24
Immanuel Wallerstein doutorado Honoris Causa Futsal da AAC vence Liga Universitária UC sitiada em Junho de 1969 DIRECTOR: JoRGE CASTILHO DIRECTORES-ADJUNTOS: DINIS MANUEL ALVES E MÁRIO MARTINS APRENDER A BRINCAR NO HOSPITAL PEDIÁTRICO PAGINA 16 DESTAQUES 14 19 23 e 24 ACADEMIA GENEROSA NOVE SÉCULOS DE MEMÓRIA ESCRITA PAGINA 7 ARQUIVO DA UC ALGUMA INVESTIGAÇÃO SERVE INTERESSES CAMUFLADOS PAGINAS 4 e 5 AFIRMA IRENE SILVEIRA Número 4 Junho 2006 PAGINA 3 PAGINAS 20 e 21 PAGINA 2 FCTUC VENCE PROJECTO PIONEIRO A NÍVEL MUNDIAL Ventos de progresso na UC ESTÁDIO UNIVERSITÁRIO DE COIMBRA À espera da requalificação AFIRMA AUTOR DE ESTUDO SOBRE ESTUDANTES DA UC É falso que a maioria defenda a violência TRÊS UNIVERSIDADES REPRESENTAM IDEIAS DE NEGÓCIO Cavaco Silva preside a fim de curso na UC PAGINAS 8 e 9

Jornal da Universidade de Coimbra – Junho 2006

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Versão integral da edição n.º 4 do mensário “Jornal da Universidade de Coimbra”, que se publicou em Coimbra. Director: Jorge Castilho. Foram publicados quatro números. Junho de 2006. Para além de poderem ser úteis para o público em geral, estes documentos destinam-se a apoio dos alunos que frequentam as unidades curriculares de “Arte e Técnicas de Titular”, “Laboratório de Imprensa I” e “Laboratório de Imprensa II”, leccionadas por Dinis Manuel Alves no Instituto Superior Miguel Torga (www.ismt.pt). Para saber mais sobre a arte e as técnicas de titular na imprensa, assim como sobre a “Intertextualidade”, visite http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm (necessita de ter instalado o Java Runtime Environment), e www.youtube.com/discover747 Visite outros sítios de Dinis Manuel Alves em www.mediatico.com.pt , www.slideshare.net/dmpa, www.youtube.com/mediapolisxxi, www.youtube.com/fotographarte, www.youtube.com/tiremmedestefilme, www.youtube.com/discover747 , http://www.youtube.com/camarafixa, , http://videos.sapo.pt/lapisazul/playview/2 e em www.mogulus.com/otalcanal Ainda: http://www.mediatico.com.pt/diasdecoimbra/ , http://www.mediatico.com.pt/redor/ , http://www.mediatico.com.pt/fe/ , http://www.mediatico.com.pt/fitas/ , http://www.mediatico.com.pt/redor2/, http://www.mediatico.com.pt/foto/yr2.htm , http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/foto/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/luanda/ , http://www.biblioteca2.fcpages.com/nimas/intro.html

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Page 1: Jornal da Universidade de Coimbra – Junho 2006

Immanuel Wallersteindoutorado Honoris Causa

Futsal da AAC venceLiga Universitária

UC sitiadaem Junho de 1969

DDIIRREECCTTOORR:: JoRGE CASTILHODDIIRREECCTTOORREESS--AADDJJUUNNTTOOSS:: DINIS MANUEL ALVES E MÁRIO MARTINS

AAPPRREENNDDEERRAA BBRRIINNCCAARRNNOO HHOOSSPPIITTAALLPPEEDDIIÁÁTTRRIICCOO

PPAAGGIINNAA 1166

DDEESSTTAAQQUUEESS

1144

1199

2233 ee 2244

ACADEMIA GENEROSA

NNOOVVEESSÉÉCCUULLOOSSDDEE MMEEMMÓÓRRIIAAEESSCCRRIITTAA

PPAAGGIINNAA 77

ARQUIVO DA UCAALLGGUUMMAAIINNVVEESSTTIIGGAAÇÇÃÃOOSSEERRVVEE IINNTTEERREESSSSEESSCCAAMMUUFFLLAADDOOSS

PPAAGGIINNAASS 44 ee 55

AFIRMA IRENE SILVEIRA

Número 4Junho 2006

PPAAGGIINNAA 33

PPAAGGIINNAASS 2200 ee 2211

PPAAGGIINNAA 22

FCTUC VENCE PROJECTO PIONEIROA NÍVEL MUNDIAL

VVeennttoossddee pprrooggrreessssoonnaa UUCC

ESTÁDIO UNIVERSITÁRIO DE COIMBRA

ÀÀ eessppeerraaddaa rreeqquuaalliiffiiccaaççããooAAFFIIRRMMAA AAUUTTOORR DDEE EESSTTUUDDOO SSOOBBRREE EESSTTUUDDAANNTTEESS DDAA UUCC

ÉÉ ffaallssoo qquuee aa mmaaiioorriiaaddeeffeennddaa aa vviioollêênncciiaa

TRÊS UNIVERSIDADES REPRESENTAM IDEIAS DE NEGÓCIO

CCaavvaaccoo SSiillvvaa pprreessiiddeeaa ffiimm ddee ccuurrssoo nnaa UUCC

PPAAGGIINNAASS 88 ee 99

Page 2: Jornal da Universidade de Coimbra – Junho 2006

A Universidade de Coimbra está a testar

para a Brisa um sistema de câmaras de vi-

gilância “inteligentes”, que detectam de for-

ma automática situações anómalas nas

auto-estradas.

A Brisa tem já mais de meio milhar de câ-

maras instaladas nas diversas auto-estradas

do País. De acordo com um Administrador

daquela empresa concessionária de auto-es-

tradas portuguesas, no respectivo centro de

controlo regista-se uma média de 450 inci-

dências por dia, a maior parte relativas a pe-

didos de assistência, por avaria, mas tam-

bém por acidentes.

Em função do que é detectado, o centro faz

accionar os meios adequados – ou os bombei-

ros e a emergência médica, ou a GNR ou as-

sistência técnica para viaturas avariadas.

A novidade do novo sistema, cujo protó-

tipo está a ser testado na FCTUC, é que de-

tecta automaticamente situações de risco,

sem necessidade de intervenção humana,

imediatamente para elas alertando – desde

um veículo que pára na berma, até algum

que surja em contra-mão, passando pelos

acidentes.

O sistema deverá estar totalmente opera-

cional até final do corrente ano e os seus re-

sultados estão a ser tão positivos que já

despertaram mesmo o interesse de uma con-

cessionária de auto-estradas do Brasil, que

poderá vir a adquiri-lo para funcionar do ou-

tro lado do Atlântico.

NOTÍC IAS2 JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006

FICHA TÉCNICA

Director:JORGE CASTILHO

Directores Adjuntos:DINIS MANUEL ALVES

MÁRIO MARTINS

Concepção e edição gráfica:AUDIMPRENSA

E-mail:[email protected]

Telefone:239 854 150

Fax:239 854 154

ImpressãoCORAZE - OLIVEIRA DE AZEMEIS

ISSN: 1646-4133

Depósito Legal n.º 241489/06

TRÊS UNIVERSIDADES APRESENTAM EM COIMBRAIDEIAS DE NEGÓCIO

CCaavvaaccoo SSiillvvaa pprreessiiddeeaa ffiimm ddee ccuurrssooddee eemmpprreeeennddeeddoorriissmmoo

O Presidente da República preside no próximo dia

20 de Junho (terça-feira), às 16H30, no Auditório do

Edifício Central da FCTUC (no Pólo II) à sessão de en-

cerramento do Curso de Empreendedorismo de Base

Tecnológica, um projecto promovido pelas Universi-

dades de Coimbra, Aveiro e Beira Interior e pelo CEC

(Conselho Empresarial do Centro) – Câmara de

Comércio e Indústria do Centro.

O curso visa contribuir para a criação de novas em-

presas de base tecnológica, estimulando a inovação

com base em tecnologias desenvolvidas nas unidades

de I&D das três Universidades da Região Centro, e irá

agora culminar, depois de um ano de trabalho, com a

apresentação dos resumos dos planos de negócio das

15 equipas envolvidas.

Para além de Cavaco Silva, a sessão contará com a

presença de várias outras entidades que têm assumido

papel de relevo no apoio e estímulo à inovação e em-

preendedorismo.

A sessão de apresentação dos 15 planos de negócio,

que representam outras tantas oportunidades de negó-

cio promissoras, está marcada para as 14 horas, e todos

os interessados poderão contactar as várias equipas par-

ticipantes no curso para aprofundar alguns aspectos dos

conceitos de negócio desenvolvidos. Para as 16,30 horas

está marcada a sessão de encerramento, em que usarão

da palavra o Presidente do CEC, António Almeida Hen-

riques, o Reitor da Universidade da Beira Interior, Manuel

Santos Silva, a Reitora da Universidade de Aveiro, Maria

Helena Nazaré, o Reitor da Universidade de Coimbra, Fer-

nando Seabra Santos, e o Presidente da Republica, Aní-

bal Cavaco Silva.

Pedro Saraiva, Pró-Reitor da Universidade

de Coimbra, acaba de ser nomeado como

consultor da Presidência da República para a

área do Ensino Superior.

Um outro docente da Universidade de

Coimbra, Manuel Antunes, da Faculdade de

Medicina, fora já escolhido por Cavaco Silva

como consultor para a área da Saúde.

PPeeddrroo SSaarraaiivvaannaa PPrreessiiddêênncciiaa ddaa RReeppúúbblliiccaa

INOVAÇÃO E MAIS SEGURANÇA NAS AUTO-ESTRADAS PORTUGUESAS

Sistema de “câmaras inteligentes”está a ser testado na FCTUC

O Departamento de Engenharia Civil da FCTUC vai elabo-

rar um estudo da sinistralidade na rede urbana rodoviária

da cidade de Lisboa, em parceria com o Laboratório

Nacional de Engenharia Civil.

O estudo propõe-se analisar as zonas onde se regista

maior número de acidentes, de molde a poder identificar as

suas causas. Por isso foram escolhidas algumas zonas da

área de Lisboa, para que se identifiquem as principais cau-

sas dos acidentes e se tomem medidas para as eliminar ou

atenuar, adoptando depois essas medidas noutras zonas

do País, com vista a diminuir a sinistralidade rodoviária em

Portugal.

Espera-se que este estudo, que é financiado pela FCT

(Fundação para a Ciência e Tecnologia) possa dar importan-

te contributo para diminuir o elevadíssimo número de víti-

mas de acidentes em Portugal.

Departamento de Engenharia Civilestuda sinistralidade de Lisboa

Page 3: Jornal da Universidade de Coimbra – Junho 2006

3JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006

NOTÍC IAS

FCTUC VENCE PROJECTO PIONEIRO A NÍVEL MUNDIAL

VVeennttooss ddee pprrooggrreessssoo nnaa UUCCA Faculdade de Ciências e Tecno-

logia da Universidade de Coimbra

(FCTUC) foi a vencedora da candida-

tura a um projecto de investigação eu-

ropeu para o desenvolvimento das

torres metálicas mais resistentes do

Mundo para os parques eólicos.

Trata-se do projecto “HISTWIN” (High

strength steel tower for wind turbines

- Torres eólicas em aço de alta resis-

tência), que será realizado em parce-

ria com mais três Universidades euro-

peias e com três empresas industriais,

uma siderurgia e uma resseguradora,

bem como a empresa Repower Por-

tugal SA que, para além de uma fábri-

ca de torres eólicas já em funciona-

mento, irá abrir em Portugal mais

duas unidades fabris – uma de pás e

outra de componentes mecânicas.

Está na base do projecto a fabrica-

ção das torres metálicas mais altas,

mais resistentes, com durabilidade

superior e financeiramente mais aces-

síveis, aumentando, assim, significa-

tivamente a potência dos aerogera-

dores a instalar.

O Contrato–Programa, recentemen-

te assinado em Bruxelas, prevê o iní-

cio do projecto no próximo dia 1 de

Julho, para um prazo total de execu-

ção de três anos, e que corresponde

a um orçamento global de 1.4 mi-

lhões de euros, dos quais 225 000

euros para a FCTUC.

Para o Presidente do Departamen-

to de Engenharia Civil da FCTUC, Luís

Simões da Silva, este projecto assu-

me uma extraordinária importância

“porque vai permitir que a indústria

portuguesa se torne líder, a nível

mundial, nesta área”.

“Há uma implicação directa na in-

dústria nacional. Exportar estas novas

torres metálicas, representa vitalida-

de para a economia portuguesa”, sa-

lienta o catedrático da FCTUC.

Outro aspecto, não menos impor-

tante, deste investimento, é a criação

de novos postos de trabalho.

Na classe das Fontes de Energia

Renováveis, é na energia eólica que

mais se tem apostado na Europa, du-

rante a última década.

Segundo Luís Simões da Silva, “o

objectivo principal deste projecto é o

desenvolvimento da próxima geração

de torres eólicas metálicas que pos-

sam assegurar soluções competitivas

para turbinas eólicas com multi-me-

gaWatts de potência”.

O investigador acrescenta que “ao

longo destes três anos vai ser apli-

cado aço de alta resistência (S460)

a torres eólicas, permitindo estrutu-

ras mais leves, mais fáceis de trans-

portar e, consequentemente, mais

económicas”.

E conclui:

“Dado que as torres eólicas estão

sujeitas a acções dinâmicas cons-

tantes, os problemas de fadiga e

instabilidade põem problemas tec-

nológicos importantes, pelo que se

prevê o desenvolvimento de liga-

ções inovadoras para ultrapassar

estes problemas. Uma das tarefas

específicas da FCTUC, em colabora-

ção com a Repower Portugal, será o

ensaio, à escala real, dessas novas

ligações e a instrumentação (em fun-

cionamento real e durante 2 anos)

de uma torre eólica a construir em

Portugal”.

ACORDO DE COOPERAÇÃO CELEBRADO COM A IBERDROLA

EEnneerrggiiaass aalltteerrnnaattiivvaass ppaarraa aa UUCCA Universidade de Coimbra celebrou um

protocolo com a Iberdrola, líder mundial

na produção de energias alternativas, no

sentido de que esta empresa espanhola

venha a “alimentar” a UC com esse tipo

de energias.

Em contrapartida, a UC, através dos seus

recursos humanos e técnicos, prestará co-

laboração à Iberdrola em domínios muito

diversos.

Como referiu o Administrador da ampre-

sa espanhola Pina Moura, a intervenção

da UC pode verificar-se, por exemplo, em

acções de auditoria energética, em arma-

zenagem de energia, “nomeadamente pon-

derando projectos ligados ao hidrogénio”

e a preparação de recursos humanos.

