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1 de 54 EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(ÍZA) DA 5ª VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SANTOS/SP “OPERAÇÃO TRITÃO” Por conexão com os autos nº 0001439-18.2018.4.03.6104 O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL , pelo Procurador da República infra-assinado, no exercício de suas atribuições constitucionais e legais, vem, perante Vossa Excelência, oferecer: DENÚNCIA em desfavor de: JOSÉ ALEX BOTELHO OLIVA, brasileiro, filho de Isabel Botelho de Oliva e Alcyones Muniz de Oliva, nascido em 19/03/1950, CPF nº 311.806.807-82, com endereço na Rua Piaui, 62, apto 232 – Pompeia – Santos/SP, CEP 11.060-420; Assinado com certificado digital por THIAGO LACERDA NOBRE, em 14/07/2021 12:43. Para verificar a autenticidade acesse http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 58B6AB9F.179D0E74.5154CEAB.300EC959

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(ÍZA) DA 5ª VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SANTOS/SP

“OPERAÇÃO TRITÃO” Por conexão com os autos nº 0001439-18.2018.4.03.6104

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pelo Procurador da

República infra-assinado, no exercício de suas atribuições constitucionais e

legais, vem, perante Vossa Excelência, oferecer:

DENÚNCIA em desfavor de:

JOSÉ ALEX BOTELHO OLIVA, brasi leiro, f i lho de

Isabel Botelho de Oliva e Alcyones Muniz de Oliva,

nascido em 19/03/1950, CPF nº 311.806.807-82, com

endereço na Rua Piaui, 62, apto 232 – Pompeia – Santos/SP,

CEP 11.060-420;

Assinado com certificado digital por THIAGO LACERDA NOBRE, em 14/07/2021 12:43. Para verificar a autenticidade acesse

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 58B6AB9F.179D0E74.5154CEAB.300EC959

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GABRIEL NOGUEIRA EUFRÁSIO, brasileiro, filho de

Elihua Nogueira Eufrasio e Agustinho Eufrasio Filho, nascido

em 27/07/1966, CPF nº 229.465.433-15, residente na Rua

Batista de Oliveira, 950, apto 401, Coco, Fortaleza/CE, CEP

60.160-030;

FRANCISCO JOSÉ ADRIANO, brasi leiro, f i lho de

Aurora Rainha Adriano e Rubens Adriano, nascido

em 08/02/1967, CPF nº 077.812.938-19, com

endereço na Rua Comendador Alfaya Rodrigues,

318-A, Aparecida, Santos/SP, CEP 11.025-152;

CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO,

brasi leiro, f i lho de Izi lda Aparecida Alves de

Oliveira, CPF nº 263.601.188-90, nascimento em

31/10/1977, com endereço na rua Barra da

Jangada, 185, Parada Inglesa, CEP 02247030, SAO

PAULO – SP;

SÉRGIO PEDRO GAMMARO JUNIOR, brasi leiro,

f i lho de Maria Apparecida Camargo Gammaro,

CPF nº 060.862.698-82, nascimento em

07/06/1968, com endereço na rua Brasí l ia, 131,

apto 52, Itaim Bibi, CEP 04534040, São Paulo –

SP;

ÁLVARO CLEMENTE DE SOUZA NETO, brasileiro, filho de

Maria de Lourdes Silva de Sousa, CPF nº 169.633.588-42 ,

nascimento em 24/06/1974 , com endereço na rua Sampaio

Moreira, 27, apto 123, Embare, CEP 11040080, Santos – SP;

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CRISTIANO ANTÔNIO CHEHIN, brasileiro, filho de Sonia

Maria Adas Chehin, CPF nº 162.358.848-00, nascimento em

29/01/1974, com endereço na Alameda Jau, 161, apto 131,

Cerqueira Cesar, CEP 01420000, São Paulo – SP;

TAWAN RANNY SANCHES EUSEBIO FERREIRA,

brasileiro, filho de Noemia Sanches Ferreira, CPF nº

337.994.838-10, nascimento em 07/12/1988, com

endereço na rua Comendador Alfaya Rodrigues, 356, apto

12, Aparecida, CEP 11025152, Santos – SP;

JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS, brasileiro, filho de Maria

Laerte Dos Santos, CPF nº 277.807.848-78, nascimento em

01/05/1980, com endereço na rua Jose Amadeu Ramos,

121, apto 12, Jardim Las Palmas, CEP 11420490, Guarujá -

SP

OTONIEL PEDRO ALVES, brasileiro, filho de Noemia Maria

Alves Da Silva, CPF nº 134.085.308-66, nascimento em

01/06/1972, com endereço na rua São Paulo, 381, apto 21,

Loteamento João Bat, CEP 11443380, Guarujá – SP; e

OSEAS PEDRO ALVES, brasileiro, filho de Noemia Maria

Alves Da Silva, CPF nº 297.496.988-78, nascimento em

19/01/1981, com endereço na rua Ezio Da Costa Gama, 914,

casa, Jd Boa Esperança, CEP 11471050, Guarujá – SP;

pelos fatos e fundamentos que passa a expor:

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1. INTRÓITO E SÍNTESE DA INVESTIGAÇÃO

A investigação que instrui o presente feito buscou

identif icar e desarticular esquema criminoso instituído no âmbito da

Companhia Docas do Estado de São Paulo – CODESP (atualmente

denominada Santos Port Authority) envolvendo diversos servidores

públicos e empresários, notadamente com relação a l ic itações e contratos

f irmados nos anos de 2013 a 2016, dentre eles a dragagem do canal do

Porto de Santos, o que caracterizaria, em tese, a pratica dos del itos

t ipif icados nos artigos 317 e 333 do Código Penal, art igo 90 da Lei

8666/93 e artigo 2º da Lei 12.850/2013, sem prejuízo de outros i l íc itos.

Ao longo das investigações foram deflagradas duas fases

ostensivas da denominada Operação Tritão (“Tritão” e “Círculo Vicioso”),

culminando na prisão de diversos investigados, cumprimento de mandados

de busca e apreensão e obtenção de milhares de documentos e materiais

de interesse das investigações.

Conforme consta dos autos, no mês de setembro de 2016

foi postado um vídeo na internet no qual CARLOS ANTÔNIO DE SOUZA

(Carl inhos), então assessor de JOSÉ ALEX BOTELHO DE OLIVA (então

Presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo – CODESP),

afirmava a seu interlocutor – posteriormente conhecido como ULISSES STONAGA DE MORAES – a real ização de diversas fraudes no âmbito da

CODESP, que culminaria em prejuízo da ordem de milhões de reais.

De posse dos elementos, a Controladoria Geral da União

em São Paulo, após sol icitação do MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL,

elaborou a Nota Técnica n° 1422/2017/GAB/CGUSP/CGU-PR donde

constaram diversos elementos prel iminares de supostas irregularidades.

Devido às graves condutas investigadas e ao sigi lo

necessário à apuração do caso, embora tombado perante a Delegacia de

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Polícia Federal em Santos, o mencionado apuratório foi remetido,

posteriormente, à Delegacia de Combate à Corrupção e Crimes Financeiros

junto à Superintendência Regional do Estado de São Paulo da Polícia

Federal.

Com a evolução das investigações, ainda mais elementos

foram levantados de modo a corroborar a prática de crimes e a del imitar a

autoria dos i l íc itos, culminando na deflagração da primeira fase ostensiva

da operação, em 31 de outubro de 2018 – denominada Operação Tritão.

Na aludida operação, que se desenvolveu por meio de

trabalho conjunto entre diversos órgãos de controle (notadamente:

Ministério Público Federal, Pol ícia Federal, Tribunal de Contas da União,

Receita Federal do Brasi l e a Controladoria Geral da União em São Paulo)

foram expedidos diversos mandados de prisão e de busca e apreensão, que

culminou em vasto material probatório arrecadado.

Nesse ínterim, também, MÁRIO JORGE PALADINO, um

dos principais investigados naquele momento, acabou por celebrar acordo

de colaboração premiada com o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL e a

Polícia Federal, descortinando alguns fatos até então não esclarecidos.

Além disso, a nova diretoria da Companhia Docas do

Estado de São Paulo – CODESP trouxe ao conhecimento das autoridades

pol iciais outros contratos com fortes indícios de direcionamento e fraudes

na celebração e durante a sua execução.

As novas informações, juntamente com os fatos trazidos

pela colaboração, forneceram substrato para a deflagração da segunda

fase ostensiva da Operação Tritão, denominada “Círculo Vicioso”,

deflagrada em agosto de 2019. Na ocasião, foram expedidos diversos

mandados de prisão e de busca e apreensão, gerando arrecadação de

vasto material, que foi catalogado, embora, ao que pareça, não tenha sido

todo periciado.

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Foi procedida a oit iva de diversas testemunhas e a

inquirição dos investigados, além da juntada de robusto material técnico

produzido pela Controladoria-Geral da União, Tribunal de Contas da União

e Receita Federal do Brasi l .

O inquérito pol icial que material iza as investigações,

embora relatado, foi devolvido para aprofundamento das investigações

acerca de outros fatos criminosos apurados no curso das investigações

sendo, entretanto, que a total idade dos documentos produzidos até o

relatório da autoridade pol icial foram acostados ao presente feito.

Assim, são estes os principais fatos relacionados à

atuação da referida organização criminosa. A comprovação dos fatos e

elementos de prova estão encartados no IPL nº 0072/2018 (Autos JF nº

0001439-18.2018.4.03.6104), cuja copia integral instrui a presente

denúncia.

Diante disso, de modo a mantermos uma organização

sistemática nesta inicial acusatória, informamos que maiores detalhes,

fatos e aspectos relacionados à participação dos denunciados no esquema

criminoso serão abordados no capítulo específ ico.

