!”(...)

1.4 VÍDEO RECORD - ..\VÍDEOS REDES DE

TELECOMUNICAÇÕES\RIC_RECORD\RECORD_UFSC.mp450:

–(...) 0’58’’ – MATHEUS IKEZAWA aparece no vídeo, de bermuda jeans, camisetaregata preta e mochila preta.1’41’’ – O alunos gritam, chamando mais gente: “Ei! Vem pra luta! Vem contra a Polícia!”2’05’’ – Alguns alunos cantam: “Polícia é pra ladrão! Pra maconheiro não!” O chefe de gabinete dareitora, Paulo Pinheiro, está na carroceria da viatura do DESEG e tenta conversar com osestudantes. Ele pergunta: “Qual seria a contra proposta? Porque a gente vai ter que apresentar umacontra proposta.2’33’’ – O chefe de gabinete da reitora, Carlos Vieira, e mais um professor da UFSC, de acordo cominformações (não identificado), conversam com o Delegado Cassiano.(…)3’25’’ – Entrevista a deputada Lucia Carminati, que diz ter recebido uma ligação de algunsestudantes sobre o conflito que estaria acontecendo. Diz que a ação é desproporcional, que nãohaveriam provas, etc, etc.... Que gerou comoção dos próprios estudantes, dos professores, dosservidores que estão perplexos diante de uma ação que eu diria espetacularizada em

50 Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 8

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Conclusão

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função de um fato tão pequeno.”.4’12’’ – Quando perguntada se consideraria o fato pequeno por causa da pequena quantidade dedrogas ou se o fato em si seria pequeno, a deputada diz o que a polícia deveria fazer... Ir prender ostraficantes, etc, etc....4’52’’ – A deputada diz que se existe o fato contra o estudante usuário, que se faça o TermoCircunstanciado.5’34’’ – Policias Federais e Militares do choque conversam a respeito da situação.5’44’’ – Delegados Cassiano e Alan conversam com o procurador da UFSC e o chefe de gabinete dareitora.6’22’’ – O procurador da UFSC começa a falar sobre o que a reitora Roselane teria lhe dito , mas éinaudível, ao que o Delegado Cassiano responde para o procurador que não há enfrentamento porparte da polícia.6’26’’ – A deputada conversa com os delegados e o procurador da UFSC. O chefe de gabinete dareitora também está presente:Deputada: “Vamos tentar conversar com os estudantes...Delegado Alan: Sim!Deputada: ...numa boa. Ver o que... pra gente evitar... Certo?(Delegado Cassiano concorda balançando a cabeça afirmativamente.)Deputada: ...o confronto. Pra evitar o conflito.Delegado Cassiano: É o nosso objetivo.Procurador da UFSC: (fala algo sobre acompanhar o procedimento)“(Inaudível)...quem tiver acompanhando...(Inaudível).Delegado Alan: “Ah, não tem problema!” (Dirige-se ao DelegadoCassiano): “O senhor franquia lá, doutor? A entrada (do Procurador) pra acompanhar a oitiva?”(Delegado Cassiano não se importa em franquear a entrada, de tal forma que o Delegado volta-separa o Procurador balançando negativamente a cabeça, dizendo que não há problema doProcurador acompanhar a oitiva.)Deputada: “Então a gente pede um tempo pra gente tentar conversar com eles. Vamos lá? (Olhapara o procurador).Chefe de gabinete: “Nós vamos conversar com eles?”Procurador: “Vamos.”Chefe de gabinete: “Então vamos lá.”6’58’’ – O Procurador da UFSC, o chefe de gabinete e a deputada conversam com o aluno MarinoMondek.Marino Mondek: ...tentando elaborar a melhor forma de tirar a galera de lá. Vou dialogar, pedir umtempo ali. (?Que isso eu consigo fazer bem? Ou Inaudível) ...fazer bem, e a gente vai vendo comotirar a galera de lá. Que a gente não tem o que fazer mais! Eu acho... (Inaudível) ... Porque não vaivir a ligação mágica do Ministro da Justiça resolver. Dialogar pra saber como tirar! Daí mano, vaiquem quer! (Acompanhar a polícia). Vai entidade. Vai quem quer. A UFSC disponibiliza um carro,não sei. Daí é contigo!Chefe de Gabinete: Hum-hum.7’21’’ – Chefe de gabinete e deputada caminham em direção aos alunos para dialogar enquanto osestudantes gritam: “Não vai sair! Não vai sair!”7’39’’ – Chefe de gabinete, procurador e deputada sobem na carroceria da viatura do DESEG paraconversar com os estudantes. Vê-se o professor PAULO PINHEIRO embaixo, com os estudantes.Chefe de Gabinete: “Pessoal, é o seguinte. Temos a deputada. O Procurador da república. Estamosaqui para tentar uma negociação pacífica para acabarmos com o impasse.”Estudantes: “Libera! Libera! Libera!”8’24’’ (...) O Procurador tenta falar.Procurador: “O Superintendente da Polícia Federal, que é o chefe da Polícia Federal. E ele não

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admite liberar o usuário.Estudantes vaiam e gritam: “Não vai sair! Não vai sair!”Procurador: “Assim ó! A Polícia de choque tá aí. Eles vão...”(A deputada pede aos estudantes que deixem o Procurador falar, mas isto não acontece).9’13’’ – Marino Mondek, aluno da UFSC, sobe na carroceria da viatura do DESEG.Marino Mondek: “Galera, jogral! Jogral! Jogral, galera! A gente chegou no impasse final. Agente tem duas escolhas simples. O confronto vem e a gente aceita ele numa boa. (ou) O confrontovem e a gente resiste.”(Aplausos e gritos)Marino Mondek: “O que a gente tem que saber. O que que a gente vai ganhar com cada coisa.Quem ganha apanhando da polícia e quem perde!Eu votei....”Estudantes gritam: “Libera! Libera! Libera!”10’20’’ – Aparece a Aluna GABRIELA SANTETTI: “...Tá o massacre da juventude preta! Dajuventude pobre, que a gente não aceita! Essa polícia militar, essa polícia resquício da ditadura. Agente não tá aqui pra ganhar, apanhar da polícia não! A gente tá aqui pra ganhar uma conquistaque é a liberdade de um preso que não tem nenhuma legitimidade pra tá dentro desse camburão.”Por trás, aparece o Procurador da UFSC passando e descendo da carroceria da viatura do DESEG.Estudantes: (Gritos e aplausos)GABRIELA SANTETTI: “A gente tá aqui... A gente tá aqui pra dizer que a polícia militar... (Corte nagravação).10’49’’ – Aluno de camiseta regata branca também faz deu “discurso.” Pode-se ver que a DeputadaLuciane Carminati também não está mais na carroceria da viatura do DESEG.Aluno de camiseta regata branca: “...Todo esse aparato policial sendo gasto pra prender ummaconheiro! Agora, nós temos também que entender o que é melhor pra gente e pra continuar como movimento da legalização.”Alguém grita: “É soltar o (?)”Estudantes: “Solta! Solta! Solta!” Aluno de camiseta regata branca: “Só um minuto! Só um minuto! Só um minuto!”(Corte na gravação).11’12’’ – PAULO RIZZO: “...Prender uma pessoa...” (Cortes na gravação).Um aluno grita: “Entraram à paisana. Na covardia!”11’24’’ – A câmera foca de novo o Delegado Cassiano, esperando pacientemente que os estudantesresolvam o que fazer. Vê-se a deputada Lucia Carminati a seu lado, sem palavras.11’39’’ – A câmera mostra o Professor PAULO PINHEIRO MACHADO, conversando com oDelegado Cassiano.PAULO PINHEIRO: “...Isso só. Depois o senhor...O senh...O senhor depois discor...O senhordiscorda de mim, mas me ouve, por favor.”(Paulo é ouvido).(Corte na gravação)11’47’’ – PAULO PINHEIRO: “A proposta é que o rapaz vai ser conduzido pra lá no carro dosetor...”11’58’’ – Delegado Cassiano, Comandante Araújo e outros policiais conversam sobre oprocedimento que será adotado a seguir, haja vista a impossibilidade de se resgatar de formapacífica o estudante detido e o segurança da UFSC, impedidos de locomoção, pelos alunos, apósquase quatro horas.12’37’’ – Delegado Cassiano: “...Não, não. A proposta deles é que a condução seria feita por eles!Ou você entendeu diferente?”13’01’’ – HNI diz para os policiais: “A galera não quer dispersar.” Ouve-se dos estudantes:“Ditadura não! Abaixo a repressão!”

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13’04’’ – Delegado Cassiano: “...Conduzir o preso. Tá acontecendo um... Imagina isto! Bem, ochoque tá... Beleza, pode... Pode.”13’10’’ – Policiais Federais caminham em direção aos estudantes para mais uma tentativa final deresgatar o aluno detido e o segurança da UFSC da viatura do DESEG. O professor PAULOPINHEIRO caminha ao lado dos policiais. Estudantes formam barricada improvisada e gritam:“Resistir! Ocupar! Resistir! Ocupar!” Os Policiais Federais são recebidos a pedradas. Uma delas éarremessada por HNI de capuz preto (lado direito, ao lado do troco de árvore, ao fundo da imagemabaixo). Outra pedra é arremessada por uma mulher de óculos escuros (detalhe nas duas imagensabaixo) identificada posteriormente como ROSICLEIA SPIECKER DA SILVA, aluna do curso deFilosofia da UFSC.13’13’’ – O professor PAULO PINHEIRO MACHADO se coloca em frente aos policiais, tentandoimpedir sua passagem, junto com os alunos.13’18’’ – O Policiais Federais impedidos de resgatar o aluno detido e o segurança da UFSCretornam, o Grupo de Choque da Polícia Militar é, acionado.13’21’’ – São lançadas as primeiras granadas de gás lacrimogêneo. Os estudantes respondemjogando pedaços de pau e pedras contra os policiais.13’39’’ – O Grupo de Choque avança em direção às viaturas. Neste momento, o professorVAGNER DAMASCENO, o servidor DILTON MOTA RUFINO (homem de crachá) juntamentecom alguns alunos e outros professores não identificados tentam impedir o avanço dos policiais dochoque, ao mesmo tempo em que chamam outras pessoas para fazerem o mesmo, com gestos egritos.13’53’’ – O policiais retiram os alunos que ainda fazem oposição em frente a viatura do DESEG,para poder retirar o aluno detido e o segurança da UFSC da seu interior.14’01’’ – Um pedaço de pau é atirado, acertando a parte de trás da perna direita de um policialfederal.14’08’’ – O aluno detido, Giovanni Regazzo, é retirado com sucesso da viatura do DESEG ecolocado em uma viatura ostensiva da PF. Vê-se o estudante identificado como VINÍCIUSAQUÍNIO SILVA (camisa branca, mochila preta e bermuda) deitar-se a frente da viatura ostensivapara impedir sua locomoção.14’19’’ – VINÍCIUS AQUÍNIO SILVA é retirado por policiais militares da frente da viatura daPF, na presença do chefe de gabinete da UFSC, Carlos Vieira.14’22’’ – O Choque começa a recuar. Ouve-se gritos de “Seus covardes!”, direcionados aospoliciais.14’36’’ – A imagem mostra alunos da UFSC juntando pedaços de paus e pedras do chão e sepreparando para investir contra as viaturas. Pode-se ver claramente o indivíduo não identificado decamisa branca, mochila com alças verdes e bermuda rosa e branco pegando um pedaço de pau dochão e posteriormente atirando-o em direção as viaturas. Do seu lado na imagem, já sem camisa,está JOÃO VICTOR DE ARAÚJO. E no lado direito da imagem vemos ROSICLEIA SPIECKERDA SILVA, caminhando em direção as viaturas.14’40’’ – ROSICLEIA pega um pedaço de pau do chão.14’44’’ – ROSICLEIA utiliza o pedaço de pau contra a viatura da PF, participando da depredaçãodesta.14’46’’ – O aluno identificado como CÉZAR DA CUNHA TAVARES, de camisa verde e bermudaazul claro, levanta uma enorme pedra e a joga contra o vidro frontal da viatura da PF.14’47’’ – JOÃO VICTOR DE ARAÚJO e a aluna identificada como JULIANA PAGANINI, blusapreta, calça jeans e mochila branca, aparecem na imagem. Na sequência JULIANA começa agolpear a viatura da PF com um pedaço de pau, juntamente com ROSICLEIA.14’50’’ – Aluno identificado como YGOR GRIGOL, camisa preta, bermuda jeans escura e mochilapreta, arremessa uma enorme pedra contra a porta lateral traseira esquerda da viatura da PF.14’52’’ – JULIANA PAGANINI chuta a porta do motorista da viatura da PF.

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14’55’’ – JOÃO VICTOR DE ARAÚJO sobe no capô da viatura da PF e desfere vários chutescontra o vidro dianteiro.15’00’’ – O Choque dispara balas de borracha contra os alunos que estão depredando as viaturasoficiais.15’18’’ O Choque recua.15’37’’ – Os alunos capotam a viatura da PF e comemoram, com gritos e gestos na direção dospoliciais.15’40’’ – Os alunos começam a virar a viatura do DESEG. Identifica-se, entre eles, JULIANAPAGANINI.15’42’’ – A câmera mostra as duas viaturas destruídas.15’46’’ – O aluno JOÃO GABRIEL CURSINO BARANOV (Sem camisa, bermuda e mochila pretacom detalhes bordô) retira sua camisa que havia amarrado na cabeça, na tentativa de não seridentificado durante a destruição das viaturas.15’47’’ – JULIANA PAGANINI tenta ainda acertar novamente a viatura da PF com uma pedra,mas não consegue.15’56” – Mostra o recuo do choque.

1.5 VÍDEOS SBT - SBT Vídeo 5

(Reportagem)..\VÍDEOS REDES DE TELECOMUNICAÇÕES\SBT\SBT Vídeo 5

(Reportagem).avi51:

(Mostra o início da operação na UFSC, com apenas 7 policiais, alguns ostensivos e com viaturaostensiva. Mostra a Professora Sônia Maluf sentando no capô da viatura da PF.)0’32’’ – Policiais estavam fardados, ao contrário do que dizem os estudantes.0’35’’ – Viatura ostensiva da PF estava no local, diferente do que disseram os alunos.0’51’’ – Professora Sônia Maluf senta no capô da viatura da PF e grita, junto com o ProfessorVagner Damasceno e outros alunos: “Não vai sair! Não vai sair!”0’57’’ – João Baranov senta no capô da viatura da PF.1’07’’ – João Baranov, senta novamente no capô da viatura da PF, já comoutras pessoas em cima.1’16’’ – Pedro Henrique Mastrangi senta em cima do para-brisa da viaturada PF, ao lado de João Baranov.1’30’’ – Gabriela Santetti em frente à viatura da PF no início da confusão.1’41’’ – Kainara Ferreira de Souza tenta quebrar o vidro da viatura do DESEG.3’51’’ – Repórter: A reitoria mantém o termo de compromisso de apurar as responsabilidades doconfronto. Ao mesmo tempo a imagem mostra o aluno Cesar da Cunha Tavares (camisa verde)tocando tambor, dirigindo-se para a audiência “pública.”

1.6 VÍDEO RBS - ..\VÍDEOS REDES DE

51 Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 16

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TELECOMUNICAÇÕES\RBS\Video_RBS.wmv52(sem grifo no original):

0’00’’ a 1’45’’ - O vídeo enviado pela emissora diz respeito a uma edição do Jornal do Almoço(local) na qual é apresentado o documento escrito pelo Diretor do Departamento de Segurança daUFSC, Leandro Luiz de Oliveira. Nele, está o relato conciso sobre como estava sendo a atuação daPF no campus “de maneira tranquila e dentro dos princípios da administração pública” e que “osalunos foram incitados”. Na mesma reportagem é demonstrada, através de vídeo gravado na UFSC, que alguns professores dainstituição (Entre eles o diretor do Centro de Filosofia e Ciências Humanas - CFH, Paulo PinheiroMachado e a Vice Diretora, Sônia Maluf) estão entre os primeiros a chegar e a impedir a ação dapolícia, dando exemplo aos demais alunos presentes e aos que chegaram em seguida. 1’45’’ – O jornal passa a entrevistar o Diretor do CFH, Paulo Pinheiro Machado que diz que jáexistia uma investigação da PF na UFSC e, repetindo a história dita anteriormente pela Reitoria dauniversidade, diz que esta investigação não dava direito a PF realizar apreensões de drogas dentrodo campus. Diz que o Procurador Federal da UFSC seria testemunha desta “negociação” entre aReitoria e a PF. Quando o jornalista Mauro Motta tenta perguntar se existiria algo escrito sobre isto,Paulo diz que não houve autorização da universidade para a ação da PF . O jornalista mencionaque existiria um “trato verbal” entre a PF e a Reitoria da UFSC. 3’21’’ – Paulo Pinheiro critica a PF.4’07’’ – Paulo Pinheiro defende a Reitora Roselane Neckel Campos dizendo que foi sua aluna. Dizque Roselane já foi Diretora do mesmo CFH, cargo que agora ocupa. Paulo continua, dizendo que oproblema das drogas é grave e que o combate ao tráfico e a defesa da legalidade sempre fez parte dainstituição UFSC e que esta não deveria ser confundida com um antro de criminosos, como teria sidocolocado pelo Delegado Cassiano.5’20’’ – Gravada em vídeo, a professora e Vice-Diretora do CFH senta no capô da viatura policial,impedindo o trabalho policial. É imediatamente imitada pelos alunos. O professor WagnerDamasceno, também da UFSC, também se posta na frente da viatura policial.5’24’’ – O delegado Korf comenta, em entrevista, o crime cometido pela professora a atitude dosdemais.5’45’’ – O estudantes gritam “Não vai sair! Não vai sair!” Batem palmas.5’50’’ – O APF Copetti tenta negociar com a professora Sônia, ainda sentada no capô da viatura.5’53’’ – O professor Paulo Pinheiro Machado aparece. Vê-se também que o aluno do curso degeografia, identificado como sendo João Victor de Araújo, aparece também, de costas, sentado nocapô da viatura da PF.6’09’’ – Cenas filmadas de dentro da viatura do DESEG. Pedido do segurança da UFSC para queos alunos saiam de perto da viatura.6’18’’ – Gabriela Santetti Celestino, de costas, em frente a viatura do DESEG no momento daintervenção da tropa de choque.6’24’’ – A aluna identificada como sendo Juliana Paganini bate no vidro da viatura do DESEG.6’46’’ – Retirada do aluno preso que estava na viatura do DESEG.6’50’’ – O ataque dos estudantes às duas viaturas. 7’01’’ – Volta à entrevista com o Delegado Korf.8’13’’ – O jornalista Mario Motta avisa que os alunos estão desocupando o hall da reitoria daUFSC.8’24’’ – O professor Paulo Pinheiro comenta a saída dos estudantes e diz que estes estavam lá“porque realmente foram...Sofreram uma agressão de grandes proporções da polícia, né?”8’34’’ – Paulo Pinheiro diz que a professora Sônia Maluf impediu a saída dos policias sentando em

52 Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 17

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 38

Conclusão

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cima do capô da viatura a seu pedido9’13’’ – Paulo diz que os estudantes do NDI (Núcleo de Desenvolvimento Infantil) estavam a menosde 100 metros das bombas de gás lacrimogêneo.9’25’’ – Paulo diz que “vidas foram colocadas em risco por conta de uma operação irresponsável,por um indivíduo carreirista que botou em risco inclusive o patrimônio da universidade.”9’50’’ – Perguntado sobre o que pode melhorar daqui pra frente, Paulo Pinheiro diz que medidasvem sendo tomadas pela universidade contra o tráfico e cita como exemplo do bom resultado adiminuição de ocorrências de problemas com drogas dentro da UFSC, de acordo com o DESEG.

1.7 Avanço e retirada da Tropa de Choque -

O vídeo mostra a atuação dos envolvidos nos acontecimentos durante a ação da Tropa de

Choque. Na sequência, o vídeo reproduz os momentos em que os alunos depredam e

tombam as viaturas oficiais utilizadas pelas instituições de segurança53.

..\VÍDEOS GERAIS\2 - Barreira e Destruição\3 -

Avanço e retirada da Tropa de Choque.avi

00:00 – O início do vídeo mostra a tropa de choque avançando e lançando bombas de efeito moral;00:06 - Uma MNI de camisa marrom, bermuda azul e mochila preta lança um pedaço de paucontra os policiais;00:11 – Aparece o aluno MATTHEUS IKEZAWA lançando um pedaço de pau contra os policiais;00:24 – O administrativo DILTON RUFINO e o professor WAGNER DAMASCENO, ambos daUFSC, se posicionam contra os escudos da tropa de choque; DILTON grita: “Vem! Vem! Vem!vem pro pau!” gesticulando para que mais pessoas ficassem contra os policiais; 01:01 – Ocorre uma divisão da tropa de choque, uma parte fica posicionada bloqueando o caminhodos alunos e a outra avança em direção as viaturas; 01:12 – Ouve-se gritos de “Fascistas! Fascistas!” e “Ditadura não, abaixo a repressão!”;01:45 – No plano de fundo, observa-se um grupo de policiais resgatando de dentro da viatura doDESEG duas pessoas e, momento continuo, se retirando do local;02:02 – Início da retirada do primeiro grupo do choque; ouve-se os gritos de: “Filhos da puta!”,“Ditadura não, abaixo a repressão!”, “Covardes!”, “Levanta a arma!”, etc;02:07 – O aluno VITOR AMORIM, de camisa preta e bermuda azul, apanha um pedaço demadeira no chão e, logo em seguida, joga nos policiais; 04:00 – Ouve-se uma mulher gritando: “O carro ainda está lá galera!” e, posteriormente, umhomem falando para botar fogo no carro;04:52 – Aparecem os alunos JOÃO VITOR, KAINARA FERREIRA e GABRIEL MELOgolpeando, com paus, a viatura ASTRA;05:01 – Um HNI com mochila verde, bermuda estampada e camisa na cabeça aparece atirando umpedaço de pau contra os policiais; o aluno JOÃO VITOR pula em cima do capô do ASTRA; 06:55 – O vídeo mostra o Astra sendo virado pelos estudantes e ouve-se gritos de comemoração;07:24 – A viatura do DESEG é virada pelos estudantes;

53 Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 20

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 39

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08:02 – O aluno GABRIEL NICOLODELLI aparece arremessando um pedaço de pau contra ospolicias em recuo;08:52 – Aparece as duas viaturas viradas e alguns alunos olhando. Em seguida, ouve-se o grito de:“Põe fogo!”;09:26 – Um HNI, loiro, de camisa rosa, bermuda preta e mochila preta vai até o ASTRA e bate nelecom um pedaço de pau; 09:35 – Ao fundo, um HNI, com barba, boné camuflado, camisa branca, mochila e bermudaestampada bate com uma pedra na L200;09:42 – O aluno VINICIUS AQUINIO SILVA vai até a viatura ASTRA e golpeia o retrovisor comum pedaço de madeira; ouve-se, em seguida, gritos de “Ocupa a reitoria!”;10:09 – Um HNI de bermuda, cueca branca e blusa vermelha pendurada no ombro, aparece, comum tronco, batendo repetidamente no ASTRA;

1.8 O tombamento das viaturas oficiais54 -

..\VÍDEOS GERAIS\2 - Barreira e Destruição\5 - Tombamento das viaturas.avi - Este vídeo

mostra os indivíduos envolvidos na conduta que foi eficaz para o tombamento das viaturas

da Polícia Federal e do DESEG/UFSC:

00:00 – No início do vídeo vários alunos podem ser observados em volta da viatura ASTRA. Pode-seouvir os gritos de: “Vira! Vira! Vira!”; 00:10 – É possível observar, entre outros ainda não identificados, os alunos VITOR DANIELBREDA, MATTHEUS IKEZAWA, CESAR RAMI, GABRIEL FELIPPI, LUCAS DE ABREUBORSUK, CARL LIWIES CUZUNG GAKRAN, JOÃO GABRIEL CURSINO BARANOV,GIOVANI BAU ALVES virando a viatura ASTRA. Ademais, YGOR GRIGOL aparece com umpedaço de pau desferindo diversos golpes contra o capô.00:18 – Após terem obtido êxito, os alunos aparecem gritando em comemoração.00:33 – Neste momento, diversos alunos caminham em direção à viatura do DESEG e,posteriormente, aos 35’, JOÃO VICTOR DE ARAÚJO, GABRIEL FELIPPI, KAINARAFERREIRA DE SOUZA, CEZAR DA CUNHA TAVARES, GIOVANI BAU ALVES, JOÃOGABRIEL CURINO BARANOV, e outros ainda não identificados, usam de força física para virara L200. Ouvem-se gritos de: “Reitoria! Reitoria! Reitoria! Ocupa a Reitoria!”.00:45 – Novamente os alunos comemoram e alguns aparecem erguendo o dedo médio em direçãodos policiais.00:56 – Por fim, no canto direito do vídeo, aparece a aluna KAINARA FERREIRA DE SOUZAerguendo uma pedra e jogando-a contra o ASTRA.

