90
Sociedade, educação e vida moral

Durkheim, marx, weber

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Durkheim, marx, weber

Sociedade, educação e vida moral

Page 2: Durkheim, marx, weber

1 O homem faz a sociedade ou a sociedade faz o homem?

• Tensão entre:a) Sociedade como estrutura com

poder de coerção e determinação sobre as ações individuais

b) Indivíduo como agente criador e transformador da vida coletiva

Page 3: Durkheim, marx, weber

2 Durkheim (1858-1917) e o pensamento sociológico

• Influências do cientificismo e biologismo do século XIX

a) Delimitação clara do objeto de estudo e do método da sociologia

b) Vislumbrou a existência de um “reino social” ( reino moral)

Page 4: Durkheim, marx, weber

2 Durkheim e o pensamento sociológico

• O reino morala) Lugar dos fenômenos moraisb) Composto pelas ideias ou ideais

coletivosc) Toda a vida social se passa alid) O meio moral está para as

consciências individuais assim como os meios físicos estão para os organismo vivos

e) É determinante na vida das pessoas

Page 5: Durkheim, marx, weber

2 Durkheim e o pensamento sociológico

• O papel do sociólogoa) É o único preparado para detectar

os estados coletivosb) Assumir a mesma postura dos

físicos, químicos ou biólogos em seus laboratórios

c) A sociedade, a vida coletiva, deve ter suas leias próprias, independentes das vontades humanas

Page 6: Durkheim, marx, weber

2 Durkheim e o pensamento sociológico

• A sociologia positiva e seu estudoa) Seguindo os métodos certos pode-

se descobrir as leis sociaisb) Lei como relação necessária entre

dois fatos, descoberta da lógica inscrita no próprio real e apresentada na forma de enunciado

c) O fator social é sempre determinante

d) Separação entre teoria e prática

Page 7: Durkheim, marx, weber

2 Durkheim e o pensamento sociológico

• A sociologia positiva e seu estudoe) Meio moral deve ser tomado como

um dado bruto à observação do investigador, que não deve assumir os valores nele contidos

f) Religião, moral, direito, economia, educação, são sistemas de valores

g) Não podemos nos contaminar com os valores expressos nos fenômenos

Page 8: Durkheim, marx, weber

2 Durkheim e o pensamento sociológico

• Os fatos sociais como objeto privilegiado da sociologia

a) Coerção exteriorb) Existência própria, independente

das manifestações individuais que possam ter

c) Devem ser considerados como coisas

Page 9: Durkheim, marx, weber

2 Durkheim e o pensamento sociológico

• Significado de coisasa) Idéia vaga e confusa dos fatos

sociais (ilusão de conhecimento)b) Senso comum como contrário ao

estudo científico dos fenômenos sociais

c) Deve-se desconfiar das primeiras impressões

d) Devemos nos livrar das pré-noções, preconceitos não científicos

Page 10: Durkheim, marx, weber

2 Durkheim e o pensamento sociológico

• Significado de coisas“Coisa” para ele é todo objeto de

conhecimento que a inteligência humana não penetra de modo imediato, necessitando o auxílio da ciência. Tratar os fatos sociais como coisas, portanto, é uma postura intelectual, uma atitude mental (p. 20).

Page 11: Durkheim, marx, weber

2 Durkheim e o pensamento sociológico

• Coerção dos fatos sociaisa) moda, casamento, correntes de

opinião são exteriores às vontades individuais

b) Crime é de conhecimento coletivo que deva receber uma sanção – é fato social assim como a lei que prevê sua punição

Page 12: Durkheim, marx, weber

2 Durkheim e o pensamento sociológico

• Coerção dos fatos sociaisSão fatos sociais não só porque são

normais, mas porque são percebidos como fatos sociais pelos membros da sociedade; e porque exercem alguma pressão sobre os indivíduos, alguma coerção, alguma obrigatoriedade (p. 20).