2. DOS FATOS

Segundo consta dos autos, JOSÉ ALEX BOTELHO OLIVA, GABRIEL NOGUEIRA EUFRÁSIO, CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO, FRANCISCO JOSÉ ADRIANO, SÉRGIO PEDRO GAMMARO JUNIOR, ÁLVARO CLEMENTE DE SOUZA NETO, CRISTIANO ANTÔNIO CHEHIN e TAWAN RANNY SANCHES EUSEBIO FERREIRA, de forma consciente,

l ivre e voluntária, frustraram e fraudaram, mediante expediente, o caráter

competit ivo do procedimento l icitatório, com o intuito de obter, para si ou

para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da l icitação,

conduta tipificada no artigo 90 da Lei 8.666/93.

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Também é dos autos que JOSÉ ALEX BOTELHO OLIVA, GABRIEL NOGUEIRA EUFRÁSIO, CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO, FRANCISCO JOSÉ ADRIANO, SÉRGIO PEDRO GAMMARO JUNIOR, ÁLVARO CLEMENTE DE SOUZA NETO, CRISTIANO ANTÔNIO CHEHIN e TAWAN RANNY SANCHES EUSEBIO FERREIRA, forma consciente,

l ivre e voluntária, desviaram valor, consistente em pagamento por serviços não

realizados e remuneração da de terceiros de modo indevido, em proveito alheio, na

condição de funcionários públicos, conduta tipificada no artigo 312 do Código Penal.

Consta também que, para a perpetração do delito, contaram com a

essencial participação dos denunciados JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS, OTONIEL PEDRO ALVES e OSEAS PEDRO ALVES, que também praticaram o

delito previsto no artigo 312 do Código Penal.

Conforme apurado, a Controladoria-Geral da União1

identif icou irregularidades inúmeras no procedimento l icitatório que

culminou no contrato DIPRE/40.2018, no valor de R$ 2.700.000,00 (dois

milhões e setecentos mil reais) celebrado pela CODESP com a empresa VERT (CNPJ 12.954.522/0001-01), que causou prejuízos à

Administração Publica.

Do mesmo modo, inúmeras irregularidades foram

encontradas em análise real izada pela própria CODESP, conforme relatório

de auditoria2 produzido por aquele órgão e informações entregues à Polícia

Federal.

Dentre irregularidades, que em verdade sustentaram

expediente que atentaram contra o caráter competit ivo do procedimento

l icitatório, mencionamos, a ausência do detalhamento da composição dos

custos da contratação, não constar dos autos como as quantidades

contratadas foram estimadas, a não conformidade nos procedimentos da

pesquisa de preços, o fato de não consta no Termo de Referência a

1 Nota Técnica da Controladoria-Geral da União nº 395/2019/NAE/SR/REGIONAL/SP. 2 Relatório de Auditoria CM-02.2019, produzido pela Superintendência de Auditoria Interna da CODESP.

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informação de como os serviços seriam controlados pela f iscal ização do

contrato, medidos e pagos.

Também se verif icou a irregularidade de a central de

monitoramento de Santos estava instalada em uma base da CODESP, sem

ônus para a contratada e sem amparo de qualquer documento formal que

autorizasse tal decisão. Verif icou-se igualmente que a central de

monitoramento instalada em Santos não atendeu os elementos básicos

exigidos no Termo de Referência, sendo que, durante a visita técnica,

observou-se que as instalações disponibi l izadas para os trabalhos não

estavam al inhadas ao Termo de Referência.

Do mesmo modo, constatou-se que a base operacional de

Bertioga não foi disponibi l izada e segundo a manifestação da contratada, a

base não foi entregue por conta da baixa demanda de eventos no

município de Itatinga. Igualmente constatou-se que o pagamento de horas

de treinamento ocorreu sem comprovação pela contratada sendo que a

contratada cobrou pela real ização de treinamentos não sol icitados por esta

CODESP. Mesmo sem comprovação da sua real ização, os serviços ora

alegados pela contratada foram “atestados” e pagos.

Por f im, conforme verif icado pela Controladoria Geral da

União e bem relatado documentalmente, os atestados de capacidade

técnica, exigidos no procedimento l ic itatório e essenciais para a

concretização da contratação em questão, eram invál idos3.

Conforme apurado, foi celebrado o Contrato DIPRE

40/2018 entre a empresa VERT e a CODESP na data de 22.05.2018, pelo

ex-Diretor-Presidente JOSÉ ALEX BOTELHO DE OLIVA e pelo ex-Diretor

de Operações Logíst icas, CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO.

3 Atestados tecnicamente inválidos e foram fraudulentamente obtidos e fornecidos, desiquilibrando o procedimento

licitatório e permitindo que a empresa contratada, que não preenchia requisitos para tanto, firmasse ajuste com a CODESP.

Este fato será devidamente abordado.

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O objeto do contrato era a prestação de serviço de

monitoramento por drones no Porto de Santos por um período de 12 meses

e foi f irmado no valor de R$ 2,7 milhões.

Consta que no dia 10 de maio de 2019, o Diretor de

Operações da CODESP, Marcelo Ribeiro de Souza, compareceu à Polícia

Federal, no curso do inquérito pol icial da Operação Tritão, acompanhado

do então Superintendente da Guarda Portuária, Luis Fernando Baptistel la,

oportunidade em que apresentou o Ofício DIPRE-GD/179.2019-CODESP

(f ls. 02, ap. XXX, vol. I do Inquérito Pol icial que investiga fatos tratados

na Operação Tritão).

Segundo consta, o Diretor confirmou a versão do

Superintendente da Guarda Portuária no sentido de que a nova diretoria,

após a deflagração da Operação Tritão, passou a anal isar todos os

contratos em vigor na CODESP, motivada, sobretudo, pelas inúmeras

irregularidades descortinadas com a deflagração da referida operação.

Também esclareceram que a auditoria prel iminar real izada

no contrato celebrado com a empresa VERT detectou diversos sinais

indicativos de fraude que iam desde a fase de contratação (envolvendo

estimativas e o termo de referência) até a fase de execução do contrato

(como a instalação da central de monitoramento dentro da CODESP sem

qualquer ônus para a contratada).

Também afirmou que os pagamentos real izados

mensalmente superaram o estabelecido no acordo. Ao f inal do seu

depoimento comprometeu-se a apresentar cópia do processo l icitatório e

um resumo dos principais atos nele contidos. A documentação pertinente à

aludida contratação instrui a presente denuncia.

Segundo também informado pela diretoria, foram

verif icados indícios de que o Termo de Referência publicado pela CODESP,

t inha sido, na verdade, elaborado pela própria empresa VERT, dada a

grande semelhança com a proposta por ela apresentada.

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Nessa l inha, observou-se que ambos os documentos

apresentavam exigências técnicas de material, de pessoal e de instalações

e operação da central de monitoramento e da base operacional, além de

prever um sistema de abertura de chamados via web.

A par disso, atente-se para o fato de que a empresa VERT, para habil i tar-se no certame, apresentou certif icado de curso de

pi loto em drone em nome de OTONIEL PEDRO ALVES, que, à época, era

cabo da Pol icia Mil i tar do Estado de São Paulo.

O certif icado de curso de pi loto apresentado pela

empresa foi emitido pela própria Pol icia Mil i tar, órgão que não tem

qualquer relação com a formação ou capacitação de pi lotos de Vants

(Drones).

No caso da contratação em questão, vale ressaltar que

somente eram aceitas certif icações e capacitações real izadas por institutos

ou escolas reconhecidas, como o ITARC (Instituto de Tecnologia

Aeronáutica Remotamente Controlada), entidade devidamente registrada

na ANAC e órgãos reguladores da matéria.

Não bastasse essa grave falha no processo de habil i tação,

a empresa VERT também procurou burlar a comprovação de sua

capacidade técnica. Para tanto, apresentou uma declaração da empresa

Eros Segurança Patrimonial Ltda., confirmando que a empresa VERT teria

real izado esse t ipo de monitoramento com drones durante determinado

período no ano de 2016.

O problema é que um dos signatários do documento, que

assina na qual idade de diretor de operações da Eros, é justamente

OTONIEL PEDRO ALVES – pi loto indicado pela empresa VERT. Com

isso, vale dizer que a empresa apresentou uma declaração do próprio

operador de drones acerca de suas aptidões (v. ap. XXX, vol. I, f ls.133-

verso do Inquérito Pol icial que investiga fatos tratados na Operação

Tritão).

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Tal fato foi percebido pela CODESP, pois o

Superintendente de Tecnologia de Informação destacou que “f icou

demonstrado que as atestações de capacidade técnica, através das

declarações emitidas, não devem prosperar, pois não demonstram estar de

acordo com as regras do edital” (v. apenso XXX, volume I, f ls.135-verso do

Inquérito Pol icial que investiga fatos tratados na Operação Tritão).

Também consta que o então Diretor Jurídico discordou em

alguns pontos da anál ise do Superintendente de Tecnologia, mas sugeriu a

inabi l i tação da empresa VERT por ausência de comprovação de sua

capacidade técnica.

Entretanto, na sequência, estranhamente, ambos

acabaram autorizando a continuidade do certame baseados em documentos

absolutamente inidôneos apresentados pela empresa VERT, que

encaminhou notas f iscais que foram emitidas pela empresa Eros no período

de 26/03/2018 às 23:55 horas até 27/03/2018 às 00:20 horas, referente a

“Serviço de monitoramento eletrônico por Drones”, os quais teriam sido

prestados de 10/03/2016 a 31/12/2016, ou seja, as notas foram todas

emitidas em vinte e cinco minutos e se referia a serviços real izados há

dois anos.

Considerando todos esses indicativos de fraude no

procedimento l ic itatório, bem como na f iscal ização do contrato, o Diretor

de Operações à época que levou-se a questão à Polícia Federal,

determinou a suspensão dos pagamentos até o desfecho da auditoria.