V – DESCRIÇÃO INDIVIDUAL DAS CONDUTAS (COAÇÃO NO CURSO DO

PROCESSO, DESACATO, LESÕES CORPORAIS, DANO E FURTO)

54 Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 21

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 40

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Como visto acima, e segundo do RELATÓRIO DE

INTELIGÊNCIA POLICIAL55, a acusada SÔNIA WEIDNER MALUF (30), logo após a

abordagem realizada pelos policiais federais ao aluno GIOVANNI REGAZZO, que portava

quantidade de maconha, iniciou a coação para que não prosseguisse o processo no

Juizado Especial, ou seja, para que não fosse lavrado o Termo Circunstanciado. Ela

obstruiu, auxiliada por alunos, professores e presentes, o deslocamento dos policiais que

conduziam o estudante até à viatura oficial.

Quando os policiais chegaram até à viatura, a

professora SONIA MALUF resolveu opor resistência sentando sobre o capô do veículo

que seria utilizado para a condução do aluno até a Superintendência da Polícia Federal.

Ela foi a primeira pessoa que tomou a iniciativa de

impedir a ação policial, uma vez que, a partir de sua conduta, outras pessoas resolveram

postar-se também de forma a impedir o deslocamento do veículo oficial da Polícia Federal.

Na foto constante do Processo 5013638-

09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 27, fica evidenciado que, para

obstaculizar a saída da viatura ASTRA, a professora SÔNIA sentou-se em cima do capô do

veículo. O vídeo mencionado no Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16,

OUT2, Página 28 prova os fatos. A partir do momento em que a professora SÔNIA

resolveu se sentar no capô da viatura os alunos passaram a se espelhar em sua conduta e

cercaram-na ao mesmo tempo em que entoavam gritos de “Não vai sair, não vai sair...”

dirigidos aos policiais. A versão dos fatos apresentada pela Acusada em entrevistas que

forneceu deixa de ser aqui transcrita por ser matéria de defesa e também porque não

encontra suporte probatório, já que tal suporte somente pode ser contestado se fosse

possível demonstrar que as imagens referidas nesta denúncia são falsas. Mais adiante,

55 Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 27

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 41

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porém, há menção de depoimentos que deu ao MPF e à comissão da UFSC.

Ao iniciar e promover os atos que culminaram

com o uso de grave ameaça e depois violência, atos estes que tiverem por fim favorecer

Giovanni Regazzo, Ailson Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e

Andrey Leiria Gonçalves, inicialmente contra agentes da Polícia Federal e agentes de

segurança da UFSC e depois contra autoridades policiais, que funcionavam em processo

policial e judicial (o TC e os atos subsequentes são um processo híbrido), SÔNIA

WEIDNER MALUF praticou o crime previsto no art. 344 do Código Penal com a agravante

do art. 62, inciso I do Código Penal. Também pesa contra SÔNIA WEIDNER MALUF a

agravante do art. 61, II, “g” do Código Penal, porquanto, na condição de professora, violou

o dever constante do art. 116, III e os deveres implícitos nas proibições constantes do art.

117, IV, V, IX, todos da Lei nº 8.112/199056. Ao sentar sobre o capô da viatura GM/Astra,

placa MFQ-1375, da União/Departamento de Polícia Federal, a acusada o amassou,

dando início à série de danos que tal viatura sofreu, até ser depredada e virada. Em assim

agindo, incidiu nas penas do art. 163, parágrafo único, III do CP, com a agravante do art.

62, inciso I também do CP e na forma do art. 70 do CP. Não há possibilidade de

oferecimento de suspensão, pois a soma das penas mínimas atinge 1 ano e seis meses.

O acusado PAULO PINHEIRO MACHADO (25)

chegou ao bosque da UFSC logo após a acusada SÔNIA MALUF ter se sentado sobre o

capô da viatura ASTRA. No vídeo mencionado e identificado no Processo 5013638-

09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 31 é possível perceber como precisão o

exato momento em que o este acusado chega no Bosque da UFSC.

56 Professores das universidades federais não parecem ter deveres como tais: o art. 55 da Lei nº 4.881-A/1965 (Estatutodo Magistério Superior) foi revogado pela Lei nº 5.539/1968, que não menciona deveres; o art. 11 desta lei nº 5.539diz que O Estatuto dos Funcionários Civis da União aplica-se subsidiariamente, no que couber, aos professores demagistério superior. O DL 465/1969 também não trata de deveres dos professores universitários; nem o Estatuto daUFSC nem seu regimento interno estipulam deveres para os Professores [diz o art. 144 do Regimento Geral daUFSC (PROCESSO MEC N° 200.711/82; CFE N° 2.589/79): Os regimes de acumulação, licença, vantagens,disponibilidade, aposentadoria, substituição e outros direitos e deveres inerentes à vinculação do pessoal docentecom a Universidade serão os prescritos na legislação pertinente.].

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 42

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Ele presenciou os acontecimentos, tendo

acompanhado a crescente aglomeração de pessoas no bosque, até o momento em que uma

enorme multidão já cercava as viaturas oficiais da Polícia Federal e do DESEG/UFSC.

O professor PAULO PINHEIRO a partir de

determinado momento se colocou em posição de interlocutor. No entanto, quando os alunos

insistiram na posição de coagir os agentes policiais para que não prosseguissem o

processo no Juizado Especial, lavrando o TC, ele não se opôs, insurgindo-se contra a

movimentação da Polícia Federal e posteriormente à tropa de choque da Polícia Militar.

As fotos constantes do Processo 5013638-

09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 31 mostram o professor PAULO

PINHEIRO, à frente da multidão de alunos, opondo-se à tentativa dos policiais em retirar

o usuário de drogas da viatura, que, por sua vez, estava cercada pelos alunos. Impedidos

de dar continuidade à ação, os Policiais Federais recuaram para que a tropa de choque da

Polícia Militar pudesse garantir a conclusão do procedimento policial. Paulo Pinheiro

também disse doestos e labéus aos policiais que cumpriam seu dever, desacatando-os

(Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 33):

(...)0’57’’Paulo Pinheiro: Não faz isso, cara! HNI: Vamo, vamo, vamo, vamo.Paulo Pinheiro: Não faz isso!HNI2: Se joga no chão, se joga no chão!HNI3: Se joga! Se joga! Se joga! Se joga!Paulo Pinheiro: Seus covardes de merda! Covardes de merda!(Spray de pimenta é jogado contra Paulo Pinheiro para que se afaste, sem resultado)Paulo Pinheiro: Vocês são uns covardes de merda!HNI4: Você que é um merda, rapaz. Você que é um merda.Paulo Pinheiro: Covardes de merda.HNI5 (Professor com a câmera): Se... Seu covarde! Seu covarde!Paulo Pinheiro: Filho da puta! Covarde! Covarde!HNI6: Você é o...Paulo Pinheiro: Vão pegar bandido lá, porra! Vão pegar bandido!Policial: Vai pra lá professor. Ô, professor, vai pra lá, professor. Porra!

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 43

Conclusão

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Paulo Pinheiro: Sem vergonha! Sem vergonha!HNI5 (Professor com a câmera): Não vai, não vai, não vai! Sou professor também.(...)1’32’’

Ao participar de atos que culminaram com o uso

de grave ameaça e depois violência, atos estes que tiverem por fim favorecer Giovanni

Regazzo, Ailson Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e Andrey Leiria

Gonçalves, inicialmente contra agentes da Polícia Federal e agentes de segurança da

UFSC e depois contra autoridades policiais, que funcionavam em processo policial e

judicial (o TC e os atos subsequentes são um processo híbrido), PAULO PINHEIRO

MACHADO praticou o crime previsto no art. 344 do Código Penal, com a agravante do

art. 61, II, “g” do Código Penal, porquanto, na condição de professor e diretor do CFH,

violou o dever constante do art. 116, III e os deveres implícitos nas proibições constantes

do ar t. 117, IV, V, IX, todos da Lei nº 8.112/199057. Ao dizer doestos e labéus contra os

Policiais, o acusado PAULO PINHEIRO MACHADO incidiu nas penas do art. 33158 do

CP, na forma do art. 69 do CP. Não há possibilidade de oferecimento de suspensão, pois

a soma das penas mínimas atinge 1 ano e seis meses.

WAGNER MIQUEIAS FELIX DAMASCENO

(36) é Professor Auxiliar I, no Departamento de Antropologia da Universidade Federal de

57 Professores das universidades federais não parecem ter deveres como tais: o art. 55 da Lei nº 4.881-A/1965 (Estatutodo Magistério Superior) foi revogado pela Lei nº 5.539/1968, que não menciona deveres; o art. 11 desta lei nº 5.539diz que O Estatuto dos Funcionários Civis da União aplica-se subsidiariamente, no que couber, aos professores demagistério superior. O DL 465/1969 também não trata de deveres dos professores universitários; nem o Estatuto daUFSC nem seu regimento interno estipulam deveres para os Professores [diz o art. 144 do Regimento Geral daUFSC (PROCESSO MEC N° 200.711/82; CFE N° 2.589/79): Os regimes de acumulação, licença, vantagens,disponibilidade, aposentadoria, substituição e outros direitos e deveres inerentes à vinculação do pessoal docentecom a Universidade serão os prescritos na legislação pertinente.].

58 (…) CRIME DE DESACATO PRATICADO POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA OUTRAS PESSOAS NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO PÚBLICA – POSSIBILIDADE. (...) É possível a prática do crime de desacato por funcionário público contra pessoa no exercício de função pública, pois se trata de crime comum em que a vítima imediata é o Estado e a mediata aquela que está sendo ofendida. (…) (HC 200800880137, JANE SILVA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/MG), STJ - SEXTA TURMA, DJE DATA:26/10/2009 ..DTPB:.)

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 44

Conclusão

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Santa Catarina59. A partir da análise das informações e vídeos obtidos foi possível verificar

que WAGNER DAMASCENO juntamente da professora SÔNIA MALUF inicia as ações

que obstruíram repressão policial. Obtiveram êxito em impedir a movimentação da viatura

oficial da Polícia Federal onde havia sido colocado o estudante, flagrado na posse de

entorpecente. WAGNER DAMASCENO iniciou a discussão com os policiais, impedindo

que estes exercessem suas funções, mesmo após terem se identificado e estando trajados

ostensivamente. O vídeo mencionado no Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento

16, OUT2, Página 35, mostra quando WAGNER (óculos, camisa vermelha e bermuda

bege), juntamente com a professora SÔNIA MALUF e alunos da UFSC, impede o trabalho

policial, discutindo com os agentes e se postando em frente à viatura.

Destaque para os trechos: entre 1’26” e 1’37’’:

quando a professora SÔNIA MALUF senta no capô da viatura e é prontamente aplaudida

por WAGNER e outros alunos. Na sequência, WAGNER também se senta no capô da

viatura, cruza os braços e começa a discutir com os policiais. Nesse momento iniciam-se os

gritos de: “Não vai sair! Não vai sair!”:

(...) WAGNER: “Não tem maior patrimônio público do que o aluno!”Policial: “Ah não?”WAGNER: “Não tem!”Policial: “Então tu vai fazer o seguinte. Com toda a tua inteligência. Com toda a tua sagacidade. Euquero ver você fazer isso na frente do juiz que nos mandou...WAGNER: “É?”Policial: “...e não na gente que veio cumprir determinação, tá?”Alguém grita: “Vamos lá!” (...)

O professor Wagner Damasceno também atuou

opondo resistência física à atuação da Tropa de Choque no momento em que esta foi

designada para a utilização do necessário desforço para garantir a continuidade da ação

policial desencadeada, conforme ilustra a imagem constante no Processo 5013638-

09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 37.

59 Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 34

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 45

Conclusão

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Ao promover os atos que culminaram com o uso

de grave ameaça e depois violência, atos estes que tiverem por fim favorecer Giovanni

Regazzo, Ailson Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e Andrey Leiria

Gonçalves, inicialmente contra agentes da Polícia Federal e agentes de segurança da

UFSC, e depois contra autoridades policiais que funcionavam em processo policial e

judicial (o TC e os atos subsequentes são um processo híbrido), WAGNER MIQUEIAS

FELIX DAMASCENO praticou o crime previsto no art. 344 do Código Penal com a

agravante do art. 62, I do Código Penal. Também pesa contra WAGNER a agravante do

art. 61, II, "g" do Código Penal, porquanto, na condição de professor, violou o dever

constante do art. 116, III e os deveres implícitos nas proibições constantes do art. 117, IV,

V, IX, todos da Lei nº 8.112/199060. Cabível a proposta de suspensão, conforme

antecedentes, se desconsideradas as agravantes.

DILTON MOTA RUFINO (7) é servidor da

Universidade Federal de Santa Catarina. Identificado durante as análises das imagens e

informações obtidas, DILTON MOTA RUFINO aparece em vários momentos agindo

contrariamente à atuação policial.

No vídeo mencionado no Processo 5013638-

09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 38, DILTON aparece com duas garrafas

de água na mão gritando juntamente com a multidão: “Libera! Libera! Libera!”. Os gritos

fazem referência ao fato dos presentes estarem exigindo a soltura do usuário de drogas

GIOVANNI REGAZZO. Nos vídeos disponibilizados no evento acima citado, DILTON

(camisa cinza e crachá pendurado) coloca-se em frente à Guarnição da Tropa de Choque,

incitando outras pessoas a fazerem o mesmo. As fotos mencionadas no referido evento

mostram em detalhe o momento reproduzido nos vídeos, quando DILTON atua, juntamente

com o professor WAGNER DAMASCENO (camisa vermelha), resistindo ao avanço dos

60 Conforme esclarecido em nota anterior, professores das universidades federais não parecem ter deveres como tais,donde a utilização dos deveres gerais constantes da Lei nº 8.112/1990.

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 46

Conclusão

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policiais militares designados para dispersar a barreira de resistência formada pelos

alunos. Conforme consta em banco de dados do Sistema Integrado de Segurança Pública

de Santa Catarina (SISP/SC), DILTON MOTA RUFINO é envolvido em Boletim de

Ocorrência datado de 22/12/2005, no qual é relacionado como autor do crime de

“Desobediência”.

Ao participar de atos que culminaram com o uso

de grave ameaça e depois violência, atos estes que tiverem por fim favorecer Giovanni

Regazzo, Ailson Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e Andrey Leiria

Gonçalves, inicialmente contra agentes da Polícia Federal e agentes de segurança da

UFSC, e depois contra autoridades policiais que funcionavam em processo policial e

judicial (o TC e os atos subsequentes são um processo híbrido), DILTON MOTA RUFINO

praticou o crime previsto no art. 344 do Código Penal com a agravante do art. 62, I do

Código Penal. Também pesa contra DILTON MOTA RUFINO a agravante do art. 61, II,

"g" do Código Penal, porquanto, na condição de servidor, violou o dever constante do art.

116, III e os deveres implícitos nas proibições constantes do art. 117, IV, V, IX, todos da

Lei nº 8.112/19. Cabível a proposta de suspensão, conforme antecedentes, se

desconsideradas as agravantes.

PAULO MARCOS BORGES RIZZO (26) é

professor da UFSC. No dia dos fatos o professor PAULO MARCOS BORGES RIZZO

apareceu praticamente desde o início dos fatos. Juntamente com os demais professores

relacionados nesse RIP, ele compôs a aglomeração de alunos e acompanhou toda a

movimentação deles, tendo apoiado o impedimento à condução do estudante GIOVANNI

REGAZZO à Superintendência da Polícia Federal para a lavratura do Termo

Circunstanciado. O professor PAULO RIZZO subiu na carroceria da viatura do

Departamento de Segurança da UFSC, tendo realizado discurso contra a ação policial. Ele

foi muito aplaudido pelos alunos. A foto constante do Processo 5013638-

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 47

Conclusão

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09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 41 mostra a quantidade de alunos que

assistiram e aplaudiram o discurso proferido pelo professor PAULO RIZZO, do alto da

caçamba da viatura do DESEG. A participação de PAULO MARCOS BORGES RIZZO é

mencionada no Relatório de Inteligência e no depoimento de BRUNO FERREIRA ALVES

E BORGES, no Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 5, DESP1, Página 3.

Os fatos também foram presenciados pelo policial Ary Copetti.

Ao incitar atos que culminaram com o uso de

grave ameaça e depois violência, atos estes que tiverem por fim favorecer Giovanni

Regazzo, Ailson Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e Andrey Leiria

Gonçalves, inicialmente contra agentes da Polícia Federal e agentes de segurança da

UFSC, e depois contra autoridades policiais que funcionavam em processo policial e

judicial (o TC e os atos subsequentes são um processo híbrido), PAULO MARCOS

BORGES RIZZO praticou o crime previsto no art. 344 do Código Penal com a agravante

do art. 62, I do Código Penal. Também pesa contra PAULO MARCOS BORGES RIZZO a

agravante do art. 61, II, "g" do Código Penal, porquanto, na condição de professor, violou

o dever constante do art. 116, III e os deveres implícitos nas proibições constantes do art.

117, IV, V, IX, todos da Lei nº 8.112/19. Cabível a proposta de suspensão, conforme

antecedentes, se desconsideradas as agravantes.

Foi possível identificar JOÃO VICTOR DE

ARAÚJO (19) como autor de ações de resistência à atuação policial e também como

protagonista de ações relacionadas à depredação dos veículos. Ele foi um dos principais

indivíduos que incitou os alunos para que esses impedissem e resistissem à atuação policial

no dia 25 de março, no campus da UFSC.

JOÃO VICTOR (sobre o capô da viatura -

Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 42) aparece no

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 48

Conclusão

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Bosque da UFSC no momento em que o Policial COPETTI (camisa preta, à esquerda da

imagem, com o braço estendido) argumentava com a professora SÔNIA MALUF (camisa

bordô) para que ela saísse de cima do capô da viatura, explicando o procedimento que

seria realizado com o estudante detido.

JOÃO VICTOR chega e logo adota a mesma

postura da professora SÔNIA MALUF, sentando-se também sobre o capô da viatura

policial, colocando os pés sobre o automóvel. Na foto abaixo e no vídeo a seguir é possível

acompanhar a ação do acusado e a discussão dos alunos com o agente de segurança da

UFSC.

No evento acima citado, consta o vídeo

“JoaoVictorDeAraujo001.mp4”, do qual se extrai a seguinte degravação da discussão entre

JOÃO VICTOR DE ARAÚJO com o Agente do DESEG/UFSC, na qual, com o dedo em

riste, impõe-lhe uma condição:

(...)Agente de Segurança da UFSC - Ô, avisa ele aí, ô! Ô camarada. Ô camarada. (JOÃO VICTOR sevira)Agente de Segurança - Ô, camarada! “Tás” amassando o capô, aí, ô. (JOÃO VICTOR faz umgesto)VITOR ROLLIN PRUDÊNCIO - Mas é assim mesmo. Ele sobe, depois.Agente de Segurança - Não, ele arranha. Uma pintura ali é uns quinhentos, mil reais, a pintura de umcapô, cara.VITOR ROLLIN PRUDÊNCIO - Na realidade é borracha embaixo.Agente de Segurança da UFSC - Diz pra ele evitar, senão vai gastar uns mil reais na pintura docapô.PEDRO HENRIQUE MASTRANGI - A gente paga depois.SEGURANÇA DA UFSC - “Tás” amassando aí, cara.JOÃO VICTOR: (Ininteligível)Agente de Segurança da UFSC - “Tás” amassando aí, cara.JOÃO VICTOR: (Ininteligível) ...Tira a polícia que a gente vai tirar tudo.

A seguir, JOÃO VICTOR passa a incentivar os

alunos presentes no sentido de resistir à atuação da equipe policial. JOÃO VICTOR

proferiu “discursos” e gritou “palavras de ordem”.

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 49

Conclusão

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O vídeo identificado no Processo 5013638-

09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 45 é apto para demonstrar imagens e

áudio no qual JOÃO VICTOR, acompanhado pelos presentes e observado por professores,

grita: “Não acabou, tem que acabar, eu quero o fim da polícia militar!”

Em outro vídeo identificado no evento acima

citado, JOÃO VICTOR aparece gritando palavras de ordem, entre elas: “Vem! Vem! Vem

pra luta vem, contra a polícia!”.

Também foi possível verificar que JOÃO VITOR

fez parte da barreira que impediu e resistiu à ação da polícia. Na foto seguinte61, ele está

em cima da viatura do DESEG, compondo, em posição de destaque, a multidão que impõe

resistência à ação dos policiais militares enquanto empreendiam esforços para acessar a

viatura L200 a fim de possibilitar a condução de GIOVANNI REGAZZO.

JOÃO VICTOR também foi identificado atacando

objetos em direção à Tropa de Choque e depredando as viaturas oficiais utilizadas na ação

policial. Após a dispersão da multidão que resistiu à condução de GIOVANNI REGAZZO,

vários alunos jogaram paus e pedras contra a Guarnição da Tropa de Choque e partiram

para atos que foram eficazes para a destruição de duas viaturas.

Para auxiliar na identificação de JOÃO VICTOR

nos vídeos a seguir é necessário destacar que ele retirou a camisa que usava a partir do

momento em que passou a praticar (...) atos violentos e de destruição.

No vídeo abaixo JOÃO VICTOR aparece no fim

do período. Ele joga uma pedra em direção à viatura ASTRA enquanto os Policiais

61 Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 45

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 50

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Federais, em seu interior, tentavam movimentá-la para deixar o Bosque da UFSC.

Neste vídeo seguinte62 JOÃO VICTOR pula sobre

o a lataria dianteira (capô) e desfere chute contra o para-brisas.

No vídeo logo a seguir, ele empreende força física

que, somada à dos outros suspeitos, é eficaz para tombar a viatura do DESEG. Após a

virada, JOÃO VICTOR retorna correndo pela parte traseira da viatura ASTRA.

Ao iniciar atos que culminaram com o uso de

grave ameaça e depois violência, atos estes que tiverem por fim favorecer

Giovanni Regazzo, Ailson Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro

e Andrey Leiria Gonçalves, inicialmente contra agentes da Polícia Federal e

agentes de segurança da UFSC e depois contra autoridades policiais, que

funcionavam em processo policial e judicial (o TC e os atos subsequentes são um

processo híbrido), JOÃO VICTOR DE ARAÚJO praticou o crime previsto no art.

344 do Código Penal. Ao sentar no capô e amassá-lo e ao participar da

depredação das viaturas GM/Astra, placa MFQ-1375, da União/Departamento de

Polícia Federal e Mitsubishi/L200, placa MLV-2889, da Universidade Federal de

Santa Catarina JOÃO VICTOR DE ARAÚJO causou danos a tais viaturas. Em

assim agindo, incidiu nas penas do art. 163, parágrafo único, III do CP c/c 69 do

CP. Incabível a suspensão, pois a soma das penas mínimas é superior a um ano.

GABRIELA SANTETTI CELESTINO (11)

proferiu “discurso” dirigido aos alunos incitando-os a atuar contra a presença da polícia

no campus.

