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Apresentação realizada em 23 de junho de 2012, em Seminário sobre Subjetividade e Redes Sociais organizado por Cecília Noriko Saito (com apoio FAPESP) e realizado na FNAC Pinheiros.
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IDENTIDADE-BUNKER EM REDES SOCIAIS:
A PROBLEMÁTICA DOS HIKIKOMORIS
Cíntia Dal BelloMestra e doutoranda em Comunicação e Semiótica – PUC-SP
Coordenadora do Curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Nove de Julho
Brasil
Brasil-Japão: como ultrapassar o abismo?
• Como lançar um olhar sobre o fenômeno hikikomori?• Violar as diferenças? Mas as motivações que levam ao
autoisolamento são diferentes!• Ficar com as semelhanças? Pseudos e quases!• Desafio encantador: olhar o estrangeiro, estranho, outro• Somente ele, o outro, confere oportunidade ímpar de
reflexo (ou reflexão) acerca do que somos.
TODAS AS ABISSAIS DIFERENÇAS PODEM SER SUPERFICIAISIsolar-se e viver entre imagens pode ser o recurso extremo
tentado em face da agonia de viver... Aquela agonia que todos nós sentimos, a despeito do lado do globo que habitamos
Ecos mediáticos do fenômeno hikikomori
Otakus (abreviado do japonês 陰茎が短い者 ) são pessoas gordas,babacas, rosadas, cheias de espinhas na cara (às vezes no corpo todo) e que vivem num mundo paralelo resumido em mangás, animes, traidores do movimento punk e outras japonices. Geralmente ficam imitando seres estranhos encontrados em animes e mangás, como o famoso Deus Mokona.
Definição irônica de otakus na
Desciclopedia
ECO-LOGIA: lógica do eco - reprodutibilidade irrefreada e tautológica de imagens – era da visibilidade (BAITELLO Jr., 2005).
Estratégia metodológica: análise dos ecos mediáticos
OTAKU – o lugar onde se vive (mundo de fantasias com referências visuais da cultura de massa)
Consulta ao Google Imagens: 23.400.000 resultados para o termo OTAKU
HIKIKOMORI – isolado em casa(eremita moderno, em isolamento por meses, anos ou décadas)
Consulta ao Google Imagens: 264.000 resultados para o termo HIKIKOMORI
O próprio hikikomori japonês é fruto de uma construção social própria da sociedade japonesa, com sua excessiva cobrança e valores próprios; o jovem se acha despreparado, com medo do mundo exterior, e não consegue romper o laço com a família, se tornando um kidult, um adulto(barra)adolescente-tardio ou um poderiamos até dizer um adultolescente. Este fenômeno é notado em outras partes do mundo, e é erroneamente associado à exportação da cultura de massa japonesa (leia-se animes e mangás).
[...] O hikikomori brasileiro nada mais é que um jovem que é rejeitado pela sociedade; alienado, sem poder se reconhecer e se assumir enquanto indivíduo; e vítima de um sistema que propõe uma seleção natural, alimenta os preconceitos e deles se nutre, formando uma geração deprimida e doente. (Hikky, 8 ago 2009, grifo nosso).
Trecho do blog DIÁRIO DE UM
QUASE HIKIKOMORI BRASILEIRO
Referência ao protagonista
hikikomori do anime WELCOME
TO THE N.H.K.!
HIKIKOMORI COMO IDENTIDADE: Eixo de organização do discurso sobre si a partir da
identificação com semelhantes
quase
Então aqui está o perfil do Pseudo-Hikikomori (Brasileiro):
-Fóbico Social.-Sem namorada.-Sem amigos (quando ainda possuem são pouquíssimos)-Tímidos ao extremo.-Anti-social.-Repugna a presença humana, por qualquer motivo que seja, decepções amorosas, enfim, como já havia dito, são vários os motivos que levam alguém a se isolar.-Geralmente um Bullyiado.
BULLYING x IJIME
Resposta disponível no tópico O QUE É HIKIKOMORI (Fórum Uol Jogos)
pseudo
• LOST GENERATION: não trabalham, não estudam, vivem dependentes dos pais (alimentados como “animais domésticos”) – loosers.
