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Segunda Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima Brasília 2010 parte-0.indd 1 10/23/10 1:36 AM

Segunda Comunicação Nacional - Volume 1 (parte 1)

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Parte 1 do primeiro volume da Segunda Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, do Ministério da Ciência e Tecnologia

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  • 1. Segunda Comunicao Nacional do Brasil Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre Mudana do Clima Braslia 2010 parte-0.indd 1 10/23/10 1:36 AM

2. REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL PRESIDENTE DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL LUIZ INCIO LULA DA SILVA MINISTRO DE ESTADO DA CINCIA E TECNOLOGIA SERGIO MACHADO REZENDE SECRETRIO EXECUTIVO LUIZ ANTONIO RODRIGUES ELIAS SECRETRIO DE POLTICAS E PROGRAMAS DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO LUIZ ANTONIO BARRETO DE CASTRO SECRETRIO EXECUTIVO DA COMISSO INTERMINISTERIAL DE MUDANA GLOBAL DO CLIMA JOS DOMINGOS GONZALEZ MIGUEZ parte-0.indd 2 10/23/10 1:36 AM 3. Braslia 2010 Coordenao-Geral de Mudanas Globais do Clima Ministrio da Cincia e Tecnologia Segunda Comunicao Nacional do Brasil Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre Mudana do Clima Coordenao-Geral de Mudanas Globais do Clima Ministrio da Cincia e Tecnologia Braslia, 2010 parte-0.indd 3 10/23/10 1:36 AM 4. EQUIPE MCT COORDENADOR DA COMUNICAO NACIONAL JOS DOMINGOS GONZALEZ MIGUEZ ADRIANO SANTHIAGO DE OLIVEIRA COORDENADOR SUBSTITUTO ASSISTENTES ELISANGELA RODRIGUES SOUSA JERNIMA DE SOUZA DAMASCENO CCERA THAIS SILVA LIMA COORDENADOR TCNICO DO SEGUNDO INVENTRIO BRASILEIRO DE EMISSES ANTRPICAS POR FONTES E REMOES POR SUMIDOUROS DE GASES DE EFEITO ESTUFA NEWTON PACIORNIK MAURO MEIRELLES DE OLIVEIRA SANTOS COORDENADOR SUBSTITUTO EQUIPE ANA CAROLINA AVZARADEL DANIELLY GODIVA SANTANA DE SOUZA MRCIA DOS SANTOS PIMENTA MAYRA BRAGA ROCHA RICARDO LEONARDO VIANNA RODRIGUES COORDENADOR TCNICO DE CIRCUNSTNCIAS NACIONAIS, DAS PROVIDNCIAS PREVISTAS OU TOMADAS, E DE OUTRAS INFORMAES RELEVANTES PARA A IMPLEMENTAO DA CONVENO HAROLDO DE OLIVEIRA MACHADO FILHO RENATO DE ARAGO RIBEIRO RODRIGUES COORDENADOR SUBSTITUTO EQUIPE MNICA DE OLIVEIRA SANTOS DA CONCEIO SONIA REGINA MUDROVITSCH DE BITTENCOURT COORDENADOR ADMINISTRATIVO MARCOS WILLIAN BEZERRA DE FREITAS EQUIPE CLAUDIA SAYURI MIYAKI JULIANA PATRCIA GOMES PEREIRA JULIANA GOMES DOS SANTOS ANDRADE EQUIPE DE INFORMTICA HENRIQUE SILVA MOURA PEDRO GABRIEL PICANO MONTEJO PEDRO RENATO BARBOSA RODRIGO ALBUQUERQUE LOBO EDIO FINAL EAGLES MUNIZ ALVES EXEMPLARES DESTA PUBLICAO PODEM SER OBTIDOS NO: Ministrio da Cincia e Tecnologia - MCT Secretaria de Polticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento - SEPED Coordenao-Geral de Mudanas Globais do Clima CGMC Esplanada dos Ministrios Bloco E 2 andar Sala 268 CEP: 70067-900 Braslia DF Telefone: 61 3317-7923 e 3317-7523 Fax: 61 3317-7657 Email: [email protected] Pgina de internet: http://www.mct.gov.br/clima parte-0.indd 4 10/23/10 1:36 AM 5. MINISTRIO DA CINCIA E TECNOLOGIA ESPLANADA DOS MINISTRIOS, BLOCO E FONE: 55 (61) 3317-7500 FAX: 55 (61) 3317-7657 Site: http://www.mct.gov.br CEP: 70.067-900 Braslia DF parte-0.indd 5 10/23/10 1:36 AM 6. 6 Segunda Comunicao Nacional do Brasil Prefcio Esta Segunda Comunicao Nacional Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre Mudana do Clima mostra pro- gramas governamentais e iniciativas que esto permitindo redues consistentes das emisses de gases de efeito es- tufa. Alguns desses programas e iniciativas so respons- veis pelo fato de o Brasil ter uma matriz energtica com- parativamente limpa, com baixos nveis de emisses de gases de efeito estufa por unidade de energia produzida ou consumida. Outras iniciativas, como o combate ao desflo- restamento e a promoo dos biocombustveis e da eficin- cia energtica, tambm contribuem para que os objetivos de desenvolvimento sejam alcanados, com desvio acentu- ado na curva tendencial das emisses de gases de efeito estufa no Brasil. Historicamente, o Brasil vem fazendo sua parte no combate mudana do clima, e est preparado para manter o prota- gonismo no contexto do esforo global para enfrentar o pro- blema. Foi o primeiro pas a assinar a Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre Mudana do Clima, resultado da Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92) realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992. A Conveno-Quadro considerada um dos instrumentos multilaterais mais equilibrados, universais e relevantes da atualidade. Foi ratificado pelo Congresso Na- cional em 1994. A mais recente e uma das mais eficazes iniciativas do Brasil nesse campo foi a definio da Poltica Nacional sobre Mudana do Clima-PNMC, instituda por meio da Lei 12.187/09. Os compromissos nacionais voluntrios in- corporados a ela haviam sido anunciados pelo presidente da Repblica Luiz Incio Lula da Silva em Copenhague, em dezembro de 2009, durante o Segmento de Alto Nvel da 15 Conferncia das Partes da Conveno sobre Mudana do Clima (COP 15) e da 5 Conferncia das Partes da Con- veno servindo como Reunio das Partes no Protocolo de Quioto (CMP-5). De acordo com a lei, o Brasil adotar aes voluntrias de mitigao das emisses de gases de efeito estufa, com vistas a reduzir entre 36,1% e 38,9% suas emisses projetadas at 2020, com base nos valores de 2005. A lei estabelece ainda que essa projeo, assim como o detalhamento das aes para alcanar o objetivo de mitigao, tero por base o Segundo Inventrio Brasi- leiro de Emisses Antrpicas por Fontes e Remoes por Sumidouros de Gases de Efeito Estufa no Controlados pelo Protocolo de Montreal, o qual parte principal desta Segunda Comunicao Nacional. As aes necessrias para a consecuo dos compromissos voluntrios assumidos pelo Brasil vo resultar do esforo de rgos do governo federal e dos governos estaduais, bem como do conjunto da sociedade. Como se sabe, a responsabilidade pela coordenao da im- plementao dos compromissos resultantes da Conveno foi entregue ao Ministrio da Cincia e Tecnologia MCT logo aps a Rio-92, o que evidencia a importncia que o pas atribui cincia e s tecnologias associadas mudana do clima. A questo da mudana global do clima eminente- mente de cunho cientfico e tecnolgico no curto e mdio prazos. cientfico quando se trata de definir a mudana do clima, suas causas, intensidade, vulnerabilidades, impactos e reduo das incertezas inerentes. Tem cunho tecnolgico porque as medidas de combate ao aquecimento global con- duzem a aes com vistas a promover o desenvolvimento, a aplicao, a difuso e a transferncia de tecnologias e pro- cessos para prevenir o problema e seus efeitos adversos. O Plano de Ao de Cincia, Tecnologia e Inovao para o Desenvolvimento Nacional-PACTI 2007-2010 inclui no eixo estratgico Pesquisa, Desenvolvimento e Inovao em reas Estratgicas, um programa especfico para a rea de mudana do clima. Denominado Programa Nacional de Mudanas Climticas, tem como objetivo expandir a ca- pacidade cientfica, tecnolgica e institucional do Brasil na rea de mudana global do clima, de forma a ampliar o co- nhecimento sobre a questo, identificar os impactos sobre o pas, e subsidiar polticas pblicas de enfrentamento do problema nos planos nacional e internacional. Foram esta- belecidas aes especficas para serem implementadas du- rante o perodo compreendido pelo Plano. Uma delas desti- nou-se a apoiar a preparao desta Segunda Comunicao Nacional do Brasil. Tal como na Comunicao Inicial do Brasil, o trabalho desta Segunda Comunicao pautou-se pelos princpios de serie- dade, rigor cientfico, descentralizao e transparncia. A experincia adquirida no exerccio do primeiro documento possibilitou avanos, os quais podero ser constatados nes- te volume. O MCT mobilizou para a elaborao da Segunda Comunica- o Nacional ampla rede de parcerias. Essa rede comeou a ser formada em meados da dcada de 1990 e fortaleceu-se desde ento. Foram envolvidas mais de 600 instituies e 1.200 especialistas com reconhecida capacidade em cada rea especfica dos mais diversos setores (energtico, in- parte-0.indd 6 10/23/10 1:36 AM 7. 7 dustrial, florestal, agropecurio, de tratamento de resduos, etc.), tanto governamental, quanto da iniciativa privada e da academia. O Segundo Inventrio Brasileiro de Emisses Antrpicas por Fontes e Remoes por Sumidouros de Gases de Efeito Estufa no Controlados pelo Protocolo de Montreal, inte- grante desta Comunicao, exigiu rduo trabalho e amplos recursos humanos, tcnicos e financeiros. Apresenta re- sultados gratificantes, sobretudo por basear-se em meto- dologia complexa e detalhada. As informaes do setor de mudana do uso da terra e florestas no pas, por exemplo, foram obtidas com uso intensivo de imagens de satlite e um sistema sofisticado de processamento digital da infor- mao. Houve um avano considervel na evoluo desta avaliao no pas, embora se reconhea que ainda restam alguns desafios. necessrio continuar avanando na qua- lidade da informao bem como manter a estrutura de pre- parao do inventrio nacional em bases sustentveis. A reviso detalhada do contedo da Segunda Comunicao Nacional, e em particular dos resultados do Inventrio, bus- cou assegurar a confiabilidade e a transparncia das infor- maes. Os relatrios de referncia ficaram disponveis na rede mundial de computadores. Promoveu-se amplo pro- cesso de reviso por especialistas das mais diversas reas e por meio de um abrangente processo de consulta pblica no perodo de abril a setembro de 2010. Um dos pilares da Conveno o princpio das responsabi- lidades comuns mas diferenciadas. Apesar de o Brasil no ter, de acordo com o regime internacional de combate ao aquecimento global, obrigaes quantificadas de limitao ou reduo de emisses de gases de efeito estufa, o pas est atuando de forma decisiva e dando contribuies con- cretas para a luta contra a mudana do clima. A apresentao deste documento mais um passo institu- cional decisivo do governo do Presidente Lula no sentido de honrar um dos compromissos mais importantes do pas no mbito da Conveno, contribuindo para melhorar o enten- dimento do problema global e para o avano da cincia da mudana do clima, a partir da realidade nacional descrita por meio dos programas e aes desenvolvidos no pas. Esta Segunda Comunicao Nacional do Brasil Conveno confirma o compromisso do pas em reforar o papel das instituies multilaterais que so o marco adequado para a soluo de problemas de natureza global que afetaro a comunidade internacional. O material contido neste do- cumento ilustra como o Brasil tem contribudo de manei- ra relevante para o objetivo da Conveno sobre Mudana do Clima, demonstrando que a mitigao do fenmeno e a adaptao aos seus efeitos so possveis sem com isso comprometer as aes voltadas ao crescimento scio-eco- nmico e erradicao da pobreza, prioridades primordiais e absolutas dos pases em desenvolvimento. Sergio Machado Rezende Ministro de Estado da Cincia e Tecnologia Braslia, outubro de 2010 parte-0.indd 7 10/23/10 1:36 AM 8. 