Diversos elementos de irregularidade que acabaram por

fulminar a competit ividade da l ic itação, conforme já mencionado, estão

bem detalhados na Nota Técnica da Controladoria-Geral da União nº

395/2019/NAE/SR/REGIONAL/SP.

Consta também que, desde aquele momento, lavada a

questão à Polícia Federal, o advogado da empresa passou a pressionar a

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CODESP e exigir uma posição a respeito, conforme e-mail que consta dos

autos da investigação4.

A propósito, o referido advogado, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS e é f i lho de Maria Laerte Dos Santos, uma das sócias da

empresa VERT à época da formalização do contrato fraudulento. Ocorre

que Maria Laerte trabalhou de 01/1985 a 02/2012 como empregada

doméstica, aposentando-se em 11.02.2012. Portanto, dif ici lmente teria

condições de tornar-se sócia de uma empresa com capital social no valor

de R$ 400 mil.

4 O anexo I contém pedido de vistas do processo feito pelo advogado da VERT.

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Além disso, a outra sócia da empresa era Moana

Romualdo Dos Santos, que também possui registros como empregada

doméstica e reside no mesmo endereço da sócia Maria Laerte Dos Santos.

As coincidências não paravam por aí. Em 08.06.2018

Maria Laerte Dos Santos e Moana Romualdo Dos Santos retiram-se da

sociedade, ingressando Ana Cláudia Da Si lva Moreira, a qual possui o

mesmo endereço residencial das antigas sócias. Além disso, as

informações constantes nos bancos de dados demonstram que a nova

proprietária não reunia condições f inanceiras para assumir uma empresa

com capital social de R$ 800mil5.

Portanto, pode-se concluir que os registros da empresa VERT junto à JUCESP jamais exprimiram a real idade. As provas já

indicavam que o verdadeiro proprietário da empresa seria o advogado

JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS que, diga-se de passagem, possuía o

mesmo endereço residencial de Maria Laerte, Moana Romualdo e Ana

Cláudia Moreira. Além disso, o site da empresa estava registrado em seu

nome, conforme imagem abaixo extraída da página registro.br:

5 O capital social da VERT foi alterado para R$ 800mil em 29.03.2019.

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Também consta nos sistemas que o advogado foi

empregado da empresa EROS Segurança Patrimonial Eirel i entre

01/03/2013 e 02/01/2014.

No diagrama a seguir, é possível visual izar o

relacionamento entre JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS e as pessoas que

estiveram à frente da empresa VERT6.

O contrato DIPRE 40/2018 foi submetido a auditoria

interna nos dias 13 e 14 de abri l de 2019, cujo relatório f inal apontou

diversas irregularidades, destacando-se:

i. no processo de contratação da empresa Vert não consta qualquer

detalhamento da composição dos custos dessa contratação;

ii. não há nos autos informações que demonstrem como as

quantidades contratadas foram estimadas;

iii. não consta no processo a carta de formalização dos pedidos de

cotação junto aos fornecedores;

6 Conforme informação 01/2019 que acompanha esta representação.

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iv. no TR não há informação de como os serviços seriam controlados

pela fiscalização do contrato, medidos e pagos;

v. a central de monitoramento de Santos, além de não atender os

elementos básicos exigidos no TR, está instalada na própria CODESP,

sem ônus para a empresa contratada, a qual agiu sem autorização;

vi. a Vert cobrou pela realização de treinamentos não solicitados pela

CODESP, os quais foram “atestados” e pagos sem qualquer

comprovação.

As provas até então carreadas aos autos demonstravam a

participação de algumas pessoas nesse esquema criminoso, as quais foram

objeto de medidas constrit ivas no âmbito da Operação Círculo Vicioso.

Desencadeada a Operação Círculo Vicioso, segunda fase

da Operação Tritão, passou-se a anal isar o material apreendido nas

buscas. Paralelamente, foram real izadas diversas oit ivas dos presos e das

testemunhas.

Consta também das f ls. 296 e ss. do vol. II do ap. XXVI

do Inquérito Pol icial em anexo o interrogatório de DANIEL PEREIRA DA

SILVA. A respeito da participação dos servidores da CODESP no contrato

f irmado com a empresa VERT. Esclareceu, em suma, que CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO, era o Diretor Logíst ico por isso era

quem autorizava o pagamento das notas f iscais e que antes de ser Diretor

ele foi Superintendente de Tecnologia.

Também informou que FRANCISCO JOSÉ ADRIANO, era

o Diretor Financeiro que, após a aprovação de CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO, a nota f iscal era encaminhada ao Diretor Financeiro

para efetivação do pagamento. Disse que SÉRGIO PEDRO GAMMARO JUNIOR foi apresentado a ele por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO como consultor e, depois alguns meses, depois quando POÇO já

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havia assumido a Diretoria da CODESP, SÉRGIO foi nomeado

Superintendente de Tecnologia.

Informou que foi SÉRGIO PEDRO GAMMARO JUNIOR

quem elaborou o Termo de Referencia do referido contrato, tendo sido o

primeiro gestor do contrato. Também disse que SIMONE QUESSADA DE

LIMA RIBEIRO, era quem analisava os documentos para a l ic itação, que

TAWAN RANNY SANCHES EUSEBIO FERREIRA, era o Gerente de

Contratos e Licitações, sendo ele quem aprovava os pregões e analisava a

parte documental. Disse que ALVARO CLEMENTE DE SOUZA NETO, era o

Gerente de Fiscal ização, que com a dispensa de SÉRGIO GAMMARO,

assumiu a gestão do contrato e junho de 2018. Informou que CRISTIANO ANTONIO CHEHIN, foi f iscal do contrato durante a gestão do ÁLVARO CLEMENTE DE SOUZA NETO, tendo sido dispensado em dezembro de 2018.

DANIEL PEREIRA DA SILVA também esclareceu que

GABRIEL NOGUEIRA EUFRÁSIO era Superintendente Jurídico da CODESP,

e fazia as anal ises de questões jurídicas dos contratos7.

7 Conforme extra-se do relatório do Inquérito Policial anexo, “(...) CARLOS HENRIQUE POÇO, era o Diretor Logístico por

isso era quem autorizava o pagamento das notas fiscais, e antes de tal pessoa ser Diretor ele foi Superintendente de

Tecnologia, e recebeu a empresa TV COSTA NORTE a qual apresentou o projeto de drones; JOSÉ CARLOS BOTELHO

OLIVA, era o Presidente da CODESP, não sabendo informar a participação deste no contrato em comento; FRANCISCO

JOSÉ ADRIANO, era o Diretor Financeiro, o qual, após a aprovação de CARLOS POÇO, a nota fiscal era encaminhada ao Diretor Financeiro para efetivação do pagamento; SÉRGIO PEDRO GAMMARO JUNIOR, tem a

informar que SÉRGIO foi apresentado ao interrogando pelo Superintendente POÇO, como consultor e depois alguns meses

depois quando POÇO já havia assumido a Diretoria da CODESP, SÉRGIO foi nomeado Superintendente de Tecnologia,

sendo este quem elaborou o Termo de Referência do referido contrato, tendo sido o primeiro gestor do contrato;

SIMONE QUESSADA DE LIMA RIBEIRO, salvo engano, era quem analisava os documentos para a licitação; TAWAN RANNY SANCHES EUSEBIO FERREIRA, era o Gerente de Contratos e Licitações, sendo ele quem aprovava os pregões e analisava a parte documental; ALVARO CLEMENTE DE SOUZA NETO, era o Gerente de Fiscalização, que

com a dispensa de SÉRGIO GAMMARO, assumiu a gestão do contrato e junho de 2018; CRISTIANO ANTONIO CHEHIN,

foi fiscal do contrato durante a gestão do ALVARO CLEMENTE, tendo sido dispensado em dezembro de 2018; GABRIEL

NOGUEIRA EUFRÁSIO, era Superintendente Jurídico da CODESP, e fazia as análises de questões jurídicas dos contratos; CELINO FONSECA, foi Diretor Logístico que antecedeu CARLOS POÇO, não se recordando que o mesmo tivesse

qualquer ligação com o referido contrato, visto que tal contrato foi elaborado após a saida deste da Diretoria; AGOSTINHO

DE SOUZA FILHO, sabe dizer que este cuidava da planilha orçamentária da empresa, lembrando apenas que este ocupava

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Na mesma l inha, DANIEL PEREIRA DA SILVA, falando

sobre as irregularidades encontradas no referido contrato f irmado entre a

CODESP e a empresa VERT, esclareceu que o Termo de Referencia foi

elaborado por SÉRGIO GAMMARO e que após constatar que no Termo de

Referencia não havia informação de como os serviços seriam controlados

pela f iscal ização do contrato, Daniel sugeriu a implantação de um

formulário de sol icitação de voo, em fevereiro de 2019, que após a

execução do serviço deveria ser assinado pelo sol icitante, sal ientando que

até aquela data não havia sido nomeado fiscal do contrato.

Também esclareceu em seu depoimento que em relação

ao fato da central de monitoramento de Santos, além de não atender os

elementos básicos exigidos no Termo de Referencia, estar instalada na

própria CODESP (sem ônus para a empresa VERT), este foi mais um

ponto indicado pelo depoente no processo de auditoria, sal ientando

quanto a não conformidade ao Termo de Referencia e que a autorização

para uso de uma sala na CODESP, havia sido permitido por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO, após parecer do jurídico, a pedido de

ÁLVARO CLEMENTE DE SOUZA NETO.