De registar que a Iberdrola tem previs-

tos investimentos na ordem dos 1.500

milhões de euros em parques eólicos na

Região Centro, para os quais prevê criar

cerca de 700 postos de trabalho.

Pina Moura salientou a necessidade de

garantir “recursos humanos altamente qua-

lificados, quer para a construção destes

projectos quer, posteriormente, para a

sua operação”.

MONTEMOR-O-VELHOQUER PÓS-GRADUAÇÃO

O Presidente da Câmara Municipal de

Montemor-o-Velho, Luís Leal, lançou há

dias um desafio à Universidade de Coimbra

para que crie um curso de pós-graduação

em Energias Alternativas, a funcionar no

concelho. Para justificar este pedido que

dirigiu ao Reitor, o autarca referiu que Mon-

temor-o-Velho vai beneficiar, no respecti-

vo Parque de Negócios, de um grande in-

vestimento de capitais estrangeiros exac-

tamente na área das energias alternati-

vas, o que, sublinhou, seria excelente en-

quadramento para o referido curso.

Page 4: Jornal da Universidade de Coimbra – Junho 2006

JOÃO PAULO HENRIQUES

O mandato de dois anos (2004/2006)

de Irene Silveira à frente do Conselho

Científico da Faculdade de Farmácia da

Universidade de Coimbra terminou há

pouco tempo, com o balanço a ser “po-

sitivo”. “Estive um mandato, porque

achei que era a minha obrigação. Após

deixar a Reitoria, concorri para que a

Faculdade estabilizasse, uma vez que

considero que tem grandes potencialida-

des, mas que têm de ser mostradas”, su-

blinha a Professora Catedrática.

A avaliação da Licenciatura pelo Conse-

lho Nacional de Avaliação do Ensino Su-

perior (CNAVES), o relatório preliminar da

equipa de acreditação do curso da Licen-

ciatura em Ciências Farmacêuticas da Or-

dem dos Farmacêuticos (OF) e a definição

do modelo de curso(s) no âmbito do Pro-

cesso de Bolonha foram alguns dos as-

pectos que propôs e conseguiu tratar

com sucesso. A reformulação dos pontos

críticos enunciados pela OF assumiu-se

como uma prioridade para a qual consi-

dera “ter contribuído”.

“Por exemplo, os nossos farmacêuticos

não têm de fazer exame na Ordem. Para

isso tive de implantar um novo modelo

de estágio, o que foi um grande desafio”,

refere a Professora Catedrática, que des-

taca ainda a intervenção ao “nível das es-

pecialidades do Doutoramento”. Segun-

do Irene Silveira, a implantação do Pro-

cesso de Bolonha vai “exigir maior acom-

panhamento do professor e vai fazer a

revolução necessária no Ensino”.

Na Universidade, garante, “ensina-se

ao mesmo tempo que se investiga e é

esta a sua grande mais-valia”, remeten-

do-se ao caso particular da Faculdade de

Farmácia para provar a afirmação.

“Temos disciplinas de opção em que os

alunos trabalham nos projectos de inves-

tigação em curso. No Laboratório de

Bromatologia, por exemplo, temos mui-

tos alunos que ficam aos sábados até às

20H00 ou mais”, confidencia, antes de

classificar de “muito gratificante ver o in-

teresse dos jovens pela investigação”.

Apesar de muitos falarem em “geração

rasca”, Irene Silveira assume “a existên-

cia de muitos alunos empenhados, traba-

lhadores e inovadores”, o que vai permi-

tir que “o nosso país vá para a frente”,

embora considere necessário que “Portu-

gal tenha a capacidade de dar os meios

necessários para que eles possam desen-

volver as suas capacidades”. A falta de

apoio à investigação é apontada como

um problema grave e as dificuldades eco-

nómicas do país também não ajudam.

“No nosso caso concreto, vivemos mui-

tas vezes com o metabolismo basal a nível

financeiro. A investigação na nossa área é

muito cara e, para além dos reagentes,

das colunas, precisa de equipamentos ca-

ríssimos que custam milhares de euros”,

explica Irene Silveira, que, no entanto, não

ENTREV ISTA4 JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006

Os riscos alimentares e ambientais em saúde pública são um dos projectos

em curso no Laboratório de Bromatologia. A avaliação qualitativa e quantitativa

da exposição da população portuguesa a resíduos de pesticidas através da

monotorização em fluidos biológicos e em alimentos integra os objectivos do

projecto, que pretende ainda avaliar o teor de micotoxinas em alimentos

portugueses e monotorizar o seu teor no soro e em urina com vista a conhecer

o risco de exposição da população portuguesa. A avaliação do potencial de

exposição da população portuguesa a fármacos antimicrobianos através da

determinação dos seus resíduos em alimentos e águas e o desenvolvimento de

uma estratégia clínica para aplicação em caso de intoxicação alimentar devido

a agonistas adrenérgicos também figuram na lista, que pretende elaborar o

estudo de fitoesterogénios e de fitosteróis no alimento e em fluidos biológicos

e a sua relação com a prevenção do cancro e de doenças cardiovasculares. A

nutrição e educação para a saúde é uma das metas.

PPrroojjeeccttoo ffuunnddaammeennttaallppaarraa aa ssaaúúddee ppúúbblliiccaa

LABORATÓRIO DE BROMATOLOGIA TRABALHA NA ÁREA DOS ALIMENTOS E DA ÁGUA

““AAllgguummaa iinnvveessttiiggaaççããoo sseerrvvee interesses camuflados”IRENE SILVEIRA LAMENTA QUE AS OPORTUNIDADES NÃO SEJAM DADAS A QUEM MOSTRA RESULTADOS_

Page 5: Jornal da Universidade de Coimbra – Junho 2006

se deixa abater pelas contrariedades: “É

bom haver para fazer não aquilo que gos-

taríamos, mas aquilo que vamos conse-

guindo fazer e não podemos parar”.

A Directora do Laboratório de Broma-

tologia reconhece que “os espaços físi-

cos são importantes, mas ainda mais são

as pessoas”, acrescentando que “as

novas instalações vão criar uma melhor

articulação entre as aulas e a investiga-

ção”. Para Irene Silveira, “alguma inves-

tigação em Portugal serve interesses

mais ou menos camuflados e que resul-

tam”, revoltando-se por “as oportunida-

des e os meios para trabalhar não serem

dados a quem mostra resultados”.

O Laboratório de Bromotalogia trabalha

há muitos anos na área dos alimentos e

da água, tendo, entretanto, também exe-

cutado trabalhos com líquidos biológicos.

“O avanço tecnológico conduziu à conta-

minação e ao uso de substâncias quími-

cas estranhas ao nosso organismo, que

proporcionaram maior quantidade de ali-

mentos e essa foi a nossa principal área

de investigação”, assume, antes de lem-

brar que “a investigação no contexto da

saúde passa pela prevenção”.

Mais tarde, a ligação com a indústria

alimentar e agro-alimentar impulsionou a

investigação deste tipo de questões e

proporcionou ter equipamento que, ga-

rante Irene Silveira, “de outra maneira

nunca teríamos”. As ligações com a in-

dústria agro-alimentar e a área veteriná-

ria ainda hoje se mantêm, assim como

com hospitais e algumas extensões de

saúde, reconhecendo que “as questões

relacionadas com a segurança alimentar

são cada vez mais valorizadas pelos con-

sumidores”.

“Hoje em dia, o controlo que se faz dos

alimentos _ quer os que se produzem em

Portugal, quer os que importamos _ não

existe por problemas economicistas”, su-

blinha a Professora Catedrática, exempli-

ficando de pronto:

“Sei que há laboratórios em Lisboa e

no Porto que estão sem pessoas e, até

há pouco tempo, não tinham equipamen-

to”, disse, manifestando ainda que “não

há razões para se estar tranquilo, porque

sabemos que o controlo não é efectuado

e a vigilância também não se faz”.

5JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006

ENTREV ISTA

Maria Irene Oliveira Costa Bettencourt

Noronha Silveira nasceu, em Leiria, há

61 anos. Em 1966, entrou na Universi-

dade de Coimbra no curso de Medicina,

mas por causa da cadeira de Anatomia

– “na altura, recorria a mortos e não a

modelos como actualmente” – transfe-

riu-se, imediatamente, para Farmácia.

Concluída a Licenciatura, fez o Douto-

ramento já casada e mãe de um filho.

Com dois netos e um filho de 40 anos,

a Professora Catedrática começou a dar

aulas em 1970 como monitora no tem-

po do Ministro Veiga Simão. A Directora

do Laboratório de Bromatologia leccio-

na as cadeiras de Bromatologia e Análises Bromatológicas I,

Controle de Medicamentos em Alimentos, Hidrologia e Análises

Hidrológicas e Nutrição e Dietética. Exerceu, durante quase cinco

anos, funções na Reitoria com o Reitor Fernando Rebelo. Na Fa-

culdade de Farmácia foi, entre 2004 e 2006, Presidente do Con-

selho Científico, onde antes tinha sido Presidente do Conselho

Pedagógico e Vice-Presidente do Conselho Directivo.

PE

RF

IL

e iinntteerreesssseess ccaammuuffllaaddooss””

Page 6: Jornal da Universidade de Coimbra – Junho 2006

REPORTAGEM6 JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006

CONCURSO NO ÂMBITO DA VIII SEMANA CULTURAL DA UC

““AA AArrttee ddee LLeerr”” pprreemmiioouueessttuuddaanntteess ddee PPaalleeooggrraaffiiaa

JOANA MARTINS

Foram entregues, no passado dia 25 de

Maio, os prémios referentes ao concurso

“A Arte de Ler”, projecto inserido na VIII

Semana Cultural da Universidade de Coim-

bra.

O concurso, que teve este ano a sua ter-

ceira edição, passava por descodificar ma-

nuscritos medievais e despertou, sobretu-

do, o interesse de estudantes de cursos de

Paleografia. Luís Rêpas foi o primeiro clas-

sificado no desafio, Aires Fernandes alcan-

çou o segundo lugar e Francisco Ferraz, ex--aequo com Duarte Freitas ocuparam a ter-

ceira posição (todos da Universidade de

Coimbra, com excepção de Francisco Fer-

raz, da Universidade do Porto).

Mais de duas dezenas de estudantes con-

correram ao prémio, entre os quais alguns

da Universidade de Salamanca. Foi assim

conferido ao concurso uma “dimensão na-

cional e internacional”, tal como salientou

Maria José Azevedo, Directora do Arquivo

da Universidade de Coimbra, instituição or-

ganizadora do projecto, juntamente com a

Reitoria da Universidade. O principal objec-

tivo do concurso passa por “estimular o re-

curso a fontes manuscritas e medievais”,

referiu Maria José Azevedo, sendo que as

provas foram constituídas por um docu-

mento do século XIV e outro do século XVI.

Os prémios foram entregues pelo Reitor da

Universidade de Coimbra, Seabra Santos,

que aproveitou para referir a importância des-

te tipo de iniciativas no panorama da cultura

portuguesa. O Reitor salientou ainda a dificul-

dade dos pergaminhos decifrados pelos con-

correntes, “prova de conhecimento e de

aprofundamento das matérias estudadas” e

“aproveitamento da nossa História, recolhen-

do ensinamentos deixados pelos antigos”.

REITOR ABORDOUTRANSFORMAÇÕES NA UC

Seabra Santos fez ainda referência às

transformações que têm vindo a ocorrer na

Universidade de Coimbra, na medida em

que se tem vindo a notar uma tendência

no aumento de estudantes nas pós-gradu-

ações, mestrados e doutoramentos. Parale-

lamente está a verificar-se o decréscimo no

número de alunos de graduação.

O Reitor sublinhou ainda, nesta fase de

mudança, o facto de estar a ser feita a

adaptação que resulta da “integração do

ensino superior no espaço europeu”. Numa

breve referência ao Processo de Bolonha,

Seabra Santos teceu algumas considera-

ções, sublinhando que a Universidade de

Coimbra “optou por fazer este processo

com serenidade e calma, não precipitando

a reestruturação dos cursos”. Assim, salien-

tou que, em Coimbra, “as reestruturações

continuarão a garantir a qualidade das li-

cenciaturas” e que a Universidade não ali-

nhará em métodos que desprestigiem as

instituições.

A entrega dos prémios culminou com a

actuação do Coro Misto da Universidade

de Coimbra.

AAssppeeccttoo ddaa cceerriimmóónniiaa ddaa eennttrreeggaa ddooss pprréémmiiooss AAccttuuaaççããoo ddoo CCoorroo MMiissttoo ddaa UUnniivveerrssiiddaaddee ddee CCooiimmbbrraa

Page 7: Jornal da Universidade de Coimbra – Junho 2006

7JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006

REPORTAGEM

ARQUIVO DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

NNoovveessééccuulloossddeemmeemmóórriiaaeessccrriittaa

JOANA MARTINS

O Arquivo da Universidade de Coimbra

guarda documentos que datam desde o

século XII até aos dias de hoje. Compila-

ção valiosa de escritos e documentação,

o Arquivo é alvo de uma grande procura

da parte de estudantes, investigadores e

leitores de todo o mundo. Maria José

Azevedo Santos é Directora do Arquivo

da Universidade desde 2003 e é também

a primeira mulher a desempenhar um

cargo de Direcção nesta instituição.

No que respeita à quantidade e à qua-

lidade o Arquivo da Universidade de Coim-

bra encontra-se “entre os maiores e os

mais importantes a nível europeu e até

mundial”, salienta a Directora da institui-

ção ao “Jornal da Universidade”. Com

uma média de um milhar de leitores por

ano, o Arquivo esgota muitas vezes a ca-

pacidade da sua sala de leitura, que pode

receber apenas 18 pessoas. A documenta-

ção contida no Arquivo está, de uma ma-

neira geral, acessível ao público. Existem

apenas algumas restrições, nomeadamen-

te no que respeita a um núcleo do

Instituto de Medicina Legal, constituído

por documentos dos séculos XIX e XX.

Nos últimos três anos, milhares de do-

cumentos foram tratados e acondiciona-

dos em capas. A humidade, temperatura

e luminosidade são condições que de-

vem ser tidas em conta quando se trata

da protecção dos documentos, de forma

a evitar a sua degradação. No entanto,

tal como refere a Directora do Arquivo, é

preciso algum esforço e sacrifício, na me-

dida em que a equipa que com ela traba-

lha é constituída por apenas 15 funcioná-

rios.

Maria José Azevedo trabalhou desde

sempre com documentação. Historiadora

Medievalista, a Directora do Arquivo foi

aluna de vários dos Directores daquela

instituição e reconhece que existe uma

tradição, no seu crescimento como uni-

versitária, ligada ao documento, afirman-

do todo o seu respeito e reconhecimento

pelo valor dos que a antecederam.