62 Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 46

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 51

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A foto abaixo63 foi capturada do vídeo logo abaixo

disponibilizado.

Abaixo se destacam as palavras de GABRIELA

SANTETTI CELESTINO reproduzidas no vídeo acima64:

• “A gente tá aqui pra dizer que a Polícia Militar não entra nocampus! Não entra!”;

• Gabriela: “A gente tá aqui pra dizer que policial à paisana nãoprende estudante!”

• Gabriela: “Não vai sair! Não vai sair! E a gente também não vaisair!”

Na foto anteriormente disposta, GABRIELA

aparece postada sobre a caçamba da viatura do Departamento de Segurança da UFSC

(DESEG) ao lado de JOÃO VICTOR DE ARAÚJO. Cabe lembrar que no momento

representado pela foto o estudante detido está dentro da viatura, juntamente com um dos

seguranças da universidade, cercados pelos alunos.

Em outro vídeo65 GABRIELA continua sua fala

sobre a atuação da polícia e insuflando os demais estudantes.

Do vídeo acima disposto cabe salientar o discurso

de GABRIELA SANTETTI CELESTINO: “...Tá o massacre da juventude preta! Da

juventude pobre, que a gente não aceita! Essa polícia militar, essa polícia resquício da

ditadura (sem grifo no original66). A gente não tá aqui pra ganhar, apanhar da polícia não!

63 Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 4964 GabrielaSantettiCelestino001.avi em Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 49.65 GabrielaSantettiCelestino002.mp4 em Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 50 66 O discurso político é historicamente desinformado. A PMSC foi criada no Império, em 1835, com o nome de “Força Policial”.

Seus homens recebiam a mesma instrução que os Corpos de Infantaria do Exército. Em 1917 (Lei nº 1.150) passa a ser força auxiliar do exército. A denominação “Polícia Militar” surge com a Lei nº 192, de 17 de Janeiro de 1936 (Reorganiza, pelos Estados e pela União, as Policias Militares

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 52

Conclusão

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A gente tá aqui pra ganhar uma conquista. De uma liberdade de um preso que não tem

nenhuma legitimidade pra tá dentro desse camburão67.” (Estudantes gritam e aplaudem)

O vídeo abaixo mostra que GABRIELA estava ao

redor da viatura no momento da intervenção da Tropa de Choque. Na viatura ainda se

encontrava o estudante a ser conduzido. Ela aparece do lado esquerdo do vídeo, com a

mesma blusa azul, de costas e com a cabeça abaixada.

Segundo o “site” do PSTU68…

A ocupação terminou com uma grande vitória para o movimento estudantil: a reitora Roselane Neckel assinou um termo decompromisso se colocando veementemente contrária a qualquer ação de repressão da polícia no campus e com a promessa deque o movimento não será criminalizado. Além disso, os estudantes também conseguiram (…) o compromisso de combaterqualquer forma de opressão e abertura de edital para contratação de segurança universitária.

(..) O movimento chamado “Levante do Bosque” desocupa a reitoria, mas não acaba. Os estudantes continuarãomobilizados pelos itens da pauta que ainda não foram contemplados totalmente e por outras reivindicações de direitosestudantis. “Sabemos também que, apesar de ter assinado o termo de compromisso, a reitoria pode voltar atrás e não aplicar oque foi acordado; não temos nenhuma ilusão nesse sentido”, disse Gabriela Santetti, estudante de pedagogia e militante dajuventude do PSTU .

Ao incitar e participar de atos que culminaram

com grave ameaça e violência, atos estes que tiverem por fim favorecer Giovanni

Regazzo, Ailson Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e Andrey

Leiria Gonçalves, inicialmente contra agentes da Polícia Federal e agentes de

segurança da UFSC e depois contra autoridades policiais, que funcionavam em

processo policial e judicial (o TC e os atos subsequentes são um processo híbrido),

GABRIELA SANTETTI CELESTINO praticou o crime previsto no art. 344 do

Código Penal, com a agravante do art. 62, I do CP. Cabível a suspensão, se

sendo consideradas reservas do Exército), período democrático na história do Brasil. A ditadura de Vargas só surgiria mais de um ano depois, em 10/11/1937 (FERNANDES, Andrei Francisco. Polícia Militar de Santa Catarina, origens e evolução; hierarquia, fardamentos, inclusões, promoções e ensino. Florianópolis, Editora Papa-Livro, 2013, pp.65-80; e http://www.infoescola.com/historia-do-brasil/golpe-de-1937/).

67 O discurso é juridicamente desinformado. A norma que determina a lavratura de TC em relação ao usuário de drogas foi votada epromulgada num regime de plenitude democrática. Tem legitimidade formal, pois foi votada por um Congresso democraticamente eleito esancionada por um Presidente também democraticamente eleito. Tem legitimidade material porque uma pesquisa realizada pelo Ibope revela que

79% dos eleitores brasileiros são contra a descriminalização da maconha e apenas 17% favoráveis – matéria publicada em 04/09/2014 | 08h29(http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2014/09/quase-80-dos-brasileiros-sao-contra-legalizacao-da-maconha-e-do-aborto-4590658.html).

68 http://pstuflorianopolis.blogspot.com.br/2014/03/ocupacao-da-ufsc-acaba-com-vitoria-para.html

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 53

Conclusão

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favoráveis os antecedentes.

Foi possível verificar que ROSICLEIA

SPIECKER DA SILVA (29) teve participação ativa nos supostos delitos ocorridos no dia

25 de março de 2014, na UFSC. Cabe destacar a conduta por ela praticada relativamente à

depredação do veículo da Polícia Federal.

A acusada ROSICLEIA SPIECKER DA SILVA

fez parte da barreira humana que resistiu à ação da polícia. A foto constante no Processo

5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 51 mostra ROSICLÉIA

impondo resistência à ação dos policiais militares enquanto estes progrediam para

viabilizar a condução do estudante detido GIOVANNI REGAZZO, que estava dentro da

viatura do DESEG juntamente com o Agente de Segurança da UFSC.

Na sequência de fotos constante no Processo

5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 50 a 52 a conduta empregada

por ROSICLÉIA fica evidenciada. O vídeo identificado como

“RosicleiaSpieckerDaSilva001.mp4” mencionado no evento acima caracterizado, mostra

de forma dinâmica ROSICLÉIA desferindo os golpes na viatura ASTRA com um sarrafo de

madeira. Durante o avanço da equipe da Polícia Federal, ROSICLÉIA SPIECKER lançou

uma pedra contra os policiais, tendo esta passado próximo à cabeça do policial CRUZ

(vestido com uniforme camuflado), e atingindo o peito do policial PAGANI. Este fato está

registrado no vídeo identificado como “RosicleiaSpieckerDaSilva002.mp4”, referido na

página 53 e nas fotos das páginas 53 a 56, todas do Evento 16, OUT2.

Ao participar de atos que culminaram com o

uso de grave ameaça e depois violência, atos estes que tiverem por fim favorecer

Giovanni Regazzo, Ailson Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 54

Conclusão

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e Andrey Leiria Gonçalves, inicialmente contra agentes da Polícia Federal e

agentes de segurança da UFSC e depois contra autoridades policiais, que

funcionavam em processo policial e judicial (o TC e os atos subsequentes são um

processo híbrido), ROSICLEIA SPIECKER DA SILVA praticou o crime previsto no

art. 344 do Código Penal. Ao participar da depredação da viatura GM/Astra, placa

MFQ-1375, da União/Departamento de Polícia Federal, ROSICLEIA SPIECKER

DA SILVA causou danos a tal viatura. Em assim agindo, incidiu nas penas do art.

163, parágrafo único, III do CP c/c 69 do CP. Deixa-se de denunciar o crime de

lesões corporais, porquanto não há laudo e, pois, prova da materialidade. Incabível

a suspensão, pois a soma das penas mínimas é superior a um ano.

VITOR ROLLIN PRUDÊNCIO (34) é aluno da

UFSC, do curso de HISTÓRIA. VITOR ROLLIN fez parte do cerco inicial às duas viaturas

para impedir que essas deixassem o local. Ele esteve desde o início do evento investigado,

tendo aparecido durante a condução de GIOVANNI REGAZZO até a viatura ASTRA. Ele

presenciou a professora SÔNIA MALUF sentar no capô da viatura e esteve durante todo o

tempo ao redor do veículo oficial, impedindo, juntamente com outros alunos, que este

saísse do Bosque.

Na foto constante no Processo 5013638-

09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 57 VITOR ROLLIN aparece cercando a

viatura ASTRA. No vídeo referido na p. 58 do evento acima como

“VitorRollinPrudencio001.mp4” VITOR ROLLIN aparece cercando a viatura ASTRA e

defendendo a conduta de JOÃO VITOR DE ARAÚJO perante o Agente de Segurança da

UFSC. A advertência visava a desobstruir o caminho para o deslocamento da viatura e

evitar que danos lhe fossem causados.

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 55

Conclusão

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(...)Agente de Segurança da UFSC - “Ô, avisa ele aí, ô! Ô camarada. Ô camarada.” (JOÃO VICTOR sevira)Agente de Segurança - Ô, camarada! “Tás” amassando o capô, aí, ô. (JOÃO VICTOR faz um gesto)VITOR ROLLIN PRUDÊNCIO - Mas é assim mesmo. Ele sobe, depois.Agente de Segurança - Não, ele arranha. Uma pintura ali é uns quinhentos, mil reais, a pintura de umcapô, cara.VITOR ROLLIN PRUDÊNCIO - Na realidade é borracha embaixo.Agente de Segurança da UFSC - Diz pra ele evitar, senão vai gastar uns mil reais na pintura docapô.PEDRO HENRIQUE MASTRANGI - A gente paga depois.SEGURANÇA DA UFSC - “Tás” amassando aí, cara.JOÃO VICTOR: (Ininteligível)Agente de Segurança da UFSC - “Tás” amassando aí, cara.JOÃO VICTOR: (Ininteligível) ...Tira a polícia que a gente vai tirar tudo.

Na foto que aparece na p. 58 do Evento 16,

OUT2, VITOR ROLLIN PRUDÊNCIO, aparece atuando junto com os demais estudantes

(na presença também do professor PAULO RIZZO) ao redor da viatura do DESEG. Na

foto que aparece na p. 59 do Evento 16 possível verificar que VITOR ROLLIN

PRUDENCIO (indicado pela seta grande), de camiseta vermelha e calça de brim, colocou-

se junto à barreira humana que se opôs à ação da Tropa de Choque da Polícia Militar.

Destaque para o fato de VITOR estar com um pedaço de madeira na mão, à frente dos

demais alunos. A foto reproduz o momento em que a Polícia Militar (PM) se preparava

para resgatar o usuário de drogas GIOVANNI REGAZZO, sob escolta do Agente de

Segurança da UFSC que se encontrava no interior da viatura do DESEG. O círculo com a

seta pequena em seu interior indica o posicionamento da viatura do DESEG. Na foto

abaixo, na mesma página 59, é possível visualizar VITOR ROLLIN PRUDÊNCIO

postado atrás da barricada de resistência formada para o enfrentamento da tropa de

choque. VITOR ROLLIN aparece posicionado no lado esquerdo do vídeo referido como

“VitorRollinPrudencio002.mp4” na p. 60 do evento 16.

Ao participar de atos de grave ameaça e

violência, atos estes que tiverem por fim favorecer Giovanni Regazzo, Ailson Ribeiro

Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e Andrey Leiria Gonçalves, inicialmente

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 56

Conclusão

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contra agentes da Polícia Federal e agentes de segurança da UFSC e depois contra

autoridades policiais, que funcionavam em processo policial e judicial (o TC e os atos

subsequentes são um processo híbrido), VITOR ROLLIN PRUDÊNCIO praticou o crime

previsto no art. 344 do Código Penal. Cabível a suspensão se favoráveis os

antecedentes.

EVERTON MACHADO VASQUES (9) é aluno

da UFSC, do curso de Engenharia de Produção Civil. EVERTON MACHADO

VASQUES, indivíduo de óculos escuros, barba, camiseta cinza e com alças de cor preta

sobre os ombros, participou ativamente dos atos de resistência à atuação policial na tarde

do dia 25/03/2014.

Nas fotos dispostas no Processo 5013638-

09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 60-62 EVERTON aparece em meio aos

estudantes postado no entorno das viaturas oficiais utilizadas na ação policial. Na segunda

foto da página 61 do Evento 16, OUT2, EVERTON aparece novamente juntamente com

outros alunos realizando cerco à viatura GM/ASTRA da Polícia Federal. Percebe-se que

ele está manuseando, possivelmente, um celular. Na primeira imagem da página 62 do

Evento 16, OUT2, em outra perspectiva, é possível identificar EVERTON VASQUEZ

compondo a multidão de pessoas que se juntou, impedindo o deslocamento das viaturas

oficiais. Na foto seguinte EVERTON VASQUEZ foi fotografado na linha de frente da

barreira de resistência formada entre as viaturas e o avanço da Tropa de Choque da

Polícia Militar. À esquerda, ele aparece em detalhe.

Ao participar de atos de grave ameaça e

violência, atos estes que tiverem por fim favorecer Giovanni Regazzo, Ailson Ribeiro

Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e Andrey Leiria Gonçalves, inicialmente

contra agentes da Polícia Federal e agentes de segurança da UFSC e depois contra

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 57

Conclusão

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autoridades policiais, que funcionavam em processo policial e judicial (o TC e os atos

subsequentes são um processo híbrido), EVERTON MACHADO VASQUES praticou o

crime previsto no art. 344 do Código Penal. Cabível a suspensão se favoráveis os

antecedentes.

VITOR DANIEL BREDA (32) é aluno da UFSC,

do curso de Geografia. Foi possível verificar que VITOR DANIEL BREDA se opôs à ação

policial no dia 25 de março de 2014, na UFSC. No vídeo referido no Processo 5013638-

09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 63 como “VitorDanielBreda001.mp4”,

fica evidenciado que VITOR DANIEL utiliza força física para impedir o deslocamento do

Policial Federal BRUNO BORGES, logo após este ter solicitado identificação da

professora SONIA MALUF.

O vídeo mostra que o policial precisa empreender

necessário desforço para se desvencilhar da resistência física oposta por VITOR DANIEL

BREDA, enquanto este tenta lhe impedir o deslocamento.

Na segunda foto que consta na p. 63, acima

citada, aparece imagem de VITOR DANIEL se manifestando para câmera.

VITOR DANIEL BREDA foi identificado entre os

alunos que causaram danos à viatura oficial GM/ASTRA. O vídeo identificado no Processo

5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 64 como

“VitorDanielBreda002.avi” e a sequência de fotos constante na mesma página e evento

mostram que ele empreendeu esforço físico que, somado ao dos outros acusados, foi eficaz

para o tombamento da viatura.

Ao praticar atos que culminaram com o uso de

grave ameaça e depois violência, atos estes que tiverem por fim favorecer

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 58

Conclusão

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Giovanni Regazzo, Ailson Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro

e Andrey Leiria Gonçalves, inicialmente contra agentes da Polícia Federal e

agentes de segurança da UFSC e depois contra autoridades policiais, que

funcionavam em processo policial e judicial (o TC e os atos subsequentes são um

processo híbrido), VITOR DANIEL BREDA praticou o crime previsto no art. 344 do

Código Penal. Ao participar da depredação da viatura GM/Astra, placa MFQ-1375,

da União/Departamento de Polícia Federal, VITOR DANIEL BREDA causou danos

a tal viatura. Em assim agindo, incidiu nas penas do art. 163, parágrafo único, III do

CP c/c 69 do CP. Incabível a suspensão, pois a soma das penas mínimas é

superior a um ano.

YGOR GRIGOL (35) é aluno do curso de

Geologia da UFSC. Conforme foi possível verificar, YGOR GRIGOL apareceu nas

filmagens pela primeira vez no momento da discussão sobre a retirada do detido de dentro

da viatura do DESEG. Ele aparece em destaque na foto constante do Processo 5013638-

09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, Página 66. Quando foi formada a barricada de

alunos, YGOR GRIGOL passou a ter atuação relevante. A segunda foto do Evento 16,

OUT2, Página 66 mostra YGOR na posse de um tronco de árvore. Ele se mantém em

posição, frente aos demais alunos, enquanto a Tropa de Choque se desloca de encontro. Na

sequência dos acontecimentos, o acusado passou agir de forma violenta, depredando e

contribuindo fisicamente para o tombamento das viaturas. Na primeira foto da página 67

do evento 16, OUT2 YGOR arremessa pedra contra veículo ASTRA. No foto seguinte

YGOR GRIGOL aparece depredando a viatura com um pedaço de madeira. Durante a

análise dos vídeos, a PF verificou o momento em que o Agente de Polícia Federal MAURO

MACHADO é ferido pela pedra arremessada por YGOR GRIGOL. Foi possível visualizar

que YGOR arremessa a pedra que o acertou, causando-lhe ferimento na cabeça.

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 59

Conclusão

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A pedra foi lançada por YGOR no momento em

que o APF MAURO MACHADO se retirava da viatura. Ele foi obrigado a deixar o interior

desta em razão do ataque sofrido pelas pauladas desferidas por outro estudante

identificado que efetivamente quebrou os vidros laterais do veículo.

Na sequência de fotos que aparecem na p. 68 do

Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, ao fundo, é possível

acompanhar a trajetória da pedra que atingiu a parte posterior da cabeça do policial.

A filmagem sob o título “Ygor Grigol001”, na p. 68

do Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, proporciona a

observação do momento em que o policial é atingido pela pedra.

A partir da análise do outro vídeo obtido, que foi

gravado simultaneamente, porém de outro ângulo, YGOR GRIGOL é identificado

correndo com uma pedra cujo tamanho lhe consome a força das duas mãos para o

arremesso realizado. A foto constante na p. 68 do referido evento 16 ilustra o momento e o

vídeo sequente mostra a conduta de YGOR, que se inicia próximo aos 3s.

A seguir, a partir da análise dos dois vídeos, à

investigação foi inserido trabalho realizado pela perícia da Polícia Federal, que viabilizou

a sincronização dos dois vídeos obtidos gravados simultaneamente, mas a partir de ângulos

opostos.

Tendo como ponto de partida um feixe de luz

vermelha, presente em ambos os vídeos e que representa um momento comum dos fatos

ocorridos, foi possível sincronizá-los. A partir de então foi possível identificar que a pedra

lançada por YGOR GRIGOL seria a mesma pedra que atingiu o policial MAURO

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 60

Conclusão

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MACHADO.

No vídeo colocado ao lado esquerdo, aos 23

segundos, YGOR GRIGOL aparece correndo em direção à viatura onde estavam os

policiais, com uma pedra nas mãos. Logo na sequência, observando o vídeo colocado ao

lado direito, é possível visualizar o policial MAURO MACHADO saindo pela porta

dianteira direita da viatura ASTRA e sendo atingido pela pedra lançada. Para a melhor

visualização é recomendado que seja realizada quadro a quadro, com o vídeo em câmera

lenta. A ligação para se chegar ao vídeo está na p. 69 do Processo 5013638-

09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT2, com o nome de “Sincronização de vídeos”.

Ademais, importante a visualização dos demais

vídeos dispostos sob a ligação com os nomes de “Ygor Grigol002”, “Ygor Grigol003” e

“Ygor Grigol004”, na p. 70 do Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16,

OUT2, que permite observar o posicionamento de YGOR GRIGOL no dia dos fatos.

Conforme consta em banco de dados do SISP/SC,

YGOR GRIGOL tem Boletim de Ocorrência em 15/08/2013, relacionando o indivíduo

como autor de “Lesão corporal dolosa c/ mulher (Violência doméstica), Ameaça contra

mulher (Violência doméstica), Outros (Violência doméstica).

Ao usar de violência com o fim de favorecer

Giovanni Regazzo, Ailson Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro

e Andrey Leiria Gonçalves, inicialmente contra agentes da Polícia Federal e

agentes de segurança da UFSC e depois contra autoridades policiais, que

funcionavam em processo policial e judicial (o TC e os atos subsequentes são um

processo híbrido), YGOR GRIGOL praticou o crime previsto no art. 344 do Código

Penal. Ao usar de violência, causou lesões corporais no policial MAURO

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 61

Conclusão

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MACHADO, conforme laudo sob Evento 3, DESP2, Página 5, incidindo, assim, nas

penas do art. 129, “caput” do CP. O laudo referido não descartou a possibilidade

de incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias, debilidade

permanente de membro, sentido ou função, incapacidade permanente para o

trabalho, enfermidade incurável, perda ou inutilização do membro, sentido ou

função ou deformidade permanente. Entretanto, tais causas de aumento

dependeriam da evolução mórbida do processo, o que seria reavaliado 30 dias

após o laudo. Tal reavaliação não foi feita, de modo que permanece o

enquadramento na forma simples do art. 129 do CP. Ao participar da depredação

da viatura GM/Astra, placa MFQ-1375, da União/Departamento de Polícia Federal,

YGOR GRIGOL causou danos a tal viatura. Em assim agindo, incidiu nas penas do

art. 163, parágrafo único, III do CP c/c 69 do CP. Incabível a suspensão pela soma

das penas mínimas.

MATHEUS EIJI NOGUEIRA IKEZAWA (22) é

aluno da UFSC, do curso de Oceanografia. Foi possível verificar que MATHEUS teve

participação ativa nos delitos ocorridos no dia 25 de março de 2014, na UNIVERSIDADE

FEDERAL DE SANTA CATARINA, principalmente, no que se refere à depredação do

veículo da Polícia Federal e, como consequência de seus atos, oferecendo risco contra a

vida e integridade física dos policiais ARY COPETTI, MAURO MACHADO e DANILO

TOMAZELA, que se encontravam no interior do veículo ASTRA.

No Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC,

Evento 16, OUT3, Página 1, há uma foto em que MATHEUS IKEZAWA é identificado

no bosque e outra em que aparece MATHEUS com o tronco que utilizou para desferir

golpes.

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 62

Conclusão

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Na foto que consta na p. 2 do Evento 16, OUT3,

MATHEUS IKEZAWA, utilizando o pedaço de pau, desfere golpes contra o vidro lateral

da viatura, enquanto o policial Copetti, na posição do motorista, tentava retirar a viatura

do campus. Os vídeos constantes no evento 16, OUT3, Página 2 reproduzem os detalhes

da ação. Cabe destacar a sequência em que MATHEUS, primeiro, quebra o vidro traseiro

e, depois, parte para golpear o vidro dianteiro do motorista da viatura policial. Vídeo

intitulado “MattheusEijiNogueiraIkezawa001.avi”.

Nas imagens constantes do vídeo intitulado

“MattheusEijiNogueiraIkezawa002.avi” MATHEUS participa das ações que foram eficazes

para o tombamento da viatura ASTRA.

Foi possível verificar que MATHEUS IKEZAWA

atentou também contra a integridade física do grupo de Policiais Militares. Ele foi filmado

lançando um pedaço de pau contra a Tropa de Choque. As imagens constantes do vídeo

intitulado “MattheusEijiNogueiraIkezawa003.avi” mostram o fato.

Ao praticar atos de grave ameaça e violência,

atos estes que tiverem por fim favorecer Giovanni Regazzo, Ailson Ribeiro

Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e Andrey Leiria Gonçalves,

inicialmente contra agentes da Polícia Federal e agentes de segurança da UFSC e

depois contra autoridades policiais, que funcionavam em processo policial e judicial

(o TC e os atos subsequentes são um processo híbrido), MATHEUS EIJI

NOGUEIRA IKEZAWA praticou o crime previsto no art. 344 do Código Penal. Ao

participar da depredação e tombamento da viatura GM/Astra, placa MFQ-1375, da

União/Departamento de Polícia Federal, MATHEUS EIJI NOGUEIRA IKEZAWA

causou danos a tais viaturas. Em assim agindo, incidiu nas penas do art. 163,

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 63

Conclusão

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parágrafo único, III do CP c/c 69 do CP. Incabível a suspensão pela soma das

penas mínimas.

