Agosto/2010

MARINGÁ NÃO CONSEGUE ATENDER A DEMANDA TOTAL DO BOLSA FAMÍLIA

*Enio Verri

Apesar de criticada no início, hoje já é fato que as políticas públicas, em especial os programas sociais, implantados no Governo Lula foram essenciais para o desenvolvimento do Brasil e a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Mas, para que isso atinja a todos é preciso que os governos federal, estaduais e municipais andem juntos e tenham o mesmo objetivo: trabalhar por todos os brasileiros.

Infelizmente, não é o que tem sido observado em Maringá (PR). Dados divulgados pela ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Márcia Lopes, mostram que o município atinge apenas 61,55% das famílias que teriam direito ao Bolsa Família. Na cidade 5.921 pessoas recebem o benefício do Governo Federal, sendo que 9.620 se encaixam no perfil.

Isso significa dizer que 3.699 famílias, que vivem em condições de pobreza, deixam de receber a ajuda. Apesar de o projeto ser do Governo Federal, o gerenciamento da verba e o acesso das pessoas ao benefício são feitos pelo município, por meio do Cadastro Único. Em Maringá, está claro que existe um problema operacional nesse setor, já que a Prefeitura não atende a todos os maringaenses que se encaixam no perfil do programa do MDS. Apenas pouco mais metade das famílias carentes, realmente, recebe a verba mensal. E esse dinheiro, apesar de parecer pouco para muitos, pode fazer toda a diferença, principalmente, em relação a garantia da segurança alimentar dessa população.

São aptas a receber o benefício apenas famílias que tenham renda per capta de até R$140. Os valores do benefício variam de R$22 a R$200, dependendo da característica de cada uma. O MDS repassa por mês para a prefeitura de Maringá, R$392 mil, para atender apenas o Bolsa Família na cidade.

Dados e benefícios

Apesar de atingir diretamente só as camadas mais pobres, já ficou provado que o Bolsa Família não é um programa assistencialista. Pesquisa encomendada pelo Ministério mostra que as crianças beneficiadas com o Bolsa Família apresentam maiores taxas de matrícula, progridem nas escolas e ainda tomam mais vacinas. Também a comunidade ganha, com o giro da economia local.

O levantamento analisou dados de 11.400 domicílios, em 269 municípios brasileiros, entre setembro e novembro de 2009 e os resultados foram surpreendentes. As crianças das famílias beneficiadas tiveram um aumento de 4,4% na taxa de matrícula. No Nordeste, o aumento foi ainda maior, ficando em 11,7%. A progressão escolar também foi maior, com 6%, e entre meninas com 17 anos chegou a 28%.

Além do Bolsa Família, o Governo Federal investe em outros programas da área, como os Centro de Referência da Assistência Social, Benefício de Prestação Continuada, Sistema Único de Assistência Social, Programa de Segurança Alimentar e Nutricional, entre outros. Nesse ano, Maringá já recebeu do MDS cerca de R$41 milhões para toda a área de assistência social. No Paraná, o repasse em 2010 foi de R$1,588 bilhões e no Brasil somam R$41 bilhões.

*Enio Verri é economista, professor licenciado da Universidade Estadual de Maringá, deputado estadual e presidente do PT-PR