Page 13: Durkheim, marx, weber

3 A sociedade na cabeça de cada um

• A noção de representações coletivas

a) Representações individuaisb) Representações coletivasc) Na cabeça do ser social não

trafegam apenas estados mentais sociais

d) Conjunto de crenças, hábitos, valores, que revelam os quanto há dos outros em nós (pessoas que convivem conosco e que já morreram)

Page 14: Durkheim, marx, weber

3 A sociedade na cabeça de cada um

• A noção de representações coletivas

e) Não apenas o indivíduo faz parte da sociedade

f) Uma parte da sociedade faz parte do indivíduo

g) Por outro lado, a sociedade só existe em sua plenitude se tomarmos o conjunto (não cabe completa em um só indivíduo)

Page 15: Durkheim, marx, weber

3 A sociedade na cabeça de cada um

• A noção de representações coletivas

h) Derivam da cooperação dos indivíduos

i) Sentimentos privados só se tornam sociais quando se combinam entre si, são compartilhados e geram, em decorrência, algo novo

j) O todo tem precedência sobre as partes

k) A sociedade tem vontade própria

Page 16: Durkheim, marx, weber

3 A sociedade na cabeça de cada um

• A noção de representações coletivas

l) Pensa, sente, deseja, embora não o possa fazer a não ser através dos indivíduos

m)Consciência coletiva existe através das consciências individuais

n) A vida coletiva é obra também das gerações passadas

o) Crenças, valores e regras – vontade da sociedade

Page 17: Durkheim, marx, weber

3 A sociedade na cabeça de cada um

• A noção de representações coletivas

p) Agimos de acordo com a vontade da sociedade porque assim aprendemos, fomos educados para isso

q) A educação tem conteúdosr) Existe um meio moral no qual

somos educados (crenças, valores, e regras produzidos pelas gerações passadas e presentes)

Page 18: Durkheim, marx, weber

4 A diferenciação da sociedade

• O meio moral é produzido pela cooperação entre os indivíduos

• Na sociedade industrial, essa cooperação se dá pelo processo de interação que Durkheim chamou de divisão do trabalho social

• Condição essencial para que a sociedade possa existir é o consenso

• Sem consenso não há cooperação

Page 19: Durkheim, marx, weber

4 A diferenciação da sociedade

• Com pouca divisão do trabalho, há solidariedade por semelhança entre os indivíduos

• Na solidariedade orgânica (moderna sociedade industrial) as pessoas cooperam porque dependem umas das outras

• A divisão do trabalho é a solução pacífica para a luta pela vida

Page 20: Durkheim, marx, weber

4 A diferenciação da sociedade

• O consenso e o individualismoa) Nas sociedades com pouca divisão

do trabalho, a consciência coletiva é mais forte, as pessoas desempenham funções sociais muito semelhantes, “pensam com a mesma cabeça”

b) Nas sociedades com maior divisão do trabalho, as pessoas têm maior margem de liberdade, para pensar e agir por conta própria – margem maior para a interpretação pessoal

Page 21: Durkheim, marx, weber

4 A diferenciação da sociedade

• O consenso e o individualismoa) Valores, crenças, normas

compartilhados no seio de uma cultura pelos indivíduos são mais imperativos, obrigatórios e homogêneos numa sociedade pouco diferenciada

b) Sofrem interferências de grupo, de status e de classe numa sociedade muito diferenciada

Page 22: Durkheim, marx, weber

4 A diferenciação da sociedade

• O consenso e o individualismoa) No primeiro caso, todos são

rigidamente ensinados a obedecer as mesmas normas, a compartilhar as mesmas crenças e os mesmos valores

b) No segundo, em função da divisão do trabalho e da especialização, cada indivíduo, assume valores, crenças e normas diferenciadas conforme o grupo ao qual se vincula na vida profissional, as regras gerais são relativizadas

