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PROJETO ISAQUE – ANO BASE DE CRESCIMENTO ESPIRITUAL Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior Discipulado

Projeto Isaque - Discipulado

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PROJETO ISAQUE – ANO BASE DE CRESCIMENTO ESPIRITUAL

Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior

Discipulado

Projeto Isaque – Ano Base de Crescimento Espiritual

Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior

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Projeto Isaque – Ano Base de Crescimento Espiritual

Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior

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Sumário ................................................................................................................................................................. 3

PRIMEIRO ENCONTRO ....................................................................................................................... 4

BASES BÍBLICAS DO DISCIPULADO ........................................................................................... 4

INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 4

Discipulado no Ministério de Cristo ............................................................................................... 5

Analisemos alguns princípios importantes: ..................................................................................... 5

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO PESSOAL...................................................................................... 7

SEGUNDO ENCONTRO ....................................................................................................................... 8

BASES BÍBLICAS DO DISCIPULADO (Parte II) ........................................................................... 8

BASES BÍBLICAS PARA ‘ADOÇÃO’ ......................................................................................... 8

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO PESSOAL.................................................................................... 11

TERCEIRO ENCONTRO..................................................................................................................... 12

EMPECILHOS E MOTIVAÇÃO ..................................................................................................... 12

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO PESSOAL.................................................................................... 14

QUARTO ENCONTRO ....................................................................................................................... 15

O DISCÍPULO NÃO REAGE .......................................................................................................... 15

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO PESSOAL.................................................................................... 19

QUINTO ENCONTRO ......................................................................................................................... 20

O DISCIPULADO É RELACIONAL .............................................................................................. 20

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO PESSOAL.................................................................................... 23

SEXTO ENCONTRO ........................................................................................................................... 24

LIDANDO COM ÁREAS PROBLEMÁTICAS .............................................................................. 24

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO PESSOAL.................................................................................... 26

SÉTIMO ENCONTRO ......................................................................................................................... 27

O PROCESSO E O PACTO DO DISCIPULADO ........................................................................... 27

ENTENDENDO O PACTO DO DISCIPULADO ............................................................................... 29

AUTO AVALIAÇÃO ........................................................................................................................... 30

Anotações .............................................................................................................................................. 31

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PRIMEIRO ENCONTRO

BASES BÍBLICAS DO DISCIPULADO

INTRODUÇÃO

O vocábulo grego que, em português, traduzimos por ‘discípulo’, mathetês, ocorre no

Novo Testamento cerca de 260 vezes. Uma vez, em Atos 9.36, surge o vocábulo mathetria,

‘discípula’.

A princípio, ‘discípulo’ era apenas alguém que se dispunha a ouvir um pregador, e

assim foi essa palavra usada no Novo Testamento. Não podemos ainda nos esquecer que

muitos vocábulos, que para nós hoje tem sentido especial, foram tirados por Jesus e pelos

apóstolos do cotidiano, Igreja (ekklêsia), por exemplo.

Vejamos o uso em: Mateus 5.1; 7.28-29; João 6.60-61, 66.

Esta palavra evolui à medida que o Senhor foi dando a ela significado. Até que veio,

praticamente, a se tornar sinônimo de cristão maduro e comprometido com o Mestre: Atos

6.1; 9.1; 11.26.

Já vimos, no treinamento “Conhecendo o Programa”, que, no texto mais claro e

completo sobre a ‘Grande Comissão’ do Senhor Jesus (Mateus 28.18-20), há apenas uma

ordem:

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Vejamos como isso se deu no ministério do Senhor

Discipulado no Ministério de Cristo

Tudo começou aparentemente sem nenhum impacto. “A preocupação de Cristo não

era com programas para atingir multidões, e sem com homens a quem as multidões a quem as

multidões seguiriam”.

Homens era seu método! Jesus investiria tudo em poucos homens aos quais

entregaria a continuidade do Seu trabalho:

1. João e André foram os primeiros a serem convidados (João 1.35-40);

2. André trouxe seu irmão, Pedro (João 1.41-42);

3. No dia seguinte, Jesus encontrou Filipe (João 1.43-51);

4. Diversos meses mais tarde, um outro chamado, à beira mar da Galiléia, e Tiago,

irmão de João, adentra ao grupo (Marcos 1.19; Mateus 4.21);

5. Pouco depois, Mateus é convidado quando Jesus visitava Cafarnaum (Marcos

2.13-14; Mateus 9.9; Lucas 5.27-28).

Embora não haja registros da chamada dos demais apóstolos acredita-se que

aconteceu ainda no primeiro ano de seu ministério (ver Atos 1.21, 22).

Quem eram esses homens?

1. Não eram do tipo acadêmicos ou filósofos em sua época (Atos 4.13);

2. Vieram das regiões mais pobres, em redor da Galiléia;

3. Não podiam, nenhum deles, ser considerados ricos;

4. Eram temperamentais, impulsivos, preconceituosos...

Mas foram eles que Jesus escolheu e, com eles, iniciou em trabalho seleto (Lucas

6.13-17; Marcos 3.13-19).

Analisemos alguns princípios importantes:

1. “Quanto mais concentrado for o tamanho do grupo que está sendo instruído, maior

será a oportunidade de instrução eficaz” (Robert Coleman).

Jesus teve inúmeras oportunidades de atrair grandes multidões (João 6.15), mas não

raras vezes esquivou-Se da popularidade (João 2.23; 3.3; 6.26, 27).

Se queremos aplicar esse princípio hoje é fácil! Paremos de nos preocupar com

multidões, e pensemos em firmar cada vida que for atraída pelo evangelho. Isso leva tempo, é

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cansativo e doloroso, mas foi assim que Jesus fez. Ele não Se lançou às multidões, antes,

preparou homens para que pudessem atende-las.

2. “Jesus ficava com os discípulos” (Robert Coleman).