DANIEL PEREIRA DA SILVA também explicou, quanto à

comprovação inadequada da capacidade técnica, que entendia que esta foi

uma falha da anal ise documental do processo l ic itatório, que competia a

TAWAN, SIMONE e ADEMIR, vez que a empresa VERT apresentou

certif icado de curso de pi loto em drone que não é reconhecido8.

uma gerência; TERTULINA FERNANDES DE VASCONCELOS, era advogada da CODESP, achando que a mesma se desligou

antes do procedimento de contratação da empresa VERT; FLÁVIA NASSER, salvo engano, era uma espécie de secretária de

GABRIEL EUFRÁSIO; ADEMIR BENTO JUNIOR, exercia uma função similar a de SIMONE, não se recordando qual a

participação dessa pessoa no referido contrato (...)”

8 Também extrai-se do depoimento prestado por Daniel Pereira da Silva, em sede policial: “(...) QUE não pode

tecer qualquer comentário a respeito da ausência de detalhamento da composição dos custos da contratação da empresa

VERT, do mesmo modo, com relação a ausência de informações que demonstram como as quantidades foram estimadas,

vez que o Termo de Referência foi elaborado por SÉRGIO GAMMARO; QUE após constatar que no TR, não havia informação de como os serviços seriam controlados pela fiscalização do contrato, o interrogando sugeriu a

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Ao ser reinquirido, ainda em sede pol icial, DANIEL

PEREIRA DA SILVA informou ter recebido um áudio de OTONIEL PEDRO ALVES, em tom ameaçador, em virtude da suspensão dos pagamentos das

faturas da empresa VERT, o que, segundo OTONIEL PEDRO ALVES, não

acontecia quando ÁLVARO CLEMENTE DE SOUZA NETO estava à frente.

Esclareceu que OTONIEL PEDRO ALVES, seu irmão Ozeas e JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS são, de fato, os proprietários da empresa9.

Esclareceu também que OTONIEL PEDRO ALVES, na real idade, era um dos

implantação de um formulário de solicitação de voo, em fevereiro de 2019, que após a execução do serviço deveria ser

assinado pelo solicitante, salientando que até esta data não havia sido nomeado fiscal do contrato; QUE com relação ao

fato da central de monitoramento de Santos, além de não atender os elementos básicos exigidos no TR, está instalada na

própria CODESP sem ônus para a VERT, esclarece que este foi mais um ponto indicado pelo interrogando no processo de auditoria, salientando quanto a não conformidade ao TR e que a autorização para uso de uma sala na CODESP, havia sido permitido pelo Diretor POÇO, após parecer do jurídico a pedido de ALVARO CLEMENTE; QUE com relação ao fato da VERT ter cobrado pela realização de treinamentos não solicitados pela CODESP,

os quais foram atestados e pagos sem qualquer comprovação, somente ALVARO CLEMENTE poderá esclarecer esta

questão; QUE quanto a comprovação inadequada da capacidade técnica, vez que a VERT apresentou certificado de curso

de piloto em drone que não é reconhecido, o interrogando entende que esta foi uma falha da análise documental do processo licitatório, que competia a TAWAN, SIMONE e ADEMIR (...)” . 9 Novo depoimento prestado por Daniel Pereira da Silva, em sede policial (fls. 298, ap. II, vol. XXVI): “(...)

“(...)QUE com relação ao fato de ter sofrido ameaças de policiais militares quando da suspensão dos pagamentos das

faturas relacionadas ao contrato celebrado entre a CODESP e a empresa VERT, esclarece que na verdade recebeu um audio pelo WhatsApp de uma pessoa chamada OTONIEL ALVES, que acredita ser cabo da polícia militar, onde, o

reinquirido sentiu-se ameaçado pelo tom de voz do interlocutor, vez que o OTONIEL havia dito: "Que palhaçada é essa? Quando eu ligo na CODESP eles informam que foi o gestor que bloqueou o pagamento? Quando era o ÁLVARO (CLEMENTE) não era dessa forma..."; QUE informa que esse audio foi apagado, porém, a partir dessa ocasião

passou a gravar as conversas mantidas com OTONIEL e o irmão deste OZEAS, esclarecendo que tais conversas estão

armazenadas no aparelho celular pertencente ao reinquirido e que tal aparelho foi apreendido quando do cumprimento do

mandado de busca e apreensão relativo à Operação Círculo Vicioso; QUE esclarece que OTONIEL ALVES, OZEAS e JOSÉ EDUARDO, apesar de não figurarem no contrato social da empresa VERT, são de fato os sócios proprietários da

referida empresa; QUE informa que não possui qualquer pen drive que contenha documentos que possam comprovar

eventual irregularidade do contrato entre a CODESP e a VERT; QUE deseja acrescentar que assumiu a função de gestor do

referido contrato em 17/12/2018, tendo apenas liberado os pagamentos das faturas relacionadas aos meses de dezembro

de 2018 e janeiro de 2019, sendo que logo após ter se inteirado inteiramente do teor do contrato celebrado entre a

CODESP e a VERT, vez que surgiram dúvidas procedimentais (cálculo de pagamentos, medição de serviços, erros formais) e

então começou a recomendar o não pagamento das faturas apresentadas pela empresa VERT relativas aos meses de

fevereiro, março e abril de 2019, fato este que ensejou o áudio mencionado acima (...)” (sem grifos no original).

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sócios da empresa VERT, sendo que a empresa possuía dois sócios,

OTONIEL PEDRO ALVES e JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS. Disse acreditar que

ÁLVARO CLEMENTE DE SOUZA NETO t inha conhecimento de que OTONIEL PEDRO ALVES era um dos proprietários da empresa, pois sempre

mantiveram contato e quem representava a empresa VERT junto à

CODESP era o OTONIEL PEDRO ALVES, que se apresentava como Diretor

Executivo. Na sua ausência, o seu irmão OSEAS PEDRO ALVES fazia as

vezes. JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS seria o Diretor Financeiro, pois entrava

em contato para cobrar as notas f iscais.

Esclareceu, ainda, que ÁLVARO CLEMENTE DE SOUZA NETO assumiu a gestão do contrato por indicação polít ica de seu

"padrinho" MARCELO SQUASSONI e que ÁLVARO CLEMENTE DE SOUZA NETO teria sido desl igado porque MARCELO SQUASSONI não foi

reeleito.

Al iás, situação bastante curiosa reside no fato de

ARTHUR LICATE DE SOUSA, foi funcionário da empresa VERT no ano

de 2018 (teria sido formalmente admitido em 18/06/2018). Arthur é f i lho

de CARLOS ANTÔNIO DE SOUZA (Carl inhos), que foi assessor de JOSÉ ALEX BOTELHO DE OLIVA e também Diretor Administrativo da Câmara

Municipal do Guarujá quando MARCELO SQUASSONI era presidente do

legislativo municipal.

Também restou apurado que o contrato DIPRE/40.2018 foi

celebrado em 22/05/2018. O primeiro relatório mensal apresentado pela

empresa VERT à CODESP, referente aos meses de maio e junho/2018,

demonstram a real ização de treinamentos ocorridos de 24/05 a

17/06/2018, com elevados números de eventos. A nota f iscal nº 00000028,

emitida em julho/2018, referente aos serviços de maio e junho/2018,

evidencia que os serviços teriam sido prestados "Conforme contrato

DIPRE/40.2018".

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Entretanto, conforme também se apurou, não fazia parte

do escopo do contrato a prestação de serviços de treinamento, até porque

o Diretor de Operações Logíst icas (DILOG), CARLOS HENRIQUE POÇO

teria afirmado em matéria jornal íst ica que "vamos contratar o serviço

porque, com o passar do tempo, os drones f icam obsoletos e também gera

um gasto grande de treinamento de pessoal".

Além disso, não houve a comprovação de que esses serviços de treinamento terem sido prestados, conforme apurou a

auditoria Interna da CODESP (Relatório de Auditoria CM-02.2019: "a

contratada cobrou pela real ização de treinamentos não sol icitados por esta

CODESP. Mesmo sem comprovação, os serviços ora alegados pela

contratada foram "atestados" e pagos").

Em razão disso, em sede pol icial, DANIEL então foi

indagado se essa nota f iscal foi atestada pelo gestor do contrato, ÁLVARO CLEMENTE DE SOUZA NETO, e o pagamento autorizado pelo ex-Diretor de

Operações Logísticas CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO (Processo

de pagamento NF julho/2018 - f is. 7) (Achado 12 do Relatório de

Auditoria).

DANIEL respondeu “esse treinamento não era para ter

sido pago pela CODESP, pois não havia essa previsão no edital, já que,

em tese, já eram para estarem treinados. Não sabe dizer o motivo do

gestor do contrato ter atestado o pagamento de ter sido autorizado pelo

CARLOS HENRIQUE POÇO”.

Também apurou-se na investigação e consta do Relatório

de Auditoria CM-02.2019, os itens 3.1.9 e 3.1.10 do Termo de Referencia

exigia que a contratada disponibi l izasse sistema de abertura de chamado

via WEB, o que, injustif icadamente, não foi feito. Para a abertura dos

chamados a empresa VERT disponibi l izou um endereço de e-mail e um

ramal telefônico interno da própria CODESP. Sobre essa irregularidade,

Daniel enfatizou que “somente no f inal de 2018 foi criada a agenda

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eletrônica, mas nenhuma providência foi adotada para exigir da contratada

a disponibi i ização do sistema de abertura de chamado via web”.

Conforme também restou apurado no inquérito pol icial

que instrui a presente denuncia, SÉRGIO PEDRO GAMMARO JUNIOR,

Superintendente de Tecnologia de Informação da CODESP à época do

contrato com a empresa VERT, ouvido em sede pol icial, confirmou que

CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO estava à frente desse contrato,

bem como que GABRIEL NOGUEIRA EUFRÁSIO, à época superintendente

jurídico, participou ativamente de todo o procedimento em questão.

SÉRGIO PEDRO GAMMARO JUNIOR também disse que, após receber a

determinação de CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO, despachou

sol icitando remanejamento de recursos para atender tal demanda, já que

não haveria recurso previamente destinado para tal despesa10.

