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Para que você não se deixe cegar pelas cortinas de fumaça do sistema

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Para que você não se deixe cegar pelas cortinas de fumaça do sistema

E para que não viva de bodes expiatórios, enquanto osespertalhões deitam e rolam às suas custas

"A taxa de juros do cartão de crédito é a mais alta do Brasil. Em dezembro, somou 238,6% ao ano. Isso na média. Porque tem taxas que passam de 500% ao ano. Taxas desta natureza justificam o tamanho desta inadimplência. Uma dívida dobra de tamanho com o passar do tempo (se for pagando somente a fatura mínima). Um dos grandes motivos é esse fato. Juros altos fazem com que a dívida cresça rapidamente".Miguel Ribeiro, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade .

O sistema tem conseguido prodígios na manipulação de inocentes úteis, que se jactam de sandices idiotas no deprimente papel de ventríloquos destituídos de qualquer juízo de avaliação.

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Qualquer coisa que pareça repulsiva à atividade política escorre como uma torrente de destruição incontida, deixando o terreno baldio para que a vagabundagem de colarinho branco deite e role, meta a mão grande e assalte a população e o erário inermes como se o bem estivesse praticando em nome dessa cínica senhora que se veste da fantasia desbotada da moralidade e de sucesso empresarial.

O sistema sabe o que faz, sabe o que pretende, sabe onde quer e onde pode chegar. O cidadão imbecilizado, não. Descuidado e despolitizado, sem memória e sem conhecimento maior, sem método e sem capacidade crítica, esse analfabeto político pode ser usado como o perfeito idiota, como multiplicador de tudo o que o sistema precisa para manter o controle do que há de mais precioso numa sociedade humana – a opinião livre e fundada na análise correta, se possível, profunda, de modo a poder contrapor-se à carga de criminalização de todos os homens públicos, mantendo-os acuados e pautados pelos grandes grupos que estão por cima da carne seca e são até endeusados, conseguindo aparecerem como motivo de orgulho pelo sucesso de sua desbragada agiotagem: essa semana, ninguém fez um único reparo ao anúncio de que só o Banco Itaú lucrou R$ 14 bilhões em 2011, algo que representa mais do que os orçamentos de muitos Estados e municípios: mais, vale lembrar, do que os gatos do governo com o popularmente conhecido “Bolsa -Família”,

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programa compensatório que alcança 40 milhões de pessoas.

Nenhum fanfarrão da idiotice, que tem na internet todo o espaço do mundo para repassar os produtos bem elaborados do sistema, parou para pensar de onde um agiota, que vive da especulação financeira, tira tantas pepitas. Não ocorre ao imbecil que toda essa dinheirama emana da mais vil espoliação que encurala a atividade verdadeiramente produtiva.

Decididamente fazer conta não é hábito de nossos patrícios. Não lhe ocorre calcular que paga um monte de apartamentos quando compra um financiado em 240 meses. Que paga três automóveis, quando compra por um em 60 vezes.

Sequer esse repassador dos embustes do sistema se dá ao trabalho de comparar o lucro dos agiotas com a inadimplência de suas vítimas. Isso mesmo. Só no cartão de crédito, essa bomba que todos usamos crentes de nossa pujança, a inadimplência chegou a 26,7% segundo números do Banco Central.Em outras palavras, de cada 4 brasileiros, um está pendurado nos juros mais caros do mundo e não tem de onde tirar um tostão para cobrir seus sonhos de consumo.

Além de ser a mais alta de todas as modalidades de crédito, os números mostram que o patamar registrado em dezembro do ano passado, de 238,6%

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ao ano, é a maior desde junho de 2000. Segundo a Anefac, os juros desse amigo da onça que você usa vorazmente é mais do que o dobro da média das operações de crédito para pessoas físicas, de 114,8% ao ano. Superam até mesmo as taxas cobradas pelos bancos no cheque especial, que também são extremamente elevadas (162% ao ano em dezembro de 2011).

Se você usar uma maquininha verá que há um grande parentesco entre o ganho estratosférico dos bancos (Itaú, Bradesco e Santander lucraram R$ 33 bilhões e 404 milhões em 2011) e a corda no pescoço da macacada deslumbrada e com suas micros lanternas direcionadas única e exclusivamente para as mazelas dos políticos, que estão na mesma dança, mas que, além de não serem todos, acabam sendo café pequeno diante do assalto esbeltado das máquinas especulativas de fazer dinheiro fácil.

Embora o jogo do poder seja de fácil percepção, não é difícil para o sistema levar o cidadão de conhecimento crítico congelado a fechar os olhos para os assaltos dos banqueiros e canalizar sua amargura para a atividade dos homens públicos, que deveria ser a mais nobre de todas. Deveria ser, tudo bem, mas não é, por conta muito mais do corruptores que jogam suas tarrafas com sucesso na captura de políticos eleitos pelo descuido e a leviandade dos cidadãos.

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Outro dia, um amigo sério, bem intencionado, calejado, me repassou uma mensagem em que defende remuneração zero para os vereadores. Nada parece mais charmoso. No tempo da ditadura, houve uma decisão em que só os edis das capitais podiam ter vencimentos. Na mensagem, diz-se até, na maior sem-cerimônia, que o Brasil é o único país onde os legisladores municipais são remunerados.

Na minha resposta, disse-lhe na lata: isso é tudo o que querem as construtoras, empreiteiras ou não, insaciáveis, as máfias dos transportes, os prefeitos ladrões e outros malfeitores. Numa cidade como o Rio de Janeiro, cujo orçamento é um dos dez maiores do país, superando o de 23 estados, vereador “voluntário” será presa fácil das quadrilhas que se apropriam de 30% dos impostos através de superfaturamento, concessões levianas e tantos outros favorecimentos.

Eles não precisarão prestar contas do que entrar em seus bolsos, sempre em moeda sonante, à salvo inclusive do imposto de renda, pelo caminho conhecido da Caixa 2das grandes fornecedoras dos municípios.

Aliás, a bem da verdade, mesmo ganhando dos cofres públicos, os vereadores, como muitos parlamentares e titulares de todos esses podres poderes, inclusive honoráveis magistrados, já fazem parte de mensalões oferecidos por máfias que vivem à sombra e ainda desfilam como modelos de organizações econômicas.

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Se recebendo oficialmente os parlamentares municipais pegam algum por fora, imagine o que farão na condição de voluntários – figuras que sumiam do mapa desde quando ONGs inescrupulosas descobriram a “virtude” de profissionalizarem a solidariedade.

Escrevi as linhas acima porque ainda tenho alguma esperança de que alguém consiga abrir os olhos e pare para raciocinar, prática cada vez mais em desuso.Escrevi e vou escrever mais, porque sou teimoso de nascença. E acredito piamente que água mole em pedra dura tanto bate até que fura.

Escrevi porque não aguento mais receber mensagens repassadas por cidadãos imbecilizados, que não se mancam ante sua pobreza crítica e sua vocação para o culto das sandices elaboradas meticulosamente por uma meia dúzia de espertalhões, fabricantes d cortinas de fumaça.