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Resumo 6Índices de identidade e qualidade: legislação brasileira para

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Índices de identidade e qualidade: legislação brasileira paraazeite de olivaAna Maria Rauen de Oliveira MIGUEL (1)

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Índices de identidade e qualidade: legislação brasileira paraazeite de oliva

Ana Maria Rauen de Oliveira MIGUEL (1)

RESUMO

O azeite de oliva é obtido dos frutos da oliveira (Olea europaea, L.) por esmagamentoe prensagem. O valor comercial dos azeites de oliva cresceu bastante no Brasil,demandando a existência de critérios de identidade e de controle de qualidade maisrígidos, que preservem seus atributos positivos, evitando a ocorrência de problemas deadulteração, tão comuns atualmente. Esses critérios estão contemplados nas legislaçõesbrasileiras: RDC 270/05 – ANVISA (vigente) e Instrução Normativa - MAPA que estabeleceo “Regulamento Técnico dos Azeites de Oliva e dos Óleos de Bagaço de Oliva”, legislaçãofinalizada, mas ainda não vigente. A legislação do MAPA é mais completa nos requisitosde qualidade exigidos para a importação de azeites e a proposta foi elaboradaprincipalmente de acordo com os parâmetros estabelecidos no Codex Alimentarius. Nestetrabalho foi feita uma avaliação dos índices de identidade e qualidade que constam nasduas legislações. Observou-se que o documento do MAPA tem um intuito maisclassificatório para os azeites importados, podendo auxiliar no direcionamento dasquestões relativas às fraudes que ocorrem frequentemente no Brasil.

Palavras-chave: Azeite de oliva, qualidade, classificação.

(1) APTA - Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios/ITAL - Instituto de Tecnologia de Alimentos, Campi-nas - São Paulo. E-mail: [email protected]

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ABSTRACT

Olive oil is obtained from the fruit of the olive tree by crushing and pressing. Thecommercial value of olive oil has grown significantly in Brazil, requiring the existence ofidentity and quality control criteria more stringent, to preserve their positive attributes,avoiding the problems of adulteration, very common nowadays. These criteria are includedin the Brazilian legislation: RDC 270/05 - ANVISA (force) and Instruction - MAPA whichestablishes the “Technical Regulation of Olive Oil and Olive Pomace Oil” (beeing finalized,not in force). The MAPA directions are more complete considering the quality requirementsfor imports of oil and the proposal was drafted largely in accordance with the guidelinesestablished in the Codex Standards. This work was an evaluation of the identity andquality indexes presented in those two laws. It was observed that the MAPA´s documentbrings a classification for the imported olive oils and may assist in targeting the issues offraud that occurs frequently in Brazil.

Key words: Olive oil, quality, classification.

1. Introdução

Os azeites de oliva recebem diversas classificações que dependem da origem e cultivardos frutos, práticas culturais, clima, solo, colheita, grau de prensagem, etapas de processamentoe misturas entre os diferentes tipos de azeite. A classificação mais completa é dada pelo COI-Conselho Oleícola Internacional (2010), porém algumas especificidades podem ser contem-pladas na legislação dos países produtores e importadores desse produto. Essa classifica-ção geralmente é utilizada para definir a identidade e a qualidade dos azeites, se as caracte-rísticas dos mesmos estiverem em conformidade com os requisitos básicos exigidos em cadacategoria, servindo ainda de baliza contra adulterações. No Brasil a RDC 270/05 da ANVISA(BRASIL, 2005) inclui nas suas definições o azeite de oliva, azeite de oliva virgem e óleo debagaço de oliva e traz como requisitos específicos o valor de acidez e o índice de peróxidos.È um pouco difícil classificar os azeites em tipos, e detectar fraudes apenas pela consulta aessa Resolução, já que os índices de qualidade estabelecidos não são, sozinhos, suficientespara isso. A Instrução Normativa (IN) do MAPA, mais completa, define requisitos de identidadee qualidade, amostragem, modo de apresentação e marcação ou rotulagem para azeites (BRA-SIL, 2010). Neste trabalho esses dois documentos regulatórios brasileiros foram avaliados ecomparados em relação aos quesitos que preconizam para os diferentes tipos de azeites.