Uma vez que Jesus chamou aqueles homens, Ele estabeleceu a prática de estar com

eles. Ele não tinha nenhum curso formal. Tudo que tinha era a Sua própria pessoa. Ele era a

Sua própria escola e o Seu próprio currículo. E o que o Senhor fez a fim de ensinar aqueles

homens? Apenas os atraiu a Si. E o conhecimento era obtido pela integração com Ele (João

14.4-9; Lucas 11.1).

3. “Ele exigia obediência” (Robert Coleman).

Não requeria que fossem espertos, mas tinham de ser leais. Talvez no inicio pudesse

parecer fácil, mas logo ficou claro que seguir a Cristo envolvia mais compromissos.

Significava, de fato, a rendição da vida em todos os aspectos (Lucas 16.13). Havia uma cruz

no discipulado (Lucas 9.23-25; Mateus 16.24-26; João 12.25).

O treinamento era duro! As multidões não suportavam (João 6.60).

Jesus, por outro lado, nunca barateou a Sua mensagem nem enganou quanto a dureza

da caminhada (Mateus 8.19-20). Não aceitava desculpas (Mateus 8.21-22; Lucas 9.62).

4. “Jesus mostrou-lhes como se deve viver” (Robert Coleman).

Na vida de oração, por exemplo, por mais de vinte vezes os evangelhos chamam a

atenção para a prática de oração seguida por Jesus. Há menção especial em momentos

especiais de Sua vida:

Em Seu batismo (Lucas 3.21), na escolha dos doze (Lucas 6.12), no Monte da

Transfiguração (Lucas 9.29), na última ceia e no Getsêmani (Mateus 26.27; Lucas 22.29-46),

e na Cruz (Lucas 23.46).

À semelhança da vida de oração, a consciência evangelizadora dos discípulos foi

formada pelo que viram no Mestre (Mateus 4.19; 9.35-38; Marcos 6.34-37; João 4.31-35).

5. “Jesus distribuiu trabalho entre os discípulos” (Robert Coleman).

Embora Jesus nunca tenha Se mostrado prematuro em delegar trabalho aos Seus

discípulos, também não os desencorajou em suas primeiras iniciativas de testemunharem de

sua fé. André trouxe Pedro e Filipe encontrou Natanael, Mateus convidou seus amigos a um

baquete em sua casa (Mateus 9.9-10). Mas chegou o momento de pô-los em prática e o fez

(Lucas 9.1-2; 10.1).

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6. “Jesus supervisionava os discípulos” (Robert Coleman).

O Senhor estabeleceu a norma de ouvir os relatórios dos discípulos após as jornadas

(Lucas 9.10; 10.20; Mateus 17.14-20).

7. “Jesus esperava que os discípulos se multiplicassem” (Robert Coleman).

Jesus tinha por intenção que Seus discípulos produzissem outros discípulos à

semelhança deles mesmos. Esse é exatamente a forma pela qual Ele, o próprio Cristo (Mateus

16.18), através do Espírito Santo, age para a expansão do Reino de Deus (Mateus 13.32; João

15.1-17; Mateus 28.19).

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO PESSOAL

1. Quando Jesus recrutou seus discípulos, parece não ter levado em conta critérios como

intelectualidade, capacidade acadêmica ou nobreza de origem. O que isto lhe ensina,

praticamente?

2. Jesus não usou métodos formais. Em sua opinião, o que Ele realmente valorizou na

formação de Seus discípulos?

3. Vimos que não eram muitas as virtudes dos discípulos de Jesus. Qual a característica

importante que poderemos encontrar neles?

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SEGUNDO ENCONTRO

BASES BÍBLICAS DO DISCIPULADO (Parte II)

Sustentaremos que, assim como a tarefa da evangelização é para todos os genuínos crentes,

semelhantemente, a tarefa do discipulado também o é, uma vez que não podemos separar um da outra.

Estudamos, no treinamento “Conhecendo o Programa”, sobre os lamentáveis resultados de uma

igreja que tem a evangelização como o fim da jornada.

O Novo Testamento nos oferece matéria suficiente para afirmarmos que todos os crentes

estavam envolvidos no empenho de levarem outros à maturidade cristã. O fato fica plenamente

estabelecido pelas seguintes razões:

1. Uma marca indelével de um discípulo é que foi ele designado para fazer discípulos, pelo

Senhor (João 15.1-5, 16; Mateus 5.19);

2. A Igreja Primitiva, com 120 membros (Atos 1.15) conseguiu integrar 3.000 novos

convertidos que surgiram num só dia (Atos 2.41);

3. Todos os habitantes da Ásia ouviram o evangelho, em espaço de dois anos e meio (Atos

19.10), sem que Paulo tenha saído de Éfeso, sua capital;

4. O escritor aos Hebreus lamenta pelos seus leitores não terem se tornado mestres,

‘atendendo ao tempo decorrido’ (Hebreus 5.12);

5. A função dos ministros não é a de responsabilizarem-se pelo cuidado diário de todos os

membros da comunidade (Efésios 4.11-12), pois esta tarefa está entregue a mutualidade

dos membros do Corpo de Cristo (Colossenses 3.16; 1 Tessalonicenses 5.11);

6. Paulo deixa claro a Timóteo o que deve ele fazer com o que aprendeu (2 Timóteo 2.2);

7. Outra clara realidade que salta do Novo Testamento é o fato da prioridade do discipulado

no ministério apostólico. Paulo declara em Colossenses 1.28-29 que “adverte” e

“ensina” a “todo” homem, em “toda” sabedoria, e trabalha duramente, com

sofrimentos... com o objetivo de apresentar todo o homem perfeito em Cristo,

BASES BÍBLICAS PARA ‘ADOÇÃO’

A questão agora é: Como eu e você podemos nos envolver na tarefa de levar nossos

crentes à maturidade?