Page 23: Durkheim, marx, weber

4 A diferenciação da sociedade

• O consenso e o individualismoQuando há forte diferenciação social há

muitos lugares diferentes de onde se olhar as regras. A tendência será, então, o conflito, decorrente da competição imposta pela diferenciação. Os indivíduos passam a guiar-se pela busca da satisfação de interesses que são cada vez mais pessoais e cada vez menos coletivos, na luta pela sobrevivência que aprendem na sociedade complexa em que nascem

Page 24: Durkheim, marx, weber

4 A diferenciação da sociedade

• Individualismo e liberdadeSó numa sociedade complexa e

diferenciada é que se torna possível diminuir a rigidez das regras sociais, sua validade geral e indistinta, e só assim o indivíduo pode ter certa liberdade de julgamento e de ação. Mas, quanto mais liberdade individual, mais individualismo, entendido como perda dos sentimentos gregários...

Page 25: Durkheim, marx, weber

Sociedade, educação e emancipação

Page 26: Durkheim, marx, weber

• O que existe por trás das aparências dessa nova, maravilhosa e terrível realidade parida a fórceps pela moderna sociedade industrial capitalista?

• Quais os mecanismos de enquadramento sobre os indivíduos e a que interesses eles de fato servem?

• Que forças sociais emergentes neste novo momento histórico são capazes de controlar as consciências dos homens?

Page 27: Durkheim, marx, weber

• Diante do acúmulo das mazelas sociais já desde o berço da sociedade capitalista, como transformar esta realidade?

• Com impedir que os muitos que estão por baixo sejam esmagados pelos poucos que estão por cima?

• Será que o ato de educar pode ser algo mais do que um mecanismo de manutenção da ordem?

• Será possível educar para a emancipação do homem, para livrá-lo de toda a opressão que o esmaga?

Page 28: Durkheim, marx, weber

1 Marx (1818-1883) e o pensamento sociológico

• Marcou como um corte de navalha o pensamento ocidental do século XIX

• Objeto de pesquisa fundamental, para não dizer único, foi a sociedade capitalista

• Percebeu que havia um processo histórico em curso que, enquanto levava a burguesia à condição de classe dominante, expropriava dos trabalhadores manuais seus instrumentos de produção e seus saberes, transmitidos de geração a geração

Page 29: Durkheim, marx, weber

1 Marx (1818-1883) e o pensamento sociológico

• Combinou em seu pensamento duas perspectivas diferentes, dois modos diversos de encarar a realidade

a) Seu pensamento é analítico – ver a realidade, dissecá-la e reconstruí-la conceitualmente para entendê-la

b) Seu pensamento é normativo – pretende vislumbrar como a realidade deveria ser, construindo uma utopia em nome da qual seria necessário agir para transformá-la

Page 30: Durkheim, marx, weber

1 Marx (1818-1883) e o pensamento sociológico

• Não era somente um pensador• Era militante político. Pretendia

colocar suas idéias em prática através de um partido

• Seu socialismo era científico• Sua ciência lhe dizia que o

socialismo estava fadado a triunfar

Page 31: Durkheim, marx, weber

1 Marx (1818-1883) e o pensamento sociológico

• Para ele não havia contradição entre teoria e prática

• Nem entre o modo como as coisas são e o modo como devem ser

a) Se a sociedade verdadeiramente humana “deve ser” um dia uma sociedade sem exploração e opressão

b) Esta possibilidade está dada já agora, no modo mesmo como a sociedade presente “é”

Page 32: Durkheim, marx, weber

1 Marx (1818-1883) e o pensamento sociológico

• Acreditou haver descoberto o mecanismo segundo o qual a história humana funciona

• Engels (1820-1895) acreditava que assim como Darwin havia descoberto as leis da evolução das espécies, Marx havia descoberto as leis da história

• Para Marx, o que move a história é a luta entre as classes sociais

Page 33: Durkheim, marx, weber

1 Marx (1818-1883) e o pensamento sociológico

• Compreensão da natureza da sociedade capitalista e a direção na qual ela estaria se transformando, graças às suas contradições

Page 34: Durkheim, marx, weber

2 As leis da história• História humana seria a da relação

dos homens com a natureza e dos homens entre si

• Nos dois tipos, o intermediário seria o trabalho humano como elemento essencial