Segundo Maria José Azevedo, “arquivar

é um acto cultural de inteligência e civis-

mo”. Arquivar significa “recolher a memó-

ria”. Assim, tal como sublinha a Directora

do Arquivo, na medida em que a memó-

ria é de todos, cada cidadão tem “uma

responsabilidade relativamente ao patri-

mónio escrito”.

Page 8: Jornal da Universidade de Coimbra – Junho 2006

JOÃO PAULO HENRIQUES

O sociólogo Elísio Estanque e o histo-

riador Rui Bebiano divulgaram, durante o

colóquio internacional “Movimento Estu-

dantil – Dilemas e Perspectivas”, que de-

correu, em Maio, no auditório da Facul-

dade de Economia da Universidade de

Coimbra (UC), os resultados de um estu-

do que abrangeu 2.830 alunos da UC e

foi realizado ao longo de 2005 e 2006.

O colóquio integrou-se no projecto de

investigação “Culturas Juvenis – Diferen-

ça, Indiferença e Novos Desafios Demo-

cráticos”, que está a ser desenvolvido no

Centro de Estudos Sociais (CES) sob orien-

tação dos dois investigadores da UC. Um

estudo que revelou, entre outros aspec-

tos, que as populações estão menos par-

ticipativas nas instituições.

As diferentes análises das respostas

sobre as praxes académicas geraram polé-

mica, razão pela qual Elísio Estanque consi-

derou terem sido feitas “interpretações

abusivas e precipitadas”. Segundo o inqué-

rito, as praxes académicas devem repudiar

qualquer forma de violência física ou sim-

bólica e respeitar quem não quiser aderir,

revelando ainda que devem ser revistas de

modo a receber melhor os novos alunos.

Elísio Estanque garantiu que “é falso

que um terço dos inquiridos concorde

com a prática de actos de violência fí-

sica ou simbólica”, porque o inquérito

apenas permitia assinalar no máximo

três afirmações de um conjunto de

oito, não contemplando respostas de

sim ou não. Os dados revelados corres-

pondem a “quadros do software”, que

vão ser alvo de uma “análise multivaria-

da” e só depois haverá conclusões a

retirar.

O estudo tem a importância de trazer

uma informação mais sistemática e con-

sistente, que os investigadores esperam

poder contribuir para reactualizar o co-

nhecimento histórico e sociológico exis-

tente sobre a temática do movimento es-

tudantil e não só, uma vez que também

tem como preocupação de fundo a ques-

tão do associativismo e da participação

cívica.

REPORTAGEM8 JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006

As diferenças entre os anos 60 e os dias de hoje são enormes, razão pela

qual estabelecer comparações se afigura como algo extremamente complicado.

A reflexão em torno de algumas ideias feitas relativamente ao passado é uma

das metas do estudo de Elísio Estanque e Rui Bebiano.

“Nos anos 60, a Universidade de Coimbra tinha menos estudantes e as

condições eram muito diferentes”, explica o sociólogo, ressalvando que “as

condições eram tão adversas que era mais fácil unir as pessoas em torno de

um objectivo como acabar com a guerra colonial, democratizar a Universidade,

mudar o regime e conquistar a democracia”.

Nos dias de hoje, as causas são mais difíceis de encontrar e ainda é mais

complicado encontrar objectivos comuns a todos. “Os estudantes são em maior

número, o que cria maior diversidade e faltam causas que sejam motivadoras

e mobilizadoras da massa dos estudantes”, conclui.

FFaallttaamm ccaauussaass mmoobbiilliizzaaddoorraass

EELLÍÍSSIIOO EESSTTAANNQQUUEE EE RRUUII BBEEBBIIAANNOO DDIIVVUULLGGAAMM EESSTTUUDDOO SSOOBBRREE OOSS UUNNIIVVEERRSSIITTÁÁRRIIOOSS DDEE CCOOIIMMBBRRAA

CCoonnttrriibbuuttoo ppaarraa oo mmoovvii mento estudantil

Page 9: Jornal da Universidade de Coimbra – Junho 2006

9JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006

REPORTAGEM

vi mmeennttoo eessttuuddaannttiillCARÁCTERREGIONALDA UNIVERSIDADE

l Alunos com família

no concelho de Coimbra: 2200,,11%%

l Alunos com família

no resto do distrito: 1155,,22%%

l Alunos com família

no resto da região Centro: 3355%%

PROFISSÕESDOS PAIS

l Filhos de profissionais não

qualificados: 3300,,55%%

l Filhos de quadros dirigentes

ou intermédios: 2233,,55%%

l Filhos de empregadores: 2211,,11%%

l Filhos de trabalhadores

por conta própria: 1144,,66%%

ONDE VIVEM

l No centro histórico

de Coimbra: 2222,,11%%

l Em outros bairros dentro

da cidade: 5555,,88%%

l Periferia: 1100,,88%%

COM QUEMMORAM

l Com colegas

em apartamentos

arrendados: 2299,,77%%

l Com os pais: 2244,,77%%

l Em quartos arrendados

a particulares: 2233,,55%%

l Em residências

universitárias: 99,,66%%

l Em apartamentos

próprios ou dos pais

(mas independentes): 88,,88%%

l Em casa de outros

familiares: 22,,44%%

Em repúblicas: 11,,11%%

Deve manter-se como está ...................................................................................... 55%%

Deve ser revista no sentido da não discriminação entre homens e mulheres .... 1188%%

Deve ser revista de forma a receber melhor os novos alunos ............................ 5522%%

Deve ser completamente abolida, pois é uma violência........................................ 33%%

Deve ser limitada aos cerimoniais académicos ...................................................... 88%%

Deve ser rigorosamente aplicada de acordo com o Código da Praxe ................ 2288%%

Deve repudiar qualquer forma de violência física ou simbólica .......................... 6688%%

Deve ser facultativa e respeitar quem não quiser aderir .................................... 7722%%

CCOONNSSIIDDEERRAAMM QQUUEE AA PPRRAAXXEE AACCAADDÉÉMMIICCAA......

A Universidade e o movimento estu-

dantil é um campo social importante

para o estudo de Rui Bebiano e Elísio

Estanque. Ainda assim, a reflexão e a

análise que pretendem fazer não se fica

por aqui. Enquanto cidadãos e cientis-

tas sociais, estão preocupados com o

facto de “todo um conjunto de sinais

revelar um certo afastamento e indife-

rença da população relativamente às

instituições”.

Os investigadores pretendem que o

projecto contribua para conhecer as no-

vas dimensões do que foram as experiên-

cias dos movimentos estudantis dos anos

60 e conhecer melhor a forma como essa

influência no contexto da UC é ainda sig-

nificativa enquanto factor de construção

e estruturação da identidade colectiva

dos estudantes de Coimbra, que tem uma

tradição muito forte.

A tendência de distanciamento da maio-

ria dos estudantes relativamente aos ór-

gãos dirigentes da Associação Académica

de Coimbra (AAC) é um dado importante.

Apesar de não ser propriamente uma no-

vidade _ basta olhar para os resultados

das participações nas eleições _, Elísio

Estanque sublinhou que “o estudo tinha

uma série de perguntas em que quería-

mos saber se a AAC é uma organização

elitista e que promove, sobretudo, o

acesso à política, o que mereceu cerca de

48 por cento de concordância”.

A distância dos universitários relativa-

mente a instituições da vida pública e de-

mocrática, como é o caso dos partidos

políticos, foi outra das conclusões. Os es-

tudantes dão fraca importância aos parti-

dos e às repúblicas estudantis, que são

significativas em Coimbra do ponto de

vista cultural, embora reconheçam, por

exemplo, muita importância à UC e às

Nações Unidas.

As preocupações com doenças, nomea-

damente com a SIDA, a pobreza e a fome

figuram no topo das escolhas dos univer-

sitários, que se manifestaram ainda preo-

cupados com as questões do ensino e o

acesso ao emprego. A necessidade de maior

investimento em estágios e a maior articu-

lação entre a UC e o mercado do emprego

são apontadas como prioridades.

Page 10: Jornal da Universidade de Coimbra – Junho 2006

DISCURSO DOS MEDIA10 JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006

DINIS MANUEL ALVES *

33 ddee JJaanneeiirroo ddee 11999999.. OO KKaaaakkssbbuurrgg

eennccaallhhaa aaoo llaarrggoo ddaa FFiigguueeiirraa ddaa FFoozz.. As

primeiras informações alertavam para a

possibilidade de uma catástrofe ecoló-

gica naquela praia. Como tal se não

veio a verificar, a âncora que permitiu

manter o assunto em antena durante

mais algum tempo, com muitos direc-

tos à mistura, fundeou na mais que

certa impossibilidade do barco vir a ser

removido do local em que se encontra-

va, causando assim graves incómodos

numa cidade interessada em apostar

cada vez mais no turismo de Verão. Os

dois alarmes foram soando em conjun-

to nas páginas da imprensa, nos recep-

tores de rádio e nos televisores. No 24Horas (RRTTPP11) de dia 3 de Janeiro [1999]

já se faziam referências ao perigo, que

residia agora no combustível do navio.

O PPúúbblliiccoo de dia 4 titulava Derramede combustível iminente; o diário 2244hhoorraass avisava, na primeira página: Po-luição ameaça porto da Figueira daFoz. Nas interiores, o mesmo tom: Pe-rigo ecológico na Figueira da Foz. O DDNNtambém assustava, a páginas 23:

Derrame ameaça a Figueira. Mas a pri-

meira página assustava mais ainda:

“Bomba” ao largo da Figueira, assimrezava o título. No subtítulo podia ler-

se Carga de petroleiro avariado podederramar e causar prejuízos graves.

Na rádio, no dia 4, às 9h, a TTSSFF con-

siderava que o perigo de derrame eraiminente. Às 9h30 falava-se em risco

de maré negra, risco anulado no infor-

mativo das 13h. A AAnntteennaa 11 dissipara o

risco às 12h, apesar das preocupações

referidas às 17h. Às 12h, a RReennaasscceennççaalembrava que as 26 toneladas de com-bustível retidas nos tanques do navioencalhado ao largo da Figueira da Fozsão a grande preocupação da Pro-tecção Civil, também dos ambientalis-

tas.

No Telejornal (RRTTPP11, 20h) de dia 4, o

pivot informava: (…) Nos seus tanquesencontram-se 36 toneladas de com-bustível, o que está a constituir umforte motivo de preocupação para asautoridades marítimas portuguesas. Es-ta afirmação não era suportada por

qualquer declaração, no mesmo senti-

do, feita pelas autoridades marítimas. No sumário do Directo XXI (TTVVII, 21h),

o pivot avançava: Navio encalhadocom 36 toneladas de combustível podeprovocar um desastre ecológico naFigueira da Foz. A trasfega do combus-

tível deverá começar nas próximas ho-ras. O navio poderá já não ter salvação.Um exagero se comparado com as de-

clarações do responsável pela Pro-

tecção Civil, na peça subsequente: Apreocupação que temos neste momen-to, enquanto Serviço Municipal deProtecção Civil é o gasóleo que aindapermanece dentro do navio que, nãosendo um risco enormíssimo, é umrisco que existe. Num segundo excerto,

inserido na mesma peça, diz Lídio

Lopes: (…) Para além do gasóleo edesse derrame possível ... do riscoque existe, embora com pouca proba-bilidade.

E Andrade Monteiro, comandante da

Capitania do Porto da Figueira da Foz,

afirma que a trasfega não envolve pe-rigo. Passado o perigo da maré negra,

o alarmismo transfere-se para a opera-

ção de trasfega, também para a forte,

fortíssima? probabilidade do Kaaksburgvir a morrer na praia, ingloriamente es-

facelado.

Dia 5, no Primeiro Jornal, Baganha

Fernandes, do Serviço Anti-Poluição da

Direcção Geral da Marinha , considera-

va que se estava perante uma situaçãonão muito preocupante, na medida emque temos 36 mil litros de gasóleo,que é uma quantidade relativamentepequena (…).

Depoimento em sintonia com o vei-

culado pelo JJNN do mesmo dia 5 (Des-mantelamento do navio parece vir a sera solução), e na boca do mesmo Ba-

ganha Fernandes. Neste artigo, aquele

responsável garantia que as preocupa-ções ambientais são “poucas”, por setratar de “uma pequena quantidade decombustível” e, também, porque a em-presa que vai proceder à remoção é“conhecida e de confiança”.

No mesmo dia, o DDNN avançava com

informação diferente, surpreendente-

mente vinda do mesmo responsável.

Baganha disse ao DDNN que “os riscos,apesar de calculados”, poderiam au-mentar, caso se viessem a concretizar“as condições desfavoráveis do mar”.Afirmações que sustentavam o título

Trasfega preocupa Marinha.No dia 5 (7h, 8h30), a RReennaasscceennççaa

também se referia à trasfega como

operação de alto risco.

O Directo XXI de dia 5 suavizava o

alarmismo do dia anterior: Já começoua operação de trasfega. A ProtecçãoCivil diz que o risco é mínimo, mas osbombeiros estão de prevenção máximano local.

KKaaaakkssbbuurrgg,, aa ““bboommbbaa”” qquuee só rebentou nos media

Page 11: Jornal da Universidade de Coimbra – Junho 2006

11JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006

DISCURSO DOS MEDIA

Os media começavam a desencalhar

do assunto. A operação de trasfega ter-

minou no dia 6, facto reportado pelaRRTTPP11 (Jornal da Tarde e Telejornal, 13h e20h), pela TTVVII (TVI Jornal, 2.ª ed., 13h

30), pela RRTTPP22 (Jornal 2, 22h), pelas rá-

dios, aqui ainda no dia 7.

A SSIICC despedira-se do Kaaksburg logo

no dia 5 (Último Jornal), quebrando

assim uma promessa feita por Rodrigo

Guedes de Carvalho, no Primeiro Jornal.A operação de trasfega iniciara-se pou-

cos minutos antes de um directo efectu-

ado pela estação, levaria mais ou menos

24 horas. O pivot despede-se do repór-

ter que efectuara o directo, dizendo:

Que é como quem diz… 24 horas, ama-nhã, por esta altura do Primeiro Jornal,aqui estaremos para saber se de facto aoperação correu pelo melhor, como to-dos desejam.

A trasfega correu bem, não houve

qualquer problema, figueirenses e portu-

gueses quase poderiam dormir em paz

não fosse outro problema delicado: pôr

o barco a navegar de novo. O PPúúbblliiccoo de

dia 5, que suavizara os riscos de catás-

trofe ecológica, não era peremptório a

dizer que o navio tinha que ser desman-

telado (“Kaaksburg’ permanece encalha-do na Figueira da Foz - Empresa espa-nhola retira combustível”).

