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EXMO. SR. DR. PROCURADOR ELEITORAL RESPONSAVEL PELA PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA EM PERNAMBUCO. DEM – DEMOCRATAS, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob n.º 09.057.316/0001-94, estabelecida na Rua Marquês de Amorim, 548, Ilha do Leite, Recife, por seu procurador que esta subscreve, devidamente habilitado pela procuração em anexo, vem, respeitosamente a presença desse Respeitável Representante do Ministério Público Eleitoral oferecer DENUNCIA contra EDUARDO HENRIQUE ACIOLY CAMPOS,

Representação contra Eduardo Campos

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Page 1: Representação contra Eduardo Campos

EXMO. SR. DR. PROCURADOR ELEITORAL RESPONSAVEL PELA PROPAGANDA

ELEITORAL ANTECIPADA EM PERNAMBUCO.

DEM – DEMOCRATAS, pessoa jurídica de direito privado,

inscrita no CNPJ sob n.º 09.057.316/0001-94, estabelecida na Rua

Marquês de Amorim, 548, Ilha do Leite, Recife, por seu

procurador que esta subscreve, devidamente habilitado pela

procuração em anexo, vem, respeitosamente a presença desse

Respeitável Representante do Ministério Público Eleitoral

oferecer DENUNCIA contra EDUARDO HENRIQUE ACIOLY CAMPOS,

brasileiro, casado, Governador do Estado de Pernambuco, pela

prática dos seguintes fatos, que podem configurar a pratica de

propaganda eleitoral antecipada:

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I – Dos Fatos.

1 - No dia 03.02.2010, no Município de Santa Maria da

Boa Vista/PE, o Governador do Estado de Pernambuco, e pré-

candidato à reeleição, Sr. Eduardo Campos, praticou atos que

configuram, em tese, propaganda eleitoral antecipada, tudo

conforme o material em anexo.

2 - Valendo-se da condição de chefe do executivo

estadual, o denunciado não se limitou a apresentar programas de

governo, mas enalteceu sua figura pública, fortalecendo sua pré-

candidatura, vinculando a realização de obras e projetos ao seu

nome, enquanto personalidade política.

3 - No evento que deveria ser destinado a visitação

da situação das famílias amparadas pelo Projeto Fulgêncio,

capitaneado pelo Governo do Estado de Pernambuco na região do

São Francisco, o que se viu foi um verdadeiro palanque

eleitoral, um comício no qual discursaram, além do Governador do

Estado, seu Secretário de Desenvolvimento, Fernando Bezerra

Coelho, discursou em tom de campanha eleitoral, mesmo sem nunca

ter tido, nem ter, qualquer relação com o projeto a não ser o

interesse eleitoreiro de promover às custas do erário público, o

seu chefe imediato.

4 – No referido discurso (se bem que pode ser chamado

de comício) o denunciado tentou induzir o eleitorado a acreditar

que somente na hipótese de eles serem eleitos, a continuidade de

obras e projetos do governo seriam viabilizadas, fatos que

caracterizam propaganda eleitoral antecipada.

5 - Nas palavras do Secretário de Desenvolvimento do

Governo do Estado, Fernando Bezerra Coelho, “Eduardo tem que

continuar por mais quatro anos o seu governo, pois ele é a

locomotiva do Brasil”.

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5.1 - Ora, o Secretário de Desenvolvimento, Fernando

Bezerra Coelho, é um dos homens de confiança do Governador do

Estado, Eduardo Campos (pré-candidato à reeleição), restando

claro, pelas palavras acima transcritas, ter total interesse na

reeleição do seu chefe, demonstrando a sua ânsia de propagar as

virtudes do denunciado pré-candidato ao Governo do Estado antes

mesmo que os outros candidatos o façam, com o intuito de

assegurar uma vantagem eleitoral antecipada, ainda que propagada

de forma irregular e contrária a legislação eleitoral e a

constituição federal.

6 – Ao agirem desse modo, o denunciado violou

conscientemente o disposto no ar. 37, §1º, da Constituição

Federal, bem como o art. 36 da Lei 9504/97, a partir do momento

em que contribuíram direta ou indiretamente para sua auto-

promoção em evento público diante de centenas de eleitores, que

foram condicionados a pensar que o Projeto Fulgêncio somente irá

continuar na hipótese de o denunciado, Governador Eduardo Campos

(pré-candidato à reeleição) seja eleito para os cargo

postulados.

7 - Deve-se considerar que estamos no semestre

anterior ao pleito que se realizará em 03 de outubro de 2010 e,

ainda, que o Governador Eduardo Campos é notório pré-candidato

(postulante a candidato) ao cargo de Governador do Estado nas

próximas eleições e João Paulo pré-candidato ao cargo de Senador

da República.

8 - Estes fatos analisado em cotejo revelam a

configuração de propaganda eleitoral extemporânea, veiculada em

programa partidário, dirigida a auferir dividendo eleitoral aos

declarados pré-candidatos.

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II – Do Respaldo Legal.