• Muda a natureza e coloca-a a seu serviço

• Para melhor se desencumbir de sua tarefa, criou instrumentos de trabalho, como extensões de seu corpo

Page 35: Durkheim, marx, weber

2 As leis da história• Com o gênio, foi cada vez mais

sendo capaz de aumentar e melhorar os resultados obtidos pelo trabalho

• Nesse processo, trabalho manual e reflexão intelectual jamais se separaram, embora o predomínio de homens sobre outros tenha gerado uma distorção no modo pelo qual os homens tomam consciência da relação entre o mundo material e o mundo das idéias

Page 36: Durkheim, marx, weber

2 As leis da história• Ao longo da história, cada vez mais,

se desenvolveram as “forças produtivas”, responsáveis pelo incremento da produtividade e aumento do domínio do homem sobre a natureza, conforto e riqueza material acumulados ao longo da história

• Para aumentar a produtividade o homem foi organizando a produção, distribuindo tarefas e benefícios entre os membros da sociedade

Page 37: Durkheim, marx, weber

2 As leis da história• Processo de divisão do trabalhoa) Divisão sexual b) Agricultura e criação de animaisc) Campo e cidaded) Produção agrícola e industriale) Indústria e comércio

Page 38: Durkheim, marx, weber

2 As leis da história• Divisão do trabalho como parte do

conjunto das forças produtivas – determinação mútua

• Div. trabalho é tb. expressão da existência de diferentes formas de propriedade no seio de uma dada sociedade num dado tempo histórico

• Div. propriedade diz respeito aos tipos de relações sociais predominantes numa sociedade a partir dos tipos de propriedades

Page 39: Durkheim, marx, weber

2 As leis da história• Separação básica:a) Instrumentos ou meios utilizados

para o trabalhob) Próprio trabalho

Nem sempre os homens que possuem os meios para realizar o trabalho trabalham e nem sempre os que trabalham possuem os meios para isso

Page 40: Durkheim, marx, weber

2 As leis da história• Relações de propriedade como a

base das desigualdades sociais• Divisão do trabalho possibilitou a

existência de homens que trabalham para outros homens que não precisam trabalhar

• A esses modos específicos de organização do trabalho e da propriedade, Marx e Engels deram o nome de “relações sociais de produção”

Page 41: Durkheim, marx, weber

2 As leis da história• Cada época histórica possui um

conjunto de forças produtivas desenvolvidas, sob o controle dos homens que nela vivem

• Possui também um conjunto instituído de relações sociais de produção que são o modo pelo qual os homens assumem o controle sobre as forças produtivas, relações de propriedade (conjunto total entendido como “modo de produção”)

Page 42: Durkheim, marx, weber

2 As leis da história• Grandes transformações históricas

foram as mudanças de um modo de produção a outro

a) Modo de produção escravista antigo

b) Modo de produção feudalc) Modo de produção capitalista• Diferentes estágios de

desenvolvimento das forças produtivas materiais e diferentes formas de organização da propriedade

Page 43: Durkheim, marx, weber

2 As leis da históriaa) Relação social básica, escravidãob) Relação social básica, servidãoc) Relação social básica,

assalariamento

Dessa diferentes relações de propriedade, da posição dos homens com relação às formas de propriedade vigentes num dado modo de produção, é que surgem as classes sociais

Page 44: Durkheim, marx, weber

2 As leis da história• Transformação de um modo a outro

se dá pelos conflitos abertos entre a classe dominante e a dominada em cada época

• As formas de propriedade, quando se estabelecem funcionam como uma forma de desenvolvimento das forças produtivas

• Chega um momento em que as forças produtivas não conseguem mais se desenvolver sob a vigência daquelas relações de propriedade

Page 45: Durkheim, marx, weber

3 As formas de consciência• O mundo das ideias, do

conhecimento, das crenças e das opiniões se relaciona com o mundo material, da produção, do trabalho

• Como explicar a consciência que os homens têm ou deixam de ter a respeito de seu próprio modo de vida, da produção material de sua sociedade e das relações de classe, sejam elas econômicas ou políticas?