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A resposta é simples: “adote” um novo crente. Relacionamentos centrados na

Verdade sempre foi o método de Deus para levar homens a serví-lO efetivamente. Vejamos

alguns exemplos:

No Velho Testamento:

1. O Caso Melquisedeque e Abraão

Ainda que a Bíblia não mencione sobre um relacionamento duradouro entre eles, um

fato fica claro, a saber, mesmo o ‘pai da fé’ precisa de alguém ‘sobre ele’ (Gênesis 14.18-20);

2. O Caso Jetro e Moisés

Moisés passou 40 anos na terra de Midiã com o seu sogro, Jetro, que era sacerdote ali

(Êxodo 2.15-22). Não sabemos que tipo de influência ocorreu de Jetro sobre Moisés. É fato

que Deus estava, de alguma forma, preparando o libertador de Israel. Também encontramos

Jetro dando um valioso conselho ao seu genro em Êxodo 18, a partir do versículo 17;

3. O Caso Moisés e Josué

Aqui já não temos dúvidas que o grande líder Moisés ‘adotou’ e treinou

pessoalmente a Josué para a responsabilidade de substituí-lo na liderança da nação de Israel

na conquista da terra. Em Êxodo 17.9, encontramos Josué liderando a guerra contra

Amaleque. Em Êxodo 24.13, Moisés conduz seu pupilo pessoalmente ao monte de Deus. Em

Números 27.18-20, Deus ordena Moisés que faça de Josué o seu substituto. Em

Deuteronômio 3.21, 22, lemos que Moisés dava instruções pessoais a Josué. Em Números

11.25-29, nos deparamos com Moisés corrigindo a Josué, à semelhança do Mestre com os

seus discípulos (ver Marcos 9.38-39);

4. O Caso Eli e Samuel

Embora Eli não tenha sido bem sucedido com os filhos, o foi com Samuel, o último

dos juízes e o primeiro profeta e líder responsável da nação em uma complicada época de

transição de teocracia para monarquia (1 Samuel 2.18-21; 3.7-9);

5. O Caso Elias e Eliseu

Em 1 Reis 19.19-21, somos informados do início da caminhada, quando Elias

“lançou sobre ele o seu manto”. Esse era um ato conhecido de torna-lo como sucessor. Em 2

Reis 2.1-14, temos a sucessão. Em 2 Reis 3.11, temos uma informação da relação mestre-

discípulo que havia entre ambos. A expressão ‘deitar água’ indica uma relação semelhante

entre Jesus e seus discípulos, uma relação de servos, amigos, discípulos e sucessores.

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6. O Caso Eliseu e Geazi

Embora Geazi não tenha permanecido com Eliseu, este o tomou por algum tempo

por seu discípulo (2 Reis 4.12). Em 2 Reis 4.42-44, Geazi é conduzido por Eliseu a uma

experiência semelhante a dos discípulos de Jesus (Marcos 6.35-37). Após o afastamento de

Geazi, Eliseu toma para si outro discípulo (2 Reis 6.15-17);

No Novo Testamento:

1. O Caso Jesus e os doze.

Como já vimos, Jesus escolheu os doze para estarem com Ele e aprenderem dEle.

Estava formando os futuros líderes da Igreja.

2. O Caso Barnabé, Paulo e João Marcos.

José foi um dos mais intrépidos discipuladores do NT, a quem os apóstolos, de forma

justa, chamaram de Barnabé, o “Filho da Consolação” (Atos 4.36). Ele fez um trabalho

brilhante com Saulo de Tarso (Atos 9.27), integrando-o no grupo apostólico, e, anos mais

tarde, levando Paulo a integrar-se com a igreja que iria enviá-lo às missões (Atos 11.25, 26).

Na primeira viagem de Barnabé e Paulo, levaram consigo João (Atos 13.5), que

desistiu de prosseguir em seus primeiros momentos (Atos 13.13). Na seguinte viagem Paulo

não o quis mais levar (Atos 15.37, 38), o que ocasionou o seu afastamento de Barnabé (Atos

15.39). Este, o sempre “Filho da consolação”, tomou João consigo e investiu em sua vida,

dando-lhe nova oportunidade. Trabalho este aprovado pelo próprio Paulo, posteriormente (2

Timóteo 4.11).

3. O Caso Paulo e Timóteo

Quando Paulo ‘adotou’ Timóteo, não estava fazendo nada novo; simplesmente

aplicara o princípio de treinamento pessoal praticado a séculos no preparo de líderes entre os

judeus. Timóteo foi um dos convertidos em Listra, fruto da primeira viagem missionária de

Paulo (Atos 16.1-3), e veio a se tornar seu “verdadeiro filho na fé” (1 Timóteo 1.2),

aprendendo o “modelo das sãs palavras” (2 Timóteo 1.13) e o poderoso princípio de formar

outros (2 Timóteo 2.2).

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PERGUNTAS PARA REFLEXÃO PESSOAL

1. Como você argumentaria, biblicamente, o fato de que cada cristão deve estar

envolvido com a tarefa da evangelização e do discipulado?

2. Isto tem funcionado em sua comunidade? Comente.

3. E em seu cristianismo? Comente.

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TERCEIRO ENCONTRO

EMPECILHOS E MOTIVAÇÃO

EMPECILHOS

Precisamos urgentemente reconhecer a grande distância que nos separa do estilo e enfoque

da experiência cristã primitiva. Embora não possamos justificar, tentaremos, todavia, entender, para

nossa própria reflexão, quais as forças inibidoras do discipulado eficaz.