8 Segunda Comunicao Nacional do Brasil Introduo Dentre os compromissos assumidos pelo pas junto Con- veno-Quadro das Naes Unidas sobre Mudana do Cli- ma - CQNUMC est o de desenvolver e atualizar, periodica- mente, inventrios nacionais das emisses antrpicas por fontes e remoes por sumidouros dos gases de efeito es- tufa no controlados pelo Protocolo de Montreal; de apre- sentar uma descrio geral das medidas previstas ou to- madas para implementar a Conveno; alm de apresentar qualquer outra informao que a Parte considere relevante para a realizao do objetivo da Conveno. O documento contendo tais informaes chamado de Comunicao Na- cional no jargo da Conveno. O formato da Comunicao Nacional do Brasil segue as diretrizes contidas na Deciso 17 da 8a Conferncia das Partes da Conveno (documento FCCC/CP/2002/7/ Add.2, de 28 de maro de 2003) - Diretrizes de elaborao das comunicaes nacionais das Partes no includas no Anexo I da Conveno. A estrutura de cada captulo foi desenvolvida com base nessa deciso, adequando-a, obviamente, s circunstncias nacionais e aos programas e aes desenvolvidas no pas. O governo brasileiro apresenta a Segunda Comunicao Nacional do Brasil Conveno, composta de cinco partes. A primeira apresenta as circunstncias nacionais e arranjos especiais do Brasil, a qual procura apresentar um panorama geral, levando-se em considerao a complexidade desse imenso pas, bem como suas prioridades de desenvolvi- mento. A segunda parte compreende o Inventrio Brasileiro de Emisses Antrpicas por Fontes e Remoes por Sumi- douros de Gases de Efeito Estufa no Controlados pelo Pro- tocolo de Montreal, referente ao perodo de 1990 a 2005, resultado da consolidao de 18 relatrios setoriais de refe- rncia desenvolvidos por instituies de excelncia no pas bem como por especialistas de grande reconhecimento e informaes adicionais obtidas junto a diversas entidades. A terceira parte apresenta as providncias previstas ou j implementadas no pas e dividida em duas subpartes: A) Programas contendo medidas referentes mitigao mu- dana do clima; e B) Programas Contendo Medidas para Facilitar Adequada Adaptao Mudana do Clima, pro- vidncias essas que, direta ou indiretamente, contribuem para a consecuo dos objetivos da Conveno. A quarta parte descreve outras informaes consideradas relevan- tes para o alcance do objetivo da Conveno, abrangendo transferncia de tecnologia; pesquisa e observao siste- mtica; educao, treinamento e conscientizao pblica; formao de capacidade nacional e regional; e informao e formao de rede. Finalmente, a quinta parte relata as difi- culdades financeiras, tcnicas e de capacitao para a exe- cuo da Segunda Comunicao Nacional. Apesar de com a Comunicao Inicial do Brasil vrias ins- tituies j tivessem adquirido alguma capacidade na rea, o trabalho de elaborao de uma Comunicao Nacional de grande complexidade em um pas com as dimenses continentais do Brasil e requer um esforo considervel. Um desafio constante aumentar o nmero de especialistas so- bre o tema no Brasil. Embora o tema de mudana do clima tenha ganho uma importncia crescente, sobretudo aps a divulgao do IV Relatrio de Avaliao do Painel Intergo- vernamental de Mudana do Clima - IPCC, ainda restrito o nmero de publicaes disponveis em portugus nas reas envolvidas, ainda so escassos os recursos humanos e fi- nanceiros para desenvolver estudos mais abrangentes. Para que o Brasil cumprisse as obrigaes assumidas no m- bito da Conveno, foi estabelecido um quadro institucional na forma de um Programa, sob a coordenao do Minist- rio da Cincia e Tecnologia, com recursos financeiros apor- tados pelo PNUD/GEF. No entanto, importante destacar que tais recursos serviram para alavancar contrapartidas de diversas instituies parceiras, que participam diretamen- te da execuo de cada resultado do projeto. O oramento originalmente disponibilizado apenas foi suficiente para a realizao dos resultados bsicos previstos, sem qualquer ampliao do seu contedo ou detalhamento, o que muitas vezes mostrou-se necessrio por se tratar de estudos tcni- cos de alta complexidade para os quais a ampliao do con- tedo e detalhamento contribui, sobremaneira, qualidade final do resultado. Durante a elaborao do Inventrio, em funo de sua abrangncia e especificidade, buscou-se envolver diversos setores geradores de informao e a participao de especialistas de diversos ministrios, instituies federais, estaduais, associaes de classe da indstria, empresas pblicas e privadas, organizaes no-governamentais, universidades e centros de pesquisas. Tal qual na Comunicao Inicial do Brasil, considerando que, em muitos casos, os fatores de emisso default do IPCC para estimar as emisses antrpicas de gases de efeito es- tufa no so adequados para pases em desenvolvimento, foi realizado um grande esforo de obteno de informa- es correspondentes s condies nacionais, como, por exemplo, no caso do setor de Mudana do Uso da Terra e Florestas. No caso deste setor no Brasil, a elaborao do Inventrio sempre um exerccio de considervel esforo, devido complexidade da metodologia utilizada, envolven- do a interpretao de um nmero muito grande de imagens de satlite. Em funo da deciso de utilizao parcial de trabalhos anteriores, ainda devido limitao de recursos, houve atraso no cronograma em funo da constatao da parte-0.indd 8 10/23/10 1:36 AM 9. 9 necessidade de correo e adaptao desses trabalhos. No setor agricultura, houve tambm um atraso inesperado em funo da disponibilizao dos resultados do Censo Agro- pecurio 2006, cujos resultados so essenciais s metodo- logias detalhadas adotadas no Inventrio, somente terem sido publicados em outubro de 2009. Estudos pioneiros foram realizados no mbito do Inventrio, visando a aumentar o conhecimento cientfico sobre emis- ses resultantes da converso de florestas em outros usos. Nesse sentido, foi desenvolvido um mtodo complexo, so- fisticado e detalhado de avaliao de mudana do uso do solo e florestas, o qual se espera que possa ser replicado em outros pases do mundo. O governo brasileiro contesta a utilizao do Potencial de Aquecimento Global (GWP da sigla em ingls para Global Warming Potential) para comparao de gases de efeito es- tufa. A opo de agregar as emisses relatadas em unida- des de dixido de carbono equivalente com o uso do GWP em um horizonte de tempo de 100 anos no foi adotada pelo Brasil, que relatou suas emisses apenas em unidades de massa de cada gs de efeito estufa, conforme apresenta- do no seu Inventrio Inicial. Na viso do Brasil, o GWP no representa de forma adequada a contribuio relativa dos diferentes gases de efeito estufa mudana do clima. O uso do GWP enfatiza sobremaneira, e de modo errneo, a im- portncia dos gases de efeito estufa com curtos perodos de permanncia na atmosfera, como o metano. Neste Inventrio, optou-se por continuar relatando as emis- ses antrpicas por fontes e remoes por sumidouros de gases de efeito estufa no controlados pelo Protocolo de Montreal apenas em unidades de massa de cada gs de efeito estufa. Contudo, de modo a tornar claro a sobreesti- mao da participao do metano devido ao uso do GWP, optou-se por apresentar em um Box, apenas para fins de in- formao, os resultados do Inventrio utilizando diferentes mtricas de converso em CO2 equivalente. Nesse Box so apresentadas as emisses antrpicas lquidas de gases de efeito estufa utilizando o GWP, mas tambm so relatadas emisses com base em outra mtrica, o Potencial de Tem- peratura Global - GTP. O GTP compara os gases de efeito estufa por meio de suas contribuies para a mudana na temperatura mdia na superfcie terrestre em um dado ho- rizonte de tempo futuro e reflete melhor a real contribuio dos diferentes gases de efeito estufa para a mudana do cli- ma. Apesar de uma incerteza maior em seu clculo pela ne- cessidade de utilizar a sensibilidade do sistema climtico, o seu uso propiciaria polticas de mitigao mais apropriadas. preciso lembrar que ao mesmo tempo em que a avaliao das emisses anuais por cada um dos pases importante para a quantificao das emisses globais e para a compre- enso da evoluo do problema das mudanas climticas (atual e futura), as emisses anuais de gases de efeito es- tufa no representam de maneira adequada e justa a res- ponsabilidade de um pas em causar o aquecimento global, visto que o aumento da temperatura funo do acmulo das emisses histricas dos pases, que por sua vez elevam as concentraes de gases de efeito estufa na atmosfera. Para cada diferente nvel de concentrao de cada gs de efeito estufa, h um acmulo de energia na superfcie da Terra ao longo dos anos. Como mencionado na proposta brasileira apresentada durante as negociaes do Protocolo de Quioto (documento FCCC/AGBM/1997/MISC.1/Add.3), a responsabilidade de um pas s pode ser corretamente avaliada a partir da perspectiva da dupla acumulao, o que significa considerar de maneira integral todas as suas emisses histricas, o consequente acmulo de gases na atmosfera e o aumento da temperatura mdia da superfcie terrestre da resultante. Portanto, os pases industrializados, que iniciaram suas emisses de gases de efeito estufa a par- tir da Revoluo Industrial, tm maior responsabilidade na mudana do clima. Alm da responsabilidade pela mudan- a de clima j observada, dados de emisses histricas in- dicam que continuaro a ser os principais responsveis por mais algumas dcadas. Embora os pases em desenvolvimento, como o Brasil, no tenham compromissos quantificados de reduo ou de li- mitao de suas emisses antrpicas de gases de efeito estufa, conforme estabelecido no regime internacional de mudana global do clima, a Segunda Comunicao Nacio- nal tambm evidencia que so desenvolvidos no pas in- meros programas e aes que resultam em uma reduo significativa dessas emisses. Algumas dessas iniciativas so responsveis pelo fato de o Brasil ter uma matriz ener- gtica com relevncia na participao de recursos renov- veis, resultando em menores emisses de gases de efeito estufa por unidade de energia produzida ou consumida. A Segunda Comunicao Nacional deixa claro o nmero cres- cente, desde a Comunicao Inicial, das diversas iniciativas em vrios estgios de implementao que contribuem e/ou contribuiro para a inflexo da taxa de crescimento da curva de emisses de gases de efeito estufa no pas. Outro fator importante a se destacar em relao a esta Se- gunda Comunicao Nacional o grande nmero de insti- tuies e autores e/ou colaboradores envolvidos na sua ela- borao. Alm disso, todos os textos foram disponibilizados na internet, como parte de uma poltica de transparncia e de participao pblica que caracteriza a gesto do Exmo. Sr. Ministro da Cincia e Tecnologia, Sergio Rezende. A Segunda Comunicao Nacional apresenta o estado da arte da implementao da Conveno no pas, em relao ao inventrio de emisses de gases de efeito estufa at o final do ano 2005, e em relao aos inmeros programas e aes que o Brasil desenvolveu at 2010, e que demonstram o seu comprometimento com o combate mudana do clima. Jos Domingos Gonzalez Miguez Coordenador-Geral de Mudanas Globais do Clima parte-0.indd 9 10/23/10 1:36 AM 10. 