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Dom Bosco Parte III: Com a cara e a coragem www.catequesecasa.wordpress.com

Com a cara e a coragem

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Dom Bosco

Parte III: Com a cara e a coragem

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Dom Bosco inicia a procura do local indicadoem sonho. Por enquanto, vai reunindo seusmeninos ao ar livre. Fala com Miguel Rua, ojovem que seria seu braço direito e sucessor,propondo a ele uma sociedade: metade cadaum, o que o rapaz não consegue entender.

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No dia 25 de maio de 1845, o P. Tésio, capelão de São Pedro in Víncoli, onde havia umcemitério, convidou D. Bosco para celebrar a eucaristia. D. Bosco veio com os jovens.Depois da missa, começaram a correr ruidosamente pelo pátio e pórticos. A criada dopadre ficou apavorada, e, a seguir, enfurecida. Pôs-se a gritar, a perseguir, a agitar ocabo de vassoura, enquanto suas galinhas, assustadíssimas, fugiam perseguidas pelosmeninos… Chegou até Dom Bosco, cobrindo-o de injúrias. Dom Bosco compreendeuque o melhor a fazer era deixar o local.

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Os garotos preocupam-se com a situação eD. Bosco os tranquiliza. -‛Paciência, minhagente. Nossa Senhora nos ajudará, podemter certeza. Um dia teremos pátios só paranós. Mas, por enquanto, o jeito é migrar.‛

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Na rua, as opiniões sobre D. Bosco e seusjovens estão divididas. Uns não acreditam queum só padre possa controlar tantos moleques.Outros, sabem que os garotos são bemdirigidos, que vão à missa, rezam e comungam.E que também se divertem, como os demais.

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Os comandados de Bosco já são agora 400. Todoso estimam muito, e ele tem para cada um umapalavra de estímulo. Certos domingos, faziamuma verdadeira parada militar e, em desfile, sedirigiam para a missa em outro local. Já haviaquem se alarmasse, vendo tantos garotos juntos.

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O Ministro Cavour pede a D. Bosco quedispense os jovens, pois eles poderão fugirao seu controle. Bosco se nega a fazê-lo,alegando que eles não tem onde ficar.Como solução, o Ministro forma escolta deguardas, para garantir a segurança.

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Sem querer, foi o próprio Dom Bosco que deu o pretexto para que se espalhasse oboato de que estava ficando louco. Para levantar o ânimo dos meninos que deviammudar-se de um cemitério para um moinho, de uma pensão para um prado, DomBosco começou a contar-lhes seus sonhos. Falava de um oratório grande eespaçoso; de igrejas, casas, escolas, oficinas, rapazes aos milhares, padres à suatotal disposição. Coisas todas que brigavam com a realidade precária de cada dia.

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Os padres, colegas de Dom Bosco,começam a suspeitar que ele estavasofrendo de perturbações mentais, poissuas palavras parecem fora da realidade.Um dia, convidam-no para um passeio,mas seu objetivo é levá-lo ao hospício.

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Percebendo a intenção dos dois padres, D. Boscofaz com que eles entrem primeiro na carruagem e,em seguida, ordena ao cocheiro que leve-osurgente ao manicômio. Assim, quem foi parar nohospício foram os outros dois, e não Dom Bosco.

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D. Bosco começa a se defrontar com mais problemas: os donos do prado onde estavamreclamam que os garotos destruíram toda a plantação: ‚Isso vai virar um deserto, diziam. Umaestrada de chão batido! Tenha paciência, meu caro padre. Assim não dá. Dispensamos opagamento do aluguel, mas devemos despedi-lo‛. Deram-lhe quinze dias para sair. Isso tudoentristece e preocupa o bom padre. ‚Ao cair da tarde desse dia‛, escreveu Dom Bosco,‚contemplei a multidão que brincava. Estava só, sem forças e com a saúde abalada.Afastando-me um pouco dali, pus-me a caminhar sozinho. Não pude reprimir as lágrimas eexclamei: ‘MeuDeus, dizei-me o que devo fazer’‛.

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-‛E, agora, Senhor, para onde vamos?Pobres meninos, são levados e grosseiros!Mas são meninos, precisam brincar! Todosme obedecem, me querem muito. Senhor,ajudai-me! Nossa Senhora, mostrai-me olugar do sonho!‛

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Neste momento, chegou um homem gago, Pancrácio Soave, fabricante de soda e detergentes.Ele disse:- É verdade que o senhor procura um lugar para fazer um laboratório?- Um laboratório não, um oratório.- Não sei qual a diferença. Mas o lugar existe. Venha vê-lo. É propriedade do Sr. Francisco Pinardi,pessoa honesta.O lugar destinado para Dom Bosco era um telheiro. D. Bosco esteve a ponto de recusá-lo. D. Boscoalugou por um ano, pagando trezentas e vinte liras. Podia dispor do telheiro e da nesga de terrenoao lado, para o recreio dos meninos.