Page 46: Durkheim, marx, weber

3 As formas de consciência• A consciência que os homens têm

das relações sociais de produção não condiz com as relações materiais reais que de fato vivem

a) As idéias, concepções sobre como funciona o mundo são representações que os homens fazem a respeito de suas vidas, do modo como as relações aparecem na sua experiência cotidiana. São, portanto, aparência

Page 47: Durkheim, marx, weber

3 As formas de consciência• Para Marx, essas representações

implicam, num primeiro momento, numa falsa consciência, numa consciência invertida, pois se prendem à aparência e não são capazes de captar a essência das relações às quais os homens estão de fato submetidos

Page 48: Durkheim, marx, weber

3 As formas de consciência• Quando se estabelece na história

uma determinada forma de divisão do trabalho, ela estabelece o lugar de cada um dentro do processo produtivo.

Page 49: Durkheim, marx, weber

3 As formas de consciência• As relações de propriedade

vigentes, o poder político de certos grupos sobre outros e as formas de exploração do trabalho que uma determinada classe social consegue implantar numa determinada época histórica, estabelecem e determinam o que cada indivíduo está obrigado a fazer, o modo como está obrigado a trabalhar e viver

Page 50: Durkheim, marx, weber

3 As formas de consciência• Na cabeça dos homens que vivem

sob este sistema, isso é percebido, no plano das ideias, como algo normal, natural. Ao trabalhador lhe parece natural que certas pessoas tenham que trabalhar em troca de um salário para viver, como se isso sempre houvesse existido e, mais ainda, como se tivesse que continuar existindo para sempre. Esse indivíduo não vê a sociedade capitalista como uma sociedade historicamente construída.

Page 51: Durkheim, marx, weber

3 As formas de consciência

Durkheim Marx

Page 52: Durkheim, marx, weber

3 As formas de consciência

DurkheimAponta que a consciência individual é dada pela preponderância de uma consciência coletiva

Page 53: Durkheim, marx, weber

3 As formas de consciência

Marx

Mostra que o caráter coercitivo, dominador, não se manifesta igualmente por parte “da sociedade em geral” sobre todos os homens indistintamente, mas sim de uma parte da sociedade sobre outra. É um situação criada pela luta entre as classes

Page 54: Durkheim, marx, weber

3 As formas de consciência

Marx

Se as relações de dominação existem em toda e qualquer sociedade é porque elas são socialmente construídas. Não precisam existir para sempre, pois o homem pode construir outros tipos de relações, sem a dominação de uma classe sobre a outra

Page 55: Durkheim, marx, weber

3 As formas de consciência• Exemplo da passagem do modo

feudal para o capitalista:a) Mestre de ofício controlava todas as etapas de produção de uma mercadoriab) Desenvolvimento do comércio e

contratação de mestres de ofício, submissão ao regime fabril (controle da produção e agilização do processo)

c) Princípio da linha de produção

d) Introdução de máquinas que começaram a ditar o ritmo da produção

Page 56: Durkheim, marx, weber

3 As formas de consciência• Exemplo da passagem do modo

feudal para o capitalista:Dupla expropriação e dupla dependência dos trabalhadores:a) Meios de produção da vida materialb) Saber do qual dependia a fabricação de um produto e a própria posição social do artesão

As forças produtivas foram enormemente desenvolvidas, mas através de um processo social de expropriação de bens materiais e saberes

Page 57: Durkheim, marx, weber

3 As formas de consciência• A alienação:Bloqueio do entendimento das consequências do processo pelo modo como o indivíduo adquire consciência do mundo socialAprende apenas que deve trabalhar para viver por não ser dono das fábricasSalário desvincula o entendimento do trabalho como de controle do trabalhador