1. Massificação

A ênfase de nossa época está no trabalho com as massas. Todo o empenho da igreja moderna

está voltando para alcançar as multidões, em detrimento do contato um a um. Tal ênfase alimenta o

roll de cristão anônimos, pois são deixados ao grande público, bem como desapercebe-se das

necessidades espírito-emocionais do novo convertido;

2. Ativismo

Infelizmente há muitos cristãos priorizando tarefas secundárias que acabam tomando o

tempo que deveria se ocupado com o investimento em vidas. Já aprendemos que discipular é uma

ordem máxima do Senhor à Sua Igreja, portanto, deve ser obedecida. Precisamos entender também

que discipulado não é um ato, mas um processo que exige esforço, paciência e tempo;

3. Ênfase exclusiva na Evangelização

Como já vimos, a evangelização não pode ser entendida como o fim do processo, mas o

início dele. Comparativamente, o trabalho do obstetra precisa ser sucedido pelo cuidados paternos;

4. Fraca mensagem evangelística

A mensagem evangelística diluída é um outro problema aos valores do discipulado. São

muitas as “estratégias” de atrair incrédulos à comunidade através de uma mensagem “amigável” e

“leve”, como diriam alguns.

Três questões precisam ser levantadas sobre isto. A primeira é: Qual o teor das mensagens

evangelísticas encontradas no Novo Testamento, no ministério de João Batista, de Jesus e dos

apóstolos? A segunda é: Que tipo de cristianismo divulgamos com a utilização de tais estratégias? A

última seria a extensão da segunda: Que tipo de cristãos formaremos?

5. Forma e currículo inadequados

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Tanto a maneira de fazer como o material a ser utilizado dever sem criteriosamente

reavaliados. O discipulado não se restringe a sala de aula, nem em encontros em casas que se limitam

a transmitir apenas informações. Semelhantemente, o material precisa atender a reivindicações tanto

do aspecto teórico e informativo das doutrinas cristãs como do seu aspecto prático, ético e formativo.

6. Clericalismo oposto ao sacerdócio universal

Ênfase demasiada em grupo profissionalmente treinado, resultando da doentia distinção entre

clero e leigos. Tal pensamento se inicia pelo advento de “Constantino”, no início do século IV e opõe-

se diretamente à doutrina do Sacerdócio Universal dos crentes.

MOTIVAÇÕES

Uma vez que desafiamos as barreiras que se erguem frente ao enfoque sério do discipulado,

poderíamos agora pensar sobre o que nos motiva a engajarmo-nos inteiramente na tarefa de levar

novos crentes à maturidade da fé. Vejamos:

1. Discipulado é vital ao crescimento de quem discípula.

É certo que, quando nos dispomos a abençoar alguém com o ensino da palavra, nós somos,

porque ensinamos, os maiores beneficiados. Certa vez alguém disse: “Você será a mesma pessoa que é

agora daqui a cinco minutos, exceto pelas pessoas que terá encontrado e os livros que terá lido”.

Acompanhar um discípulo tornará você mais sensível à voz do Senhor. Por meio dos

encontros, você nos encontros, você verá mudanças incríveis em sua vida. O apóstolo Paulo

demonstrou ter uma sensível percepção desta verdade quando escreveu aos romanos com o propósito

de vê-los, declarando seu desejo de “comunicar algum dom espiritual”, para, na companhia deles, se

confortassem “pela fé mútua” (Romanos 1.11, 12);

2. Discipulado é ordem

Apenas isto deveria nos bastar. O Senhor mandou e, como escravos, devemos obedecê-lO

(Mateus 28.19);

3. Discipulado produz ‘gozo’ em quem discípula

João, em sua primeira epístola, fala sobre as razões de anunciar o evangelho, “para que

mantenhais comunhão conosco”, e, também, sobre a razão de ensinar por carta, “para que a nossa

alegria seja completa” (1 João 1.3-4 –ARA). Paulo chega a afirmar que se “regozija” nos seus

sofrimentos, por causa do que Deus lhe confiara (Colossenses 1.24-29).

4. Discipulado é vital à vida da célula

O que a enfraquece e, por fim, a faz morrer, é o fato dos membros não terem compromisso

uns com os outros.

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PERGUNTAS PARA REFLEXÃO PESSOAL

1. Há mais algum empecilho, em sua opinião, que impede que a tarefa do discipulado seja mais

eficazmente efetuada?

2. O que poderá levar nossa comunidade a se desviar do enfoque de fazer discípulos?

3. Alguma razão justificaria isto?

4. Qual a razão mais forte que lhe impulsiona a discipular?

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QUARTO ENCONTRO

O DISCÍPULO NÃO REAGE

O PROBLEMA SOU EU?

A primeira iniciativa a ser tomada quando percebemos que o discípulo não reage é a

auto avaliação. Precisamos avaliar a nossa postura como discipuladores, e perguntarmo-nos se

o problema está em nós.

O apóstolo Paulo, pela sua conduta para com os romanos, nos dá orientações sobre

qual deve ser a atitude de quem quer se fazer ouvir. Certamente ele gostaria que os romanos

levassem a sério sua carta, um verdadeiro tratado teológico, que muitos chamam de ‘o

evangelho de Paulo’. Mas a verdade é que tantos tesouros teriam se perdido se Paulo não

tivesse conseguido a atenção e o respeito dos seus leitores.

A questão é: Como conquistar a atenção e o respeito do discípulo? A resposta é

simples e imediata, a saber, demonstrando-lhe afeição, interesse sincero pela sua vida.

Vejamos como Paulo demonstrou isso:

1. Paulo demonstrou interesse pelas suas vidas, ao tomar conhecimento sobre sua fé. De

fato, se nos interessamos pelo bem-estar de alguém nos sentiremos impulsionados a

saber como estão. Vejamos o que disse em Romanos 1.8. O discípulo precisa ver em

você real interesse pela vida dele;

2. Ao mesmo tempo que tomou conhecimento do progresso de sua fé, fez questão, como

era de seu costume, de não poupar elogios. O apóstolo sempre encontrava uma razão

para uma palavra de reconhecimento e de encorajamento (1 Coríntios 1.4-7;

Colossenses 1.3-5). Se o discípulo está se afastando de você, pergunte-se se suas

palavras só são de críticas e cobranças;

3. Paulo ainda demonstrou profundo interesse pelos romanos quando, inclusive

mencionando o testemunho de Deus, prova que intercedia “incessantemente”,

“continuamente” por eles em orações (Romanos1.9). Você tem orado pelo discípulo

que você acompanha? Se tem, ele sabe disto?