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Fascinado, D. Bosco voltou correndo paraos meninos e disse: ‚Novidades, meusfilhos! Achamos o oratório! Teremos igreja,escola e pátio para pular e jogar. Domingoiremos para lá. É na casa Pinardi!‛.

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D. Bosco estava muito feliz, poisencontrara a casa de seus sonhos. É bemverdade que não era nenhum palácio,tinha até alguns problemas, mas ele sabiaque seus jovens eram trabalhadores e logotudo estaria em ordem.

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E a turma toda começou a reforma geralcom muito humor e entusiasmo. Afinal,estavam trabalhando na sua própria casa! Acasa que Nossa Senhora disse que Boscoencontraria.

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Depois de alguns dias de dedicado trabalho, obarracão era outra coisa. Foi transformado emcapela. D. Bosco disse aos meninos que mais tardeeles teriam outra ainda maior que aquela.Colocouos castiçais, a cruz, a lâmpada e um pequenoquadro de São Francisco de Sales.

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O dia 12 de abril de 1846 foi um grande dia: nessa manhã de Páscoa, todos os sinosda cidade repicavam festivos. No telheiro Pinardi não havia sino. Mas o afeto deDom Bosco chamava os rapazes para a ‚baixada‛ de Valdocco. Encheram toda acapela. Assistiram em silêncio a bênção da capela e a missa celebrada por DomBosco. Depois, apanhando às pressas o pãozinho costumeiro, espalharam-se pelosprados. E a alegria explodiu. Finalmente, tinham uma casa só para eles!

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D. Bosco ia cada vez mais desenvolvendosuas atividades. Era visto em andaimes eoficinas, para saber do comportamento deseus jovens, dos salários que percebiam, dashoras de trabalho e da saúde de cada um.Tratava diretamente com os empregados arespeito dos interesses de ambas as partes.

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Era incansável… Junto aos empreiteiros,procurava convencê-los a pagar um saláriomais justo aos rapazes. E era quaseimpossível negar alguma coisa àquelapessoa tão educada e simpática! Ao finalda conversa, ele ganhara mais um amigo.

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Um dia, porém, o corpo cansado de Dom Bosco serendeu ao trabalho. Foi no primeiro domingo dejulho de 1846. Voltando para seu quarto, no Refúgio,Dom Bosco desmaia. Carregaram-no para a cama.‚Tosse, inflamação violenta, golfadas de sangue pelaboca‛: palavras que, com toda a probabilidade,equivalem a ‚pleurite com febre alta, hemoptise‛.Um complexo de gravíssimas enfermidades paraaquele tempo. ‚Em poucos dias, fui julgadomoribundo‛. A notícia se espalha e os jovens rezampara que D. Bosco não morra. Oito dias ficou entre avida e a morte.

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Devido ao esgotamento, os médicosprescreveram uma longa convalescença, emrepouso absoluto. Dom Bosco foi para osBecchi, à casa do seu irmão e de sua mãe. Masprometeu aos meninos: pelo cair das folhas,aqui estarei novamente em meio a vocês.

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Dias depois, D. Bosco vai até Becchi. Naslongas caminhadas solitárias, Dom Boscoconstruiu lentamente o seu projeto para ofuturo imediato. Numa noite de outubro,convidou a sua mãe para ir passar uns temposcom ele. E sua mãe, preocupada com seuestado de saúde, resolve ir morar com ele. Eladespede-se com saudade de sua casa e ambospartem a pé para Turim no dia 3 de novembrode 1846.

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No caminho, um padre, colega de D.Bosco, se alegra ao vê-lo com saúde. Boscodiz que agora está tudo bem,principalmente porque ficará ao lado damãe. O colega então oferece a ele umrelógio, como ajuda para seus meninos.

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Chegando ao seu destino, Bosco mostra a sua mãe a casa Pinardi. MamãeMargarida está muito alegre. Disse ao filho: nos Becchi, era todo o dia aquela lutapara pôr ordem, limpar os móveis, lavar as panelas. Aqui poderei descansar umpouco mais. D. Bosco pregou na parede um crucifixo e uma pequena imagem deNossa Senhora. E enquanto Margarida preparava alguma coisa para comer,ajeitou as camas para a noite. Juntos puseram-se a cantar. Um rapaz chamadoEstevão Castagno ouviu-os cantar. E a notícia voou de boca em boca entre osjovens de Valdocco: –Dom Bosco voltou!

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Agora, já recuperado, é carregado emtriunfo pelo seu pessoal, numa alegriaincontida e única. Seu orientador e amigoestava forte novamente, graças à NossaSenhora. Isso aconteceu no domingo, dia 8de novembro.

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Numa noite de abril de 1847, D. Bosco feza primeira experiência de acolher jovensno palheiro da casa Pinardi. Colocou meiadúzia de rapazes. Decepção. Na manhã, oshóspedes haviam sumido, levando ascobertas que Mamãe Margarida lhes tinhaemprestado.

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Noite de maio. Chove a cântaros. Dom Bosco e sua mãe acabam de jantar. Alguém bate no portão.É um rapaz molhado, enregelado, de uns 15 anos.- Sou órfão. Venho de Valsésia. Trabalho de pedreiro, mas ainda não achei emprego. Estou comfrio e não sei para onde ir…-Entre – diz D. Bosco – ponha-se ali perto do fogo. Molhado como está, vai ficar doente.Enquanto se aquece e enxuga a roupa, Mamãe Margarida prepara alguma coisa para comer.Segue-se um diálogo. Depois, colocam-no para dormir. Mamãe Margarida fez-lhe algumasrecomendações sobre a necessidade do trabalho, da honradez e da religião. Os salesianos viram,carinhosamente, nesse ‚sermãozinho‛ de Mamãe Margarida, a primeira ‚boa noite‛ com que secostumam concluir as atividades do dia nas casas salesianas e que D. Bosco julgava ser ‚a chaveda moralidade, do bom andamento e do bom êxito da educação‛. O 2º interno foi um jovem declasse média, que tinha perdido o pai e a mãe.

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O terceiro foi José Buzetti. Depois, aovisitar os doentes, no hospital, Boscoencontra um jovem que caíra de umandaime. Sem esperanças de voltar atrabalhar, ele se desespera. D. Boscoresolve o problema, levando-o tambémpara morar com os outros meninos.

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Qualquer local é bom para D. Bosco seinteressar pelos jovens. Na barbearia,deixa-se barbear por um aprendiz, (CarlosGastini) para dar-lhe mais confiança eentusiasmo. O rapaz conta que sua mãeestá no interior, doente.

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Dias mais tarde, os dois novamente seencontram e o jovem barbeiro conta quesua mãe faleceu. Com a bondade que ocaracterizava, D. Bosco leva o rapaz paramorar com os outros.

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A guerra que assolava a Itália deixava paratrás muitos órfãos e abandonados.Buscando ajuda de famílias ricas, D. Boscoconseguiu aumentar o espaço para abrigaros necessitados.

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E assim, pouco a pouco, ele ia introduzindoa cultura e a humildade entre a rapaziada.Sua boa vontade era ilimitada.

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Depois de alguns anos, D. Bosco eraconhecido por todos em Turim. Já nãohavia mais espaço para abrigar todos osjovens necessitados. E ele resolve entãoque os de Porta Nova terão uma sedeprópria, lá mesmo.

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O Arcebispo de Turim, Marquês Luís Fransoni (1789-1862), visitou pelaprimeira vez o Oratório no dia 21 de junho de 1847, para administrar aConfirmação. ‚Foi nessa ocasião, relembra Dom Bosco, que o Arcebispo, aoreceber a mitra na cabeça, esqueceu que não estava na catedral: levantou umtanto apressado a cabeça e bateu com ela no teto da capela. Rimos todos: ele eos presentes‛. Dom Fransoni sussurrou: ‚É preciso respeitar os meninos deDom Bosco e falar-lhes com cabeça descoberta‛.

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Em 1851, jovens crescidos aos cuidados deBosco tornam-se seminaristas, para depoisajudá-lo no trabalho de assistência aos queprecisam. Mais tarde, muitos maisseguiriam o mesmo caminho.

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Ao mesmo tempo, outros ajudavam a DomBosco no setor profissional.-‛Um dia terei, entre os meus sócios detrabalho juvenil, mestres de mecânica,tipografia e muitos outros ofícios‛.

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Em junho de 1852, D. Bosco inaugurou a nova igreja quetinha construído ao lado da Casa Pinardi. Era dedicada aSão Francisco de Sales. No dia 2 de dezembro de 1852, oedifício que estava sendo construído na ala leste da casade Dom Bosco, visando ampliar sua Obra, desmoronou.Neste ano, eram 100 os meninos residentes.

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Um dia, durante o café da manhã, acabaram-se o pão e as frutas. D. Bosco, então, viu-seobrigado a servir castanhas aos jovens. Nãoeram muitas, mas foram suficientes paratodos. E, pela primeira vez, quem sabe,naquela tarde, os meninos, com as mãoscheias de pobres castanhas, gritaram: ‚DomBosco é um santo!‛

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‚Agradeço a Deus a felicidade de estar ao seu lado, trabalhando pelos nossosfilhos. Mas não sei até quando.‛ disse Mamãe Margarida, numa das noites emque se encontravam juntos. Dom Bosco escrevendo e Margarida consertandoe remendando as roupas dos meninos do Oratório.-‛Mamãe, enquanto houver meninos abandonados quero dar minha vida poreles. Depois, outros continuarão nosso trabalho.‛