Trabalho é visto como algo pertencente a outros, fora do trabalhador

Page 58: Durkheim, marx, weber

3 As formas de consciência• A ideologia:Falsa consciência do mundo em que os homens vivemTrabalho alienado e dominação de classe como fatos naturaisCompartilham uma concepção do mundo dentro da qual só têm acesso às aparências, sem ser capazes de compreender o processo histórico real

Page 59: Durkheim, marx, weber

3 As formas de consciência• A ideologia:Sistema ordenado de idéias, concepções, normas, regras que obriga os homens a comportarem-se segundo a vontade do sistema, mas, como se estivessem se comportando segundo sua própria vontade

A coerção do sistema sobre os indivíduos, na verdade, é a coerção da classe dominante sobre as classes dominadas

Page 60: Durkheim, marx, weber

3 As formas de consciência• Diferença do capitalismo para outras

formas de dominação:Em outras formas de dominação anteriores, o dominado sabia quem era seu dominador:

a) Escravo sabia que era obrigado a trabalhar à força

b) Servo sabia que o dono do feudo lhe arrancava a maior parte do que plantava e colhia

b) Trabalhador considera justo que seja separado do fruto de seu trabalho mediante o salário

Page 61: Durkheim, marx, weber

3 As formas de consciência• Sobre o salário:

Mais valia

Qualquer salário é injusto porque a relação de assalariamento é injusta em si

Separa o trabalhador do resultado de seu trabalho e isso o aliena e o descaracteriza como ser humano

A suprema ironia do capitalismo é que o dominado pensa com a cabeça do dominador

Page 62: Durkheim, marx, weber

3 As formas de consciência• Processo que levaria à nova

sociedade:Chegaria um momento em que o desenvolvimento das forças produtivas inevitavelmente entraria em contradição com as formas capitalistas de propriedade

Se abriria uma época de revolução social e política

Seguiria por uma fase de transição em que os resquícios do capitalismo seriam destruídos

Page 63: Durkheim, marx, weber

3 As formas de consciência• A nova sociedade:Sem exploradores e exploradosSem alienação e ideologiaSem classes sociais e sem EstadoO homem se reencontraria consigo mesmo, seria um ser autônomo, autocentrado e autoconsciente, trabalhador manual e intelectual ao mesmo tempo. Daria à sociedade todo o trabalho por livre vontade e receberia dela tudo o que precisasse, graças ao desenvolvimento material propiciado pelo capitalismo

Page 64: Durkheim, marx, weber

Sociedade, educação e desencantamento

Page 65: Durkheim, marx, weber

1 Weber (1864-1920) e o pensamento sociológico

• Sociedade como resultado de uma enorme e inesgotável nuvem de interações interindividuais

Nas ciência sociais os acontecimentos dependem fundamentalmente da postura e da própria ação do investigador

A realidade não é uma coisa; ganha uma feição conforme o olhar que o cientista lança sobre ela

Page 66: Durkheim, marx, weber

1 Weber (1864-1920) e o pensamento sociológico

• Relação com os valoresOs homens vêem o mundo que os cerca a partir de seus valoresValores são introjetados de modos distintos, conforme o processo de interação em que o indivíduo está inserido

Um mesmo meio cultural pode assumir significados diferentes e, no momento da ação, ocasionar diferenças de comportamento conforme o modo de assimilação dessa cultura ou o tipo de racionalidade dos indivíduos

Page 67: Durkheim, marx, weber

1 Weber (1864-1920) e o pensamento sociológico

• SociologiaRealidade como encontro entre os homens e os valores aos quais se vinculam

Sociologia como possibilidade de captação da interação entre os homens e valores no seio da vida cultural (ação social)

Sociedade reside na interação entre os indivíduos

No fragmento a ser estudado se encontra os valores do investigador

Page 68: Durkheim, marx, weber

1 Weber (1864-1920) e o pensamento sociológico

• SociologiaO objeto das ciências da cultura será a decifração da significação da ação social

A única maneira de estudar esse objeto é a compreensãoAção social ocorre quando um indivíduo leva os outros em consideração no momento de tomar uma atitude, de praticar uma ação

