9

Click here to load reader

Internet&ensino

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Internet&ensino

INTERNET & ENSINO:Novos gêneros, outros desafios

Júlio César Araújo(Org.)

Rio de Janeiro

Page 2: Internet&ensino

Copyright © 2007 byJúlio César Araújo (Org.)

Todos os direitos reservados e protegidos.Proibida a duplicação ou reprodução desta obra ou partes da mesma,

sob quaisquer meios, sem autorização expressa dos editores.

Diretor Editorial: Evanildo Chauvet Bechara

Conselho Editorial:

EDITORA LUCERNA® é marca registrada daEDITORA YH LUCERNA LTDA.

Rua Colina nº 60 sl. 210 – Jd. GuanabaraCEP 21931-380 – Rio de Janeiro – RJTelefax: (21) 3393-3334 / 2462-3976

http://www.lucerna.com.br / [email protected] Postal 32054 – CEP 21933-970 – Rio de Janeiro – RJ

Leonor Lopes FáveroLuiz Carlos TravagliaNeusa Maria de Oliveira Barbosa BastosRicardo Stavola CavaliereSueli Cristina MarquesiValter Kehdi

Angela Paiva DionisioCarlos Eduardo Falcão UchôaDino Fioravante PretiEvanildo Cavalcante BecharaIngedore Grunfeld Villaça KochJosé Luiz Fiorin

CIP-Brasil. Catalogação na fonteSindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ

I48Internet & ensino: novos gêneros, outros desafios / Júlio César Araújo (organizador). – Rio de

Janeiro : Lucerna, 2007.288 p. ; 23cm.

Inclui bibliografia

ISBN 978-85-86930-62-1

1. Educação – Efeito de inovações tecnológicas. 2. Ensino auxiliado pelo computador. 3. Internetna educação. 4. Educação – Recursos de redes de computadores. 5. Língua portuguesa – Estudo eensino. I. Araújo, Júlio César.

CDD-371.33407-0021 CDU-371.688

Produção Gráfica: Editora Lucerna

Diagramação: Victoria Rabello

Capa: Sense Design

Page 3: Internet&ensino

SUMÁRIO

Agradecimentos ................................................................................................. 9

Prefácio ............................................................................................................. 11Antonio Carlos Xavier

Internet & Ensino: Novos Gêneros, Outros Desafios ..................................... 15Júlio César Araújo

PARTE IGêneros Digitais: descrição e implicações para o ensino

Momentos Interativos de um Chat Aberto: A Composição do Gênero ........ 21Júlio César AraújoNonato Costa

A Ortografia no Gênero Weblog:Entre A Escrita Digital e a Escrita Escolar ....................................................... 35

Roberta Varginha Ramos Caiado

O Chat quando não é Chato: O Papel da MediaçãoPedagógica em Chats Educacionais ................................................................ 48

Viviane Pereira Lima Verde Leal

O Uso de Emoticons em Chats: Afetividade em Ensino a Distância ............. 64Maria do Carmo Martins Fontes

Questões de Estilo no Gênero Chat Aberto eImplicações para o Ensino de Língua Materna .............................................. 78

Júlio César AraújoBernardete Biasi-Rodrigues

E-Zine: Uma Instância da Voz dos E-xcluídos ................................................ 93Aurea Zavam

Gêneros Introdutórios Mediados pela Web: O Caso da Homepage ............ 113Benedito Gomes Bezerra

Page 4: Internet&ensino

a

O Gênero Página Pessoal e o Ensino de Produção Textual em Inglês ......... 126Désirée Motta-RothSusana Cristina dos ReisDébora Marshall

O Footing do Moderador em Fóruns Educacionais .................................... 144Vera Lúcia Menezes de Oliveira e PaivaAdail Sebastião Rodrigues-Júnior

“Tia, Eu já Escrevi o site do ‘Rotimeio’. Agora é só Apertar o Enter?”O Endereço Eletrônico na Sala de Aula ......................................................... 165

Márcia Maria RibeiroJúlio César Araújo

PARTE IIO Professor e a Internet: Alternativas & Dilemas

Práticas Letradas Digitais: Considerações sobre Possibilidades deEnsino e de Reflexão Social Crítica ............................................................... 181

Denise Bértoli Braga

As Formas de Interação na Internet e suasImplicações para o Ensino de Língua Materna ............................................ 196

Socorro Claudia Tavares de Sousa

Aprendizagem em Regime Tandem: Uma Alternativa noEnsino de Línguas Estrangeiras OnLine ....................................................... 205

Ricardo Augusto de Souza

Kd o Prof ? Tb foi Navegar ............................................................................. 221Ana Elisa Ribeiro

Leitura na Internet: Mudanças no Perfil do Leitor e Desafios Escolares ..... 244Iúta Lerche Vieira

Pesquisa na Internet: Copia/Cola??? ............................................................. 268Else Martins dos Santos

Sobre os Autores ............................................................................................ 279

Page 5: Internet&ensino

AGRADECIMENTOS

Ao editor Evanildo Bechara e à sua equipe pela seriedade e profissionalismodedicados ao presente livro e aos seus autores, a quem também agradeço pelaprodutiva parceria e pela confiança.