10 Segunda Comunicao Nacional do Brasil Sumrio Executivo A apresentao desta Segunda Comunicao Nacional do Brasil Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre Mu- dana do Clima - CQNUMC (doravante Conveno sobre Mudana do Clima ou, simplesmente, Conveno) confirma a importncia que o Brasil atribui aos compromissos assumi- dos pelo pas no mbito deste tratado, que constitui o marco institucional adequado por meio do qual a comunidade in- ternacional deve combater a mudana global do clima. Alm do mais, sinal evidente de que o Brasil envidar o mximo de seus esforos para o melhor entendimento do problema global e para o avano da cincia da mudana do clima, a partir da realidade nacional descrita nesta Comunicao por meio das aes e programas desenvolvidos no pas. Mesmo com as lies aprendidas com a Comunicao Inicial, o trabalho de elaborao de uma Comunicao Nacional de grande complexidade em um pas com as dimeses continentais do Brasil e requer um esforo con- sidervel. Um desafio constante aumentar o nmero de especialistas sobre o tema no Brasil. Apesar de ainda serem escassos os recursos humanos e financeiros para desenvolver estudos mais abrangentes, para a realizao deste trabalho foi mobilizada uma ampla rede de parce- rias. Um significativo nmero de instituies e autores e/ ou colaboradores com reconhecida capacidade em cada rea especfica foram envolvidos na sua elaborao nos mais diversos setores (energtico, industrial, florestal, agropecurio, de tratamento de resduos, etc.), tanto go- vernamentais como da iniciativa privada. Seguindo as Diretrizes de elaborao das comunicaes nacionais das Partes no includas no Anexo I da Conven- o (Deciso 17/CP. 8), a Segunda Comunicao Nacional do Brasil Conveno composta de cinco partes. A pri- meira apresenta as circunstncias nacionais e arranjos es- peciais do Brasil, a qual procura apresentar um panorama geral, levando-se em considerao a complexidade desse imenso pas, bem como suas prioridades de desenvolvi- mento. A segunda parte compreende o Inventrio Brasileiro de Emisses Antrpicas por Fontes e Remoes por Sumi- douros de Gases de Efeito Estufa no Controlados pelo Pro- tocolo de Montreal, referente ao perodo de 1990 a 2005, resultado da consolidao de 18 relatrios setoriais de refe- rncia desenvolvidos por instituies de excelncia no pas bem como por especialistas de grande reconhecimento e informaes adicionais obtidas junto a diversas entidades. A terceira parte apresenta as providncias previstas ou j implementadas no pas e dividida em duas subpartes: A) Programas contendo medidas referentes mitigao mudana do clima; e B) Programas Contendo Medidas para Facilitar Adequada Adaptao Mudana do Clima, pro- vidncias essas que, direta ou indiretamente, contribuem para a consecuo dos objetivos da Conveno. A quarta parte descreve outras informaes consideradas relevan- tes para o alcance do objetivo da Conveno, abrangendo transferncia de tecnologia; pesquisa e observao siste- mtica; educao, treinamento e conscientizao pblica; formao de capacidade nacional e regional; e informao e formao de rede. Finalmente, a quinta parte relata as difi- culdades financeiras, tcnicas e de capacitao para a exe- cuo da Segunda Comunicao Nacional. Circunstncias Nacionais A Repblica Federativa do Brasil dividida em 26 estados, 5.565 municpios, de acordo com dados do Instituto Brasi- leiro de Geografia e Estatstica (IBGE, 2009a), e o Distrito Federal, onde se situa a capital da Repblica, Braslia, sede do governo e dos poderes executivo, legislativo e judicirio. O pas possui um sistema presidencialista e regido pela Constituio Federal de 1988. Com uma rea de 8.514.876,6 km2 , o Brasil o pas de maior extenso territorial da Amrica do Sul. Possui uma popu- lao de 186 milhes, de acordo com os dados da conta- gem da populao de 2008. O pas teve um crescimento populacional mdio anual de 1,15% no perodo de 2000 a 2008. Em 2008, a maior parte da populao (84,4%) vivia em centros urbanos. O Brasil abriga tambm em seu territrio uma fauna e flora extremamente ricas. Alm de contar com mais de um tero das florestas tropicais do planeta - a floresta amaznica - h no pas regies fitoecolgicas de grandes extenses, como o Cerrado, Mata Atlntica, Caatinga e Pantanal. O pas pos- sui vegetao e recursos florsticos bastante variados, abri- gando uma das floras mais ricas do mundo, com 41.123 es- pcies j conhecidas e catalogadas (FORZZA et al., 2010). A fauna brasileira igualmente bastante rica em espcies, embora o conhecimento sobre a diversidade da mesma ain- da seja incompleto. Estima-se que se conhea menos de 10% do total existente. O Brasil, por ser um pas de grande extenso territorial, pos- sui diferenciados regimes de precipitao e de temperatura. De norte a sul, encontra-se uma grande variedade de cli- mas com distintas caractersticas regionais, o que moldou a ocupao de seu territrio e justifica, em parte, diferenas scio-econmicas. No Brasil, os recursos hdricos disponveis so abundan- tes. Dotado de uma vasta e densa rede hidrogrfica, mui- tos de seus rios destacam-se por sua extenso, largura ou profundidade. Em decorrncia da natureza do relevo, predominam os rios de planalto, cujas caractersticas lhes conferem um alto potencial para a gerao de energia eltrica, embora essas mesmas caractersticas, contudo, prejudiquem a navegabilidade. Apesar de apenas 36% do potencial hidreltrico nacional estimado ter sido aprovei- parte-0.indd 10 10/23/10 1:36 AM 11. 11 tado, 84% da eletricidade brasileira gerada por usinas hidreltricas em 2009. O Brasil um pas em desenvolvimento caracterizado por uma economia complexa e dinmica, sendo a oitava econo- mia do mundo. um pas urbano-industrial, que tem como ncora no capitalismo mundial a exportao de alimentos. O Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking de exportao em vrios produtos agrcolas: cana-de-acar, carne bovi- na, carne de frango, caf, suco de laranja, tabaco e lcool. Tambm vice-lder em soja e milho e est na quarta po- sio de maior exportador de carne suna. Entretanto, no o maior exportador de alimentos do mundo, como usual- mente se propaga. Figura tambm entre os maiores e mais eficientes produtores mundiais de vrios produtos manu- faturados, incluindo cimento, alumnio, produtos qumicos, insumos petroqumicos e petrleo. No que diz respeito participao dos setores da economia no Produto Interno Bruto - PIB, em 2006, verificou-se o se- guinte cenrio: 65,8% nas atividades de servios, 28,8% na indstria e 5,5% na agropecuria. O PIB do Brasil, em 2008, foi de US$ 1.406,5 bilhes, com um PIB per capita de US$ 7.420,00. Entre 1990 e 2005, o crescimento econmico brasileiro superou o crescimento populacional, sendo que a populao cresceu no perodo a uma taxa anual de 1,5%, enquanto o PIB, neste mesmo perodo, teve uma taxa anual de crescimento de 2,6%. Deve-se reconhecer que uma parcela significativa de sua populao (cerca de 30 milhes) encontra-se ainda em situao de pobreza, no tendo acesso a servios de sade, abastecimento de gua e educao de qualidade, apesar dos esforos governamentais e da sociedade para reverter esse quadro. H ainda grandes disparidades regionais. Assim, as prioridades nacionais referem-se ao atendimento de necessidades urgentes, nas reas social e econmica, tais como a erradicao da pobreza, a melhoria das condies de sade, o combate fome, a garantia de condies dignas de moradia, entre outras. Esses elementos esto em total consonncia com Conveno sobre Mudana do Clima, a qual reconhece que a mitigao do fenmeno de mudana global do clima e a adaptao aos seus efeitos so possveis sem comprometer as aes voltadas ao crescimento scio- econmico e erradicao da pobreza, as quais se mantm como prioridades primordiais e absolutas dos pases em desenvolvimento. Apesar da melhoria dos indicadores sociais e econmicos, sobretudo na ltima dcada, o pas ainda tem um longo ca- minho a percorrer. Constata-se que o Brasil um pas com populao crescente, aonde ainda no foram atingidas as necessidades bsicas da maior parte da populao, com in- fra-estrutura ainda incipiente e que necessita de melhorias substantivas. Tudo isso justifica o fato do Brasil ainda ser um pas em desenvolvimento. Inventrio Nacional de Emisses Antrpicas por Fontes e Remoes por Sumidouros de Gases de Efeito Estufa no Controlados pelo Protocolo de Montreal Estimativas de 1990 a 2005 O Brasil, como pas Parte da Conveno sobre Mudana do Clima, assumiu, com base em seu Artigo 4o , pargrafo 1o , o compromisso de elaborar, atualizar periodicamente, publi- car e por disposio da Conferncia das Partes, em confor- midade com o Artigo 12o , inventrios nacionais de emisses antrpicas por fontes e remoes por sumidouros de todos os gases de efeito estufa no controlados pelo Protocolo de Montreal, empregando metodologias comparveis a serem acordadas pelas Conferncias das Partes. Foram considerados, no presente inventrio, o dixido de car- bono (CO2 ), o metano (CH4 ), o xido nitroso (N2 O), os hidro- fluorcarbonos (HFCs), os perfluorcarbonos (PFCs) e o hexaflu- oreto de enxofre (SF6 ). Tambm foram estimadas as emisses dos chamados gases de efeito estufa indireto, como os xidos de nitrognio (NOx ), o monxido de carbono (CO) e outros compostos orgnicos volteis no metnicos (NMVOC). Os gases acima foram estimados segundo as fontes de emisso, chamadas setores: Energia, Processos Industriais, Uso de Sol- ventes e Outros Produtos, Agropecuria, Mudana do Uso da Terra e Florestas, e Tratamento de Resduos. Como diretriz tcnica bsica, a elaborao do Inventrio foi norteada pelas diretrizes do Painel Intergovernamental sobre MudanadoClima-IPCC(siglaeminglsdeIntergovernmental Panel on Climate Change), por meio dos documentos Revised 1996 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories, publicado em 1997; Good Practice Guidance and Uncertainty ManagementinNationalGreenhouseGasInventories, publicado em 2000; e Good Practice Guidance for Land Use, Land Use Change and Forestry, publicado em 2003. Algumas das estimativas j levam em conta informaes publicadas no documento 2006 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories, publicado em 2006. A elaborao do Inventrio envolveu importante parce- la da comunidade cientfica e empresarial brasileira, alm de diversos setores governamentais. Os resultados desse esforo encontram-se na Tabela I, que resume as estima- tivas das emisses de gases de efeito estufa, para quatro anos 1990, 1994, 2000 e 2005, contemplando, portanto, o ano de 2000, conforme determina a Deciso 17/CP.8 para a Segunda Comunicao Nacional. Em relao aos anos de 1990 a 1994, o presente Inventrio atualiza as informaes apresentadas no Inventrio de Emisses e Remoes An- trpicas de Gases de Efeito Estufa no Controlados pelo Protocolo de Montreal (BRASIL, 2004) - Inventrio Inicial. parte-0.indd 11 10/23/10 1:36 AM 12. 