9 - Desta forma, os denunciados descumpriram o

disposto no artigo 36 da Lei nº 9.504/97 e artigo 3º da

Resolução nº 22.718/08 do Tribunal Superior Eleitoral, senão

vejamos:

Lei 9.504/97, art. 36, caput, “a propaganda eleitoral somente é permitida após o dia 5 de julho do ano da eleição.”

10 - O parágrafo § 3º, do citado artigo, dispõe que

“a violação do disposto neste artigo sujeitará o responsável

pela divulgação da propaganda e, quando comprovado o seu prévio

conhecimento, o beneficiário, à multa no valor de 20.000 (vinte

mil) a 50.000 (cinqüenta mil) UFIR ou equivalente ao custo da

propaganda, se este for maior”.

11 - Segundo os escólios do Mestre Adriano Soares da

Costa, “ao permitir a propaganda eleitoral apenas após 5 de

julho, a contrario sensu o preceito proibiu a realização de

propaganda eleitoral antes dessa data, cuja realização seria

ilícita e passível de sanção legal. A propaganda fora de época,

ou prematura, é aquela que procura despertar o eleitor para a

candidatura de alguém, nada obstante sem atenção para o prazo

estabelecido pela Lei Eleitoral”. (in Instituições do Direito

Eleitoral, 5.ª ed. (revista, atualizada e ampliada), Del Rey,

Belo Horizonte, 2002, p. 739)

12 - Destaca-se também o entendimento consolidado

pelo Tribunal Superior Eleitoral a respeito da propaganda

eleitoral, conforme explorado na descrição dos fatos:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. BOLETIM DISTRIBUÍDO POR MALADIRETA A FILIADOS DO PARTIDO. PROPAGANDA EXTEMPORÂNEA. NÃO-CARACTERIZAÇÃO. De acordo com a jurisprudência desta Corte, a propaganda eleitoral caracteriza-se por levar ao conhecimento geral, ainda que de forma

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dissimulada, a candidatura, a ação política ou as razões que levem a inferir que o beneficiário seja o mais apto para a função pública. Notícias das atividades do partido, sem qualquer conotação eleitoreira, não configuram propaganda eleitoral. Agravo desprovido. (TSE; Proc. n.º 5120; Rel. Min. Gilmar Ferreira Mendes; Diário de Justiça, 23/09/2005)

13 - No entendimento do próprio TSE acima transcrito,

define-se como propaganda eleitoral o ato que leva ao

conhecimento geral, ainda que de forma dissimulada, a

candidatura, mesmo que apenas postulada, a ação política que se

pretende desenvolver ou razões que induzam a concluir que

beneficiário é o mais apto ao exercício da função pública.

14 - No caso ora em análise, verifica-se a divulgação

na propaganda partidária da ação política que o pré-candidato

pretende desenvolver, ou seja, são destacadas as metas de sua

candidatura, através da excessiva alusão a necessidade de

investimentos em infra-estrutura básica para instalação de um

pólo pesqueira e ainda pavimentação de estradas para a Região.

15 - Observa-se, ainda, que a intenção dos

denunciados, no que se refere à propaganda eleitoral, não

necessita estar patenteada de forma explícita, o que, aliás,

normalmente não acontece, devendo ser aferida por meio das

circunstâncias que envolvem a demanda, permitindo inferir até

mesmo o caráter subliminar ou implícito dessa propaganda.

16 - Por fim, o Governador Eduardo Campos, foi

responsável pela divulgação da propaganda eleitoral, uma vez que

o mesmo fez o uso da palavra durante o discurso para a

divulgação de propaganda eleitoral extemporânea, travestida de

divulgação de programas de governo. Além disso, ele é

manifestamente o único beneficiado pela propaganda eleitoral

antecipada, ou seja, o fato das palavras terem sido proferidas

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pelo próprio pré-candidato é elemento mais que suficiente para

comprovar que ele tinha prévio conhecimento da divulgação.

17 - É inadmissível que um gestor público valha-se da

maquina administrativa do estado para utiliza-la em proveito

pessoal, ferindo de morte o preceito do art. 37, § 1º, da

Constituição Federal, que veda a promoção pessoal de agentes

públicos.

III – Conclusão.

Assim os fatos acima descritos configuram, em tese,

propaganda eleitoral antecipada, incidindo na hipótese prevista

no art. 36, § 3º, da Lei 9.504/97 e art. 1º, § 2º da Resolução

n.º 22.158 do TSE, requerendo QUE ESTA PROCURADORIA RESPONSÁVEL

PELA CORREIÇÃO DA PROPAGANDA ELEITORAL, ADOTE A MEDIDA LEGAL

CABIVEL PARA COIBIR QUE OS DENUNCIADOS CONTINUEM A VIOLAR A

CONSTITUIÇÃO FEDERAL E LEGISLAÇÃO ELEITORAL,INFRINGINDO, DESSA

FORMA, TODA A LEGISLAÇÃO APLICÁVEL À ESPÉCIE.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Recife, 07 de fevereiro de 2010.

RAMIRO BECKER SAULO SIQUEIRA

OAB/PE 19074 OAB/PE 969-B