4. Ele tomou conhecimento de suas vidas, teceu sinceros elogios, provou que intercedia

por eles, mas não apenas isso. Quem ama quer estar junto, quer está perto.

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Dificilmente demonstraremos a alguém que o amamos se não fazemos nenhum

esforço de vê-lo. Paulo, em todas as suas orações, pedia a Deus que lhe desse

oportunidade de estar com os romanos (Romanos 1.10). Nada mostra mais

desinteresse do que esquecimento, desculpas de última hora, marcar e não cumprir,

falte de pontualidade...;

5. “Tudo bem, ele quer estar conosco, mas por qual razão?” Os romanos poderiam

perguntar. Paulo se antecipa a qualquer questionamento neste sentido, em Romanos

1.11, 13, dizendo que a razão do seu desejo em estar com os romanos é que ele quer

ser útil, “para conseguir algum fruto”, de alguma forma, entre eles. “E assim, quanto

está em mim, estou pronto para também vos anunciar o evangelho, a vós que estais em

Roma” (Romanos 1.15). Em outras palavras, “eu quero ser útil a vocês também”. O

discipulador é um servo! (João 13.1-5) E precisa ser disponível, pronto para servir.

6. Uma outra atitude de Paulo que certamente lhe abriu as portas na Igreja de Roma foi a

sua humildade no tocante à edificação. Paulo não se julgava o único capaz de

produzir crescimento. Para ele, os romanos precisavam dele tanto quanto ele precisava

dos romanos. Paulo sabia que podia dar, ao mesmo tempo que estava pronto para

receber (Romanos 1.12). Que imagem você tem transferido para o discípulo que você

acompanha? De ‘sabe-tudo’? De inflexível? De Super-herói da fé? Incapaz de

reconhecer suas falhas, necessidades e imperfeições?

OU SERÁ ELE O PROBLEMA?

O Senhor Jesus Cristo declarou abertamente a incapacidade inata dos homens de

irem a Ele (João 6.37, 44, 65). “O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita...”

(João 6.63). Daí a necessidade fundamental do homem natural ser “regenerado”. “Porque em

Cristo Jesus nem a circuncisão, nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser nova

criatura” (Gálatas 6.15).

Nas palavras do Dr. Martyn Lloyd-Jones, regeneração é:

1. “A implantação da nova vida na alma”;

2. “O ato de Deus por meio do qual um princípio de nova vida é implantado num homem

ou numa mulher, resultando em que a disposição governante da alma é tornada

santa”.

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Se é assim, a regeneração da alma é a fundamental obra de Deus para tornar o

homem natural em espiritual, visando torna-lo submisso à Sua vontade (João 3.6; 1 Coríntios

2.14, 15; Romanos 8.6-8). Portanto, se o discípulo não reage, a primeira coisa a sondar é se

ele é uma nova criatura. Se ele foi vivificado dos mortos (Ef 2.5, 6). Afinal, não podemos

esperar de quem está morto (Efésios 2.1) que dê sinais de vida.

A seguir, analisaremos algumas marcas indiscutíveis que surgem em um regenerado.

Isto nos proverá meios de averiguarmos se o discípulo ainda está vivo para o pecado

(Romanos 6.10).

1. Um regenerado deseja sinceramente conhecer a Deus

Ele não quer meramente gozar do que Ele tem a oferecer. De fato, um regenerado

experimenta algo daquela fome e sede de Deus expressa pelo salmista (Salmos 42.2), sua

alma anseia pelo Deus vivo. Os não regenerados, embora “estranhos e inimigos” (Colossenses

1.21), embora não amando a Deus, são capazes de buscar Seus benefícios, mas não hesitarão

em dar crédito a qualquer nova “descoberta” sobre a origem evolucionista do homem e da

inexistência de Deus;

2. Um regenerado é continuamente um campo de batalha

Ele está consciente que é um foco de conflito, e que em uma espécie de guerra está

se deflagrando em seu interior (Gálatas 5.17). Portanto, não há nele acomodação ao pecado,

antes, este é o seu inimigo odiável. Quando é vencido, sofre e chora amargamente. Mas a

derrota nunca é o fim! Quando vermos “aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou

avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais”

(1 Coríntios 5.11);

3. Um regenerado ama a família de Deus

Ele, certamente, não terá problemas com a comunhão. Não teremos que pressioná-lo

a estar com a célula porque ele, simplesmente, amará isto. Alguém, sabiamente, escrevendo

sobre 1 João, deu-lhe o título de “as provas da vida”. E é lá que encontramos a seguinte

declaração: “Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos”

(1 João 3.14). Sendo assim, o que pensar de alguém que não suporta a comunhão, odeia os

crentes, não sente prazer na família de Deus e, por fim, decide ser um “cristão solitário”?

4. Um regenerado está sempre disponível

Ainda que seja ele extremamente ocupado, você dificilmente receberá um “não tenho

tempo” de um regenerado, porque ele sempre terá tempo para aquilo que julga importante

(Mateus 4.18-20; 9.9);

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5. Submissão e fidelidade são duas virtudes encontradas em um regenerado.

Um regenerado está sempre disposto a reconhecer seu erro, a ser exortado,

aconselhado e corrigido. Ele reconhece que Deus não aceita menos que um coração

“quebrantado e contrito” (Salmos 51.17). Ademais, Paulo disse a Timóteo quais os homens

que deveriam ser treinados, a saber, os “fiéis” (2 Timóteo 2.2);

6. Um regenerado terá prazer em levar outros à maturidade da fé.

Para ele, será motivo de júbilo aprender que sua primeira e mais importante tarefa

como cristão é apresentar Cristo aos incrédulos e ajudar os conversos em sua caminhada.