No Telejornal de dia 5 vaticinava-se

desfecho diferente:(…) Quanto ao desti-no do barco, o mais certo é ser desman-telado em plena praia. A mesma conjec-

tura na 1.ª edição do TVI Jornal de 5 de

Janeiro. Os jornalistas autores do vaticí-

nio declaravam em conformidade com

títulos da imprensa daquela manhã: Asolução vai ser desmantelar o navio, lia-se no 24 horas. Desmantelamento donavio parece vir a ser a solução, lia-se

no JJNN.

No dia 6, o PPúúbblliiccoo também aventava

a hipótese: Navio encalhado pode vir aser desmantelado na praia da Cova-Gala, lia-se, a subtítulo do artigo intitula-

do Trasfega do combustível deve termi-nar hoje. No dia 7 também a RReennaass--cceennççaa entrou no coro do desmantela-

mento.

O repouso do cargueiro passou a ser

sobressaltado só de longe a longe, a

partir de então. Dia 12, a TTSSFF adiantava

que o material necessário para retirar o

barco encalhado deveria chegar nesse

mesmo dia, ou a 13 de Janeiro.

Dia 15, Jornal da Tarde e Telejornal(RRTTPP11) davam conta da continuação dos

trabalhos para a remoção do navio. Dia

19 a SSIICC reapareceu, com o Primeiro

Jornal lembrando que o cargueiro conti-

nuava à espera de ser rebocado. No dia

seguinte, na mesma estação, mas no

Jornal da Noite, informava-se da impos-

sibilidade de rebocamento do navio,

tendo este, em consequência, que ser

desmantelado.

Chegado Março, lembrou a RReennaass--cceennççaa, às 12h de dia 12, que o caso con-

tinuava por resolver. Cinco dias mais

tarde, era o País Regiões Coimbra (RRTTPP11)a pontuar o mesmo. Dia 22, neste mes-

mo informativo regional consolidou-se a

tese do desmantelamento.

O Primeiro Jornal de 1 de Abril relem-

brou aos telespectadores a teimosia do

Kaaksburg, ou a impotência do Homem

em conseguir libertar-se do pesadelo. A

9, nova notícia no País Regiões Coimbra,desta feita provocada por posição da

autarquia figueirense, que ameaçava

processar o Estado português por mor

dos prejuízos causados pela mais que

inevitável operação de desmantelamen-

to. A mesma informação, três dias de-

pois, mas no regional emitido para todo

o território, o País País.A 19 de Abril procedeu-se à última ten-

tativa de remoção do navio, operação

de mau sucesso, que se prolongou por

três dias (a 19 na RReennaasscceennççaa, 14h; SSIICC,,Último Jornal; RRTTPP11, País Regiões Coim-bra; a 20 na SSIICC, Primeiro Jornal e ÚltimoJornal; RRTTPP11, País Regiões Coimbra; naRReennaasscceennççaa e na TTSSFF, em vários informa-

tivos; a 21 na RRTTPP11, País RegiõesCoimbra).

A odisseia terminaria a 16 de Maio de

1999. O Homem vencera o ferro, tam-

bém os elementos, o lenço branco foi

agitado apenas pela RRTTPP11, RRTTPP22 eAAnntteennaa 11. Às 8h de 7 de Maio, a Antena

1 informava que o Kaaksburg já ia mar

alto fora, rumo a Vigo.

Não houve maré negra, não houve ca-

tástrofe ecológica, a bomba ao largo da

Figueira não rebentou, a operação de

trasfega do combustível decorreu sem

mácula. O navio não teve que ser des-

mantelado.

* iinn ““MMiimmeettiissmmooss ee ddeetteerrmmiinnaaççããoo ddaa aaggeenn--

ddaa nnoottiicciioossaa tteelleevviissiivvaa _ AA aaggeennddaa--mmoonnttrraa ddee

oouuttrraass aaggeennddaass””,, 495-497, Dinis Manuel

Alves, Abril 2005.

(Dissertação de Doutoramento na área deCiências da Comunicação, especialidade deDiscurso dos Media, apresentada à Facul-dade de Letras da Universidade de Coimbra,sob a orientação do Prof. Doutor FranciscoRui Cádima e a co-orientação da Prof. Dou-tora Isabel Nobre Vargues).

e ssóó rreebbeennttoouu nnooss mmeeddiiaa

Page 12: Jornal da Universidade de Coimbra – Junho 2006

FESTA DA MÚSICA12 JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006

INICIATIVA DA ALLIANCE FRANÇAISE COM A COLABORAÇÃO DA UC

OOiittoo hhoorraass ddee mmúússiiccaa vvaarriiaaddaa eemm ffeessttaa ooff erecida a CoimbraVai decorrer em Coimbra, no próximo dia 21

de Junho (quarta-feira), a 1.ª Festa da Música,

organizada pela Alliance Française em parce-

ria com diversas entidades, entre as quais a

Universidade de Coimbra.

Trata-se de uma “maratona musical” que se

inicia às 16 horas e se prolonga até à meia-

noite, com a actuação de diversos grupos dos

mais variados géneros, numa oferta à cidade.

De facto, esta invulgar manifestação artísti-

ca decorre ao ar livre (junto à sede da Allian-

ce Française de Coimbra, na Rua Pinheiro

Chagas), durante oito horas, e é gratuita, a ela

podendo assistir todos os interessados.

Embora seja a primeira vez que esta “Festa

da Música” se efectua em Coimbra, em Fran-

ça ela celebra este ano a 25ª edição, e ao

longo do último quarto de século tem vindo

a realizar-se em diversos outros países e tam-

bém em Portugal, mas noutras cidades.

Isso mesmo referiu ao “Jornal da Universi-

dade” Alain Didier (Delegado-Geral das Allian-

ces Françaises em Portugal), que esclareceu:

“Não é um festival. É uma grande manifes-

tação popular, gratuita, aberta a todos os par-

ticipantes, amadores ou profissionais, que de-

sejem actuar, e que mistura todos os géneros

musicais, músicas de todo o mundo e dirige-

se a todos os públicos. Tem como objectivo

popularizar a prática musical e familiarizar o

público para todas as expressões musicais”.

UMA PARTICIPAÇÃOMUITO VARIADA

Alain Didier (que é também o Director da

Alliance Française de Coimbra), revelou-nos o

programa provisório desta 1.ª Festa da Músi-

ca de Coimbra, pelo qual se nota a adesão a

esta iniciativa de muitos grupos da cidade, de

géneros muito diversos, desde a chamada mú-

sica popular até à designada música clássica.

Isso mesmo se pode confirmar na listagem dos

grupos participantes (que se publica em caixa).

Mas variado é também o conjunto das enti-

dades que se aliaram à Alliance Française de

Coimbra para esta curiosa manifestação cultural.

Para além da Reitoria da Universidade de

Coimbra, integram a parceria a Câmara Mu-

nicipal de Coimbra, o Conservatório de Músi-

ca de Coimbra, o Conservatório Regional de

Coimbra, o Instituto Superior de Engenharia

de Coimbra, a Escola Superior de Educação

de Coimbra, diversos órgãos de comunicação

social (para além do “Jornal da Universida-

de”, a Rádio Universidade de Coimbra, a TV5

Monde, a RDP, a ESEC-TV, o jornal “Centro”,

o “Diário As Beitras”, o “Diário de Coimbra”)

e ainda várias empresas (a FNAC, a Dan Cake,

cafés FEB e Águas do Luso).

25 ANOS A PROMOVERA MÚSICA E INTERCÂMBIOSCULTURAIS

Como acima se refere, a Festa da Música

comemora no próximo dia 21 o seu 25º ani-

versário.

Foi lançada em França em 1982 e esten-

deu-se a outros países da Europa em 1985,

no âmbito do Ano europeu da Música.

A partir de 1995, diversos organismos pú-

blicos e privados juntaram-se para co-organi-

zar uma Festa Europeia da Música em cada

O Pró-Reitor Gouveia Monteiro usando da palavra na apresentação da Festa da Música

Page 13: Jornal da Universidade de Coimbra – Junho 2006

13JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006

FESTA DA MÚSICA

eerreecciiddaa aa CCooiimmbbrraadia 21 de Junho, “para testemunhar, através

de um evento comum, a sua vontade de fa-

vorecer um melhor conhecimento das reali-

dades artísticas actuais dos seus países, e

desenvolver intercâmbios, no domínio musi-

cal, entre os países da União Europeia e com

os países da Grande Europa”.

Esta circunstância é sublinhada pelos ele-

mentos responsáveis pela coordenação inter-

nacional da Festa da Música, que trabalha

em Paris (mas cuja actividade pode ser con-

sultada no sítio www.fetedelamusique.cultu-

re.fr), que acrescentam:

“Este evento apresenta-se sob a forma de

grandes manifestações locais em cada um

dos países ou em cada uma das colectivida-

des parceiras, e tem como objectivo favore-

cer os encontros multilaterais entre músicos

europeus. A Festa europeia da Música tem

por vocação reforçar a cooperação europeia

com o apoio de parceiros interessados, tor-

nar visíveis as colaborações entre os parcei-

ros, e deseja assim contribuir para o desen-

volvimento de uma Europa Cultural”.

DECLARAÇÃO DE PRINCÍPIOS

Com o espírito atrás mencionado, a Festa da

Música apoia-se mesmo numa Declaração de

Princípios, aprovada em 1997 numa reunião

internacional, em Budapeste, e que inclui os

seguintes pontos:

“1 - A Festa europeia da Música decorre,

todos os anos, no dia 21 de Junho, dia do

Solstício de Verão.

2 - A Festa europeia da Música é uma

celebração da música viva destinada a re-

alçar a amplitude e a diversidade das prá-

ticas musicais, de todos os géneros de

música.

3 - A Festa europeia da Música é um apelo

à participação espontânea e gratuita que se

dirige tanto aos individuos ou conjuntos

que praticam canto ou um instrumento de

música como às instituições musicais, para

que tanto os amadores como os músicos

profissionais se possam exprimir.

4 - Todos os concertos são gratuitos para

o público.

5 - A Festa europeia da Música é maiorita-

riamente uma festa ao ar livre que decorre

nas ruas, nas praças, nos jardins públicos,

nos pátios... Locais fechados podem também

associar-se se aplicarem a regra do acesso

gratuito ao público. A Festa europeia da

Música é a ocasião de ocupar ou abrir excep-

cionalmente ao público locais que tradicio-

nalmente não são locais de concertos: mu-

seus, hospitais, edifícios públicos...

6 - A Festa europeia da Música é um dia

excepcional para todas as músicas e para

todos os públicos. Os co-organizadores com-

prometem-se a promover, neste âmbito, a

prática musical e a música viva, sem espírito

nem fins lucrativos.

7 - Os co-organizadores comprometem-se

a respeitar o espírito e os princípios fundado-

res da Festa europeia da Música tais como

enunciados nesta carta”.

MMúússiiccaa sseemm ppaarraarr aattéé àà mmeeiiaa nnooiitteeComo se refere no texto principal, a

Festa da Música decorre no próximodia 21 (quarta-feira), das 16 às 24 ho-ras, em plena rua (que será cortada aotrânsito) junto à sede da Alliance Fran-çaise (na Rua Pinheiro Chagas, n.º 60,por trás da Escola Secundária de JoséFalcão).

O programa provisório inclui a partici-pação dos seguintes grupos (a quepodem vir a juntar-se vários outros):

- Grupo de Flautas e Danças Regionaisdo Externato de João XXIII

- Orquestra da Escola de Música doColégio de São Teotónio

- Coro infantil - Conservatório de Músi-ca de Coimbra

- Orquestra de Cordas do Conserva-tório Regional de Coimbra

- Coro dos Pequenos Cantores de Coim-bra

- Conjunto de Cordas dirigido pelo Ma-estro João Ventura

- Escola de Guitarra do Instituto Su-perior de Engenharia de Coimbra (ISEC)

- Sociedade Filarmónica de Vila Novade Anços

- Alunos do 1º ano da Licenciatura em

Professores de Educação Musical do En-sino Básico- ESEC

- Alunos do 3º ano da Licenciatura emProfessores de Educação Musical doEnsino Básico- ESEC

- Coro Misto da Universidade de Coim-bra

- Canto - Conservatório de Música deCoimbra

- Associação Cultural Coimbra Menina eMoça com o seu Grupo de Fados «Guitar-ras de Coimbra» - ISEC

- Instrumentos de Arco - Conservatóriode Música de Coimbra

- Percussões - Conservatório de Músi-ca de Coimbra

- Conjunto de saxofones - Conservató-rio de Música de Coimbra

- Quinteto de Metais - Conservatóriode Música de Coimbra

- Conjunto de Clarinetas - Conservató-rio de Música de Coimbra

- Orquestra de Sopros - Conservatóriode Música de Coimbra

- Flauta Transversal - Conservatório deMúsica de Coimbra

- Cordas Dedilhadas - Conservatóriode Música de Coimbra

Page 14: Jornal da Universidade de Coimbra – Junho 2006

REPORTAGEM14 JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006

SOCIÓLOGO NORTE-AMERICANO DOUTORADO HONORIS CAUSA PELA FEUC

IImmmmaannuueell WWaalllleerrsstteeiinn ffaallaa ddoo ppaappeell ffuuttuurroo ddooss EEUUAAO sociólogo norte-americanoImmanuel Wallersteinfoi distinguido com o doutoramentoHonoris Causa pela FEUC(Faculdade de Economia daUniversidade de Coimbra) nopassado dia 11 de Junho. E no diaseguinte proferiu, na referidaFaculdade, uma conferência sobreo papel dos Estados Unidos daAmérica do Norte no futuro.

Immanuel Wallerstein (professor jubila-

do da Universidade Estadual de Nova

Iorque e Investigador Senior da Univer-

sidade de Yale) recebeu esta distinção da

Universidade de Coimbra pelo sua activi-

dade na área da sociologia mas também

pela interdisciplinaridade da sua obra ci-

entífica, na qual aborda perspectivas his-

tóricas, políticas, económicas e, nos últi-

mos anos, filosóficas.

A cerimónia iniciou-se, como é tra-

dicional, com a saída do Cortejo da Bi-

blioteca Joanina até à Sala Grande doa

Actos (Sala dos Capelos), onde Immanuel

Wallerstein recebeu as insígnias doutorais.

Foi apresentante Boaventura Sousa Santos,

estando o elogio do novo Doutor a cargo

de Carlos Fortuna. Como é da praxe, foi

também feito o elogio do apresentante,

desta feita por João Arriscado Nunes.

No final da cerimónia, o cortejo dirigiu-se

à Sala do Senado, onde Immanuel Wallers-

tein recebeu o diploma de Doutor pela

Faculdade de Economia da Universidade

de Coimbra (FEUC).