12 Segunda Comunicao Nacional do Brasil Setor Ano Unidade CO2 CH4 N2 O HFC-23 HFC-125 HFC-134a HFC-143a HFC-152a CF4 C2 F6 SF6 NOx CO NMVOC Energia 1990 Gg 179.948 427 8,5 1.781 14.919 1.022 1994 206.250 382 9,0 1.996 14.438 974 2000 289.958 388 9,6 2.334 11.415 860 2005 313.695 541 12,1 2.388 11.282 958 Var. 90 / 00 % 61 -9 14 31 -23 -16 Var. 90 / 05 74 27 43 34 -24 -6 Processos Industriais 1990 Gg 45.265 5,1 10,7 0,120 - 0,0004 - - 0,302 0,026 0,010 8 365 322 1994 48.703 6,5 16,3 0,157 - 0,0685 - - 0,323 0,028 0,014 11 510 382 2000 63.220 8,9 19,9 - 0,0071 0,4713 0,0075 0,0001 0,147 0,012 0,015 14 542 474 2005 65.474 9,2 22,8 - 0,1249 2,2819 0,0929 0,1748 0,124 0,010 0,025 18 626 599 Var. 90 / 00 % 40 73 87 -100 NA 108.876 NA NA -52 -56 54 69 48 47 Var. 90 / 05 45 79 114 -100 NA 527.498 NA NA -59 -61 153 128 71 86 Uso de Solventes e Outros Produtos 1990 Gg 350 1994 435 2000 473 2005 595 Var. 90 / 00 % 35 Var. 90 / 05 70 Agropecuria 1990 Gg 9.539 334 219 2.543 NE 1994 10.237 369 233 2.741 NE 2000 10.772 393 181 2.131 NE 2005 12.768 476 237 2.791 NE Var. 90 / 00 % 12,9 17,6 -17 Var. 90 / 05 33,9 42,7 8 Mudana do Uso da Terra e Florestas 1990 Gg 766.493 1.996 13,7 496 17.468 NE 1994 830.910 2.238 15,4 556 19.584 NE 2000 1.258.345 3.026 20,8 752 26.476 NE 2005 1.258.626 3.045 20,9 757 26.641 NE Var. 90 / 00 % 64 52 52 52 52 Var. 90 / 05 64 53 53 53 53 Tratamento de Resduos 1990 Gg 24 1.227 9,0 1994 63 1.369 10,8 2000 92 1.658 12,4 2005 110 1.743 14,0 Var. 90 / 00 % 276 35 37 Var. 90 / 05 349 42 54 TOTAL 1990 Gg 991.731 13.195 376 0,120 - 0,000 - - 0,302 0,026 0,010 2.504 35.296 1.693 1994 1.085.925 14.233 421 0,157 - 0,068 - - 0,323 0,028 0,014 2.797 37.273 1.791 2000 1.611.615 15.852 455 - 0,007 0,471 0,007 0,0001 0,147 0,012 0,015 3.280 40.563 1.807 2005 1.637.905 18.107 546 - 0,125 2,282 0,093 0,175 0,124 0,010 0,025 3.399 41.339 2.152 Var. 90 / 00 % 63 20 21 -100 NA 108.876 NA NA -52 -56 54 31 15 7 Var. 90 / 05 65 37 45 -100 NA 527.498 NA NA -59 -61 153 36 17 27 Emisses de gases de efeito estufa apenas para fins de informao, no includas no inventrio: Bunker Fuels 1990 Gg 5.231 0,01 0,15 23 NE NE 1994 4.339 0,01 0,12 19 NE NE 2000 14.627 0,60 0,23 201 118 24 2005 15.759 0,66 0,24 221 132 26 Var. 90 / 00 % NA NA NA NA NA NA Var. 90 / 05 NA NA NA NA NA NA Combustveis de Biomassa 1990 Gg 187.962 1994 190.896 2000 180.471 2005 243.606 Var. 90 / 00 % -4 Var. 90 / 05 30 Tabela I Estimativas das emisses de gases de efeito estufa no Brasil, 1990, 1994, 2000 e 2005 parte-0.indd 12 10/23/10 1:36 AM 13. 13 Emisses dos Principais Gases de Efeito Estufa O Brasil apresenta um perfil diferente dos pases desenvol- vidos, em que as emisses provenientes da queima de com- bustveis fsseis se sobressaem. Nos setores mais impor- tantes para o Brasil, como a agricultura e a mudana do uso da terra e florestas, no existem metodologias facilmente aplicveis s caractersticas nacionais, dado que os fatores de emisso sugeridos pelo IPCC refletem, em grande par- te, as condies dos pases desenvolvidos e de clima tem- perado, no se adequando, necessariamente, realidade brasileira. Desta forma, foi realizado um grande esforo de obteno de informao correspondente s condies na- cionais possibilitando a aplicao das metodologias mais detalhadas do IPCC e a obteno de estimativas mais acu- radas e precisas. Ano 2000 A anlise dos resultados apresentada de duas formas: a primeira refere-se ao ano de 2000, conforme a diretriz da Conveno sobre Mudana do Clima para a Segunda Co- municao Nacional; a segunda forma refere-se ao ano de 2005, onde se contemplam os dados mais atuais dispon- veis para todos os setores. Em 2000, as emisses de CO2 foram estimadas em 1.612 Tg, destacando-se o Setor de Mudana do Uso da Terra e Florestas, com 78% das emisses, seguido pelo Setor de Energia, com 18% de participao no total de emisses. Nesse mesmo ano, as emisses de CH4 foram estimadas em 15,9 Tg, sendo o Setor de Agropecuria responsvel por 68% das emisses totais, seguido pelo Setor de Mudana de Uso da Terra e Florestas, com 19% e pelas emisses do Setor de Tratamento de Resduos, com 10%. Os dois sub- setores mais importantes foram a fermentao entrica da pecuria, com 61%, e converso de florestas para outros usos no bioma Amaznia, com 13%. As emisses de N2 O foram estimadas em 455 Gg, basica- mente por causa do Setor de Agropecuria, responsvel por 86% das emisses totais. Dentro desse setor, as emisses provenientes de solos agrcolas participaram com 83%, in- cluindo, entre outras, as emisses de dejetos de animais em pastagem, que sozinhas representam 40% do total. A seguir as estimativas so comentadas por setor e subsetor. Setor de Energia So estimadas neste setor as emisses antrpicas devido produo, transformao, ao transporte e ao consumo de energia. So includas tanto as emisses resultantes da queima de combustveis quanto as emisses devido a fugas na cadeia de produo, transformao e consumo. As emisses mais relevantes so as referentes ao CO2 , com 290 Tg, principalmente pelo subsetor de transporte rodovi- rio (38%) e pelo subsetor industrial (25%). As emisses de CH4 totalizaram 388 Gg, emitidas principalmente pelo sub- setor energtico (32%), que engloba as carvoarias, e pelo subsetor de emisses fugitivas de petrleo e gs (20%). As emisses de N2 O, estimadas em 9,6 Gg, foram devido, prin- cipalmente, aos subsetores de transporte rodovirio (23%) e indstria de alimentos e bebidas (19%). Setor de Processos Industriais So estimadas neste setor as emisses antrpicas resultan- tes dos processos produtivos nas indstrias e que no so provenientes da queima de combustveis. Tambm aqui as emisses mais relevantes so as de CO2 , com 63 Tg, basicamente devido produo de ferro-gusa e ao (56%), cimento (25%) e de cal (8%). As emisses de N2 O, estimadas em 20 Gg, por sua vez, devem-se principal- mente produo de cido adpico (88%). As emisses de CH4 , estimadas em 8,9 Gg, foram devido indstria qumica. Setor de Uso de Solventes e Outros Produtos Para este setor no foram estimadas emisses de gases de efeito estufa direto. Setor de Agropecuria Neste setor as emisses de CH4 alcanaram 10,8 Tg, devi- do ao processo de fermentao entrica dos rebanhos de ruminantes (89%), que inclui o grande rebanho de gado bovino, o segundo maior do mundo. As emisses de N2 O somaram 393 Gg e deve-se a vrias fontes, dentre as quais se destacam os dejetos de animais em pastagem (46%) e emisses indiretas dos solos (32%). A prtica da queima da cana-de-acar foi a responsvel pelas emisses dos gases de efeito estufa indireto neste setor, j que a queima de restos da cultura de algodo foi praticamente suspensa em 1995. parte-0.indd 13 10/23/10 1:36 AM 14. 14 Segunda Comunicao Nacional do Brasil Setor de Mudana do Uso da Terra e Florestas Devido grande extenso territorial do Brasil, a estimativa dos valores envolvidos neste setor foi um dos pontos mais complexos do Inventrio, envolvendo trabalhos extensos de levantamento e tratamento de dados de sensoriamento re- moto, estatsticos e derivados de inventrio florestal. Todo o territrio nacional foi subdividido em unidades espa- ciais na forma de polgonos que resultaram da integrao de diversas fontes de dados: bioma, limites municipais, fisio- nomia vegetal, tipo de solo, uso da terra em 1994 e uso da terra em 2002. Foram analisadas as 75 transies possveis e suas respectivas mudanas de estoque de carbono, tendo sido observadas alteraes em 14,2% da superfcie do pas entre 1994 e 2002. Com base nos resultados de emisses e remoes antrpicas para o perodo de 1994 a 2002, foram atualizados os fatores de emisso do Inventrio Inicial para o perodo de 1990 a 1994, bem como feita uma primeira es- timativa para os anos de 2003 a 2005, baseada nos dados de atividades do Prodes e PPCerrado. De acordo com as diretrizes mais recentes do IPCC, e para permitir comparaes entre os diversos pases, apenas fo- ram consideradas as emisses e remoes das reas mane- jadas, isto , as reas submetidas ao processo de planeja- mento e implementao de prticas para manejo e uso da terra, com vista a cumprir relevantes funes ecolgicas, econmicas e sociais. No Brasil essas reas manejadas incluem todas as reas de floresta e de vegetao nativa no-florestal (Campo) contidas em Terras Indgenas e no Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Nature- za - SNUC (Lei 9985/2000). As Reservas Particulares do Patrimnio Natural - RPPN no foram consideradas por falta de informao adequada. Essa opo diferente da utiliza- da no Inventrio Inicial do Brasil, onde reas sob florestas naturais (primrias) no foram consideradas para estimar as remoes mdias de CO2 . As emisses lquidas deste setor somaram 1.258 Tg CO2 , sendo responsveis principalmente os biomas Amaznia (65%) e Cerrado (24%). Includas no total deste setor es- to as emisses relativas prtica de aplicao de calcrio aos solos, responsvel por 8,7 Tg CO2 . As emisses de CH4 foram estimadas em 3,0 Tg, e as emisses de N2 O, em 21 Gg, resultado, em ambos os casos, da queima de biomas- sa deixada no campo aps a converso de florestas, sendo 68% no bioma Amaznia e 22% no bioma Cerrado. Setor de Tratamento de Resduos A disposio de lixo em aterros ou lixes gera CH4 . O poten- cial de emisso desse gs aumenta quanto maiores forem as condies de controle dos aterros e a profundidade dos lixes. A incinerao de resduos, como toda combusto, provoca emisses de CO2 e N2 O, dependendo da compo- sio do lixo. No entanto, essa prtica pouco expressiva no pas. O tratamento de efluentes com alto grau de contedo org- nico, como os provenientes das residncias e do setor co- mercial e os efluentes da indstria de alimentos e bebidas e os da indstria de papel e celulose, tm grande potencial de emisses de CH4 . As emisses de CH4 deste setor foram estimadas em 1,7 Tg. Grande parte delas gerada pela disposio do lixo (64%). As emisses de CO2 deste setor foram estimadas em 92 Gg, devido a incinerao de resduos de origem no renovvel. No caso dos esgotos domsticos, em funo do contedo de nitrognio na alimentao humana, tambm ocorrem emisses de N2 O, estimadas em 12 Gg. parte-0.indd 14 10/23/10 1:36 AM 15. 15 Box 1 Ano 2005 A anlise do ano de 2005, feita a seguir, leva em con- siderao as explicaes apresentadas na anlise feita anteriormente para o ano 2000, com exceo dos va- lores. Em 2005, as emisses de CO2 foram estimadas em 1.638 Tg, destacando-se o Setor de Mudana do Uso da Terra e Florestas, com 79% das emisses, seguido pelo Setor de Energia, com 20% de participao no to- tal de emisses. Nesse mesmo ano, as emisses de CH4 foram estima- das em 18,1 Tg, sendo o Setor de Agropecuria respon- svel por 70% das emisses totais, seguido pelo Setor de Mudana de Uso da Terra e Florestas, com 17%, e pelas emisses do Setor de Tratamento de Resduos, com 10%. Os dois subsetores mais importantes foram a fermentao entrica da pecuria, com 63%, e conver- so de florestas para outros usos no bioma Amaznia, com 12%. As emisses de N2 O foram estimadas em 546 Gg, ba- sicamente por causa do Setor de Agropecuria, res- ponsvel por 87% das emisses totais. Dentro desse setor, as emisses provenientes de solos agrcolas par- ticiparam com 96%, incluindo, entre outras, as emis- ses de animais em pastagem, que, sozinhas, repre- sentam 46% do setor. A seguir as estimativas so comentadas por setor e subsetor. Setor de Energia As emisses mais relevantes so as referentes ao CO2 , com 314 Tg, principalmente pelo subsetor de transporte rodovirio (39%) e pelo subsetor indus- trial (27%). As emisses de CH4 totalizaram 541 Gg, emitidas principalmente pelo subsetor de emisses fugitivas de petrleo e gs (27%) e tambm pelo sub- setor energtico (31%), que engloba as carvoarias. As emisses de N2 O, estimadas em 12,1 Gg, foram devido, principalmente, aos subsetores de transporte rodovirio (23%) e de indstria de alimentos e bebi- das (23%). Setor de Processos Industriais Tambm aqui as emisses mais relevantes so as de CO2 , com 65 Tg, basicamente devido produo de cimento (53%) e de cal (20%). As emisses de N2 O, com 23 Gg, por sua vez, devem-se principalmente produo de ci- do adpico (89%). As emisses de CH4 , estimadas em 9,2 Gg, foram devido indstria qumica. Setor de uso de solventes e outros produtos Para este setor no foram estimadas emisses de gases de efeito estufa direto . Setor de Agropecuria Neste setor as emisses de CH4 alcanaram 12,8 Tg, de- vido fermentao entrica dos rebanhos de ruminantes (90%), que inclui o grande rebanho de gado bovino, o segundo maior do mundo. As emisses de N2 O somaram 476 Gg e foram devido a vrias fontes, dentre as quais se destaca os dejetos de animais em pastagem (46%) e emisses indiretas dos solos (32%). Setor de Mudana do Uso da Terra e Florestas As emisses lquidas deste setor somaram 1.259 Tg CO2 , sendo responsveis principalmente os biomas Amaznia (67%) e Cerrado (22%). Includas no total deste setor es- to as emisses relativas prtica de aplicao de calcrio aos solos, responsvel por 7,5 Tg CO2 . As emisses de CH4 foram estimadas em 3,0 Tg, e as emisses de N2 O, em 21 Gg, resultado, em ambos os casos, da queima de biomassa deixada no campo aps a converso de florestas, sendo 70% no bioma Amaznia e 20% no bioma Cerrado. Setor de tratamento de resduos As emisses de CH4 deste setor foram estimadas em 1,7 Tg. Grande parte desse valor gerada pela disposio do lixo (63%). As emisses de CO2 deste setor foram esti- madas em 110 Gg, devido a incinerao de resduos de origem no renovvel. No caso dos esgotos domsticos, em funo do contedo de nitrognio na alimentao humana, tambm ocorrem emisses de N2 O, estimadas em 14 Gg. parte-0.indd 15 10/23/10 1:36 AM 16. 