10 Depoimento prestado por SÉRGIO PEDRO GAMMARO JUNIOR em sede policial, quando da deflagração da segunda fase

da Operação Tritão: “(...) QUE informa que exerceu a função de Superintendente de tecnologia da informação na CODESP,

entre 15/05/2017 a 09/05/2018; QUE com relação ao contrato celebrado entre a CODESP e a empresa VERT SOLUÇÕES

(contrato DIPRE 40/2018), cujo objeto foi a prestação de serviço de monitoramento por drones, no porto de Santos,

informa que após receber determinação de CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO, para realizar uma licitação com tal objeto, deu inicio a essa licitação, esclarecendo que quando se desligou da CODESP, referida licitação não havia sido concluída; QUE informa que foi responsável pela elaboração do termo de referência do

contrato supracitado; QUE o interrogado entende que não houve fraude neste certame, vez que todo o procedimento foi acompanhado pela Superintendência Jurídica - SUJUD, na época subordinada ao Dr Gabriel Eufrásio, sendo que referida superintendência referendou todas as fases do certame no qual o interrogado participou; QUE

informa que recebeu o referido termo de referencia praticamente pronto das mãos de CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO, competindo ao interrogando apenas tomar ciência do teor de tal documento, razão pela qual não deu

qualquer opinião sobre o seu conteúdo, esclarecendo que não tinha conhecimento técnico sobre monitoramento realizado

por drones, vez que sua área de domínio era infraestrutura de rede (...); QUE esclarece que a idéia da implantação do monitoramento por drones partiu de CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO, que à época exercia a função de

diretor de logística e operações - DILOG, sendo que a superintendência de tecnologia da informação, chefiada à época pelo

interrogando, era diretamente subordinada à DILOG, razão pela qual o interrogando, após receber a determinação de Carlos Henrique, despachou solicitando remanejamento de recursos para atender tal demanda, esclarecendo

que toda demanda de recursos tinha que necessariamente partir de alguma das superintendências da CODESP e não das

gerencias e das diretorias; QUE com relação à nota técnica relativa à contratação do serviço de monitoramento por drones assinada pelo interrogando, esclarece que não foi o responsável pela elaboração de tal documento, tendo apenas o recebido da DILOG, não se recordando das mãos de quem o recebeu; (...)CARLOS

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Ainda durante sua oit iva em sede pol icial, SÉRGIO PEDRO GAMMARO JUNIOR foi questionado especif icamente sobre a

participação da empresa VERT no certame afirmando que tal empresa

não possuía capacidade técnica11.

Ao f inal do seu interrogatório em sede policial, SÉRGIO PEDRO GAMMARO JUNIOR afirmou que teria se desl igado da CODESP

após recusar a assinar uma sol icitação de verba para viabi l izar um outro

projeto apresentado por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO,

relacionado a Business Intel igence, que seria, na visão do interrogado,

tecnicamente inviável para a companhia12.

HENRIQUE POÇO, foi responsável do inicio ao fim do termo de referencia em comento, uma vez que foi quem teve a idéia de tal projeto; JOSÉ CARLOS BOTELHO OLIVA, não teve participação no referido termo de referencia, pelo

que sabe o interrogando; FRANCISCO JOSÉ ADRIANO, não sabe informar se participou do referido procedimento licitatório;

SIMONE QUESSADA DE LIMA RIBEIRO, não a conhece; TAWAN RANNY SANCHES EUSEBIO FERREIRA, não sabe informar a

participação deste no referido certame; ALVARO CLEMENTE DE SOUZA NETO, apenas prestou esclarecimentos técnicos

relacionados à fiscalização da atracação dos navios; QUE CRISTIANO ANTONIO CHEHIN, não participou do referido

certame; DANIEL PEREIRA DA SILVA, não o conhece; GABRIEL NOGUEIRA EUFRÁSIO, à época superintendente jurídico, participou ativamente de todo o procedimento em questão; CELINO FONSECA, não o conhece;

AGOSTINHO DE SOUZA FILHO, não teve participação no procedimento; TERTOLINA FERNANDES DE VASCONCELOS, não a

conhece; FLAVIA NASSER, não sabe informar a participação dela no procedimento em comento; ADEMIR BENTO JUNIOR,

não teve participação no procedimento.

11 Depoimento prestado por SÉRGIO PEDRO GAMMARO JUNIOR (fls. 529/536, ap. XXVI, vol. III): “QUE durante o

procedimento, recorda-se de ter se manifestado formalmente contra a participação da empresa VERT por incapacidade técnica, vez que os equipamentos da referida empresa não conseguiam produzir imagens em tempo real;

QUE após essa manifestação do interrogando, pelo que soube, a empresa VERT apresentou uma série de documentos ao Dr Gabriel, rebatendo as irregularidades constatadas pelo interrogando, sendo que o Dep Jurídico acatou as alegações aprentadas pela empresa VERT, razão pela qual o Dr Gabriel repassou ao interrogando um parecer jurídico autorizando a continuidade do certame, bem como da participação da empresa VERT; QUE esclarece que não chegou a ter acesso à documentação apresentada pela VERT a respeito da

incapacidade técnica alegada pelo interrogando, vez que recebeu apenas o parecer favorável do departamento jurídico”.

12 Depoimento prestado por SÉRGIO PEDRO GAMMARO JUNIOR: (...) QUE esclarece que seu desligamento da CODESP

se deu em 09/05/2018, dias após o interrogando recusar um projeto de Business inteligence, apresentado por CARLOS

HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO, vez que o interrogando entendeu que tal projeto era inviável; QUE mesmo após a recusa

do interrogando, CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO insistiu para que o interrogando formalizasse a solicitação de verba para tal projeto, sendo que o interrogando se recusou a assinar tal requerimento, pelo

fato de que entendia que o projeto era tecnicamente inviável; QUE o interrogando comunicou tal situação ao

superintendente financeiro, ao contador PERSIO, à pessoa de prenome AGOSTINHO, do setor financeiro, e ao assessor da

diretoria financeira QUE o interrogando entende que sua demissão da CODESP foi decorrente desta negativa; QUE também

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Também apurou-se no curso do inquérito pol icial, em

oit iva da advogada Marta Alves, que durante sua ausência, os documentos

eram assinados por Flavia Nasser, a qual possuía um romance com

GABRIEL NOGUEIRA EUFRÁSIO. Marta também confirmou que OTONIEL PEDRO ALVES era seu primo e era pol icial mil itar. Afirmou ter

conhecimento de que ele trabalhava na empresa VERT como responsável

técnico, mas desconheceria que seria sócio da empresa.

Conforme também apurou-se, NELSON PIMENTEL CARRIATI

foi f iscal desse contrato por aproximadamente três meses. A respeito da

fraude do processo l icitatório, alegou que não teria participado de

nenhuma etapa da contratação da empresa VERT. Sobre a vantajosidade

de uma possível prorrogação do contrato, esclareceu13 “(...) QUE não

participou do processo de prorrogação e acredita que não havia

vantajosidade nessa contratação principalmente pela forma como era

medida o serviço e também em razão do pagamento de um valor para

atendimento f ixo, pois a CODESP pagava cerca de R 100.000, para que

VERT mantivesse uma estrutura dentro da CODESP para atender as

demandas 24 horas, pois as instalações eram da CODESP e o número de

funcionários não passava de 3 (...)”.

O advogado JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS confirmou

ser o real proprietário da empresa, bem como ter trabalhado para a EROS,

de propriedade de OTONIEL PEDRO ALVES.

Esclareceu que “Maria Laerte dos Santos é de fato sua

mãe e, Moana Romualdo dos Santos é madrinha da f i lha do interrogado;

QUE Ana Claudia da Si lva Moreira é esposa do interrogado e o interrogado

de fato é o real proprietário e único administrador da empresa VERT

Soluções, esclarecendo que se uti l izou os nomes delas para f igurar no

deseja acrescentar que quando de sua saída da Codesp, não havia sido definido o vencedor da licitação referente ao

monitoramento via drone”.

13

Depoimento prestado no inquérito policial que instrui a presente denuncia às fls. 475/485 do vol. III, do ap. XXVI.

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contrato social da empresa pois ainda respondia a diversas ações

trabalhistas de uma empresa sua anterior, de nome JE dos Santos Serviços

(...)QUE trabalhou no período indicado na empresa EROS de propriedade

de Otoniel Pedro Alves exercendo a função de Diretor Administrativo; QUE

Otoniel era o administrador de fato da empresa a qual também estava em

nome de parentes dele, uma delas de prenome Camila e outra cujo o nome

não se recorda; QUE a EROS era uma empresa de segurança que foi aberta

por Otoniel por ser Cabo da PM do Estado de São Paulo da ativa”.

Sobre a central de monitoramento instalada na própria

Codesp, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS esclareceu que “não tomou

conhecimento de que a central de monitoramento não atendia as

exigências do TR uma vez que nunca foi notif icado sobre esse fato e

esclarece que essa central foi instalada no interior da CODESP sem ônus

para a VERT por orientação do gestor do contrato, Álvaro”.

A respeito das demais irregularidades encontradas

durante a execução do contrato, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS alegou:

“QUE em relação aos treinamentos esses foram sol icitados pelos gestores

da CODESP não se recordando se de maneira forma ou por telefone ou

WhatsApp, e foram apresentados relatórios contendo Imagens desses

treinamentos, comprovando que foram real izados; QUE em relação ao

certif icado do curso de pi loto em drone não havia a exigência de seu

registro em algum órgão especif ico como a ANAC acreditando que essa

exigência também não tenha previsão legal (...) QUE possuía apenas um

drone, modelo Phanton 3 ou 4; QUE não possui documentos

comprobatórios de sua aquisição mas o equipamento estava registrado na

ANAC em nome da VERT; QUE o pi loto do drone à época dessa prestação

de serviços era o interrogado; QUE nunca fez curso para pi lotar drones;

QUE nem a aquisição do equipamento ou a prestação de serviços à EROS

foram escrituradas na empresa, pois se tratava de uma pequena empresa

cuja a escrituração contábi l não era real izada (...)”.