Ao Prof. Dr. Antônio Carlos Xavier (UFPE) pela apresentação do livro e pe-las constantes interlocuções sobre hipertexto e gêneros digitais.

À Profa. Dra. Roxane Rojo (UNICAMP) pela leitura atenta dos originais e pelaapresentação que figura na orelha e na quarta capa.

Page 6: Internet&ensino

PREFÁCIO

O lançamento de um novo livro no mercado é sempre um bom motivo paracomemorar. Todos ganham: o autor, o editor, o livreiro, o bibliotecário e, sobre-tudo, o leitor. Além de ser mais uma fonte de informação, conhecimento e saber– que fique claro: não são as mesmas coisas –, dependendo do tema, do autor e daabordagem, ele atiça as labaredas do debate, acende a fogueira de vaidades (inte-lectuais), ao mesmo tempo em que leva o leitor a refletir sobre o que sabe e/ou oquanto não sabe, mas deveria saber, sobre o tema em pauta. É assim que devemosreceber uma nova edição, isto é, com muita festa, pois publicar o que pensamos éum ato de muita coragem e ousadia, haja vista a quantidade de olhos atentos eávidos lançados sobre o texto prontos para apontar os equívocos, mostrar as fa-lhas e, eventualmente, elogiar.

E é para isso também que servem os prefácios, que de fácil só têm mesmo o‘pré’. Enquanto gênero textual, ele pertence à mesma família do discurso pane-gírico, aquele em que o sujeito tem que falar bem, bonito e breve do texto e doautor. Todavia, falar bem desta obra, que agora nos chega às mãos, organizadapelo jovem e audacioso lingüista Dr. Júlio César Araújo, não é difícil (difícilmesmo é falar bonito e breve). E dou os porquês, sem enumerá-los explicita-mente como é próprio de nós professores.

A temática do livro – a utilização da linguagem na rede mundial de compu-tadores pelos estudantes e o que as instituições de ensino/aprendizagem devemfazer –, além de atual e relevante, levanta questões intrigantes para o modotradicional de lidar com a língua e com a variação lingüística suscitadas pelosgêneros digitais nascidos neste novo espaço de interação. Como tratar os inu-meráveis “erros” ortográficos, abreviações de palavras, neologismos no textodos e-mails, chats, blogs e flogs dos adolescentes? Deve o professor, a pretexto deimpedir a corrupção e morte do idioma pátrio, proibir os alunos de usar o“internetês”? Seria isso possível? Seria a proposta deste livro: liderar uma cam-panha nacional contra essa língua absurda da rede e assim salvar a “última flordo Lácio” dos ataques infames dos imberbes internautas? Não. Ele não defendeessa tese.

Mas, então, o que defende o livro? O “vale tudo” no emprego da LínguaPortuguesa na Internet? Trata-se da apologia a um laisser faire, laisser passerlinguageiro? Nos autores prevalece a sensatez. Nem tecnófilos nem tecnófobos.

Page 7: Internet&ensino

12 INTERNET & ENSINO: NOVOS GÊNEROS, OUTROS DESAFIOS

Diria que os autores assumem uma postura que chamo de tecno-equilibrada,mostrando formas alternativas de lidar com esse “tisuname lingüístico”, pararetomar uma expressão cunhada pelos alunos do organizador.

A harmonia da obra está no fato dos autores sustentarem, cada um com seuestilo e argumentos, a mesma posição científica e politicamente correta ampla-mente aceita hoje na Ciência da Linguagem quanto à variedade e à flexibilidadecaracterísticas de toda e qualquer língua viva, cuja eficiência no uso é resultadodo bom senso de usuários sensíveis ao contexto e à história nos quais vivem eestão inseridos.

O time de autores que o organizador conseguiu formar neste livro é de darinveja a qualquer técnico de seleção brasileira. São 20 pesquisadores de 12 ins-tituições de ensino diferentes, que, dessa forma, cobrem uma boa parte do pen-samento lingüístico brasileiro sobre essa questão. O livro conta com especialis-tas em língua materna, estrangeira, estudiosos da interação presencial e daeducação à distância. Da Lingüística Textual à Análise do Discurso, há artigosmagníficos que vão ao encontro da posição de muitos professores antenadoscom seu tempo, e, paradoxalmente, vão de encontro a pontos de vista passadis-tas de alguns mestres nostálgicos no que se refere ao tratamento da escrita e deseu ensino em face das estripulias lingüísticas dos blogueiros, orkuteiros e chattersque também freqüentam as escolas.