16 Segunda Comunicao Nacional do Brasil Emisses de gases de efeito estufa em CO2 e Neste Inventrio, optou-se por continuar relatando as emisses antrpicas por fontes e remoes por sumi- douros de gases de efeito estufa no controlados pelo Protocolo de Montreal apenas em unidades de massa de cada gs de efeito estufa. Contudo, optou-se por apresentar em um Box, apenas para fins de informa- o, os resultados do Inventrio utilizando diferentes mtricas de converso das emisses dos diferentes gases de efeito estufa em emisses equivalentes de CO2 . Assim, nesse Box so apresentadas as emisses antrpicas lquidas de gases de efeito estufa utilizando a mtrica GWP, como sugerido pelas diretrizes, mas tambm so relatadas emisses com base em outra mtrica, o Potencial de Temperatura Global - GTP que o Brasil considera mais apropriado para indicar a im- portncia relativa dos diferentes gases de efeito estufa em termos de contribuio para o aquecimento global. O GTP compara as emisses dos gases de efeito es- tufa por meio de suas contribuies para a mudana na temperatura mdia na superfcie terrestre em um dado horizonte de tempo futuro e reflete melhor a real contribuio dos diferentes gases de efeito estufa para a mudana do clima e o seu uso propiciaria polticas de mitigao mais apropriadas. O GWP no representa de forma adequada a contri- buio relativa dos diferentes gases de efeito estufa mudana do clima. O uso do GWP enfatiza sobre- maneira, e de modo errneo, a importncia dos gases de efeito estufa com curtos perodos de permanncia na atmosfera, como o metano, conduzindo a estrat- gias equivocadas e inadequadas de mitigao no curto e longo prazos e a sua utilizao vem erroneamente direcionando as prioridades de mitigao. Tem havi- do uma supervalorizao da reduo das emisses de metano e de alguns gases industriais de curto tempo de permanncia na atmosfera, retirando o foco da ne- cessidade de reduo das emisses de CO2 de origem fssil e de controle de alguns gases industriais de lon- go tempo de permanncia na atmosfera. Na Figura I, bem como na Tabela I, so sintetizadas as emisses de gases de efeito estufa em equivalentes de CO2 convertidas por meio das mtricas GTP e GWP. Figura I - Diferenas entre duas mtricas possveis para clculo da equivalncia em CO2 e para as emisses brasileiras de gases de efeito estufa em 2005 Tabela I - Emisses antrpicas por fontes e remoes por sumidouros de gases de efeito estufa em CO2 e convertidas por meio das mtricas GTP e GWP em 2005 e por gs Gs GTP GWP 2005 Participao 2005 2005 Participao 2005 Gg % Gg % CO2 1.637.905 87,2 1.637.905 74,7 CH4 90.534 4,8 380.241 17,3 N2 O 147.419 7,8 169.259 7,7 HFC-125 139 0,0 350 0,0 HFC-134a 126 0,0 2.966 0,1 HFC-143a 398 0,0 353 0,0 HFC-152a 0,0175 0,0 24 0,0 CF4 1.245 0,1 805 0,0 C2 F6 233 0,0 95 0,0 SF6 1.031 0,1 602 0,0 Total 1.879.029 100 2.192.601 100 Box 2 - Apenas para informao parte-0.indd 16 10/23/10 1:36 AM 17. 17 Descrio Geral das Providncias Tomadas ou Previstas para a Implementao da Conveno no Brasil Cada Parte no-Anexo I deve, de acordo com o Artigo 12, pargrafo 1o , alnea (b), comunicar Conferncia das Partes uma descrio geral das providncias tomadas ou previs- tas pela Parte para implementar a Conveno, levando em conta suas responsabilidades comuns mas diferenciadas e suas prioridades de desenvolvimento, seus objetivos e suas circunstncias especficas, nacionais e regionais. A Deciso 17/CP.8 dividiu esta parte em duas grandes sub- -sees. As Partes no-Anexo I podem fornecer informa- es sobre programas que contenham medidas para mitigar a mudana do clima, seja reduzindo as emisses antrpicas por fontes, seja aumentando as remoes por sumidouros de todos os gases de efeito estufa no controlados pelo Protocolo de Montreal, e medidas para facilitar a adaptao adequada mudana do clima, incluindo informaes sobre preocupaes especficas decorrentes dos efeitos adversos. Programas Contendo Medidas Referentes Mitigao da Mudana do Clima De acordo com o princpio das responsabilidades comuns mas diferenciadas, apenas os pases do Anexo I da Conven- o-Quadro das Naes Unidas sobre Mudana do Clima assumiram compromissos quantificados de reduo ou limitao de suas emisses antrpicas de gases de efei- to estufa no controlados pelo Protocolo de Montreal. No mbito da Conveno, os pases no pertencentes a esse grupo (Partes no includas no Anexo I), incluindo o Brasil, no tm compromissos quantificados de reduo ou limita- o dessas emisses. Afinal, a Conveno traz o reconhe- cimento de que a contribuio relativa desses pases nas emisses globais desses gases dever crescer, de forma a atender suas necessidades sociais e de desenvolvimento. Contudo, apesar de ser um pas em desenvolvimento, existe no Brasil uma srie de programas que promovem uma reduo considervel dessas emisses. Alguns de- les so responsveis pelo Brasil ter uma matriz energtica relativamente limpa, no sentido especfico de menores emisses de gases de efeito estufa por unidade de ener- gia produzida ou consumida. Diversas outras iniciativas em estgio de implementao tambm contribuiro para a inflexo da taxa de crescimento da curva de emisses de gases de efeito estufa no pas. Programas e Aes Relacionados com o Desenvolvimento Sustentvel Alguns dos programas e aes relacionados ao desenvol- vimento sustentvel esto relacionados ao uso de energias renovveis e conservao e/ou eficincia energtica. Es- ses programas contribuem para que o Brasil tenha uma ma- triz energtica limpa, com pequenas emisses de gases de efeito estufa no setor energtico, para a estabilizao das concentraes desses gases na atmosfera e para o de- senvolvimento sustentvel em longo prazo. Dentre os programas relacionados com o desenvolvimento sustentvel, destaca-se o uso de etanol como combustvel automotivo. Inicialmente foi desenvolvido o Programa Na- cional do lcool - Prolcool para evitar o aumento da depen- dncia externa do petrleo e evaso de divisas quando dos choques de preo do petrleo. Embora o programa tenha tido grande sucesso nas dcadas de 1970 e 1980, a crise de abastecimento de etanol no fim dos anos 1980, juntamente com a reduo de estmulos a sua produo e uso, provo- caram, nos anos seguintes, um significativo decrscimo da demanda e, consequentemente, das vendas de automveis movidos por esse combustvel. Nos ltimos anos, a tecno- logia dos motores flex-fuel veio dar novo flego ao consumo interno de etanol. O veculo que pode ser movido gaso- lina, etanol ou qualquer mistura dos dois combustveis foi introduzido no pas em maro de 2003 e conquistou rapi- damente o consumidor, sendo que ultrapassaram em ven- das os movidos gasolina na corrida do mercado interno. O importante a ser ressaltado que, desde 1975, a reduo de emisses diretas provenientes do uso do etanol no Brasil foi de aproximadamente 600 milhes de toneladas de CO2 . No incio da dcada de 2000, o Governo Federal passou a perceber como estratgica a incorporao do biodiesel ma- triz energtica brasileira, na medida em que este combustvel se apresentava como uma alternativa de diminuio da de- pendncia dos derivados de petrleo e como elemento pro- pulsor de um novo mercado para as oleaginosas. Alm disso, pretendeu-se inser-lo na oferta interna de combustveis de maneira sustentvel (social, ambiental e economicamente), de forma a tornar a produo deste insumo um vetor de de- senvolvimento, com gerao de emprego e renda, sobretudo nas regies mais carentes do Brasil. Graas ao Probiodiesel, programa apoiado pelo governo, o Brasil est entre os maio- res produtores e consumidores de biodiesel do mundo, com uma produo anual, em 2009, de 1,6 bilhes de litros e uma capacidade instalada, em janeiro de 2010, de produo de 4,7 bilhes de litros (ANP, 2010a), aumentando, portanto, a participao das energias renovveis no pas. parte-0.indd 17 10/23/10 1:36 AM 18. 18 Segunda Comunicao Nacional do Brasil Outros programas importantes visam reduo de per- das e eliminao de desperdcios na produo e no uso de energia, alm da adoo de tecnologias de maior eficin- cia energtica, e contribuem para adiar investimentos em novas centrais eltricas ou refinarias de petrleo. Dentre esses programas, destacam-se o Programa Nacional de Conservao de Energia Eltrica - Procel, programa de go- verno que, desde 1985, desenvolve uma srie de atividades de combate ao desperdcio de energia eltrica. Ademais, h o Programa Nacional de Racionalizao do Uso dos Deriva- dos de Petrleo e do Gs Natural - Conpet, criado em 1991 com a finalidade de desenvolver e integrar as aes que vi- sam racionalizao do uso de derivados de petrleo e do gs natural. No caso do Brasil, sempre importante lembrar a contri- buio da gerao hidreltrica para a reduo das emisses de gases de efeito estufa. Em 2009, o mercado brasileiro de energia eltrica exigiu a produo de 466,2 TWh em cen- trais eltricas de servio pblico e autoprodutoras. Dessa produo, 391 TWh, ou 84%, foram de origem hidrulica. Em funo desses valores, o setor eltrico brasileiro assu- me caractersticas especiais, no s como um dos maiores produtores mundiais de energia hidreltrica, mas tambm pela excepcional participao da hidroeletricidade no aten- dimento de seus requisitos de energia eltrica. Se a eletrici- dade gerada pelas fontes no emissoras de CO2 fosse pro- duzida pela matriz de fontes fsseis, as emisses do setor de eletricidade seriam muito mais elevadas. Espera-se que haja um crescimento significativo da parti- cipao das novas fontes de energia renovvel na matriz energtica brasileira nos prximos anos. As novas fontes de energia renovvel incluem o uso moderno da biomassa, as pequenas centrais hidreltricas - PCHs, a energia elica, a energia solar (incluindo fotovoltaica), a energia maremo- triz e a energia geotrmica. O uso moderno da biomassa exclui os usos tradicionais da biomassa, como lenha, e inclui o uso de resduos agrcolas e florestais, bem como de res- duos slidos (lixo), para a gerao de eletricidade, produo de calor e combustveis lquidos para transporte. H grande expectativa, sobretudo, em relao cogerao e aprovei- tamento de resduos agrcolas. Estima-se, por exemplo, que os