Agir em sociedade supõe algum grau de racionalidade por quem age

Page 69: Durkheim, marx, weber

1 Weber (1864-1920) e o pensamento sociológico

• Tipos de ação social:Ação racional com relação a finsAção racional com relação a valoresAção afetiva ou emocionalAção tradicional

Page 70: Durkheim, marx, weber

1 Weber (1864-1920) e o pensamento sociológico

• Tipos puros ou ideais de açãoNa prática, a vida não ocorre rigidamente como aparece segundo os tipos

É importante isolá-los para entender a ação

Page 71: Durkheim, marx, weber

1 Weber (1864-1920) e o pensamento sociológico

Construção do tipo ideal: construção mental a partir de vários exemplos históricos. É um exagero que jamais será encontrado na prática (puro no sentido de mais racional possível)

Seleção, na teia inesgotável de eventos e processos, do aspecto a ser investigado

Comparação entre o mundo empírico e o tipo construídoComplexidade do real apresentada no afastamento ou aproximação do tipo id.

Page 72: Durkheim, marx, weber

1 Weber (1864-1920) e o pensamento sociológico

O método individualista:Comportamentos dos agentes são dotados de intencionalidade

Estado, igreja, capitalismo reduzem-se a categorias que se referem a determinados modos de o homem agir em sociedade

Indivíduo como único portador de comportamento provido de sentido, de intencionalidade

Page 73: Durkheim, marx, weber

2 O indivíduo e as instituições sociais

O indivíduo, ao agir, leva em consideração, o comportamento dos outros. Ele é obrigado a relacionar-se também com as normas sociais consolidadas, institucionalizadas, que influenciam o seu agir

Page 74: Durkheim, marx, weber

2 O indivíduo e as instituições sociais

Comunidade...Agir em comunidade é aquele agir que se baseia nas expectativas que temos com relação ao comportamentos dos outros

Quando agimos racionalmente, esperamos que os outros também ajam assim, para que possamos calcular as possibilidades reais de levarmos nossos objetivos até o fim

Page 75: Durkheim, marx, weber

2 O indivíduo e as instituições sociais

Comunidade...Agir em comunidade também pode se fundamentar:

Expectativa de que os outros dêem determinado peso a certos valores e crenças

Expectativa de que os outros se comportem de um modo regular, na média dos comportamentos geralmente usados para aquela situação

Expectativa de que se comportem de modo afetivo, emotivo

Page 76: Durkheim, marx, weber

2 O indivíduo e as instituições sociais

Comunidade...Agir em comunidade é comportar-se com base na expectativa de que os outros também se comportem de um determinado modo

Page 77: Durkheim, marx, weber

2 O indivíduo e as instituições sociais...sociedadeÉ um agir no qual as expectativas se baseiam nos regulamentos sociais vigentes

Quando o indivíduo calcula que é melhor agir com base nas regras também porque os outros igualmente agem segundo as regras, ele está agindo em sociedade

Regras funcionam como uma espécie de condensação de expectativas recíprocas, tornando o universo organizado e inteligível pelos atores individuais

Page 78: Durkheim, marx, weber

2 O indivíduo e as instituições sociais...sociedadeOrdem socialQuanto mais disseminada socialmente estiver a convicção de cada um de que as regras são obrigatórias para eles, melhor fundamentadas serão as expectativas de uns com relação ao comportamento dos outros

ConvençãoDireito

Page 79: Durkheim, marx, weber

2 O indivíduo e as instituições sociais...sociedadeAssociação racional com finsEm busca de seus objetivos e levando em consideração a existência das normas, o ator social pode deliberadamente fazer parte de uma coletividade orientada de modo comum por estes referenciais

Estipula-se os órgãos, os fins, os estatutos e o aparato da coação da associação. Cada sócio confia que os demais se comportarão conforme as normas e orienta por isso sua ação