• Inaptidão para viver em ambientes altamente agônicos (competitivos)• Vergonha familiar e nacional – não correspondência com os símbolos
diretores da cultura (disciplina, educação, honra, tradição, senso de coletividade).
Viver entre imagens
A redenção por meio de narrativas fantásticas e personagens heróicos,
onde os símbolos diretores ainda vivem.
• Mediosfera: apropriação e recontextualização dos elementos constituintes do imaginário cultural (seres da Noosfera); proposição de novos mitos e arquétipos. (CONTRERA, 2010).
• Imaginário cibermediático: local em que otakus e hikikomoris passam a depositar sua energia vital, emprestando o corpo à descida das imagens.
• Iconofagia (BAITELLO Jr., 2005).
OUTRO MUNDO: particular, alternativo, calcado de referências da cultura de massa e da cibercultura –
NOVAS VIAS DE PROJEÇÃO IDENTITÁRIA e experimentação “SEGURA” DE SOCIABILIDADE.
OTAKUCOSPLAYER
HIKIKOMORI
• Imagem como escudo, armadura, bunker• Não protege nem aumenta a sensação de
segurança• Imagens são PRESENÇAS de AUSÊNCIAS• São FANTASMAGORIAS• Evocam aquilo que pretendem exorcizar
Entretanto, às vezes essa é a única via de acesso inicial àquele que se autoisolou, embora o tratamento o afaste, depois, do universo das imagens para reintroduzi-lo no mundo “de carne e osso” das pessoas.
Inclusive para reaprender a olhar o rosto do outro (eye-to-eye contact).
Quarto-bunker
VIVER ENTRE IMAGENS é ter TEMPO e ESPAÇO COLONIZADOS por elas.
• Bunker (Virilio, Trivinho): conceito ligado ao contexto de guerra, reduto de defesa, abrigo, esconderijo.
• Comunicação a distância: sentidos de distância (instinto de defesa).
• A falácia do discurso sobre redes de “relacionamento”: tecnologias de conexão ou desconexão? (Bauman, 2008). Paradoxo presença-ausência (Trivinho, 2007).
A questão da identidade nas redes sociais
Jogos de (IN)VISIBILIDADE
ApareSer
Trata-se do sentimento ou da percepção generalizada de que só é possível ser alguém quando se alcança algum status mediático – ou seja: para ser, é preciso aparecer. As redes sociais, e antes delas, homepages e blogs, tornaram o acesso à visibilidade mediática mais ordinário, razão pela qual tornaram-se tão populares. Articulam o imaginário da fama e do sucesso colonizado pela cultura de massa.
Visibilidade e vigilância são as duas faces da mesma moeda. Por isso, o desejo de apareSer não ocorre sem despertar o medo de ser vigiado. Nas redes sociais, são travados interessantes jogos de (in)visibilidade: por um lado, busca por indicadores que demonstrem sociabilidade, visibilidade e influência, mesmo que destruam a reputação; por outro, dificuldade em ocultar rastros digitais (cf. Bruno) ou mover-se incógnito, anônimo (ética e política do fake). A fórmula geral, entretanto, preconiza que há uma crise de visibilidade por excesso de visibilidade (obesidade e obscenidade informacionais, para Baudrillard).
Bunker como identidade e ethos
VÁRIAS CAMADAS DE ISOLAMENTO:• Paredes, portas, janelas.• Recusa ao sol.• Muralha física de produtos e imagens objetificadas (posteres,
cards, revistas).• Cinturão tecnológico.• Muralha de projeção – imaginário cibercultural (isolamento
subjetivo, imersão no mundo das imagens – games, mangás, animes, internet – como distração e passatempo).
• Relacionamento via tecnologias de “conexão”: identidade-bunker (resguardo da subjetividade em perfis ou avatares que são simulacros no sentido conferido por Baudrillard).
Grata pela atenção!
Cíntia Dal BelloDoutoranda em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP,
coordenadora do Curso de Publicidade e Propaganda da Uninove. www.cintiadalbello.blogspot.com. [email protected]