resduos agrcolas, excetuados os da cana-de-acar, representam uma disponibilidade energtica da ordem de 37,5 milhes de tep anuais, equivalentes a 747 mil barris di- rios de petrleo, praticamente no aproveitada. O Brasil um dos poucos pases que mantm o uso do car- vo vegetal de origem plantada no processo de produo no setor metalrgico, principalmente no setor siderrgico, concentrando-se na indstria de ferro-gusa e ao. impor- tante ressaltar tanto o ganho ambiental resultante da miti- gao das emisses de gases de efeito estufa por meio de redues de emisses e remoes lquidas (o perodo entre 2001 e 2006 registrou reduo de emisses de aproxima- damente 100 mil toneladas de CO2 e) como o fator de alvio indireto presso sobre as florestas nativas. Programas e Aes que Contm Medidas para Mitigar a Mudana do Clima e seus Efeitos Adversos A demanda brasileira por eletricidade tem crescido muito mais rapidamente que a produo de energia primria e a economia do pas, tendncia que deve persistir nos prxi- mos anos, exigindo novas estratgias de planejamento ener- gtico. Embora as emisses tendam a crescer, em vista da prioridade do pas em seu desenvolvimento, esto em curso vrios programas no Brasil que buscam substituir fontes de energia de origem fssil, com alto contedo de carbono por unidade de energia gerada, por outras de menor contedo, ou gerando emisses de gases de efeito estufa com menor potencial de aquecimento global. Esses programas e aes contribuem para mitigar a Mudana do Clima e alcanar o objetivo final da Conveno. Esse o caso do gs natural, que por ter melhor eficincia de converso que outros combustveis fsseis, emite me- nos gases de efeito estufa por unidade de energia gerada. Comparada queima de leo combustvel, a opo pelo gs natural possibilita a reduo de 27% na emisso total de gs CO2 nas usinas projetadas com tecnologia de gerao baseada no ciclo a vapor convencional, de 31% nas turbinas a gs e de 28% para a gerao termeltrica oriunda de ciclo combinado. Com relao energia nuclear, de 1984 (ano em que a pri- meira usina nuclear em operao no pas comeou a gerar eletricidade) a 2009 foram gerados 152 TWh, energia equi- valente a 32,7 milhes de tep, em se considerando eficin- cia trmica de 40%. Considerando a hiptese de que essa energia tivesse sido gerada por meio de carvo mineral, o uso de energia nuclear no Brasil teria evitado a emisso de 127 milhes de toneladas de CO2 , montante correspondente a 37% das emisses totais de 2009, pelo uso de energia. Integrao das Questes Sobre Mudana do Clima no Planejamento de Mdio e Longo Prazo A conscientizao sobre as questes ambientais no mdio e longo prazos so imprescindveis para o desenvolvimen- to sustentvel. O governo brasileiro, ciente desse princpio, parte-0.indd 18 10/23/10 1:36 AM 19. 19 buscou no processo de elaborao da Agenda 21 nacional estabelecer estratgias para assegurar o desenvolvimento sustentvel no pas, recomendando aes, parcerias, meto- dologias e mecanismos institucionais para a sua implemen- tao e monitoramento. Recentemente, vrias aes de Estado tm sido tomadas, o que demonstra a importncia do combate mudana do clima no Brasil. Primeiramente, em 2008, houve a aprova- o do Plano Nacional sobre Mudana do Clima, com o ob- jetivo de identificar, planejar e coordenar as aes e medi- das que possam ser empreendidas para mitigar as emisses de gases de efeito estufa geradas no pas, bem como aque- las necessrias adaptao da sociedade aos impactos que ocorram devido mudana do clima. Em 29 de dezembro de 2009, foi instituda a Poltica Nacio- nal sobre Mudana do Clima, estabelecendo seus princpios, objetivos, diretrizes e instrumentos. A Poltica Nacional visa, entre outros pontos, compatibilizao do desenvolvimen- to econmico-social com a proteo do sistema climtico; reduo das emisses antrpicas de gases de efeito estufa em relao s suas diferentes fontes; ao fortalecimento das remoes antrpicas por sumidouros de gases de efeito es- tufa no territrio nacional; e implementao de medidas para promover a adaptao mudana do clima pelas trs esferas da Federao, com a participao e a colaborao dos agentes econmicos e sociais interessados ou benefici- rios, em particular aqueles especialmente vulnerveis aos seus efeitos adversos. Conforme anunciado pelo Presidente da Repblica durante o Segmento de Alto Nvel da 15 Conferncia das Partes da Conveno - COP 15 e da 5 Conferncia das Partes servin- do como Reunio das Partes no Protocolo de Quioto - CMP 5, realizadas em Copenhague, o texto da lei que instituiu a Poltica Nacional sobre Mudana do Clima dispe que para se alcanar seus objetivos, o pas adotar, como compro- misso nacional voluntrio, aes de mitigao das emisses de gases de efeito estufa, com vistas em reduzir entre 36,1% e 38,9% suas emisses projetadas at 2020. J foram ini- ciadas as medidas para a implementao da Poltica, bus- cando-se estabelecer planos setoriais para alcanar o obje- tivo expresso na mesma em relao s aes de mitigao. Trata-se de um dos compromissos nacionais voluntrios de aes de mitigao dos mais ambiciosos do mundo. Tambm est sendo fortalecida a Poltica de Cincia, Tec- nologia e Inovao - CT&I em relao mudana do clima. Exemplos disso so o fato do Plano de Ao 2007-2010, intitulado Cincia, Tecnologia e Inovao para o Desenvol- vimento Nacional, ter inserido o Programa Nacional de Mu- danas do Clima; e o de haver um programa denominado Meteorologia e Mudanas Climticas no mbito do Plano Plurianual do Governo Federal 2008-2011, com o objetivo de entender os mecanismos que determinam a mudana global do clima e melhorar a capacidade de previso mete- orolgica, climtica, hidrolgica e ambiental. Muitos programas desenvolvidos no pas no tm como ob- jetivo direto reduzir as emisses de gases de efeito estufa, mas tero efeitos sobre as emisses provenientes de dife- rentes fontes. Um dos fatos mais importantes a constata- o de que no apenas o nvel federal est envolvido, mas tambm estados e municpios. No nvel federal, o Programa Nacional de Controle de Qua- lidade do Ar - Pronar, busca controlar a qualidade do ar, es- tabelecendo limites nacionais para as emisses. H ainda o Programa de Controle de Poluio do Ar por Veculos Auto- motores - Proconve, que tem o mesmo objetivo, mas trata especificamente da poluio do ar por veculos automoto- res. Este certamente um dos mais bem sucedidos progra- mas ambientais j implementados no pas. O Artigo 4.1 (d) da Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre Mudana do Clima indica que as Partes devem pro- mover a gesto sustentvel, bem como promover e coope- rar na conservao e fortalecimento, conforme o caso, de sumidouros e reservatrios de todos os gases de efeito es- tufa no controlados pelo Protocolo de Montreal, incluindo a biomassa, as florestas e os oceanos, como tambm outros ecossistemas terrestres, costeiros e marinhos. Muito se avanou nos ltimos anos em relao ao combate ao desmatamento, sobretudo na Amaznia. Medidas admi- nistrativas, econmicas e legais foram adotadas, dentro de uma estratgia de ao poltica (entre seus instrumentos, merece destaque Plano de Ao para a Preveno e Con- trole do Desmatamento na Amaznia Legal - PPCDAM). Com a srie de medidas adotadas, a rea de desmatamento foi reduzida significativamente em 73% de 27.772 km2 em 2004 para 7.464 km2 em 2009. Boa parte do sucesso da implementao dessas medidas, deve-se ao fato de o Brasil ter um dos sistemas de monitora- mento de reas florestais mais modernos do mundo, como o caso do sistema de monitoramento da Amaznia por sen- soriamento remoto do Instituto Nacional de Pesquisas Espa- ciais - INPE, o qual conta com quatro sistemas operacionais e complementares: Prodes, Queimadas, Deter e Degrad. O Brasil tambm foi pioneiro na utilizao de dados de sat- lites meteorolgicos para monitorar as queimadas no pas, culminando na criao do Programa de Preveno e Contro- parte-0.indd 19 10/23/10 1:36 AM 20. 20 Segunda Comunicao Nacional do Brasil le s Queimadas e aos Incndios Florestais - Proarco, imple- mentado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renovveis - Ibama em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE, visando a prevenir e controlar as queimadas no pas, evitando, desta forma, a ocorrncia de incndios florestais. Alm disso, h um grande nmero de Unidades de Conserva- o Federais no pas, para proteger e conservar espcies da flora e fauna existentes. Essas Unidades compreendem uma rea total de 44.835.960,84 ha (448,35 mil km2 ). Somando- -se todas as Unidades de Conservao do Brasil, Federais e Estaduais, de proteo integral e de uso sustentvel, e as ter- ras indgenas, chega-se a um total de 238.627.268 ha, perfa- zendo um total de 27,98% do territrio do pas. Esse nmero no considera as Unidades de Conservao municipais, re- as de Preservao Permanente, Reservas Particulares do Pa- trimnio Natural e reas militares, alm de uma grande rea de vegetao nativa (principalmente na Amaznia) que no est includa como unidade de conservao. Medidas de carter financeiro e tributrio (Protocolo Verde, responsabilidade ambiental dos bancos, restries de cr- dito rural ao infrator ambiental, ICMS ecolgico, entre ou- tros) tambm tm se mostrado de grande importncia para a promoo do desenvolvimento sustentvel. O Fundo Nacional sobre Mudana do Clima e o Fundo Ama- znia representam exemplos recentes de tentativas de bus- ca de recursos financeiros de forma inovadora para enfren- tar os desafios relacionados mudana do clima. As Atividades de Projeto no mbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL no Brasil No Brasil, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo MDL, um instrumento do Protocolo de Quioto, tem alcanado um inquestionvel sucesso e tem contribudo, indubitavelmen- te, para a mitigao das emisses de gases de efeito estu- fa no pas. Em agosto de 2010, cerca de 460 atividades de projeto brasileiras no mbito do Mecanismo, em fase de va- lidao ou fase posterior no ciclo MDL, apresentam poten- cial de reduzir anualmente o equivalente a cerca de 8% das emisses no florestais brasileiras (a preservao florestal no elegvel no mbito do MDL), que representavam cerca de 59% das emisses do Brasil em 1994. Com o intuito de citar dois exemplos que demonstram o re- sultado significativo do MDL em termos de redues seto- riais de emisses de gases de efeito estufa no Brasil, apenas cinco atividades de projeto no mbito da produo de cido adpico e cido ntrico reduziram praticamente a zero todas as emisses de xido nitroso (N2 O) no setor industrial brasi- leiro e 25 atividades de projeto de reduo de metano (CH4 ) em aterros sanitrios, registrados no Conselho Executivo do MDL, representam uma reduo da ordem de 47% das emis- ses desse gs em aterros sanitrios em 1994. Ainda considerando redues setoriais relevantes de emisso de gases de efeito estufa no contexto do MDL, destaca-se o primeiro Programa de Atividades - PoA na rea de captura e combusto de CH4 em granjas de suinocultura no Brasil. Este possui atualmente 961 com- ponentes de atividades de projeto de pequena escala, registradas no mbito da ONU por meio da entidade co- ordenadora do Programa. A participao dessas mais de 900 pequenas granjas demonstra a relevncia do MDL para viabilizar iniciativas que no ocorreriam na ausncia do Protocolo de Quioto. O Brasil ocupa a terceira posio em nmero de ativida- des de projeto do MDL, o que equivale a cerca de 7% do total mundial. O potencial de reduo de emisses de 393 milhes de toneladas de dixido de carbono equiva- lente, no que se refere ao primeiro perodo de obteno de crditos. Esse perodo pode variar entre 7 e 10 anos. Em base anual, o potencial de reduo da ordem de 50 mi- lhes de toneladas de dixido de carbono equivalente. Ao se considerar um valor de US$ 15/tCO2 e, o montante de recursos externos a ingressarem no pas durante o primei- ro perodo de crditos gira em torno de US$ 5,8 bilhes ou US$ 750 milhes por ano. Se as Redues Certificadas de Emisso (conhecidas como crditos de carbono) obtidas pelas atividades de projetos de MDL fossem consideradas na pauta de exportaes, em 2009, estariam na 16 colo- cao dessa pauta. Programas Contendo Medidas para Facilitar a Adequada Adaptao Mudana do Clima Um dos principais objetivos do projeto da Segunda Comu- nicao Nacional foi a elaborao de abordagem metodo- lgica relativa avaliao da vulnerabilidade e a medidas de adaptao, o qual continha dois resultados: a elabo- rao de modelagem regional do clima e de cenrios da mudana do clima; e a realizao de pesquisas e estudos sobre vulnerabilidade e adaptao relativos a setores es- tratgicos que so vulnerveis aos efeitos associados mudana do clima no Brasil. O primeiro resultado est relacionado necessidade de m- todos de downscaling (reduo de escala, ou seja, aumento da resoluo) para o Brasil, aplicveis a estudos de impactos da mudana global do clima que requerem projees climticas parte-0.indd 20 10/23/10 1:36 AM 21. 