PAPEL DOS ESTADOS UNIDOSEM CONFERÊNCIA NA FEUC

No dia seguinte (segunda-feira, dia 12),

Immanuel Wallerstein proferiu uma confe-

rência na Sala Keynes da FEUC, subordina-

da ao tema “A Post-American World: The

Coming Decades”.

Nesta conferência (que contou com os

apoios da Fundação para a Ciência e a Tec-

nologia e da Fundação Calouste Gulben-

kian), abordou as relações internacionais e

especificamente o papel que os Estados

Unidos e outras nações podem vir a desem-

penhar no mundo nas próximas décadas.

QUEM ÉIMMANUEL WALLERSTEIN

Immanuel Wallerstein começou a sua

carreira académica na Universidade de

Columbia (Nova Iorque), como professor

e investigador da África colonial e pós-co-

lonial de meados do século passado. A

sua visão cosmopolita e progressista en-

contra-se, hoje, consagrada no epíteto de

“fundador” da escola do sistema-mundo,

perspectiva holística da economia e da

sociedade capitalista, interpretadas ao

sabor de longos ciclos histórico-tempora-

is e amplas escalas geográficas, que cul-

tivou na esteira de famosos intelectuais,

politólogos e historiadores como Fernand

Braudel.

Da vasta obra de Immanuel Wallerstein –

que agrega centenas de títulos (livros e ar-

tigos), alguns traduzidos em mais de duas

dezenas de línguas – destacam-se os volu-

mes sobre o “Modern World-System” e a

“Capitalist World-Economy” que revelam a

sua mais original inovação teórica e episte-

mológica.

Ocupou diversos cargos internacionais,

como o de Presidente da Associação Inter-

nacional de Sociologia. Como sinal da sua

proeminente actividade académica e inte-

lectual, várias universidades, espalhadas

por todo o mundo, já lhe outorgaram o

grau de doutor “honoris causa”.

A sua relação directa com Portugal foi,

num primeiro momento, resultado de in-

vestigações sobre a história económica em

que fez referência ao trabalho de Vitorino

Magalhães Godinho e, num segundo mo-

mento, no plano das referências sobre a

economia colonial africana e os movimen-

tos de libertação nacional das várias coló-

nias portuguesas.

Já no início dos anos 80, a sua relação

com o país fundou-se na relação de coope-

ração que estabeleceu com docentes e in-

vestigadores da Faculdade de Economia da

Universidade de Coimbra, e em particular,

com o Centro de Estudos Sociais (CES), do

qual é investigador associado.

EXPOSIÇÃOBIBLIOGRÁFICA

Como complemento desta conferência,

pode ser visitada na Biblioteca da FEUC.

até ao dia 16 de Junho, uma exposição bi-

bliográfica relativa à obra de Immanuel

Wallerstein.

A mostra engloba dezenas de trabalhos

de Wallerstein, alguns da referida Biblio-

teca, outros pertencentes a bibliotecas de

outros Departamentos da UC e ainda a

colecções particulares. A exposição foi or-

ganizada por Álvaro Garrido e Rosário

Pericão.

IImmmmaannuueell WWaalllleerrsstteeiinn jjáá ccoomm aass iinnssííggnniiaass ddoouuttoorraaiiss ccoonncceeddiiddaass ppeellaa UUCC

mmmmaannuueell WWaalllleerrsstteeiinn llaaddeeaaddoo ppoorr aallgguunnss ddooss ppaarrttiicciippaanntteess nnaa cceerriimmóónniiaa pprreessiiddiiddaa ppeelloo RReeiittoorr IImmmmaannuueell WWaalllleerrsstteeiinn llaaddeeaaddoo ppoorr BBooaavveennttuurraa SSoouussaa SSaannttooss,, sseeuu aapprreesseennttaannttee

Page 15: Jornal da Universidade de Coimbra – Junho 2006

15JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006

NOTÍC IAS

CCaarrooss ccoolleeggaass::

Venho, por este meio, expressar a minha profunda

tristeza e revolta perante situações que não me deixam

indiferente e prestar homenagem a uma grande amiga e

lutadora: a Vanessa.

Os tempos mudam, mas nem tudo evolui na mesma

medida. Há alguns meses que tenho lidado diariamente

com uma rapariga bonita, simpática e deficiente neuro-

muscular.

Durante todo este tempo, tenho reparado em porme-

nores que, para mim, passavam despercebidos. A maior

parte das ruas têm os passeios desnivelados, as lojas e

espaços públicos não têm acessos, os autocarros não

estão adaptados de forma a que ela conheça melhor a

cidade que a acolheu, a Faculdade onde estuda não tem

rampa de acesso, apesar de já estar prometida... Só que,

tal como em muitos outros casos, também neste a obra

tem-se ficado pela promessa.

Mas, tudo isto para dizer que ambas participámos no

cortejo da Queima das Fitas e o cenário que nos era

apresentado era ambivalente. Por um lado, era bonito e

espectacular, onde alunos e pais de alunos demonstra-

vam o seu sentimento de felicidade. Afinal, a Queima

das Fitas é uma festa. Mas, ao mesmo tempo, era tam-

bém um cenário desolador. A falta de bom senso, a falta

de educação cívica e a falta de atenção por parte das

pessoas para situações como a da Vanessa, fizeram com

que os vidros das garrafas se fossem amontoando nas

ruas. Será que ninguém se apercebe que quando se

deixa uma garrafa de vidro no chão ela pode partir-se e

magoar alguém (como, aliás, aconteceu)? Para pessoas

que têm a sua mobilidade condicionada, como no caso

da Vanessa, a situação é ainda pior. Ela não furou as

rodas da cadeira que usa para se deslocar, mas… E se

furasse? Estariam a privar uma colega de participar num

momento tão importante da sua vida, não só académi-

ca como também pessoal!

Em cortejos futuros, a organização não deveria ter

mais atenção para estes aspectos que pouco dignificam

os estudantes e a universidade? Por que razão não se

colocam mais contentores ao longo do trajecto do cor-

tejo? Por que razão não hão-de as pessoas colocar as

garrafas em locais próprios ou juntá-las em vez de as ati-

rarem para qualquer lado? Para além de mostrarem bom

senso e boa educação, estariam a ajudar pessoas que,

como a Vanessa, estão limitadas e que, por desleixo de

alguns, se podem ver privadas de participar naquilo que

tanto anseiam.

Depois da festa, penso que chegou o momento de re-

flectir. Mudam-se os tempos, mudem-se as atitudes.

Opinião

AINDA A PROPÓSITO DO CORTEJO DA QUEIMA DAS FITAS

CCaarrttaa aabbeerrttaa aaooss eessttuuddaanntteess ddaa UUCC

CCrriissttiinnaa CCaassttrroo(aluna do 1.º ano da Faculdade de Psicologia

e Ciências da Educação da UC)

ADERENTES TÊM DIVERSOS BENEFÍCIOS

EEssttáá aa sseerr ccrriiaaddaa RReeddeeddee AAnnttiiggooss EEssttuuddaanntteess ddaa UUCC

Começou a ser construída, no corrente mês de

Junho, uma Rede de Antigos Estudantes da

Universidade de Coimbra. Apesar de estar no iní-

cio, conta já com mais de uma centena de ade-

sões.

Esta iniciativa visa, segundo fonte da Reitoria,

“reforçar os laços entre a Universidade e todos os

seus Antigos Estudantes, e promover a comunica-

ção e troca de experiências permanentes, ao nível

académico, profissional e social”.

Ao antigos estudantes da UC que aderirem a

esta Rede podem usufruir de uma série de servi-

ços, entre os quais: acesso a informação sobre a

Universidade de Coimbra; oportunidades de for-

mação adicional; recrutamento e gestão de carrei-

ra; acesso à Rede de Especialistas da

Universidade de Coimbra; benefícios e descontos

diversos; participação em eventos culturais, des-

portivos e sociais.

Como se depreende, este conceito de antigo es-

tudante não é equivalente ao de “estudante anti-

go”, isto é, mesmo os que agora acabaram o res-

pectivo curso podem já integrar a rede. Como re-

ferem os seus responsáveis, “a Rede está aberta

a todos quantos foram estudantes da

Universidade de Coimbra, através de qualquer

uma das suas Faculdades, ou para os que preten-

dem manter uma ligação estreita à Universidade”.

Os interessados em aderir a esta nova Rede

podem proceder ao respectivo registo electrónico

através do endereço www.uc.pt/encontros.

Quaisquer informações adicionais poderão ser

solicitadas através do telefone 239 853 123 ou do

telemóvel 96 44 53 222.

CURSO DE 5 ANOS PODE SER FEITO EM 4

FCTUC cria “Via Rápida”para os melhores alunosA Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de

Coimbra (FCTUC) acaba de criar a Via Rápida para os melhores

alunos.

Esta medida, pioneira no país, permite aos estudantes com

melhor aproveitamento a conclusão em apenas 4 anos de um

curso com a duração normal de 5 anos.

A Via Rápida, aprovada por alunos e professores, avança já

no próximo ano lectivo (2006 / 2007) para os novos

estudantes e pretende, de acordo com o Presidente do

Conselho Directivo da FCTUC, João Gabriel Silva, “atrair os

melhores alunos para a Faculdade de Ciências e Tecnologia,

criando condições para que possam concluir o seu curso um

ano mais cedo”.

João Gabriel Silva defende que “uma escola de excelência

como a FCTUC deve premiar os bons alunos, promovendo a

diferenciação positiva”. E conclui:

“Este estímulo é decisivo para a vida académica do aluno

que, ao finalizar o seu curso mais cedo, pode prosseguir mais

rapidamente para um mestrado ou doutoramento”.

Assumindo-se como uma escola europeia de investigação, a

FCTUC pretende, também, neste contexto de excelência, atrair

mais estudantes estrangeiros, assegurando uma escola

atractiva.

A FCTUC está na primeira linha da inovação e investigação,

encontrando-se envolvida em projectos de investigação

científica cujo financiamento ascende a 32 milhões de euros.

De assinalar que 12 dos seus Centros de Investigação foram

classificados com Excelente ou Muito Bom pela Fundação para

a Ciência e Tecnologia.

O Gabinete de Comunicação e Identidade (GCI)

da UC está a criar uma “newsletter” electrónica,

com periodicidade mensal, e de que foi já elabo-

rada uma edição experimental.

A primeira edição completa da “newsletter”

será distribuída no próximo mês de Julho a cerca

de 2 mil elementos da UC cujos endereços de e-

mail são conhecidos pelo GCI (como é referido no

citado número experimental a que o “Jornal da

Universidade” teve acesso). É também feito um

apelo aos membros da Comunidade Universitária

no sentido de colaborarem.

Os contributos, para que possam ser incluídos

no primeiro número da “newsletter”, a editar em

Julho, deverão ser enviados até ao próximo dia

26 de Junho para [email protected], ou contactan-

do a dr.ª Marta Rio Torto através do telefone 239

859 819.

UUCC eeddiittaa ““nneewwsslleetttteerr”” eelleeccttrróónniiccaa

Page 16: Jornal da Universidade de Coimbra – Junho 2006

ACADEMIA16 JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006

PROJECTO LEVA MATEMÁTICA AO HOSPITAL PEDIÁTRICO

AApprreennddeerr aa BBrriinnccaarr

ANTÓNIO JOSÉ FERREIRA

Sílvia Barbeiro e Adérito Araújo, do De-

partamento de Matemática da FCTUC e

dois dos principais mentores do projecto

“Aprender a Brincar”, acederam a falar ao

“Jornal da Universidade” com o objectivo

de dar a conhecer mais pormenores so-

bre as acções que visaram levar a Mate-

mática às crianças internadas no Hospital

Pediátrico de Coimbra.

Trata-se de um projecto financiado pela

Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT),

através do Programa Ciência Viva, e que

conta com o envolvimento de diversas enti-

dades: Hospital Pediátrico de Coimbra, De-

partamento de Matemática da Faculdade de

Ciências e Tecnologia da Universidade de

Coimbra, Associação Portuguesa de Estu-

dantes de Física, Agrupamento de Escolas

Martim de Freitas, Núcleo de Estudantes de

Matemática e Engenharia Geográfica da As-

sociação Académica de Coimbra e Núcleo de

Estudantes do Departamento de Física da

Associação Académica de Coimbra. Conta

ainda com a participação de alunos dos De-

'partamentos de Física e Matemática, em re-

gime de voluntariado. Após uma dezena de

sessões, o balanço é apontado como fran-

camente positivo.

De acordo com os responsáveis, “a hos-

pitalização é, na maioria dos casos, um

momento agressivo, doloroso e assusta-

dor para a maioria das pessoas, sobretu-

do crianças, e nem sempre atitudes pura-

mente farmacológicas são suficientes pa-

ra suprimir esse desconforto”. Tendo pre-

sente que “a debilidade física em que se

encontram os doentes nem sempre é

acompanhada por uma diminuição das

suas capacidades intelectuais”, este pro-

jecto visa “promover parcerias com vári-

as instituições de ensino e associações

de estudantes, no sentido de serem de-

senvolvidas actividades que estimulem o

gosto pela ciência nas crianças interna-

das no Hospital Pediátrico de Coimbra e,

em especial, nas que frequentam a esco-

la aí instalada. Em termos mais concre-

tos, é objectivo deste projecto promover

actividades semanais dinamizadas por

alunos dos Departamentos de Matemáti-

ca e de Física da FCTUC e acompanhadas

pelos educadores e enfermeiros do Hos-

pital. Pretende-se também que estas acti-

vidades possam ser continuadas na au-

sência dos alunos universitários envolvi-

dos no projecto”.

Do programa de acção constam diver-

sas actividades que “exploram áreas da

Matemática e da Física, das quais se des-

tacam jogos de estratégia, teoria dos gra-

fos, paridade, divisibilidade, grandes nú-

meros, óptica, astronomia, electricidade,

electromagnetismo, mecânica clássica e,

entre outros, termodinâmica“.

OO oobbjjeeccttiivvooddee ddeesseennvvoollvveerr oo ggoossttooppeellaass cciiêênncciiaass nnaass ccrriiaannççaass

iinntteerrnnaaddaass eesstteevvee nnaaggéénneessee ddoo pprroojjeeccttoo““AApprreennddeerr aa BBrriinnccaarr””,,llaannççaaddoo ppeelloo DDeeppaarrttaammeennttooddee MMaatteemmááttiiccaa ddaa FFCCTTUUCCee ccuujjoo bbaallaannççooéé eexxttrreemmaammeenntteeppoossiittiivvoo

Page 17: Jornal da Universidade de Coimbra – Junho 2006

17JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006

DESPORTO

AAC E OAF ASSINAM PROTOCOLO DE ENTENDIMENTO

FFiimm ààss ddiivveerrggêênncciiaassO entendimento que se impunha! Com

mediação de Seabra Santos, Reitor da

Universidade de Coimbra, e perante re-

presentantes de várias secções desporti-

vas, os Presidentes da Associação Acadé-

mica de Coimbra e do Organismo Autó-

nomo de Futebol, respectivamente Fer-

nando Gonçalves e José Eduardo Simões,

assinaram um protocolo que põe termo

aos problemas do passado e abre pers-

pectivas de maior proximidade e trabalho

conjunto no futuro.