Convém alertar o leitor para não esperar dos artigos aqui presentes receitasou fórmulas prontas, o que para uns é uma pena. Neles, o que encontramosfacilmente são reflexões, pistas e sugestões interessantes frutos do esforço daspesquisas e experiências dos autores com seus alunos em sala de aula. Esses en-saios e relatos revelam o modo como eles vêem a questão, como lidam com essesnovos gêneros digitais no ambiente escolar e o que fazem para que seus alunospercebam a pluralidade de gêneros textuais e a necessidade de comportarem-seadequadamente ao usarem cada um deles. Inclusive o artigo que fecha o livroanalisa uma questão polêmica: a cópia. Prática de alguns alunos que tem sidocombatida estranhamente por alguns professores com a proibição do uso daInternet na escola. Como se o aluno não pudesse acessá-la de outro local ou seessa esperteza milenar tivesse nascido com a grande rede e não pertencesse ànatureza humana. Ledo engano de ambos, tanto de quem copia, que nada aprende,quanto de quem busca coibir essa prática impedindo o uso de pesquisas on-line.

No geral, o conjunto das idéias compiladas neste trabalho nos convence aconcluir que precisamos urgentemente aprender a lidar com essas inovaçõesque aparecem a todo instante e em todas as esferas da vida, e, principalmente,na linguagem onde elas se propagam e se consolidam socialmente. Os artigostodos aqui reunidos apontam para alguns caminhos que podem nos ajudar,

Page 8: Internet&ensino

13PREFÁCIO

enquanto educadores e professores, a lidar com os novos fenômenos lingüísti-cos que vêm da Internet e chegam à escola sem pânico, ansiolíticos ou antide-pressivos. Está nas entrelinhas dos textos o desejo de nos levar a reconhecer queprecisamos, a partir das inúmeras reflexões e sugestões apresentadas nesta obra,encontrar nosso próprio caminho, achar nossa própria medida, já que cada umde nós professores vivemos situações diferentes, singulares e só uma análiseprofunda da realidade lingüística e cognitiva de nossos escolares vai nos permi-tir criar “condições ideais de temperatura e pressão” para fazer funcionar ade-quadamente o processo de aprendizagem em consonância com as tecnologias eexigências contemporâneas.

Acerca dos propósitos comunicativos do gênero prefácio, não sei se faleibonito, talvez tenha sido breve, mas sei que falei (de) bem do livro, isso porquevirtudes não lhe faltam e reitero-as: tema atual, time excepcional e tratamentocientífico, por isso recomendo. Quanto aos defeitos, vejo pelo menos um: nãoter chegado antes às nossas mãos, pois poderia já ter explicitado muitasquestiúnculas com as quais não deveríamos mais perder nosso precioso e irre-cuperável tempo em discuti-las.

Dr. Antonio Carlos Xavier

Programa de Pós-Graduação em LetrasUniversidade Federal de Pernambuco

Recife – PE, novembro de 2006

Page 9: Internet&ensino

Internet & Ensino:Novos Gêneros, Outros Desafios

O computador será nos próximos anos umanecessidade tão fundamental como a geladeira,o fogão ou a escova dental.

A epígrafe acima foi retirada da introdução da obra Hipertexto & GênerosDigitais, organizada por Marcuschi & Xavier e publicada pela Lucerna em ju-nho de 2004. Seus autores dão ao computador o mesmo status de funcionalida-de que damos aqueles objetos supracitados. Corroborando o que falaram osorganizadores daquela coletânea, os autores do presente livro pretendem mos-trar que, de fato, o computador está presente em quase todas as áreas do coti-diano das pessoas, como nas corriqueiras operações bancárias que fazemos emcaixas eletrônicos espalhados pelos quatro cantos do país. Contudo, o foco dediscussão aqui aponta para aquilo que parece ser o uso mais freqüente do compu-tador: a navegação pela Internet, considerada por muitos pesquisadores comoum genuíno espaço humano de práticas sociais.

O acesso à Internet se popularizou tanto que tem despertado a atenção doscientistas, pois é comum vermos lingüistas (MARCUSCHI & XAVIER, 2004), peda-gogos (PEREIRA, 2004), psicólogos (WALLACE, 2001), antropólogos e sociólogos(MAYANS, 2002) preocupados em compreender o fenômeno da comunicaçãodigital. Tanto interesse se justifica porque a Internet gera novas formas de usara linguagem, suscitando novos gêneros, inclusive inimagináveis até a sua cria-ção. Por exemplo, até o verão de 1988, ano da criação do chat1, era impensávelque as pessoas pudessem utilizar a escrita para conversar em tempo real, atravésde um computador. Hoje, esta prática já é comum e tem crescido tanto que osseus usos engendram uma verdadeira constelação de gêneros, já que existemvários tipos de bate-papos, cujas funções sociais variam muito (ARAÚJO, 2006).

Infelizmente, segundo os PCN, “a discussão sobre a incorporação das novastecnologias na prática de sala de aula é muitas vezes acompanhada pela crençade que elas podem substituir os professores em muitas circunstâncias. Existe omedo dá máquina como se ela tivesse vida própria” (BRASIL, 2002). Diante dessemito, os autores dos ensaios reunidos neste livro afirmam que não há riscos deos professores serem substituídos pelos computadores, mas reconhecem que

1 Para outros detalhes, cf. a homepage <http://damiel.haxx.se/irchistory.html>.