CESAR RAMI PEREIRA DA CUNHA

TAVARES (5) é aluno da UFSC, do curso Serviço Social. Conforme consta no Processo

5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT3, Página 3, CÉZAR RAMI PEREIRA

DA CUNHA TAVARES foi identificado como um dos alunos que agiu no sentido de

impedir e resistir à atuação policial no dia 25 de março, no campus da UFSC. Ele atuou

também na depredação dos veículos oficiais.

Para facilitar a constatação dos delitos

praticados por CÉZAR RAMI, cabe destacar que, no dia dos fatos, ele estava vestido de

camisa verde e bermuda azul clara, e portava uma mochila preta com contornos claros.

Na imagem constante do Evento 16, OUT3,

Página 4, CÉZAR RAMI sobe na viatura do DESEG/UFSC. Destaque para o gestual.

Na mesma página e evento, bem como na p. 5, as

imagens mostram CESAR RAMI na linha de frente do cerco montado, tendo à frente o

professor PAULO PINHEIRO MACHADO.

CESAR RAMI, como se pode depreender das

imagens no Evento 16, OUT3, Página 5, lançou uma pedra na direção da viatura

GM/ASTRA, de propriedade da Polícia Federal, causando-lhe danos no para-brisas. O fato

também aparece no vídeo denominado, no mesmo evento, como

“CezarRamiPereiraDaCunhaTavares001.mp4”. Nas fotos do Evento 16, OUT3, Página 5,

aparece em destaque, CESAR RAMI atirando a pedra no para-brisa. Além da depredação

da viatura GM/ASTRA, CESAR RAMI participou do tombamento do seu tombamento e

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 64

Conclusão

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também do tombamento da L200 da DESEG (evento 16, OUT3, Página 6).

Na foto constante do evento 16, OUT3, Página 6,

CEZAR RAMI está, juntamente com outros alunos, tombando o ASTRA da Polícia

Federal.

No vídeo identificado no evento 16, OUT3, Página

7 com o título “..\VÍDEOS GERAIS\2 - Barreira e Destruição\5 - Tombamento das

viaturas.avi, é retratado o momento imediatamente anterior à virada da viatura oficial da

Polícia Federal. Observa-se que, logo após se ouvir um grito uníssono de “Vira, vira!”,

CESAR RAMI aparece gesticulando, movendo o braço. Neste instante é possível escutar o

seguinte: “Vem virar!” Na sequência, uma turba inicia brados de “Vira, vira!” e o alunos

partem para realizar o tombamento das viaturas.

Ao participar de atos que culminaram com o

uso de grave ameaça e depois violência, atos estes que tiverem por fim favorecer

Giovanni Regazzo, Ailson Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro

e Andrey Leiria Gonçalves, inicialmente contra agentes da Polícia Federal e

agentes de segurança da UFSC e depois contra autoridades policiais, que

funcionavam em processo policial e judicial (o TC e os atos subsequentes são um

processo híbrido), CESAR RAMI PEREIRA DA CUNHA TAVARES praticou o

crime previsto no art. 344 do Código Penal. Ao depredar e capotar as viaturas

GM/Astra, placa MFQ-1375, da União/Departamento de Polícia Federal e

Mitsubishi/L200, placa MLV-2889, da Universidade Federal de Santa Catarina

CESAR RAMI PEREIRA DA CUNHA TAVARES causou danos a tais viaturas. Em

assim agindo, incidiu nas penas do art. 163, parágrafo único, III do CP c/c 69 do

CP. Incabível a suspensão pela soma das penas mínimas.

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 65

Conclusão

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GABRIEL FABBRO é aluno da UFSC, do curso

de GEOGRAFIA. Foi possível verificar que GABRIEL FABBRO teve participação ativa

nos delitos ocorridos no dia 25 de março, na UFSC, principalmente no que se refere à

participação na conduta de apropriação de objetos que se encontravam no interior da

viatura oficial GM/ASTRA da Polícia Federal, após esta ter sido depredada.

GABRIEL FABBRO (13) esteve presente desde o

início das ações que impediram a atuação dos agentes da Polícia Federal. Nos momentos

iniciais, quando a professora SONIA MALUF sentou-se no capô da viatura oficial ASTRA,

é possível identificar, na foto constante do Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC,

Evento 16, OUT3, Página 8, a presença de GABRIEL FABBRO (camiseta preta sem

mangas).

A imagem constante no Evento 16, OUT3, Página

8, capturada de vídeo disponível realizado no dia 25 de março, traz, em detalhe, as

características faciais de GABRIEL FABBRO.

Na imagem constante do Evento 16, OUT3,

Página 9, GABRIEL FABBRO, juntamente com outros estudantes, escora-se no capô da

viatura do DESEG/UFSC, ocupando posição física que obstrui a saída da viatura.

Após a virada das viaturas oficiais, através da

análise das imagens de vídeo, foi possível identificar que GABRIEL FABBRO realizou a

retirada de um objeto da viatura ASTRA da Polícia Federal. Observa-se que referido

material possui forma longilínea, de cor preta, tendo em sua extremidade superior brilho

característico da munição 9mm utilizada pela Polícia Federal. No corpo do objeto é

possível também observar a existência de composição fosca, que é conforme com o

polipropileno que compõem a base de um carregador de pistola da marca utilizada pela

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 66

Conclusão

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Polícia Federal.

É pertinente destacar que o policial COPETTI

informou o furto de um carregador de pistola Glock 9mm de propriedade do Departamento

de Polícia Federal que lhe é acautelada. Ele relatou que o carregador desaparecido se

encontrava no interior da viatura GM/ASTRA que foi virada pelos estudantes, em lugar

compatível ao que GABRIEL FABBRO apanha o objeto em questão.

Por meio da visualização do vídeo é possível

observar os detalhes da conduta narrada protagonizada por GABRIEL FABBRO.

Destaque para o áudio, no qual se percebe a fala de GABRIEL: “Ei, vamos comprar um

beque”. O vídeo se encontra identificado no Evento 16, OUT3, Página 10 como

”GabrielFabbro001.mpg”.

Conforme consta em banco de dados do SISP/SC,

GABRIEL FABBRO possui Boletim de Ocorrência registrado em 26/01/2014, de lesão

corporal dolosa contra mulher, Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha).

Ao participar de atos de grave ameaça e

violência, atos estes que tiverem por fim favorecer Giovanni Regazzo, Ailson Ribeiro

Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e Andrey Leiria Gonçalves, inicialmente

contra agentes da Polícia Federal e agentes de segurança da UFSC e depois contra

autoridades policiais, que funcionavam em processo policial e judicial (o TC e os atos

subsequentes são um processo híbrido), GABRIEL FABBRO praticou o crime previsto no

art. 344 do Código Penal. Ao furtar um carregador de pistola Glock 9mm de propriedade

do Departamento de Polícia Federal que se encontrava no interior da viatura GM/Astra,

placa MFQ-1375, da União/Departamento de Polícia Federal, GABRIEL FABBRO incidiu

nas penas do art. 155, § 4º, IV do CP c/c art. 16 da Lei nº 10.826/03, na forma do art. 70,

esclarecendo o MPF que as provas do IPL indicam que a prática do crime do art. 16 da lei

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 67

Conclusão

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nº 10.826/03 não resultou de desígnio autônomo. Incabível a suspensão.

GABRIEL FELIPPI (14) é aluno da UFSC, do

curso Letras - Francês. GABRIEL FELIPPI participou dos atos de resistência à atuação

policial e de depredação de viaturas oficiais no Campus da UFSC, no dia 25/03/2014.

A partir das imagens obtidas foi possível

identificar que GABRIEL FELIPPI estava trajando camiseta preta, com uma gravura na

parte da frente, com alças da mochila de cor clara aparentes sobre os ombros, além de

uma bermuda de cores amarela e cinza.

Na foto constante do Processo 5013638-

09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT3, Página 11, GABRIEL FELIPPI aparece

debruçado sobre a viatura oficial do DESEG/UFSC, impedindo, juntamente com outros

alunos, o seu deslocamento.

A primeira imagem constante do evento 16,

OUT3, Página 12 mostra GABRIEL FELIPPI, de costas, em cima da viatura do

DESEG/UFSC, impedindo a sua movimentação. Veja-se, no evento 16, OUT3, Página 12,

com o título “GabrielFelippi001.avi”, o vídeo relacionado à foto. Destaque para os gritos:

“libera, libera”.

Nas duas imagens seguintes, uma sendo a

segunda imagem constante do evento 16, OUT3, Página 12 e outra sendo a primeira

imagem da p. 13, logo atrás do Professor PAULO PINHEIRO, GABRIEL FELIPPI

aparece compondo a linha de frente na barreira formada pelos alunos.

Após ter atuado na resistência à ação da tropa de

choque, GABRIEL FELIPPI atua também no tombamento da viatura oficial ASTRA. As

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 68

Conclusão

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R. PASCHOAL A. PITSICA, 4876, TORRE 1, ÁTICO – ED. LUIZ E. DAUX - FPOLIS - SC – 88025-255 - FONES: (48) 2107-6200 – www.prsc.mpf.mp.br - [email protected]

imagens nas páginas 13 e 14 do evento 16, OUT3 mostram GABRIEL FELIPPI

empreendendo força eficaz para, junto com outros indivíduos, tombar a viatura.

Na sequência das fotos da p. 14 do evento 16,

OUT3, GABRIEL FELIPPI integra o grupo de indivíduos que se dirige à viatura L200 do

DESEG para tombá-la.

Nas fotos das pp. 15 e 16 do evento 16, OUT3

aparecem as viaturas tombadas, como resultado das condutas.

O vídeo mencionado na p. 16 do evento 16,

OUT3, só o título “\\Operaufsc\OPERACAO UFSC\EVENTOS\DANO\ASTRA\Vídeo 8

arruaceiros tombando as viaturas ótimo vídeo.avi” reproduz a dinâmica.

Conforme consta em banco de dados do SISP/SC,

GABRIEL FELIPPI foi preso em 18/02/2014 com um cigarro de maconha, pesando 1,3

gramas, no referido bosque da UFSC (Lei 11.343/06).

Ainda, em pesquisa no site do TJ.SC, GABRIEL é

réu em processo criminal nº 0016618-20.2014.8.24.0023 – Carta precatória criminal.

Ao participar de atos de grave ameaça e

violência, atos estes que tiverem por fim favorecer Giovanni Regazzo, Ailson

Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e Andrey Leiria

Gonçalves, inicialmente contra agentes da Polícia Federal e agentes de segurança

da UFSC e depois contra autoridades policiais, que funcionavam em processo

policial e judicial (o TC e os atos subsequentes são um processo híbrido),

GABRIEL FELIPPI praticou o crime previsto no art. 344 do Código Penal. Ao

participar da depredação e tombamento das viaturas GM/Astra, placa MFQ-1375,

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 69

Conclusão

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da União/Departamento de Polícia Federal e Mitsubishi/L200, placa MLV-2889, da

Universidade Federal de Santa Catarina, GABRIEL FELIPPI causou danos a tais

viaturas. Em assim agindo, por duas vezes, incidiu nas penas do art. 163,

parágrafo único, III do CP c/c 69 do CP. Incabível a suspensão pela soma das

penas mínimas.

GABRIEL NICOLODELLI DA SILVA (15) é

aluno da UFSC, do curso de Educação Física. GABRIEL NICOLODELLI foi identificado

entre os estudantes que participaram dos atos de resistência à atuação policial no Campus

da UFSC, no dia 25/03/2014.

Na segunda foto do Processo 5013638-

09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT3, Página 17 pode-se perceber que GABRIEL

NICOLODELLI esteve presente no início do conflito. Ele presenciou os atos da professora

SONIA MALUF, do professor WAGNER DAMASCENO e de outros alunos. No evento

16, OUT3, Página 18 a imagem mostra GABRIEL NICOLODELLI compondo a

aglomeração que foi eficaz para impossibilitar a continuidade da atuação policial. Ele se

posicionou de forma a impedir a saída da viatura ASTRA.

No momento em que a Tropa de Choque realizava

manobra de retirada do campus, GABRIEL NICOLODELLI foi filmado arremessando um

artefato de madeira em direção à guarnição. O vídeo identificado no evento 16, OUT3,

Página 18 como “GabrielNicolodelliDaSilva001.avi” mostra o exato momento.

As fotos constantes no evento 16, OUT3, Página

19 detalham o momento narrado.

Após o conflito e depredação das viaturas, a partir

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 70

Conclusão

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da filmagem realizada por emissoras de televisão, foi possível capturar a sequência de

imagens constantes no evento 16, OUT3, Página 20. GABRIEL NICOLODELLI aparece

juntamente com GABRIEL FABBRO explorando o interior da viatura de propriedade da

Polícia Federal, no momento em que esta já tinha sido tombada pelos estudantes.

Destaca-se que, quando os policiais foram

obrigados a abandonar a viatura ASTRA, em virtude dos ataques sofridos, no interior

daquela foram deixados pertences pessoais e de trabalho

A foto seguinte (evento 16, OUT3, Página 21)

mostra o momento em que GABRIEL FABBRO levanta um objeto (possivelmente o

carregador da pistola GLOCK 9mm) e diz: “Ei, vamos comprar um back!”. GABRIEL

NICOLODELLI permanece abaixado.

O fato pode ser observado no vídeo identificado no

evento 16, OUT3, Página 21 com o título “GabrielNicolodelliDaSilva002.mpg”.

Ao participar de atos de grave ameaça e

violência, atos estes que tiverem por fim favorecer Giovanni Regazzo, Ailson Ribeiro

Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e Andrey Leiria Gonçalves, inicialmente

contra agentes da Polícia Federal e agentes de segurança da UFSC e depois contra

autoridades policiais, que funcionavam em processo policial e judicial (o TC e os atos

subsequentes são um processo híbrido), GABRIEL NICOLODELLI DA SILVA praticou o

crime previsto no art. 344 do Código Penal. Ao participar de furto de bens que se

encontravam no interior da viatura GM/Astra, placa MFQ-1375, da União/Departamento

de Polícia Federal, GABRIEL NICOLODELLI DA SILVA incidiu nas penas do art. 155, §

4º, IV do CP. Incabível a suspensão pela soma das penas mínimas.

ALEXANDRE NIEDERAUER RAMOS (1) é

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 71

Conclusão

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aluno da UFSC, do curso de Engenharia de Aquicultura. Foi possível verificar que

ALEXANDRE NIEDERAUER RAMOS se opôs à ação policial no dia 25 de março de

2014, na UFSC. Na foto constante do Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento

16, OUT3, Página 22 se percebe que ele aparece debruçado sobre a viatura obstruindo a

porta. Ao lado dele está GABRIEL NICOLODELLI e, do outro lado, JOÃO VICTOR DE

ARAÚJO.

Em outro momento, o policial COPETTI adverte

ALEXANDRE NIEDERAUER RAMOS com o intuito de retirá-lo da frente da porta da

viatura ASTRA.

Ao participar de atos que culminaram com grave

ameaça e violência, atos estes que tiverem por fim favorecer Giovanni Regazzo, Ailson

Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e Andrey Leiria Gonçalves,

inicialmente contra agentes da Polícia Federal e agentes de segurança da UFSC e depois

contra autoridades policiais, que funcionavam em processo policial e judicial (o TC e os

atos subsequentes são um processo híbrido), ALEXANDRE NIEDERAUER RAMOS

praticou o crime previsto no art. 344 do Código Penal. Cabível a suspensão, se favoráveis

os antecedentes.

NICHOLLAS BICHUETE MUNHOZ (24)é

aluno do curso de História da UFSC. NICHOLLAS MUNHOZ, destacado na foto

constante do Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT3, Página 23,

com uma seta vermelha, esteve presente no dia dos fatos investigados. Ele aparece nas

fotos e imagens obtidas trajando bermuda escura, camisa listrada de cores vermelha e

branca, além de uma mochila escura. Esteve presente desde o início da coação oposta aos

policiais federais.

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 72

Conclusão

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Na imagem constante do Processo 5013638-

09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT3, Página 24 NICHOLAS MUNHOZ se posiciona

impedindo a movimentação das viaturas oficiais. Ele aparece ao redor da viatura do

DESEG/UFSC, aderindo ao coro realizado pelos demais estudantes que entoam palavras

que remetem aos atos de coação praticados.

NICHOLLAS MUNHOZ realiza conduta eficaz

no sentido de depredar a viatura GM/ASTRA de propriedade da Polícia Federal. Primeiro,

observado no centro do vídeo, ele empreende força física para chutar a lataria do veículo e

depois para lançar pedra contra o mesmo. As condutas de NICHOLLAS podem ser vistas

no vídeo identificado no Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT3,

Página 24 com o título “NichollasBichueteMunhoz001.avi”.

As imagens constantes do evento 16, OUT3,

Página 25, capturadas do vídeo acima mencionado, representam, em detalhe, as

sequências principais da conduta perpetrada.

As imagens constantes do evento 16, OUT3,

Página 26 mostram NICHOLLAS arremessando pedra que vai em direção à viatura

GM/ASTRA.

Ao participar de atos de grave ameaça e

violência, atos estes que tiverem por fim favorecer Giovanni Regazzo, Ailson

Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e Andrey Leiria

Gonçalves, inicialmente contra agentes da Polícia Federal e agentes de segurança

da UFSC e depois contra autoridades policiais, que funcionavam em processo

policial e judicial (o TC e os atos subsequentes são um processo híbrido),

NICHOLLAS BICHUETE MUNHOZ praticou o crime previsto no art. 344 do Código

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 73

Conclusão

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Penal. Ao participar da depredação da viatura GM/Astra, placa MFQ-1375, da

União/Departamento de Polícia Federal, NICHOLLAS BICHUETE MUNHOZ

causou danos a tal viatura. Em assim agindo, incidiu nas penas do art. 163,

parágrafo único, III do CP c/c 69 do CP. Incabível a suspensão pela soma das

penas mínimas.

DIEGO OSSIDO ALVES (6) é aluno da UFSC,

do curso de Administração. DIEGO OSSIDO ALVES participou dos atos de resistência à

atuação policial e depredação do patrimônio público. DIEGO aparece na imagem

constante do Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT3, Página 27

trajando camiseta laranja sem mangas e bermuda verde.

Na foto constante do mesmo Evento 16, OUT3,

Página 28, copiando a conduta inicialmente praticada pela professora SÔNIA MALUF,

DIEGO também aparece sentado no capô da viatura.

A seguir (Evento 16, OUT3, Página 28, segunda

foto), DIEGO aparece em outros dois momentos. Logo abaixo (Evento 16, OUT3, Página

28) ele aparece debruçado sobre o capô da viatura do DESEG.

Em outro momento (Evento 16, OUT3, Página 29)

DIEGO aparece junto à multidão de alunos, na parte traseira da viatura oficial da Polícia

Federal, impedindo que a mesma pudesse se deslocar à marcha ré.

No Evento 16, OUT3, Página 29, o vídeo em que

DIEGO depreda a viatura ASTRA é identificado como “DiegoOssidoAlves001.mp4”.

Na sequência de fotos constantes do Evento 16,

OUT3, Página 30, juntamente com outros indivíduos, DIEGO OSSIDO ALVES, sem

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 74

Conclusão

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camisa e apenas de bermuda verde, aparece desferindo golpes na parte frontal da viatura

GM/ASTRA, de propriedade da Polícia Federal. Ele utiliza um artefato de madeira para

causar danos ao veículo oficial.

Ao participar de atos de grave ameaça e

violência, atos estes que tiverem por fim favorecer Giovanni Regazzo, Ailson

Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e Andrey Leiria

Gonçalves, inicialmente contra agentes da Polícia Federal e agentes de segurança

da UFSC e depois contra autoridades policiais, que funcionavam em processo

policial e judicial (o TC e os atos subsequentes são um processo híbrido), DIEGO

OSSIDO ALVES praticou o crime previsto no art. 344 do Código Penal. Ao sentar

no capô e amassá-lo e ao participar da depredação da viatura GM/Astra, placa

MFQ-1375, da União/Departamento de Polícia Federal, DIEGO OSSIDO ALVES

causou danos a tal viatura. Em assim agindo, incidiu nas penas do art. 163,

parágrafo único, III do CP c/c 69 do CP. Incabível a suspensão pela soma das

penas mínimas.

LUCAS DE ABREU BORSUK (21) é aluno da

UFSC, do curso de Geologia. LUCAS DE ABREU BORSUK teve participação nos atos de

resistência e depredação, conforme os vídeos e imagens demonstraram. Ele estava de

camisa preta e bermuda bege.

Na foto constante do Evento 16, OUT3, Página

31, LUCAS forma a barreira humana oposta à ação da polícia no campus da UFSC.

Abaixo, Evento 16, OUT3, Página 32, por outro

ângulo, LUCAS aparece na linha de frente formada pelos alunos, logo atrás do professor

PAULO PINHEIRO MACHADO.

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 75

Conclusão

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Após a intervenção da tropa de choque e a

retirada do indivíduo detido, um grupo de alunos destruiu as viaturas. LUCAS foi

identificado por fotos e vídeo praticando as condutas reproduzidas no vídeo identificado no

Evento 16, OUT3, Página 34 como “LucasDeAbreuBorsuk001.avi”. As fotos estão nas

páginas 33 e 34.

Ao participar de atos de grave ameaça e

violência, atos estes que tiverem por fim favorecer Giovanni Regazzo, Ailson

Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e Andrey Leiria

Gonçalves, inicialmente contra agentes da Polícia Federal e agentes de segurança

da UFSC e depois contra autoridades policiais, que funcionavam em processo

policial e judicial (o TC e os atos subsequentes são um processo híbrido), LUCAS

DE ABREU BORSUK praticou o crime previsto no art. 344 do Código Penal. Ao

participar da depredação das viaturas GM/Astra, placa MFQ-1375, da

União/Departamento de Polícia Federal e Mitsubishi/L200, placa MLV-2889, da

Universidade Federal de Santa Catarina, LUCAS DE ABREU BORSUK causou

danos a tais viaturas. Em assim agindo, incidiu nas penas do art. 163, parágrafo

único, III do CP c/c 69 do CP. Incabível a suspensão pela soma das penas

mínimas.

CARL LIWIES CUZUNG GAKRAN (4) é aluno

da UFSC, do curso de Licenciaturas dos Povos Indígenas – Povo Xokleng. A segunda foto

constante no Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT3, Página 35 foi

obtida no dia 25 de março do corrente ano, na UFSC. CARL LIWIES aparece de camiseta

branca e com alças de mochila aparentes.

Em outra foto (evento 16, OUT3, Página 36), de

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 76

Conclusão

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costas, percebe-se que CARL LIWIES portava uma mochila verde com a inscrição alusiva

à marca “Hang Loose”, trajava bermudas vermelhas com detalhe branco, camisa branca e

utilizava um colar característico de artesanato indígena.

Inicialmente foi possível verificar que CARL

LIWIES CUZUNG GAKRAN se opôs à ação policial. Ele aparece ao redor da viatura

ASTRA, posicionado próximo à porta do motorista (evento 16, OUT3, Página 36, segunda

foto).

Observa-se, a partir das fotos a seguir (evento 16,

OUT3, Páginas 36 e 37), que CARL LIWIES esteve postado no bosque da UFSC desde o

início dos fatos. Logo abaixo ele aparece novamente postado ao redor da viatura oficial

ASTRA enquanto a professora aparece sentada sobre o capô.

Os vídeos (identificados no evento 16, OUT3,

Página 37 como “..\VÍDEOS GERAIS\2 - Barreira e Destruição\5 - Tombamento das

viaturas.avi e CarlLiwiesCuzungGakran001.mp4”) demonstram as ações de depredação

praticadas. Antes da observação dinâmica, a última foto constante na p. 37 do evento 16,

OUT3, foi capturada para destacar as características da vestimenta de CARL LIWIES

com o objetivo de facilitar a sua identificação nos vídeos.