O acordo assinado pretende uma maior

regulação na relação entre as duas insti-

tuições da cidade de Coimbra. Ultrapas-

sadas de vez estão questões que se

prendiam com dívidas antigas, havendo a

promessa de que todos os pagamentos

passarão a ser feitos a tempo e horas, de

modo a que o normal funcionamento das

secções não seja posto em causa, e com

a utilização do emblema, definitivamente

utilizado por ambas as partes, pondo-se

termo à multiplicidade de símbolos que

chegou a verificar-se. A utilização conjun-

ta de espaços desportivos está igualmen-

te prevista, aventando-se a possibilidade

de concentração de jogos das camadas

jovens no Estádio Universitário.

Uma nova forma de cálculo nos valores

do Bingo, mais clara e objectiva, é outro

dos pontos do protocolo.

Em relação ao Bingo, registe-se ainda

que a nova sala de jogos, no Estádio

Cidade de Coimbra, aguarda aval camará-

rio, prevendo-se que a inauguração possa

coincidir com o início da nova época des-

portiva.

Trata-se, em suma, de um acordo que

encerra as divergências do passado e que

lança bases de entendimento para uma

cooperação mais frutífera no futuro, da

qual todos terão a tirar o maior partido,

as instituições envolvidas e a própria ci-

dade.

PROTOCOLO COM A UC DISPONIBILIZA RESIDÊNCIA PARA ESTUDANTES-ATLETAS

MMoonntteemmoorr--oo--VVeellhhoo ddáá bboomm eexxeemmppllooddee aalliiaannççaa eennttrree eessttuuddooss ee ddeessppoorrttoo

O Presidente da Câmara Municipal de

Montemor-o-Velho, Luís Leal, prometeu

que já no próximo mês de Setembro a

autarquia vai disponibilizar duas residên-

cias para albergar estudantes universitá-

rios que sejam, simultaneamente, atletas

de alto rendimento na canoagem.

A promessa foi feita no passado dia 21

de Maio, na cerimónia de assinatura de

um protocolo entre a referida autarquia, a

Universidade de Coimbra (UC) e a

Federação Portuguesa de Canoagem

(FPC).

Luís Leal classificou a UC como parcei-

ro estratégico e considerou a FPC como

aliada, tendo desafiado outras organiza-

ções desportivas a aderirem a este pro-

jecto que pretende transformar o Centro

Náutico de Montemor-o-Velho numa es-

trutura de excelência, única a nível nacio-

nal.

O repto foi lançado, nomeadamente, às

federações de natação, de remo e de tria-

tlo, sublinhando Luís Leal as excelentes

condições que Montemor-o-Velho pode

proporcionar como local privilegiado para

a prática de desportos náuticos.

O Presidente do executivo municipal

montemorense revelou ter tido a promes-

sa do Governo, através do Secretário de

Estado Laurentino Dias, de que o Centro

Náutico local será considerado como um

dos empreendimentos prioritários no pró-

ximo Quadro Comunitário, esperando-se

que em 2008 o complexo esteja total-

mente construído.

O Presidente da FPC, Mário Miguel

Santos, considerou este protocolo como

sendo de grande importância para o de-

senvolvimento da canoagem no nosso

País.

Também o Presidente do Comité

Olímpico Português (COP), Vicente de

Moura, elogiou o Centro Náutico de Mon-

temor-o-Velho e realçou a sua importân-

cia para o desenvolvimento dos despor-

tos aquáticos, sublinhando depois o sig-

nificado do protocolo, já que aliava o

desporto de alto rendimento ao ensino

universitário. Teve ainda palavras de

muita simpatia para a Câmara Municipal

de Montemor-o-Velho e para o respectivo

Presidente, aproveitando para referir que

o desenvolvimento do desporto no nosso

Pais se fica a dever, em boa parte, às au-

tarquias locais.

Por seu turno, o Reitor da Universidade

de Coimbra, Seabra Santos, considerou

também que o protocolo se revestia de

grande interesse e pioneirismo, facilitan-

do uma evolução qualitativa nas carreiras

académicas e desportivas dos jovens es-

tudantes e atletas. Seabra Santos lem-

brou haver muitos e bons exemplos nou-

tros países, que aqui se devem seguir, fa-

cilitando o acesso dos estudantes à com-

petição de alto nível.

O complexo que a Câmara Municipal de

Montemor-o-Velho vai disponibilizar já a

partir de Setembro, engloba as duas uni-

dades residenciais, onde os estudantes

têm condições para aliar as suas activida-

des escolares com o treino desportivo. O

complexo permitirá igualmente albergar

estudantes estrangeiros.

Cerimónia de assinatura do protocolo

Luís Leal

Page 18: Jornal da Universidade de Coimbra – Junho 2006

DESPORTO18 JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006

PEDRO REBELO APONTA RESPONSÁVEIS PELA CONQUISTA DA TAÇA NACIONAL DE CADETES EM BASQUETEBOL

““OO êêxxiittoo ddeevvee--ssee ààss aatletas”

ANTÓNIO JOSÉ FERREIRA

“Quando fui convidado para treinar

esta equipa fiquei um pouco apreensivo,

pois vinha de um ciclo a treinar seniores

masculinos na AAC e no Olivais“. São pa-

lavras de Pedro Rebelo, treinador da

equipa de Cadetes Femininos da AAC que

recentemente venceu a Taça Nacional da

categoria. “O meu receio”, prossegue,

“prendia-se com o facto de ir treinar me-

ninas dos 13 aos 15 anos, cada uma com

a sua maneira de ser, e isso preocupava-

-me pois tinha receio de ser um pouco

agressivo na maneira de querer as coisas

e elas ficarem melindradas. Além disso, o

plantel era muito escasso pois no princí-

pio tínhamos apenas três ‘miúdas’ de se-

gundo ano e quatro de primeiro. Depois

juntaram-se duas Iniciadas e lá começá-

mos a nossa longa caminhada, acabando

com onze atletas inscritas neste escalão”.

No entender de Pedro Rebelo “o êxito

deveu-se a muito trabalho por parte das

atletas, que tiveram uma percentagem de

presenças nos treinos muito perto dos

cem por cento e assimilaram a maneira

de jogar que lhes incuti, baseada numa

grande entreajuda em todos os sectores,

defender muito bem, todas ao ressalto e

depois uma arma muito forte que era o

contra-ataque. E nunca baixar os braços,

sobretudo nas adversidades. Foi por tudo

isto que ao longo de quase 40 jogos só

perdemos dois no Campeonato Regional

e outros dois na Taça Nacional. Em suma,

estas ‘miúdas’ foram espectaculares a

todos os níveis”.

Uma caminhada vitoriosa tem sempre

vários obreiros e Pedro Rebelo não es-

quece todos aqueles que contribuíram pa-

ra a conquista da Taça Nacional: “Quero

agradecer às atletas juniores, que nos

ajudaram treinando com assiduidade com

a nossa equipa. São elas Inês Rebelo, Te-

resa Barbosa, Liliana Almeida, Luísa Nora,

Mafalda, Ana Coimbra, Joana Serôdio e

mais uma ou outra que de vez em quan-

do apareciam e nos permitiam fazer uns

treinos mais ‘puchadinhos’. Sem esque-

cer as ajudas do Presidente, dos Direc-

tores e Seccionistas, nomeadamente Edu-

ardo Seixas, João Horácio, Carmo Rebelo

e Fátima Coimbra. Uma palavra final para

o João Medeiros, que nos ajudou a fazer

com que a verdade desportiva falasse

mais alto, e a todos aqueles que com pão,

carne e outras ‘ajudazitas’ nos deixaram

ir até onde fomos. Espero que este êxito

faça com que as entidades olhem mais

para os nossos jovens, pois temos maté-

ria-prima mas não temos apoios quase

EESSTTUUDDAANNTTEESS FFEESSTTEEJJAARRAAMM CCOONNQQUUIISSTTAA DDAA TTAAÇÇAA

BBaannhhoo ddee ggllóórriiaa

AA ccoonnqquuiissttaa ddaa TTaaççaa NNaacciioonnaall ffooii ffeesstteejjaaddaa ppeellaass ““eessttuuddaanntteess”” ddee ffoorrmmaa ““ssuuii ggeenneerriiss““,, ccoomm ddiirreeiittoo aa bbaannhhoo nnaass áágguuaass ddee VViiaannaa ddoo CCaasstteelloo..EEssttáá ddee ppaarraabbéénnss ttooddoo oo ggrruuppoo ddee ttrraabbaallhhoo qquuee ttrroouuxxee aa TTaaççaa ppaarraa CCooiimmbbrraa::SSoorraaiiaa SSeeiixxaass,, FFiilliippaa JJooããoo,, RRiittaa CCaannaass,, RRaaqquueell FFiilliippee,, FFiilliippaa GGrraaddee,, IInnêêss CCuunnhhaa,, PPaattrríícciiaa FFiiddaallggoo,, SSaarraa FFiilliippee,, JJooaannaa NNeevveess,, SSooffiiaa CCaarroolliinnaaee RRiittaa BBiiggoottttee ((aattlleettaass));; PPeeddrroo RReebbeelloo ((ttrreeiinnaaddoorr));; CCaarrmmoo RReebbeelloo ((ddiirriiggeennttee));; EEdduuaarrddoo SSeeiixxaass ee JJooããoo HHoorráácciioo ((sseecccciioonniissttaass))..

Depois de vários anosno basquetebol sénior,o gosto pela modalidadelevou Pedro Rebeloa aceitar o desafiode treinar uma equipa deformação. O resultado estáà vista, com a conquistada Taça Nacional pelaequipa de CadetesFemininos da AssociaçãoAcadémicade Coimbra (AAC)

PPeeddrroo RReebbeelloo

pagina18-19.qxp 22-06-2006 0:54 Page 1

Page 19: Jornal da Universidade de Coimbra – Junho 2006

19JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006

àss aattlleettaass””

A “capitã” Soraia Seixas foi a porta-voz

do grupo de trabalho para “explicar” ao

Jornal da Universidade o êxito obtido na

Taça Nacional. “Contrariamente a todas as

expectativas“, adianta, “a época teve um

balanço muito positivo. Inicialmente poucos

acreditavam que pudéssemos chegar tão

longe, mas com esforço e muito trabalho,

aliados a um grande espírito de equipa,

tudo foi possível“.

O segundo lugar na zona norte da Taça

Nacional garantiu o apuramento para a “Final

4”, momento das grandes decisões. “O mais

difícil estava conseguido“, lembra a “capitã”

da Académica, para quem “o facto de termos

chegado à fase final já era motivo de orgulho

e já superava todas as expectativas. Mas o

nosso objectivo foi sempre vencer a Taça

Nacional e foi para isso que lutámos, tendo

sido o nosso acreditar, dedicação e empenho

factores preponderantes nessa luta“. No jogo

decisivo, depois de ultrapassada a Quinta

dos Lombos (47-34), as “estudantes” leva-

ram a melhor sobre a Escola Limiana (57-53)

num jogo onde “o nervosismo de estarmos

na final e o cansaço apoderaram-se de nós e

não iniciámos a partida da melhor maneira.

No entanto, nunca duvidando das nossas ca-

pacidades e sem nunca desistirmos, demos

a volta, e após um desafio bastante equilibra-

do e sofrido tornámo-nos, meritoriamente,

nas novas detentoras da Taça Nacional. Con-

seguimos assim um feito histórico, na medi-

da em que inscrevemos pela primeira vez o

nome da AAC numa das mais importantes

competições do basquetebol feminino portu-

guês“. A conquista do ceptro foi festejada de

forma pouco habitual pois “como prometido,

após a cerimónia de entrega da Taça, rumá-

mos para a praia onde, ainda com o equipa-

mento de jogo, mergulhámos todas de mãos

dadas no mar. O enorme contentamento que

nos invadia fez esquecer a água gelada, o frio

e o vento“.

Soraia Seixas aproveitou a conversa com

o “Jornal da Universidade” para dar conta

que “se chegámos onde chegámos, não o

devemos exclusivamente a nós. A união e o

espírito de equipa, a dedicação e o trabalho

foram factores decisivos, mas nada teríamos

conseguido sem o apoio incondicional e a

colaboração extrema, não só do treinador,

Pedro Rebelo, com quem muito aprende-

mos e a quem devemos a posição obtida,

mas também do próprio organismo da

Académica, da directora Carmo Rebelo e

dos seccionistas João Horácio e Eduardo

Seixas, bem como familiares e amigos que

foram presença assídua ao longo de todas

as competições. Em nome da equipa, só

tenho a agradecer a essas pessoas que

sempre acreditaram em nós e desde o iní-

cio souberam do nosso valor e nos conside-

raram capazes de um feito a este nível. A

todos o nosso sincero agradecimento“.

A terminar, um lamento deixado pela “ca-

pitã” de equipa das “estudantes”: “Depois

de uma época de méritos e inquestionavel-

mente positiva, apenas é de lamentar o

facto de só termos uma atleta na selecção

distrital. Apesar do respeito pela opção, tal

não pode deixar de provocar uma certa tris-

teza e mágoa, pois só demonstra que nem

todos reconheceram o nosso valor“.

SORAIA SEIXAS CAPITANEOU EQUIPA DA ACADÉMICA

““CCoonnsseegguuiimmooss uumm ffeeiittoo hhiissttóórriiccoo””

SSoorraaiiaa SSeeiixxaass

nenhuns. A Câmara Municipal de Coimbra

foi excepção, ajudando-nos com o tran-

sporte nos jogos da Taça Nacional”.

A terminar, registámos o exemplo de

Pedro Rebelo por ter aceite treinar uma

equipa de formação numa altura em que

não está à frente de qualquer equipa sé-

nior. Respondeu que “apenas fiz o que

gosto, que é estar ligado ao basquetebol,

desde os Minis aos Seniores. O trabalho

tem que ser feito com gosto e seriedade

e é isso que me traz aqui”.

AAC CONQUISTOU LIGA UNIVERSITÁRIA DE FUTSAL

ÉÉppooccaa vviittoorriioossaa

A equipa sénior de futsal univer-sitário da AAC conquistou, recen-temente, a Liga Universitária deFutsal, depois de ter levado devencida a “Final Four” disputadaem Vila Real. Segue-se, agora,uma competição na Sérvia, entreos vencedores de vários países

BRUNO GARRIDO

A temporada correu de feição. Aolongo das dezoito partidas, os comanda-

dos de Pedro Bastos passearam superi-oridade, tendo apenas sido batidos emduas ocasiões, somando no total quinzevitórias. No início da temporada, o ob-jectivo passava por “chegar à segundafase”, segundo o técnico academista. Naopinião deste, “o triunfo no campeonatofoi mais que merecido, pois a carreiraque realizámos não deixou dúvidas aninguém que fomos a melhor equipa”. Aboa performance da AAC permitiu-lhegalgar os obstáculos necessários paraque “a vitória no ‘play-off’ e a conse-quente passagem à Final Four” se tor-nassem também uma meta a atingir. Avitória nas meias-finais, por 4-3, ante aUBI, abriu caminho para a final, na quala AAC se superiorizou à UM (2-1), apósprolongamento.

De seguida, a Briosa vai jogar à Sér-via, onde defrontará equipas vencedo-ras das competições dos seus países.A expectativa para esta prova é a me-lhor, como sublinha Pedro Bastos: “Nãoconheço a qualidade dos adversáriosmas a nossa mentalidade não se alte-ra, é sempre entrar em qualquer jogopara ganhar”. Não seria possível atin-gir esta fase se não fosse a “união dogrupo”, que, para o treinador da AAC,foi o segredo da excelente temporadarealizada.

NNoo eenntteennddeerr ddee PPeeddrroo BBaassttooss oo ttrriiuunnffoonnoo ccaammppeeoonnaattoo ffooii mmeerreecciiddoo

OO ggrruuppoo ddee ttrraabbaallhhoo ddaa AAAACC vveenncceeuu aa LLiiggaa ddee FFuuttssaall UUnniivveerrssiittáárriioo

FFuutteebbooll ee MMaatteemmááttiiccaaO Departamento de Matemática da Facul-

dade de Ciências e Tecnologia da Universi-

dade de Coimbra (FCTUC), vai promover no

dia 17 de Junho (sábado) uma iniciativa inti-

tulada "A Matemática e o Futebol".

Esta actividade surge no âmbito do projec-

to “Actividades Matemáticas”, a decorrer no

primeiro piso do Departamento de Matemá-

tica da UC.

Destinada a jovens dos 10 aos 15 anos,

seus pais e professores, “A Matemática e o

Futebol” inicia-se às 14 horas com a trans-

missão do jogo de futebol Portugal – Irão,

em ecrã gigante, prosseguindo, às 16 horas,

com a sessão “A Matemática e o Futebol” pe-

los professores Ana Almeida e Filipe Oliveira.

Segundo os organizadores desta curiosa

iniciativa, durante a sessão vão ser propos-

tos vários exercícios aos estudantes. Por

exemplo:

“Quantos jogadores, no mínimo, terão de

participar no Campeonato do Mundo para

termos a certeza absoluta que estão presen-

tes pelo menos dois, cujos nomes tenham as

mesmas primeira e última iniciais?”.

Não sabe responder? Parece-lhe complica-

do? Vá assistir a esta sessão e certamente

modificará essa ideia…

pagina18-19.qxp 22-06-2006 0:54 Page 2

Page 20: Jornal da Universidade de Coimbra – Junho 2006

ENTREV ISTA20 JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006

JOAQUIM DINIZ VIEIRA FALA DA REQUALIFICAÇÃO DO ESTÁDIO UNIVERSITÁRIO

““OOss pprroojjeeccttooss ssããoo ffuunn damentais”Cerca de 16 milhões de euros.Sem IVA. Foi esta a verba esti-mada, em 2004, aquando da ela-boração de um estudo detalhadocom vista à requalificação doEstádio Universitário de Coimbra(EUC), fundamental para propor-cionar melhores condições a cen-tenas de utilizadores, universitá-rios e conimbricenses em geral. Dois anos volvidos, numa alturaem que muitos passos já foramdados, o “Jornal daUniversidade” conversou comJoaquim Diniz Vieira, Director doEUC e membro da Comissão parao Plano de Desenvolvimento da-quele complexo desportivo

ANTÓNIO JOSÉ FERREIRA E BRUNO GARRIDO

QQuuaannddoo ssee oouuvviiuu ffaallaarr,, ppeellaa pprriimmeeiirraa vveezz,,

nnaa rreeqquuaalliiffiiccaaççããoo ddoo EEssttááddiioo UUnniivveerrssiittáárriioo

((EEUUCC))??

Estou à frente do EUC desde Novembro de

2003 e logo nessa altura, quando surgiu o

convite para assumir o cargo, a Reitoria ma-

nifestou a intenção de proceder à requalifica-

ção do Estádio, como objectivo a desenvol-

ver a curto prazo. Isso veio a verificar-se logo

de seguida, com a constituição de uma Co-

missão para o Plano de Desenvolvimento do

EUC, formada por António Gomes Martins

(Vice-Reitor, coordenador), Raimundo Men-

des da Silva (Pró-Reitor), João Roquette (Pre-

sidente do Estádio Universitário de Lisboa),

Joaquim Diniz Vieira (Director do Estádio Uni-

versitário de Coimbra), Ricardo Lino (mem-

bro da Direcção-Geral da AAC) e Eduardo

Cabrita (membro do Conselho Desportivo da

AAC). Esta nomeação teve autorização da

Ministra da Ciência e do Ensino Superior da

altura.

JJáá nneessssaa aallttuurraa hhaavviiaa,, eennttããoo,, aa ccoonnvviiccççããoo

ddee qquuee uummaa oobbrraa ddeessttaass sseerriiaa vviittaall ppaarraa eessttee

eessppaaççoo??

Exactamente. Já existia alguma degrada-

ção e para que este espaço pudesse ser ape-

tecível, não só para a prática do desporto

universitário mas para o público em geral,

uma vez que este é um espaço aberto à ci-

dade, teríamos que dar condições e daí esta

necessidade de requalificação.

NNeessttee mmoommeennttoo,, eemm qquuee ppoonnttoo eessttããoo aass

ccooiissaass??

Na elaboração deste relatório (do plano

de desenvolvimento do EUC) foram traça-

das as grandes linhas de intervenção.

Temos intervenções a nível das edificações,

a nível das áreas funcionais exteriores e

este plano de desenvolvimento tem em si

toda a intenção de levar por diante esse

tipo de intervenções. Mas para o fazer, era

necessário que algo se concretizasse num

documento que reunisse todas as inten-

ções que estavam neste plano, que surge

coma forma de um plano de ordenamento,

que deve ser agora entregue pela equipa

de projectistas.

QQuuaaiiss aass iinntteerrvveennççõõeess ddee ffuunnddoo qquuee sseerrããoo

lleevvaaddaass aa ccaabboo??

Requalificados e conservados serão os pa-

vilhões 1 e 3, ao passo que o pavilhão 2, o

mini-pavilhão e a antiga piscina serão demo-

lidos. Vão também surgir novas edificações,

como o Centro Aquático que será erigido no

local onde agora se situa o mini-pavilhão. Na

zona sul do EUC será construído um novo

pavilhão, que funcionará como Complexo

Desportivo. Existirá também uma requalifica-

ção dos campos de ténis, sendo que dois

deles passarão a ser cobertos. Existe tam-

bém uma interacção deste plano com o pro-

grama Polis, que define a construção de uma

via que passará entre o pavilhão 1 e o edifí-

cio situado em frente a este.

UUmmaa oobbrraa ddeessttaa mmaaggnniittuuddee eennvvoollvvee vveerrbbaass

aassssiinnaalláávveeiiss.. DDee oonnddee vviirráá oo ffiinnaanncciiaammeennttoo

ppaarraa qquuee ssee ccoonnccrreettiizzee??

Esse era um dos pontos que nos preocu-

pava quando formámos a comissão.

Contamos com financiamentos provenientes

do Ministério, mas este tipo de intervenção

tem, também, que ser aberto a parcerias

com a Câmara e a outro tipo de investimen-

tos que sustentem um valor deste género,

além do auto-financiamento. A Universidade

participaria com um investimento na ordem

dos 10% do valor total da intervenção e ad-

mite-se que os parceiros públicos e privados

possam ter uma participação de cerca de

15%. A Câmara Municipal de Coimbra tem

manifestado por diversas ocasiões o seu em-

penho no co-financiamento do projecto. Os

restantes 75%, necessariamente, têm que ter

origem em programas de financiamento do

Estado, através do Ministério, do IDP e de

verbas do PIDAC ou outras a que o EUC e a

própria Universidade se possam candidatar.

Estamos a falar de um valor que, na altura,

se estimava, em cerca de 16 milhões de

euros, sem IVA.

PPaarraa qquuaannddoo ssee pprreevvêê qquuee CCooiimmbbrraa ppoossssaa

uussuuffrruuiirr ddeessttaa iinnffrraa--eessttrruuttuurraa,, jjáá rreeqquuaalliiffiiccaaddaa??

Em 2004 a nossa previsão apontava para

cinco anos, mas é evidente que estas situa-

ções dependem sempre das verbas. Para

nós os projectos são fundamentais, porque

se eles ainda não existem quando se conse-

guem as verbas as coisas acabam por se

fazer de forma atabalhoada. Por isso, a

nossa grande aposta foi termos projectos já

elaborados. E nesse sentido estão a ser ela-

borados três projectos: de requalificação da

tribuna, que era dos edifícios mais degrada-

dos do EUC. É um espaço central e de servi-

ços e que comporta uma série de balneários

que estão extremamente degradados; do

Centro Aquático; e de requalificação dos cor-

tes de Ténis. São três projectos muito impor-

tantes, não só porque são estruturantes, no

caso da tribuna, mas também pela oferta

que o Centro Aquático, por exemplo, pode

proporcionar.

DOMINIC CROSS FOI PORTA-VOZ DO CONSELHO DESPORTIVO

““OObbrraa ddee ggrraannddee iimmppoorrttâânncciiaa””Em representação do Conselho Desportivo

da AAC (CD), órgão que superintende a acti-

vidade das secções desportivas, Dominic

Cross afirmou ao “Jornal da Universidade”

que “a requalificação do EUC é uma obra de

grande importância, pois este encontra-se

num estado bastante degradado. A requalifi-

cação está nas mãos da Reitoria, que, ao

que sei, está bastante empenhada na obra“.

Grande parte das secções da Associação

Académica de Coimbra utilizam o EUC, pelo

que a sua “requalificação será importante

para as diversas modalidades, para que pos-

sam melhorar a sua prática desportiva e ter

outras condições que de momento não dis-

põem“. Dominic Cross deu conta de proble-

mas presentes com que o CD se depara, al-

guns “bastante complicados. Por exemplo,

quando chove o ringue do pavilhão nº1 fica

molhado, o que dificulta a prática da patina-

gem. E mesmo os balneários estão em con-

dições lamentáveis“.

Com esperança de que a requalificação

do EUC seja uma realidade, a breve

prazo, o representante do CD sabe que

“não é por falta de empenho que a obra

não avança, no entanto a reitoria tem tam-

bém em mãos outras obras de monta,

como a criação do Pólo de Saúde e de

uma Faculdade de Desporto e Educa-

ção Física. Depois destas obras con-

cluídas, penso que o processo avança-

rá“, concluiu.

JJooaaqquuiimm DDiinniizz VViieeiirraa

DDoommiinniicc CCrroossss

Page 21: Jornal da Universidade de Coimbra – Junho 2006

21JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006

ENTREV ISTA

n ddaammeennttaaiiss””

“O Estádio Universitário marcou muita

coisa na minha vida! Primeiro como jo-

gador de futebol da Associação Aca-

démica de Coimbra, onde durante mui-

tos anos utilizei aquele estádio e onde

inclusivamente tive uma lesão que me

afastaria do futebol. Mais tarde, como

treinador, aquele campo tornou a ser

uma parte de mim próprio. Pisei muitas

vezes aquela relva e muitas vezes lá

treinei, à chuva, ao vento, ao sol. Mui-

tos e muitos estudantes e jogadores da

Académica comigo por ali passaram. Ali

treinavam também praticamente todas

as secções da Académica e criava-se

uma grande amizade entre todos, de tal

forma que muitas vezes esperávamos

uns pelos outros no final dos treinos. E

muitas vezes fazíamos aqueles almoços,

de tertúlia, entre todas as modalidades.

O Estádio Universitário, na altura, unia

todas as secções da AAC e toda a juven-

tude que praticava desporto. Hoje, infe-

lizmente, parece-me que essa vertente

não está tão enraizada como antiga-

mente. Fiquei muito satisfeito quando

numa das manifestações culturais da

Associação Académica, o Sr. Secretário

de Estado se prontificou e garantiu que

aquela área ia ser recuperada. Espero

que isso seja uma realidade e que o

Estádio Universitário seja adaptado às

realidades do presente. Tem condições

como poucos sítios em Portugal para se

poder fazer uma parque desportivo com

todas as exigências actuais e não pode,

de maneira nenhuma, continuar a ser

desprezado ano após ano. Não pode-

mos continuar a assistir à contínua de-

gradação, que é uma realidade no dia-

a-dia. Espero que aquelas palavras, que

nos deixaram a todos com muita espe-

rança, sejam realmente para cumprir“.

MMeemmóórriiaass ddoo EEssttááddiiooAAoo lloonnggoo ddee mmaaiiss ddaa qquuaattrroo ddééccaaddaass ddee aaccttiivviiddaaddee,, oo EEssttááddiioo UUnniivveerrssiittáárriioo ddee

CCooiimmbbrraa sseerrvviiuu ddee ““ooffiicciinnaa”” ddee ttrraabbaallhhoo aa ssuucceessssiivvaass ggeerraaççõõeess ddee aattlleettaass,, ddee

mmaaiiss ddee vviinnttee mmooddaalliiddaaddeess,, ee ffooii ppaallccoo ddee ddiissttiinnttooss êêxxiittooss ee vvaarriiaaddaass eemmooççõõeess..

PPaarraa ccoommpplleemmeennttoo ddoo ttrraabbaallhhoo qquuee aapprreesseennttaammooss ssoobbrree aa rreemmooddeellaaççããoo ddaaqquuee--

llee eessppaaççoo ddee ffoorrmmaaççããoo ddee ddeessppoorrttiissttaass ee cciiddaaddããooss,, oo JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddee

oouuvviiuu ddooiiss aannttiiggooss pprraattiiccaanntteess,, ddooss tteemmppooss eemm qquuee CCooiimmbbrraa ffaallaavvaa mmaaiiss aallttoo

nnoo ppaannoorraammaa ddeessppoorrttiivvoo nnaacciioonnaall,, ppaarraa qquueemm oo EEssttááddiioo UUnniivveerrssiittáárriioo ccoonnttiinnuuaa

aa sseerr uummaa eennoorrmmee rreeffeerrêênncciiaa..

