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Doutorando em Ciências de Educação –AOE- UCP-FEP- PORTO Prof.Doutor José Joaquim Matias Alves SANTOS GUERRA, Miguel Ángel, Como num Espelho – Avaliação qualitativa das escolas (Conferência proferida no Curso de Verão de 2001) in COMO NUMESPELHO – AVALIAÇÃO QUALITATIVA DAS ESCOLAS TESES 1- A tomada de decisões de mudanças dependem em grande medida da compreensão e juízo dos avaliadores sobre a imagem contemplada. 2- O poder educativo da avaliação tem a ver com a origem da iniciativa. 3- A colegialidade na avaliação em termos gerais produz resultados imparciais PALAVRAS-CHAVE Espelho ; Avaliação ; Compreensão ; Qualidade da prática educativa ; iniciativa interna com facilitadores externos ; Colegialidade . SANTOS GUERRA, Miguel Ángel, constitui a fonte principal do artigo. RESUMO

3 miguel a.santos guerra, cc(3)

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Doutorando em Ciências de Educação –AOE- UCP-FEP- PORTO Prof.Doutor José Joaquim

Matias Alves

SANTOS GUERRA, Miguel Ángel, Como num Espelho – Avaliação qualitativa das escolas (Conferência proferida no Curso de Verão de 2001) in

COMO NUMESPELHO – AVALIAÇÃO QUALITATIVA DAS ESCOLAS

TESES

1- A tomada de decisões de mudanças dependem em grande medida da

compreensão e juízo dos avaliadores sobre a imagem contemplada.

2- O poder educativo da avaliação tem a ver com a origem da iniciativa.

3- A colegialidade na avaliação em termos gerais produz resultados imparciais

PALAVRAS-CHAVE

Espelho; Avaliação; Compreensão; Qualidade da prática educativa; iniciativa interna com

facilitadores externos; Colegialidade.

SANTOS GUERRA, Miguel Ángel, constitui a fonte principal do artigo.

RESUMO

O espelho, foi a metáfora utilizada pelo autor para comparar a compreensão suscitada pela

imagem contemplada com a reflexão que a avaliação faz da realidade das escolas. O estado e

o tipo de espelho conta muito para uma decisão. Diz o autor por exemplo; o espelho tem de

estar limpo e bem colocado. Não pode distorcer a imagem, como acontece com os espelhos

côncavos e convexos. Os interesses, a desonestidade, a arbitrariedade, a falta de ética,

deformam a imagem e confundem quem nele se quer espelhar. Não é pois, prorrogativa dos

avaliadores emitirem juízo de valor sobre os protagonistas, mas os ajudar a compreender e

ajuizar com clareza sua actividade e deste modo tomar decisões de mudança. A

imparcialidade, a abordagem fenomenológica, a fidelidade e a objectividade é a tarefa dos

avaliadores conforme Santos Guerra. Tudo tem em vista melhorar a imagem que se projecta

pelo espelho

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O autor argumenta que, a avaliação propiciará a compreensão necessária para garantir a

rectificação e a mudança. A compreensão duma realidade complexa como a escola não se

realiza através de análise dos resultados alcançados pelos alunos nas classificações. A

responsabilidade social que faz com que nos preocupemos com a utilização dos bens leva-

nos, também, à exigência duma avaliação institucional, as escolas lidam com bens (públicos e

privados) e constitui uma exigência ética inquirirmos sobre o uso que se faz deles, por um

lado, e por outro, os profissionais do ensino encontram na avaliação uma excelente forma de

aperfeiçoamento com vista a garantir a melhor qualidade da prática educativa.

Por isso diz o autor, a avaliação deve ser contextualizada, ter em conta o processo e não

resultados, uma avaliação que dá voz aos participantes, que utiliza diferentes métodos, para

que os protagonistas possam ter uma melhor compreensão daquilo que fazem, deste modo

conferem à avaliação um sentido democrático. Santos Guerra diz ainda, a opção mais rica do

ponto de vista do poder educativo a origem da iniciativa deve ser interna com facilitadores

externos, isto é, se a iniciativa for da própria comunidade com o apoio dos avaliadores

externos, estes últimos têm a tarefa de facilitar aos protagonistas.

Conforme o autor a avaliação constitui uma actividade sistemática e racional por isso deve

ser planificada para afastar o perigo da improvisação.

Por último como forma de realce, o autor fala de colegialidade como um dos focos da

avaliação, pois, a participação dos professores, pais, alunos, pessoal administrativo e auxiliar

de apoio resulta de discussão e acordo. Há um trabalho de coordenação de equipa, no sentido

vertical e horizontal, e não ocorre um processo de balcanização, com cada professor a realizar

a sua tarefa isoladamente ou, até, combatendo as tarefas dos outros.

COMENTÁRIO CRÍTICO

1- A tomada de decisões de mudanças dependem em grande medida da

compreensão e juízo dos avaliadores sobre a imagem contemplada.

Realmente a compreensão da imagem contemplada influenciará em grande medida a tomada

de decisões. Por isso, é aconselhável e ético que o espelho se mantenha sempre limpo e bem

colocado para que não destorça a imagem. Pois há uma proporcionalidade directa: quando a

imagem for destorcida a compreensão e juízo também destorcido e consequentemente as

decisões tomadas também destorcidas. A avaliação deve proporcionar a compreensão

necessária para garantir a rectificação e a mudança.

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A experiência que tenho no ensino em Moçambique e em especial em Nampula é de ter

assistido mais a avaliação dos resultados alcançados pelos alunos nas classificações, claro é

a compreensão que se tem sobre a avaliação. Em todo o tempo em que estou ligado ao

ensino ainda não observei fundamentalmente uma avaliação que visa melhorar a qualidade

da prática educativa, nem ao serviço dos valores educativos (os programas, justiça nas

relações, racionalidade das práticas, a igualdade de direito, atenção a diversidade, os

princípios de aprendizagens, o currículo oculto da escola, a utilização do poder etc.).

Portanto, a forma de ver do avaliador, de compreender, assim julga e toma decisões, que em

grande medida tem destorcido a realidade da educação no caso de Moçambique, eis a razão

de constante questionamento da sociedade moçambicana acerca da qualidade de ensino no

país. Que em parte tem sido afectada pela compreensão e juízo e por conseguinte por

decisões dos avaliadores.

2- O poder educativo da avaliação tem a ver com a origem da iniciativa.

A garantia da qualidade de avaliação ‘e afectada por muitos factores um dele relaciona-se

com a origem da iniciativa. A opção mais rica do ponto de vista de poder educativo

corresponde a da iniciativa da própria comunidade contando com avaliadores externos. Uma

simbiose entre a iniciativa da comunidade com o apoio externo mas sem carácter hierárquico

e nem de imposição, mas sim de apoio e proposta.

3- A colegialidade na avaliação em termos gerais produz resultados imparciais

O trabalho que resulta de discussão e acordo dos membros da escola (professores, pais e

encarregados de educação, pessoal administrativo, e auxiliar de apoio) produz qualidade e os

resultados da avaliação são por todos aceites, pois por todos foram planificados, debatidos e

por conseguinte por todos conhecidos. Há uma triangulação dos dados o que permite depurar

as informações e conferir-lhes maior qualidade e valor. Evita deste modo o subjectivismo

nos resultados da avaliação.