Page 80: Durkheim, marx, weber

2 O indivíduo e as instituições sociais...sociedadeInstitucionalização das associaçõesSão instituições sociais as formas de comunidade religiosa que chamamos de igreja ou formas mais estruturais de vida política entre os homens, que costumamos chamar de Estado

Quanto mais as pessoas assimilam subjetivamente as regras, mas a previsibilidade aumenta

Page 81: Durkheim, marx, weber

2 O indivíduo e as instituições sociais...sociedadeEstadoA durabilidade dessa associação através das gerações de indivíduos e a necessidade de estabelecer uma regulamentação que recubra toda a vida social faz com que o pertencimento a ela não seja voluntário

Page 82: Durkheim, marx, weber

2 O indivíduo e as instituições sociais...sociedadeEstadoHistoricamente, as associações políticas humanas e o Estado em particular, passaram por um processo de institucionalização. Neste processo, as regras foram se tornando cada vez mais racionais e estabelecendo os meios mais adequados para levá-los a cabo (como punições que vão de multas em dinheiro a meses de reclusão)

Page 83: Durkheim, marx, weber

2 O indivíduo e as instituições sociais...sociedadeEstadoPoder de imposição (dominação) de homens concretos sobre a “ação em associação” de outros homens

Possibilidade de aplicação de uma coação (física ou psíquica)Agir segundo os fins da associação é agir segundo o consensoAs possibilidades do consenso ser posto em prática na vida social serão tanto maiores quanto mais houver legitimidade

Page 84: Durkheim, marx, weber

3 Desencantar o mundoSentido histórico do processo de racionalização

Crescente transformação das associações em instituições organizadas de maneira racional referentes a fins se opera na sociedade

Abandono crescente das concepções mágicas e tradicionais como justificativas para o comportamento dos homens e para a administração social

Page 85: Durkheim, marx, weber

3 Desencantar o mundoSentido histórico do processo de racionalização

a) Dominação tradicional

a – legitimidade baseada na tradição

b) Dominação carismáticac) Dominação racional-legal

b – legitimidade baseada no carisma do líder

c – legitimidade baseada na lei e na racionalidade que está por trás da lei

Page 86: Durkheim, marx, weber

3 Desencantar o mundoSentido histórico do processo de racionalização

Se a associação estatal passa por um processo de racionalização e de burocratização, as formas de dominação no Ocidente caminham tendencialmente para o tipo racional-legal

Page 87: Durkheim, marx, weber

3 Desencantar o mundoSentido histórico do processo de racionalização

Quanto mais complexa a sociedade, mais conflitiva tende a ser a interação entre os indivíduos e grupos, uma vez que maiores serão as constelações de interesses que se contrapõem e maior tb a necessidade de regulamentá-los

Na dominação racional-legal a obediência não é devida à figura do líder, mas à posição que ele ocupa no aparato de dominação, devidamente garantida pela legislação racional

Page 88: Durkheim, marx, weber

3 Desencantar o mundoSentido histórico do processo de racionalização

O exercício da autoridade racional depende de um quadro administrativo hierarquizado e profissional, que se caracteriza pela existência de uma burocracia

O sentido histórico do processo de racionalização é uma crescente transformação dos modos informais e tradicionais de legitimidade em instituições organizadas racionalmente, impessoal e legalmente legítimas

Page 89: Durkheim, marx, weber

3 Desencantar o mundoFormação do Estado moderno e capitalismo, e seus dois aspectos:Lógica da racionalidade, da obediência à lei e treinamento das pessoas para administrar as tarefas burocráticas do Estado

a) Constituição de um direito racionalb) Constituição de uma administração racional em moldes burocráticos

Page 90: Durkheim, marx, weber

3 Desencantar o mundoFormação do Estado moderno e capitalismo, e seus dois aspectos:

a) Oferece as garantias contratuais e a codificação básica das relações de troca econômica e troca política que os sustentam

b) Desenvolvimento da empresa capitalista moderna oferece o modelo para a constituição da empresa de dominação política própria do capitalismo, o Estado burocrático