FFRRAANNCCIISSCCOO AANNDDRRAADDEE - FUTEBOL

““PPaarrttee ddee mmiimm pprróópprriioo””

“Desportivamente, o Estádio Univer-

sitário foi onde vivi os maiores tempos

de glória, tanto a nível nacional como

internacional, ganhando muitos títulos

para a Associação Académica e para

Coimbra, com aquele pavilhão sempre

cheio de pessoas entusiastas. Além dis-

so as secções funcionavam como uma

família e todos víamos os jogos uns

dos outros. Começávamos ao sábado

de manhã e acabávamos ao domingo à

noite, vendo e apoiando o futebol, o at-

letismo, o andebol, o voleibol, o rugby,

o esgrima, etc. Era uma união especta-

cular entre todos. Talvez por isso eu

gostasse que aquele complexo voltasse

a trazer para Coimbra e para a AAC

tudo o que outrora me deu a mim“.

CCAARRMMOO RREEBBEELLOO - BASQUETEBOL

““UUnniiããoo eessppeeccttaaccuullaarr””

MAIS DE 40 ANOS DE ACTIVIDADE

MMaarrccaass ddoo tteemmppooO Estádio Universitário de Coimbra (EUC)

foi inaugurado em 1963, inserido num Pro-

grama de Desenvolvimento do Desporto

Universitário, em que assumiu especial im-

portância a construção dos Estádios Uni-

versitários de Lisboa, Porto e Coimbra.

O EUC depende da Reitoria e está situado

na margem esquerda do rio Mondego, a

cerca de 500 metros do centro da cidade

(Largo da Portagem). Com localização privile-

giada, o EUC, implantado numa área de 5

hectares, serve a actividade desportiva orien-

tada e promovida pela Associação Aca-

démica de Coimbra, o ensino e a investiga-

ção no âmbito da Faculdade de Ciências do

Desporto e Educação Física da Universidade

de Coimbra, Escolas do Ensino Básico e

Secundário e outras entidades institucionais,

estando também à disposição da comunida-

de local. Além das áreas administrativas e ofi-

cinas, inerentes ao seu funcionamento, o EUC

possui um auditório com 90 lugares, 2 cam-

pos relvados, uma pista de atletismo (500

metros), 1 campo de futebol (solo semiesta-

bilizado), várias áreas de recreação, 9 cam-

pos de ténis, um campo polivalente desco-

berto, com iluminação, uma parede de esca-

lada, dois pavilhões com várias áreas despor-

tivas para Basquetebol, Andebol, Hóquei em

Patins, Voleibol, Badminton, Futebol de

Salão, Ginástica Desportiva e Rítmica, Judo,

Karate, Culturismo, Halterofilia, Luta, Tiro com

Arco, Esgrima, Boxe, etc. O novo Pavilhão

Gimnodesportivo (Pavilhão III), serve o ensi-

no (Faculdade de Ciências do Desporto e

Educação Física), as competições escolares,

universitárias e federadas, os treinos das

Secções Desportivas da AAC, actividades de

Formação e Animação Desportiva

Universitária (alunos, docentes e funcioná-

rios). Este pavilhão dispõe de um espaço

para o público (500 lugares sentados) e de

um recinto desportivo polivalente, com 61m

x 28m, em soalho envernizado. Funciona

ainda no EUC uma pista de velocidade de

Radiomodelismo.

O EUC possui um Restaurante Univer-

sitário com funcionamento dependente

dos Serviços Sociais e uma Sala de Mus-

culação e de Treino Cardio-Vascular. En-

contra-se já em funcionamento um novo

sistema de video-vigilância, que permite

oferecer maior segurança em zonas perifé-

ricas do Estádio Universitário, e nos espa-

ços desportivos descobertos, particular-

mente no Inverno.

A cabo de mais de 40 anos de activida-

de, toda a área de actividade do EUC está

naturalmente degradada, apesar dos me-

lhoramentos que ao longo dos tempos fo-

ram sendo introduzidos. Daí que, natural-

mente, o anúncio de breve remodelação

feito em Janeiro passado pelo Secretário

de Estado da Juventude e Desportos tenha

caído como “sopa no mel” na comunidade

estudantil, em particular, e nos conimbri-

censes, de uma forma geral. Seis meses

volvidos, o Jornal da Universidade procu-

rou conferir junto de Laurentino Dias o

ponto da situação em relação à boa nova

então avançada. Sem êxito, apesar das di-

versas tentativas.

CCaarrmmoo RReebbeelloo

FFrraanncciissccoo AAnnddrraaddee

Page 22: Jornal da Universidade de Coimbra – Junho 2006

REPORTAGEM22 JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006

COMPLETOU AGORA MEIO SÉCULO

BBiibblliiootteeccaa GGeerraall ddaa UUCCpprreecciissaa ddee mmaaiiss eessppaaççoo

O edifício da Biblioteca Geral da

Universidade de Coimbra completou ago-

ra meio século de existência. Trata-se de

uma das maiores bibliotecas portuguesas

e a maior biblioteca universitária do País,

albergando actualmente mais de um mi-

lhão de livros e outros documentos. En-

tre eles algumas preciosidades, como

uma primeira edição de “Os Lusíadas”,

as “Tábuas da Índia de D. João de Cas-

tro”, grande parte dos manuscritos de Al-

meida Garrett e a biblioteca pessoal de

Oliveira Martins.

Para assinalar a efeméride, foi aberta

uma exposição no exacto dia em que a

Biblioteca foi inaugurada há 50 anos: 29

de Maio.

Na oportunidade, o actual Director da

Biblioteca, Carlos Fiolhais, sublinhou que

ela continua a ser um espaço de excelên-

cia no que concerne ao respectivo es-

pólio, mas deixa muito a desejar no que

toca à funcionalidade.

Por isso Carlos Fiolhais defendeu que

se aproveitasse o espaço da actual Peni-

tenciária de Coimbra para ali instalar uma

“Casa do Conhecimento”, que incluiria a

Biblioteca Geral da Universidade e a

Biblioteca Municipal de Coimbra (curiosa-

mente duas das poucas bibliotecas por-

tuguesas que beneficiam do chamado

“depósito legal”, isto é, a lei determina

que obrigatoriamente lhes sejam remeti-

dos exemplares de tudo quanto se edita

em Portugal, desde os livros até aos

jornais e revistas).

A exposição comemorativa do meio sé-

culo do edifício (que pode ser visitada até

ao dia 15 do próximo mês de Julho), inclui

plantas e alçados da autoria do arquitecto

Alberto José Pessoa, fotografias e outros

documentos alusivos à Biblioteca.

Foi inaugurada, no início do corrente mês de Junho, uma

nova Livraria-Loja da Universidade de Coimbra. Está localizada

no átrio da Biblioteca Geral da UC, que foi objecto de pro-

fundas obras de melhoramento. Assim, este novo espaço

proporciona melhores condições de atendimento aos utentes,

que beneficiam ainda de uma área de exposição mais alargada.

Nova livraria-loja da UC

FOI A PRIMEIRA EDIFICAÇÃO EM PORTUGAL EXPRESSAMENTE PARA O ENSINO MÉDICO

Assinalados 50 anos da construçãoda Faculdade de Medicina de Coimbra

O Conselho Directivo da Faculdade de

Medicina da Universidade de Coimbra pro-

moveu, no dia 5 de Junho, uma série de ini-

ciativas destinadas a assinalar os 50 anos

do edifício onde a Faculdade funciona, e

que foi o primeiro, em Portugal, construído

de raiz expressamente para o Ensino Médico.

O programa incluiu uma comunicação in-

titulada “O Edifício da Faculdade de Me-

dicina - Arte, Política e Cidade”, por Nuno

Rosmaninho, docente do Departamento de

Línguas e Culturas da Universidade de

Aveiro, que aludiu à história daquela cons-

trução e ao respectivo enquadramento nos

aspectos citados.

Depois deste olhar para o passado de

um edifício muito marcante para o ensino

da Medicina, não só em Coimbra mas em

todo o País e mesmo em termos interna-

cionais, foi a vez de se abordar o futuro.

De facto, é sabido que dentro em breve a

Faculdade de Medicina passará para novas

instalações que estão a ser construídas no

chamado Pólo das Ciências da Saúde

(Pólo III), junto aos Hospitais da

Universidade de Coimbra. Assim, Manuel

Santos Rosa, Vice-Presidente do Conselho

Directivo da Faculdade de Medicina, apre-

sentou um “projecto de memória futura”.

Este projecto, que deverá estar patente no

edifício da Rua Larga aquando da transfe-

rência para o Pólo III, terá por intuito re-

cordar a importância daquela construção

para a Medicina Portuguesa, destacando

diversos aspectos do ensino e da investi-

gação que ali se praticaram ao longo de

mais de meio século.

Foi ainda inaugurada uma exposição, que

inclui documentos muito interessantes,

como fotografias da Rua Larga antes e de-

pois da construção do edifício e reprodu-

ções de notícias alusivas à respectiva inau-

guração oficial, a 29 de Maio de 1956.

Na cerimónia estiveram presentes o actual

Presidente do Conselho Directivo da

Faculdade de Medicina, Francisco Castro e

Sousa, e diversas outras entidades, tendo a

ela presidido o Reitor da UC, Fernando

Seabra Santos, que enalteceu o papel de-

sempenhado pela Faculdade de Medicina

ao longo deste meio século e mostrou o

seu optimismo relativamente ao futuro do

ensino da Medicina em Coimbra. O Reitor

teve ainda um comentário bem humorado,

revelando que aquele edifício e ele próprio

têm exactamente a mesma idade, mas que

a Faculdade de Medicina “está melhor con-

servada”.

Page 23: Jornal da Universidade de Coimbra – Junho 2006

23JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006

HISTÓR IA

EM JUNHO DE 1969

UUnniivveerrssiiddaaddee ddee CCooiimmbbrraa ssiittiiaaddaa

A 17 de Abril de 1969 era inaugurado o

edifício da Matemática da Universidade

de Coimbra.

O então Presidente da AAC, Alberto

Martins (actual líder da bancada socialis-

ta na Assembleia da República), apesar

de ver rejeitado, dias antes, o pedido ao

Reitor para intervir na sessão, ousou le-

vantar-se e pedir a palavra.

O Presidente da República, Américo To-

más, levantou-se, perplexo com a ousa-

dia do Presidente da AAC, e depois de

sepulcral silêncio que durou largos se-

gundos, balbuciou: “Está bem. Mas antes

fala o sr. Ministro…”.

Mal o Ministro acabou o discurso, o

Chefe do Estado abandonou a sala, fugin-

do ao que prometera, e sendo por isso

vaiado pelos estudantes – coisa nunca

antes vista!...

Os estudantes da UC fizeram a sua pró-

pria cerimónia inaugural, manifestando a

discordância com a política do Governo

de então (que tinha como Ministro da

Educação o historiador, e posteriormente

apresentador de televisão, José Hermano

Saraiva).

Nesse mesmo dia a PIDE (polícia políti-

ca) prendia os dirigentes da AAC.

Em sinal de protesto contra as medidas

repressivas do regime, a Academia de Coim-

bra (então composta por cerca de 8 mil

alunos) decidiu, em Assembleia Magna

em que participaram mais de 5 mil estu-

dantes, fazer greve geral aos exames.

O Governo tentou boicotar essa greve,

e no dia 1 de Junho de 1969 (data do iní-

cio dos exames nas diversas Faculdades)

a cidade de Coimbra foi invadida por

grandes contingentes de forças especiais

da GNR (em viaturas militares e a cavalo)

e pela “Polícia de Choque” da PSP, que

cercaram toda a zona da Universidade com

dois objectivos: destroçar, pela força, os

piquetes de greve feitos pelos estudan-

tes; e escoltar os alunos que decidiram

“furar” a greve geral (uma percentagem

muito reduzida).

Assim se agudizou o processo que fi-

cou conhecido como “Crise Académica de

69”, com o movimento estudantil de

Coimbra a assumir tamanhas proporções

que foi impossível o regime abafar o que

estava a passar-se, pese embora as vio-

lentas cargas policiais que se repetiram

contra os estudantes – e de que a própria

população não raro foi também vítima. A

censura prévia impedia as notícias nos

órgãos de comunicação social nacionais,

que tentavam dar conta da situação nas

entrelinhas… Mas as rádios e os jornais

estrangeiros deram grande destaque a

esse movimento que acabaria por forçar

Marcelo Caetano a substituir o Ministro

da Educação e a permitir reformas no

sector. Apesar disso, os líderes estudan-

tis, depois da prisão, foram forçados a in-

terromper os seus cursos e a ingressar

nas Forças Armadas, e espalhados por

vários quartéis do País. Aí encetaram um

trabalho de sensibilização e politização

de muitos dos militares do quadro, pelo

que, desta forma, tiveram importante con-

tributo para o Movimento das Forças Ar-

madas que viria a depor o regime cinco

anos mais tarde, a 25 de Abril de 1974,

através de um golpe militar que devolve-

ria a Liberdade ao País, que de então pa-

ra cá vive em Democracia.

ÃÃllbbeerrttoo MMaarrttiinnss ffaallaannddoo nnaa sseessssããoo ddee 1177 ddee AAbbrriill ddee 11996699 AAmméérriiccoo TToommááss aacceeddee aa ddeeiixxaarr ffaallaarr oo PPrreessiiddeennttee ddaa AAAACC,, mmaass mmiinnuuttooss ddeeppooiiss aabbaannddoonnaa aa ssaallaa

CCooiimmbbrraa eemm eessttaaddoo ddee ssiittiioo nnoo ddiiaa 11 ddee JJuunnhhooddee 11996699,, ddaattaa ddoo iinníícciioo ddooss eexxaammeess nnaa UUCC

AAssppeeccttoo ddaa AAsssseemmbblleeiiaa MMaaggnnaa nnooss JJaarrddiinnss ddaa AAAACC ccoomm aa ppaarrttiicciippaaççããoo ddee mmiillhhaarreess ddee eessttuuddaanntteess

Page 24: Jornal da Universidade de Coimbra – Junho 2006

24 JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006

ÚLT IMA

Im gem históricaa

CCoonnttaaccttooss ddaa OOrrddeemm ddooss EEnnffeerrmmeeiirrooss –– SSeeccççããoo RReeggiioonnaall ddoo CCeennttrroo::Av. Bissaya Barreto n.º 191 c/v 3000-076 Coimbra

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A Ordem dos Enfermeiros saúda a Universidade de Coimbra pela viabilização de um espaço regular de informação, aberto à intervenção externa.O Presidente do Conselho Directivo Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros

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A 1 de Junho de 1969 era este o aspecto das Escadas Monumentais.As razões podem ler-se na página anterior