2. Material e Métodos

Para a comparação desejada foram consultadas a RDC – Resolução de DiretoriaColegiada 270/05 da ANVISA/Ministério da Saúde que aprova o “Regulamento Técnico paraÓleos Vegetais, Gorduras Vegetais e Creme Vegetal” e a IN - Instrução Normativa do MAPA –

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Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que estabelece o “Regulamento Técnicodos Azeites de Oliva e dos Óleos de Bagaço de Oliva” (Portaria 419, Consulta Pública).

3. Resultados e Discussão

A RDC 270/05 não é aplicável apenas para azeites, mas inclui nas suas definições oazeite de oliva, azeite de oliva virgem e óleo de bagaço de oliva e traz como requisitosespecíficos apenas o valor de acidez, e o índice de peróxidos. Os limites máximos estabelecidospara os diferentes azeites nesses parâmetros de qualidade vão de 0,3 a 2,0 % de acidez emácido oléico e 5 a 20 meq kg-1 para o índice de peróxidos, respectivamente para azeite deoliva refinado, óleo de bagaço refinado e azeite de oliva virgem. Esses índices, sozinhos, nãosão suficientes para permitir sua classificação em tipos, conforme preconiza o COI – ConselhoOleícola Internacional, e nem para detectar possíveis adulterações dos azeites.

O Brasil ainda não tem produção própria de azeites em quantidade suficiente paraabastecer o mercado, mas as importações desse produto cresceram 17,6% em 2010. Então,padrões mais completos são necessários, para facilitar estudos comparativos e asseguraraos consumidores a qualidade e a identidade dos azeites comercializados no país, evitandofraudes. Nesse sentido, a IN do MAPA veio para agregar critérios, já que estabelece padrãooficial de classificação de azeites em tipos, com requisitos de identidade e qualidade, dentreoutros. Acidez, índice de peróxidos e extinção específica no ultravioleta estão tabelados comlimites de tolerância para cada grupo e tipo de azeite: acidez em ácido oléico entre 0,3 e2,0%; peróxidos entre 5 a 20 meq kg-1, e extinção específica entre 0,22 e 2,00 para 270 nm eentre 2,5 a 2,6 para 232 nm. Além disso, parâmetros complementares como composição emácidos graxos, presença de estigmastadienos, ceras, diferença de ECN 42, composição deesteróis e eritrodiole e uvaol também estão contemplados com limites de tolerância.

4. Conclusões

A IN do MAPA tem um intuito classificatório para os azeites a serem comercializados nopaís, mas a maior parte das adulterações que são praticadas hoje no Brasil, poderá serdetectada pela comparação com os parâmetros de qualidade estabelecidos nessa Norma. Aaprovação dessa legislação deve alavancar a modernização dos laboratórios analíticos dasinstituições de pesquisa que trabalham com azeites e estudam esses produtos.

Referências

BRASIL. Ministério da Saúde – MS. ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária.Resolução de Diretoria Colegiada número 270, de 22 de setembro de 2005. Aprova o

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Regulamento Técnico para Óleos Vegetais, Gorduras Vegetais e Creme Vegetal. Diário Oficialda União, Brasília, DF, 23 de setembro de 2005.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA. Consulta Pública Portaria419. Instrução Normativa para Regulamento Técnico dos Azeites de Oliva e dos Óleos deBagaço de Oliva. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 30 de agosto de 2010.

COI. International Olive Council. Trade Standard Applying to Olive Oils and Olive-Pomace Oils.COI/T.15/NC Nº 3/Rev.5. Madrid, November 2010. Disponível em http://www.internationaloliveoil.org. Acesso em 05/01/2011.