O século XVII parece ser a continuação da glória renascentista : os conhecimentos científicos e as grandes descobertas tiveram espaço para florescer; o antropocentrismo domina o pensamento europeu, à exceção da Península Ibérica, que se volta a uma religiosidade extremada.

Apesar de deter um forte poder econômico, a burguesia estava alijada do poder político. O clero e a nobreza, gozavam de inúmeros privilégios e controle absoluto sobre as decisões políticas e os comportamentos sociais.

O absolutismo monárquico centralizava todo poder nas mãos do rei. Esse sistema, ainda que excludente, beneficiou a própria burguesia, já que lhe convinha um governo centralizado que unificasse e ampliasse as condições do mercado nacional.

A expansão ultramarina levou Portugal a conhecer uma aparente grandiosidade: Lisboa era a capital mundial das especiarias, mas a agricultura nacional era abandonada. Enquanto as colônias renderam à Espanha metais preciosos, forneceram de riquezas em imediato a Portugal.

Impelido pelo sonho megalomaníaco de transformar Portugal em um grande império, o jovem rei D. Sebastião parte para a conquista de terras africanas e desaparece em meio ao insucesso na batalha de Alcácer-Quibir, em Marrocos, em 1578, sem deixar descendentes.

Felipe II da Espanha anexa Portugal a seu reino e consolida a unificação da Península Ibérica. Assim, a Contrarreforma se fortalece e o ensino torna-se monopólio nas mãos dos jesuítas, além de forte censura eclesiástica, um obstáculo a qualquer avanço na área do saber.

A palavra barroco tem origem controversa, mas a hipótese mais conhecida versa que o nome designa um tipo de pérola de forma irregular, imperfeita, desigual, assimétrica. O estilo apresenta, assim, assimetria, confusão, rebuscamento e paradoxos.

A preocupação insana a qual era submetido o homem seiscentista o levava apenas a crer na brevidade da vida, na efemeridade da existência, restando a ele o carpe diem. Essa era uma atitude pessimista: devia-se aproveitar a vida, pois a morte já chegava.

A contradição social e cultural produz a matiz dos conflitos retratados pelo barroco: teocentrismo x antropocentrismo, fé x razão, alma x corpo, bem x mal, perdão x pecado, espírito x matéria, deus x homem, virtude x prazer.

O culto exagerado da forma, a busca pelo detalhe, o rebuscamento, o uso sobrecarregado de figuras de linguagem e, até mesmo, uma tendência sensualista são expressões do espírito seiscentista.

Uso de linguagem culta, rebuscada e extravagante; figuras de linguagem (metáfora, antítese e hipérbole) e jogos de palavras. Valorização de pormenores e exploração de efeitos sensoriais, além da construção de imagens violentas e fantasiosas.

A palavra remete a origem espanhola concepto (conceito, ideia) e, por isso, refere-se ao estilo que valoriza o jogo de ideias, construído a partir das sutilezas do raciocínio lógico, com valorização do pensamento através de analogias e alegorias.