21 mais detalhadas, isto , com uma melhor resoluo espacial do que a proporcionada por um modelo climtico global. Assim, o Modelo Climtico Regional - MCR chamado de Eta-CPTEC foi validado e usado para produzir cenrios re- gionalizados de mudana futura do clima para a Segunda Comunicao Nacional do Brasil Conveno. O modelo regional Eta-CPTEC contou com novas condies laterais do modelo global acoplado oceano-atmosfera HadCM3 cedidos gentilmente pelo Hadley Centre, do Reino Unido. O trabalho relacionado a mtodos de downscaling para o Brasil foi aplicado aos cenrios de mudana do clima pro- venientes do modelo global HadCM3 para obter projees climticas (2010-2040, 2040-2070, 2070-2100) mais detalhadas com uma melhor resoluo espacial, segundo o cenrio A1B. De acordo com as rodadas realizadas, as projees anuais para o perodo de 2010 a 2100 de tem- peratura e chuva derivadas do modelo Eta-CPTEC para Amrica do Sul mostram aumentos da precipitao na re- gio sul do Brasil, e redues de chuva na regio Nordeste e na Amaznia, enquanto que as temperatura aumentam em todo Brasil, sendo maiores na regio continental (MA- RENGO et al., 2010). O segundo resultado visa ao desenvolvimento de uma anlise preliminar dos impactos associados mudana do clima nas principais reas de acordo com as circuns- tncias nacionais do Brasil, principalmente naquelas reas onde a vulnerabilidade influenciada por fatores fsicos, sociais e econmicos. A meta inicial era analisar as reas consideradas como sendo estrategicamente relevantes, onde os impactos associados mudana do clima podem ser importantes para o Brasil, e que poderiam ser estuda- das de forma independente enquanto os cenrios futuros de clima no Brasil ainda no tivessem sido concludos. No entanto, o desenvolvimento adicional de alguns estudos deste resultado dependeria de resultados futuros obtidos no desenvolvimento de modelos climticos regionais, que forneceriam cenrios mais confiveis para a Amrica do Sul em relao aos impactos da mudana do clima tanto sobre a temperatura mdia da superfcie ou sobre padres de precipitao. Assim, foram realizados estudos sobre a regio semirida, reas urbanas, zonas costeiras, sade humana, energia e recursos hdricos, florestas, agropecuria e preveno para desastres, coordenados pelo Centro de Gesto e Estudos Estratgicos - CGEE, em parceria com o Ministrio da Ci- ncia e Tecnologia - MCT. Para tal, foram mobilizados es- pecialistas brasileiros renomados na rea, sendo cada um deles responsvel pela abordagem de temas especficos. Esses estudos foram apresentados no formato de artigos e debatidos por representantes de entidades pblicas e pri- vadas, em oficinas de trabalhos para cada uma das reas temticas, realizadas em 2008 e 2009. Adicionalmente, com as rodadas do modelo regional e com a disponibilidade de cenrios regionalizados de mudana do clima at 2100, foi possvel aprofundar estudos nas reas de sade, energia, recursos hdricos, agricultura e branque- amento de corais. Outras Informaes Consideradas Relevantes para o Alcance do Objetivo da Conveno Transferncia de Tecnologia Deve-se reconhecer que uma rpida e efetiva reduo de emisses de gases de efeito estufa e a necessidade de se adaptar aos efeitos adversos da mudana do clima reque- rem acesso, difuso e transferncia de tecnologia ambien- talmente sustentveis. O Brasil considera a expresso transferncia de tec- nologia da forma mais abrangente, compreendendo os diferentes estgios do ciclo tecnolgico, incluindo pesquisa e desenvolvimento - P&D, demonstrao, au- mento de escala (deployment), difuso e transferncia de tecnologia em si, tanto referente mitigao quanto adaptao. O pas acredita que o desenvolvimento e a transferncia de tecnologia relativa mudana global do clima devem apoiar aes de mitigao e adaptao, de forma a se buscar o alcance do objetivo ltimo da Conveno. Na busca deste objetivo, a identificao de necessidades tecnolgicas deve ser determinada nacionalmente, com base nas circunstn- cias e prioridades nacionais. O Brasil tem buscado identificar as necessidades tecno- lgicas do pas em relao energia, de maneira que se combine o atendimento s crescentes demandas com fon- tes menos emissoras de gases de efeito estufa. No entan- to, no tem se buscado apenas identificar as tecnologias que o pas necessita receber, mas tambm o grande po- tencial de tecnologias endgenas que podem ser difundi- das e/ou transferidas a outros pases, principalmente em desenvolvimento, por meio de cooperao Sul-Sul (princi- palmente com pases lusfonos e/ou africanos) ou trian- gular. O etanol produzido de cana-de-acar um desses exemplos, bem como avanos tecnolgicos alcanados no setor agrcola. parte-0.indd 21 10/23/10 1:36 AM 22. 22 Segunda Comunicao Nacional do Brasil Pesquisa e Observao Sistemtica Vrias pesquisas e atividades de observao sistemtica relacionadas com a problemtica da mudana global do clima vm sendo desenvolvidas no pas. Nesse contexto, equipes de pesquisadores brasileiros esto participando do esforo internacional de programas de pesquisa relaciona- dos mudana global do clima, como o Sistema de Obser- vao do Clima Global - GCOS (da sigla em ingls de Global Climate Observation System), o Sistema de Observao Oce- nica Global - GOOS (da sigla em ingls de Global Oceanic Observation System), a Rede Piloto de Pesquisa no Atlntico Tropical - Pirata (da sigla em ingls de Pilot Research Moored Array in the Tropical Atlantic), entre outros. Dentre as iniciativas de pesquisa lideradas pelo Brasil, des- taca-se o Experimento de Grande Escala Biosfera-Atmos- fera na Amaznia - LBA (da sigla em ingls de Large Scale Biosphere-Atmosphere Experiment in Amazonia), que visa a ampliar a compreenso do funcionamento climatolgico, ecolgico, biogeoqumico e hidrolgico da Amaznia; do impacto das mudanas dos usos da terra nesse funcio- namento; e das interaes entre a Amaznia e o sistema biogeofsico global da Terra. Em 2007, o LBA tornou-se um programa de governo, renovando a agenda de pesquisas ini- ciada em 1998, quando era mantido por acordos de coope- rao internacional. Uma grande contribuio cientfica do Brasil para as negocia- es do regime internacional sobre mudana global do clima foi a denominada Proposta Brasileira, apresentada pelo pas em resposta ao Mandato de Berlim, e submetida em maio de 1997. A proposta pretende promover uma mudana de paradigma ao definir um critrio objetivo para avaliar a res- ponsabilidade de cada pas em causar a mudana global do clima. Baseia-se nas contribuies histricas e diferenciadas de cada pas ao aumento de temperatura da superfcie terres- tre, ocasionado pelo acmulo na atmosfera de gases de efei- to estufa de origem antrpica desde a Revoluo Industrial. Assim, verifica-se que o pas est promovendo e cooperan- do em pesquisas cientficas e em observaes sistemticas, visando a esclarecer, reduzir ou eliminar as incertezas ainda existentes em relao s causas, aos efeitos, magnitude e evoluo no tempo da mudana do clima. Educao, Treinamento e Conscientizao Pblica Apesar das questes relacionadas mudana do clima se- rem complexas, de difcil compreenso por leigos, e do li- mitado material de leitura disponvel em portugus sobre o tema, tem-se procurado ampliar a educao, a conscienti- zao pblica e o treinamento sobre as questes relaciona- das mudana do clima. Diversos programas educacionais implementados no Brasil esto em consonncia com os objetivos da Conveno. Em particular, cabe destacar: A pgina de internet brasileira sobre mudana do clima do Ministrio da Cincia e Tecnologia - MCT (http:// www.mct.gov.br/clima) tem contribudo para o au- mento da conscientizao pblica sobre o assunto, na medida em que disponibiliza informaes sobre todo o processo de negociao da Conveno, as principais referncias sobre a cincia do clima e a preparao da Comunicao Nacional. Em 27 de setembro de 2010, o total de pginas disponveis ultrapassou dez vezes o le- vantamento obtido em 2000, posto que a pgina de in- ternet contava com 35.363 pginas publicadas, em qua- tro idiomas (em portugus, ingls, espanhol e francs). Alm disso cabe ressaltar, que de acordo com o Google, a pgina de internet brasileira tem PageRank 8, ou seja, a cada dez pesquisas realizadas na internet sobre o tema de mudana global do clima, oito so direcionadas a pgina de internet brasileira. Ademais, publicaes em portugus (como a verso do texto oficial da Conven- o e do Protocolo de Quioto), artigos de jornais e revis- tas, assim como a realizao de seminrios e debates, vm ajudando na divulgao de um tema que em 1994 era desconhecido no pas. O Frum Brasileiro de Mudanas Climticas - FBMC, presidido pelo Presidente da Repblica, criado em 2000, tem - conjuntamente com inmeras outras en- tidades pblicas e privadas - auxiliado a promover a conscientizao e a mobilizao da sociedade em torno do tema mudana global do clima. Tambm de grande importncia so os programas Pro- cel nas Escolas e Conpet nas Escolas, especialmente dirigidos para crianas e adolescentes por meio de par- cerias com instituies de ensino. Seus objetivos so ampliar a conscincia de professores e alunos sobre a importncia de usar a energia eltrica, derivados de petrleo e gs natural da melhor forma e divulgar am- plamente atitudes com esse fim. Estima-se que entre 1990 e 2008, graas aos resultados alcanados pelo projeto Procel, tenha havido uma economia acumulada de energia de 2.841.912 MWh. parte-0.indd 22 10/23/10 1:36 AM 23. 