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PERGUNTAS PARA REFLEXÃO PESSOAL

1. Você tem tido experiências em levar pessoas à maturidade da fé? Quantas e há quanto

tempo acompanha cada uma?

2. Comente suas frustrações:

3. Em que erro você agora sente que incorreu?

4. Você agora discerne que alguns deles realmente não foram regenerados? Por quê?

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QUINTO ENCONTRO

O DISCIPULADO É RELACIONAL

Discipulado é, basicamente, um relacionamento sincero e profundo centrado na

Palavra de Deus. Não é apenas uma série de reuniões sobre um dado curso de estudo. Mas o

investimento de tudo que você é em outra pessoa.

Veja o que Paulo disse aos gálatas: “Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores

de parto, até que Cristo seja formado em vós” (Gálatas 4.19). veja como a Bíblia nos ensina

claramente sobre o discipulado eficaz:

Deuteronômio 6.6, 7

“Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos,

e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao

levantar-te” (Versão Revista e Atualizada)

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QUEM É O DISCIPULADOR?

Aprendamos, de uma vez por todas, que um discipulador não é apenas um professor,

e que a sua tarefa não se resume em providenciar informações. Vejamos quem ele é e o que

faz:

O discipulador é um amigo

O seu sucesso em reproduzir sua qualidade de vida com Cristo em outro discípulo

aumentará ou diminuirá segundo a força de sua amizade. Sua amizade será, em grande parte,

medida pelo nível do calor humano que se expressará na relação. “Calor humano é uma

atitude de amor e bondade demonstrada por meio de comunicações verbais e não verbais”

(Keith Phillips). O apóstolo Paulo foi certamente um discipulador que fez amigos:

“...porque vos retenho em meu coração, pois todos vós fostes participantes da minha graça...

Porque Deus me é testemunha das saudades que de todos vós tenho...” (Filipenses 1.7, 8)

“Desejando muito ver-te, lembrando-me das tuas lágrimas, para me encher de gozo” (2

Timóteo 1.4)

O discipulador é um conselheiro

Uma das tarefas mais importantes do discipulador é aconselhar. Como conselheiro,

você se preocupará em ouvir, ouvir, ouvir... “Ouvir significa compreender a maneira pela qual

a outra pessoa vê o mundo” (Ralph Neighbour).

Evite estes quatro erros ao ouvir:

1. Ignorar o que está sendo dito;

2. Parecer estar ouvindo, desligando-se da conversa com comentários do tipo “Sim.

Ah, sei... Certo...”;

3. Filtrar o que está sendo dito, escolhendo apenas o que você quer ouvir;

4. Ouvir intensamente, prestando atenção excessiva sem estar sensível aos

sentimentos. Use a “escuta intencional, ou ativa”. “Nesse nível você procura

entender as necessidades, os medos, as alegrias e as fortes convicções do

discípulo”. Ouça com aceitação! Sem julgar ou condenar o que está escutando. E

atente para a sua expressão corporal.

O discipulador é um intercessor

Intercessão é aproximar-se de Deus em favor de outra pessoa. Vejamos alguns

exemplos de intercessão: Gênesis 18.22-33; Êxodo 17.8-16; 32.11-14; Atos 12.1-19.

Intercessão gera vida (I João 5.16).

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O discipulador é um modelo de vida cristã

Qualquer coisa que você venha fazer, seja algo nobre ou não, será modelo para a vida

de alguém. Nós não escolhemos ser modelos, mas sempre somos. É o resultado inevitável de

viver.

Uma outra verdade é que todo modelo tem um modelo (I Coríntios 11.1). Sendo

assim não havia nenhuma atitude presunçosa em Paulo quando ele escreveu estas passagens:

"Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores" (I Coríntios 4.16)

"...sejais como eu..." (Gálatas 4.12)

"Sede também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em

nós, pelos que assim andam" (Filipenses 3.17)

"E vós fostes feitos nossos imitadores, e do Senhor... de maneira que fostes exemplo para

todos os fiéis na Macedônia e Acaia" (I Tessalonicenses 1.6,7)

O discipulador é um professor

Nos dias de Jesus, o ensino era essencialmente oral, com forte ênfase na

memorização. O objetivo não era acumular informações, mas causar transformação na vida

do aprendiz. Em nossa comunidade, o material de estudos a dois foi especialmente preparado

para seus encontros semanais. É fundamental que você esteja pronto para transferi-lo para

outros.

Nestes encontros você averiguará o entendimento do discípulo quanto às verdades

que lhe foram expostas, lhe incentivará à leitura bíblica conforme sugerida e à oração, e lhe

fornecerá novo módulo segundo a sequência. Veja nossa sugestão de aproveitamento do

tempo dos encontros semanais a dois:

TEMPO ATIVIDADE

15 min Compartilhamento

25 min Discussão dos módulos de estudos à dois

10 min Aplicação pessoal das verdades aprendidas

15 min Intercessão um pelo outro e por amigos não salvos

O discipulador é aquele que marca o passo

Marcar o passo é um termo emprestado do atletismo. Descreve aquele atleta que

acerta o passo para os que o seguem. Ele está mostrando o caminho, indicando a direção a ser

tomada.

É você quem deverá ter a sensibilidade necessária para perceber o momento em que

o discípulo que você acompanha deverá ir à etapa seguinte de sua caminhada. Lembre-se que

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o “ano base de crescimento espiritual” é fundamental para toda a vida cristã experimentada a

seguir, e é composto de “finais-de-semana” especiais, como este. A correta administração

deste ano, de sua parte, proporcionará continuidade ininterrupta do crescimento espiritual do

novo crente.