Ao participar de atos de grave ameaça e

violência, atos estes que tiverem por fim favorecer Giovanni Regazzo, Ailson

Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e Andrey Leiria

Gonçalves, inicialmente contra agentes da Polícia Federal e agentes de segurança

da UFSC e depois contra autoridades policiais, que funcionavam em processo

policial e judicial (o TC e os atos subsequentes são um processo híbrido), CARL

LIWIES CUZUNG GAKRAN praticou o crime previsto no art. 344 do Código Penal.

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 77

Conclusão

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Ao participar da depredação e tombamento da viatura GM/Astra, placa MFQ-1375,

da União/Departamento de Polícia Federal, CARL LIWIES CUZUNG GAKRAN

causou danos a tal viatura. Em assim agindo, incidiu nas penas do art. 163,

parágrafo único, III do CP c/c 69 do CP. Incabível a suspensão pela soma das

penas mínimas.

KAINARA FERREIRA DE SOUZA (20) é aluna

da UFSC, do curso de Pedagogia. KAINARA FERREIRA DE SOUZA trajava, no dia do

evento, camiseta preta com acessório vermelho, mochila acinzentada, calça jeans e tênis

vermelho. Conforme as imagens ela cercou as viaturas e se opôs ao avanço da tropa de

choque. Na sequência (p. 38 do evento 16, OUT3), durante o avanço da tropa de choque,

KAINARA, com uma pedra, tentou quebrar o vidro lateral direito traseiro da viatura

DESEG/UFSC (imagens 1 e 2 da p. 38 do evento 16, OUT3). Os fatos aparecem nos

vídeos identificados no evento 16, OUT3, Página 38 como

“KainaraFerreiraDeSouza001.mp4 e KainaraFerreiraDeSouza002.mp4”.

KAINARA se juntou ao grupo que lançava paus e

pedras contra os policiais e participou do grupo que tombou as viaturas da PF e

DESEG/UFSC. Na p. 39 do evento 16, OUT3, em destaque nas fotos e no vídeo logo em

seguida, na p. 39 do evento 16, OUT3, aparece KAINARA arremessando pedras contra os

policiais e KAINARA participando do tombamento da viatura do DESEG/UFSC. Os fatos

aparecem nos vídeos identificados no evento 16, OUT3, Página 39 como

“KainaraFerreiraDeSouza003.avi e KainaraFerreiraDeSouza004.avi”.

Ao participar da depredação e tombamento da

viatura GM/Astra, placa MFQ-1375, da União/Departamento de Polícia Federal, e

do Mitsubishi/L200, placa MLV-2889, da Universidade Federal de Santa Catarina,

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 78

Conclusão

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KAINARA FERREIRA DE SOUZA causou danos a tais viaturas. Em assim agindo,

incidiu nas penas do art. 163, parágrafo único, III do CP c/c 69 do CP. Cabível a

suspensão se favoráveis os antecedentes.

GABRIEL DE SOUZA BEVACQUA MELO (12)

é aluno da UFSC, do curso de Ciências Sociais. GABRIEL DE SOUZA BEVACQUA

MELO foi identificado como um dos estudantes que coagiu os policiais a não lavrarem o

TC e, também, depredou as viaturas públicas no dia 25/03/2014. A imagem constante do

Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT3, Página 40 identifica

GABRIEL MELO, que estava com cabelos compridos presos, com uma bata de tecido

florido fechada com botões.

GABRIEL MELO esteve presente desde o início

dos atos de coação, haja vista que foi filmado no mesmo momento em que a professora

SONIA MALUF ainda se encontrava sentada sobre o capô da viatura oficial ASTRA da

Polícia Federal.

Na foto constante do evento 16, OUT4, Página 1,

GABRIEL MELO aparece de perfil, com a mesma bata de tecido florido. Na foto, cabe

destacar a alça da bolsa preta que ele portava. Também é possível verificar que ele possui

uma tatuagem colorida insculpida no lado direito do pescoço.

Nos vídeos identificados no evento 16, OUT4,

Página 2 como “GabrielDeSouzaBevacquaMelo001.avi e

GabrielDeSouzaBevacquaMelo002.mp4”, GABRIEL MELO aparece num grupo de

pessoas, alunos e professores, que se opõe aos policiais que estão levando o conduzido

GEOVANI, após este ter sido flagrado usando entorpecente.

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 79

Conclusão

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As duas imagens constantes no evento 16, OUT4,

Página 2 mostram o momento em que GABRIEL MELO golpeia a parte frontal da viatura

da Polícia Federal com um pedaço de pau.

Os vídeos identificados no evento 16, OUT4,

Página 2 como “GabrielDeSouzaBevacquaMelo001.avi e

GabrielDeSouzaBevacquaMelo002.mp4”, já acima mencionados, mostram a dinâmica dos

fatos.

Ao participar de atos de grave ameaça e

violência, atos estes que tiverem por fim favorecer Giovanni Regazzo, Ailson

Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e Andrey Leiria

Gonçalves, inicialmente contra agentes da Polícia Federal e agentes de segurança

da UFSC e depois contra autoridades policiais, que funcionavam em processo

policial e judicial (o TC e os atos subsequentes são um processo híbrido),

GABRIEL DE SOUZA BEVACQUA MELO praticou o crime previsto no art. 344 do

Código Penal. Ao participar da depredação da viatura GM/Astra, placa MFQ-1375,

da União/Departamento de Polícia Federal, GABRIEL DE SOUZA BEVACQUA

MELO causou danos a tal viatura. Em assim agindo, incidiu nas penas do art. 163,

parágrafo único, III do CP c/c 69 do CP. Incabível a suspensão pela soma das

penas mínimas.

FÁBIO NORIO IASUNAGA (10) é aluno da

UFSC, do curso de Química. Na foto constante do evento 16, OUT4, Página 3 FÁBIO é

fotografado frontalmente. É possível identificá-lo e destacar as características das alças de

sua mochila. FÁBIO NORIO esteve presente na linha de frente da barreira humana que

impedia a ação da polícia. A segunda foto constante do evento 16, OUT4, Página 3

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 80

Conclusão

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R. PASCHOAL A. PITSICA, 4876, TORRE 1, ÁTICO – ED. LUIZ E. DAUX - FPOLIS - SC – 88025-255 - FONES: (48) 2107-6200 – www.prsc.mpf.mp.br - [email protected]

mostra o posicionamento de FÁBIO, que está junto com outros estudantes e logo atrás do

Professor PAULO PINHEIRO.

É possível verificar que FÁBIO possui estatura

mais baixa que a do estudante GABRIEL FELIPPI, outro identificado. Foi possível

verificar as vestimentas de FÁBIO, camisa branca, com inscrição da marca “Adidas”.

A foto constante do evento 16, OUT4, Página 4

revela novamente a presença de FÁBIO na barreira, destacando que ele estava de

bermuda e “chinelos de dedo”.

Ao participar de atos que culminaram com grave

ameaça e violência, atos estes que tiverem por fim favorecer Giovanni Regazzo, Ailson

Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e Andrey Leiria Gonçalves,

inicialmente contra agentes da Polícia Federal e agentes de segurança da UFSC e depois

contra autoridades policiais, que funcionavam em processo policial e judicial (o TC e os

atos subsequentes são um processo híbrido), FÁBIO NORIO IASUNAGA praticou o

crime previsto no art. 344 do Código Penal. Cabível a suspensão se favoráveis os

antecedentes.

VINICIUS AQUINIO SILVA (31) é aluno da

UFSC, do curso de Geografia. Inicialmente foi possível verificar que VINÍCIUS

AQUÍNIO SILVA se opôs à ação policial no dia 25/03/2014, na UFSC. Primeiro

VINICIUS AQUINIO postou-se a obstaculizar a ação policial, visto que integrou a

barreira de estudantes que se formou entre os policiais e a viatura do DESEG/UFSC, no

interior da qual se encontrava o aluno detido.

As fotos constantes do evento 16, OUT4, Páginas

5 e 6 mostram AQUINIO na linha de frente da barreira formada, impedindo a atuação dos

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 81

Conclusão

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Policiais Federais destacados para resgatar o aluno detido e conduzi-lo à autoridade

policial para lavratura do Termo Circunstanciado.

A foto constante do evento 16, OUT4, Página 6

mostra AQUINIO opondo resistência também à atuação da Tropa de Choque. No momento

em que captada a imagem, o usuário de drogas GIOVANNI REGAZZO ainda se

encontrava dentro da viatura do DESEG.

Depois, VINICIUS AQUINIO se deita ao chão,

colocando-se à frente da viatura para a qual o aluno que iria assinar o TC estava sendo

encaminhado pelos policiais para a condução. Neste momento os policiais militares foram

obrigados ao uso da força necessária para desobstruir o caminho a ser percorrido pela

viatura. Eles tiveram que carregar AQUINIO, removendo-o da frente da viatura.

Os vídeos identificados no evento 16, OUT4,

Página 7 como “ViniciusAquinioSilva001.mp4 e ViniciusAquinioSilva002.mp4 e

ViniciusAquinioSilva004.mpg” retratam a narrativa dos fatos.

Faz-se também necessário destacar as ações de

VINICIUS AQUINIO no que se refere à depredação das viaturas policiais. O vídeo

identificado no evento 16, OUT4, Página 7 como “ViniciusAquinioSilva003.avi” reproduz

os fatos.

O vídeo acima referido

(ViniciusAquinioSilva003.avi) mostra VINÍCIUS AQUÍNIO, sem a mochila nas costas

(com uma camisa com o escrito APRASC), partindo para quebrar a lanterna da viatura.

Na foto constante do evento 16, OUT4, Página 8,

Vinicius Aquinio Silva retira a camiseta, utilizando-a para esconder seu rosto.

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 82

Conclusão

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Posteriormente foi possível confirmar as

vestimentas de VINÍCIUS AQUÍNIO, uma vez que ele foi fotografado na “barricada”

formada por estudantes nos arredores da reitoria (última foto constante do evento 16,

OUT4, Página 8).

Conforme consta em banco de dados do SISP/SC,

VINÍCIUS AQUÍNIO SILVA possui Boletim de Ocorrência registrado em 14/02/2014 por

ter agredido uma pessoa que esperava um ônibus alegando que “ele era militante

revolucionário e que ele aprendeu em Cuba que pessoas como o comunicante tem que ser

monitorado e eliminado quando possível”. (Tipificado como Vias de Fato).

Ao participar de atos que culminaram com

grave ameaça e violência, atos estes que tiverem por fim favorecer Giovanni

Regazzo, Ailson Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e Andrey

Leiria Gonçalves, inicialmente contra agentes da Polícia Federal e agentes de

segurança da UFSC e depois contra autoridades policiais, que funcionavam em

processo policial e judicial (o TC e os atos subsequentes são um processo híbrido),

VINICIUS AQUINIO SILVA praticou o crime previsto no art. 344 do Código Penal.

Ao depredar a viatura GM/Astra, placa MFQ-1375, da União/Departamento de

Polícia Federal, VINICIUS AQUINIO SILVA causou danos a tal viatura. Em assim

agindo, incidiu nas penas do art. 163, parágrafo único, III do CP c/c 69 do CP.

Inviável a suspensão pela soma das penas minimas.

PEDRO HENRIQUE MASTRANGI (27) é aluno

da UFSC, do curso de Ciências Sociais. PEDRO HENRIQUE atuou desde o início da

coação à atuação policial imposta por professores e alunos no campus da UFSC. Durante

a condução do estudante GIOVANI até a viatura da Polícia Federal, PEDRO HENRIQUE

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 83

Conclusão

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coagiu o curso da progressão dos policiais.

Na sequência de imagens constantes do Processo

5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT4, Páginas 10 a 15 PEDRO HENRIQUE

aparece posicionado entre o conduzido e um dos policiais. As imagens acima referidas

foram capturadas de trecho do vídeo identificado no evento 16, OUT4, Página9 como

“PedroHenriqueMastrangi001.mp4 ”.

A segunda foto constante do evento 16, OUT4,

Página 10, mostra PEDRO HENRIQUE com a mão esquerda no ombro direito do

conduzido.

A imagem a seguir (evento 16, OUT4, Página 11)

mostra PEDRO HENRIQUE fazendo força para evitar a progressão do policial, que

aparece com a mão direita sobre o ombro direito de PEDRO HENRIQUE.

Logo após os policiais terem conseguido colocar

o estudante conduzido no banco de trás da viatura da Polícia Federal, PEDRO

HENRIQUE aparece, juntamente com outros indivíduos, obstruindo a saída da viatura

oficial.

As fotos constantes do evento 16, OUT4, Página

12 mostram PEDRO HENRIQUE sendo advertido pelo policial e em seguida opondo-se à

advertência. A sequência de imagens foi retirada do mesmo vídeo acima, a partir de 1’52’’

até 3’10’’.

As últimas fotos constantes do evento 16, OUT4,

Página 12 e primeiro grupo de fotos da página 13 mostram PEDRO HENRIQUE

posicionando-se e sentando-se no para-brisas da viatura de forma a impedir a saída do

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 84

Conclusão

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veículo oficial da Polícia Federal. É possível se verificar tal fato no vídeo anteriormente

referido, no período entre 3’05” e 5’15”.

Na última foto constante do evento 16, OUT4,

Página 13, de frente para a câmera, PEDRO HENRIQUE acena para a filmagem.

A foto constante do evento 16, OUT4, Página 14

foi tirada no momento em que PEDRO HENRIQUE faz discurso para a câmera do agente

de segurança do DESEG. Conforme trecho de vídeo abaixo, PEDRO HENRIQUE fala:

“Gastando dinheiro público com pouca bosta! Uma puta estrutura policial e dinheiro público porcausa de uma merdinha. Que trabalho inútil. A sociedade não precisa desse trabalho inútil. Dinheiropúblico jogado fora, ó!” O suspeito também gesticula como se estivesse tirando dinheiro dos bolsos ediz: “Toma, quer mais?”69

O vídeo identificado no evento 16, OUT4, Página

14 como “PedroHenriqueMastrangi002.mp4.”, no trecho selecionado, mostra a discussão

de PEDRO HENRIQUE com o agente da DESEG.

No vídeo identificado no evento 16, OUT4, Página

14 como “PedroHenriqueMastrangi003.mp4.”, PEDRO HENRIQUE, junto com outros

alunos, discute com o agente de segurança do DESEG/UFSC, quando este adverte JOÃO

VICTOR ARAÚJO sobre a possibilidade de danificar o capô da viatura da Polícia

Federal.

Abaixo, a degravação da discussão de JOÃO

VICTOR com o Agente de Segurança.

69 O orçamento da UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA para o ano de 2012, foi de R$1.007.180.963,17 e, para 2013, R$ 1.171.513.559,84 (http://www.portaldatransparencia.gov.br/PortalComprasDiretasOEElementoDespesa.asp?

Ano=2012&Valor=51293646557011&CodigoOS=26000&NomeOS=MINISTERIO%20DA%20EDUCACAO&ValorOS=1267418111977&CodigoOrgao=26246&NomeOrgao=UNIVERSIDADE%20FEDERAL%20DE%20SANTA%20CATARINA&ValorOrgao=24314870184&CodigoUG=153163&NomeUG=UNIVERSIDADE%20FEDERAL%20DE%20SANTA%20CATARINA&ValorUG=24314870184&Pagina=2 e

http://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_Federal_de_Santa_Catarina). Certamente este gasto de dinheiro público não é para sustentar alunos fumando maconha no campus universitário, com imunidade à ação policial.

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 85

Conclusão

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(...)Agente de Segurança da UFSC - “Ô, avisa ele aí, ô! Ô camarada. Ô camarada.” (JOÃO VICTOR sevira)Agente de Segurança - Ô, camarada! “Tás” amassando o capô, aí, ô. (JOÃO VICTOR faz um gesto)VITOR ROLLIN PRUDÊNCIO - Mas é assim mesmo. Ele sobe, depois.Agente de Segurança - Não, ele arranha. Uma pintura ali é uns quinhentos, mil reais, a pintura de umcapô, cara.VITOR ROLLIN PRUDÊNCIO - Na realidade é borracha embaixo.Agente de Segurança da UFSC - Diz pra ele evitar, senão vai gastar uns mil reais na pintura docapô.PEDRO HENRIQUE MASTRANGI - A gente paga depois.SEGURANÇA DA UFSC - “Tás” amassando aí, cara.JOÃO VICTOR: (Ininteligível)Agente de Segurança da UFSC - “Tás” amassando aí, cara.JOÃO VICTOR: (Ininteligível) ...Tira a polícia que a gente vai tirar tudo.

Os danos dos veículos, que começaram com este

amassamento do capô, ao qual se seguiram as depredações e capotagens, conforme

relatório da Autoridade Policial, Laudo Pericial de fls. 74-79 e documentos de fls. 108-113

e 121-123, atingiram o valor, conforme menor orçamento, de R$ 23.460,90

(Mitsubishi/L200, placa MLV-2889, da Universidade Federal de Santa Catarina) e R$

21.919,21 (GM/Astra, placa MFQ-1375, do Departamento de Polícia Federal). Assim, o

valor dos danos aos veículos oficiais atingiu a soma de R$ 45.380,11 (sem considerar o

valor de toda a operação policial deflagrada para fazer cessar a coação no curso do

processo no Juizado Especial, ou seja, o valor do deslocamento de autoridades policiais

federais que não estavam presentes e da PM).

Nas imagens constantes do evento 16, OUT4,

Página 15, PEDRO HENRIQUE aparece obstruindo a saída da viatura do DESEG/UFSC.

Neste momento representado pelas imagens o conduzido GIOVANI REGAZO se encontrava

dentro da viatura referida escoltado por um Agente do DESEG, que também se encontrava

no interior da mesma.

Ao participar de atos que culminaram com

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 86

Conclusão

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grave ameaça e violência, atos estes que tiverem por fim favorecer Giovanni

Regazzo, Ailson Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e Andrey

Leiria Gonçalves, inicialmente contra agentes da Polícia Federal e agentes de

segurança da UFSC e depois contra autoridades policiais, que funcionavam em

processo policial e judicial (o TC e os atos subsequentes são um processo híbrido),

PEDRO HENRIQUE MASTRANGI praticou o crime previsto no art. 344 do Código

Penal. Ao sentar no capô e amassá-lo, ao jogar um pedaço de madeira e pedra na

viatura GM/Astra, placa MFQ-1375, da União/Departamento de Polícia Federal,

PEDRO HENRIQUE MASTRANGI causou danos a tal viatura. Em assim agindo,

incidiu nas penas do art. 163, parágrafo único, III do CP c/c 69 do CP. Inviável a

suspensão processual, pois a soma das penas mínimas supera um ano.

VITOR DE AMORIN GOMES ROCHO (33) é

aluno da UFSC, do curso de Antropologia. Foi possível verificar que VITOR DE

AMORIN GOMES ROCHO teve participação nos delitos ocorridos no dia 25 de março de

2014, na UFSC. Suas ações foram no sentido de se opor à atuação da polícia e também de

depredar as viaturas dos órgãos públicos.

Na foto constante do evento 16, OUT4, Página 16

(segunda foto), VITOR DE AMORIN se coloca na lateral da viatura do DESEG,

participando com os demais alunos da ação de impedir que os policiais e servidores do

DESEG deixassem o local com o conduzido.

Na foto seguinte (evento 16, OUT4, Página 17),

VITOR DE AMORIN está parado em frente à viatura do DESEG.

Na foto a seguir (evento 16, OUT4, Página 17,

segunda foto) é possível verificar que ele arremessou um pedaço de madeira em direção a

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 87

Conclusão

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uma das viaturas.

Nas duas fotos que seguem (evento 16, OUT4,

Página 18), ato contínuo ao acima referido, VITOR DE AMORIN arremessa uma pedra

na viatura da Polícia Federal em movimento. Os Policiais Federais estavam no interior da

viatura para se deslocarem em direção à Superintendência, o que não foi possível em razão

dos fatos ocorridos.

Os vídeos identificados no evento 16, OUT4,

Página 18 com o título “VitorDeAmorinGomesRocho001.avi” e

“VitorDeAmorinGomesRocho002.mp4” mostram a dinâmica dos fatos. No vídeo

identificado com o título “VitorDeAmorinGomesRocho001.avi”, VITOR aparece ao lado

direito da árvore que está ao centro do vídeo, arremessando uma pedra que bate contra o

vidro da viatura ASTRA, enquanto os policiais ainda estavam em seu interior, tentando

deixar o bosque da UFSC.

No vídeo identificado com o título

“VitorDeAmorinGomesRocho002.mp4” VITOR aparece entoando “Ditadura não, abaixo a

repressão!”. Ele sorri acenando para a câmera manuseada pelo Agente de Segurança da

UFSC que está no interior da viatura L200.

Ao participar de atos de grave ameaça e

violência, atos estes que tiverem por fim favorecer Giovanni Regazzo, Ailson

Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e Andrey Leiria

Gonçalves, inicialmente contra agentes da Polícia Federal e agentes de segurança

da UFSC e depois contra autoridades policiais, que funcionavam em processo

policial e judicial (o TC e os atos subsequentes são um processo híbrido), VITOR

DE AMORIN GOMES ROCHO praticou o crime previsto no art. 344 do Código

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 88

Conclusão

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Penal. Ao sentar no capô e amassá-lo, ao jogar um pedaço de madeira e pedra na

viatura GM/Astra, placa MFQ-1375, da União/Departamento de Polícia Federal,

com pessoas no interior, VITOR DE AMORIN GOMES ROCHO causou danos a tal

viatura. Em assim agindo, incidiu nas penas do art. 163, parágrafo único, III do CP

c/c 69 do CP. Inviável a suspensão do processo, pois a soma das penas mínimas

ultrapassa um ano.

DIVA CRISTIANE NASCIMENTO PEREIRA

(8) é aluna da UFSC, do curso de Matemática. DIVA PEREIRA foi identificada entre os

estudantes que participaram dos atos de coação à atuação dos policiais federais na tarde

do dia 25/03/2014.

O vídeo identificado no evento 16, OUT4, Página

19 com o título “DivaCristianeNascimentoPereira001.mp4” mostra que DIVA está desde o

início dos acontecimentos. Ela é filmada registrando os fatos com uma câmera.

DIVA PEREIRA cercou a viatura oficial ASTRA

em acompanhamento à conduta realizada pela professora SÔNIA MALUF. Ela, assim

como a professora, também se sentou no capô da viatura, impedindo a condução do aluno

usuário de maconha GIOVANNI REGAZZO.

DIVA se postou contra a atuação da equipe

policial também gritando palavras contrárias. Importante destacar que DIVA PEREIRA,

de cima do capô, filmou o policial advertindo a professora SÔNIA para que descesse do

lataria da viatura.

No Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC,

Evento 16, OUT4, Página 20, outra imagem em que DIVA aparece sentada sobre a viatura

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 89

Conclusão

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enquanto registra os fatos.

No vídeo identificado no evento 16, OUT4, Página

20 com o título “DivaCristianeNascimentoPereira002.mp4” DIVA aparece obstruindo a

movimentação da viatura L200 do DESEG enquanto filma e grita: “Ditadura não, abaixo a

repressão!”

Ao participar de atos que culminaram em

grave ameaça e violência, atos estes que tiverem por fim favorecer Giovanni

Regazzo, Ailson Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e Andrey

Leiria Gonçalves, inicialmente contra agentes da Polícia Federal e agentes de

segurança da UFSC e depois contra autoridades policiais, que funcionavam em

processo policial e judicial (o TC e os atos subsequentes são um processo híbrido),

DIVA CRISTIANE NASCIMENTO PEREIRA praticou o crime previsto no art. 344

do Código Penal. Ao sentar no capô da viatura GM/Astra, placa MFQ-1375, da

União/Departamento de Polícia Federal, e amassá-lo, DIVA CRISTIANE

NASCIMENTO PEREIRA causou danos a tal viatura. Em assim agindo, incidiu nas

penas do art. 163, parágrafo único, III do CP c/c 70 do CP. Inviável a suspensão do

processo, pois a soma das penas mínimas ultrapassa um ano.

MICHELE DE MELLO (23) é aluna da UFSC,

do curso de Jornalismo. No Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT4,

Página 21 MICHELE aparece cercando a viatura do DESEG. Pode-se identificar também

que MICHELE DE MELLO atuou no momento da oposição à Tropa de Choque. Ela se

posta na linha de frente da barreira de resistência formada para impedir o resgate e

condução do aluno que deveria assinar o TC.

No Evento 16, OUT4, Página 22, MICHELE

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 90

Conclusão

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entre VINICIUS AQUINÍO e EVERTON VASQUEZ.

O vídeo identificado no evento 16, OUT4, Página

22 com o título “MicheleDeMello001.mp4” mostra MICHELE na primeira fileira da

barricada formada para impedir a retirada de GIOVANNI REGAZZO da viatura. Ela

aparece ostentando um pedaço de madeira. Morena, cabelos castanhos longos, trajava

uma camiseta preta com estampa estilo “La Gioconda” com os dizeres “smile” e uma saia

longa cinza.

Ao participar de atos que culminaram em

grave ameaça e violência, atos estes que tiverem por fim favorecer Giovanni

Regazzo, Ailson Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e Andrey

Leiria Gonçalves, inicialmente contra agentes da Polícia Federal e agentes de

segurança da UFSC e depois contra autoridades policiais, que funcionavam em

processo policial e judicial (o TC e os atos subsequentes são um processo híbrido),

MICHELE DE MELLO praticou o crime previsto no art. 344 do Código Penal.

Viável a suspensão se favoráveis os antecedentes.

ALEX CIPRIANO DE SOUZA(2) é aluno da

UFSC, do curso de Antropologia. Foi possível verificar que ALEX CIPRIANO DE

SOUZA se opôs à ação policial sentando-se no capô da viatura ASTRA. A seguir o vídeo

identificado no evento 16, OUT4, Página 23 com o título “AlexCiprianoDeSouza001.mp4”

que reproduz a conduta praticada.

A foto constante do Processo 5013638-

09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT4, Página 23 possibilita confirmar a presença de

ALEX CIPRIANO no dia dos fatos. Ele permanece próximo à professora SÔNIA,

acompanhando a discussão que ocorre entre o professor DAMASCENO e um dos policiais

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 91

Conclusão

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fardados que estava na UFSC na tarde do dia 25 de março.

Nas duas fotos seguintes (Evento 16, OUT4,

Página 24), ALEX CIPRIANO posta-se de forma a impedir a saída da viatura oficial da

Polícia Federal do local. Ele se senta no capô da viatura, onde já estava sentada a

professora SÔNIA.

Ao iniciar atos que culminaram com o uso de

grave ameaça e depois violência, atos estes que tiverem por fim favorecer

Giovanni Regazzo, Ailson Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro

e Andrey Leiria Gonçalves, inicialmente contra agentes da Polícia Federal e

agentes de segurança da UFSC e depois contra autoridades policiais, que

funcionavam em processo policial e judicial (o TC e os atos subsequentes são um

processo híbrido), ALEX CIPRIANO DE SOUZA praticou o crime previsto no art.

344 do Código Penal. Ao sentar sobre o capô da viatura GM/Astra, placa MFQ-1375, da

União/Departamento de Polícia Federal, ALEX CIPRIANO DE SOUZA o amassou,

dando início à série de danos que tal viatura sofreu, até ser depredada e virada. Em assim

agindo, incidiu nas penas do art. 163, parágrafo único, III do CP, na forma do art. 70 do

CP. Inviável a suspensão do processo, pois a soma das penas mínimas ultrapassa

um ano.

JOÃO GABRIEL CURSINO BARANOV (18) é

aluno da UFSC, do curso de Ciências Sociais. A foto constante do Evento 16, OUT4,

Página 25 é apta para identificar JOÃO BARANOV, mostrando suas vestimentas no dia

dos fatos.

JOÃO BARANOV cercou a viatura ASTRA e

impediu que os Policiais Federais saíssem do local conduzindo o preso GIOVANNI. Após a

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 92

Conclusão

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R. PASCHOAL A. PITSICA, 4876, TORRE 1, ÁTICO – ED. LUIZ E. DAUX - FPOLIS - SC – 88025-255 - FONES: (48) 2107-6200 – www.prsc.mpf.mp.br - [email protected]

professora SÔNIA ter se sentado no capô da viatura, JOÃO BARANOV foi o terceiro

aluno a imitar a ação da professora, postando-se do lado direito, conforme se pode

observar no vídeo identificado no evento 16, OUT4, Página 25 com o título

“JoaoGabrielCursinoBaranov001.mp4”.

Na foto constante da página do Evento 16, OUT4,

Página 27 aparece BARANOV no capô da viatura para impedir deslocamento da equipe

policial.

Na segunda foto constante da página 27 do

Evento 16, OUT4 aparece BARANOV entrando, sem autorização na viatura, que se

encontrava o aluno que deveria assinar o TC.

Nas duas fotos constantes da página 28 do

Evento 16, OUT4 vê-se que JOÃO BARANOV retirou a camiseta que usava. Este ato foi

flagrado por filmagem realizada de dentro da viatura da DESEG/UFSC. A imagem

capturada aparece no vídeo identificado no evento 16, OUT4, Página 28 com o título

“JoaoGabrielCursinoBaranov002.mp4”.

Com a mochila, bermudas e com a camiseta

branca para esconder o rosto, JOÃO BARANOV foi filmado participando dos atos de

depredação das viaturas.

Na foto constante da página 29 do Evento 16,

OUT4 vê-se BARANOV participando do tombamento da viatura da PF.

Na segunda foto constante da página 29 do

Evento 16, OUT4 vê-se BARANOV retirando a camiseta que escondia seu rosto.

Na foto constante da página 30 do Evento 16,

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 93

Conclusão

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OUT4 vê-se BARANOV após retirar a camiseta do rosto.

O vídeo identificado no evento 16, OUT4, Página

30 com o título “JoaoGabrielCursinoBaranov003.avi” mostra JOÃO BARANOV virando a

viatura ASTRA. Ele surge do lado esquerdo do vídeo e empreende força na dianteira do

veículo, tombando-o.

Após o tombamento da viatura, JOÃO BARANOV

aparece retirando a camiseta do rosto e aparentemente deixando o bosque (vídeo

identificado no evento 16, OUT4, Página 30 com o título

“JoaoGabrielCursinoBaranov004.mp4”).

Ao participar de atos de grave ameaça e

violência, atos estes que tiverem por fim favorecer Giovanni Regazzo, Ailson

Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e Andrey Leiria

Gonçalves, inicialmente contra agentes da Polícia Federal e agentes de segurança

da UFSC e depois contra autoridades policiais, que funcionavam em processo

policial e judicial (o TC e os atos subsequentes são um processo híbrido), JOÃO

GABRIEL CURSINO BARANOV praticou o crime previsto no art. 344 do Código

Penal. Ao sentar sobre o capô da viatura GM/Astra, placa MFQ-1375, da

União/Departamento de Polícia Federal, JOÃO GABRIEL CURSINO BARANOV o

amassou e, posteriormente, concorreu com os demais denunciados para dar causa

à série de danos que tal viatura sofreu, seja depredando-a, seja virando-a. Em

assim agindo, incidiu nas penas do art. 163, parágrafo único, III do CP c/c 69 do

CP. Inviável a suspensão do processo, pois a soma das penas mínimas ultrapassa

um ano.

CAIO RAMOS DIR DE CARVALHO (3) é aluno

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 94

Conclusão

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da UFSC, do curso de Antropologia. Foi possível verificar que CAIO RAMOS DIR DE

CARVALHO se postou atrás da viatura para impedir que os policiais deixassem o local

conduzindo o preso (vídeo identificado no evento 16, OUT4, Página 30 com o título

“CaioRamosDirDeCarvalho001.mp4”).

O vídeo identificado no evento 16, OUT4, Página

32 com o título “..\VÍDEOS GERAIS\1 - Condução e Aglomeração\1 - Início da condução

de GIOVANNI REGAZZO (DESEG).mp4” e as imagens constantes do evento 16, OUT4,

Página 32 mostram CAIO RAMOS DIR DE CARVALHO posicionado atrás do veículo

oficial impedindo que os policiais pudessem sair do local com o usuário que iria assinar o

TC caso decidissem realizar manobra evasiva com deslocamento em marcha à ré.

Através da observação do vídeo é possível

identificar que CAIO permanece impedindo a movimentação da viatura por longo período.

Logo que a professora SÔNIA se senta sobre o capô do veículo oficial, CAIO se posta na

parte traseira de mesmo. Pode-se observá-lo nos seguintes períodos do vídeo: 1min28s a

1min35s, 5min15s a 5min35s, 7min02s a 7min10s e 8min06s a 8min18s.

Num deles, CAIO protagoniza o seguinte diálogo

com o Agente de Segurança do DESEG.

CAIO: Precisava fazer isso, cara? Precisava disso? Olha: eles são estudantes.Agente de Segurança: Isso é depredação de patrimônio público.CAIO: Pra que vocês estão perdendo seu tempo?Agente de Segurança: “Todos vocês podem responder por depredação do patrimônio público!”CAIO: Vocês tão perdendo seu tempo. Podiam tá fazendo coisa muito melhor, com o nosso dinheiro,público!70

Agente de Segurança: E vocês estão perdendo a razão!”

70 Relembre-se aqui: o orçamento da UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA para o ano de 2012, foi de R$ 1.007.180.963,17 e, para 2013, R$ 1.171.513.559,84. Este gasto de dinheiro público não é para sustentar alunos fumando maconha no campus universitário, com imunidade à ação policial.

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 95

Conclusão

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Ao participar de atos de grave ameaça e

violência, atos estes que tiverem por fim favorecer Giovanni Regazzo, Ailson

Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e Andrey Leiria

Gonçalves, inicialmente contra agentes da Polícia Federal e agentes de segurança

da UFSC e depois contra autoridades policiais, que funcionavam em processo

policial e judicial (o TC e os atos subsequentes são um processo híbrido), CAIO

RAMOS DIR DE CARVALHO praticou o crime previsto no art. 344 do Código

Penal. Viável a suspensão se favoráveis os antecedentes.

HENRIQUE AMADOR PUEL MARTINS (17) é

aluno da UFSC, do curso de Matemática. Conforme a foto na p. 33 do evento 16, OUT4,

HENRIQUE AMADOR PUEL MARTINS (camisa vermelha) aparece, ao lado de DIVA

PEREIRA (camisa branca) e de outros indivíduos, debruçado sobre o capô a viatura do

DESEG, onde estava o usuário que iria assinar TC GIOVANNI REGAZZO.

Agindo conjuntamente, HENRIQUE se opõe

fisicamente à possibilidade de movimentação da viatura e consequentemente impede a

apresentação do estudante à autoridade policial para lavratura do Termo Circunstanciado

(vídeo identificado no evento 16, OUT4, Página 33 com o título

“HenriqueAmadorPuelMartins001.mp4”).

Ao participar de atos que culminaram com

grave ameaça e violência, atos estes que tiverem por fim favorecer Giovanni

Regazzo, Ailson Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e Andrey

Leiria Gonçalves, inicialmente contra agentes da Polícia Federal e agentes de

segurança da UFSC e depois contra autoridades policiais, que funcionavam em

processo policial e judicial (o TC e os atos subsequentes são um processo híbrido),

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 96

Conclusão

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HENRIQUE AMADOR PUEL MARTINS praticou o crime previsto no art. 344 do

Código Penal. Viável a suspensão se favoráveis os antecedentes.

GIOVANI BAÚ ALVES (16) não é aluno da

UFSC. GIOVANI BAÚ ALVES participou das ações que causaram danos ao patrimônio

público durante a tarde do dia 25/03/2014. GIOVANI BAÚ foi identificado a partir da

análise de informações obtidas, inclusive através de informantes.

Analisando-se a foto constante do Processo

5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 16, OUT4, Página 34 com a colacionada na

sequência (evento 16, OUT4, Página 35) verifica-se que a altura de GIOVANI é

compatível com a altura do indivíduo que realizou a conduta que danificou os bens

públicos referidos.

As demais fotos constantes do evento 16, OUT4,

Página 35 mostram as condutas de Giovani. É possível perceber que ele se dirige ao

veículo oficial GM/Astra, utiliza sua força física para virá-lo e, logo em seguida, dirige-se

à viatura da UFSC para realizar a mesma conduta

Na primeira foto da sequência constante do

evento 16, OUT4, Página 35, pode-se observar que, logo após ter virado a viatura oficial

GM/Astra, GIOVANI estava com uma camiseta branca ao redor do pescoço. No vídeo

identificado no evento 16, OUT4, Página 36 com o título “..\VÍDEOS GERAIS\2 - Barreira

e Destruição\5 - Tombamento das viaturas.avi” é possível perceber que, ato contínuo, ele

se dirige, juntamente com o grupo, para a viatura L-200 da UFSC.

A foto constante do evento 16, OUT4, Página 36,

tirada de outro ângulo, mostra um indivíduo de camiseta branca entre aqueles indivíduos

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 97

Conclusão

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que viraram também a viatura da UFSC

No vídeo identificado no evento 16, OUT4, Página

36 com o título “..\VÍDEOS GERAIS\2 - Barreira e Destruição\5 - Tombamento das

viaturas.avi”, o indivíduo é flagrado em ação criminosa. Ele surge no lado esquerdo do

vídeo, dirige-se para tombar a viatura ASTRA da Polícia Federal e na sequência se dirige

para, também somando sua força à dos demais, virar também a viatura do DESEG.

A imagem constante do evento 16, OUT4, Página

37 mostra o acusado Giovani deixando o bosque da UFSC após ter virado as duas

viaturas oficiais, que aparecem ao fundo da foto. Ele aparece ao lado de DIEGO OSSIDO.

Conforme consta em banco de dados do sistema

Integrado de Segurança Pública de Santa Catarina (SISP/SC), GIOVANI BAÚ ALVES

possui Boletim de Ocorrência em 21/11/2012, relacionando o indivíduo como autor de

“Resistência, Posse de drogas, Ameaça”.

Ao participar da capotagem (tombamento) das

viaturas GM/Astra, placa MFQ-1375, da União/Departamento de Polícia Federal e

Mitsubishi/L200, placa MLV-2889, da Universidade Federal de Santa Catarina, GIOVANI

BAÚ ALVES causou danos a tais viaturas. Em assim agindo, incidiu, por duas vezes, nas

penas do art. 163, parágrafo único, III do CP c/c 69 do CP. Inviável a suspensão

processual.

Durante os episódios acima narrados, a reitora da

UFSC ROSELANE NECKEL (28) não compareceu ao local dos fatos e seus

representantes que comparecerem apoiaram a coação feita aos policiais. Há provas de

que tentou “carteiraços” junto a autoridades, seja o Ministro da Justiça (superior

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 98

Conclusão

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hierárquico da Polícia Federal), já que, em dado momento (vide supra71), em 6’22’’ – O

procurador da UFSC começa a falar sobre o que a reitora ROSELANE teria lhe dito; aos

6’58’’ – O Procurador da UFSC, o chefe de gabinete e a deputada conversam com o aluno

Marino Mondek. Marino Mondek: ...tentando elaborar a melhor forma de tirar a galera de

lá. Vou dialogar, pedir um tempo ali. (?Que isso eu consigo fazer bem? Ou Inaudível)

...fazer bem, e a gente vai vendo como tirar a galera de lá. Que a gente não tem o que fazer

mais! Eu acho... (Inaudível) ... Porque não vai vir a ligação mágica do Ministro da Justiça

resolver. Mais adiante, chega-se a falar em Procurador da República: Chefe de Gabinete:

“Pessoal, é o seguinte. Temos a deputada. O Procurador da república. Estamos aqui para

tentar uma negociação pacífica para acabarmos com o impasse. LEANDRO LUIZ DE

OLIVEIRA informa que a professora Sônia Maluf, liderando a multidão até então,

determinou que somente haveria a possibilidade de condução do preso para a sede da DPF

se o mesmo fosse transportado na viatura do DESEG/UFSC e não da viatura

descaracterizada da PF; QUE a professora SÔNIA exigia a presença da reitora, Sra.

ROSELANE NECKEL, para que a viatura policial pudesse se retirar com o conduzido

daquele local. No Evento 16, OUT2, Página 28, Sônia Maluf diz que Eu sentei pra

ganhar um tempo, até conseguir contatar a reitora. Durante a coação exercida contra os

policiais, Ouvem-se palavras do tipo: “Vamos esperar a reitora!”. “Ninguém vai embora

não!” (Evento 16, OUT2, Página 4). Na nota de repúdio elaborada pela reitoria (fl. 24A do

PIC 1.33.000.001351/2014-45) consta que Enquanto os relatos chegavam ao Gabinete,

estávamos em constante contato com a Secretaria de Relações Institucionais, com o Ministério da

Justiça e a Secretaria de Direitos Humanos em Brasília, solicitando uma mediação desses órgãos

para que não ocorresse um previsível desfecho violento. A conivência e a omissão apoiavam a

violência que alunos e professores estavam exercendo contra a polícia; as gestões pela

via moral (omitir-se de estar presente e mandar emissários para retardar a ação da

71 transcrição do 1.4 VÍDEO RECORD - ..\VÍDEOS REDES DE TELECOMUNICAÇÕES\RIC_RECORD\RECORD_UFSC.mp4 - Evento 16, OUT2, Páginas 8 e 10

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 99

Conclusão

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polícia), política (ligações telefônicas para diversas autoridades) e hierárquica (tentativa

de que o Ministro da Justiça determinasse a suspensão da operação) constituíram grave

ameaça, ou coação moral.

Em 5 de agosto de 2014, a acusada Roselane

Neckel remeteu resultado de levantamento interno dos fatos ocorridos em 5 de agosto ao

MPF (na pessoa do signatário). Também remeteu referido resultado (sem que se possa

aquilatar o motivo) a órgãos que, para quem não conhece a estrutura do MPF e a

independência funcional, aparentam ser hierarquicamente superiores ao signatário: a

remessa foi feita para a Subprocuradora-Geral da República Ela Wiecko V. de Castilho e

ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República em Santa Catarina, Marcelo da Mota

(se foi esta a intenção, ou seja, remeter a hierarcas, trata-se de mais uma tentativa de

coação moral). Remeteu ainda o tal resultado de levantamento interno aos superiores

hierárquicos do Delegado que comandou a operação em 25/3/2014, o Ministro da

Justiça, José Eduardo Cardozo e o Corregedor-Geral de Polícia Federal, Cláudio Ferreira

Gomes. Remeteu cópia também à Ministra da Secretaria de Direitos Humanos da

Presidência da República, Ideli Salvati (relembre-se, que, em entrevista à imprensa, logo

após os fatos, a acusada declarou que a operação policial atentou contra os direitos

humanos). E, finalmente, a acusada Roselane remeteu o levantamento aos seus

superiores hierárquicos, na pessoa do Secretário Executivo do Ministério da Educação,

Luiz Cláudio Costa (fls. 67 e 68 do PIC 1.33.000.001045/2014-17).

Para comprovar que a acusada ROSELANE

favoreceu o interesse dos usuários de drogas para que não assinassem o TC, veja-se a

afirmação que fez72 no sentido de que a ação da PF foi violenta, desnecessária, feriu a

autonomia universitária e os direitos humanos. Mais: consta no “site” do PSTU73 que a

acusada assinou um termo de compromisso se colocando veementemente contrária a qualquer

72 Processo 5013638-09.2014.404.7200/SC, Evento 13, OFIC5, Página 5, em que consta matéria do jornal Diário Catarinense de 26/3/2014, p. 6, sob o título “Ação violenta e desnecessária da PF fere autonomia”.

73 http://pstuflorianopolis.blogspot.com.br/2014/03/ocupacao-da-ufsc-acaba-com-vitoria-para.html.

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 100

Conclusão

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ação de repressão da polícia no campus e com a promessa de que o movimento não será

criminalizado. O “movimento” são os crimes ora denunciados. Ou seja, a reitora apoiou a

coação efetuada aos agentes policiais, que atuavam no Processo do Juizado Especial e

se omitiu quando podia e deveria agir para que se cumprisse a lei (artigos 28 e 48 da Lei

nº 11.343/2006). Além disso, ofereceu representação (ofício OFÍCIO Nº 342/2014/PF-

UFSC juntado com a denúncia) contra o Delegado de Polícia Federal que comandou a

saída dos policiais que estavam sob coação, dizendo que o terreno da UFSC é

comparável a um bem particular:

06. Portanto, estando em nosso ordenamento, há a possibilidade de ter sido violado o domicíliode pessoa jurídica, podendo ser compreendido igualmente como tal o domicílio da pessoa jurídica dedireito público, os bens de uso especial da UFSC, como o prédio do CFH.

Definindo os crimes que podem ser apurados e

os que não podem ser apurados no terreno da UFSC (original não grifado):

07. A atuação em perseguição aos criminosos logicamente que poderia acontecer (art. 302 do CP, emflagrante delito). Mas, salvo melhor juízo, não parece ter sido o que aconteceu na data dos fatos. APolícia Federal, inicialmente, adentrou no prédio do Centro de Filosofia e Humanas - CFH da UFSCsem a autorização desta Administração superior da UFSC. E, pior, para "procurar" usuários dedrogas e não atrás dos perigosos- traficantes, assaltantes, estupradores, assassinos, etc..., quesabidamente rondam a Universidade (o que sim poderia ser em cumprimento à suacompetência). Ainda, não apresentaram qualquer autorização judicial para tal ato.08. Pode ser informado que em 29 de agosto de 2013 esta Reitora da UFSC foi chamada pela PolíciaFederal para tratar de assuntos relativos aos autos do Inquérito Policial nº 0408/2013-4- SR/DPF/SC(ver e-mail em anexo). Naquela ocasião ela foi acompanhada pelo seu Chefe de Gabinete e peloProcurador Federal da PF/PGF/AGU. Nessa audiência foi solicitada a autorização da UFSC parainvestigação sobre as denúncias sobre tráfico de drogas na região da UFSC. A Reitora colocou-se àdisposição para colaborar nas investigações, porém, deixou bem claro que se evitassem operaçõesdentro do campus universitário, pois era facilmente visualizável de todos que uma ação no localpode ria gerar efeitos catastróficos à comunidade universitária, o que deveria logicamente de ser tevitado/prevenido/precavido pelas autoridades responsáveis. Também é sabido que houve a atuaçãodo Ministério Público Federal/SC nesse mesmo sentido.Assim foi dito ria Nota da Reitoria (em anexo) na data: "A partir do momento em que fomos informadas, por terceiros, sobre a ação da PF, suspendemos areunião - que estava em andamento com o comando de greve local dos técnicos-administrativos emeducação - e,imediatamente, telefonamos para o superintendente da Polícia Federal em exercício,Paulo Cassiano Júnior, para solicitar esclarecimentos sobre a ação que estava sendo realizada.Lembramos ao delegado que, em todos os contatos com a Polícia Federal, sempre foi solicitado quequaisquer ações de repressão violenta ao tráfico de drogas fossem realizadas fora das áreas daUniversidade, e que - em nenhum momento – fomos informadas sobre a realização do procedimentoque ocasionou o tumulto."

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 101

Conclusão

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Interpreta, no texto transcrito após as

considerações abaixo, a expressão “autonomia universitária” só etimologicamente (= lei

própria), olvidando as restrições que o texto constitucional faz e sem considerar o

contexto constitucional e jurídico da expressão:

• a autonomia universitária é restrita aos

campos didático-científico, administrativo,

de gestão financeira e patrimonial (CRFB,

art. 207);

• não se trata de autonomia, portanto,

política, como tem os Estados-membros, o

Distrito Federal e os Municípios (CRFB,

art. 18);

• a autonomia didático-científica,

administrativa e de gestão financeira e

patrimonial da UFSC não lhe dá função

legislativa, como têm os Estados, os

Municípios e o Distrito Federal (CRFB,

artigos 24 e 30, I)

• mesmo que se admitisse (ad

argumentamdum tantum) que a autonomia

didático-científica, administrativa e de

gestão financeira e patrimonial implicasse

a função de legislar, ainda assim não

poderia legislar sobre direito penal (CRFB,

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 102

Conclusão

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art. 22, I), revogando os artigos 28 e 48 da

Lei nº 11.343/2006 e o art. 144 da CRFB

no que a acusada pretende seja o

“território da UFSC”; portanto, tal

autonomia não chega ao ponto de conferir

imunidade penal e à atividade policial

federal e estadual (seja da polícia

judiciária, seja da polícia ostensiva e

preventiva), nem autoriza que a

preservação da ordem, da incolumidade

das pessoas e do patrimônio no

pretendido “território da UFSC” seja

atribuído a uma polícia própria (o DESEG),

tal como as alcaidarias dos castelos

seiscentistas portugueses;

• não se pode confundir autonomia (ou seja,

poder regulamentar próprio, exteriorizado

mediante atos administrativos

regulamentares e administração própria,

mas atrelado à União e dependente da

União74) com soberania (o poder supremo,

summum imperium, suprema potestas)

12. Assim, questiona-se a essa Autoridade se, sem autorização judicial, sem autorização daAdministração superior da UFSC e sem perseguição a criminosos, as polícias (federal e estadual)poderiam ter invadido um prédio público de uso especial e com todas as conseqüências decorrentes?

74 LEI Nº 5.540, de 28/11/1968: Art. 16. A nomeação de Reitores e Vice-Reitores de universidades, e de Diretores e Vice-Diretores de unidadesuniversitárias e de estabelecimentos isolados de ensino superior obedecerá ao seguinte:

I - o Reitor e o Vice-Reitor de universidade federal serão nomeados pelo Presidente da República e escolhidos entre professores dos dois níveismais elevados da carreira ou que possuam título de doutor, cujos nomes figurem em listas tríplices organizadas pelo respectivo colegiadomáximo, ou outro colegiado que o englobe, instituído especificamente para este fim, sendo a votação uninominal.

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 103

Conclusão

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13. Depois, os atos desmedidos das Polícias são claramente inconstitucionais, pois afetando tambéma "autonomia universitária". É que a autonomia universitária vem consagrada no Texto de nossa LeiMaior, em seu artigo 207. Coube à Constituição de 5.10.1988 elevar, pioneiramente na história dauniversidade no Brasil, a autonomia das universidades ao nível de princípio constitucional. Dispõe oartigo 207:"Art. 207 - As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestãofinanceira e patrimonial, e obedecerão ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa eextensão".14. Como se vê, desde logo, nossa Lei Maior se preocupa em definir o conteúdo da autonomia dasuniversidades, que abrange "a autonomia didático-científica" ou seja, suas atividades-fim e a"autonomia administrativa e financeira", suas atividades-meio.(…)17. Assim, o ferimento à autonomia universitária perpassa as relações locais e tem repercussão paraalém das partes envolvidas, atingindo o princípio constitucional digno de máximo prestígio que é oprincípio do Pacto Federativo, indiscutivelmente abalado.18. A atitude das Polícias no episódio vai além da aplicação da norma penal, alcança o terreno dapreocupante desestabilização da união indissolúvel e necessária harmonia entre os entes federativos.19. Certo é que tal "operação" da Polícia Federal (e da solicitação do apoio da Tropa de Choque daPolícia Militar] resultou na condução de apenas 5 (cinco) estudantes da Universidade tidos comosuspeitos de serem usuários de drogas. Salvo melhor juízo, não se prendeu nenhum traficante ouperigoso criminoso (como fora pedido pela Administração anteriormente). E mediante uso deextrema e desnecessária força, sem a abertura de qualquer possibilidade de uma solução mediada,negociada e que não tivesse a potencialidade de causar perigo à vida de centenas de pessoas (comopedido pelas Autoridades administrativas então presentes ao local). Veja que naquele crucialmomento não se pedia que os estudantes não respondessem pelos crimes porventura cometidos,apenas que se evitasse o confronto, se buscasse uma solução legalmente exigível, mas factualmentepossível.

Na condição de Reitora da UFSC, a acusada

ROSELANE NECKEL podia e devia agir para que Giovanni Regazzo, Ailson

Ribeiro Marcos, Cesar Cota Ledra, Samuel Rosa Ribeiro e Andrey Leiria

Gonçalves, surpreendidos no uso de drogas, fossem levados para firmar TC; na

condição de Reitora da UFSC, a acusada ROSELANE NECKEL podia e deveria

agir para evitar que agentes da Polícia Federal e agentes de segurança da UFSC

e autoridades policiais, que funcionavam em processo policial e judicial (o TC e os

atos subsequentes são um processo híbrido), fossem coagidos, mediante violência

e grave ameaça, por alunos, professores e pessoas estranhas à Universidade,

coação esta que se destinava a favorecer os usuários de drogas acima nomeados;

a acusada ROSELANE NECKEL não só se omitiu no momento dos fatos, como

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 104

Conclusão

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prosseguiu na coação moral, nos dias seguintes, tentando imputar fato criminoso à

Polícia, que agiu em estrito cumprimento do dever legal. Em assim agindo,

acusada ROSELANE NECKEL praticou, por omissão (CP, art. 13, § 2º) o crime

previsto no art. 344 do Código Penal. Deixa-se de denunciar ROSELANE NECKEL

pelo crime do art. 163, parágrafo único, III do CP, por entender o MPF que, nos termos

do art. 13 do CP, não é razoável dizer que a depredação dos veículos teria ocorrido

independentemente da omissão; ou, mais especificamente nos termos do parágrafo 1º do

referido artigo, a depredação pode ter tido causa superveniente relativamente

independente. Viável a suspensão se favoráveis os antecedentes.

No tocante à ação policial para se livrarem das

ameaças e violências, o MPF reitera o que consta do relatório sob Evento 16,

REL_FINAL_IPL1, Páginas 6-29, no sentido de que não restou verificada a prática de

qualquer ato ilegal ou de violência desproporcional pelos policiais ou vigilantes da UFSC, os

quais se utilizaram, ao que tudo indica, da força necessária para se livrarem da coação a que

estavam submetidos e prosseguirem no processo perante o Juizado Especial, de modo a

lavrarem o termo circunstanciado. Agiram os policiais em estrito cumprimento do dever

legal, não havendo crime ou abuso em sua conduta.

PEDIDO DE ARQUIVAMENTO – O OFÍCIO Nº

342/2014/PF-UFSC acima citado é uma representação que a Reitora da UFSC oferece

contra o Delegado de Polícia Federal Paulo Barcelos Cassiano Júnior, enquadrando-

o no art. 139 do CP. Esta representação foi autuada no MPF sob o nº

1.33.000.001351/2014-45.

O MPF entende que a competência permanece

no Juízo Comum (7ª Vara), em face da conexão probatória. Por esta razão permaneceu

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 105

Conclusão

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atuando no caso, não declinando sua atribuição para o 1º ou 2º ofícios criminais do

MPF/PRSC.

Extraem-se os trechos da representação que

descrevem o ilícito e pedem o processamento:

24. Dentre as sentenças arremessadas ao encontro da Reitora da UFSC, pode-se destacar:a) a falta de pulso da reitora em gerir os assuntos da Universidade;b) falta de ordem que se instala dentro daquela instituição de ensino;c) periclitante a gestão da Universidade Federal de Santa Catarina;d) complacência [com a prática de crimes] da Universidade Federal;e) falta de pulso com que a reitora gere os assuntos pertinentes à sua Universidade;f) Universidade é um antro da prática de crimes;g) reitora, com o seu comportamento condescendente pretende tornar a Universidade uma repúblicade maconheiros;h) a reitora tem um problema de memória ou se ela tem um problema de caráter, ou se ela temproblema dos dois;i) Se a reitora não tem interesse em manter a ordem no campus, a polícia federal tem;25. Não há dúvidas de que as ilações proferidas pelo Delegado da Polícia Federal à Reitora daUFSC tiveram nitidamente o ímpeto de atacar a imagem da instituição UFSC e principalmente ahonra de sua autoridade máxima.26. Quando alguém com um considerável conhecimento jurídico e formação acadêmica e profissionalsólidos afirma que a Reitora estaria sendo "complacente com a prática de crime" (inclusive uso etráfico de drogas) e que esta pretenderia transformar a Universidade em uma "república demaconheiros" está a afirmar, também, que a Reitora estaria disponibilizando local do qual ela éadministradora para a prática de tais crimes (inclusive tráfico de drogas) ou mesmo estariainduzindo ou instigando o uso indiscriminado de drogas na Universidade.27. Qualquer que fosse o caso, porém, há tipo penal específico (Lei n. 11.343/2006, art. 33, §1º, III e§ 2º do mesmo artigo),configurando a tipificação do art. 138 do Código Penal.28. Ademais, nas manifestações negritadas acima, a autoridade policial utiliza-se do perceptível dolopara imputar à Reitora fato ofensivo à sua reputação. Afinal, uma Reitora que seja "condescendentecom a prática criminosa", que tenha "falta de pulso" para gerir uma Universidade, que tenha uma"gestão periclitante", que queira transformar a instituição numa "república de maconheiros", quetenha "problema de memória" e/ou "caráter" e que não queira "manter a ordem" na instituição éalguém a ser repudiado como administrador público e logicamente (e indevidamente) transformadoem um verdadeiro criminoso perante toda a comunidade acadêmica e sociedade em geral, passandoa ser alvo de comentários jocosos, despropositados e inverídicos.29. As falas do Delegado da Polícia Federal à imprensa são pausadas e bem articuladas e é visível ointencional propósito de macular a competência, honra, decoro e credibilidade da UFSC e de suaReitora.Agindo dessa forma, incorreu, em tese, no tipo penal descrito no artigo 139 do Código Penal.30. Cumpre destacar que em ambos os casos há a inferência da causa de aumento anunciada noartigo 141, II, também do Código Penal (praticado contra funcionário público).31. Por tais fatos, a Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC e a Reitora Roselane Neckelmanifestam interesse em responsabilizar criminalmente o Delegado da Polícia Federal, Dr. PauloCésar Barcelos Cassiano Júnior, pelos fatos e fundamentos acima descritos. 32. Registre-se que não se está, aqui, questionando a validade e a legitimidade de tais operações da

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 106

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Polícia Federal ou de qualquer outra Força Armada, que exercem funções essenciais àRepública, em especial à segurança da sociedade. Todavia, nem mesmo o necessário combate aotráfico de drogas ou consumo de entorpecentes pude legitimar conduta de agente público de ofendero decoro e a honra de autoridade pública, perpetrando acusações descabidas e infundadas, criandoum desnecessário acirramento entre instituições públicas federais e gerando instabilidade social,ecoando na impressa regional e nacional palavras torpes em relação à Reitora da UniversidadeFederal de Santa Catarina.33. Ante o exposto, encaminhamos o presente ao Ministério Público Federal, com fulcro no artigo129, I e II, da Constituição da República, requerendo seja recebida e autuada esta Notitia Chminis(com CD contendo áudio de entrevistas concedidas pelo Delegado e demais documentos) e, seentender cabível esse órgão, seja promovida a competente ação penal, na forma da lei.

Seguem-se à representação os seguintes

documentos: solicitação de atuação da Procuradoria da UFSC (fls. 18-19); e-mail, ofício

da PF de 2013, ofício à PF de 2013, nota de repúdio da UFSC, solidariedade de

entidades à UFSC, moção de repúdio à PF por parte da comunidade acadêmica, notícias

de jornal, CD, portaria de instauração do MPF (fls. 20-57); ofício da UFSC pedindo

satisfações ao MPF sobre o andamento da representação, resposta do MPF à UFSC,

despacho do MPF e relatório da PF (fls. 58-68).

Os pronunciamentos do Delegado foram feitos

após entrevista e nota da Reitora em que ela faz graves afirmações a respeito da ação

policial. Na entrevista concedida ao Diário Catarinense em 26/3/2014, p. 6, a Reitora diz o

seguinte:

"Ação violenta e desnecessária da PF fere autonomia"Diário Catarinense - Quais são as medidas que a universidade pretende tomar?Roselane Neckel - A UFSC foi surpreendida por uma ação violenta e desnecessária da PolíciaFederal, que feriu a autonomia universitária e os direitos humanos. Em vários momentos tentamosdiálogo com a PM e a PF. Quaisquer ações que envolvam diligências com este perfil precisam serimediatamente comunicadas à Reitoria. Isso não foi feito. Não fomos informados da ação. Fomosinformados por terceiros ... Imediatamente liguei para o superintendente da PF, soliciteiesclarecimentos e informei a ele o estranhamento a respeito da ação com camburões, cachorros earmamentos pesados a 200 metros do Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI). onde ficam criançasque. inclusive, sofreram com o gás de pimenta lançado pelos policiais.DC - A universidade não tinha informação sobre a ação?Roselane - Não. Não deveria ser feita nenhuma ação policial dentro do campus. As ações deveriamser feitas onde está o problema social. Imagine o que poderia acontecer se traficantes resolvemreagir dentro da universidade? (...)

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 107

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As declarações da Reitora são uma petição de

princípio: para terem valor necessitam que se admita que a UFSC tem autonomia política,

soberania e jurisdição própria, o que se demonstrou acima não ocorrer. Falta também, na

entrevista, coerência com os fatos, pois se as mesmas crianças que estão a 200 metros

não podem ver uma ação policial, podem, entretanto, presenciar alunos fumando

maconha no mesmo local...

As declarações do Delegado representado devem

ser vistas como retorsão imediata, não podendo se inferir crime contra a honra.

Ademais, o inconformismo da Reitora com

afirmações do Delegado se chocam com a presente denúncia:

a) a falta de pulso da reitora em gerir os assuntos

da Universidade – a denúncia acima é por omissão do dever de evitar a coação de

Policiais que cumpriam seu dever de combater o uso de drogas ilícitas;

b) falta de ordem que se instala dentro daquela

instituição de ensino – a denúncia tipifica depredação e tombamento de veículos oficiais,

o que é uma desordem;

c) periclitante a gestão da Universidade Federal

de Santa Catarina – a Reitora recebeu a RECOMENDAÇÃO N° 8, datada do mesmo dia

dos fatos objeto da denúncia, 25 DE MARÇO DE 2014, recomendação esta oriunda do

OFÍCIO CIDADANIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, que apurava problemas de

insegurança no campus da UFSC, cujo objetivo era prevenir responsabilidades, e cujo

teor era cientificar os servidores daquela instituição, em especial aos que estejam lotados

no Departamento de Segurança Física e Patrimonial (DESEG), acerca da necessidade de

imediata comunicação de todo e qualquer fato criminoso que ocorra nas dependências da

UFSC ao plantão da Polícia Federal, a fim de que sejam adotadas, pela autoridade

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 108

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policial, as medidas cabíveis à elucidação dos fatos e colheita de provas.

d) complacência [com a prática de crimes] da

Universidade Federal – conforme se viu acima, a investigação de crimes ocorridos no

campus da UFSC é muitas vezes dificultada pela tardia comunicação dos fatos à Polícia

Federal; dos 51 inquéritos listados pela PF, somente 08 terminaram com indiciamentos;

e) falta de pulso com que a reitora gere os

assuntos pertinentes à sua Universidade – trata-se de apreciação que não caracteriza

crime contra honra, especialmente se feita após um episódio em que a Reitoria não

conseguiu controlar o ímpeto destruidor de uma turba de alunos enfurecida;

f) Universidade é um antro da prática de crimes –

a expressão pode ter sido forte, mas as dificuldades para elucidação de crimes, a notícia

recente transcrita neste Denúncia a respeito de roubo, são dados que não permitem se

tenha tal afirmação como inverídica;

g) a reitora, com o seu comportamento

condescendente pretende tornar a Universidade uma república de maconheiros – os fatos

descritos na denúncia indicam que a Reitora nada fez para que o TC relativo aos usuários

de maconha fosse lavrado; pelo contrário, omitiu-se de modo a permitir que a polícia

sofresse coação para tal termo não fosse lavrado;

h) a reitora tem um problema de memória ou se

ela tem um problema de caráter, ou se ela tem problema dos dois – há distorção do texto:

foi dito pelo representado que EU NÃO SEI SE A a reitora tem um problema de memória

ou se ela tem um problema de caráter, ou se ela tem problema dos dois; o caso é de

mera retorsão, após a Representante Roselane afirmar que a ação da Polícia Federal foi

violenta e desnecessária, que feriu os direitos humanos. A Reitora fez uma gravíssima

acusação ao Delegado, e este respondeu no mesmo tom.

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 109

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i) Se a reitora não tem interesse em manter a

ordem no campus, a polícia federal tem – a Denúncia acima relata omissão da Reitora e

fatos que não podem deixar de ser vistos como desordem no campus.

Pelos motivos acima elencados, o MPF requer o

arquivamento da representação oferecida contra o DPF, vez que não se caracterizam

crimes contra a honra (CP, art. 139) da Reitora da UFSC, Roselane Neckel, por parte do

DPF Paulo César Barcelos Cassiano Júnior.

No Evento 3, DESP1, Página 8 há requisição de

IPL do Procurador da República Walmor Alves Moreira, enquadrando o caso nos

artigos 62, 63 e 65 da Lei nº 9.605/98 e 18, 20, 22 e 23 da Lei nº 7.170/83. Entende o

signatário que as hipóteses dos artigos 62, 63 e 65 da Lei nº 9.605/98 foram absorvidas

pelo art. 163, parágrafo único, III do CP.

Relativamente ao artigo 18 da Lei nº 7.170/83, o

signatário entende que a violência foi restrita a um ponto restrito de uma pequena capital,

insuficiente para ameaçar o livre exercício algum dos poderes da União ou do Estado. Na

hipótese do art. 20 da Lei nº 7.170/83, ainda que tenha sido detectado membro de partido

político, a devastação não foi suficiente para caracterizar “inconformismo político” e muito

menos para “obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações políticas

clandestinas ou subversivas”, pois não há no país organizações políticas clandestinas ou

subversivas (as organizações clandestinas existentes integram o crime comum

organizado). Quanto ao art. 22 da Lei nº 7.170/83, se alguma propaganda houve, foi

indiretamente de consumo de drogas, não se enquadrando nas hipóteses do referido

artigo. Finalmente, quanto ao artigo 23 da Lei nº 7.170/83, o que ocorreu foi desrespeito à

ordem jurídica, não se tipificando incitação à subversão da ordem política ou social; à

animosidade entre as Forças Armadas ou entre estas e as classes sociais ou as

instituições. Mesmo a afirmação de GABRIELA SANTETTI CELESTINO (...massacre da

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Conclusão

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juventude preta! Da juventude pobre, que a gente não aceita!) é apenas uma manifestação

individual e isolada, insuficiente para tipificar incitação à luta com violência entre as

classes sociais.

Nas capitulações acima, registrou-se

descumprimento de dever funcional quanto aos professores SÔNIA WEIDNER

MALUF, PAULO PINHEIRO MACHADO, WAGNER MIQUEIAS FELIX DAMASCENO e

PAULO MARCOS BORGES RIZZO e quanto ao servidor DILTON MOTA RUFINO

(violação do dever constante do art. 116, III e dos deveres implícitos nas proibições

constantes do art. 117, IV, V, IX, todos da Lei nº 8.112/1990). Deixa o MPF de efetuar

denúncia em face do art. 320 do CP, por entender que a Portaria nº 680-A/2014/GR,

cuja finalidade foi o levantamento dos fatos ocorridos no dia 25 de março de 2014 no

campus da UFSC, apesar de não atender a forma prevista no art. 143 da Lei nº 8.112/90,

fica tolerada como tal.

DEMAIS DOCUMENTOS E DEFESAS

APRESENTADOS AO MPF – Já há notícia nos autos eletrônicos de providências por

parte do MPF no Evento 3, DESP1, Páginas 8 e 11 (requisição de IPL por parte do

Procurador da República Walmor Alves Moreira) e do signatário desta denúncia (Evento

11, PORT2, Páginas 1-4 e Evento 15, DESP1, Páginas 67-70). O documento firmado pelo

signatário que já consta IPL eletrônico foi um termo de representação, decorrente de e-

mail remetido ao MPF, pedindo providências quanto às declarações do Professor Paulo

Pinheiro Machado no Jornal do Almoço de 28/3/14. Tal representação haveria de ser

distribuída aleatoriamente, verificando-se eventual prevenção em relação aos autos

5011803-20.2013.404.7200. O termo de representação tomou o registro

1.33.000.001045/2014-17.

Instado sobre eventual prevenção, o titular dos

autos 5011803-20.2013.404.7200 (responsável pelo 4º Ofício Criminal da PRSC)

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 111

Conclusão

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entendeu que não há. Entendeu, ainda, que a representação sob registro

1.33.000.001045/2014-17 deveria seguir a distribuição aleatória do IPL 5013638-

09.2014.404.7200:

(…)Em 29 de abril de 2013, distribuída a Notícia de Fato n. 1.33.000.000370/2013-73 ao 4o Ofício Criminal da PR/SC, foirequisitada a instauração de IPL para investigar a prática de tráfico e uso de drogas na UFSC.A Notícia de Fato trazia tão-somente notícia de crime anônima, por e-mail, que, por sua vez, trazia o relato de que estava aocorrer uso abusivo de drogas em determinados departamentos da UFSC, com possível envolvimento de servidores daUniversidade, bem como a prática do tráfico de drogas.O IPL n. 5011803-20.2013.404.7200 foi, então, instaurado em 21 de maio de 2013.Do bojo desse Inquérito Policial, constam: a) relato de agente de segurança da UFSC dando conta do aumento do uso dedrogas, estando a situação saindo do controle; b) ofício da Reitora indicando agente de segurança da Universidade paracolaborar com a Polícia Federal; c) notícia de outras medidas investigativas em andamento, incluindo apuração sobre drogaencontrada na Biblioteca da instituição (evento 7 - DESP 1); d) despacho do Delegado Tiago, de 26 de novembro de 2013,dando conta de que "até o presente momento não foi constatada qualquer atividade específica de tráfico de drogas no interior docompus que permitisse um maior aprofundamento investigativo de modo a identificar seus autores, fornecedores, modusoperandi etc, mas informações que apontam ao uso indiscriminado, em algumas áreas especificas (Planetário, por exemplo), desubstâncias aparentemente ilícitas, por freqüentadores do local, inclusive de alunos e possíveis servidores (evento 7 - DESP 1);e) relato feito pelo Delegado Tiago, ainda no referido despacho, comunicando que a UFSC foi orientada a tomar medidaspara melhorar a iluminação, colocar câmeras, aumentar o número de vigilantes e adotar outras medidas para previnir otráfico de drogas; f) boletim de ocorrência dando conta da condução de menor que portava droga em 14 de março de 2014,dias antes da ação policial de 25 de março.Em 25 de março de 2014 - como amplamente divulgado a Polícia Federal fez a apreensão de pequena quantidade de droga empoder de alguns estudantes. Ao colocar um deles em viatura, formou-se, cm pouco tempo, uma multidão, sob o comando dealguns professores, a impedir a concretização da ação policial que pretendia levá-lo à DPF para lavratura de TermoCircunstanciado. Foi chamado Batalhão de Choque da PM a fim de resgatar policiais cercados e garantir a ação policial, nãosem antes acontecer divulgada e conhecida tentativa de negociação.A Delegacia de Polícia Federal, então, instaurou novo IPL (5013638-09.2014.404.7200), para apurar a prática dos seguintesdelitos: 163, parágrafo único, III, 329, 330, 331, 129, 155 e 286 do Código Penal, bem como para apurar excessos na açãopolicial. Tal IPL ainda não foi concluído, tendo sido colhidas informações no sentido de que se está concretizando perícia emfilmagens solicitadas a instituições diversas, sem prejuízo dc outras diligências.Registre-se que os termos circunstanciados de porte de drogas foram encaminhados ao Fórum da UFSC, a fim de seremanalisados no âmbito da Justiça Estadual.Em razão da importância do caso, entendo que é necessária a definição do Procurador natural responsável por esse novo IPL(5013638-09.2014.404.7200), bem como pela Notícia de Fato originária de representação do Dr. Brandão(1.33.000.001045/2014-17).Saliento, desde já, que o objeto da Notícia de Fato referida encontra-se inteiramente abrangido pelo IPL instaurado em razãodos acontecimentos de 25 de março de 2014 (5013638-09.2014.404.7200). Note-se que a Polícia Federal solicitou cópia daentrevista do Professor Paulo Pinheiro Machado, a fim de analisar a sua repercussão na esfera criminal.Registre-se, por outro lado, que o IPL n. 5011803-20.2013.404.7200, distribuído ao 4º Ofício Criminal (que visava apurartráfico e uso na UFSC), não foi atualizado depois de 21 de março de 2014. A ocorrência de 25 de março de 2014 gerou o novoIPL 5013638-09.2014.404.7200, com oobjeto anteriormente referido.No âmbito do IPL distribuído ao 4º Ofício, assim, penderia uma conclusão sobre a investigação desenvolvida no que se refereao tráfico de drogas. As apreensões de pequena quantidade de droga foram formalizadas em TCs remetido à Justiça Estadual.Aliás, essa é a diretriz adotada no caso deverificações de uso de droga (remessa para a Justiça Estadual).No que se refere ao embate ocorrido em 25 de março de 2014, verifica-se que a possibilidade de caracterização dos crimes dedano qualificado, lesões, resistência e outros eventuais crimes resultou de uma ação policial que visava a conduzir usuários dedrogas para a formalização de TC, tal como aconteceu em 14 de março de 2014 e como vem acontecendo em outrasoportunidades (ver Evento 7 - DESP 1 e Evento 14 - OUT 1).Assim, observe-se que a responsabilidade do titular do 4° Ofício Procuradoria da República em Santa Catarina Criminal peloIPL n. 5011803-20.2013.4047200 não conduz à conclusão de que qualquer apreensão de droga na região da UFSC ficarianecessariamente sob responsabilidade do 4° Oficio Criminal. Os lermos Circunstanciados - repita-se - não estão sendoremetidos à Justiça Federal.Nesses termos, os crimes eventualmente acontecidos em desdobramento à condução dos usuários, uma vez perpetrados, emtese, em desfavor de policias federais, devem ser analisados na âmbito da Justiça Federal, mas não há prevenção do 4º Ofício

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 112

Conclusão

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Criminal em razão do trâmite doIPL n. 5011803-20.2013.404.7200.Em despacho do DPF Thiago Monjardim Santos, de 26 de novembro, ele havia afirmado, a propósito da investigação portráfico de drogas, que "até o presente momento não foi constatada qualquer atividade específica de tráfico de drogas no interiordo campus que permitisse um maior aprofundamento investigativo de modo a identificar seus autores, fornecedores,modusoperandi etc. mas sim informações que apontam ao uso indiscriminado, em algumas áreas específicas (planetário, por exemplo),de substâncias aparentemente ilícitas, por freqüentadores do local, inclusive de alunos epossíveis servidores".No âmbito do IPL n. 5011803-20.2013.404.7200 (distribuído regularmente ao 4º Ofício Criminal), aguardam-se as conclusõessobre as atividades ligados ao tráfico de drogas, sendo certo que não houve, ainda, a atualização das informações.No entanto, o novo IPL n. 5013638-09.2014.404.7200 deverá ser livremente distribuído, assim como a presente Notícia deFato. Entende-se,contudo, que o objeto da NF está inteiramente contido no IPL n. 5013638-09.2014.404.7200, sendoimpositiva a distribuição por prevenção entre eles.Florianópolis, 11 de abril de 2014.ROGER FABREProcurador da República

O IPL n. 5013638-09.2014.404.7200 foi

distribuído aleatoriamente ao signatário (fl. 13 do PIC 1.33.000.001045/2014-17). Nas fls.

19-24 há documentos já noticiados nesta denúncia. Na fl. 26 há exemplar de jornal

editado pelos estudantes do Curso de Jornalismo com matérias sobre o acontecimento

objeto desta denúncia. Na fl. 27 há matéria do Diário Catarinense de 27/4/2014, p. 38,

segundo a qual “No episódio do confronto entre alunos e as polícias Federal e Militar em

março, na UFSC, integrantes do acampamento estiveram no campus dando apoio aos

estudantes” (o acampamento é a “Ocupação Amarildo de Souza”). As matérias

jornalísticas objeto do ofício da fl. 28, ainda que atendidas na fl. 33, já estavam sob

análise pela Polícia Federal no IPL 5013638-09.2014.404.7200.

Nas fls. 39 e 40 há informações, de 2012, da

UFSC sobre soluções buscadas para resolver o problema da insegurança no campus,

buscando atender indagações do MPF. Outras informações sobre o mesmo tema

constam das fls. 42-49.

Nas fls. 51-51, Sônia Weidner Maluf e Paulo

Pinheiro Machado apresentam documentos. Nas fls. 54-59, constam declarações de

Sônia e Paulo. O depoimento não destoa da cronologia dos fatos constante do IPL: o

início dos fatos foi a constatação de uso de maconha no campus. A versão apresentada é

que Sônia e Paulo não sabiam que eram policiais. Tal versão destoa das filmagens

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 113

Conclusão

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constantes dos autos, porquanto há policiais fardados nas imagens e agentes e viaturas

do DESEG. No restante do depoimento se procura mostrar um quadro de violência dos

policiais. Este quadro não encontra suporte probatório nas filmagens que constam do

inquérito. Do depoimento se observa que, em vez de Sônia e Paulo chamarem

advogados, ela e outros professores assumiram o que entendiam por “defesa” dos

usuários de drogas. No mais, há descrição de fatos, mas que são apresentados sob a

ótica da defesa e poderão ser apreciados pelo Judiciário durante a instrução da ação

penal.

Nas fls. 60-62 há a recomendação nº 8 da PRDC,

seguida de ofício da UFSC explicando sobre as medidas decorrentes da recomendação.

Na fl. 67 há ofício ao signatário, sobre o qual já se

falou acima. No DVD da fl. 68 consta o seguinte:

a) vários depoimentos, muitos já constantes do

Inquérito Policial: Teles Espíndola confirma o que disse na Polícia; Leandro de Oliveira

também informa que havia consumo de drogas no local e que os alunos eram contra a

detenção; o depoimento de Sônia é semelhante ao prestado no MPF; Marilene Dandolini

Raupp opina sobre os fatos e diz que viu carros da polícia às 15h e que a tropa de choque

chegou às 16h; Laura Wandelli Loth confirma que os acusados impediram a polícia de

lavrar o TC e assume que atuou na coação dos policiais, mas, como a única prova contra

ela é seu testemunho, deixa-se de denunciá-la, já que está fazendo prova contra si

mesma; Giovanni Regazzo confessa que portava maconha em sua mochila e que

concordou em ir à delegacia de polícia; Ailson Ribeiro Marcos confessa que portava

maconha em sua mochila (um kit: maconha e colírio) e que o servidor que o revistou

portava um crachá; Marino Mondek confirma que havia uma manifestação dos estudantes

para impedir que o estudante detido fosse levado pela polícia e que ligou para sua

advogada, Daniela Félix; esta, em seu depoimento, conforma o relato de porte de

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 114

Conclusão

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maconha por um estudante, que os pneus da caminhonete foram esvaziados, que

orientou os alunos a preservarem o patrimônio, que acha que a operação da PF foi

desproporcional ao fato; Wagner Miqueias Felix Damasceno reclama do tratamento que

recebeu dos policiais; Gilberto de Souza Lima informa que viu três policiais à paisana no

bosque, que foi encontrada maconha na mochila de um aluno e que foi intimado a ser

testemunha dos fatos por um policial; Samuel Rosa Ribeiro informa que havia um

esmurrugador em sua mochila e que o policial lhe falou que havia vestígios de droga em

sua mochila; Carlos José Espíndola diz que presenciou o bate-boca entre os agentes da

polícia e a professora Sônia; Cesar Cota Ledra diz que havia um triturador em sua

mochila; Carlos Alberto de Araújo Gomes Júnior diz que às 14h os policiais federais e os

detidos estavam cercados por manifestantes e que uma mulher, discursando em cima de

uma viatura, dizia que “os meninos não vão sair”; Carlos Antônio Oliveira Vieira diz que a

professora Sônia, no dia dos fatos, solicitou a presença de alguém do Gabinete e ele foi a

pedido da Reitora Roselane, que a mídia chegou ao local das fatos às 14:30 e que a PF

filmava os acontecimentos; Cesar Dirceu Obregão Azambuja diz que ao chegar ao local

havia confronto entre estudantes e polícia e que ligou para o Procurador da República

Chefe da PRSC, Marcelo da Motta, dizendo, ainda, que ligou para o Procurador da

República (aqui não ficou esclarecido qual era o Procurador. Informa-se: a ligação era

para o signatário).

b) o vídeo que é apresentado como início da

operação mostra policiais se identificando como tais e pedindo para fazer revista em

mochilas (lembre-se que havia provas de que o local era usado para consumo de drogas);

c) uma das primeiras fotos mostra um pequeno

grupo de pessoas e um policial com colete oficial, no qual está um emblema a PF; em

outra foto, aparece um policial sendo cercado por alguns dos acusados, não havendo

junto pessoa que seja apresentada como advogado; as fotos são dos mesmos fatos

apresentados no IPL, inclusive aparecendo os carros tombados. Há uma foto em que

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 115

Conclusão

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aparece o momento exato do tombamento da viatura do DESEG, em que não está

nenhum policial executando a capotagem;

c) o BO do DESEG (uma espécie de polícia da

UFSC) diz o seguinte:

Relata-nos o comunicante, Que é o atual Diretor do Departamento de Segurança da UFSC;QUE por volta de 13h30min.estiveram na central de Segurança os agentes de Polícia Federal Heitor e Copetti informando que durante parte da manhã,outros três agentes monitoravam a região citada dando conta de que havia no local vários consumidores de drogas e suspeitade tráfico; QUE o local já é conhecido há muitos anos como palco para este tipo de prática. QUE os agentes solicitaramacompanhamento da ação por uma equipe do DESEG; QUE ao chegarem ao local já se podia visivelmente observar oconsumo de substancia conhecida como maconha por algumas pessoas. QUE a PF iniciou a abordagem de alguns usuários eque os agentes conduziam com tranquilidade a operação, tendo já consigo pelo menos quatro pessoas detidas dentre estes trêsalunos universitários que tiveram o material (drogas) apreendido; QUE os agentes explicavam aos referidos alunos osprocedimentos legais (confecção de Termo Circunstanciado) que iriam efetuar na Superintendência da PF; QUE a situaçãoestava sendo conduzida pela PF de maneira tranquila dentro dos princípios da administração pública; QUE inesperadamenteouviram palavras de ordem contra polícia no campus vindas da região do bar do CFH; QUE juntamente com a vice-diretorado CFH, Prof.a Sônia Maluf e o Prof. Wagner vários alunos cercavam outro agente da PF que vinha conduzindo mais umaluno que portava drogas; QUE os alunos foram incitados e que muito rapidamente a região foi tomada por estudantes quecercavam as viaturas da PF e da Segurança do Campus; QUE por várias horas diversas pessoas tentaram negociar a situaçãodentre estas o Chefe de Gabinete da UFSC, Prof. Carlos Vieira que fora informado do ocorrido, o Diretor do CFH Prof. PauloPinheiro Machado e alguns alunos que não pude nominar além de outras autoridades externas e os Delegados FederaisCassiano e Dotori, responsáveis pela ocorrência. QUE após várias horas de negociação a determinação da PF era de que osentão detidos, deveriam ser levados para a superintendência da PF; Que a PF solicitou apoio da Polícia Militar, quenovamente tentou negociar a retirada pacífica do aluno detido no local; QUE já por volta de 17h30min o Batalhão de choquefoi empregado na ocorrência com a finalidade de conduzir o aluno a PF e dar proteção aos servidores públicos envolvidos naocorrência; QUE houve muito tumulto e que na dispersão dois veículos sendo um da PF e outro a viatura caracterizada doDESEG foram destruídos; QUE alguns dos envolvidos na ocorrência sequer tem algum vínculo com a UFSC e utilizam-se daregião para outros "assuntos" não inerentes ao meio acadêmico; QUE além da destruição e do desfecho da ocorrêncianoticiada na mídia foram subtraídos equipamentos do interior da viatura do DESEG como uma máquina fotográfica da UFSC,um colete de segurança e a carteira do servidor Teles Espíndola com todos os seus documentos e trezentos reais em dinheiro.Da viatura da PF foram subtraídos GPS, Carteira com toda documentação do agente Copetti, talonário de cheques, cento eoitenta e dois reais em dinheiro além de cinquenta dólares, do APF Heitor foram subtraídos a carteira funcional, todadocumentação (RG, CPF, Registro Sinarm e CNH) e sessenta reais em dinheiro que se encontravam no interior da viatura oradestruída. QUE após todo o desenrolar da ocorrência os veículos destruídos foram guinchados e conduzidos para perícia naPF e que a maioria dos envolvidos no fato ocuparam o prédio da Reitoria, além de obstruírem a via pública em frente ao CFHe na entrada da carvoeira impedido o trânsito de veículos, viaturas e do transporte coletivo. É o relato.

d) há matérias jornalísticas no DVD da fl. 68 já

citadas ao longo desta denúncia;

e) o Relatório, já mencionado nesta denúncia, foi

elaborado em face da Portaria nº 680-A/2014/GR, cuja finalidade foi o levantamento dos

fatos ocorridos no dia 25 de março de 2014 no campus desta Universidade. A comissão

composta pela portaria era formada por JEAN-MARIE ALEXANDRE FARINES –

Presidente, VERA REGINA PEREIRA DE ANDRADE e ZULMIRA DA SILVA (membros).

O relatório não tem uma conclusão única, mas várias assertivas a título de conclusão,

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 116

Conclusão

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sempre pugnando pela legalidade dos fatos praticados pelos denunciados e pela

ilegalidade das ações da polícia:

e.1) sobre o Inquérito Policial e, indiretamente,

sobre esta denúncia:

Curiosamente, depois de uma determinação inflexível na realização das prisões estudantis, a pretexto de reprimir o uso e otráfico de drogas no campus da UFSC, numa Operação de alto custo para o Estado e acúmulo de danos, com benefício inócuodo ponto de vista declarado da Operação, a Polícia Federal muda o foco da criminalização da droga, que deu origem àOperação Policial, para a criminalização contra o patrimônio público e as pessoas que resistiram; preocupação que passa acentralizar suas atenções, com novos e vultosos custos do Estado para a realização de um Inquérito Policial de envergadura,como se noticiou acima. O foco nos indiciamentos dos supostos usuários de droga (que não chega a existir) se desloca para osindiciamentos contra professores e estudantes por danos, lesões corporais, desacato, resistência e neste Inquérito, os 5estudantes são arrolados como “testemunhas”.

e.2) sobre os atos dos acusados e sobre as ações

da polícia:

Estudantes e demais participantes, ao reagirem e assumirem a resistência tanto à forma de condução da Operação pelaPolícia Federal e pela Polícia Militar, quanto à prisão ilegal ou às prisões ilegais, no contexto de violência a que ambasconduziram, estão sendo indiciados como agressores e depredadores do patrimônio público (artigos 129 e 163 do CódigoPenal brasileiro). Professores foram desrespeitados e agredidos e eles é que estão sendo criminalizados como agressores ,bem como seus esforços no sentido de compreender o que estava se passando no campus da UFSC, e, a seguir, de negociaruma saída não violenta para a situação, estão sendo indiciados por afronta e obstaculização à Operação policial, comoautores de crimes como resistência e desacato ( artigos 329 e 331 do Código Penal brasileiro) ; tudo numa exata “inversão”fática e ideológica; inversão que parece ser a lógica dominante em todo o processo conduzido pela PF.

e.3) sobre o DESEG:

A percepção da comissão a respeito foi, portanto, e este é um encaminhamento, a de que é necessária uma atençãoeducacional e comunicacional especiais a este Departamento; ou seja, tanto no sentido da orientação e formação funcional,na área de segurança, quanto no sentido de otimizar sua interação com a Reitoria, Pró-Reitoria de Administração ecomunidade acadêmica, para desta forma fortalecer um DESEG a favor e não contra a Instituição e sua comunidade e quenela se reconheça e com ela se identifique, enquanto integrado ao seu corpo funcional.

Nas fls. 69 a 101 consta cópia física do Relatório

Final acima mencionado. A cronologia dos fatos é a mesma do Inquérito Policial:

estudantes flagrados pela polícia na posse de maconha e utensílios para seu uso, polícia

tomando providências para lavrar TC, estudantes e depois professores impedindo a

polícia de prosseguir no processo de lavratura de TC, batalhão de choque resgatando

polícia e usuários de drogas. O que diverge é a descrição da cortesia ou descortesia da

polícia na abordagem e se os estudantes estavam fumando maconha ou só portando a

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 117

Conclusão

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droga (como se isto tivesse alguma relevância para a lei).

Nas fls. 102 a 105 consta um despacho do MPF e

um ofício da PF dirigido ao PRDC (ofício 0041/2014-SR/DPF/SC) já acima mencionado.

EM FACE DO EXPOSTO, ficam denunciados (1)

ALEXANDRE NIEDERAUER RAMOS, (2) ALEX CIPRIANO DE SOUZA, (3) CAIO

RAMOS DIR DE CARVALHO, (4) CARL LIWIES CUZUNG GAKRAN, (5) CESAR RAMI

PEREIRA DA CUNHA TAVARES, (6) DIEGO OSSIDO ALVES, (7) DILTON MOTA

RUFINO, (8) DIVA CRISTIANE NASCIMENTO PEREIRA, (9) EVERTON MACHADO

VASQUES, (10) FÁBIO NORIO IASUNAGA, (11) GABRIELA SANTETTI CELESTINO,

(12) GABRIEL DE SOUZA BEVACQUA MELO, (13) GABRIEL FABBRO, (14) GABRIEL

FELIPPI, (15) GABRIEL NICOLODELLI DA SILVA, (16) GIOVANI BAÚ ALVES, (17)

HENRIQUE AMADOR PUEL MARTINS, (18) JOÃO GABRIEL CURSINO BARANOV,

(19) JOÃO VICTOR DE ARAÚJO, (20) KAINARA FERREIRA DE SOUZA, (21) LUCAS

DE ABREU BORSUK, (22) MATHEUS EIJI NOGUEIRA IKEZAWA, (23) MICHELE DE

MELLO, (24) NICHOLLAS BICHUETE MUNHOZ, (25) PAULO PINHEIRO MACHADO,

(26) PAULO MARCOS BORGES RIZZO, (27) PEDRO HENRIQUE MASTRANGI, (28)

ROSELANE NECKEL, (29) ROSICLEIA SPIECKER DA SILVA, (30) SÔNIA WEIDNER

MALUF, (31) VINICIUS AQUINIO SILVA, (32) VITOR DANIEL BREDA, (33) VITOR DE

AMORIN GOMES ROCHO, (34) VITOR ROLLIN PRUDÊNCIO, (35) YGOR GRIGOL e

(36) WAGNER MIQUEIAS FELIX DAMASCENO, acima qualificados, como incursos nas

penas dos dispositivos legais suso mencionados, pelo que se requer, após o recebimento

e a autuação desta denúncia, sejam os réus citados (CPP, art. 396), prosseguindo-se nos

demais atos processuais, até final condenação (nas penas legais e na indenização

prevista no art. 387, IV do CPP – 1/36 de R$ 45.380,11 = 1.260,55 por acusado), com

audiência das testemunhas (excluídos os nomes e qualificações para preservar a

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 118

Conclusão

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privacidade das testemunhas)

O arquivo com todas as imagens tem 30gb, razão

pela qual o MPF requer intimação para levar HD à JF, a fim de transmitir os dados.

Como boa parte dos acusados se mostraram

violentos, especialmente se confrontados com o sistema punitivo, o MPF sugere que,

quando das audiências, haja aparato de segurança para conter eventuais manifestações,

tumultos ou depredações.

Conforme acima mencionado, se os antecedentes

permitirem, é possível a proposta de suspensão para: WAGNER MIQUEIAS FELIX

DAMASCENO, DILTON MOTA RUFINO, PAULO MARCOS BORGES RIZZO, GABRIELA

SANTETTI CELESTINO, VITOR ROLLIN PRUDÊNCIO, EVERTON MACHADO

VASQUES, ALEXANDRE NIEDERAUER RAMOS, KAINARA FERREIRA DE SOUZA,

FÁBIO NORIO IASUNAGA, MICHELE DE MELLO, CAIO RAMOS DIR DE CARVALHO,

HENRIQUE AMADOR PUEL MARTINS, ROSELANE NECKEL.

No tocante à busca dos antecedentes, infere-se

que, nas hipóteses previstas no CPP, cabe ao Juízo requisitá-los (artigos 694 c/c 708,

696, II; 708, parágrafo único; 714, I; 736, 748 e 809, V e § 3º). Nos casos da Lei nº

9.099/1995 (art. 76, § 2º, III e art. 89), não há especificação se é o Juízo ou o MPF que

requisita os antecedentes. Assim, se o Juízo entender que cabe ao MPF a busca de

antecedentes para os fins da Lei nº 9.099/1995 (art. 76, § 2º, III e art. 89), este requisitará

os antecedentes ao Instituto Nacional de Identificação da Polícia Federal, sucessor do

Instituto de Identificação e Estatística de que fala o CPP (conforme resulta da combinação

do Decreto nº 14.078, de 25/2/1920 com o art. 200 do Decreto nº 56.510, de 28/06/1965).

O Instituto de Identificação e Estatística é mencionado nos artigos 23, 166, 541, “b”, 676,

II, 694, 709, “caput” e § 1º), 747, 809, “caput” e § 3º, todos do CPP.

Relativamente ao rol dos culpados, como o MPF

Autos nº 5013638-09.2014.404.7200 página 119

Conclusão

Page 120: Denúncia da Operação UFSC é protocolada pelo Ministério Público Federal em SC

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM SANTA CATARINA – 3º OFÍCIO CRIMINAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM SANTA CATARINA – 3º OFÍCIO CRIMINAL

R. PASCHOAL A. PITSICA, 4876, TORRE 1, ÁTICO – ED. LUIZ E. DAUX - FPOLIS - SC – 88025-255 - FONES: (48) 2107-6200 – www.prsc.mpf.mp.br - [email protected]

não tem acesso a ele, requer seja determinado à Secretaria do Juízo que informe se

alguns dos acima nominados tem seu nome no referido rol.

Caso os antecedentes permitam a suspensão, o

MPF propõe, além das condições previstas no art. 89 da Lei nº 9.099/95, o pagamento de

R$ 1.260,55 por acusado (1/36 de R$ 45.380,11), a ser assim depositado: ao se

completarem R$ 23.460,90, que é o valor dos danos causados ao veículo

Mitsubishi/L200, placa MLV-2889, seja tal importância depositada a título de indenização

em conta da Universidade Federal de Santa Catarina; ao se completar o valor de R$

21.919,21, que é o valor dos danos causados ao veículo GM/Astra, placa MFQ-1375, seja

tal valor depositado em conta do Departamento de Polícia Federal. Ou, alternativamente,

como R$ 23.460,90 é 51,69% de R$ 45.380,11, a cada depósito de R$ 1.260,55, destine-

se 51,69% (=R$ 651,57) para a UFSC e 48,30% (=R$ 608,98) para a PF.

Para a reparação dos danos não foi considerado,

porque não calculado, o valor de toda a operação policial deflagrada para fazer cessar a

coação no curso do processo no Juizado Especial, ou seja, o valor do deslocamento de

autoridades policiais federais que não estavam presentes e da PM.

Nesses termos

Pede Deferimento.

Florianópolis, 12 de março de 2015

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