23 Formao de Capacidade Nacional e Regional O Brasil tem necessidades especiais relativas estrutura institucional para lidar com as questes relacionadas mu- dana do clima. A formao de capacidade nacional e regio- nal um dos principais objetivos dos pases em desenvol- vimento, considerando que este tema uma nova rea de estudo e h poucos cursos especializados sobre o assunto. No mbito regional, destaca-se a atuao do Instituto Intera- mericano para Pesquisas em Mudanas Globais - IAI, orga- nizao intergovernamental dedicada pesquisa. Em relao pesquisa, em mbito nacional, cabe destacar as atividades da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanas Climticas Globais - Rede Clima, instituda no final de 2007, e do Institu- to Nacional de Cincia e Tecnologia para Mudanas Climti- cas. Ressalta-se ainda a questo do aumento da participao de cientistas brasileiros no processo do IPCC, bem como a recente criao do Painel Brasileiro de Mudana do Clima, nos moldes do IPCC. Esforos esto sendo feitos no pas em relao ao aperfeioamento de cenrios futuros de mudana do clima por parte do Centro de Previso do Tempo e Estudos de Clima - CPTEC/INPE e do recm-criado Centro de Cincia do Sistema Terrestre - CCST/INPE. Alm disso, h iniciativas de cooperao em relao for- mao de capacidade nacional e regional do Brasil com outros pases em desenvolvimento (cooperao Sul-Sul) e triangulares, envolvendo pases desenvolvidos e pases em desenvolvimento (cooperao Norte-Sul-Sul). Como exem- plo de formao de capacidade regional, relatado o treina- mento sobre modelagem de cenrios regionais futuros de mudana do clima para pases da Amrica Latina e Caribe. No mbito de formao de capacidade nacional, o Brasil tem tambm colaborado com a formao de capacidade re- ferente elaborao de Comunicaes Nacionais e ao Me- canismo de Desenvolvimento Limpo em outros pases em desenvolvimento. Dificuldades Financeiras, Tcnicas e de Capacitao para a Execuo da Comunicao Nacional A valorizao da moeda nacional, o real, foi uma grande preocupao para a execuo do projeto de elaborao da Segunda Comunicao Nacional do Brasil. Quando o projeto foi negociado com o GEF, a cotao do dlar considerada naquela ocasio era de R$ 3,15. Nesse cen- rio, certamente o oramento aprovado do projeto (US$ 3.400.000 do GEF somados US$ 4.175.600 da con- trapartida nacional original) seria suficiente para a rea- lizao de todos os estudos bsicos previstos, ficando as ampliaes e detalhamentos, ou seja, as atividades adi- cionais que seriam implementadas, custa das contra- partidas que seriam negociadas durante a execuo do projeto com cada parceiro. Contudo, a cotao do dlar foi, segundo taxa oficial das Naes Unidas, no ms de outubro de 2010, de R$ 1,71, ten- do oscilado durante toda a execuo do projeto, de 2006 a 2010, em valores inferiores aos considerados quando da proposio do projeto, o que levou o projeto a enfrentar di- versas dificuldades financeiras para cumprimento de seus compromissos bsicos, visto que todas as suas despesas comprometidas foram realizadas em reais. No caso especfico da Segunda Comunicao Nacional do Brasil, a agncia executora desse projeto, o MCT, teve que envidar esforos adicionais no que se refere parte de execuo financeira do projeto, pois, alm das contrapar- tidas que normalmente so esperadas para ampliao e detalhamento dos resultados, foram necessrios aportes de recursos adicionais para possibilitar a realizao de al- guns estudos, dada a essa valorizao do real em relao ao dlar. A eficiente consecuo da Segunda Comunicao Nacio- nal do Brasil, com as devidas ampliaes e detalhamentos daqueles estudos julgados necessrios pela rea tcnica, bem como a regularizao da dificuldade enfrentada com a valorizao cambial, demandou recursos da ordem de US$ 10.604.222. Desses recursos, US$ 3.400.000 foram disponibilizados pelo GEF e US$ 7.204.222 oriundos de contrapartidas nacionais. Essa contrapartida, inicialmente, era de US$ 4.175.600. Contudo, diante da valorizao cambial e da necessidade apurada de atividades adicionais durante a execuo do projeto, tal contrapartida no foi suficiente, o que fez com que o MCT tivesse que atuar junto a diversas instituies e a rgos do prprio Ministrio, no sentido de conseguir aportes adicionais de recursos, sem os quais o trabalho no seria finalizado. Com uma atuao ativa e graas slida construo de parcerias que o MCT realizou, foi possvel alavancar recur- sos de contrapartida, no valor de US$ 3.028.622, para que o projeto fosse concludo de forma eficiente e mantendo a qualidade esperada dos resultados produzidos. Alm disso, outra grande preocupao em relao aos ar- ranjos permanentes para a elaborao das Comunicaes parte-0.indd 23 10/23/10 1:36 AM 24. 24 Segunda Comunicao Nacional do Brasil Nacionais a falta de uma equipe estvel, com experincia em mudana global do clima, dedicada ao planejamento e superviso das aes que no seja contratada como tercei- rizada ou como consultoria por produtos. A aquisio de equipamentos sofisticados para o proces- samento de dados derivados da interpretao de imagens de satlites e auxiliares (mapas cartogrficos, etc.) foram uma preocupao no projeto pela demora na contratao e falta de experincia na elaborao desse tipo de licitao por parte da agncia das Naes Unidas. Enfim, o material contido neste documento ilustra que o Brasil vem fazendo sua parte no combate mudana global do clima, e est preparado para manter esse papel de prota- gonista no contexto do esforo global necessrio para tratar do problema, em consonncia com o objetivo e os princ- pios da Conveno. parte-0.indd 24 10/23/10 1:36 AM 25. 25 Accio Consoni Adalberto Leo Bretas Adelino Silva Ademilson Zamboni Ademir Gomes da Silva Ademir Hugo Zimmer Adilson Elias Xavier Adilson Queirantes Adilson Soares Adilson Wagner Gandu Adma Raia Silva Adriana Benini Brangeli Adriana de F. Ferreira Adriana dos S. S. Scolastrici Adriana Gonalves Moreira Adriana Goretti M. Chaves Adriana Lannes Souza Adriana Pereira de Lima Adriana Taqueti Adriane Alves Silva Adriano J. Diniz Costa Afonso Almeida Afonso Moura Afrnio Manhes Barreto Agnaldo da Silva Barros Agostinho da Silva Ailson Alves da Costa Alton Jos da Silva Ardem Gonalves de Assis Airton Kuntz Alan Douglas Poole Alberto Duque Portugal Alberto Loureno Alberto Setzer Alessandra Lee B. Firmo Alessandra Lehmen Alex Bertoletti Alexandre Augusto Barbosa Alexandre Bahia Santiago Alexandre Berndt Alexandre Braga F. Soares Alexandre Davignon Alexandre Lana Menelau Alexandre Matheus Pontes Gomes Alexandre Rodrigues Filizola Alexandre Romanaze Alexandre S. Miranda Alexandre Salem Szklo Alexandre Strapasson Alexandre Valladares Mello Alexandre Varanda Alfred Szwarc Alfredo Jos Barreto Luiz Alfredo Kerzner Alfredo Marquesi Jnior Alfredo Paes Jr. Alice Branoc Weffort Alice Grimm Aline de Holanda Maia Aline Nunes Garcia Aline Yukari Naokazu Alison Ferreira Alisson Flvio Barbieri Allan Thiago Ferreira Pequeno Alosio Torres de Campos Alusio Campos Machado lvaro Jos Menezes das Costa lvaro Mesquita Amanda Almeida Gabriel Amantino de Freitas Amrico Sampaio Amlcar Guerreiro Amlcar Machado Amorim Pereira Ana Cardoso da Silva Ana Carolina Borges Ana Carolina L. M. Menezes Ana Cludia Lima Ana Cristina Oll Xavier Ana Elisabete C. Juc Ana Hilda Cardoso da Silva Ana Maria Bueno Nunes Ana Maria Castelo Ana Maria Gusmo de C. Rocha Ana Maria Sousa Machado Ana Patrcia da Silva Ana Paula Pacheco Ferro Ancelmo Cristinao Oliviera Andelson Gil do Amaral Anderson Clayton Reis Andr Correa do Lago Andr de Arruda Lyra Andr Elia Neto Andr Fenner Andr Frossard Pereira de Lucena Andr Luis Bogo Andr Luis Cesar Esteves Andr Luis Cordeiro Coutinho Andr Luis Ferreira Andr Novo Andr Odenbreit Carvalho Andrea Daleffi Scheide Andra Souza Andria Franzoni Anexandra de vila Ribeiro Angela Martins de Souza Angelo Anastacio Zorzanelli ngelo Augusto dos Santos ngelo Mansur Mendes Anibal J. Pampermayer Anbal Luiz Calumbi Lbo Anizio Azzini Anna Carolina Lustosa Lima Antnia Magna M. B. Diniz Antnia Selma Deleg Ramos Antnio C. A. de Oliveira (in memoriam) Antnio Carlos Gomes Antnio Carlos Miranda Antnio Dayrell de Lima Antnio Fernando P. da Silva Antnio Franco Antnio Jos Vallin Guerreiro Antonio L. Magalhes Sena Costa Antnio Lombardi Antnio Natal Antonio Rocha Magalhes Antnio Valter M. de Mendona Antnio Vieira Aparecido de Freitas Ara Boock Araqum Luiz de Andrade Ariel Garces Pares Ariovaldo Luchiari Junior Arlete Silva Serra Armando Rabufetti Armindo Neivo Kichel Arnaldo Celso Augusto Arnaldo Costa Chimenes Filho Arnaldo Lus de Lima Ivo Arnaldo Saksida Galvo Arthur Jesse Oliveira Braga Augusto Juc Aumara Feu Alvim Marques Barbara Oliveira Autores, revisores e colaboradores Inclui os autores, revisores e colaboradores que participaram da Comunicao Nacional Inicial do Brasil Conveno parte-0.indd 25 10/23/10 1:36 AM 26. 26 Segunda Comunicao Nacional do Brasil Beatriz de Bulhes Mossri Beatriz Garcia Beatriz Nassur Espinosa Beatriz Stuart Secaff Bendicto Fonseca Filho Benedito Ap. dos S. Rodrigues Benedito Bezerra de Alencar Bento Gonalves Bernardo Rios Zin Bernardo Van Raij Boansio Cardos Ribeiro Bohdan Matvienko Boris Schneiderman Boris Volkoff Borivoj Rajkovic Branca Bastos Americano Brulio Ferreira de Souza Dias Braulio Pikman Brizza de Arajo Nascimento Bruna Patrcia de Oliveira Bruno de Freitas Ramos Bruno Jos Rodrigues Alves Bruno Kerlakian Sabbag Bruno Soares Moreira Cesar Borba Caetano Carmignani Caio Antnio do Amaral Camilo Daleles Renn Camilo H. P. Marcos Cndido de Souza Lomba Cara R. A. Bastos Carina Queiroga Carlos A. Klink Carlos Afonso Nobre Carlos Alberto Salgueiro Carlos Alberto Simes de Arruda Carlos Alberto Siqueira Paiva Carlos Alberto Venturlli Carlos Augusto Feu Alvim da Silva Carlos Augusto Pimenta Carlos Castro Carlos Cludio Perdomo Carlos Clemente Cerri Carlos de Campos Mantovani Carlos Eduardo Machado Poletta Carlos Eduardo Morelli Tucci Carlos Eduardo N. Favaro Carlos Enrique Hernndez Simes Carlos Eugnio de Azeredo Carlos Fernando Lemos Carlos Frederico Menezes Carlos Joly Carlos Lima Maia Carlos Roberto de Lima Carlos Roberto Sarni Carlos Tucci Carmlio Pereira de Melo Carmem Silvia Cmara Arajo Carmen Lcia Vergueiro Midaglia Carole A. dos Santos Carolina Werneck Caterina Vellaca Baernardi Catia F. Barbosa Catia Reis de Camargo Clia Perin Clia Regina Pandolphi Pereira Clio Bermann Celso Boin Celso Cruzeiro Celso Jamil Marur Cenira Nunes Csar da Silva Chagas Cesar Luis Martinglis Csar Mendona Cesar Roberto dos Santos Silva Csar Weinschenk de Faria Charlles Jefferson de Miranda Chistopher Wells Christiano Pires de Campos Cibelle Marques Pedroza Ccero A. Lima Ccero Nascimento Magalhes Ciro Marques Russo Claudia Alves de Magalhes Cludia Della Piazza Grossi Cludia Firmino Cludia Jlio Ribeiro Claudine Dereczynski Cludio Alonso Cludio Aparecido de Almeida Cludio Ccero Sabadini Claudio David Dimande Claudio de Almeida Conceio Filho Cristian Vargas Foletto Claudio Freitas Neves Cludio Guedes Oliveira Cludio Henrique Bogossian Cludio Jdice Cludio Ramalho Townsend Clber Jos Baldoni Clotilde Pinheiro Ferri dos Santos Corina Costa Freitas Yanasse Cristiane Aparecida Cunha Cristina Costa Cristina Fernandes Cristina Montenegro Cristina Yuan Dalton Cesar Costa Fontes Dalton de Morisson Valeriano Damio Maciel Guedes Daniael Bucces Daniel Forastiere Daniel Gianluppi Daniel Nicolato Epitcio Pereira Daniel Picano Daniel Picoral Manassero Daniel Queiroz Daniel Rodriguez Daniel Santos Vieira Daniele M.G. Casarin Daniele Soares Mendes Danielle de Araujo Magalhes Danielle de Melo Vaz Soares Danielly Godiva Danilo Matos da Silva Darcy Brega Filho David Canassa David Gomes Costa David Shiling Tsai Dayane de Carvalho Oliveira Dcio Magioli Maia Decio