O discipulador é um elo com outros cristãos

O relacionamento que você desenvolveu com o discípulo não pode ser exclusivo! O

discipulador terá a importante e crucial tarefa de envolver o discípulo que acompanha com

outros irmãos da célula e da igreja. O oposto disso gera as doenças terríveis do domínio e da

manipulação. E o resultado do discipulado será um “eco” de você mesmo. O que um

discipulador coerente quererá é que o discípulo que ele acompanha alcance a maturidade, que

ande com as próprias pernas, e seja capaz de acompanhar outros.

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO PESSOAL

1. Você realmente é um amigo de todos os discípulos que acompanha ou não é amigo de

nenhum deles? Você ainda se acha discipulador daqueles que você não é amigo?

2. Como tem sido o aproveitamento do tempo semanal que você tem com o(s)

discípulo(s) que você acompanha? O que deverá mudar?

3. Caso você tenha qualquer crise com a liderança da igreja, como resolverá isto? Como

ficará o discípulo nesta situação?

4. Qual a diferença entre manipulação e discipulado cristão? Há alguma semelhança?

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SEXTO ENCONTRO

LIDANDO COM ÁREAS PROBLEMÁTICAS

Quando você e o discípulo que você acompanha alcançarem um nível de profunda

confiança, áreas problemáticas na vida dele logo virão à tona. Isto será uma grande

demonstração de que você é visto como uma pessoa confiável.

Ao mesmo tempo em que é um grande privilégio porque você experimentará a

bênção de ser canal da graça de Deus para ajudar a outro.

“ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros...” (Colossenses 3.16)

O Primeiro passo é ouvir, ouvir, ouvir!

Ouça o discípulo e ouça ao Senhor ao mesmo tempo.

Experimente agir sob a direção do Espírito Santo. Escute nas duas direções.

Procure inteirar-se de estar compreendendo os detalhes, os porquês, as razões e todo

o curso da história. Mostre que você está compreendendo a profundidade da dor que a pessoa

está sentindo. Neste estágio de ouvir, só expresse os seus pensamentos quando for pedido por

uma pergunta direta, do tipo: “O que você acha que eu deveria fazer?”. Uma maneira de

respondermos a uma pergunta como esta seria: “O que Deus está dizendo para você fazer?”.

Em lugar de aconselhar, ofereça esclarecimentos

Os esclarecimentos são a ajuda mais significativa que você pode oferecer. A

ignorância é uma das boas formas de nos mantermos no erro. “Respondeu-lhes Jesus: Errais,

não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus” (Mateus 22.29).

Os perigos de dar conselhos

Imagine uma situação em que um discípulo lhe implora perguntando-lhe o que fazer.

Se você aconselhar, de fato, o que estará lhe dizendo é o seguinte: “Discípulo, você é incapaz

e eu devo salvar você!” Não caia na armadilha de dizer: “Você tem de...”, “Você deveria”.

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Evite fazer críticas

Julgar não contribui em nada, só produz defesas no discípulo. Censurar e ‘pegar no

pé’ nunca mudam as pessoas.

Confronte comportamentos negativos

O que acontece é que as pessoas não amam o suficiente para confrontar os outros

sobre seus comportamentos negativos. Vejamos o que nos diz Hebreus 10.24: “Consideremo-

nos também uns aos outros para nos estimularmos ao amor e às boas obras”.

Os discipuladores fazem sua melhor contribuição quando ajudam o discípulo a se

libertar de padrões negativos de comportamento que viraram rotina. Por exemplo, se o

discípulo sempre chega atrasado para os encontro com você, você poderá perguntar: “Diga-

me, por que você atrasou hoje para o nosso encontro?”

Não resolva os problemas do discípulo

Se você assumir responsabilidades pelos problemas do discípulo estará causando um

grande mal. Não tente tomar as decisões finais por ele. Isso afetará a autoconfiança dele.

Apenas contribua com o seu tempo, seu discernimento, suas orações e seu amor. Mas ele

deverá assumi-los.

Imagine se você viesse a ouvir estas palavras: “Bem, eu fiz o que você mandou que

eu fizesse, e agora olha o que aconteceu. Eu nunca deveria ter ouvido o seu conselho!”

Uma pessoa nunca é derrotada enquanto não desistir

Crescimento espiritual envolve aprender a experimentar a presença de Deus nos

vales de nossa vida. Deus tem dado todos os recursos necessários para permanecermos firmes.

A marca indelével de um genuinamente salvo é a perseverança: “...Se vós

permanecerdes na minha Palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos” (João 8.31).

Portanto, deixe claro para o discípulo que derrotado é aquele que desistiu de lutar e exorte “a

permanecer na fé...” (Atos 14.22).

Seja paciente

Jesus lidava com homens rudes, de temperamentos fortes (Marcos 3.17), de

entendimento lento (Marcos 6.51, 52; 8.14-21). Mas soube esperar até que o temeroso Pedro

se tornasse em legítimo guerreiro destemido. O filho do trovão se tornasse em “apóstolo

amado”. Ele nunca desistiu, por saber que fazer um discípulo leva tempo. A paciência

compele-nos a estender a graça ao discípulo sem comprometer o padrão de Deus. Vejamos

Marcos 8.22-26.

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PERGUNTAS PARA REFLEXÃO PESSOAL

1. O que demonstro quando confronto os erros dos meus irmãos? Por quê?

2. Qual deve ser a nossa primeira atitude quando um discípulo compartilha conosco áreas

problemáticas?

3. O que é melhor que aconselhar?

4. O que é melhor que tomarmos decisões pelos discípulos que acompanhamos? O que

poderá acontecer se fizermos isto?

5. Quais os riscos de aconselhar?

6. O que devo fazer caso perceba que não tive recursos de ajudar um discípulo em

alguma área problemática de sua vida?