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Em sua oit iva, CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO,

sobre o fato de a VERT uti l izar as dependências da CODESP, sem qualquer

ônus para a contratada, alegou que “o ALVARO propôs ao interrogado, que

concordou com a cessão da área l ivre de ônus, pois havia

comprometimento da empresa em reformar o local; QUE por isso não

haveria abatimento do valor do contrato; QUE a autorização foi Informal e

que não havia nenhum documento nesse sentido”.

O pol icial mil i tar OTONIEL PEDRO ALVES foi ouvido (f ls.

823, ap. XXVI, vol. IV do inquérito pol icial que instrui a presente

denúncia) afirmando que JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS era o real

proprietário da empresa VERT. Questionado se indagou Daniel, em tom

ameaçador, acerca da suspensão do pagamento à empresa, alegou que

pode ter real izado tal l igação para saber os motivos da demora nesse

pagamento, pois precisava receber pelos serviços prestados. No entanto,

disse que não se apresentaria como Diretor Executivo da empresa VERT,

pois seu trabalho era apenas operacional, já que seria pi loto de drone.

Ainda durante as investigações, do material apreendido e

anal isado, destaca-se o conteúdo do HD encontrado na residência de

CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO. Os arquivos continham esboço

para contratação de "monitoramento tático remoto através de captação e

transmissão de imagens". Vejamos trecho do relatório de análise encartado

no apenso XXXV do inquérito pol icial que instrui a presente denúncia:

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Em outra mídia encontrada na residência de CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO, mais precisamente em seu escritório,

consta um esboço de texto de “Nota Técnica da SUTIC, autorizando a

contratação de sistema de monitoramento por drones”, conforme imagens

a seguir colacionadas:

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Parece-nos estranho esboços de diversos documentos

referentes à contratação do serviço de monitoramento por drones serem

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encontrados em mídias na residência do denunciado CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO que, à época, era integrante da Superintendência de

Tecnologia da informação, em especial porque tais documentos seriam da

competência de setores dist intos na CODESP (CONSAD, DIREXE).

Tais elementos corroboram que CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO t inha interesse direto nessa l icitação, sendo o

responsável pela elaboração do Termo de Referência. Também é das

investigações que no celular de SÉRGIO PEDRO GAMMARO JUNIOR

foram encontradas trocas de e-mails onde CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO requisita a SÉRGIO PEDRO GAMMARO JUNIOR que

converse com Mércia para que esta inclua no edital de l icitação alguns

itens a serem exigidos das empresas candidatas.

Entre as exigências constam o credenciamento no

Conselho Regional de Administração (CRA) e no Conselho Regional de

Engenharia e Arquitetura (CREA). Na sequência, SÉRGIO PEDRO GAMMARO JUNIOR encaminha as requisições para Mercia que não se

manifesta sobre o assunto. Em outro e-mail, Simone questiona SÉRGIO PEDRO GAMMARO JUNIOR acerca da exigência das certidões no CREA e

CRA, alegando que, em caso de impugnação do edital, a área deveria

responder com embasamento legal.

SÉRGIO PEDRO GAMMARO JUNIOR, então, responde

no dia 15 de dezembro, enviando um documento de texto com as respostas

para as exigências de cada Conselho Regional. No mesmo dia, Simone

questiona novamente a necessidade, informando que, por experiência, é

possível que os l ic itantes impugnem o edital. Em ult ima mensagem,

SÉRGIO PEDRO GAMMARO JUNIOR ignora as orientações de Simone e

envia o Termo de Referencia a ser incluído no edital de l icitação (conforme

relatório de análise acostado a f ls. 48/50, ap. XLVII).

Em verdade, f ica claramente demonstrado aqui o

direcionamento l icitatório e a l imitação para que outros participantes

viessem à competição.

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Diante dessas exigências constantes no edital, a

empresa VERT contratou Edvaldo Batista dos Santos, engenheiro civi l

devidamente inscrito no Conselho Regional de Engenharia e Jorge

Henrique da Si lva, o qual possui inscrição no Conselho Regional de

Administração.

Vale ressaltar que Jorge Henrique da Si lva foi assessor

parlamentar na Câmara Municipal do Guarujá no período em que

MARCELO SQUASSONI era o presidente, havendo indícios de que as

exigências constantes no edital foram justamente para atender a pedido do

então Deputado, MARCELO SQUASSONI .

JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS foi reinquir ido sobre tais

fatos por meio de audiência audiovisual (f ls. 825, ap. XXVI, vol. IV) e

confirmou que contratou Edvaldo Batista dos Santos e Jorge Henrique da

Si lva apenas para atender as exigências do edital. Disse que tais pessoas

foram indicadas por OSEAS PEDRO ALVES, irmão de OTONIEL PEDRO ALVES.

Segundo informado por JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS,

OSEAS PEDRO ALVES foi proprietário da empresa TESS – Tecnologia em

Sistema de Segurança Ltda., que prestou serviços a MARCELO SQUASSONI, conforme relatório de análise acostado a f ls.17/27 do

apenso XLI.

Também foram inquir idos os representantes legais das

empresas TV Costa Norte e OceanPact Serviços Marít imos Ltda., os quais

alegaram desconhecer qualquer fraude no certame. No entanto, o

representante da TV Costa Norte disse que chamou sua atenção o fato de

a empresa VERT ter vencido a l icitação, tendo em vista que, na sua

ótica, a empresa não reunia condições de executar o serviço (f ls.822 e 824

do ap. XXVI, vol. IV).

Conforme a Controladoria-Geral da União detectou

durante anál ise dos elementos col igidos na presente investigação e que se

relacionam à presente denúncia, o procedimento que culminou na aludida

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contratação foi permeado de diversas inconformidades que, por

consequência, fulminaram a competit ividade e viciaram a contratação.

A Nota Técnica nº 395/2019/NAE/SP/REGIONAL/SP

detalha diversas inconformidades, que merecem ser destacadas:

3.ANÁLISE 3.1. Processo CODESP 36102/17-39: 3.1.1. O Processo 36102/17-39 inicia-se com expediente do Superintendente de Tecnologia de Informação - SUTIC, Sr. Carlos Henrique de Oliveira Poço (CPF 263.601.188-90), de 7/12/2016. Propõe a utilização de DRONES ou VANTS (VANT - Veículo Aéreo Não Tripulado) para complementar atividades de fiscalização , monitoramento do meio ambiente e segurança de áreas sensíveis do Porto de Santos. O monitoramento de abastecimento de navios, a vigilância de linhas de transmissão para evitar o roubo de cabos de energia e a fiscalização de áreas do meio ambiente estão entre as atividades que seriam realizadas. 3.1.2. Às fls. 9 a 12, consta justificativa do Superintendente de Tecnologia de Informação - SUTIC - Sr. Sérgio Gammaro Júnior (CPF 060.862.698-82) de 29/6/2017, utilizando argumentos similares apresentados pelo Sr. Carlos Henrique de Oliveira Poço. Às fls. 13 a 22 constam especificação técnica dos drones, dos equipamentos de gravação e da central de monitoramento que a empresa contratada deverá disponibilizar. 3.1.3. À fl. 21 consta o anexo II com o quantitativo de horas de trabalho estimado na contratação:

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3.1.4. O Processo 36102/17-39 não detalha o cálculo para obtenção desses quantitativos mensais na contratação. 3.1.5. Às fls.23 a 25 constam orçamentos de três empresas: a) TV Costa Norte Ltda EPP (CNPJ 60.820.750/0001-31- R$ 231.760,00 mensais), b) Droneros Imagens Aéreas (CNPJ l l. 434.093/0001-89 - R$ 245.260,00 mensais) e Sílvio Reis Comercial e Empreendimentos (CNPJ 58.363.367/0001-50 - R$ 258.200 mensais). O menor valor foi utilizado como estimativa para a contratação de serviços por um ano, correspondendo a R$ 2.781.120,00. Nos orçamentos, cerca de 50% do custo total se concentra no item 1 (hora de posição de atendiment o). No orçamento da TV Costa Norte, o item 1 tinha o valor unitário de R$80,00 e o valor total mensal do item foi de R$ 121.600,00. Ressalta-se o valor elevado da contratação, principalmente tendo em vista a situação deficitária da CODESP. 3.1.6. A abertura de procedimento licitatório foi autorizada pela Diretoria Executiva da CODESP em 3/10/2017, conforme fl. 35 do Processo. 3.1.7. O Pregão Eletrônico nº 7/2018 (fls. 41 a 48 do Processo) teve abertura da sessão em 9/2/2018. Três empresas participaram: VERT Prestação de Serviço Ltda. - ME, TV Costa Norte Ltda. e Oceanpact Serviços Marítimos S.A (CNPJ 09.114.805/0001-30). 3.1.8. A melhor proposta foi da empresa VERT, conforme fls. 96 a 140 do Processo, no valor total de R$2.700.000,00 (dois milhões, setecentos mil reais) para o período de um ano de serviços.

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3.2. Atestados de capacidade técnica inválidos: 3.2.1. Às fls. 135 e 136 do Processo, a SUTIC apresenta discordância sobre a validade de documentos de habilitação apresentados pela VERT:

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3.2.2. A SUTIC questiona quatro pontos: a) foi apresentado certificação de piloto de drone que é policial militar, contudo não se demonstra vínculo entre este policial e a empresa VERT; b) a certidão de registro no CREA especifica atividades de engenharia civil, que não é o caso da contratação; c) a certidão do CRA foi emitida após a realização do certame; d) atestado de capacidade técnica emitido pela empresa EROS, pelo mesmo policial militar que foi designado como suposto piloto de drones para a VERT. 3.2.3. Às fls. 137 - 140 constam atestados de capacidade técnica emitidas pelas empresas CESLOG -CESARl Logística (CNPJ 06.235.812/0001- 00), Marfort Serviços Marítimos Ltda. (CNPJ

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05.360.819/0001- 83), Atacadão de Supermercados (CNPJ 75.315.333/0053 -30) e Terminais de Contêineres Alemoa Ltda. (CNPJ 26.388.103/0001-64). Esses atestados informam que a empresa EROS Segurança Patrimonial Ltda. (CNPJ 16.8709.779/0001-59), teria prestado serviços de vigilância com drones da VERT, sendo que esta seria uma subcontratada.

3.2.4. A seguir, atestado da empresa Terminais de Conteineres Alemoa Ltda na fl. 140 do Processo:

3.2.5. Na fl. 141 do Processo consta uma observação relevante da SUTIC, informando ao setor jurídico de que os atestados de capacidade técnica apresentados pela VERT eram inválidos.

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3.2.6. Na fl. 147 do Processo, o Gerente de Compras e de Licitações Tawan Ranny Sanches Eusebio Ferreira (CPF 337.994.838-10) tem posição contrária ao Superintendente da SUTIC, afirmando pela validade dos atestados de capacidade técnica.

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3.2.7. Devido à discordância entre o setor de Compras e de Licitações e a SUTIC, a pregoeira fez diligências e solicitou que a empresa apresentasse comprovação de que a VERT teria prestados serviços de monitoramento de drones à EROS.

3.2.8. Às fls. 164 a 175 consta cópia de Contrato da VERT com a EROS que teria sido assinada em 1/3/20 16 , em que consta que a VERT prestaria serviços de monitoramento por drones para a empresa EROS.

3.2.9. À fl. 187 consta a seguinte declaração da VERT:

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3.2.10. A VERT informa que só emitiu em 2018 as notas fiscais eletrônicas em nome da EROS por serviços supostamente prestados em 2016.

3.2.11. Às fls. 188 a 197 constam as seguintes notas fiscais da VERT, que comprovaria a prestação de serviços para a EROS.

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3.2.12. A seguir apresentamos a nota fiscal nº 7:

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3.2.13. Causa estranheza a emissão de notas fiscais dois anos após a realização de serviços. Ao acessarmos em dezembro de 2018 o site da Prefeitura Municipal de São Paulo, verificamos que todas as notas fiscais emitidas constantes da Tabela 1 foram canceladas.

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3.2.14. De forma que podemos concluir que as notas fiscais da VERT foram emitidas no sistema da Secretaria da Fazenda para fraudar os atestados de capacidade técnica. Não houve comprovação de que a VERT tenha prestados serviços à EROS. De fato, os proprietários da EROS têm vínculos com os proprietários da VERT. O endereço atual da VERT, Rua Ezio Costa Gama 91O, Guarujá/SP é o mesmo da empresa Intelligence Publicidade Eireli (CNPJ 28.444.510/0001-77), cujo proprietário, Sr. Oseas Pedro Alves (CPF 297.496.988-78), é irmão do Sr. Otoniel Pedro Alves (CPF 134.085.308-66), que é cabo da Polícia Militar que foi apresentado como piloto de drones da VERT.

3.2.15. À fl. 214 consta relatório da Pregoeira de 27/4/2018 favorável à adjudicação e homologação da licitação em favor da VERT.

3.2.16. Em 4/5/2018 o Diretor Presidente José Alex Botelho da Oliva (CPF 311.806.807-82) homologou o resultado da licitação em favor da VERT.

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3.2.17. Em 22/5/2018 a CODESP celebrou o contrato com a VERT. O extrato do contrato foi publicado no Diário Oficial da União de 23/5/2018.

3.3. Relacionamento com ex-Deputado Marcelo Squassoni:

3.3.1. Em notícia de 20/9/2016 (https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,coordenador-da-campanha-de-russomanno-e- acusado-de-usar-notas-frias-na-camara,10000077185), o Sr. José Eduardo dos Santos (CPF 277.807.848-78), que se apresentou como proprietário da empresa TESS - Tecnologia e Sistemas de Segurança (CNPJ 19.377.790/0001-57) disse que emitiu notas fiscais, sem efetiva prestação de serviços, para o ex-Deputado Federal Marcelo Squassoni.(CPF 083.637.548-38) Teriam sido nove notas fiscais no valor de R$ 3.500,00, utilizando recursos da cota parlamentar do então Deputado.

Mais adiante, a Controladoria Geral da União explica

relações encontradas entre o proprietário verdadeiro da empresa VERT,

JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS e outras pessoas, juntando esclarecedor

diagrama:

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Diagrama 2: v isão geral dos envolv idos

3.3.2. De acordo com o cadastro na Receita Federal, o Sr. José Eduardo dos Santos reside no mesmo endereço que as Sras. Moana Romualdo dos Santos (CPF 371.756.448-09 - sócia da VERT até junho/2018), Ana Cláudia da Silva Moreira (CPF 328.270.848-30 - atual proprietária da VERT, possível esposa do Sr. José Eduardo dos Santos), Maria Laerte dos Santos (CPF 047.265.188-95 - mãe do Sr. José Eduardo dos Santos e sócia da VERT até junho/2018).

Por f im, a anál ise técnica real izada pela Controladoria

Geral da União conclui por irregularidades no procedimento e contratação:

4. CONCLUSÃO 4.1. A CODESP realizou a contratação de serviços de monitoramento por

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drones por um custo elevado (R$ 2,7 milhões por um ano), especialmente se considerarmos a situação deficitária da Entidade. Menciona-se que o monitoramento possibilitaria evitar perdas (roubo de cabos de energia) e danos ambientais (fiscalização de abastecimento de combustível em navios), mas não explicita se em contrapartida o ocorreria substituição de vigilância já existente, com redução de despesas

4.2. O Processo não informa como foi feita a estimativa de horas de uso efetivo de drones e o elevado número de "horas de posição de atendimento".

4.3. A VERT, que ofereceu a melhor proposta no Pregão Eletrônico, não demonstrou capacidade técnica exigida pelo Edital. Apresentou atestado emitido pela empresa EROS, que tem vínculos com a VERT. Além disso, a VERT apresentou, como comprovação da execução de serviços, notas fiscais eletrônicas que foram posteriormente canceladas.

4.4. Consta do Processo de que houve discordância da SUTIC (Superintendência de Tecnologia de Informação) e o setor de Compras da CODESP na aceitação da capacidade técnica da VERT.

4.5. Por fim, os proprietários da VERT tem vínculos com o empresário José Eduardo dos Santos. De acordo com a notícia sobre a denúncia do empresário, este teria emitido notas fiscais frias para desvio de recursos da cota parlamentar do ex-Deputado Marcelo Squassoni e depois teria sofrido ameaças. É possível que a contratação da VERT seja resultado de interesse escuso desse parlamentar ou de outro grupo criminoso na gestão da CODESP.

4.6. Propõe-se o encaminhamento desta Nota Técnica para o Ministério Público Federal e para a Superintendência Regional da Polícia Federal em São Paulo.

Além disso, a Controladoria Geral da União, também

produziu a Nota Técnica nº 1083/2019/NAE-SP/SÃO PAULO, analisando a

contratação tratada nos autos. Pronunciou-se o Órgão de controle, nos seguintes termos:

Na Nota Técnica nº 395/2019/NAE/SP/REGIONAL/SP consta análise do processo de contratação da empresa VERT pela CODESP. Trata-se de um serviço de monitoramento por drones no Porto de Santos. Entre as principais irregularidades apontadas na Nota Técnica: falta de capacidade técnica, emissão de notas fiscais posteriormente canceladas para simular prestação de serviços, falta de justificativa de quantitativos de eventos e ausência de motivos para o valor global da contratação. A VERT apresentava no seu cadastro na Receita Federal o CNAE 8111700 (Serviços combinados para apoio a edifícios, exceto condomínios prediais).

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O Contrato DIPRE 40/2018 entre a CODESP e a VERT foi assinado em 22/5/2018, pelo Diretor- Presidente Sr. José Alex Botelho de Oliva e pelo Diretor de Operações Logísticas, Sr. Carlos Henrique de Oliveira Poço. Anexo ao Ofício nº 13451/2019 SR/PF/SP consta Relatório Reservado da CODESP em com análise da execução do contrato com a VERT. Esta empresa já teria recebido o montante de R$ 2.017.731,84 (do total de R$ 2.700.000,00), sendo que nos primeiros meses do contrato houve pagamento de R$400.000,00 referente a 40 dias de supostos serviços, o que excedeu o estipulado no cronograma. De acordo com o Relatório Reservado, a VERT não atendeu especificações do contrato: utilizou instalações da própria CODESP para a sala base para os serviços de monitoramento; faturou pagamentos por treinamento sem previsão contratual; a empresa teria realizado gravações por drone sem que houvesse solicitação ou agendamento da contratante; não haveria evidências dos serviços supostamente prestados e os controles não seriam eficientes.

O Gestor Alvaro Clemente de Sousa Neto e o fiscal Cristiano Antônio Chehin, que respondiam pela fiscalização do contrato com a VERT e atestaram as notas fiscais, teriam se desligado da CODESP em novembro e dezembro de 2018. Até março de 2019 o contrato teria ficado sem fiscal designado . Em 2/5/2019 o contrato teria sido rescindido, restando notas fiscais não pagas no montante de R$ 282.297,40. (grifamos)

Concluindo a Nota Técnica, manifesta-se sobre o contrato

em questão, f irmado com a empresa VERT, bem como o contrato f irmado

com a empresa SPHERA (que é objeto de investigação e não e tratado na

presente denúncia):

Os contratos com a SPHERA Security Ltda e com a VERT Prestação de Serviço Ltda ME são indicativos de gestão ineficiente ou até temerária da CODESP. No primeiro caso, o serviço essencial de monitoramento por câmeras e controle por acesso, necessário para segurança e atendimento a normas internacionais, foi realizado uma contratação emergencial com indícios de direcionamento no valor de R$ 5.975.744,00. No segundo caso, a contratação da VERT para o monitoramento por drones resultou em prejuízo potencial de R$ 2.017.731,84, correspondente ao valor total pago a essa empresa, por serviços que não apresentaram finalidade ou utilidade à CODESP.

Ressalta-se que os dois contratos apresentam envolvimento do Sr. Carlos Henrique de Oliveira Poço (ex- Diretor de Operações Logísticas, CPF 263.601.188-90), que assinou o Contrato DIPRE 02/2019 com a SPHERA

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Security Ltda e o Contrato DIPRE 40/2018 com a VERT Prestação de Serviço Ltda. O Sr. Carlos Henrique de Oliveira Poço também foi responsável por autorizar os pagamentos à VERT.

Propõe-se o encaminhamento desta Nota Técnica para a DELECOR da Superintendência Regional da Polícia Federal em São Paulo. (grifamos)

Com isso, demonstradas inúmeras irregularidades no

procedimento de contratação da empresa VERT bem como na execução

do aludido contrato. Com isso, corrobora-se ainda mais a responsabil idade

dos agentes envolvidos nas irregularidades e responsabil izados na

presente inicial acusatória.

Além de procedimento permeado por irregularidades,

direcionando a l icitação para a empresa VERT, percebe-se a incidência de

diversas falhas na execução como a remuneração por serviços não

prestados e vantagens indevidas no curso do contrato (como a uti l ização

de área da CODESP sem custo e sem previsão contratual).

A autoria delitiva, encontra-se adequadamente

del ineada pela conduta dos denunciados, conforme já detalhado nessa

denuncia e, em especial, nos termos especif icados a seguir.

JOSÉ ALEX BOTELHO OLIVA, era o então Diretor-Presidente da

Companhia Docas do Estado de São Paulo – CODESP, integrava a Diretoria

Executiva (DIREXE), também homologou o resultado da licitação em favor da empresa VERT.

GABRIEL NOGUEIRA EUFRÁSIO foi Superintendente Jurídico da

Companhia Docas do Estado de São Paulo – CODESP e atuou em diversos

processos (que são objetos de investigação da operação Tritão e não integram a presente

denuncia, mas que oportunamente devem ser objeto de acusação) para sustentar

juridicamente a autorização de contratação e pagamentos indevidos. Foi responsável pelo

parecer em prol da diligência que habilitava a empresa VERT, verificando a pretensa

qualificação técnica necessária daquela.

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CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO, iniciou o

procedimento que culminou na contratação, tendo assinado o contrato.

Verif icou-se direta e intensa participação deste na l icitação e na

contratação diante do material produzido nas investigações, notadamente

na anál ise técnica feita pela CGU, no material apreendido em sua

residência e analise de correio eletrônico, também teria t ido papel em

formalmente autorizar pagamento, encaminhando notas para a diretoria

f inanceira.

FRANCISCO JOSÉ ADRIANO era o diretor f inanceiro e

responsável pela real ização de pagamentos após indicação de CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO.

SÉRGIO PEDRO GAMMARO JUNIOR responsável oficial por

elaboração do Termo de Referência que culminou na licitação e contratação da empresa

VERT, tendo sido também o primeiro gestor do contrato.

ÁLVARO CLEMENTE DE SOUZA NETO assumiu a gestão do

contrato. Atuou em beneficio da empresa VERT e teria, inclusive,

proposto a uti l ização gratuita e sem previsão contratual de área publica da

CODESP pela empresa VERT. Conforme também verif icado pela CGU, na

condição de gestor do contrato, juntamente com o f iscal do contrato

CRISTIANO ANTÔNIO CHEHIN, que respondiam pela f iscal ização do

contrato com a VERT e atestaram as notas f iscais. Teria se desl igado no

f inal de 2018.

CRISTIANO ANTÔNIO CHEHIN foi f iscal do contrato da

empresa VERT e era o responsável, justamente com o gestor ÁLVARO CLEMENTE DE SOUZA NETO, respondiam até o desl igamento da CODESP,

pela f iscal ização do contrato.

TAWAN RANNY SANCHES EUSEBIO FERREIRA, era o

Gerente de Contratos e Licitações, sendo ele quem aprovava os pregões e

anal isava a parte documental.

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JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS, responsável pela empresa VERT

e posteriormente constatou-se ser proprietário da empresa. Teve papel essencial no

esquema, na condição de gestor da empresa, culminando na contratação indevida a

empresa e posteriormente efetivo desfalque aos cofres da CODESP.

OTONIEL PEDRO ALVES, apresentava-se como diretor da

empresa VERT. Teve papel essencial no esquema, na condição de gestor da empresa,

culminando na contratação indevida a empresa e posteriormente efetivo desfalque aos

cofres da CODESP. Realizou, inclusive, pressão sobre o servidor Daniel Pereira da Silva

para pagamento das notas à empresa. É cabo da Polícia Militar e foi apresentado como

piloto de drones da VERT.

OSEAS PEDRO ALVES, juntamente com seu irmão Otoniel,

respondia pela empresa em diversos contatos com a CODESP. Especialmente na ausência de seu irmão OTONIEL PEDRO ALVES, OSEAS PEDRO ALVES fazia as vezes de responsável pela empresa e auxi l iou no

esquema para viabi l izar a contratação da empresa VERT e efetivo

pagamento indevido posterior.

A materialidade delitiva, por sua vez, encontra-se

estampada na vasta documentação encartada à presente inicial, produzida

nos autos do Inquérito Pol icial nº 0072/2018 (Autos JF nº 0001439-

18.2018.4.03.6104), em especial nos documentos apreendidos e na

criteriosa análise técnica real izada pela Controladoria-Geral da União,

material apreendido em busca e apreensão e perícias.

3. TIPIFICAÇÃO PENAL

Perpetrando os fatos anteriormente descritos, os denunciados

JOSÉ ALEX BOTELHO OLIVA, GABRIEL NOGUEIRA EUFRÁSIO, CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO, FRANCISCO JOSÉ ADRIANO, SÉRGIO PEDRO GAMMARO JUNIOR, ÁLVARO CLEMENTE DE SOUZA NETO, CRISTIANO ANTÔNIO CHEHIN e TAWAN RANNY SANCHES EUSEBIO

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FERREIRA, de forma consciente, l ivre e voluntária, frustraram e

fraudaram, mediante expediente, o caráter competit ivo do procedimento

l icitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem

decorrente da adjudicação do objeto da l icitação, conduta tipificada no artigo 90

da Lei 8.666/93.

Também perpetrando os fatos anteriormente descritos, os

denunciados JOSÉ ALEX BOTELHO OLIVA, GABRIEL NOGUEIRA EUFRÁSIO, CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO, FRANCISCO JOSÉ ADRIANO, SÉRGIO PEDRO GAMMARO JUNIOR, ÁLVARO CLEMENTE DE SOUZA NETO, CRISTIANO ANTÔNIO CHEHIN e TAWAN RANNY SANCHES EUSEBIO FERREIRA, forma consciente, l ivre e voluntária,

desviaram valor, consistente em pagamento por serviços não realizados e remuneração da

de terceiros de modo indevido, em proveito alheio, na condição de funcionários públicos,

conduta tipificada no artigo 312 do Código Penal.

Consta também que, para a perpetração do delito, contaram com a

essencial participação dos denunciados JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS, OTONIEL PEDRO ALVES e OSEAS PEDRO ALVES, representantes da empresa

beneficiada VERT, que também praticaram o delito previsto no artigo 312 do Código

Penal.

4. PEDIDOS

Posto isso, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL denuncia e

pede a condenação de JOSÉ ALEX BOTELHO OLIVA, GABRIEL NOGUEIRA EUFRÁSIO, CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA POÇO, FRANCISCO JOSÉ ADRIANO, SÉRGIO PEDRO GAMMARO JUNIOR, ÁLVARO CLEMENTE DE SOUZA NETO, CRISTIANO ANTÔNIO CHEHIN e TAWAN RANNY SANCHES EUSEBIO FERREIRA como incursos no crime previsto no artigo

312 do Código Penal, bem como no crime previsto no artigo 90 da Lei

8.666/93 e JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS, OTONIEL PEDRO ALVES e

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OSEAS PEDRO ALVES como incursos no crime previsto no artigo 312 c/c

artigo 29, ambos do Código Penal; requerendo, após recebida e autuada a

presente denúncia, sejam os denunciados instados para responderem à

acusação, prosseguindo o feito de acordo com os ditames legais, até f inal

condenação.

Nos termos do artigo 387, IV, do Código de Processo

Penal, que seja f ixado valor mínimo em reais, equivalentes a R$ 2.700.000,00 (dois milhões e setecentos mil reais), que devem ser

devidamente corrigidos, para reparação dos danos causados pelas

infrações penais imputadas, bem como o perdimento de todo provento e

produto dos crimes ora narrados.

Santos, datado e assinado digitalmente.

<<assinado digitalmente>>

THIAGO LACERDA NOBRE

Procurador da República

Rol de Testemunhas:

EDUARDO ALEXANDRE FONTES, Delegado de Pol ícia Federal, Superintendência da Polícia Federal em São Paulo.

NELSON PIMENTEL CARRIATI, funcionário da CODESP.

MARCELO RIBEIRO DE SOUZA, Diretor de Operações da CODESP.

LUIS FERNANDO BAPTISTELLA, Superintendente da Guarda Portuária da CODESP.

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