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SÉTIMO ENCONTRO

O PROCESSO E O PACTO DO DISCIPULADO

O PROCESSO

1. Pré-Evangelização

Chamaremos de Pré-Evangelização todos os relacionamentos que um cristão terá. De

fato, todos os relacionamentos de um cristão são evangelizadores, no sentido em que seu

estilo de vida, sua santidade, sua conduta, seu caráter, sua humildade, sua disposição em

servir refletirão a vida de Cristo.

“Vós sois o sal da terra... Vós sois a luz do mundo...” (Mateus 5.13, 14)

2. Evangelização

Chamaremos simplesmente de Evangelização, ou evangelização propriamente dita, a

aplicação da mensagem redentora. Ela não precisa necessariamente ser aplicada no primeiro

contato. Não pense que perdeu tempo quando visitou alguém e não percebeu que era o

momento adequado para explanar o plano redentor de Deus, que você aprendeu no “Fim-de-

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Semana Evangelização”. Se você “apenas” visitou e aprofundou seu relacionamento com o

visitado, você fez muito! Em nossa linguagem, você “pré-evangelizou”.

Mas, quando perceberes que o fruto “amadureceu”, que já está pronto para a colheita,

e para isto tente ouvir a voz do Espírito Santo, então você conduzirá a pessoa ao

conhecimento da salvação de Deus, porque...

“...aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação”. (1 Coríntios 1.21)

3. Pré-Discipulado

Chamaremos de Pré-discipulado a fase inicial do discipulado, aquela em que o

discípulo está apenas abrindo os olhos para as verdades mais elementares da fé cristã. Ele está

descobrindo sobre sua salvação, seu Deus, sua Bíblia e seus compromissos com o Reino de

Deus.

Neste período, ele estará fazendo suas devocionais até o MÓDULO 5, ou no máximo

até o 7, e deverá participar do “Fim-de-Semana Conhecendo o Programa”.

Este período chega ao fim quando vocês farão um acordo especial, que chamaremos

de “O Pacto do Discipulado”, quando ambos compartilharão seus compromissos de um para

com o outro, firmando a disposição para discipular/ser discipulado, bem como as regras da

caminhada. Uma vez estabelecido o acordo, termina-se esta etapa.

4. Discipulado

Concluída a etapa do pré-discipulado, uma vez acordados quanto à seriedade da

caminhada com Cristo, segue-se o que chamaremos de discipulado. A partir daqui há a

continuação da edificação a dois, seguindo os demais MÓDULOS do “ano base de

crescimento espiritual”, e a sequência natural dos “Fins-de-Semana”. O batismo poderá

ocorrer no início desta etapa. Lembremo-nos que o discipulado não é para o batismo, este não

põe fim àquele. O discipulado visa maturidade!

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ENTENDENDO O PACTO DO DISCIPULADO

DISCÍPULO DISCIPULADOR

Honestidade Honestidade

Eu não vou esconder o que sinto a seu

respeito, antes, vou expressar-lhe o que

penso e o que ouço sobre você.

Eu não vou esconder o que sinto a seu

respeito, nem, tampouco, omitir-me de

confrontar seus erros em amor.

Transparência Confidencialidade

Eu me empenharei para ser uma pessoa mais

aberta, disposta a pedir-lhe ajuda em minhas

fraquezas.

Eu me empenharei em ser-lhe confidente, de

modo a recompensar a sua transparência.

Entendo, no entanto, que terei liberdade,

segundo a orientação do Espírito, de buscar

ajuda de nossos líderes.

Disponibilidade Disponibilidade

Eu me esforçarei para honrar nossos

encontros semanais, bem como outros

compromissos que eu vier a assumir.

Eu estarei à sua disposição não apenas para

os encontros semanais, mas sempre que você

precisar de mim.

Compromisso Sensibilidade

Verei a ausência aos nossos encontros

semanais, bem como em outros

compromissos por nós assumidos, como a

última possibilidade. Ainda assim, lhe

comunicarei previamente.

Eu estarei sensível para entender os

imprevistos que, porventura, lhe

sobrevierem, tentando ajudar-lhe a contorna-

los.

Alcançar Outros Oração

Eu me empenharei em recompensar o amor

de Cristo, expresso através de você,

discipulando novos crentes.

Eu estarei intercedendo por você nas minhas

orações, pedindo a Deus que lhe conceda

liberdade para avançar na fé cristã.

Treinamento

Eu me empenharei em capacitá-lo para a

tarefa de fazer novos discípulos do Senhor

Jesus Cristo.

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AUTO AVALIAÇÃO Preencha as lacunas com uma nota de 0 a 4 segundo os seguintes critérios:

0-Nunca

1-Insatisfatoriamente

2-Não o Suficiente

3-Muito Frequentemente

4-Sempre/perfeitamente

1. Tenho sempre palavras de elogios sinceros

2. Confronto o discípulo em amor quando percebo um erro seu

3. Demonstro interesse por ele porque:

a. Busco saber como ele está

b. Priorizo nossos encontros, sendo assíduo e pontual

c. Não nos encontramos apenas nos encontros semanais

d. Intercedo continuamente por ele e ele sabe disso

e. Ele sabe que pode contar comigo, pois já lhe demonstrei na prática

4. Sou amigo do discípulo que acompanho porque:

a. Ele me confia áreas problemáticas de sua vida

b. Temos acesso um à casa do outro

c. Sou o primeiro a ser contatado quando surge um problema

5. Sou um exemplo para ele:

a. Em vida de oração

b. Em evangelização

c. Em interesse pela Bíblia

d. Em santificação prática

6. Sou um elo entre o discípulo e outros cristãos porque:

a. Já o integrei numa célula

b. Ele já é amigo de outros cristãos da comunidade

Total: ____________

Pontuação: 30-40: Regular | 41-50: Bom | 51-60: Ótimo

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Anotações

É permitida a reprodução deste material para uso do Evangelho

Citações da Bíblia da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil (ACF), ©1994, 1995, 1996, 1997. Novo

Testamento © 1979-1997

Autoria: Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior