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Seg 12 Fev Edição Lisboa Segunda-feira 12 Fevereiro 2007 Ano XVII, nº 6163 Portugal: 0,90€ (IVA incluído) Espanha: 2,00€ (IVA incluído) Director: José Manuel Fernandes Directores adjuntos: Nuno Pacheco e Manuel Carvalho The Blues DVD ¤7.95 Segundo de oito volumes da colecção produzida por Martin Scorsese. Amanhã YouTube Tem lixo e tem arte, como encontrar os melhores videos? Cinema Eastwood Barack Obama Quem é o homem que quer mudar a América Balanço ‘independente’ MAI fez ajuste directo ilegal de estudo dos fogos a O Ministério da Administração In- terna contratou através de um ajuste directo no valor de 375,7 mil euros a empresa que fez “pela primeira vez” o balanço “independente” das opera- ções de combate aos incêndios flores- tais do ano passado. Três juristas que analisaram o despacho do secretário de Estado consideram que o mesmo é ilegal. c Nacional, 20/21 Eleições em França Ségolène Royal propõe pacto de esquerda a Ségolène Royal, a candidata socia- lista que aspira a ser a primeira mulher Presidente de França, anunciou ontem um plano em 100 pontos que assinala uma clara mudança de política à es- querda. Prometeu maior intervenção do Estado na economia e um modelo de redistribuição ainda mais generoso, tentando demarcar-se do liberalismo de Nicolas Sarkozy. c Mundo, 24 ¬ Desta vez o “sim” à despenalização do aborto venceu. Numa noite que foi curta no apuramento de resultados, confirmaram-se as expectativas for- madas pelas sondagens. O “sim” ficou muito próximo dos 60 por cento dos votantes, num referendo que voltou a não atrair a metade de eleitores que a lei exige para que se torne vinculativo. De qualquer forma, houve imediato consenso entre vencedores e vencidos em considerar que a abstenção não é um obstáculo à passagem a lei do re- sultado da consulta popular. O Partido Socialista compromete- se a tratar o tema com carácter de urgência em sede parlamentar. Nos vencedores da noite surge, de forma incontornável e destacada, José Sócra- Sim 59% Não 41% Abs 56% Agora sim a“Sim” obteve mais um milhão de votos do que no referendo de 1998 aAbstenção acima de 50 por cento não torna o voto vinculativo aPS promete alterar depressa a lei e combater o aborto clandestino tes, que imprimiu ao PS uma posição sem equívocos a favor do “sim”. Do lado perdedor, surgem na linha da frente a Igreja católica e Marcelo Re- belo de Sousa, na sua qualidade de “pai” político de um referendo que, pela segunda vez, não conseguiu atrair mais de metade dos eleitores. A análise do mapa de resultados confirma um país dividido ao meio, com o Sul a favor do “sim” e grande parte do Norte a votar “não”. Deste referendo fica ainda a novi- dade da participação dos movimentos cívicos, cuja mobilização, de ambos os lados, animou uma campanha onde os partidos não foram os principais protagonistas. Agora a palavra é-lhes devolvida na Assembleia. Tudo sobre a noite do referendo c páginas 2 a 17 PUBLICIDADE ENRIC VIVES-RUBIO

PÚBLICO de cara nova

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Primeira edição do diário português “PÚBLICO” com grafismo renovado (11.02.2007). Visite outros sítios de Dinis Manuel Alves em www.mediatico.com.pt , www.youtube.com/mediapolisxxi, www.youtube.com/fotographarte, www.youtube.com/tiremmedestefilme, www.youtube.com/discover747 , http://www.youtube.com/camarafixa, , http://videos.sapo.pt/lapisazul/playview/2 e em www.mogulus.com/otalcanal

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Seg 12 Fev Edição LisboaSegunda-feira 12 Fevereiro 2007Ano XVII, nº 6163Portugal: 0,90€ (IVA incluído) Espanha: 2,00€ (IVA incluído)Director: José Manuel FernandesDirectores adjuntos: Nuno Pacheco e Manuel Carvalho

The Blues DVD ¤7.95 Segundo de oito volumes da colecção produzida por Martin Scorsese. Amanhã

YouTubeTem lixo e tem arte, como encontrar os melhores videos?

CinemaEastwood

Barack ObamaQuem é o homem que quer mudar a América

Balanço ‘independente’

MAI fez ajuste directo ilegal de estudo dos fogosa O Ministério da Administração In-terna contratou através de um ajuste directo no valor de 375,7 mil euros a empresa que fez “pela primeira vez” o balanço “independente” das opera-ções de combate aos incêndios fl ores-tais do ano passado. Três juristas que analisaram o despacho do secretário de Estado consideram que o mesmo é ilegal. c Nacional, 20/21

Eleições em França

Ségolène Royal propõe pacto de esquerdaa Ségolène Royal, a candidata socia-lista que aspira a ser a primeira mulher Presidente de França, anunciou ontem um plano em 100 pontos que assinala uma clara mudança de política à es-querda. Prometeu maior intervenção do Estado na economia e um modelo de redistribuição ainda mais generoso, tentando demarcar-se do liberalismo de Nicolas Sarkozy. c Mundo, 24

¬ Desta vez o “sim” à despenalização do aborto venceu. Numa noite que foi curta no apuramento de resultados, confi rmaram-se as expectativas for-madas pelas sondagens. O “sim” fi cou muito próximo dos 60 por cento dos votantes, num referendo que voltou a não atrair a metade de eleitores que a lei exige para que se torne vinculativo. De qualquer forma, houve imediato consenso entre vencedores e vencidos em considerar que a abstenção não é um obstáculo à passagem a lei do re-sultado da consulta popular.

O Partido Socialista compromete-se a tratar o tema com carácter de urgência em sede parlamentar. Nos vencedores da noite surge, de forma incontornável e destacada, José Sócra-

Sim59% Não41% Abs56%

Agora sima“Sim” obteve mais um milhão de votos do que no referendo de 1998

aAbstenção acima de 50 por cento não torna o voto vinculativo

aPS promete alterar depressa a lei e combater o aborto clandestino

tes, que imprimiu ao PS uma posição sem equívocos a favor do “sim”. Do lado perdedor, surgem na linha da frente a Igreja católica e Marcelo Re-belo de Sousa, na sua qualidade de “pai” político de um referendo que, pela segunda vez, não conseguiu atrair mais de metade dos eleitores.

A análise do mapa de resultados confi rma um país dividido ao meio, com o Sul a favor do “sim” e grande parte do Norte a votar “não”.

Deste referendo fi ca ainda a novi-dade da participação dos movimentos cívicos, cuja mobilização, de ambos os lados, animou uma campanha onde os partidos não foram os principais protagonistas. Agora a palavra é-lhes devolvida na Assembleia.

Tudo sobre a noite do referendo c páginas 2 a 17

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Destaque2 • Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007

Referendo 2007 Despenalização da interrupção voluntária da gravidez

“Sim” vence com maioria expressivae PS promete aprovaçãourgente da lei

Sócrates obteve uma vitória pessoal. Mas a vitória foi também da ideia de que a participação cívica é possível. Segue-se a aprovação fi nal da lei e a sua regulamentação, com carácter de urgência

a À segunda, foi. A lei que despenaliza o aborto a pedido da mulher até às dez semanas, em estabelecimento legal-mente autorizado, vai ser submetida a votação fi nal global com carácter de urgência, depois de ontem 59 por cen-to dos votantes se terem exprimido nas urnas a favor do “sim”. A abstenção, na ordem dos 56,4 por cento, faz com que o resultado do referendo não seja vinculativo, pois não votaram metade mais um dos eleitores. Mas, ontem à noite, todas as forças políticas foram consensuais a aceitar a inevitabilidade política da aprovação da lei. Até por-que esse foi o compromisso assumido pelo primeiro-ministro e líder do PS, José Sócrates, ainda antes da campa-nha, no Congresso do PS, que se reali-zou em Novembro, em Santarém.

A certeza da celeridade na fi nali-zação do processo legislativo sobre a despenalização é garantida pelos socialistas e foi ontem afi rmado pe-lo primeiro-ministro, José Sócrates. Com carácter de urgência, seguir-se-á a posterior regulamentação da lei. Ontem, o primeiro-ministro não adiantou pormenores sobre a solução a adoptar, apenas deu dois sinais: vai seguir soluções em vigor noutros paí-ses e garantirá um período de refl exão à mulher que quer abortar. A próxima intervenção de Sócrates sobre o assun-to deverá ser feita depois de amanhã, em Óbidos, o palco escolhido pelo PS para, numas jornadas parlamentares, dar ao primeiro-ministro espaço para cantar vitória neste referendo.

As decisões que Sócrates venha a tomar sobre o tipo de regulamenta-ção da lei da despenalização até às

São José Almeida dez semanas deverão ser indiciadas em Óbidos, mas deverão receber o consenso do PSD.

Ontem, Marques Mendes, um dos perdedores da noite, deixou claro que não se oporá ao veredicto das urnas e que a despenalização é para seguir em frente no Parlamento, onde o PSD, aliás, deverá repetir a liberdade de voto. É também provável que os so-cialistas venham a acordar com o PSD os contornos da regulamentação. Um consenso de centro, sufi cientemente abrangente, para que a lei resista à contestação e à polémica que o CDS e o movimento Plataforma Não Obriga-da já prometeram.

Vitória pessoal de SócratesSe esta é uma vitória do PS, ela é, sobretudo, a vitória do próprio José Sócrates. Não só pela forma pessoa-líssima como assumiu esta causa:ins-creveu-a no programa eleitoral e no programa do Governo e insistiu na repetição do referendo. Mas também pela forma como deu a cara em no-

me da despenalização na campanha, marcando a diferença de forma abissal para a atitude de António Guterres, em 1998, que cedeu então o referendo ao líder do PSD, Marcelo Rebelo de Sousa, bloqueando a acção do PS em relação à campanha e acabando mesmo por afi rmar que era partidário do “não”.

Mas se esta é uma vitória de Sócrates ela é igualmente a solução do último compromisso com os partidos mais à esquerda e particularmente com o BE que Sócrates transportava con-sigo desde a sua eleição como secre-tário-geral, a receber a herança do guterrismo neste dossier. Agora, está liberto de compromissos com o Bloco de Esquerda.

A força dos cidadãosA vitória do “sim” foi também uma vitória do BE. Desde o início da dis-cussão sobre a repetição do referendo, ou seja, praticamente desde a anterior consulta popular, que o BE tem sido categórico na defesa da necessidade de não fugir a esta etapa de legitima-ção popular da lei. Ontem, Francisco Louçã não deixou de puxar pelos seus louros de ganhador, marcando a dife-rença de atitude em relação ao PCP. Isto porque os comunistas entraram na campanha do “sim” com tudo, mas nunca deixaram de afi rmar a sua opo-sição absoluta ao facto de o PS ter op-

É importante que Portugal

combata o aborto clandestino

em passo firme para uma

sociedade mais aberta

José Socrates ontem à noite

Uma onda de felicidade inundou ontem o Hotel Altis, em Lisboa

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2238053 pelo “Sim”Com mais quase um milhão de votos do que em 1998, graças a uma maior mobilização, o “Sim” ganhou agora por 18,5 pontos.

1539078 pelo “Não”A diminuição da abstenção ainda permitiu que, mesmo perdendo, o “Não” recolhesse este ano mais 200 mil votos.

Os números finais

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Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007 • 3

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tado por repetir o referendo.O resultado de ontem foi ainda uma

clara vitória dos movimentos de cida-dãos. Quer do lado do “não” quer do lado do “sim” surgiram, pela primeira vez, em momentos de decisão nas ur-nas, grupos de cidadãos organizados em torno de uma causa. Pelo lado do “não” e prometendo não desistir – Isilda Pegado e Pinheiro Torres foram peremptórios – a Plataforma Não Obri-gada mostrou uma capacidade de mo-bilização e um profi ssionalismo que foi inédito e que, até certo ponto, aumenta o peso da sua derrota.

Do lado do “sim” o Movimento Res-ponsabilidade e Cidadania, como prin-cipal agrupamento, era o outro grande vencedor da noite. E isso foi visível na onda de felicidade que irrompeu no Hotel Altis, em Lisboa, quando foram anunciadas as projecções.

Agregando personalidades de várias áreas da esquerda, algumas até então em ruptura, este movimento, ainda que com contornos absolutamente amadores em alguns aspectos orga-nizacionais, revelou uma dinâmica inédita na sociedade civil portuguesa em torno de causas políticas. Daí que uma das incógnitas para o “day after” do referendo seja a de saber o que vai acontecer a esta nova onda de parti-cipação cívica.

Uma das incógnitas do

“day after” do referendo

passa por saber o que vai

acontecer a esta nova onda

de participação cívica

O movimento do “Não” mostrou profissionalismo mesmo na derrota

Com níveis de abstenção superiores a 50 por cento, o referendo não foi vinculativo. E embora o número de votantes tenha sido superior ao anterior referendo, foi inferior ao da consulta sobre regionalização.

Esta situação volta a avivar o debate sobre a necessidade ou não de rever a Lei do Referendo. Isto porque, face ao carácter vinculativo voltar a ser nulo, discute-se o interesse da claúsula legal de vinculação. Em 1998, esta discussão foi lançada durante a campanha por figuras como Jorge Sampaio, que defendeu que a lei poderia ser alterada. Ontem, o actual Presidente da República, Cavaco Silva, desaconselhou qualquer alteração legislativa precipitada: “É matéria que deve ser analisada, mas não me parece que, com tanta facilidade ou rapidez se possa pôr de parte o instrumento do referendo.” Falando depois de votar, Cavaco acrescentou, segundo a Lusa: “Talvez seja matéria para a Assembleia meditar, mas pode ser precipitado pôr já de lado a possibilidade de os portugueses se pronunciarem directamente” sobre temas “consideradas importantes” para o país.

Presidente ao votarCavaco desaconselha precipitação sobre Lei do Referendo

O dia seguinte à escolha dos portugueses

Editorial

a Os eleitores deram, desta vez, uma maioria confortável ao “sim”. O que signifi ca que a Assembleia da República pode, como foi prometido pela maioria dos partidos, modifi car o artigo do Código Penal que criminalizava a interrupção da gravidez a não ser em circunstâncias excepcionais. Por isso, o dia seguinte à escolha dos portugueses é também o dia em que os eleitores devolvem aos seus representantes o direito e o dever de legislar olhando para o futuro e tendo em conta os sinais saídos da campanha.

Na verdade é bom estar consciente que os problemas não acabam no momento em que for revisto o famoso artigo do Código Penal. Podem acabar as investigações e os julgamentos, mas não desaparece o país e o povo que, tendo até agora uma lei idêntica à espanhola, aplicavam-na de forma bem distinta.

A primeira questão de que se

deveriam ocupar os legisladores é, depois de alterado o artigo do Código Penal, de tirar partido da nova realidade para que o número de abortos, agora legais, não aumente, antes diminua. A experiência de outros países mostra que se pode evoluir em direcções diferentes e isso tem muito a ver, por exemplo, com a prevalência de problemas como a gravidez adolescente ou o défi ce de informação sobre planeamento familiar tanto nos serviços de saúde ou entre as comunidades pior integradas. A experiência de países que têm lidado com situações mais complexas indica que estes problemas não se resolvem apenas nas escolas ou no consultório médico, antes promovendo uma cultura de responsabilidade nas relações de onde possa resultar uma gravidez. Estude-se, neste domínio, o exemplo inglês.

A segunda questão que a lei ou a sua regulamentação deveriam prever é a conveniência da interrupção voluntária da gravidez poder ser antecedida por uma consulta de aconselhamento. Por incrível que pareça, há parteiras clandestinas que já o faziam, mesmo podendo perder nessa conversa uma cliente. Práticas deste tipo são regra em muitos países europeus.

A terceira questão que não

deixará de se colocar é a da objecção de consciência dos médicos. Em França, quando a lei foi introduzida, o tema gerou uma crise e quase levou à dissolução da respectiva Ordem. Ora num país onde os médicos têm de seguir um Código Deontológico que nem contempla as situações despenalizadas desde 1984, são de prever problemas na aplicação em concreto da nova legislação, sobretudo nos serviços públicos. Aqui aconselha-se prudência e persuasão, assim como a utilização do sector privado.

A quarta questão remete para as sempre adiadas promessas de ter políticas que contrariem a tendência dos portugueses para terem cada vez menos fi lhos. Não há qualquer relação directa entre a liberdade dada à mulher para interromper uma gravidez e a necessidade que o país tem de que nasçam mais crianças, pois ninguém é responsável por carregar sozinho um peso que cabe a todos. Há, contudo, necessidade de, agora que desapareceu da agenda um tema que impedia a discussão de outros, tratar de melhorar as condições para uma maternidade e uma paternidade responsáveis e adaptadas às exigências da vida neste início do século XXI. Aí convinha olhar para, por exemplo, os países nórdicos.

José Manuel Fernandes

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Destaque4 • Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007

Referendo 2007 Um país que continua dividido entre Norte e Sul

Sondagem pós-referendo

Foram os homens, e não as mulheres, os que mais terão contribuído para a vitória do “sim” no referendo de ontem, revela uma sondagem telefónica da Intercampus para a TVI e o Rádio Clube Português a cujos dados o PÚBLICO teve acesso. Este dado, coincidente com o de algumas sondagens realizadas antes das eleições, é em parte explicado por o número de mulheres com mais 55 anos ser superior ao número de homens e os eleitores mais idosos tenderem a votar “não” enquanto os mais novos se inclinaram, de forma quase esmagadora, para o “sim”. Os eleitores com filhos, os casados, os que vivem em união de facto e os viúvos também se inclinaram proporcionalmente menos para o “sim” do que os solteiros e os separados ou divorciados.

Entre os inquiridos pela Intercampus que admitiram não ter votado, os motivos mais vezes invocados foram impedimentos

particulares ou estar longe do local de voto. O tema de o referendo não lhe interessar ou manter--se indeciso sobre como votar foi referido por um quarto dos entrevistados.

Apesar de nova baixa participação eleitoral, esta sondagem detectou o interesse dos eleitores para se pronunciarem em referendo sobre a eutanásia, a liberalização do consumo de drogas leves, a reintrodução da pena de morte, o casamento homossexual e a adopção de crianças por homossexuais.

Este estudo foi realizado ontem pela Intercampus para a TVI e o Rádio Clube Português. O universo é constituído pela população portuguesa eleitoralmente recenseada, de ambos os sexos, residente em Portugal, com mais de 18 anos. A informação foi recolhida através de 1043 entrevistas telefónicas para a residência dos inquiridos. A margem de erro associada é de 3,0%, com um nível de confiança de 95%.

2007Homens foram mais pelo “sim” do que as mulheres

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Destaque6 • Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007

Referendo 2007 Legislação será inspirada nas “boas práticas” de países desenvolvidos

José Socrates entrou com uma expressão fechada na sede do PS e não se mostrou nunca muito emotivo

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José Sócrates sem euforias não revela para já como a lei vai ser aplicada

O líder do PS falou pelas 21h na sede socialista, em Lisboa, uma hora depois de as televisões terem avan-çado com a “vitória inequívoca” do “sim”. O ambiente ao longo da noite no Largo do Rato foi sempre sereno, sem manifestações de entusiasmo nem multidões, tendo estado apenas reunido o núcleo duro de militantes do Governo e do PS.

O secretário-geral socialista entrou na sala de imprensa com a expressão fechada que normalmente usa nas in-tervenções como primeiro-ministro. Nunca hostilizando os derrotados da noite, Sócrates louvou a “participação signifi cativamente superior” compara-tivamente com o referendo de 1998, repetiu que “em democracia o refe-rendo é sempre vinculativo”, elogiou o “debate aberto” e garantiu que não esteve em causa “derrotar ninguém”, nem se tratou de um “confronto entre partidos”.

Quanto à discussão da lei, o secretá-rio-geral sublinhou que a Assembleia da República começará a trabalhar o diploma “de imediato” e que as três deputadas da bancada do PS que fi ze-ram campanha pelo “não” serão sub-metidas à disciplina de voto imposta pelo grupo parlamentar.

Por fi m, naquilo que pareceu uma reacção às críticas feitas pelos partidos

da direita e dos movimentos do “não”, José Sócrates disse que a vitória do “sim” mostra que o seu envolvimento na campanha foi justifi cado. “Este re-sultado veio-nos dar razão”, afi rmou, sugerindo que quase nove anos depois da última votação sobre a interrupção voluntária da gravidez era necessário voltar a auscultar a população.

Abraços, lágrimas e champanhe num “dia muito feliz para a democracia”

Primeiro-ministro garante que discussão no Parlamento vai ser feita “de imediato”

a Gritos de “vitória, vitória”, bandei-ras verdes e brancas no ar e um longo aplauso acompanhado de gritos de ale-gria. Quando as estações de televisão anunciaram a antevisão dos resultados do segundo referendo sobre a inter-rupção voluntária da gravidez (IVG), às 20h em ponto, a sala do Hotel Altis, em Lisboa, irrompeu em alegria.

Centenas de activistas de cinco mo-vimentos cívicos pelo “sim” ( Jovens pelo Sim, Cidadania e Responsabili-dade pelo Sim, Em Movimento pelo Sim, Médicos pela Escolha e Voto Sim),

concentrados junto aos televisores, li-bertaram a tensão acumulada ao longo de todo o dia e insufl ada pelas notícias da parca afl uência às urnas. “Ao fi m destes anos todos...”, dizia uma acti-vista, comovida, enquanto olhava para os ecrãs de televisão.

Seguiram-se abraços e beijos, abri-ram-se garrafas de champanhe, algu-mas mulheres que lutam há anos pela despenalização da IVG — como Maria Antónia Palla, Ana Sara Brito, Lígia Amâncio ou Manuela Tavares — não esconderam a comoção. Choraram e cantaram em coro “vitória, vitória”.

Das projecções para a primeira de-claração da noite, feita pela médica Maria José Alves, o salto foi rápido. “Boa noite, o sim ganhou”, começou

por dizer, ladeada por representantes de todos os movimentos. “Os resulta-dos são um sinal inequívoco para que a Assembleia da República legisle de acordo com a vontade dos portugue-ses”, afi rmou, sublinhando depois que “a partir de agora, as mulheres vão ser tratadas com o respeito e a dignidade que merecem desde sempre e amanhã vamos arregaçar as mangas e come-çar a trabalhar para que este sonho se concretize.”

As ovações interromperam por diversas vezes a breve declaração e soaram mais fortes quando a médica deu voz a um sentimento que todos ali partilhavam: “Hoje é um dia muito feliz para a democracia”.

A festa foi dos movimentos cívicos, mas também houve elogios para o “empenho” dos membros dos parti-dos. Acorreram ao Altis Vasco Rato, Leonor Coutinho, Helena Pinto, Sónia Fertuzinhos e Pedro Nuno Santos. Ape-sar do contentamento partilhado por militantes e activistas e do consenso sobre a vitória do “sim”, as leituras so-bre a taxa de abstenção dividiam-se. De um lado estavam os movimentos, defensores de uma análise profunda dos resultados; do outro, os membros dos partidos, despreocupados com a abstenção e optando antes por relevar o aumento da votação face a 1998.

a Era a grande dúvida da noite, após saber-se o resultado do referendo, mas o primeiro-ministro e secretário-geral do PS não quis adiantar pormenores. Sobre a forma como irá ser aplicada a lei, José Sócrates apenas disse que ha-verá um período de refl exão, para que “a opção da mulher seja mais refl ec-tida e ponderada”. Quanto ao resto, limitou-se a sublinhar que serão tidas em conta as “boas práticas” de outros países desenvolvidos.

Em causa estão, por exemplo, o mo-delo de fi nanciamento das interrup-ções voluntárias da gravidez e a for-ma como será feito o aconselhamento médico, dois tópicos muito debatidos durante a campanha — e duas questões que, no entender do primeiro-minis-tro, são para já secundárias. O “mais importante”, reforçou Sócrates, é que Portugal combata o aborto clandesti-no “na linha do que fi zeram os países mais desenvolvidos”, em “passo fi rme para uma sociedade mais aberta”.

O “sim” fez a festa

Ricardo Dias Felner

Maria José Oliveira

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Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007 • 7

Marques Mendes respeita o ‘sim’ mas põe condições à aprovação do novo diploma

a No PSD, tudo se passou como há oito anos atrás... só que ao contrário. O partido deu liberdade de voto, tal como em 1998; o líder fez campanha pelo “não”, como na altura fez Marcelo Rebelo de Sousa; a sede do partido não se preparou para ser palco de festas. Mas desta vez venceu o “sim”, para a felicidade exuberante de Assunção Esteves, a vice-presidente “laranja” que passeou ontem pela S. Caetano à Lapa como gata pelas brasas.

Foi esta coerência que o presidente do partido sublinhou ontem à noite, 40 minutos depois de conhecidas as projecções da noite referendária: a consulta popular voltou a não ser “ju-ridicamente vinculativa” mas, apesar disso, a vontade da maioria “deve ser respeitada”. “É um imperativo de coe-rência, adoptar o mesmo princípio de há oito anos, quando venceu o não”, declarou Mendes.

Estava traçado o rumo do maior partido da oposição na legislação que se segue, mas não sem avisos à maioria. Num “apelo ao Parlamento”, Mendes lembrou que a votação mos-tra “um país dividido” e que é preciso “evitar clivagens e radicalismos”. Por isso, defende que a nova lei deve ser marcada por “critérios de prudência e equilíbrio”.

Concretamente, aponta duas exi-gências, que poderão ser condições para aprovar a lei: a obrigatoriedade do período de aconselhamento da mulher inclinada a abortar e dar “um sinal claro de compromisso do Estado no apoio a uma política de prevenção e ataque às causas” do aborto. Ou seja, apoiar as mulheres grávidas em situ-ação de carência e as instituições de defesa da vida, especifi cou.

Mendes fez ainda uma menção ao “excelente exemplo de cidadania” de muitos movimentos cívicos que se organizaram para a campanha e re-cusou qualquer derrota pessoal por ter participado na campanha pelo “não”. “Num referendo que não é partidário, não há resultados políticos”, frisou. Pela sua parte, fez “o que devia”, de-fendeu aquilo em que acredita.

De resto, a sede do partido foi mais dos jornalistas que dos fi liados. A en-tourage chegou já após as 19h: Marques Mendes e o vice-presidente Azevedo Soares quase juntos; Miguel Macedo, o porta-voz, subiu os degraus dois a dois, cinco minutos depois. Juntaram-se a outros três dirigentes e por lá fi caram, longe dos olhares dos jornalistas.

A grande sala de visitas, preparada com quatro pequenos televisores e um ecrã gigante, foi grande demais para a dúzia de militantes que acorreram à sede. E durante as cerca de duas horas em que por lá andou gente o ambiente não foi nem de festa nem de enterro: simplesmente não houve ambiente.

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a Vencidos mas não derrotados. A noite da Plataforma Não Obrigada e movimento Diz que Não decorreu ontem sem grandes dramas e com promessas de contestação à mudan-ça do Código Penal.

Durante a noite, na baixa lisboeta, poucas eram as expressões abatidas mesmo depois de se ter tornado ób-via a vitória não vinculativa do “sim”. Entre os activistas discutia-se o que fa-zer, a partir de agora, para contrariar a despenalização.

Isilda Pegado, uma das fi guras da Plataforma, assumia a batalha já para os próximos dias. “Se se mantiverem estes resultados, 75 por cento dos portugueses não disseram sim à alte-ração da actual lei.” Pegado questiona a autoridade para mudar a lei sem a participação de mais de 50 por cento dos eleitores. “É um estudo que tem de ser feito pelos constitucionalistas. E o Presidente da República vai ter de ana-lisar a questão se promulgar a lei.”

Na sala, os activistas davam largas aos seus piores receios. “Temos que estar atentos se os abortos vão ser

só mesmo até às dez semanas”, dizia alguém. Mas a frase mais repetida era outra: “Só já faltam oito anos”. Muitos queriam um novo referendo. Pinheiro Torres, da associação Juntos pela Vida, era um deles: “Quando as circunstâncias políticas o permitirem, tentaremos revogar esta lei”.

A noite decorreu sem sobressaltos. Aplausos para o discurso de Pegado. Apupos para o discurso de Sócrates. O mau perder revelou-se uma única vez, quando alguém subiu o volume para ouvir o discurso do primeiro-ministro. Pedro Líbano Monteiro, mandatário fi -nanceiro, mandou silenciar o socialista ao mesmo tempo que dizia “eu não o convidei”. Uma mulher atirou: “a tua mãe era uma grande mulher, senão não estavas aqui...”

Já a passagem de algumas perso-nalidades pouco agitou a sede. Zita Seabra, ex-comunista e deputada do PSD, Ribeiro e Castro, presidente do CDS, e Braga da Cruz, reitor da Uni-versidade Católica, passaram quase despercebidos.

Sede do PSD sem festa nem lamentos e com mais jornalistas que militantes

Mendes destacou a cidadania

Movimentos do “não” prometem luta para hoje, amanhã e daqui a oito anos

Leonete Botelho

Nuno Sá Lourenço

Rostos tristes entre os apoiantes do “não”

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Destaque8 • Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007

Referendo 2007 A noite da votação nas sedes dos partidos

Esquerda comemora e direita promete continuar a luta

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a Na sede do partido que se bate há mais anos pela despenalização da interrupção voluntária da gravidez e que, no entanto, se opôs à realização de um segundo referendo, não se ouvi-ram palmas ou ovações aos primeiros segundos das oito da noite, quando divulgadas as primeiras projecções. Com uma casa cheia de jornalistas e com muito poucos militantes presen-tes – que optaram por se concentrar e festejar aos resultados na sede do mo-vimento cívico pelo “sim” – , o secretá-rio-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, exigiu “a rápida concretização do pro-cesso legislativo que contribua para não prolongar o tempo perdido”.

Para Jerónimo de Sousa, houve ape-nas um vencedor no referendo sobre a despenalização da interrupção volun-tária da gravidez: a mulher portugue-sa. “Que ninguém erga a taça. Esta é uma vitória das mulheres.”

Vitória à parte, o secretário-geral não deixou passar em branco, na sua declaração, feita perto das 21h, “a com-provada inadequação do recurso à fi -gura do referendo em matéria que a Assembleia da República não só podia, como devia, ter assumido”. “Não era preciso o referendo”, afi rmou, acu-sando o Governo PS e o BE de terem adiado a resolução do problema por mais dois anos.

A abstenção também foi alvo de interpretação por parte de Jerónimo de Sousa: “A grande maioria dos por-tugueses que não votou fê-lo porque a Assembleia tinha legitimidade para legislar”.

O contributo do partido no resulta-do de um referendo que o PCP sempre considerou desnecessário foi, porém, realçado pelo seu secretário-geral: “Os resultados obtidos em zonas de maior afl uência do PCP são expressão do em-

penhamento e da contribuição dados pela acção e campanha que o partido desenvolveu”. O fait divers da noite na Soeiro Pereira Gomes foi a vitória esmagadora do “sim” em Pirescoxe, a freguesia operária de Santa Iria de Azóia que viu nascer o secretário-geral do PCP – mil eleitores votaram “sim” e apenas 169 optaram pelo “não”.

Os comunistas, que, no passado, apresentaram uma proposta legislativa que despenalizava o aborto até às 12 semanas, admitem recuar até às dez. “A pergunta era muito concreta. Inde-pendentemente de considerarmos que se podia dar um passo mais adiante, este já é um passo muito grande que irá resolver a maioria das situações”, afi rmou o secretário-geral do PCP.

PCP O partido que não queria o referendo realçou o seu contributo na vitória do “sim”

Diana Ralha

Jerónimo esteve discreto

Ribeiro e Castro não escondeu a sua mágua pela derrota do “não”

CDS Sócrates responsabilizado por uma das “páginas tristes da História portuguesa”

Isabel Leiria

a Pela manhã, José Ribeiro e Castro, líder do único partido com assento parlamentar a defender ofi cialmente o “não” no referendo de ontem, dizia esperar “ter razões para estar contente ao fi m do dia”. Conhecidos os resulta-dos, já na sede do CDS-PP, no Largo do Caldas, os sentimentos eram, afi nal, de “mágoa, serenidade e determinação”, admitia o próprio. Mas com a certeza de que o partido votará “contra as leis de liberalização do aborto” e que pug-nará, “no futuro, pela sua alteração”. Se o CDS-PP voltar ao Governo, é isso que fará, reforçou Ribeiro e Castro.

Com um cartaz rosa e branco por trás, onde se via uma impressão di-gital e um feto no meio e o lema Ne-nhuma vida é de mais, o líder popular afi rmou peremptoriamente que o primeiro-ministro “fi cará responsável por uma das páginas tristes da História portuguesa”. Porque, com a vitória do “sim” e a subsequente “liberalização total do aborto até às 10 semanas de gestação”, “Portugal desacertou o pas-so com a História”, justifi cou.

Acompanhado por vários dirigen-tes do partido, que se mantiveram à entrada da sala de imprensa e apenas pontualmente aplaudiram a interven-ção, Ribeiro e Castro reafi rmou a con-vicção de que a alteração da legislação “fere a matriz humanista da História” e consagra “uma dupla violência: sobre o fi lho e sobre a mulher, mãe”.

O CDS promete, no entanto, escru-tinar tudo o que vai seguir-se: desde o “conteúdo e a constitucionalidade das leis e regulamentos que a maioria socialista e o Governo se preparam pa-ra adoptar”, às “prioridades de saúde

pública”, passando pelo “abuso de em-presas especializadas no aborto, que exploram um negócio de violência so-bre a vulnerabilidade da mulher, com o fi nanciamento do Estado”.

Uma hora antes, João Vacas, da co-missão política, afi rmara que o nível de abstenção mostrou “que esta não era uma questão essencial para os por-tugueses” e que se tinha aberto “uma fractura artifi cial na sociedade”.

BE Louçã convida “todos” a contribuírem para regulamentar a lei

Sofia Branco

a “Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida.” A voz de Sérgio Godinho saía assim das colunas de som após a intervenção de Francisco Louçã. An-tes, tinha cantado que “a vida é feita de pequenos nadas”. Mas, ontem à noite, para os militantes do Bloco de Esquer-da reunidos numa sala do hotel Sofi tel, em Lisboa, o país deu um grande passo

em direcção ao “século XXI”.“Agora é tempo de olhar para o

futuro”, convidou o coordenador do partido, Francisco Louçã, apelando “a todos que agora se juntem à imensa maioria que decidirá” a regulamenta-ção da lei, que deve, nomeadamente, “impedir que a objecção de cons-ciência obstaculize” o cumprimento da despenalização do aborto até às dez semanas pelo Serviço Nacional de Saúde. “Nos próximos dias, po-deremos entrar fi nalmente no século XXI e na Europa em que queremos estar”, vincou.

A tensão foi muita antes de anun-ciadas as sondagens, com os princi-pais dirigentes do BE a, volta e meia, escaparem para uma salinha mais recatada.

Oito minutos para as oito e um militante anunciava que, apuradas 1979 freguesias, o “sim” acabava de ultrapassar o “não”. “Agora é sempre a subir”, animava.

Conhecidas as projecções, os olhos estiveram sempre postos no grande ecrã, que ia saltando de canal em canal. Francisco Louçã era o mais ex-

pressivo na alegria. A declaração da médica Maria José Alves, em nome dos movimentos cívicos que fi zeram cam-panha pelo “sim”, foi recebida com uma ruidosa salva de palmas. Ribei-ro e Castro foi o único que conseguiu tirar o sorriso da cara de Louçã, que abanava a cabeça enquanto criticava o “descaramento” do líder do CDS-PP.

Feita a declaração da noite pelo co-ordenador do partido – ainda houve quem pedisse a palavra para “uma mulher”, mas Ana Drago diria que “a vitória é de todos” –, o eurodeputado Miguel Portas depressa pôs em marcha uma comitiva de gente e de bandeiras verdes com a palavra “sim”, em direc-ção ao Hotel Altis, a umas centenas de metros, onde se reuniam os movimen-tos pela despenalização. Porque a “vi-tória não é dos partidos políticos, mas dos cidadãos”, reconheceu Louçã.

Fazendo ouvidos moucos a quem lhe pedia para desacelerar o passo e animado com as buzinadelas de apoio vindas dos carros que por ali circula-vam, Miguel Portas estugava o passo, comentando: “Esta [vitória] sabe-me bem, demos o litro”.

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Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007 • 9

Reportagem

a A Rua das Portas de Santo Antão, em Lisboa, é um bom lugar para celebrar vitórias. Porta-sim, porta-não há néons, as luzes competem entre si. Há famílias a sair da sessão da tarde do Música no Coração de La Féria, no Politeama, ao mesmo tempo que a fi la se adensa no Coliseu dos Recreios onde, daqui a nada, haverá concerto dos Nine Inch Nails — que rapazes de rímel esperavam ver em Portugal há mais tempo do que o anterior referendo.

É uma improvável vizinhança para os movimentos de apoio ao “não” — mas ninguém escolhe os vizinhos. Mesmo em

frente, na vetusta Associação Comercial de Lisboa, com o seu interior apalaçado de mármore e alabastro, o “não” montou a sua sede em noite de referendo. Com banca no átrio de entrada, para quem quiser adquirir, ainda, o merchandising do “não” — os bonecos de plástico de um embrião com 10/12 semanas custam um euro.

São 19h30 e dentro de meia hora tudo isto terá desaparecido. Dentro de meia hora, a SIC antecipa a vitória do “sim”, com imagens em directo — esfuziantes — da respectiva sede.

O silêncio é absoluto na Associação Comercial de Lisboa.

Mas não foi isso que as televisões mostraram. Quando as câmaras se ligaram e Isilda Pegado disse “boa noite a todos”, a sala rompeu em palmas.

“A noite ainda é uma criança”, diz alguém. Um jornalista da TVI fala com o fi lho, por telemóvel: “Não perca a esperança...”

Um casal de turistas belgas vem ver as vistas. Descem a escadaria, lançam um último olhar aos altos-relevos. Sabem o que se

está a passar aqui? “Sim”, diz ele. “Também somos contra.” Ela: “Bela sala, a de lá de cima.”

De vez em quando, o “não” festeja — quando os resultados na Madeira são divulgados, por exemplo — e os festejos ouvem-se na rua. Bernardo Gomes de Castro veio directamente da mesa de

Kathleen Gomes

voto de Santos-o-Velho para aqui, depois da contagem ter dado a vitória ao “sim” na sua freguesia. Não que isso o desanimasse: “Não achei que fosse representativo do país”.

Ele e os amigos — todos do movimento Diz Que Não, com idades entre os 23 e os 18 anos

A festa do “não” e a não-festa do “sim”

Houve champanhe mas o “sim” não saiu à rua. E o“não” montou a sede na Baixa de Lisboa, um bom lugar para celebrar vitórias

O show off à saída do Hotel Altis

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S — estão na rua a fumar. “Este mês tivemos várias vitórias. Cada pessoa que convencemos de que o aborto é um mal foi uma vitória”, diz José Maria Duque. “A vida não acabou hoje. O mais certo é sairmos daqui e irmo-nos divertir”.

E quando sairão daqui? “Quando a festa acabar.”

Já passa da nove da noite e no Hotel Altis há uma garrafa de champanhe vazia num cinzeiro. Sorrisos, abraços. Uma mulher brinca com uma criança: “Estás contente, é? Mas tu não votaste...” Os defensores do “sim” começam a sair para a rua, de bandeiras verdes ao ombro. Meia dúzia de jovens gritam “votámos sim!” à porta do hotel — show off para as câmaras dos fotógrafos.

O Marquês de Pombal, rotunda de celebrações eleitorais e futebolísticas, é já ali ao lado, mas não há programa de festa.

“Isto não é propriamente uma coisa de apitar...”, justifi ca Daniel Oliveira, dirigente do Bloco de Esquerda e porta-voz do movimento Voto Sim. “Cada um festejará como quiser.”

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Destaque10 • Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007

Referendo 2007 Os dias diferentes de um pároco e de um ginecologista-obstetra

A consciência é um santuário íntimo, mas o padre Geraldo quer educá-la

PE

DR

O C

UN

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a À porta da igreja de São Pedro, dentro das muralhas de Óbidos, entre os avisos da catequese e da Cáritas, há uma página com um poema: “A criança que queria nascer”. Diz: “Era tão pequeno, que ninguém o via” (...) “foi sacrifi cado, enquanto dormia/ esterilizado, com toda a mestria” (...) “Negaram-lhe tudo, o destino inteiro/ porque os abortistas nasceram primeiro”. Não está assinado.

Lá dentro, num outro placard, o mesmo poema. Na missa do meio-dia, o padre Paulo Geraldo, de 43 anos, não fala sobre “abortistas” nem sobre o aborto. É dia de ir às urnas e o sacerdote não quer fazer campanha. A única vez que se refere ao assunto é por entre os habituais avisos semanais: vai haver um retiro quaresmal, uma peregrinação a Fátima, um curso bíblico, estão abertas as inscrições para a preparação para o crisma e já agora “hoje é dia de voto... Construam um mundo melhor, mais justo e mais humano”, apela.

Três horas antes, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, na Usseira, uma povoação agrícola a poucos quilómetros de Óbidos a deixa praticamente a mesma mensagem. Nem mais uma palavra sobre o tema. É já no carro e durante a curta viagem de Usseira para o Vau, perto da Lagoa de Óbidos, que fala sobre o aborto: “A posição da Igreja é clara. O porta-voz, que é o Papa, está farto de falar sobre o tema. Antes de se pôr esta questão já o Concílio Vaticano II, há 40 anos, chamou ao aborto um crime horrendo”.

“Não é para levar a sério”O padre Geraldo é um homem amoroso e atencioso para com os seus paroquianos. “Vim para fazer desta gente a minha família. Foi por isso que não me casei”, justifi ca. Está em Óbidos há quatro meses, antes estivera dez anos em Colares, perto de Sintra, para onde seguirá depois do almoço, para votar.

É com um sorriso que acolhe as malandrices que os pequenos acólitos fazem em cima do altar. O mesmo sorriso com que afaga o rosto da velhinha que se arrasta até à sacristia para, com saudades da voz do marido que partiu, pedir ao sacerdote que reze por ele.

Durante a missa, por entre os ritos, o padre Geraldo desce do altar para dar o abraço da paz aos fi éis que se sentam nos primeiros bancos da paróquia de Nossa Senhora da Piedade do Vau. Repete o mesmo

gesto hora e meia depois, na igreja de São Pedro de Óbidos, onde aproveita para desejar os parabéns a uma paroquiana. No fi nal da missa, vem até à porta da rua, para se despedir de todos e desejar uma boa semana.

Este é o mesmo homem que se revela pouco compreensivo para com os católicos que declararam

Reportagem

Bárbara Wong

É um homem carinhoso para com os seus fiéis, mas pouco compreensivo para com os que votam “sim”.

publicamente que votariam “sim”. “Neste ponto a doutrina da Igreja não admite outra perspectiva [que não seja contra o aborto]”. E os padres que são a favor da mudança da lei? “Dizem-no em nome pessoal, de uma maneira um bocado tonta e que não é para levar a sério.”

A comunidade de Óbidos tem sete paróquias, umas mais rurais,

de produtores e comerciantes de fruta; outras mais urbanas. Durante o tempo da campanha, só houve um domingo em que aproveitou a homília para falar contra o aborto, diz. “Parece que querem encontrar outras formas de desengravidar. A única possibilidade é a maternidade”, resume. Nesse tempo, as paróquias tiveram liberdade para

decidir se queriam ser esclarecidas sobre o tema, só três o pediram.

“A Igreja diz que a consciência é um santuário íntimo, ao qual se deve obedecer, mesmo que não se conduza pelos ditames da Igreja. Mas o nosso dever é educar as consciências”. É o que o padre Geraldo vai fazer, agora que o “sim” ganhou.

O padre Geraldo diz que os padres que são a favor do “sim” fazem-no de um modo um pouco tonto

O médico que fez “dezenas” de abortos e festejou o “sim”

Alexandra Lucas Coelho

a 20h05. Uma campainha desata a tocar no bolso de A. “Si, si, ganhámos, estou mui contento”, atende ele, já à porta do consultório, com metade do casaco vestido. “Si, agora vou para o Altis.” Juntar-se aos portugueses que votaram “sim”. A. não votou porque não é português. De resto, o referendo dizia-lhe muito directamente respeito. É o seu nome que está escrito na placa deste consultório-clínica no centro de Lisboa onde desde 2003 “dezenas de mulheres” já abortaram.

Ginecologia-obstetrícia-ecografi a-planeamento familiar, anuncia a placa, a maior e mais vistosa entre

várias na fachada. Um edifício nobre do centro da cidade, cheio de consultórios.

Não é o cliché da clandestinidade e A. não é uma parteira. É ginecologista-obstetra desde 1976, e concluiu a especialidade com uma tese sobre as consequências do aborto clandestino. Isto, num país da União Europeia, onde exerceu os primeiros dez anos. Quando a actual lei espanhola sobre o aborto foi aprovada, em 1986, mudou-se para Espanha, onde teve uma clínica até 2000.

Foi então que se instalou em Lisboa. Por razões pessoais (uma separação) e porque cada vez mais médicos e enfermeiros espanhóis encontravam trabalho em Portugal, mas não só. “Não escondo que fui um observador interessado do referendo anterior. Uma decepção.”

Havia espaço em Lisboa para uma pequena clínica que, além das

“consultas normais de ginecologia”, fi zesse em condições seguras o que a lei penalizava.

Respeitando “os colegas que consideram que a prática abortiva não entra na profi ssão”, A. encara “a interrupção voluntária da gravidez como parte do espectro

profi ssional”.Nesta mesma sala, recebeu nos

últimos quatro anos mulheres “sobretudo de classe média alta”, entre os 25 e os 40 anos. Nos casos de gravidez até 6/8 semanas, receita um fármaco abortivo, o cytotec, depois do qual pode ou não ser necessária uma raspagem. Quando

Num prédio nobre de Lisboa, A., que é estrangeiro, tem atendido portuguesas entre os 25 e os 40 anos

o cytotec não resulta ou já não pode ser tomado, faz aspirações. Um aborto que implique a pequena cirurgia (raspagem ou aspiração) pode custar até 500 euros, incluindo consulta e ecografi a. O seu “limite pessoal” são as 24 semanas, a partir das quais “há uma viabilidade do feto” e “o feto já pode sentir algo”.

Sala a sala, A. mostra um consultório equipado para tudo isto. De resto, a equipa é pequena, “uma secretária e duas assistentes”, uma delas com formação de enfermagem.

Mas a maioria das consultas, afi rma, são consultas normais de ginecologia. “O meu consultório não depende de cobrar mais ou menos pelos abortos.” Além disso, crê, continuará a haver uma faixa de mulheres a preferir a discrição das clínicas privadas.

A sua satisfação com a vitória do “sim” é total, garante. “Uma boa notícia, sem dúvidas.”

O médico espanhol diz que a saúde pública não é só da competência do Estado, mas dos médicos envolvidos

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Destaque12 • Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007

1988 2007 Sim Não Sim Não Abs.Águeda 43,67 56,33 55,68 44,32 61,67Albergaria-a-Velha 33,38 66,62 44,01 55,99 59,86Anadia 40,41 59,59 51,01 48,99 61,44Arouca 13,31 86,69 22,84 77,16 54,84Aveiro 46,77 53,23 53,93 46,07 56,57Castelo de Paiva 20,79 79,21 37,04 62,96 63,97Espinho 44,24 55,76 52,52 47,48 52,31Estarreja 32,10 67,90 43,75 56,25 60,88Santa Maria da Feira 25,05 74,95 40,34 59,66 55,68Ílhavo 37,53 62,47 49,49 50,51 61,11Mealhada 63,79 36,21 71,92 28,08 63,16Murtosa 19,69 80,31 29,52 70,48 64,81Oliveira de Azeméis 24,46 75,54 39,05 60,95 55,93Oliveira do Bairro 26,35 73,65 36,37 63,63 59,37Ovar 38,62 61,38 50,55 49,45 57,03S. João da Madeira 41,14 58,86 51,39 48,61 56,13Sever do Vouga 24,65 75,35 35,09 64,91 55,45Vagos 18,29 81,71 27,85 72,15 58,76Vale de Cambra 20,20 79,80 32,21 67,79 54,45

Concelho a concelho “Sim” ganhou terreno ao “não” com ajuda de abstenção mais baixa

Seis concelhos do distrito de Aveiro – Águeda, Anadia, Aveiro, Espinho, Ovar e S. João da Madeira – transferiram-se do “não” para o “sim”, juntando-se deste modo à Mealhada, único que em 1998 tinha votado o favor da despenalização. Este concelho melhorou, aliás, o seu “score” (de 63,8 para 71, 9%). Em Ílhavo, o “não” (50,5%) rivalizou com o “sim” (49,4%) e Arouca continua à frente no “não”, embora com algum recuo: desceu de 86,7 para 77,1%, tendência que se verificou na generalidade dos restantes dez concelhos. A participação subiu de 37,4% para 45,5 % dos inscritos. F.F.

1988 2007 Sim Não Sim Não Abs.Aljustrel 83,57 16,43 90,41 9,59 52,26Almodôvar 66,74 33,26 76,00 24,00 70,73Alvito 75,71 24,29 78,88 21,12 62,01Barrancos 62,41 37,59 68,26 31,74 69,15Beja 77,76 22,24 83,18 16,82 54,70Castro Verde 81,65 18,35 86,84 13,16 58,15Cuba 72,55 27,45 83,00 17,00 64,22Ferreira do Alentejo 87,26 12,74 89,66 10,34 55,03Mértola 81,64 18,36 85,77 14,23 62,99Moura 72,43 27,57 80,55 19,45 68,55Odemira 79,20 20,80 84,54 15,46 59,12Ourique 74,41 25,59 78,20 21,80 68,68Serpa 78,04 21,96 83,08 16,92 60,63Vidigueira 76,99 23,01 84,33 15,67 61,92

Aljustrel foi dos concelhos mais empenhados na causa do “sim” de todo o país: a abstenção ficou-se “apenas” pelos 52,3 por cento, e 90,4 por cento dos votantes aljustrelenses optaram pelo “sim”. O panorama foi semelhante no resto do distrito. Com excepção do mais pequeno município do continente, Barrancos (onde o “sim” teve 68,3 por cento), em todo o lado o “sim” ganhou com mais de 75 por cento. Apesar de Beja ter hoje menos oito mil eleitores inscritos que em 1998, o número total de votantes cresceu – foram mais 21 mil que há oito anos. E esse acréscimo foi quase todo para o “sim”. O “não” teve apenas 8641 votos – ainda assim, mais 1500 que em 1998. P.R.

1988 2007 Sim Não Sim Não Abs.Amares 13,81 86,19 28,46 71,54 55,14Barcelos 16,60 83,40 32,58 67,42 48,39Braga 32,40 67,60 47,98 52,02 51,36Cabeceiras de Basto 15,02 84,98 37,53 62,47 64,17Celorico de Basto 11,89 88,11 28,15 71,85 61,49Esposende 15,74 84,26 31,84 68,16 51,66Fafe 25,67 74,33 49,42 50,58 60,51Guimarães 27,87 72,13 47,71 52,29 53,26Póvoa de Lanhoso 14,88 85,12 30,14 69,86 58,39Terras de Bouro 11,58 88,42 27,24 72,76 58,79Vieira do Minho 14,70 85,30 28,54 71,46 63,93Vila Nova de Famalicão 25,92 74,08 45,59 54,41 51,77Vila Verde 10,50 89,50 25,02 74,98 55,86Vizela - - 49,83 50,17 57,59

É o distrito mais jovem do país, mas em Braga a vitória continuou a ser do “não”, que ontem registou 58,8 por cento contra os 41,2 por cento a favor do “sim”. Mas o “não” perdeu margem relativamente a 1998, ano em que registou vitória estrondosa com 77,3 por cento, muito acima dos 22,78 por cento do “sim”. A afluência às urnas subiu de 39,5 por cento registados em 1998 para os 46,4 registados ontem. Na soma dos 14 concelhos do distrito, dividido em 515 freguesias, ressalta Vila Verde pela adesão ao “não”, que teve 74,98 por cento dos votos. Em 1998, Vizela ainda não existia enquanto concelho, mas, neste referendo, destaca-se por ter registado a maior percentagem de votos a favor do aborto: 49, 8 por cento. N.F.

1988 2007 Sim Não Sim Não Abs.Alfândega da Fé 25,95 74,05 41,06 58,94 60,33Bragança 32,77 67,23 47,13 52,87 66,67Carrazeda de Ansiães 26,94 73,06 41,78 58,22 66,91Freixo de Espada à Cinta 31,69 68,31 47,87 52,13 69,69Macedo de Cavaleiros 13,21 86,79 28,72 71,28 62,77Miranda do Douro 28,77 71,23 44,74 55,26 64,17Mirandela 29,45 70,55 41,64 58,36 62,96Mogadouro 22,29 77,71 35,75 64,25 66,25Torre de Moncorvo 30,16 69,84 43,35 56,65 65,44Vila Flor 30,53 69,47 44,38 55,62 62,82Vimioso 19,44 80,56 35,02 64,98 69,96Vinhais 24,08 75,92 41,20 58,80 73,12

De braço dado com o número de votantes, o “sim” registou no distrito de Bragança um crescimento assinalável. De um total de 26,3 por cento registado em 1998, os defensores da despenalização do aborto saltaram agora para os 41 por cento, num universo de votantes que disparou dos 28,6 para os 34,36 por cento. Ainda assim, esta subida não foi suficiente para pôr em causa o triunfo do “não” que, apesar de uma queda dos 73,8 para os 59 por cento, registou uma vantagem de 18 pontos percentuais. No quadro distrital, foi em Freixo-de-Espada--à-Cinta que o “sim” teve mais força (47,87 por cento), quedando-se Vimioso como o mais importante reduto do “não”, com 64,98 por cento dos votos. N.S.

1988 2007 Sim Não Sim Não Abs.Belmonte 52,45 47,55 69,36 30,64 62,34Castelo Branco 58,09 41,91 68,03 31,97 57,42Covilhã 54,05 45,95 67,25 32,75 57,85Fundão 48,07 51,93 62,98 37,02 60,74Idanha-a-Nova 45,83 54,17 63,16 36,84 66,46Oleiros 19,16 80,84 35,58 64,42 62,96Penamacor 32,59 67,41 53,09 46,91 67,30Proença-a-Nova 23,72 76,28 38,70 61,30 54,98Sertã 27,18 72,82 46,96 53,04 63,32Vila de Rei 14,23 85,77 29,87 70,13 44,83Vila Velha de Rodão 68,83 31,17 78,15 21,85 61,50

Em 1998, o “não” ganhou com uma vantagem de cerca de cinco por cento. Ontem, o desfecho foi diferente: o “sim” registou 61,63 por cento dos votos, enquanto o “não” se ficou pelos 38,37%. Em 1998, recorde-se, o “não” tinha obtido 52,8 por cento dos votos, contra os 47,2 por cento do “sim”. A abstenção diminuiu ligeiramente, tendo o referendo de ontem registado uma participação de 40,53 por cento, na soma das 160 freguesias. Há nove anos, os votantes não foram além dos 28,81 O concelho de Vila de Rei, onde a escassa natalidade se sente com particular acutilância, foi o que registou maior percentagem de votos “não”: 70,13. Do lado do “sim”, Vila Velha do Ródão foi o concelho com a mais alta percentagem de votos: 78,15 por cento. N.F.

1988 2007 Sim Não Sim Não Abs.Arganil 45,04 54,96 54,68 45,32 63,44Cantanhede 36,39 63,61 47,81 52,19 61,33Coimbra 60,18 39,82 66,83 33,17 54,45Condeixa a Nova 52,64 47,36 67,01 32,99 55,12Figueira da Foz 69,22 30,78 74,95 25,05 62,10Góis 43,25 56,75 63,05 36,95 65,07Lousã 48,73 51,27 63,77 36,23 56,17Mira 28,01 71,99 40,69 59,31 61,00Miranda do Corvo 44,45 55,55 62,50 37,50 61,72Montemor-o-Velho 55,94 44,06 65,41 34,59 66,27Oliveira do Hospital 32,40 67,60 50,85 49,15 65,13Pampilhosa da Serra 20,37 79,63 44,27 55,73 64,12Penacova 43,65 56,35 55,67 44,33 65,51Penela 28,12 71,88 48,03 51,97 66,58Soure 54,83 45,17 65,32 34,68 60,62Tábua 41,22 58,78 56,06 43,94 66,74Vila Nova de Poiares 52,72 47,28 66,92 33,08 70,48

No referendo de 1998, o “sim” já ganhara em Coimbra, mas com apenas 52,9 dos votos – uma vitória tangencial, se comparada com os expressivos 63 por cento que ontem responderam afirmativamente à pergunta que lhes foi colocada. E, ao contrário de 1998, quando o “sim” venceu muito à custa dos centros urbanos de Coimbra, Figueira da Foz e Montemor-o-Velho, tendo sido minoritário em 11 dos 17 concelhos do distrito, desta vez o “não” só ficou à frente em Cantanhede, Mira, Pampilhosa da Serra e Penela. Tal como em 1998, o “sim” obteve o seu melhor resultado – 74,9 por cento – na Figueira da Foz. L.M.Q.

1988 2007 Sim Não Sim Não Abs.Alandroal 77,89 22,11 82,71 17,29 62,24Arraiolos 80,31 19,69 83,09 16,91 53,28Borba 74,40 25,60 82,61 17,39 54,40Estremoz 71,13 28,87 73,78 26,22 60,74Évora 71,17 28,83 76,81 23,19 53,40Montemor-o-Novo 77,92 22,08 82,63 17,37 50,74Mora 72,23 27,77 77,13 22,87 61,61Mourão 57,88 42,12 71,95 28,05 67,54Portel 71,84 28,16 80,78 19,22 66,77Redondo 74,27 25,73 78,90 21,10 65,71Reguengos Monsaraz 56,29 43,71 71,18 28,82 66,01Vendas Novas 78,83 21,17 81,28 18,72 53,28Viana do Alentejo 78,03 21,97 83,11 16,89 58,51Vila Viçosa 69,97 30,03 75,24 24,76 58,25

Há oito anos, os eborenses haviam votado em massa “sim”; o cenário repetiu-se em 2007, com o “sim” a aumentar ainda mais a sua vantagem. Em todos os concelhos do distrito, o “sim” à pergunta colocada neste referendo teve pelo menos 71 por cento dos votos. A abstenção registou uma redução extraordinária – de 73,3 por cento em 1998 para 57 por cento este ano. Isso resultou em mais votos, tanto para o “sim” como para o “não”, mas sobretudo para o “sim”. Na capital de distrito, a abstenção ficou-se pelos 53,4 por cento, enquanto o “sim” triunfou com 76,8 por cento dos votos expressos. Em todo o distrito, apenas 13311 eborenses votaram “não”. P.R.

1988 2007 Sim Não Sim Não Abs.Albufeira 72,11 27,89 76,48 23,52 61,58Alcoutim 68,85 31,15 73,81 26,19 72,68Alzejur 77,16 22,84 80,53 19,47 61,59Castro Marim 68,58 31,42 73,98 26,02 66,50Faro 73,38 26,62 75,71 24,29 55,39Lagoa 65,86 34,14 69,97 30,03 60,18Lagos 72,97 27,03 75,49 24,51 56,74Loulé 71,21 28,79 73,78 26,22 63,80Monchique 35,16 64,84 51,34 48,66 60,52Olhão 69,08 30,92 69,80 30,20 65,36Portimão 68,56 31,44 72,03 27,97 58,12S. Brás de Alportel 67,42 32,58 72,54 27,46 62,94Silves 69,71 30,29 76,77 23,23 63,34Tavira 69,42 30,58 72,43 27,57 64,31Vila do Bispo 76,21 23,79 80,98 19,02 59,66Vila Real de St. António 69,42 30,58 74,98 25,02 64,25

Só o concelho de Monchique havia votado “não” em todo o Algarve em 1998. Desta vez, até na serra o “sim” triunfou – teve 51,3 por cento. No resto do distrito de Faro, registou-se uma vitória a toda a linha do “sim”, com pelo menos 70 por cento dos votos expressos em todos os concelhos. Faro já havia dado uma ampla vitória ao “sim” em 1998, mas a margem de vitória cresceu este ano quatro pontos percentuais. Como no resto do país, o factor mais importante nos resultados globais foi a abstenção: só 22,4 por cento dos eleitores algarvios tinham ido às urnas em 1998. Desta vez, diminuiu: 38,8 por cento deram-se ao trabalho de ir votar. P.R.

1988 2007 Sim Não Sim Não Abs.Aguiar da Beira 18,04 81,96 34,01 65,99 63,97Almeida 30,76 69,24 47,61 52,39 62,44Celorico da Beira 28,76 71,24 45,87 54,13 65,28Fig. Castelo Rodrigo 35,76 64,24 53,96 46,04 67,80Fornos de Algodres 23,54 76,46 42,50 57,50 60,40Gouveia 38,96 61,04 52,79 47,21 66,09Guarda 37,03 62,97 53,90 46,10 55,53Manteigas 35,29 64,71 52,33 47,67 64,58Meda 19,60 80,40 36,96 63,04 62,85Pinhel 24,90 75,10 41,84 58,16 64,25Sabugal 23,43 76,57 41,03 58,97 62,59Seia 29,47 70,53 44,25 55,75 59,73Trancoso 22,09 77,91 40,57 59,43 64,00Vila Nova de Foz-Côa 31,53 68,47 45,32 54,68 63,97

O “não” voltou a ganhar na Guarda, mas agora com 53,1 por cento dos votos, muito longe dos 70,1 por cento que conquistara no referendo anterior. Em 1998, os partidários da despenalização haviam mesmo perdido em todos os 14 concelhos do distrito, e a sua melhor votação não ultrapassara os 39 por cento, obtidos em Gouveia, um dos quatro únicos concelhos – juntamente com a Guarda, Manteigas e Figueira de Castelo Rodrigo –, onde o “sim” ontem venceu. Apesar da campanha local do movimento “Guarda’a Vida”, os defensores do “não” desceram 17 por cento relativamente a 1998, uma queda muito superior à da média nacional. L.M.Q.

1988 2007 Sim Não Sim Não Abs.Alcobaça 48,01 51,99 57,39 42,61 53,53Alvaiázere 22,13 77,87 36,33 63,67 62,76Ansião 26,83 73,17 42,05 57,95 59,98Batalha 30,99 69,01 45,97 54,03 47,73Bombarral 47,07 52,93 59,97 40,03 59,89Caldas da Rainha 57,25 42,75 61,86 38,14 58,00Castanheira de Pêra 58,22 41,78 68,51 31,49 66,26Figueiró dos Vinhos 33,14 66,86 46,52 53,48 63,28Leiria 43,67 56,33 54,78 45,22 50,92Marinha Grande 82,37 17,63 83,26 16,74 50,5Nazaré 67,29 32,71 74,83 25,17 63,65Óbidos 57,57 42,43 67,22 32,78 63,08Pedrógão Grande 33,94 66,06 50,63 49,37 67,95Peniche 56,39 43,61 64,33 35,67 61,96Pombal 37,87 62,13 51,93 48,07 63,59Porto de Mós 35,61 64,39 51,90 48,10 52,45

A Batalha é um caso raro neste referendo: mais de metade dos seus eleitores foi votar – a abstenção ficou-se pelos 47,7 por cento. No conjunto do distrito houve uma clara inversão de tendência: o “não” ganhara em 1998 com 51,8 por cento, desta vez ganhou o “sim” com 58,3. Leiria foi dos distritos mais divididos: os resultados variaram entre os 83,3 por cento do “sim” na Marinha Grande e os 63,7 do “não” em Alvaiázere. Mas a tendência geral é reflectida pelos resultados na capital de distrito: no município de Leiria, o “sim” havia perdido há oito anos por 13 pontos percentuais, e desta vez ganhou por nove pontos. P.R.

Page 13: PÚBLICO de cara nova

Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007 • 13

1988 2007 Sim Não Sim Não Abs.Alenquer 70,30 29,70 76,41 23,59 53,64Amadora 74,10 25,90 75,26 24,74 51,75Arruda dos Vinhos 71,71 28,29 75,86 24,14 56,31Azambuja 68,66 31,34 72,75 27,25 54,88Cadaval 55,15 44,85 65,30 34,70 60,22Cascais 65,61 34,39 68,72 31,28 51,9Lisboa 64,31 35,69 67,50 32,50 51,57Loures 76,22 23,78 76,52 23,48 48,74Lourinhã 35,41 64,59 50,48 49,52 57,06Mafra 52,78 47,22 64,16 35,84 52,63Odivelas - - 74,07 25,93 51Oeiras 69,21 30,79 71,34 28,66 46,47Sintra 73,33 26,67 75,58 24,42 52,12Sobral de Monte Agraço 71,03 28,97 77,66 22,34 59,33Torres Vedras 50,36 49,64 60,63 39,37 56,37Vila Franca de Xira 78,61 21,39 79,86 20,14 49,44

No distrito de Lisboa vive quase um quinto dos eleitores portugueses. Há oito anos, o triunfo do “sim”, com 68 por cento dos votos, não fora suficiente para “arrastar” o resto do país; desta vez o “sim” teve 71,4. O equivalente a 609 mil votantes. O “sim” “varreu” todo o distrito – até na Lourinhã, único concelho onde havia perdido em 1998. Na capital do país, vitória clara do “sim” (67,5 por cento). O concelho de Odivelas, que não existia em 1998, estreou-se em referendos com uma das vitórias mais expressivas do “sim” – 74 por cento. Lisboa foi o distrito do país mais mobilizado por este referendo: a abstenção ficou-se pelos 51,3 por cento. P.R.

1988 2007 Sim Não Sim Não Abs.Alter do Chão 69,72 30,28 75,74 24,26 61,15Arronches 68,62 31,38 75,26 24,74 66,27Avis 84,50 15,50 85,30 14,70 46,22Campo Maior 69,87 30,13 79,84 20,16 61,86Castelo de Vide 72,56 27,44 80,34 19,66 60,22Crato 68,16 31,84 76,37 23,63 57,05Elvas 55,88 44,12 67,96 32,04 66,61Fronteira 68,93 31,07 74,02 25,98 58,28Gavião 58,22 41,78 69,18 30,82 59,38Marvão 66,38 33,62 70,27 29,73 70,53Monforte 53,70 46,30 70,83 29,17 57,86Nisa 64,10 35,90 73,39 26,61 61,33Ponte de Sor 73,57 26,43 77,83 22,17 59,86Portalegre 69,57 30,43 73,44 26,56 60,21Sousel 70,39 29,61 74,56 25,44 56,46

No Alto Alentejo, a tendência foi idêntica à do resto do país. A abstenção caiu 14 pontos percentuais, mas ficou mesmo assim muito acima de metade dos eleitores (61,06 por cento). Há oito anos, o “sim” tinha tido mais do dobro dos votos do “não”; desta vez, teve mais do triplo (74,5 por cento). O concelho de Avis foi daqueles raros exemplos de um município em que houve mais gente a votar que a ficar em casa (a taxa de abstenção foi de 46,2 por cento); Avis foi também o concelho portalegrense onde a margem de vitória do “sim” foi mais expressiva – 85,3 por cento contra apenas 14,7 por cento para o “não”. P.R.

1988 2007 Sim Não Sim Não Abs.Amarante 24,96 75,04 42,43 57,57 62,19Baião 24,54 75,46 40,52 59,48 72,16Felgueiras 18,23 81,77 36,68 63,32 57,89Gondomar 52,40 47,60 62,57 37,43 55,61Lousada 17,51 82,49 39,30 60,70 60,29Maia 53,29 46,71 63,88 36,12 51,32Marco de Canaveses 18,40 81,60 35,68 64,32 59,75Matosinhos 60,92 39,08 67,67 32,33 52,77Paços de Ferreira 15,34 84,66 28,86 71,14 57,11Paredes 17,53 82,47 33,93 66,07 55,38Penafiel 21,33 78,67 36,99 63,01 54,53Porto 56,14 43,86 61,91 38,09 53,06Póvoa de Varzim 24,32 75,68 39,00 61,00 56,17Santo Tirso 30,14 69,86 49,91 50,09 55,73Valongo 45,48 54,52 57,98 42,02 55,43Vila do Conde 36,67 63,33 50,64 49,36 55,12Vila Nova de Gaia 50,99 49,01 60,74 39,26 54,06Trofa - - 43,29 56,71 54,54

Vila do Conde, onde o “não” tinha vencido (63,3%) há oito anos, foi onde se registou maior viragem a favor do “sim”, que subiu de 36,7 por cento para 51,2. No distrito do Porto esta não foi a única mudança: Valongo transferiu o seu voto do “não” para o “sim” (de 45,5 para 57,9 por cento) e em Santo Tirso registou-se um empate técnico: 49,9 para o “sim” e 50,1 para o “não”. De resto, manteve-se a divisão entre o voto no interior do distrito e o litoral: o “sim” voltou a ganhar em Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto e Vila Nova de Gaia. Nos restantes concelhos, o “não” venceu mas com resultados menos expressivos. F.F.

1988 2007 Sim Não Sim Não Abs.Abrantes 61,87 38,13 69,47 30,53 56,38Alcanena 56,17 43,83 64,09 35,91 54,28Almeirim 66,96 33,04 74,28 25,72 61,22Alpiarça 86,69 13,31 86,79 13,21 52,84Benavente 78,16 21,84 77,63 22,37 58,51Cartaxo 73,21 26,79 78,05 21,95 56,43Chamusca 69,77 30,23 75,24 24,76 63,03Constância 64,67 35,33 70,39 29,61 54,03Coruche 77,23 22,77 79,73 20,27 60,03Entroncamento 71,85 28,15 73,63 26,37 50,59Ferreira do Zêzere 25,41 74,59 46,61 53,39 59,46Golegã 65,77 34,23 69,82 30,18 57,29Mação 37,81 62,19 51,93 48,07 49,29Rio Maior 44,52 55,48 56,60 43,40 58,06Salvaterra de Mag. 72,00 28,00 79,99 20,01 64,0Santarém 64,34 35,66 69,12 30,88 55,11Sardoal 34,04 65,96 50,38 49,62 45,25Tomar 48,49 51,51 60,30 39,70 55,76Torres Novas 54,16 45,84 64,39 35,61 52,02Vila Nova da Barquinha 65,57 34,43 72,33 27,67 54,74Ourém 22,19 77,81 34,44 65,56 51,82

Até em Fátima o “sim” ganhou adeptos: 1195 votos pelo “sim” contra os 420 de 1998. O “não” triunfou em Fátima (72,5 por cento), mas perdeu 12 pontos percentuais em relação ao referendo anterior. No resto do distrito, registaram-se também avanços do “sim” – que ampliou a votação de 56,6 por cento para 65 por cento. O “não” ganhou em Ourém e Ferreira do Zêzere – em todos os outros 19 concelhos escalabitanos, triunfou o “sim”. A abstenção caiu 15 pontos percentuais. P.R.

1988 2007 Sim Não Sim Não Abs.Alcácer do Sal 86,70 13,30 89,45 10,55 54,28Alcochete 82,34 17,66 82,33 17,67 50,57Almada 79,58 20,42 79,59 20,41 50,18Barreiro 85,74 14,26 84,66 15,34 47,13Grândola 88,03 11,97 89,39 10,61 51,47Moita 85,49 14,51 84,10 15,90 52,59Montijo 80,82 19,18 81,71 18,29 58,12Palmela 83,49 16,51 83,40 16,60 53,99Santiago do Cacém 84,38 15,62 86,15 13,85 53,59Seixal 80,29 19,71 80,82 19,18 49,92Sesimbra 80,68 19,32 79,58 20,42 53,34Setúbal 78,68 21,32 80,40 19,60 52,77Sines 87,24 12,76 86,84 13,16 53,92

Em 1998, nenhum distrito havia votado tão claramente “sim” como Setúbal (81,9 por cento dos votos). O cenário repetiu-se este ano – 82 por cento dos setubalenses votaram “sim”. Aliás, só num concelho de Setúbal é que o “não” conseguiu chegar aos 20 por cento dos votos (Sesimbra, 20,4 por cento); em todos os 13 municípios setubalenses a vitória do “sim” foi avassaladora. Com destaque para Grândola, o concelho mais “sim” de 1998 (88 por cento), que foi ainda mais “sim” desta vez (89,4 por cento); no entanto, foi em Alcácer do Sal que o “sim” sadino foi mais expressivo (89,45 por cento). A abstenção no distrito foi das mais baixas do país: 51,52 por cento. P.R.

1988 2007 Sim Não Sim Não Abs.Alijó 28,20 71,80 41,26 58,74 64,24Boticas 15,42 84,58 35,98 64,02 67,85Chaves 23,19 76,81 38,09 61,91 64,71Mesão Frio 21,11 78,89 34,80 65,20 66,57Mondim de Basto 13,44 86,56 25,09 74,91 62,82Montalegre 22,19 77,81 39,66 60,34 70,29Murça 23,14 76,86 32,70 67,30 65,56Peso da Régua 33,75 66,25 45,98 54,02 67,64Ribeira de Pena 11,93 88,07 28,29 71,71 70,2Sabrosa 22,95 77,05 35,81 64,19 64,19Stª Marta de Penaguião 23,05 76,95 38,76 61,24 67,09Valpaços 18,23 81,77 28,36 71,64 69,7V. Pouca de Aguiar 23,00 77,00 35,68 64,32 72,05Vila Real 29,94 70,06 43,20 56,80 55,48

O “não” manteve-se firme em todos os 14 concelhos – o “sim” não ganhou em nenhum tal como há oito anos. Com algumas descidas. A mais acentuada aconteceu nos concelhos de Ribeira de Pena (de 88,1 para 71,7), Alijó (de 71,8 para 58,7) e Boticas (de 84,6 para 64). Peso da Régua, o concelho que em 1998 registou a maior percentagem de votos no “sim” (33,7) reforçou essa posição (45,9). O mesmo aconteceu na capital do distrito, onde o “sim” passou de 29,9 para 43,2, aquém, no entanto, dos 56,8% obtidos pelo “não”. A abstenção desceu ligeiramente, situando-se a participação neste referendo em apenas mais 4 pontos percentuais comparativamente com 1998. M.G.

1988 2007 Sim Não Sim Não Abs.Armamar 19,22 80,78 34,92 65,08 60,78Carregal do Sal 36,96 63,04 47,55 52,45 68,7Castro Daire 14,61 85,39 26,20 73,80 64,25Cinfães 15,22 84,78 34,48 65,52 70,1Lamego 24,69 75,31 36,84 63,16 60,51Mangualde 26,44 73,56 40,97 59,03 67,2Moimenta da Beira 21,10 78,90 36,23 63,77 65,71Mortágua 50,41 49,59 61,35 38,65 68,03Nelas 37,96 62,04 47,81 52,19 65,06Oliveira de Frades 16,69 83,31 34,05 65,95 58,62Penalva do Castelo 13,26 86,74 30,07 69,93 63,36Penedono 19,08 80,92 42,49 57,51 63,82Resende 12,93 87,07 24,29 75,71 63,38Santa Comba Dão 37,65 62,35 50,91 49,09 66,7S. João da Pesqueira 28,40 71,60 49,07 50,93 67,6S. Pedro do Sul 27,97 72,03 44,01 55,99 63,25Satão 11,35 88,65 23,85 76,15 57,26Sernancelhe 17,21 82,79 32,92 67,08 63,45Tabuaço 19,42 80,58 32,53 67,47 60,81Tarouca 19,26 80,74 36,27 63,73 65,23Tondela 22,75 77,25 37,79 62,21 63,01Vila Nova de Paiva 14,17 85,83 22,63 77,37 59,15Viseu 29,70 70,30 41,85 58,15 56,97Vouzela 23,43 76,57 38,91 61,09 61,71

Só o “não” é que não subiu, embora tenha conseguido uma votação de 61,49 por cento. A percentagem de votantes subiu de 30,4 por cento em 1998 para 37,65 por cento. Os adeptos do “sim” também foram mais – 38,51 por cento, contra 24,2 por cento. Em 98, votaram “não” 75,8 por cento dos eleitores, ontem 61,49 por cento. Mortágua continua a ser o concelho do distrito mais favorável à despenalização da IVG: 50,41 em 1998, 61,35 agora. S.C.

1988 2007 Sim Não Sim Não Abs.Angra do Heroísmo 20,65 79,35 33,49 66,51 66,95Calheta 7,70 92,30 19,63 80,37 67,93Corvo 30,00 70,00 31,50 68,50 61,42Horta 22,71 77,29 34,38 65,62 64,88Lajes das Flores 18,55 81,45 32,35 67,65 61,44Lajes do Pico 24,46 75,54 38,74 61,26 69,59Lagoa 15,37 84,63 30,42 69,58 78,29Madalena 18,99 81,01 30,21 69,79 64,39Nordeste 8,43 91,57 23,18 76,82 63,94Ponta Delgada 21,95 78,05 34,43 65,57 72,16Povoação 7,74 92,26 18,93 81,07 64,99Praia da Vitória 14,06 85,94 29,57 70,43 68,81Ribeira Grande 11,45 88,55 25,07 74,93 76,33Santa Cruz das Flores 22,91 77,09 36,12 63,88 72,74Santa Cruz da Graciosa 16,87 83,13 30,95 69,05 73,23S. Roque do Pico 27,20 72,80 47,19 52,81 69,4Velas 12,74 87,26 26,16 73,84 67,43Vila do Porto 30,64 69,36 50,87 49,13 77,9Vila Franca de Campo 7,31 92,69 16,25 83,75 69,33

Nos Açores, tal como na Madeira, voltou a ganhar o “não”, mas o resultado global das duas regiões autónomas, pela amplitude da diferença conseguida pelo “sim” no continente, já não inverteu, como em 1998, o resultado nacional. O “sim”, que duplicou a votação no arquipélago açoriano, só venceu, mas tangencialmente (50,9), num dos 19 concelhos, em Vila do Porto. A maior votação do “não” foi conseguida em Vila Franca do Campo (83,8), tendo sido em Lagoa a menor afluência às urnas, onde só compareceram 21,7 por cento dos eleitores inscritos. T. de N.

1988 2007 Sim Não Sim Não Abs.Calheta 10,17 89,83 17,47 82,53 56,93Câmara de Lobos 8,88 91,12 15,85 84,15 58,4Funchal 36,97 63,03 45,00 55,00 62,8Machico 22,82 77,18 35,96 64,04 65,37Ponta do Sol 8,56 91,44 16,84 83,16 61,64Porto Moniz 6,80 93,20 18,45 81,55 53,8Porto Santo 29,65 70,35 37,61 62,39 66,47Ribeira Brava 10,87 89,13 18,91 81,09 61,1Santa Cruz 24,51 75,49 42,15 57,85 57,98Santana 12,78 87,22 25,76 74,24 62,07S. Vicente 13,85 86,15 25,71 74,29 64,78

O concelho do Porto Moniz, apesar de registar a maior percentagem de votantes da região autónoma da Madeira, perdeu ontem o título de recordista nacional do “não”, obtido no referendo de 1998, ao baixar a votação contra a despenalização da Interupção voluntária da gravidez de 93,2 por cento para 81,5 por cento. A melhor votaçãodo “não” foi conseguida na freguesia do Estreito da Calheta (89,79 por cento) e do “sim” – que não venceu em nenhuma das 54 freguesias do arquipélago – no Caniço (49,23 por cento). Relativamente à última consulta, o “sim” duplicou o número de votos, à custa da redução da abstenção, que neste referendo baixou de 67,2 por cento para 61,43 por cento, por comparecerem nas urnas mais 22 mil eleitores. T. de N.

1988 2007 Sim Não Sim Não Abs.Arcos de Valdevez 22,37 77,63 39,01 60,99 72,41Caminha 40,59 59,41 54,34 45,66 58,26Melgaço 27,62 72,38 44,76 55,24 75,09Monção 29,23 70,77 46,69 53,31 69,87Paredes de Coura 23,17 76,83 41,41 58,59 70,5Ponte da Barca 17,29 82,71 35,55 64,45 64,41Ponte de Lima 13,61 86,39 22,67 77,33 49,9Valença 29,52 70,48 48,08 51,92 67,89Viana do Castelo 32,48 67,52 45,86 54,14 54,35Vila Nova de Cerveira 33,68 66,32 47,24 52,76 62,56

A vitória do “sim” no concelho de Caminha (54,3 por cento) foi a excepção no distrito de Viana do Castelo, onde o “não” ganhou nos restantes nove concelhos. Em 1998, quando o “não” levou vantagem em todos os concelhos do distrito, tinha sido já Caminha aquele que registou a maior percentagem de votos favoráveis à IVG, com 40,6 por cento dos votos contra 59,4 do “não”. Tal como há oito anos, Ponte de Lima continua a liderar o “não”, ainda que tivesse recuado cerca de nove pontos, ficando agora na casa dos 77,3 por cento. Valença (58,5) e Paredes de Coura (51,9) registaram as maiores descidas do lado do “não”, com menos 18 pontos percentuais. Comparativamente com o anterior referendo, a participação subiu no distrito de 34 para 39,6 por cento. M.G.

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Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007 • 15

Referendo 2007 O escrutínio dos resultados foi rápido e a noite eleitoral curta

Citações

“[O referendo] é um instituto que se está a enraizar.”Marcelo Rebelo de Sousa

“Estamos em linha com a generalidade dos países do nosso espaço político.”António Vitorino

“Os nossos sentimentos no CDS são de mágoa e de serenidade.”Ribeiro e Castro

“O referendo não atinge os 50 por cento mas é politicamente legitimador.”Paulo Portas

“Foi uma vitória extraordinária. A democracia vinculou o Parlamento.”Francisco Louçã

“Espero que a interpretação que venha a ser feita pela parte do ‘sim’ seja moderada.”Marcelo Rebelo de Sousa

“Acho que há pouca maturidade democrática.”Gentil Martins

“A vitória do ‘sim’ põe fim a um longo processo dilatório.”Jerónimo de Sousa

“Esta é uma vitória do Portugal moderno.”Edite Estrela

“José Sócrates é claramente o vencedor da noite.”Constança Cunha e Sá

“O primeiro-ministro leva vantagem, leva.”Paulo Portas

“O Serviço Nacional de Saúde está em condições de realizar aquilo que os portugueses lhe pedem, para dar a equidade e a qualidade que decorrem da despenalização de uma situação que é verdadeiramente uma vergonha nacional.”Correia de Campos

“Vai ser difícil acabar com as humilhações e com as prisões, porque continuam lá até às dez semanas.”António Lobo Xavier

“A questão não vai ficar resolvida de vez. Vai haver sempre um resíduo de abortos realizados clandestinamente e ilegalmente.”José Pacheco Pereira

“Um referendo é uma luz verde para uma lei bem feita.”Maria José Nogueira Pinto

“Os nossos sentimentos no CDS são de mágoa, serenidade e determinação. (...) Continuamos, continuaremos, do lado da vida.”José Ribeiro e Castro

“Se o Estado legislar a favor disso [da despenalização do aborto], vai ter que dar dinheiro à Madeira, nós não estamos preparados, nós não temos dinheiro, porque fomos roubados. Quem nos tirou dinheiro vai ter de pagar.”Alberto João Jardim

Os directos voltaram a ser uma das apostas fortes das televisões

RU

I GA

UD

EN

CIO

a A TVI começou a emissão na hora exacta, avançou com resultados correctos, teve muito mais ritmo, o grafi smo mais espampanante mas mais legível, foi o canal que disse primeiro e claramente que o vencedor político da noite era José Sócrates, avançou com uma interessante sondagem sobre o perfi l dos eleitores e temas para próximos referendos e conseguiu ser o primeiro a fechar a loja. Além do “sim” e de Sócrates, a TVI ganhou em toda a linha.

A RTP1 começou bem, avançando com uma projecção de abstenção antes das oito horas, mas não chegou a levantar voo, com uma emissão morna, mesmo nos comentários. Marcelo, principal fi gura mediática do “não”, foi comedido, e António Vitorino, nº2 do PS, também. Ambos do Bloco Central, estavam demasiado comprometidos precisamente por serem demasiado comprometidos politicamente.

Não houve, nos resultados do referendo, “nada” de surpreendente, como referiu Pedro Magalhães (RTP1) e, quanto a comentadores, os três canais fi zeram a habitual ronda pelos suspeitos do costume, sem nenhuma surpresa argumentativa, excepto quando Pacheco Pereira disse, na SIC, que os resultados são mais signifi cativos numa análise sociológica do que política. Mostram o progresso da laicização, da individualização e da independência do voto (ou da abstenção) relativamente aos partidos. Todavia, diminuir o valor político do referendo não parece possível quando não só o

assunto transita directamente para o parlamento como pela vitória da opção e empenho do PS, PCP e BE.

Dos directos no exterior, as duas únicas intervenções interessantes e bem escritas da noite foram as dos líderes do PS e do PSD, o que quer dizer alguma coisa sobre o estado da política partidária e permite prever os duelos eleitorais do futuro.

Sem surpresas, sobra o espectáculo. O espaço cénico da RTP1 era arejado, não tão grande como o da SIC. Qualquer destes espaços era muito maior do que o da TVI, mas este foi efi caz na distribuição de apresentadores, comentadores da casa e convidados e, em especial, no uso dos grafi smos principais, acompanhando, em cima, as duas paredes do estúdio que confl uíam sobre a mesa, enquanto o resultado da abstenção surgia no espaço vago ao centro.

A SIC teve uma noite molenga. Chegou atrasada, depois dos outros generalistas, aos directos nas sedes do “não”, PSD, CDS-PS, BE, de novo do PSD e do PS. Antes dos outros, só mesmo a fazer o intervalo, que Rodrigo Guedes de Carvalho, numa piada sem gosto nem graça, disse ser “uma coisa que nunca falta nestas noites de eleições”.

Na TVI, Constança Cunha e Sá e Miguel Sousa Tavares fugiram aos habituais salamaleques do comentário hipócrita que recusa ver vitórias e derrotas políticas num referendo com um tema como o de ontem e disseram, preto no branco, que Sócrates era vencedor. Foi também a TVI quem deu um passo em frente ao apresentar uma sondagem revelando o perfi lsociodemográfi co e familiar do eleitor e do abstencionista, razões deste para não votar e ainda os temas que os portugueses gostariam de ver referendados.

Comentário

Eduardo Cintra Torres

TVI eficaz, RTP1 morna, SIC molenga

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Destaque16 • Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007

Referendo 2007 Teresa de Sousa e São José Almeida analisam principais protagonistas

Os vencidos

Igreja Católica

Foi talvez a maior derrota da Igreja Católica em Portugal desde o restabelecimento da democracia. A questão do aborto é uma questão nuclear da doutrina católica, em relação à qual a Igreja nunca cedeu um milímetro. A mobilização foi total, ao ponto de o Bispo de Viseu, porta-voz da Conferência Episcopal portuguesa, reconhecer que, desde a Acção Católica, movimento que teve o seu apogeu nos anos 60, “não se assistia a uma tão grande mobilização por uma causa”. A estratégia da Igreja foi distinta da de 1998. Desta vez, o protagonismo coube mais aos laicos do que à hierarquia eclesiástica e houve da parte desta mais cuidado em relação aos argumentos mais radicais. Mas, também desta vez, as vozes dissonantes no próprio seio da Igreja foram mais e mais audíveis. A Igreja pode considerar-se, por isso, mais do que os partidos ou as fi guras políticas que protagonizaram o “não”, como a principal derrotada deste referendo.

Marcelo Rebelo de Sousa

Marcelo Rebelo de Sousa é o grande perdedor político deste referendo. Averbou uma tripla derrota. Primeiro, porque

foi ele que protagonizou, em 1982 e 1984, ao lado de Nuno Krus Abecasis, a oposição à lei de despenalização do aborto. Segundo, porque foi ele que, há oito anos, “inventou” o referendo e o impôs a António Guterres. Quanto mais não seja, das duas vezes os portugueses mostraram uma escassa vontade de participar. Terceiro, empenhou-se a fundo e de todas as formas possíveis (chegou a por em causa a pergunta, por sinal a mesma que em 1998 negociou, como líder do PSD, com o então líder do PS e primeiro-ministro António Guterres) para obter a vitória do “não” mais uma vez. Jogou forte e perdeu.

Bagão Félix

Bagão Félix simbolizou o lado mais radical da argumentação do “não”. Mas o antigo ministro da Segurança

Social e das Finanças dos últimos governos de coligação de direita participou na campanha menos como uma personalidade do seu partido (o CDS-PP) e mais como

uma fi gura central da Igreja laica na defesa do “não”. Foi ele um dos responsáveis pelo derradeiro argumento da campanha do “não”: a suspensão das penas às mulheres que praticassem o crime de aborto. Chegou a propor como pena alternativa o trabalho para a comunidade. Insurgiu-se contra o recurso ao SNS, declarando que “não deveria pagar opções” e considerou que o “sim” era “um cheque em branco sem provisão”. Assumiu nesta campanha o lugar central que há oito anos foi ocupado por Maria José Nogueira Pinto.

Marques Mendes

Marques Mendes começou por dar liberdade de voto aos militantes do PSD, sublinhando a natureza ética e de

consciência individual da questão que se colocava. Mas, ao envolver-se pessoalmente na campanha do “não”, acabou por ser inevitavelmente uma das suas caras mais visíveis. Chegou a ser criticado dentro do seu partido e acusado de entrar em contradição com a posição ofi cial mais distante, quando, por exemplo, organizou uma conferência sobre o tema em que predominaram os oradores do “não”. Ao perder, fragiliza a sua liderança e penaliza o seu partido. Na verdade, a sua margem de manobra era muito limitada. Como líder da oposição, tinha de demarcar-se de José Sócrates. Como líder de um partido com

Gentil Martins

Médico reputado e conhecido, António Gentil Martins foi, nessa qualidade, uma das faces mais radicais da

campanha do “não”. Foi uma voz implacável na defesa do embrião como vida humana. Foi um acusador igualmente implacável dos médicos que aceitassem praticar o acto médico da interrupção voluntária da gravidez, considerando-os meros licenciados em medicina. Deu suporte científi co à ideia-força da campanha do “não”, traduzida no slogan “aqui bate um coração”. Não esteve sozinho, pelo contrário. Ao seu lado estiveram outras grandes fi guras da medicina como o obstetra Álvaro Malta ou o cardiologista Manuel Antunes. A vitória do “sim” é também a derrota da própria Ordem dos Médicos, que mantém no respectivo Código Deontológico a proibição da prática de aborto pela classe médica.

Mais do que os partidos ou as figuras do “não”, a Igreja Católica pode considerar-se a principal derrotada deste referendo

Um sabor muito diferente do de 1998Os vencedores

José Sócrates

Com o nível de abstenção registado, embora inferior ao de 1998, não se pode dizer que José Sócrates veja inteiramente refl ectido no resultado do referendo o “país moderno e progressista” a que apelou na sexta-feira passada. Mas a vitória do “sim” dá-lhe, pelo menos, a legitimidade para fi nalizar o processo legislativo que legalizará a pergunta feita aos eleitores. Pode pois dizer-se que o primeiro-ministro e líder do PS ganhou a sua dupla aposta: libertar o PS da ambiguidade do tempo de António Guterres, recolocando o partido na sua tradição política; e ganhar a batalha nas urnas. O líder do maior partido de esquerda conseguiu imprimir uma estratégia de moderação à campanha que seu frutos. Está é uma vitória do PS sem dúvida, mas é, acima de tudo, uma aposta pessoalíssima do próprio primeiro-ministro. Por isso, lhe cabe a principal vitória política da noite.

Francisco Louçã

O líder do Bloco de Esquerda é também um ganhador. Primeiro, porque foi desde o primeiro

momento um aliado de José Sócrates, demarcando-se de outros protagonistas da esquerda, como os dirigentes do PCP, que queriam dispensar a repetição do “referendo” para alterar a legislação. A moderação dos argumentos que utilizou e fez o seu partido utilizar no contra-ataque às posições mais radicais dos adversários contrastaram com o comportamento do BE no referendo de 1998.

Mov. Cidadania e Responsabilidade

Pela primeira vez, um movimento de cidadãos existe de facto em Portugal em torno de uma causa com implicações

eleitorais. Quase sem meios fi nanceiros ou profi ssionais e com apoios das máquinas partidárias relativamente fracos, o Movimento Cidadania e Responsabilidade conseguiu aguentar uma campanha prolongada e difícil. Perdeu em organização o que ganhou em autonomia, ao evitar que os partidos dominassem o discurso ou as acções. A facilidade com que pessoas de culturas políticas e experiências de vida tão distintas se juntaram e trabalharam em conjunto

em volta desta causa foi uma prova de maturidade da democracia portuguesa, que terá certamente benefi ciado o “sim”.

Paula Teixeira da Cruz

Provando que esta questão é capaz de juntar uma ampla faixa central e urbana da sociedade

portuguesa que partilham a mesma visão das democracias modernas enquanto espaço de liberdade individual, Paula Teixeira da Cruz, presidente da “distrital” do PSD de Lisboa, foi a face mais visível do seu partido na campanha do “sim”, mas também a que mais se empenhou na defesa desta causa. “As pessoas têm de se habituar à liberdade”, disse. Não foi a única. Cerca de três dezenas de deputados da bancada social-democratas anunciaram publicamente o seu voto no “sim”. Algumas das suas fi guras de referência intelectual empenharam-se no debate político e ético suscitado pela campanha ao lado da despenalização, como Pacheco Pereira ou Vasco Rato. Figuras tão mediáticas como Miguel Relvas, Rui Rio, Assunção Esteves, Jorge Neto ou Ana Manso fi zeram o mesmo.

Ana Vicente

Ana Vicente é a cara mais conhecida do movimento Nós Somos Igreja, onde está ao lado

de outras activistas católicas como Maria João Sande Leme ou Leonor Xavier e agora esteve a favor do “sim”. No âmago deste movimento está a concepção desigual que a Igreja tem das mulheres. Foi este também um dos seus grandes argumentos nesta campanha: “O desenvolvimento humano (social, económico e político) de qualquer comunidade está estreitamente ligado ao estatuto das mulheres e dos homens”. Bateu-se contra as mensagens “ameaçadoras da consciência individual” da Igreja. Defendeu a Igreja “humanista” e criticou a instituição “dirigida exclusivamente por homens celibatários”. O seu movimento não foi a única voz dissidente, longe disso, mas pode simbolizar a vitória de uma parte da Igreja Católica.

José Sócrates conseguiu libertar o PS da ambiguidade do tempo de António Guterres e ganhou também a batalha nas urnas

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Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007 • 17

Reportagem

Luciano Alvarez

a A secção de voto número 4 da Escola Marquesa de Alorna, em Lisboa, teve ontem como presidente um ex-presidente. Uma situação tão pouco habitual que, além da maioria dos órgãos de comunicação social portugueses, também lá foram registar o insólito a CNN e a Al-Jazira. Jorge Sampaio não escondeu o espanto por o cumprimento de um dever cívico merecer tanta atenção.

Jorge Sampaio já tinha estado em mesas de voto antes de ser presidente da Câmara de Lisboa e chefe de Estado. Agora que se reformou da política activa, resolveu voltar a assumir o seu dever de

cidadão de participar num acto eleitoral. Só não esperava que essa sua disponibilidade fosse motivo de tanta curiosidade.

“Também cá está a CNN?”, questionou, espantado, quando foi informado de que também o canal dos EUA o pretendia fi lmar a receber os votos dos eleitores.

“Não sabia que o cumprimento de um dever cívico dava tanta notoriedade. E isto é mesmo um dever de cidadão, porque eu agora já não preciso nem de fotografi as nem de tempo de antena”, disse aos jornalistas ao mesmo tempo que ia distribuindo cumprimentos às dezenas de pessoas que com ele se cruzavam no corredor da escola.

Passar o dia a receber votos, numa sala fria, mal aquecida por dois radiadores portáteis – o que obrigou o ex-presidente a estar quase todo o dia de casaco e cachecol vestidos –, vai valer a Jorge Sampaio, como a todos os outros milhares de cidadãos que estiveram nas mesas de voto, 72,64 euros. O que vai o ex-chefe de Estado fazer com esta verba estipulada por lei? “Não é uma daquelas quantias chorudas que me perturbe.”Jorge Sampaio passou o dia a receber votos numa sala fria

Porque foram a Al-Jazira e a CNN a uma escola de Lisboa?

Com o referendo português no top do noticiário nacional e internacional, Jorge Sampaio, presidente de uma mesa de voto, acabou por ser um dos protagonistas do dia

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Portugal18 • Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007

Justiça Acção de poder paternal é disputada entre tribunais de dois países

Frederik Salomons recorda a tristeza do filho ao ser levado pela GNR Supremo da Noruega critica justiça portuguesaDuas crianças estão, há três anos, no meio da guerra que os pais travam pela sua guarda e à espera que dois tribunais decidam o seu destino

a A demora no julgamento de um processo de regulação do poder pa-ternal de duas crianças, fi lhos de um holandês e de uma norueguesa, pelo Tribunal de Cascais, levou o Supremo Tribunal da Noruega a pronunciar-se a favor da abertura de um processo também naquele país, para acelerar a decisão sobre a guarda dos menores, com seis e oito anos. Os dois proces-sos estão agora a decorrer, ao mesmo tempo, nos dois países.

O acórdão de 26 de Dezembro úl-timo, assinado por três juízes, consi-dera que “os interesses das crianças” se “sobrepõem ao tempo de espera” a que têm estado sujeitas pela demo-ra do tribunal em decidir o assunto. Uma primeira conferência está marca-da para o próximo dia 21, no Tribunal

de Trondheim, a 500 quilómetros de Oslo, com a presença dos pais das crianças, que residiam em Cascais.

Em Portugal, o processo arrasta-se desde Setembro de 2003, quando a norueguesa Kristin Grankvist reque-reu a custódia dos seus dois fi lhos, um menino de cinco anos e uma menina de três, após ter decidido separar-se do pai deles, o holandês Frederik Sa-lomons, de 59 anos.

A conferência de pais para atribuir a guarda das crianças foi marcada pelo Tribunal de Cascais para 19 de Feve-reiro de 2004. Na impossibilidade de conseguir acordo entre as partes, o juiz confi ou as crianças, provisoria-mente, à mãe, até ao julgamento.

O incumprimento de períodos de férias e de visitas das crianças e a falta de pagamento da pensão de alimentos levou, entretanto, a frequentes atritos e discussões entre o casal que levaram à apresentação de diversos requeri-mentos, tanto ao Tribunal de Cascais como ao de Trondheim, onde Kristin está hoje com os fi lhos.

A “guerra” entre o casal pela posse

dos menores atingiu o seu ponto máxi-mo quando o pai decidiu ausentar-se com eles para Espanha durante oito meses, negando-se a voltar a entregá--los à mãe.

Kristin acusou Frederik de rapto com base na Convenção de Haia sobre rapto internacional de crian-ças, acusação a que responderá em julgamento, também na Noruega, no próximo dia 19.

Para decidir a atribuição do poder paternal, o Tribunal de Cascais mar-cou a primeira audiência de julgamen-to para 4 de Setembro de 2006, três anos depois da entrada do primeiro requerimento para acção do poder pa-ternal. A segunda sessão realizou-se na terça-feira passada, fi cando marcada nova audiência para 27 de Março.

Impaciente, Kristin Grankvist já requerera, em 2005, a abertura do processo na Noruega, o que foi nega-do, já que o caso estava num tribunal português. Foi então acordado um período de espera de seis meses pa-ra dar oportunidade à marcação do julgamento e a uma decisão defi nitiva sobre o destino das crianças, mas tal não se verifi cou.

Noruega mais célereKristin voltou a pedir a abertura do processo. Frederik recorreu, contes-tando que o caso fosse apreciado, ao mesmo tempo, por dois tribunais dife-rentes em dois países. Mas o Supremo Tribunal acabou por decidir a favor.

“Neste caso, é muito importante uma decisão rápida”, consideram os juízes, alegando que, quando a decisão de um processo no estran-geiro “levar muito tempo”, como “é o actual caso, pode haver uma necessi-dade forte de ser decidido na Noruega num processo mais rápido”.

Contactada pelo PÚBLICO, a advo-gada de Frederik, Trine Stromman, considerou este processo “especial”. Disse que não é habitual que os tribu-nais noruegueses apreciem casos que estão em tribunais de outros países, o que só acontece nesta situação de-vido ao “atraso” na decisão que está a “prejudicar” os menores.

Stromman explicou que, na No-ruega, a grande maioria dos casos de regulação do poder paternal não vai

a tribunal porque os adultos chegam a acordo acerca do regime de guarda dos fi lhos.

Ele ama-osNuma fotografi a em cima de um móvel da sala, em Cascais, um menino louro e uma menina de cabelo mais escuro sorriem. Frederik Salomons, alto e forte, fala pausadamente. Os seus olhos brilham quando se refere aos seus “meninos”. Tinham então seis e quatro anos. Resolvera levá-los para Espanha, entre Alicante e Valência, já que a mãe recusara cumprir o regime de férias e visitas das crianças estabe-lecida pelo tribunal.

“Estava tudo combinado para ir com os meninos à festa dos 87 anos do meu pai, na Holanda. Já tinha os bilhetes na mão. Ela não mandou os miúdos”. Quando os apanhou, mais tarde, em Portugal, resolveu seguir o conselho de alguns amigos para ir “dar uma voltinha” com os fi lhos, em vez de os entregar à mãe. Arrendou uma casa em Espanha e instalou-se

lá com as crianças. “Estavam felizes, frequentavam um infantário, convi-viam com crianças da idade delas”, conta. Assegura que teve sempre o cuidado de fazer chegar informação a Kristin, para que soubesse que os fi lhos estavam bem. “Só não dizia onde estávamos”, afi rma, explicando que os levara porque temia pela sua segurança junto da mãe que estaria perturbada psicologicamente.

“É inaceitável que os tribunais, em Portugal, só considerem os processos urgentes quando há vítimas e não fa-çam nada para o evitar”, critica.

“Estive quase oito meses sem ver os meus fi lhos e sem ter a certeza de que estavam bem”, diz Kristin, contactada telefonicamente pelo PÚBLICO.

“Nós não conseguimos viver jun-tos, eu resolvi sair e ele não aceitou. Decidi ir para a Noruega para tirar as crianças do meio”, explica Kristin. “Ele estava muito triste, eu compre-endo. Explico às crianças que ele só os levou para Espanha e faz isto tudo porque as ama.”

Paula Torres de Carvalho

A demora do Tribunal de Cascais prejudica o interesse das crianças, acusa a justiça norueguesa

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No dia 4 de Março de 2005, cinco soldados da GNR armados com metralhadoras foram a uma casa de Malveira da Serra onde o holandês Frederik Salomons convivia com amigos. Tinham uma ordem do Tribunal de Cascais: resgatar duas crianças, de quatro e seis anos, que estavam ilegalmente na posse do pai. “Quando viu os GNR, o meu filho desatou a chorar, estava muito nervoso”, conta Frederik. Foi um amigo que, com o acordo dos soldados, levou as crianças até ao posto. Segundo a mãe, a primeira coisa que a filha lhe disse quando chegou junto dela, foi: “Mãe, eu nunca mais vou ser má contigo”.

Resgate das criançasGNR foi buscá-las com metralhadoras

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Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007 • 19

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Portuguesa acusada de morte de bebé

a Está marcado para hoje, na Cidade do Cabo, África do Sul, o julgamento de Dina Rodrigues, uma luso-descen-dente acusada de contratar quatro homens para matar um bebé de seis meses, por desentendimentos com o pai da criança.

O alegado crime remonta a 15 de Ju-nho de 2005. A jovem, de 25 anos, está detida desde Outubro do ano passado. O magistrado revogou a sua liberda-de sob caução por supostamente ter ameaçado os pais da criança.

A rapariga, que à data namorava com o pai da menina, clama inocên-cia. O julgamento arrasta-se desde 30 de Janeiro de 2006. Foi interrompido diversas vezes por motivos de variada natureza.

Depois de um interregno de quatro meses, deveria ter recomeçado a 29 de Janeiro. O tribunal concedeu mais 14 dias à defesa para esta preparar melhor a sua estratégia. A.C.P.

Trinco com chamada www.publico.pt

O primeiro-ministro vai entregar na quarta-feira, no Faial, os dois primeiros Cartões do Cidadão. Os portugueses vão pagar 12 euros pela emissão deste cartão, que

substituirá o BI e os cartões de contribuinte, Segurança Social e Saúde. O Cartão do Cidadão vai servir sobretudo para identificação electrónica.

Antropóloga defende que pais biológicos e pais adoptivos não têm de ser inimigos

Ana Cristina Pereira

a Todas as noites L. pede pelo pai e pelos meninos do centro de acolhimen-to que um dia o recolheu. Nas férias, a meia-irmã faz voluntariado lá. No Natal, M. recebeu algum dinheiro e quis levar as crianças ao Museu de Ciência Viva.

Não vieram parar à quinta algar-via, que agora habitam, por acaso. Eglantina Monteiro, antropóloga, candidatou-se a adopção e a família de acolhimento. Atribuíram-lhe uma menina de nove anos e um menino de

dois. E ela optou pela adopção restrita de um e pela tutela de outro. Os seus fi lhos “têm uma história, que é deles, que ninguém pode apagar”.

O quadro, pintado pela técnica de segurança social, era de absoluto abandono. A mãe biológica partira sem olhar para trás. M. não tinha pai e o pai de L. “não lhe ligava”. “A insti-tuição olha com preconceito para este homem negro, que trabalha na cons-trução civil.” Eglantina não. “Achei que era importante manter a relação.”

A progenitora era prostituta, como já o fora a avó. Tivera vários fi lhos rapa-zes e não fi cara com nenhum. Manteve apenas M. Talvez “para fazer carreira”. O trolha conheceu-a na Madeira. Dese-joso de cortar rotinas, convenceu-a a mudar-se para o Algarve. Quando ela o deixou, com uma criança de seis meses e outra de sete anos, fi cou atarantado. Entregou-as.

“Há a ideia das pessoas que aban-

donam, que são más, e das que adop-tam, que são boas”, avalia. Só que a realidade não é a preto e branco. “Pais biológicos e pais adoptivos não têm de ser inimigos.”

O caso de Esmeralda, objecto de feroz disputa legal entre o pai bioló-gico e os pais “adoptivos”, fere a sua sensibilidade — “Aqueles pais fazem espelho um ao outro”. O problema é que “a sociedade ainda vê os fi lhos co-mo propriedade dos pais”. “Não é por acaso que só se quer adoptar crianças pequenas. Há aquela preocupação de ‘tornar igual a mim”. E isso “não é só falta de altruísmo, é falta de mundo, de disponibilidade para a vida”.

Tem medo que, um dia, o pai de L. o queira levar – “Também tenho medo que alguém os rapte da escola. Não é por isso que hipoteco uma relação logo à partida!” Para já, estão todos felizes. “Às vezes, o pai de L. telefona. De vez em quando, vem vê-los.”

É uma espécie de “caso Esmeralda” ao contrário. Antropóloga podia fazer adopção plena e optou por tutela para manter o pai biológico na vida da criança

Pelo quarto ano, o pai biológico, Baltazar Nunes, comprou uma prenda que Esmeralda, que faz hoje cinco anos, não receberá. Está com a mãe adoptante, que sempre impediu contacto entre ambos e que foge com ela desde que o tribunal decidiu a sua entrega a Baltazar. O pai adoptante continua preso.

Esmeralda faz anos

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Portugal20 • Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007

Incêndios Balanço “independente” à época de 2006 pode ser anulado

MAI fez ajuste directo ilegal a empresa que avaliou combate aos fogosMinistério não justifi cou condições excepcionais que lhe permitiram fugir ao concurso público. Estudo custou 375 mil euros ao Estado

a O Ministério da Administração In-terna (MAI) contratou, através de um ajuste directo no valor de 375,7 mil eu-ros, a empresa que fez “pela primei-ra vez” o balanço “independente” das operações de combate aos incêndios fl orestais do ano passado. Três juris-tas que analisaram o despacho do se-cretário de Estado da Administração Interna, Ascenso Simões, a justifi car o recurso excepcional ao ajuste directo, consideram que o mesmo é ilegal, po-dendo ser susceptível de anulação.

A McKinsey & Company, a empresa contratada, não quis comentar o caso. O MAI, por sua vez, diz que o contrato foi estabelecido de acordo com a lei.

Para fugir à regra do concurso público, o MAI recorreu à alínea d) do artigo 86º do Decreto-Lei 197/99 (regime de contratação pública), que justifi ca o recurso ao ajuste directo em casos que, por motivos de aptidão téc-nica ou artística excepcional, haja um único fornecedor de bens ou serviços. O despacho assinado por Ascenso Si-mões, por proposta do presidente

do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC), não refere, contudo, que a McKinsey é a única capaz de fazer este estudo.

O despacho diz apenas que, “após uma pesquisa de mercado de empre-sas que, a nível internacional, desenvol-veram trabalhos que correspondem às necessidades do SNBPC, evidencia-se alguns trabalhos relevantes desenvol-vidos pela empresa McKinsey & Com-pany na área da protecção civil”.

De seguida, o documento enume-ra cinco trabalhos nesta área e outras experiências de alguma forma relacio-nadas com o tema. Entre os estudos feitos, refere-se um que a McKinsey realizou para o MAI, gratuitamente, entre Janeiro e Março do ano passa-do. O “apoio” destinava-se a ajudar a defi nir prioridades para a época de incêndios de 2006.

O secretário de Estado assinou o despacho de contratação dos servi-ços a 13 de Julho e a McKinsey come-çou a trabalhar no terreno logo no dia seguinte, segundo o próprio MAI. O contrato durou três meses, tendo terminado a 14 de Outubro. Na altura da apresentação pública do estudo, a 17 de Novembro, o ministro da Admi-nistração Interna, António Costa, real-çou a importância de as operações de combate terem sido acompanhadas “pela primeira vez por uma entidade independente”, o que “era importante que continuasse”.

Contrato é nulo, dizem juristas Vieira de Andrade, catedrático em Di-reito Administrativo na Universidade de Coimbra, considera que para se di-zer que existe apenas um fornecedor único tem que haver uma justifi cação que convença uma pessoa normal.

“Do despacho não resulta esse fundamento. Por isso, o contrato é inválido, porque tem pelo menos um vício de forma”, defende o professor universitário. Vieira de Andrade diz ainda que qualquer empresa que esteja em condições de fornecer es-te serviço pode pedir a anulação do contrato. Contudo, como este já foi concretizado, só terá direito a uma indemnização se conseguir provar a existência de prejuízos.

Pedro Gonçalves, docente de Direi-to Administrativo na Universidade de Coimbra, também não tem dúvidas de que há uma ilegalidade no contrato. “A lei prevê um ajuste directo quando no mercado não há mais ninguém com-provadamente capaz de prestar aque-le serviço”, argumenta. E exemplifi ca com “uma obra do Siza Vieira que só ele pode fazer” ou com “uma situação de monopólio na oferta”.

“Não está em causa o valor da McKinsey na avaliação do combate a incêndios fl orestais. Podem até ser os melhores, mas isso tem que ser de-monstrado num processo de concurso público e transparente. O despacho diz que a McKinsey é muito boa, mas isso não chega”, sustenta.

João Correia, advogado com uma vasta experiência nesta área, concorda que o despacho não está devidamente fundamentado, tornando-se por isso susceptível de anulação.

Mariana Oliveira

A Sociedade a quem foi entregue o estudo já tinha trabalhado de borla para o ministério de António Costa

Pela primeira vez, o balanço foi feito por uma entidade externa

A adjudicação, feita também por ajuste directo, de dois estudos que sustentaram a decisão do Governo de colocar portagens em algumas Scut a uma sociedade fundada por um adjunto de Paulo Campos, actual secretário de Estado das Obras Públicas, esteve envolta em grande polémica. A notícia, divulgada em finais de Outubro, precisava que Vasco Gueifões,

adjunto de Paulo Campos, saiu da empresa para o Governo. No despacho de nomeação, lia-se que Gueifões “mantém vínculo à empresa F9 Consulting”, uma referência que o ministério veio dizer tratar-se de um “lapso”. O PSD apresentou na altura um requerimento ao Ministério das Obras Públicas, considerando que os estudos suscitavam “graves

suspeitas de favorecimento de empresas com ligação a membros do actual Governo”. O deputado social-democrata Jorge Costa, o primeiro subscritor do documento, lembrou que “o processo de adjudicação destes mesmos estudos foi realizado por ajuste directo, sem recurso a concurso público”. Os pareceres técnicos custaram 275 mil euros.

Estudos das Scut seguiram o mesmo caminhoContratos de 275 mil euros entregues a empresa de adjunto de ministério

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Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007 • 21

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SNBPC está a analisar denúncia

Governo terá perdoado multa a consórcio a quem alugou meios aéreos a O Ministério da Administração Interna (MAI) terá tratado “diferen-ciadamente” as várias empresas a quem alugou meios aéreos de com-bate a fogos, perdoando a umas as inoperatividades — tempo em que os aparelhos não estão disponíveis para voar por motivos imputados à companhia —, que implicam multas, e a outras não. A denúncia é feita pela Associação dos Pilotos Portugueses de Linha Aérea (APPLA), nas conclusões das jornadas que fi zeram o balanço dos fogos fl orestais de 2006.

O relatório, concluído em fi nais de Janeiro, diz que “foram detectados tratamentos diferenciados” quanto às várias companhias contratadas. Segundo a APPLA, “o avião que fi cou ‘inop’ [inoperativo] na Covilhã teve um tratamento diferenciado” [mais gravoso] do que “outros pertencen-tes ao consórcio Agroar, Avitrata e Aeronorte”. Os pilotos adiantam que estas três empresas tiveram as ino-peratividades retiradas “depois da interferência do ministério”.

“Esta é uma questão crítica, por-que quantas mais ‘inop’ existirem mais multas paga a empresa. O MAI ou retira as ‘inop’ a todos ou então tem que explicar muito bem porque tirou a uns e a outros não”, argumenta o co-mandante Luís Pereira Santos, relator das conclusões das jornadas.

O MAI remeteu explicações para o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC). Gisela Oli-veira, porta-voz do SNBPC, adiantou

ao PÚBLICO que a instituição recebeu o relatório da APPLA, estando neste momento a analisá-lo.

O comandante Galinha Dias, da Agroar, recusa que tenha havido per-dão de inoperatividades, mas admite que o MAI e o SNBPC recuaram em parte das penalizações. “A 26 de Julho, fomos informados de que os pilotos que não eram fl uentes em Português [uma exigência do caderno de encar-gos] deviam parar a operação”, refere Dias, o que obrigou a que cinco aviões médios de combate aos fogos e alguns ligeiros tenham estado parados duran-te quase dois dias.

“Enviámos um ofício ao SNBPC a explicar que, como as assinaturas dos contratos foram feitas apenas um mês antes da operação, não tivemos hipótese de ter pilotos fl uentes em Por-tuguês e com experiência em combate a fogos. A alternativa era ter um ofi cial de ligação que falasse Português, co-mo o Governo fez no Beriev”, justifi ca. “Aceitaram a justifi cação e retiraram--nos as ‘inop’ durante os dois dias.”

Galinha Dias insiste, contudo, que outras três inoperatividades — duas de-vido a falhas técnicas e outra devido à fraca fl uência em Português de um piloto polaco — não foram perdoadas. Assume que alguns dos pilotos polacos tinham problemas em compreender as indicações que lhes eram dadas, mas alega que o caderno de encargos exigia “falar fl uentemente Português e não perceber fl uentemente Portu-guês”. M.O.

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LSão muitas as críticas dos pilotos

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Portugal22 • Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007

As 100 medidas de Ségolène Royal para a presidência de França Mundo, página 24

Consulado de Portugal em Vigo poderá manter-se

Os fechos têm motivado protestos

Ana Cristina Pereira

a O ministro dos Negócios Estran-geiros, Luís Amado, deverá explicar, sexta-feira, no Parlamento, o plano de reestruturação consular. A imprensa galega adiantava ontem que o Consula-do de Vigo, afi nal, não deverá fechar. A porta-voz do ministério não confi rma nem desmente.

O ministério está relutante em libertar informação sobre eventuais alterações ao plano inicial antes de se reunir com o Conselho das Comunida-des Portuguesas (CCP), na quarta-feira. A contraproposta daquele órgão “tem recolhido opiniões positivas”, adianta o presidente daquela estrutura, Carlos Pereira.

Vigo é precisamente um dos pontos de discórdia. Os conselheiros não só contestam a anunciada pretensão de encerrar o consulado como reivindi-cam o seu reforço. Na Galiza, de resto, políticos dos diversos partidos, sindi-catos e entidades patronais defendem igual posição. Há 20 mil portugueses recenseados naquela região autónoma espanhola e um incontável número de trabalhadores pendulares.

O plano de reestruturação consular tem suscitado protestos em vários paí-ses, com destaque para os Estados Uni-dos e para França. Anteontem, meio milhar de portugueses concentrou-se em frente ao Consulado de Versalhes. Ao longo de duas horas, os manifes-tantes cantaram, por diversas vezes, a Portuguesa, empunhando cartazes com os dizeres: “Reestruturação con-sular sim, liquidação não.” No consu-lado de Versalhes, aberto há 35 anos, estão inscritos 120 mil portugueses.

A França é o país mais afectado. A reforma prevê para ali o encerramento de seis estruturas. Desde que tal in-tenção foi revelada, em Dezembro, os portugueses residentes em França desdobraram-se em vigílias, concen-trações, petições e abaixo-assinados. Para 4 de Março, estão agendadas manifestações em Nogent, Versa-lhes, Orléans, Tous, Lille e Toulouse (os seis com morte anunciada). Para dia 18, grande concentração em Paris. O Governo dá já sinais de algum recuo. Manter-se-á o Consulado de Portugal em New Bedford (Estados Unidos), garantiu já o presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César.

Companhia recusou seguro de vida a Sandra por sofrer de doença grave

Catarina Gomes

Bateu à porta de vários bancos, nalguns casos foi aconselhada a esconder que tinha leucemia. A seguradora Allianz rejeita qualquer prática discriminatória

a Ter uma taxa de juro bonifi cada era para Sandra Nobre a única vantagem de uma doença dignosticada em De-zembro de 2003: leucemia. Esteve em isolamento quatro meses, recebeu um autotransplante, duvidou que ia recu-perar mas saiu do Hospital de São João, no Porto, em Maio do ano seguinte.

As idas ao médico começaram a espaçar-se. “Estou em remissão total desde 2004”, conta. Uma junta médi-ca atribuiu-lhe 80 por cento de inca-pacidade. Podia “fi car sentada a ver televisão”, mas isso seria desistir de viver. Sandra tem 34 anos, é produto-ra de conteúdos num site da Internet, trabalha oito horas por dia.

Com “uma boa situação profi ssio-nal”, foi ao seu banco pedir um crédito à habitação, o BPI. Disse que tinha tido leucemia. “Fui sincera.” Por lei, estava isenta do pagamento de spread devido ao seu grau de incapacidade.

Aceitaram-lhe o crédito à habitação em Janeiro de 2006, avisando-a que o seu seguro de vida poderia agravar-se em 100 por cento.

Pagos seis mil euros de entrada e assinado o contrato de promessa de compra e venda, recebeu do banco a recusa de crédito. A seguradora Allianz, que pertence ao grupo do BPI, recusou-lhe o seguro de vida. A recusa baseou-se no facto de sofrer de leucemia. “Não sabem de que tipo é, o que pensa o meu médico assistente”. Assentaram a recusa no rótulo de doença incurável, critica. Informaram-na que podia ir a outras seguradoras.

Foi o que fez — procurou mais quatro bancos e respectivas segura-

doras. Recusaram, às vezes com um conselho: ocultar o seu estado de saúde. Recusou. Muitos “mentem e a seguradora fi ca com a faca e o quei-jo na mão”, diz. “Se a pessoa volta a adoecer, o contrato é considerado nulo. Toda a gente sabe, toda a gen-te se cala. Esbarrei contra um muro gigantesco.”

“Como é que o Estado me atribui um grau de incapacidade para me dar benefícios e depois isso seja o maior problema?”. Conseguiu fi nalmente, no

ano passado, um crédito à habitação noutro banco: não lhe exigiu um segu-ro de vida — até hoje por atribuir.

O BPI respondeu por e-mail que, no caso de Sandra, “aprovou o crédito, que só não foi concretizado porque a Allianz recusou o seguro e a cliente não apresentou alternativa”.

Segundo a seguradora, a avaliação individual de cada pedido “é feita pelo corpo clínico da companhia” e com-plementada por “análise estatística”. Na resposta por e-mail lê-se que “nun-

ca existiu, por parte desta seguradora qualquer discriminação”.

No caso concreto, refere-se que “não se trata de uma recusa, mas sim de um adiamento, dada a especifi cidade da doença em causa e a consequente aná-lise clínica, baseada no estádio actual do conhecimento relativo a essa doen-ça”. A Allianz Portugal diz não dispor de estatísticas de recusa, mas remete para estudos internacionais que refe-rem que só um a dois por cento dos pedidos de seguro são recusados.

Sandra Nobre tinha um benefício que se tornou num problema

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Portugueses residentes na Suíça não foram autorizados a ver o cadáver nem sabem causa da morte do filho

Ana Cristina Pereira

a A dúvida consome os pais, resi-dentes na Suíça desde 1986. Inter-nado numa clínica psiquiátrica de Munsingen,Tiago Jorge morreu mis-teriosamente em Janeiro, no Hospital Insel de Berna. Tinha 23 anos. Em co-municado à imprensa, o conselheiro das comunidades portuguesas Manuel de Melo fala em “negligência grave”. Hospitalar e diplomática.

A história fez manchete no último número do Gazeta Lusófona. Em Julho, Tiago fora consultado pelo médico de família, em Thun, sem que este lhe ti-vesse encontrado doença que não a dependência de cannabis. Fumava 20 a 30 charros por dia. Mediante denún-cia, foi forçado a fazer uma cura numa

clínica psiquiátrica. A 12 de Outubro, a polícia levou-o.

Por várias vezes, Tiago terá ligado para a Embaixada de Portugal em Berna a pedir ajuda. “O resultado foi nulo”, alega o pai, Miguel Jorge, que também terá contactado a diplomacia portuguesa. A última vez que Miguel Jorge e a mulher viram o fi lho foi a 17 de Dezembro. A partir dali, a clínica recusou-lhes as visitas, tal como o hospital para onde o rapaz entrou a

2 de Janeiro. “Fomos diversas vezes ao hospital para o ver e foi-nos sem-pre negada a visita. Foi-nos negado o direito de ver o nosso fi lho em vida, como nos foi negado o direito de o ver morto. Foi negado o nosso direito de reconhecer o corpo, foi negado o nos-so direito de nos pronunciarmos sobre a autópsia”, insurgiu-se Miguel Jorge, citado pelo Gazeta Lusófona.

Da certidão de óbito não consta a causa da morte. Duas autópsias terão sido realizadas, sem que os resultados chegassem aos pais. O rapaz morreu a 8 de Janeiro e a 12 a agência funerária entregou as cinzas. Os pais não foram consultados sobre a opção. Para sua “surpresa, existe um documento, “um tipo de testamento”, em que o jovem afi rma querer ser cremado.

O embaixador Eurico de Paes já terá solicitado, sem sucesso, os re-latórios ao hospital. “A situação é demasiado grave”, considera o con-selheiro Manuel de Melo. O enigma deverá ser esclarecido “não apenas no que diz respeito à acção dos servi-ços e autoridades hospitalares suíços, mas também” sobre o modo como a embaixada acompanhou o caso. “Por que razão não foi promovida uma qualquer visita a um jovem que se encontrava internado num hospital e que, de forma desesperada, pedia insistentemente ajuda à embaixada? Qual a informação trocada entre os serviços da embaixada e os pais do jovem Tiago? Que acções foram de-senvolvidas pelos serviços da embai-xada?”, questiona.

A acção dos serviços e autoridades hospitalares suíços está pouca clara na morte do português

A lei que proíbe as seguradoras de recusar seguros de vida com base em deficiência ou “risco agravado de saúde” entrou em vigor em Agosto passado. As queixas sobre este assunto recebidas na Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor duplicaram de 20 para 40, sobretudo de doentes com cancro, mas a regulamentação da nova lei espera promulgação.A legislação prevê sanções — desde coimas até à suspensão da actividade — para práticas discriminatórias, tanto de seguradoras como de bancos. António Lino, jurista da Deco, considera “a legislação demasiado recente para se saber o âmbito verdadeiro da sua intervenção”, mas “o problema continua a existir”. Rui Narciso, da Federação de Instituições de Apoio a Doentes Crónicos, diz que as seguradoras têm, nalguns casos, contornado situações de possível recusa fazendo seguros de vida aos cônjuges dos doentes.

Queixas duplicamRegulamentação da lei ainda por promulgar

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PortugalPúblico • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007 • 23

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Helena Matos vai concordar ou discordar de Rui Tavares? Amanhã na última página

Vital Moreira chegará ao Tribunal Constitucional já a pensar na presidência

Leonete Botelho

a As negociações ainda decorrem num inner circle dos dois maiores partidos, mas já estarão fechadas ao nível dos líderes do PS e do PSD: em breve, as eleições para os seis novos juízes do Tribunal Constitucional (TC) têm de ser marcadas e o assunto é demasiado sério para se deixar para a última hora. Vital Moreira é um no-me incontestado, proposto pelo PS já a pensar na próxima presidência do TC, a assumir dentro de quatro anos e meio. Mas a democracia é assim: pensa-se a prazo.

Dentro de um mês, a 11 de Março, seis dos 13 juízes do TC cumprem os nove anos de mandato que a lei im-põe como prazo máximo e têm de sair. Todos pertencem ao grupo de

dez que são eleitos pela Assembleia da República (os outros três são coop-tados por aqueles) em lista única que tem de obter dois terços dos votos dos deputados.

Com a saída do actual presidente, Artur Maurício (conotado com o PS), é provável que ascenda à presidência do TC o actual vice-presidente, Rui Moura Ramos. É que, apesar de a lei dizer que os presidente e vice-presidente do TC são eleitos por voto secreto, a tradição aponta para uma sucessão quase di-nástica do presidente.

Se a tradição continuar a ser o que é, as escolhas que agora se fi zerem poderão determinar o destino do TC nos próximos nove anos. Vital Morei-ra deverá ser o nome indicado para a vice-presidência, de modo a que, quando daqui a quatro anos e meio Rui Moura Ramos atingir o limite do mandato, possa ser substituído natu-ralmente.

Mas as indicações não fi cam por aqui. Dos seis juízes que saem, três são conotados com o PS e outros tantos com o PSD. A composição tinha sido

escolhida em 1998, logo após a altera-ção da Lei do TC, pelos então líderes do PS e do PSD, António Guterres e Marcelo Rebelo de Sousa.

Agora, José Sócrates e Marques Mendes têm pela frente a mesma ta-refa: propor ao Parlamento nomes de juristas com elevado reconhecimento e independência, que possam desem-

penhar o papel que a Constituição lhes reserva — e que é o de garantir o res-peito pela própria Constituição.

O leque de nomes de que se fala é bastante restrito, sendo certo que aqui não há paridade, pois entram apenas homens. Pelo lado do PS, além de Vital Moreira, são apontados como prová-veis Rui Pereira — presidente da Uni-dade de Missão para a Reforma Penal e membro do Conselho Superior do

PS e PSD preparam, no segredo dos gabinetes, a lista dos próximos juízes. Eleições podem ocorrer em Março

Ministério Público — e Pedro Bacelar de Vasconcelos, constitucionalista da Universidade do Minho e que foi cabeça de lista pelo PS à Assembleia Municipal do Porto nas últimas elei-ções autárquicas.

Na área socialista, também há a hi-pótese Vitalino Canas, actual deputado e porta-voz do PS e também especialis-ta em assuntos constitucionais. Mas é um nome que agrada menos a alguns sectores, dada a excessiva proximida-de com o aparelho partidário, o que não garantiria a imagem de distancia-mento que um juiz do TC deve ter.

Pelo lado do PSD, são apontados os nomes de Blanco de Morais, Jorge Ba-celar Gouveia e Luís Marques Guedes. Este último poderia causar alguma sur-presa pelo facto de ser o actual líder da bancada social-democrata no Parla-mento. Mas num cenário de alteração do grupo parlamentar que tem vindo a ganhar terreno, sobretudo pelo cres-cente descontentamento interno, a “prateleira dourada” para o fi lho do primeiro presidente do TC signifi caria uma saída pela porta grande.

Vital Moreira é incontestado, proposto pelo PS, mas há outros juízes a eleger cujos nomes ainda estão em aberto

Mais 41 militares portugueses a caminho do Afeganistão

a Quarenta e um militares portugue-ses partem hoje, às 9h, num Hercules C-130, da base aérea de Figo Maduro, em Loures, para a capital afegã, com o intuito de render parte do contingente português que integra a Força Interna-cional de Assistência e Segurança.

Três destes militares, que perten-cem à quarta missão portuguesa no Afeganistão, irão para o quartel-ge-neral da força da NATO, comandada desde dia 4 pelo general norte-ame-ricano Dan McNeill. O resto da 2.ª Companhia de Comandos, explicou o porta-voz das Forças Armadas, via-jará no fi nal do mês para Cabul, tota-lizando 150 militares portugueses no Afeganistão.

Vinte e um militares da 11.ª Com-panhia do Batalhão de Infantaria Pá-ra-quedista que está desde Agosto no Afeganistão regressa na próxima sexta--feira. Os soldados que partem hoje vão estar pela segunda vez no Afega-nistão, depois da primeira missão rea-lizada no último semestre de 2005.

Os cofres de Alta Segurança da Fábrica de Chaves do Areeiro, são concebidos à medida dos nossos clientes e de acordo com as suas necessidades.

Serviço de Assistência por Técnicos especializados e responsáveis.

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Mundo24 • Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007

França O pacto presidencial da candidata do PSF ao Eliseu

A socialista apresentou a educação como “o coração da República”Ségolène vira à esquerda com 100 medidas para a FrançaCandidata socialista às presidenciais de Abril-Maio prometeu ontem economia mais intervencionista e um modelo social mais generoso

a Perante cerca de oito mil partidários e 600 jornalistas que se deslocaram a Villepinte, perto de Paris, Ségolène Royal, a candidata socialista que aspi-ra a ser primeira mulher Presidente de França detalhou ontem um plano em 100 pontos para tornar o seu país “mais forte e justo”.

Royal prometeu que o seu governo será mais intervencionista na econo-mia e defenderá um modelo social “mais generoso” contra as ideias de globalização e economia liberal do seu rival da direita na corrida ao Eliseu, Nicolas Sarkozy.

Aquilo que “Sego” apresentou como um “pacto presidencial” inclui pro-postas novas e outras inspiradas em 6200 debates e 130 mil contribuições dos “internautas-eleitores” alimenta-dos pelo seu site Desirs d’avenir. O re-sultado foi compilado em centenas de páginas dos Cahiers de l’espérance, também apresentados ontem.

A nível económico, a socialista pro-meteu o aumento do salário mínimo “o mais rápido possível” e anunciou uma “conferência nacional sobre os salários”, ainda este ano, para “rever

o índice dos preços”. As pensões de reforma seriam aumentadas em 5 por cento e transferidas mensalmente.

Royal começou por assumir a “crise social, económica, moral e ecológica” que a França atravessa e propôs um “pacto de honra” com os eleitores. Es-te pacto prevê também a construção anual de 120 mil residências sociais, um “seguro de alojamento vitalício”, facilidades para as famílias que preten-dam adquirir uma propriedade e uma “extensão dos créditos a custo zero”.

Outro dos grandes vectores do pro-grama incide sobre a juventude, para a qual Ségolène Royal promete o “direito ao primeiro emprego”, limitando a sua busca até aos seis meses. Quinhentos mil “empregos jovens” e 2000 euros é o montante que poderia ser empres-tado àqueles que estão a começar um projecto profi ssional. A candidata pro-põe ainda o reenquadramento militar dos jovens delinquentes.

Escola aos três anosA educação foi apresentada como “o coração da República”, pelo que a candidata anunciou a escolarização obrigatória a partir dos três anos, o apoio escolar gratuito (dado por estu-dantes que teriam contrapartidas nas universidades) e a imposição da “carta escolar” para “facilitar a mistura social e evitar a criação de guetos”.

A reforma das instituições é outra das medidas que a socialista advo-ga, a ponto de reclamar uma “Nova República”. Quer introduzir a “de-mocracia participativa”, através dos “cidadãos-júris”, dos “orçamentos de participação social colectiva” ou do “referendo de iniciativa popular”. Descentralização é mais uma palavra--chave, propondo a candidata dimi-nuir o número de ministérios.

Para a saúde, Ségolène Royal preten-de ver a gratuidade dos cuidados mé-dicos até aos 16 anos, a contracepção gratuita às mulheres com menos de 25 anos e o reforço da medicina escolar e universitária. O ambiente é outro dos cavalos-de-batalha da antiga ministra do Ambiente, que defende um “plano de desenvolvimento maciço das ener-gias renováveis”, potenciando “cem mil novos empregos”.

A refundação da política agrícola

Carina Branco, Paris

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comum para ajudar os agricultores e a autorização da construção limitada a normas ambientais são outras das propostas.

Depois de uma série de polémicas e sondagens recentes desfavoráveis, Royal submeteu-se a um exame de credibilidade diante dos eleitores, da própria família socialista e dos adversários políticos. “Penso que ela teve nota positiva neste exame”, disse ao PÚBLICO Frédérique Maton-ti, professora de Ciência Política na Sorbonne-Paris I. “Uma das críticas que lhe apontavam era a ausência de um programa e vimos que ela tem, de facto, um”, continuou Matonti.

Críticas de demagogiaJá Bernard Owen, professor de Ciên-cia Política na Universidade de Paris II, crê que o discurso pode dar azo a críticas de demagogia. “Ela propõe vá-rias medidas que implicam despesas e o fi nanciamento das mesmas não foi explicado. Neste sentido, penso que

poderíamos usar o termo ‘demagógi-co’”, comentou.

Para Owen, “parte da intervenção de Ségolène Royal menciona algumas sugestões “retiradas dos debates par-ticipativos”. No entanto, entende que estes devem ser considerados como uma “operação mediática do Partido Socialista”. Frédérique Matonti resu-

me o programa como uma síntese dos “debates participativos”, cujas ideias estão na base dos pilares do discurso – economia, sociedade e ambiente.

Longe de Villepinte, no Quartier La-tin, em Paris, o candidato da União para o Movimento Popular (UMP, di-reita), Nicolas Sarkozy, assumiu ver-se como “o presidente de todos os france-

ses”, num discurso que constituiu um contra-ataque a Ségolène Royal. “Que-ro falar a todos os franceses, quando outros só querem falar aos militantes socialistas”, atirou “Sarko”, numa alu-são à adversária.

Tal como Ségolène Royal, Nicolas Sarkozy reiterou várias vezes preten-der ser “o porta-voz” daqueles “que nunca têm a palavra, daqueles cuja voz é demasiado frágil”. Outra seme-lhança com o discurso da candidata socialista foi a criação de “um novo pacto republicano, baseado na con-fi ança e no respeito”.

Naquela que constituiu a primeira reunião dos seus comités de apoio local, Sarkozy usou mais uma vez no-mes da esquerda francesa, como Max Gallo e Léon Blum. Ao longo de todo o discurso, o candidato da UMP apenas fez um anúncio: a eventual legalização da eutanásia: “Respeito as convicções, mas, no fundo, penso que há limites ao sofrimento que se impõe a um ser humano”.

“Quero falar a todos os franceses, quando outros só querem falar aos militantes socialistas”, disse Sarkozy

“Não vale a pena negar que tem sido o drama da minha vida”, diz Chirac sobre a anorexia da filha em L’Inconnu de l’Elysée, livro a sair em breve, onde fala pela primeira vez da vida privada

Aumentar o salário mínimo para os 1500 euros “na nova legislatura”Criar 500 mil empregos para jovensAssegurar que nenhum jovem fica mais de seis meses sem empregoConstruir 120 mil habitações sociais por anoCobrar mais impostos às empresas pelos seus proveitos e menos nos lucros reinvestidosTentar que em 2020 a França assegure 20 por cento das necessidades energéticas com energias alternativasContraceptivos grátis para mulheres com menos de 25 anosDar aos residentes estrangeiros direito de voto nas eleições locais

Algumas promessas

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Mundo26 • Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007

Saiba como foi a refeição da vida de Dick Nieeport Pública do próximo Domingo

Irão tenta reabrir negociação sobre o nuclear

Jorge Almeida Fernandes

Teerão parece querer estabelecer uma ponte de diálogo com os europeus e russos, de modo a evitar o isolamento e a diluir a ameaça americana

a O Irão está disposto a retomar as negociações para “resolver” o conten-cioso nuclear e para “não agravar” a situação” no Médio Oriente, decla-rou ontem em Munique Ali Larijani, o principal negociador iraniano. Teve um encontro com o chefe da diploma-cia europeia, Javier Solana”, por am-bos considerado “construtivo”. Falan-do em Teerão, o Presidente Mahmoud Ahmadinejad, prometeu o anúncio de novos progressos nucleares e refutou qualquer ideia de suspensão do pro-grama. São mensagens opostas, mas não necessariamente contraditórias.

Larijani, secretário do Supremo Conselho de Segurança, é a voz auto-rizada do dossier nuclear. Falando na 43.ª Conferência de Munique sobre Se-gurança, tentou romper o isolamento internacional do seu país e estabelecer uma ponte com os “amigos europeus” – Alemanha, França, Grã-Bretanha e Rússia – que têm assumido uma posi-ção diferente da dos EUA.

Afi rmou que o Irão baniu as armas nucleares e químicas, que sofreu duas guerras impostas, que tem “uma es-tratégia defensiva”, que “não ameaça nenhum país”, resume a AFP. Negou apoio ao terrorismo e lembrou que os bombistas que se suicidam na região “provêm de países amigos dos EUA”. Condenou o “confl ito sectário” entre sunitas e xiitas.

Teerão parece interessada na proposta de Mohamed ElBaradei, director da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), que sugeriu um compromisso, a “dupla pausa”: o Conselho de Segurança suspenderia as sanções ao Irão, que, por sua vez, suspenderia o enriquecimento de urâ-nio durante as negociações. Esta pro-posta, que tem o apoio de Moscovo,

é discretamente apreciada em Paris e Berlim. Desagrada aos EUA, cuja polí-tica é aumentar o cerco económico ao Irão e fazer pairar a ameaça de uma acção militar.

Larijani declarou ter informado ElBaradei sobre a disposição e as condições iranianas para retomar as negociações. O mesmo terá debatido com Solana.

O outro discursoAlém da vulnerabilidade às sanções económicas, o Irão confronta-se com o risco de isolamento regional: a Arábia Saudita lançou uma ofensiva junto dos países sunitas para travar as ambições iranianas. Mas, ao con-trário dos EUA, Riad está a negociar com Teerão, designadamente sobre o Líbano, e opõe-se frontalmente a um ataque militar.

Uma segunda mensagem iraniana foi ontem emitida por Ahmadinejad: “Estamos prontos para conversações mas não suspenderemos as nossas ac-tividades [nucleares].”

Num discurso perante dezenas de milhares de iranianos nas celebrações do aniversário da revolução islâmica, prometeu a revelação de “progressos únicos”, sobretudo no campo nucle-ar. Admite-se tratar-se do anúncio da montagem de uma cadeia de 3000 centrifugadoras.

“Por trás da suspensão, eles [oci-dentais] pensam burlar-nos, fazendo promessas vazias para nos impedir de dominar o ciclo do combustível nuclear.”

Para alguns analistas, Teerão só poderá retomar as negociações após uma demonstração de força que lhe salve a face.

Desafio ao Ocidente nas celebrações da revolução islâmica em Teerão

O Exército dos EUA acusou o Governo iraniano de fornecer explosivos cada vez mais sofisticados à insurreição iraquiana. Desde 2004, estes terão morto 170 militares americanos e ferido 620. Três oficiais convocaram ontem os jornalistas em Bagdad para dar conta das acusações e mostrar as armas, cuja “utilização aumentou consideravelmente nos últimos seis meses”. “Estas actividades são comandadas ao mais alto nível”, acusaram os responsáveis que falaram sob anonimato e apontaram o dedo aos Guardas da Revolução.

EUA acusam Teerão

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Uma guerra fria bastou, responde Robert Gates a Putin

Teresa de Sousa

a Depois do virulento ataque de Vla-dimir Putin aos Estados Unidos, que marcou o primeiro dia da conferência anual de Munique sobre segurança, foi a vez de Robert Gates lhe responder com humor, fl euma e uma boa dose de franqueza. O secretário da Defesa americano disse que “uma guerra fria bastou” e que a Rússia, se quiser, con-tinuará a ser um parceiro do Ocidente para fazer face aos “muitos desafi os co-muns que todos temos pela frente”.

No sábado, o Presidente russo, que pela primeira vez aceitou participar num fórum onde pontifi ca a fi na-fl or da defesa ocidental, abriu os trabalhos da conferência com um ataque em li-nha aos EUA, lançando sobre o encon-tro a sombra da Guerra Fria. Ontem, num tom diametralmente oposto, que chegou a envolver alguma autocrítica,

Gates defendeu que os EUA ainda são “uma força para o bem no mundo”, apesar da imagem criada pelos abusos cometidos no Iraque ou em Guantána-mo e do défi ce de explicações sobre as suas decisões. Putin tinha acusado a América de “unilateralismo” e de re-correr sistematicamente à força para resolver os problemas mundiais, sem respeito pelo “direito internacional”.

Foi a primeira intervenção de Gates num fórum internacional, desde que substituiu Donald Rumsfeld à frente do Pentágono em Dezembro. O tom moderado que utilizou, a insistência

na importância da Aliança Atlântica, não poderiam contrastar mais com a imagem do antecessor. Foi também em Munique, em 2003, que Rumsfeld pro-vocou a fúria dos aliados com a célebre frase sobre “a velha e a nova Europa”. Nessa altura, véspera da invasão do Iraque, a nova doutrina de segurança americana contrapunha à velha alian-ça ocidental as “coligações de vonta-de”, segundo as quais “é a missão que determina a coligação”.

Gates, ao desdramatizar amigavel-mente o ataque de Putin e ao insistir precisamente no tópico que mais in-comoda Putin – o reforço da Aliança Atlântica –, acabou por aliviar o am-biente pesado criado pelas críticas contundentes do seu colega do anti-go KGB. “Como um velho guerreiro da Guerra Fria, um dos discursos de ontem [sábado] quase me encheu de nostalgia por tempos menos comple-

xos”, disse. “Quase”, porque “uma guerra fria bastou”. E passou ao que verdadeiramente interessa – o futuro da NATO, ao qual dedicou grande parte do seu discurso. Para dizer que a Aliança testa a sua credibilidade no Afeganistão, mas que também é do interesse de todos os aliados que as coisas terminem bem no Iraque.

Curiosamente, foi dos participan-tes europeus que vieram as reacções mais preocupadas ao discurso de Pu-tin. “Devemos levá-lo à letra”, disse o chefe da diplomacia sueca, Carl Bildt. “Não sei como vamos negociar nova parceria [com a Rússia] nesta base”, disse a “verde” alemã Angelika Beer.

“Esta conferência costuma ser sobre as bicadas entre americanos e euro-peus. Será engraçado verifi car se Putin acabou por conseguir unir-nos”, disse Ron Asmus, director de um think-tank de Bruxelas.

Se a Rússia quiser, disse Robert Gates, continuará a ser um parceiro do Ocidente, para fazer face aos muitos desafios

Harvard tem pela primeira vez uma mulher presidente

Lucinda Canelas

a Drew Gilpin Faust derrubou ontem mais uma barreira nas instituições norte-americanas, ao ser nomeada presidente da Universidade de Har-vard, a mais antiga dos EUA. É a pri-meira vez que uma mulher assume o cargo desde a fundação da universi-dade, há 371 anos.

“Sou uma historiadora. Passei muito tempo a pensar no passado e em como ele dá forma ao futuro”, disse Faust no discurso divulgado por Harvard. “Nenhuma universidade no país, tal-vez no mundo, tem um passado tão extraordinário como esta. E agora a nossa tarefa comum é tornar o futuro de Harvard ainda mais extraordinário do que o seu passado.”

A escolha, ofi cializada pelo conselho de supervisão da universidade, divi-de opiniões. Os que a criticam dizem que lhe falta fi rmeza e experiência de gestão de uma grande universidade. Os que a apoiam elogiam o seu estilo conciliador.

Drew Faust, de 59 anos, nasceu na Virgínia e foi professora na Universi-dade da Pensilvânia. Autora de cinco livros, na maioria sobre a guerra civil americana e a vida das mulheres no

Sul dos EUA, era até aqui reitora do Radcliff e Institute, o mais pequeno instituto de Harvard, que se dedica sobretudo a temas sociais.

“Harvard esperou muito tempo”, disse ao jornal norte-americano The New York Times Patricia Albjerg Graham, professora de História da Educação em Harvard, lembrando que, quando era bolseira de pós-dou-toramento, em 1972, estava proibida de entrar no clube da universidade pela porta da frente e de usar a sala de jantar principal.

A decisão ocorre dois anos depois do então presidente de Harvard, La-wrence H. Summers, que se demitiu em Fevereiro do ano passado sob forte contestação, ter defendido que as mulheres eram menos aptas do que os homens para atingir o topo da hierarquia universitária nas áreas da Ciência, Engenharia e Matemática. Professores ouvidos pelo diário ame-ricano e pelas agências Reuters e AFP defenderam que o estilo de gestão de Drew Faust foi mais importante para a comissão que há um ano procurava um novo presidente do que o desejo de nomear uma mulher. “É uma esco-lha cautelosa, que parece destinada a curar as feridas dos anos da presidên-cia Summers e a restaurar o ímpeto de Harvard”, disse ao New York Times Ri-chard Bradley, autor do livro Harvard Rules (Harper Collins, 2005).

Harvard passou a ser a quarta uni-versidade da Ivy League – oito universi-dades com níveis de excelência e elitis-mo – presidida por uma mulher.

A historiadora Drew Gilpin Faust enfrenta o desafio de restaurar a confiança na presidência da universidade

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Mundo28 • Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007

Há pais adoptantes que não querem cortar o laço dos fi lhos com os pais biológicos Portugal, pág. 19

Grávidas depois dos 40 têm mais nados-mortos

Clara Barata

a As mulheres que fi cam grávidas após os 40 anos correm maiores riscos de o seu bebé morrer no útero, concluiu um estudo norte-americano apre-sentado ontem na Conferência sobre Saúde Materna e Fetal, em São Fran-cisco (EUA).

Há cada vez mais mulheres que são mães pelos 40, e há vários riscos asso-ciados a estas gravidezes, que podem resultar num nado-morto. A equipa de Mert Ozan Bahtiyar, da Universidade de Yale, usou uma base de dados dos Centros de Controlo e Prevenção das Doenças que regista a mortalidade de fetos e nados-mortos. De acordo com a BBC on-line, os cientistas concluíram que as grávidas com idades entre 40 e 44 anos corriam três vezes mais riscos de ter um nado-morto do que as mu-lheres que tinham 25 e 29 anos.

A medida que mais reduz o nasci-mento de bebés mortos é fazer testes ao feto às 38 semanas de gestação, que incluam o registo da batida do coração e a análise do líquido amniótico.

Três vezes mais risco aos 40-44

Cheias em Moçambique já com 200 mortos

Jorge Heitor

a As cheias que desde Janeiro afectam o Centro e o Norte de Moçambique já causaram mais de 200 mortos, quan-do ao longo da última semana só tinham sido noticiados 29, noticiou ontem a Rádio Moçambique. A Direc-ção Nacional das Águas prevê que o pico possa ser atingido nas próximas 48 horas, em especial nos distritos de Caia e Marromeu, na província de So-fala, avançou Arão Dava, jornalista da Rádio Moçambique, em Maputo.

O Instituto Nacional de Gestão das Calamidades (INGC) considera a pos-sibilidade de lançar um apelo interna-cional para fazer face a esta situação, que começa a apresentar-se susceptí-vel de ser ainda mais grave do que as inundações de 2001, que causaram perto de um milhar de mortos.

A presente crise está a afectar 58 mil pessoas, das quais 24 mil tiveram de ser retiradas para centros de aco-modação. O Instituto das Calamidades calcula que o número de afectados atinja em breve os 285 mil, só no vale do rio Zambeze.

Doença relacionada com o autismo desactivada através de terapia genética

Ana Gerschenfeld

Em poucas semanas, tratamento genético fez desaparecer os sintomas da síndrome de Rett em ratinhos

a O resultado apanhou de surpresa os próprios autores da experiência, uma equipa de investigadores da Universidade de Edimburgo, no Rei-no Unido, que conseguiu erradicar os sintomas da síndrome de Rett em ratinhos afectados por esta doença. A descoberta permite esperar que, um dia, esta doença humana possa ser travada e o seu curso invertido. O que é interessante, porém, é que esta síndrome tem pontos de contacto com o autismo e a esquizofrenia e este tra-balho vem abrir novos caminhos para a investigação de novos tratamentos dessas doenças.

Hoje em dia, não se fala apenas em autismo, mas em “doenças relaciona-das com o autismo” (autism spectrum disorders). Basicamente, trata-se de uma classe de perturbações do de-senvolvimento que aparecem antes dos três anos de idade e que têm em comum os sintomas do que se costu-ma chamar autismo, ou seja: por um lado, graves defi ciências ao nível da comunicação e da interacção social e afectiva e, por outro, comportamentos e interesses estranhos e repetitivos. A estes sintomas centrais pode juntar-se o atraso mental, mas existem pessoas autistas extremamente dotadas.

A síndrome de Rett, por seu lado, é uma doença genética extremamente incapacitante do ponto de vista físico que se acompanha de sintomas de tipo autista e de atraso mental. Causada por mutações num gene do cromossoma X, o MECP2, atinge principalmente as raparigas (uma em cada dez mil). Sur-ge no segundo ano de vida em crian-

ças saudáveis e caracteriza-se por uma regressão total da fala e uma perda da motricidade, para além de ser frequen-temente acompanhada de difi culdades respiratórias e de tremores semelhan-tes aos do parkinsonismo.

Os cientistas, liderados por Adrian Bird, do Centro de Biologia Celular do Fundo Wellcome da Universidade de Edimburgo, provocaram a doença em ratinhos desactivando o MECP2 atra-vés da introdução, no meio do gene, de uma sequência genética que podia ser retirada. Os ratinhos nascidos com o gene desactivado desenvolveram, uns meses depois, os sintomas carac-terísticos da síndrome de Rett.

Mas quando os cientistas reactiva-ram o gene utilizando uma substân-cia prevista para o efeito, observa-ram uma remissão espectacular: em apenas quatro semanas, os ratinhos doentes pareciam ter recuperado as suas faculdades motoras e cognitivas. Estes resultados foram publicados no último número da revista Science.

“Os nossos resultados foram total-

mente inesperados”, diz Bird, citado por um comunicado da universidade. “Até agora, a síndrome de Rett era con-siderada irreversível, mas o nosso tra-balho mostra que a função neuronal é, de facto, recuperável”.

Foi Bird quem identifi cou, em 1990, o MECP2, um gene que determina o fabrico pelas células de uma proteína cuja função é regular a expressão de outros genes, agindo como “interrup-tor” desses genes na altura certa.

Em 1999, Huda Zoghbi, do Baylor College of Medicine, no Texas, desco-briu que a síndroma de Rett era cau-sada por mutações no gene MECP2. E, desde então, mutações neste gene também têm sido detectadas em al-guns casos de esquizofrenia infantil, de autismo clássico e de defi ciências da aprendizagem.

“Estes resultados são relevantes não só para a síndrome de Rett, como tam-bém para uma classe muito mais alar-gada de doenças, incluindo o autismo e a esquizofrenia”, declara agora Zogh-bi num comunicado da Fundação para o Estudo da Síndrome de Rett, uma organização que também fi nanciou as experiências da equipa de Bird.

Embora doenças como o autismo ou a esquizofrenia envolvam certamente mecanismos muito mais complexos do que um único gene, os investigadores acreditam que esta é uma nova via que vale a pena explorar. Os tratamentos potenciais poderão passar por terapias genéticas que permitam substituir o gene MECP2 defeituoso pelo gene normal, ou por tratamentos à base de substâncias capazes de inibir as proteínas fabricadas pelo gene mu-tante. “A recuperação de função nor-mal demonstrada no modelo animal”, acrescenta Zoghbi, “sugere que se con-seguirmos desenvolver terapêuticas contra a perda do MECP2 poderemos ser capazes de reparar os danos neu-rológicos em crianças e adultos com Rett, no autismo e nas doenças neu-ropsiquiátricas associadas”.Os autistas podem lidar melhor com animais do que com pessoas

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Polícia de Cabo Verde acredita que o assassínio de duas turistas italianas no Sal foi premeditado

Andreia Sanches

a O assassínio de duas turistas italia-nas na ilha do Sal foi premeditado, diz a Polícia Judiciária (PJ) de Cabo Verde. Um guia turístico local, que teve no passado uma relação amorosa com uma das vítimas, terá pedido ajuda a um segundo homem para matar as mulheres, na noite de quinta para sexta-feira. Giorgia Busato e Dalia Saia-ni foram apedrejadas. Uma delas foi enterrada ainda com vida, segundo a imprensa italiana. Uma terceira jovem de 17 anos escapou e teve ontem alta do hospital.

Os dois suspeitos fi caram detidos depois de, na sexta-feira, terem com-parecido perante um juiz, fez saber a PJ de Cabo Verde. Uma fonte ligada à investigação disse ontem ao PÚBLICO que um outro homem – que também

tinha sido detido pela polícia na sexta-feira à tarde – foi posto em liberdade, mas “que todas as hipóteses de inves-tigação continuam em aberto”, pelo que “continuará a ser investigado” qual foi o seu papel.

O guia turístico agora detido, natu-ral de Cabo Verde, terá convidado, na noite de sexta-feira, Dalia Saiani – de quem já fora namorado – para jantar. A mulher levou duas amigas. “Nunca chegaram a ir jantar”, afi rma a mesma fonte da PJ.

Em vez disso, o suspeito terá condu-

zido as três turistas para Fontona, um local paradisíaco, pouco movimenta-do, sobretudo à noite. “Nenhuma de nós suspeitava de nada”, contou ao diário italiano La Stampa a jovem que sobreviveu ao ataque.

A PJ está a averiguar a “possibilidade de ter havido violência sexual”, já que foram encontrados indícios de que tal poderá ter acontecido. Antonio Trin-chese, o representante da embaixada italiana em Dacar, no Senegal – que se deslocou ao Sal depois do crime – disse à agência de notícias italiana Ansa que ainda não é possível saber se as duas vítimas mortais foram ou não alvo de violação.

A rapariga que sobreviveu terá dito a alguns amigos que foi violada. Mas a jovem não foi ainda interrogada. “Está abalada, queremos que recupere um pouco mais e falaremos com ela ama-

nhã [hoje]”, fez saber a PJ. Ontem, a imprensa italiana relatava

ainda que Dalia Saiani foi enterrada quando ainda respirava. “A autópsia revelou que tinha vestígios de ter-ra nos pulmões”, disse à Reuters o cônsul honorário italiano em Cabo Verde, Luigi Zirpoli. A PJ não adianta mais pormenores.

A jovem sobrevivente contou, no entanto, ao La Stampa que um dos atacantes terá usado um gás para imo-bilizar as vítimas. Disse ainda que terá chegado a tentar contactar um amigo, por SMS, para pedir socorro. Perdeu a consciência depois de ter sido apedre-jada. Quando acordou, fugiu a pé.

Giorgia Busato tinha 28 anos, era dona de uma agência de viagens em Verona, Itália. Dalia Saiani, de 33 anos, era ex-campeã de windsurf. Ambas co-nheciam bem a ilha do Sal.

Giorgia Busato, uma das vítimas, tinha 28 anos, era dona de uma agência de viagens em Verona, Itália

560.000Há 560.000 americanos com menos de 21 anos com autismo. O número é muito mais elevado do que se pensava e traduz uma incidência de um caso de autismo em cada 150 crianças com menos de oito anos – uma das mais altas taxas do mundo. A estimativa foi feita pelos Centers for Disease Control and Prevention, organismo responsável pelo controlo epidemiológico nos EUA, e publicada na revista Morbidity and Mortality Weekly Report. O trabalho foi feito sobre dados de seis regiões em 2000. Catherine Rice, autora do estudo, considera que os dados fazem do autismo uma “preocupação urgente de saúde pública”.

EUA com taxa alta

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Mundo30 • Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007

Atlas

“Teremos sempre Paris”, quase se pode ouvir Humphrey Bogart dizer, na célebre despedida fi nal do fi lme Casablanca, ao olhar para as fotografi as da exposição que ontem abriu na National Gallery of Art, em Washington. Paris in Transition mosta as primeiras fotografi as de Paris, as que foram feitas depois da invenção da fotografi a em 1840, e vai até à década de 30 do século XX. A colecção do museu de Washington é especialmente forte em imagens de Eugène Atget (1857-1927), que fotografou intensamente as cenas das ruas da cidade. Durante os últimos anos da sua vida, Atget captou regularmente a Catedral de Notre Dame, especialmente no princípio da Primavera antes das folhas nascerem. O fotógrafo escolhia geralmente um ponto de vista peculiar e não procurava enfatizar a magnifi cência do monumento gótico mas antes as suas qualidades pictóricas. Aqui, Atget cria uma relação visual entre os pináculos e os arcobotantes da catedral e o rendilhado delicado dos ramos das árvores. A exposição, comissariada por Sarah Kennel, explora as tensões de um retrato de uma cidade que é ao mesmo tempo uma capital moderna, mas também um lugar mágico. Está lá a famosa Prostituta de Brassaï, uma das imagens que fecham a exposição, mas também as fotografi as feitas nas décadas de 1840 e 1850 por William Henry Fox Talbot, Gustave Le Gray, Charles Nègre, porque a exposição sublinha a importância de Paris no aparecimento da escola francesa de fotografi a. A cidade transforma-se com Napoleão III, como mostram Charles Marville e Louis-Émile Durande, e explode numa cultura moderna nos anos 20 do século XX, numa dinâmica retratada por André Kertész, Germaine Krull, Ilse Bing e Brassaï. A ver até 6 de Maio.

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Cinco das 69 modelos que ontem foram sujeitas ao controlo de peso que dá acesso ao famoso desfi le de moda na Pasarela Cibeles, em Madrid, foram chumbadas. O evento começa hoje na capital espanhola e está interdito a manequins que tenham um Índice de Massa Corporal (IMC) inferior a 18 – o que signifi ca, por exemplo, que uma profi ssional com 1,75 metros de altura tem de ter pelo menos 56 quilos. Algumas das jovens afastadas (três estrangeiras e duas espanholas) têm um IMC de 16. A magreza excessiva “pode ser causa de problemas relacionados com anorexia”, segundo El Mundo.

MadridManequins muito magras não desfilam

O Governo israelita decidiu ontem prosseguir os trabalhos arqueológicos no complexo de Haram al-Sharif, que alberga a mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém: os trabalhos têm sido criticados por países árabes e motivaram protestos palestinianos que causaram mais de 30 feridos, sexta-feira. “Não há assunto religioso aqui”, afi rmou o primeiro-ministro, Ehud Olmert. O complexo é o terceiro santuário do islão. Jerusalém é capital disputada por palestinianos e israelitas. Sobre o acordo para um governo de unidade palestiniano, Olmert comentou que “Israel não aceita nem rejeita”.

JerusalémEscavações vão continuar

Osama Bin Laden estabeleceu no Mali, um dos países mais pobres do mundo, uma base de treino da Al-Qaeda e dos seus aliados argelinos do Grupo Salafi sta para a Prédica e o Combate, segundo serviços secretos europeus e norte-americanos citados ontem pelo jornal espanhol El País. No Norte do território, entre o rio Níger e a fronteira com a Argélia, foram detectados sinais de activismo islâmico radical. Essa seria uma zona para “preparar novos ataques” à Europa. “É um perigo potencial para a França e a Espanha”, comentou um ofi cial da Guardia Civil citado pelo jornal de Madrid.

TerrorismoBase da Al-Qaeda instalada no Mali

Milhares de pessoas manifestaram ontem a sua fúria na cidade de Kankan, no Leste da Guiné-Conacri, pilhando lojas e matando um soldado, o que eleva pelo menos a 23 o número de mortos registados nas últimas 48 horas no país, onde a oposição contesta Eugène Camara, escolhido pelo Presidente Lansana Conté para primeiro-ministro. Os sindicatos entendem que o chefe de Estado deveria ter escolhido um independente, não comprometido com o regime que consideram corrupto. Na capital, as ruas estavam desertas, na expectativa da greve geral que hoje recomeça.

ViolênciaPilhagens na República da Guiné

David Cameron, o líder do Partido Conservador britânico, fumou cannabis aos 15 anos, quando andava no selecto colégio de Eton. A revelação é ofi cial. Cameron foi punido com uma semana de reclusão no colégio, sem poder receber visitas. Um amigo do líder, citado pelo The Observer, diz que o episódio fê-lo abrir os olhos, e terminou o colégio com excelentes notas. Foi para a Universidade de Oxford, onde terá experimentado outra vez cannabis. Esta revelação já não abala carreiras políticas – um em cada três britânicos adultos já experimentou substâncias ilícitas.

Reino UnidoCameron fumou cannabis aos 15 anos

O Governo britânico vai compensar as universidades que melhor souberem angariar fundos, noticiou ontem a BBC. Os donativos em dinheiro feitos por privados serão reforçados por uma participação pública, de acordo com um plano que será apresentado esta semana pelo primeiro-ministro Tony Blair. Segundo o jornal The Observer, o Executivo planeia atribuir um milhão de libras (1,5 milhões de euros) por cada dois milhões angariados pela universidade, até um máximo de dois milhões de participação pública. Downing Street não confi rmou os números.

UniversidadesBritânicos revêm financiamento

Exposição Primeiras imagens de Paris mostradas em Washington

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Mundo34 • Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007

EUA Primeiro fi m-de-semana intenso de campanha democrata

A recepção ao discurso de Obama foi entusiasta, mas nem todos acreditam que vença as primárias

a Dos mais de 500 jornalistas ofi cialmente acreditados, nem sinal: mal acabou o discurso de Barack Obama, assim que se desligaram os holofotes dos últimos comentários, Springfi eld, a capital do Illinois, onde o senador anunciou a sua candidatura à presidência dos Estados Unidos, esvaziou-se de gente — devagar, como um balão muito muito cheio que não rebenta, antes vai desinchando até defi nhar por completo.

Aqueles que não saíram à pressa, prosseguindo o calendário apertado do candidato, fi caram inesperadamente confrontados com poucos motivos de reportagem. Um cenário confrangedor que contrastava em absoluto com o dia anterior, quando as ruas da Baixa de Springfi eld vibravam com o nervosismo e a antecipação que precedem os grandes eventos e 17 mil pessoas se concentraram no jardim do antigo Capitólio.

Na montra da loja de souvenirs de Shirley Schmidt, um quarteirão ao lado do edifício do antigo Capitólio (o centro geodésico da cidade), estavam coladas várias fotocópias com a imagem de Barack Obama. “Apareceram aqui umas pessoas a pedir para enfeitarmos a loja, estamos a distribuir as fotocópias e ainda estes autocolantes”, contou ao PÚBLICO. “Leve alguns consigo, amanhã isto vai tudo parar ao lixo”, acrescentou.

Nem Clooney nem OprahNas várias esquinas do jardim, dezenas e dezenas de equipas de televisão digladiavam-se, logo às cinco da manhã, para conseguir o melhor ângulo para a tribuna. Algumas centenas de pessoas esperavam teimosamente à porta dos hotéis Hilton e Abraham Lincoln (um em frente ao outro): desde sexta-feira, corria o rumor de que Obama se faria acompanhar de celebridades como George Clooney e Oprah Winfrey — os dois acabariam por frustrar as expectativas dos caçadores de autógrafos. Em troca, muitos dos habitantes de Springfi eld tiveram direito aos seus cinco segundos de glória mediática, com os cumprimentos de mais de meio milhar de jornalistas concentrados

em menos de dois quilómetros quadrados.

“Aqui, em Springfi eld, as pessoas estão de boca aberta com todo este frenesim. Ainda causa muita admiração que este antigo senador estadual, que tanta gente estava habituada a ver rotineiramente, esteja a ser alvo de um interesse tão intenso”, explica ao PÚBLICO Bernie Schoenburg, repórter político e colunista do State Journal Register, o jornal diário de Springfi eld (que destacou catorze repórteres para cobrir o evento).

Puxando pela memória, Schoenburg não encontra comparação com o fenómeno Obama, excepto talvez a comoção causada por John F. Kennedy, da qual guarda apenas a recordação efabulada das crianças. “Nunca vi tanta excitação com um candidato como com Obama, nunca”, garante. “As pessoas querem mesmo uma pessoa em quem possam acreditar, e Barack Obama parece ser a resposta para esse desejo. Este entusiasmo é algo de verdadeiramente incomparável, e que não sei quanto tempo mais durará, mas lá que é um fenómeno, isso é”, considera.

Debate interessanteNo fi nal do discurso de Obama, quando ainda era possível encontrar grupos numerosos distribuídos pelos cafés e restaurantes da cidade, o fenómeno era evidente. Pessoas enfeitadas de autocolantes, pins e novas T-shirts com o nome do candidato repetiam uns aos outros os momentos preferidos do discurso, discutiam animadamente as suas perspectivas de vitória nas primárias, combinavam encontros para novas iniciativas de campanha.

Como Mike Taylor, de charuto na boca, que não escondia a sua admiração pelo candidato e pela sua refrescante oratória. “Com Obama na corrida, o debate vai necessariamente tornar--se mais interessante. Acho que esta vai ser uma das melhores épocas de primárias que o país já viveu”, antecipa. Quanto às reais possibilidades de Obama chegar ao fi m, o optimismo de Mike Taylor dá lugar a um resignado realismo: “Acredito que Obama vai ser o grande catalisador que colocará Hillary Clinton na Casa Branca”.

Quer dizer que o seu candidato não tem hipóteses de chegar à presidência? “Isto é a América!,

Só Kennedy causou mais emoção que Barack ObamaNo estado do Illinois, é enorme o entusiasmo com a candidatura do senador negro à Casa Branca

Rita Siza, em Springfield

Reportagem

exclama, numa constatação do óbvio. “Os americanos não estão preparados para um candidato preto, digam o que disserem. Não vai acontecer”, garante, exagerando o seu sotaque negro. “Pode ser que Hillary o vá buscar para vice--presidente”, intromete-se o seu amigo. “Isso já seria uma grande vitória”, acrescenta.

Shirley Schmidt tem o mesmo palpite. “Acho que Barack Obama tem boas hipóteses, mas vencer Hillary Clinton parece uma tarefa impossível. Ele é um candidato com enorme personalidade, que se preocupa com as pessoas, e que daria um bom presidente. Se ele

tivesse os mesmos anos que ela no Senado, se o seu nome estivesse ligado a legislação muito importante para o país, acredito que não daria a mínima hipótese”, entende.

No domingo à tarde, as fotografi as de Obama ainda não tinham desaparecido da montra da sua loja. Mas a vida em Springfi eld já tinha regressado à normalidade. Ou quase. Para entreter os repórteres do State Journal Register, outro nome importante de Washington: Karl Rove, amigo de Bush e conselheiro da Casa Branca, que hoje se junta ao comité do Partido Republicano do Illinois para o almoço comemorativo do aniversário de Abraham Lincoln.

17.000pessoas concentraram-se no relvado em que Obama falou, o mesmo espaço de menos de dois quilómetros quadrados em que se acotovelaram 500 jornalistas, incluindo 14 destacados pelo diário da cidade de Springfield

Um frenesim

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Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007 • 35

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P Candidato democrata alvo de trocadilhos

O senador que também é Hussein e não gosta de usar o seu nome do meio

a Barack Obama não usa o seu nome do meio: Hussein. Mas vários comen-tadores de direita (extrema-direita) servem-se dele como arma de arre-messo contra o aspirante a candidato democrata à Casa Branca. Também Obama (que deriva da expressão swalili “aquele que é abençoado”) tem sido usado para trocadilhos com Osama. Juntam-se assim, para os que o querem atacar, referências a duas bes-tas negras nos EUA: o defunto ditador iraquiano Saddam Hussein e o líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden.

A estação de televisão norte-ameri-cana CNN exibiu recentemente uma peça sobre o paradeiro do líder da Al-Qaeda. Numa imagem de Bin Laden junto ao seu “número dois”, Ayman Al-Zawahiri, uma legenda questionava: “Onde está Obama?” A imagem foi ra-pidamente replicada em blogues, que questionaram se se trataria de um erro ou de uma confusão mal intencionada. A estação foi obrigada a pedir descul-pas e garantir que se tratou de um erro inocente – troca de letras no teclado.

Esta confusão está a servir a Rush Limbaugh, um comentador da direi-ta radical. O apresentador do popu-lar programa de rádio Rush Limbaugh Show se refere-se ao senador do Illi-nois como Osama Obama, depois de inicialmente o chamar Barack Hussein Odumbo (numa referência às orelhas do candidato).

No seu site, a comentadora de di-reita Debbie Schlussel (que sublinha que o seu clube de fãs na Internet é

o segundo maior, a seguir ao de Ann Coulter, outra comentadora também loura, também conservadora e espe-cialmente politicamente incorrecta) baseou-se no Hussein de Obama para garantir que a ligação ao islão seria um problema para o candidato. Isto apesar de já ter sido esclarecido que a ligação é muito ténue.

Barack Hussein Junior é fi lho de pai queniano, de quem herdou o nome. Barack Hussein Obama, o pai, um economista descrito como um mu-çulmano não praticante, divorciou-se da mãe de Obama júnior, ameri-cana cristã do Kansas, quando este era criança. O senador, entretanto a viver no Hawai, terá visto o pai uma

vez desde o divórcio, e o pai morreu em 1982.

O rival de Hillary Clinton passou por uma escola muçulmana quando viveu na Indonésia, mas esta era moderada, e ele apenas esteve lá dois anos lec-tivos, tendo depois frequentado um estabelecimento cristão.

Enfi m, como se não bastasse ser associado a Bin Laden e a Saddam, um analista político da CNN chegou a comparar o estilo business casual de Obama com o de outra fi gura política internacional. O comentador político Jeff Greenfi eld afi rmou que o modo como o senador do Illinois se veste faz lembrar o do Presidente iraniano. Maria João Guimarães

A CNN já confundiu Obama com Osama (bin Laden)

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Primárias democratas

Hillary em rota paralela no Nortea Barack Obama e Hillary Clinton, os favoritos dos democratas à nomeação para as presidenciais, lançaram-se es-te fi m-de-semana em campanha pelas estradas do Norte dos Estados Unidos. Do Illinois (Norte), Obama partiu para um périplo pelo estado de Iowa (Cen-tro), onde a 14 de Janeiro de 2008 se-rá lançado o processo para designar o candidato. Já hoje é aguardado noutro estado-chave, New Hampshire.

Foi precisamente aí, na cidade de Berlin, que Clinton esteve no fi m-de-semana. “Eu sou Hillary Clinton, sou candidata para ser eleita Presidente

e estou na corrida para ganhar”, afi r-mou a senadora de Nova Iorque.

Enquanto Clinton fala como “can-didata a Presidente” e não como can-didata à nomeação para descolar de Obama, este lembra o ponto fraco da opositora – a guerra do Iraque, a que

se referiu sábado como “um erro trági-co”, sublinhando que sempre pensou assim. Quando o Senado autorizou a invasão, em 2002, Obama não era ain-da senador. Clinton era e autorizou a intervenção.

Entre a assistência em New Hamp-shire, Clinton ouviu Roger Tilton, um consultor fi nanceiro, exigir desculpas. “Eu assumi responsabilidades pelo meu voto”, retorquiu a ex-primeira dama. “Até que diga que foi um erro, não terá o meu voto”, afi rmou, por seu turno, Tilton, citado pelo Wa-shington Post.

“Eu sou Hillary Clinton e estou na corrida para ganhar”, reafirmou em New Hampshire a senadora de Nova Iorque

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Local36 • Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007

Urbanismo Aquisições aos privados atrasam intervenção

Uma das medidas do programa é fazer frente à insegurançaRequalifi cação ainda mal saiu do papel na Cova da MouraAutarquia da Amadora disposta a suportar 25 por cento do investimento total, estimado em 120 milhões de euros

a O programa de requalifi cação do bairro da Cova da Moura, na Amadora, ainda mal saiu do papel. O protocolo que formalmente deu início ao pro-jecto foi assinado em Novembro, mas enquanto a aquisição dos terrenos, nas mãos de privados, não estiver concluí-da, as obras difi cilmente andarão para a frente. O presidente da autarquia, o socialista Joaquim Raposo, começa a tecer críticas ao Governo: “Não aceito que anunciem iniciativas [no âmbito do programa] sem as concertar com a câmara.”

“Ainda não foi feito nada. De uma maneira geral foi assinado o protocolo. Enquanto não se resolverem as ques-tões do terreno, não se consegue pôr o programa em prática”, disse o pre-sidente das associações de Moradores e de Solidariedade Social do Alto da Cova da Moura, Ilídio Carmo.

Os 16,5 hectares de terreno que compõem o bairro são propriedade privada. A sua aquisição é um “pro-cesso urgente para que se possa dar início ao plano de intervenção”, lê-se no protocolo assinado em Novembro. Segundo o presidente da Câmara da Amadora, Joaquim Raposo, já foi feita uma “primeira abordagem” aos advogados que representam os proprietários, estando-se agora “na

fase de acerto dos valores propostos pela câmara”: 4000 a 5000 euros por cada um dos cerca de 900 fogos que existem na Cova da Moura.

O Laboratório Nacional de Engenha-ria Civil já se deslocou ao bairro a fi m de iniciar o levantamento das condi-ções de habitabilidade. É este diagnós-tico que irá permitir saber qual a área a demolir ou não e que, por sua vez, “constitui o ponto de partida do Plano de Pormenor que defi nirá as áreas a reabilitar e a manter no bairro”.

Segundo o ponto de situação feito ao PÚBLICO pelo gabinete de im-prensa do Ministério do Ambiente, o concurso público para elaboração do Plano de Pormenor da Cova da Moura deverá ser lançado durante o segundo semestre deste ano, devendo a inter-venção urbanística ter início “a partir de fi nais de 2008”.

Até lá, vão ser aplicados “pequenos melhoramentos” ao nível da recolha do lixo, sinalização, manutenção e pavimentação provisória das ruas de terra batida, o que, segundo o Minis-tério do Ambiente, deverá ter início “a partir do segundo semestre” des-de ano.

“Não tem medo?”, diz uma comer-ciante numa das entradas do bairro quando se lhe perguntou onde se si-tuava a Associação Moinho da Juven-tude. “Se não tem, então pode subir a rua e chegando lá acima pergunta.”

A PSP da Amadora reforçou a sua intervenção na Cova da Moura. Desde meados de Janeiro, 12 agentes calcor-reiam diariamente o bairro. Esta é, precisamente, uma das medidas do programa para fazer frente à violên-cia e ao tráfi co de droga.

“Ainda estamos numa fase embrio-nária, mas pode dizer-se que foi a primeira medida a ir para o terreno”, diz um dirigente da Associação de So-lidariedade Social da Cova da Moura, Manuel Rocha.

Segundo o Ministério do Ambiente, “a população tem manifestado o seu agrado, quer quanto ao reforço da segurança, quer em relação à manei-ra como a polícia intervém junto das populações”. O mesmo foi dito pelo vi-ce-presidente da Associação de Mora-dores do bairro, Jorge Humberto: “Há um sentimento de maior segurança.

Segundo Joaquim Raposo, deverão ser investidos no bairro um total de 120 milhões de euros. A última estima-tiva apontava para os 70 milhões.

Joaquim Raposo afi rma que a câ-mara está disponível a suportar 25 por cento dos 120 milhões, mas diz que espera que este valor “não conte

para a capacidade de endividamen-to”. Segundo o autarca, é preciso que o ponto “fi que claro através de um despacho”.

“A intervenção na Cova da Moura é muito complexa. É muito mais que rea-bilitação”, explicou. “A população ain-da não conseguiu sentir o programa. Mas estamos expectantes em relação à qualifi cação tendo em conta o Plano

de Pormenor”, diz a presidente da AMJ Juventude, Anabela Rodrigues.

O programa de acção para a Cova da Moura — que se insere na iniciati-va governamental “Bairros Críticos” que contempla ainda os bairros do Lagarteiro, no Porto, e o do Vale da Amoreira, na Moita — prevê, até 2001, a construção e reabilitação de casas, a valorização de novos espaços comer-ciais e a criação de equipamentos so-ciais, escolares e recreativos. Outra das vertentes do plano — que será o eixo para a criação da marca “Nova Cova da Moura” onde as palavras “seguro” e tranquilo” prometem fazer frente à fama de gueto do bairro – passa pelo combate à criminalidade e tráfi co de droga, regularização dos cidadãos estrangeiros e prevenção e combate à violência doméstica.

Além do Ministério do Ambiente es-tão envolvidos, para além da CM Ama-dora, os ministérios da Administração Interna, Trabalho e Solidariedade So-cial, Saúde, Educação e Cultura.

Alexandra Reis

Pelo menos este é o sentimento que recolho das pessoas.”

Contudo, Joaquim Raposo lamenta que este tipo de acções sejam feitas “à revelia da câmara”. O autarca não gos-tou de saber que a PSP já tinha iniciado a sua intervenção sem que fosse infor-mado. “Tomei conhecimento quando já estavam no bairro. Não posso ser o último a ser informado”, retorquiu.

Críticas da câmaraJoaquim Raposo diz ainda que não gostou que o Governo tivesse anun-ciado que iam ser instaladas Lojas da Juventude no bairro: “Não aceito que anunciem iniciativas sem as concertar com a câmara”. O autarca salvaguarda que não se opõe a estas medidas, mas que “é à câmara a quem compete a gestão do território”.

“Há muito voluntarismo e inexperi-ência por parte das pessoas que repre-sentam os ministérios. Tem que haver respeito em relação às competências de cada um”, acrescenta.

Joaquim Raposo, presidente da CM da Amadora, não admite que se anunciem iniciativas sem as concertar com a câmara

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120milhões de euros é o investimento do programa “Bairros Críticos”, que envolve também bairros no Porto e na Moita

5000euros é o valor máximo que a câmara está disposta a pagar por cada um dos 900 fogos existentes na Cova da Moura

16,5hectares é a área de terreno do bairro na mão de privados que terá de ser negociada

Custos do programa

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Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007 • 37

Jogador chinês do Benfi ca já sabe dizer obrigado em português e admira Rui Costa Desporto, página 48

A vida quotidiana em Timor no blogue de Ângela Carrascalão. Ontem, o fado de Coimbra a

distância. E a saudade.blogs.publico.pt/timor/

Câmara de Lisboa diz-se alheia a atrasos na reabertura de bombas de gasolina

Inês Boaventura

a A Câmara Municipal de Lisboa (CML) rejeita a responsabilidade por “muitos dos atrasos” no licenciamento das bombas de gasolina encerradas pe-la Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), afi rmando que se devem a “falta de informação” na transmissão dos processos pela Direc-ção-Geral de Energia ou ao facto de os processos estarem “incompletos”.

Segundo o gabinete de urbanismo da autarquia, foram 21 os processos de encerramento de postos de abasteci-mento de combustível enviados pela

Edilidade lisboeta atribui responsabilidade pelos atrasos no licenciamento à Direcção-Geral de Energia

Sete postos vão encerrar

ASAE para os serviços camarários em Maio de 2006. Nove meses depois, são várias as bombas de gasolina da cidade que continuam fechadas e que entre-tanto se transformaram em locais de estacionamento não autorizado, mas a CML garante que “muitos dos atrasos” lhe são “alheios”.

Segundo os números facultados ao PÚBLICO pela autarquia, dos 21 postos referidos sete são para desac-tivar, outros tantos estão em análise já com pareceres favoráveis, dois têm alvará emitido (um posto na Avenida Infante Dom Henrique e uma área de serviço no Eixo Norte-Sul, junto ao Alto da Faia) e três têm o projecto de arquitectura em análise. Há ainda um requerente que não iniciou o pro-cesso de licenciamento e outro que o abandonou.

A CML afi rma que “tudo tem feito para que o licenciamento seja célere e

cumpra os requisitos, tendo em conta o cumprimento das normas urbanís-ticas e a segurança dos utentes dos postos de abastecimento e dos muní-cipes”. Questionada sobre a demora na reabertura das bombas, a autar-quia justifi ca: A “falta de informação na transmissão dos processos entre a Direcção-Geral de Energia e a CML” e o facto de “muitos processos estarem incompletos”.

O gabinete de urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa esclarece que foi a partir de 2002 que herdou do Ministé-rio da Economia e Inovação as compe-tências na área do licenciamento dos postos de abastecimento de gasolina. Nessa altura, salienta a edilidade lisbo-eta, “existiam em Lisboa 230 bombas de gasolina, a maioria sem alvará ou com licenças caducadas há muito”, além de “muitas sem licença de uti-lização emitida pela CML”.

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Prémios do Euromilhões furtados em Queluz

a Um homem de 51 anos foi assalta-do na madrugada de ontem por três indivíduos que lhe roubaram cerca de mil euros em dinheiro de prémios do euromilhões, numa avenida de Que-luz, informou a PSP.

A vítima foi ameaçada com uma ar-ma e fi cou sem a mala que continha, segundo informações que prestou à polícia, cerca de mil euros em dinheiro e um cheque de valor superior a 500 euros. Segundo a PSP, os assaltantes puseram-se em fuga.

Em outro incidente, quatro homens arrombaram um cofre de uma residên-cia particular em Algés, furtando 11 mil euros em notas e 100 mil euros em cheques. O furto terá ocorrido cerca das 18h30 de sábado e os assaltantes fugiram numa viatura de marca Fiat e ainda não foram localizados. Lusa

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LocalPúblico • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007 • 39

Quem disse o quê? O quiz de Janeiro em www.publico.pt

Palácio da Pena vai passar a ser gerido pela empresa Parques de Sintra

Luís Filipe Sebastião

a O Palácio da Pena vai passar para a gestão da Parques de Sintra-Monte da Lua. O segundo monumento mais visitado da vila, mas o mais lucrati-vo em termos de receitas, faz parte dos planos governamentais para a viabilização fi nanceira da sociedade responsável pelos parques históricos sintrenses.

A Parques de Sintra-Monte da Lua (PSML) foi criada em 2000 com a missão de gerir os jardins históricos (Pena e Monserrate) e monumentos (Convento dos Capuchos e Castelo dos Mouros) situados na zona clas-sifi cada património mundial pela UNESCO. A sociedade é actualmente detida maioritariamente pelo Institu-to de Conservação da Natureza, com a participação da Câmara de Sintra, do Instituto Português do Património Arquitectónico (Ippar) e da Direcção-Geral dos Recursos Florestais.

Embora a PSML tenha fi cado com a gestão do parque da Pena, o palácio de infl uência manuelina e mourisca mandado construir por D. Fernando II, no século XIX, aproveitando estru-turas de um antigo mosteiro quinhen-tista, manteve-se na tutela do Ippar. É que o palácio edifi cado no topo da serra foi, segundo dados do instituto, o mais lucrativo dos monumentos de

Sintra em 2006, com perto de 1,3 mi-lhões de euros de receitas de bilhetei-ra, lojas e eventos.

Estes valores ultrapassaram o mi-lhão de euros no Palácio Nacional de Sintra, apesar de o singular monu-mento com as duas colossais chami-nés no centro histórico ter alcançado 391 mil visitantes, contra 382 mil na Pena. Em 2005, os dois palácios tive-ram, respectivamente, 361 mil e 331

mil visitas. Estes números só foram superados, de entre os 19 espaços culturais tutelados pelo Ippar, pelos 560 mil visitantes registados no ano passado no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, também classifi cado pela UNESCO.

O Governo decidiu, entretanto, que vários dos palácios que actualmente estão sob a tutela do Ippar vão passar para a esfera da gestão do novo Ins-tituto dos Museus e da Conservação. O Palácio da Pena vai ser um destes casos, mas o monumento mais lucra-tivo do país será depois confi ado à gestão da Parques de Sintra-Monte da Luz. A transferência da gestão do monumento, de acordo com uma fonte do Ippar, faz sentido, uma vez que “tanto o parque como o palácio são uma realidade única”.

Notável romantismoO director do Palácio da Pena, José Manuel Carneiro, não comenta, pa-ra já, a futura gestão pela Parques de Sintra-Monte da Luz, mas salienta que “o Palácio da Pena, no seu conjunto, é um exemplo notável do romantismo

no nosso país”. O responsável pelo palácio destaca, de entre os projec-tos concretizados, a ligação à rede de água e saneamento e a abertura da Sala do Óculo, espaço onde eram guardados os instrumentos de obser-vação astronómica da família real que ocupou os aposentos da Pena. E es-pera, este ano, remodelar a sinalética de tão importante monumento, mas também conseguir apoio de mecenas para reabilitar o Salão Nobre.

“Não se trata apenas de um pro-blema de recursos fi nanceiros, é uma questão de lógica de gestão cultural”, afi rma, por seu turno, António Lamas, presidente da Par-ques de Sintra-Monte da Lua, em relação à concentração da tutela da gestão daquele palácio e do parque na mesma entidade.

“Aquela unidade foi concebida em conjunto. Um sem o outro não faz sentido nenhum”, reforça aquele responsável, que há muitos anos, enquanto dirigente do instituto que antecedeu o Ippar, já havia defendido a união “do verde com a arquitectura” do Palácio da Pena.

Presidente da sociedade responsável pelos jardins históricos sintrenses justifica transferência com “lógica de gestão cultural”

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382mil visitas foram registadas em 2006 no palácio mais lucrativo do Ippar, o que representou um aumento de 51 mil visitantes

O Palácio da Pena foi mandado construir por D. Fernando II no séc. XIX

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AO director do Palácio da Pena, José Manuel Carneiro, concede que “a receita do palácio é importante para juntar à receita do parque, porque aumenta a capacidade da Monte da Lua para reabilitar a serra”. Desde Abril de 2006 que voltaram a ser entregues ao Ippar as verbas dos bilhetes de acesso ao palácio, depois de não terem sido transferidas durante dois anos, para ajudar na recuperação das coberturas e fachadas do Palácio de Monserrate. A PSML aguarda pela reorganização dos seus accionistas, que poderão passar a contar com o Instituto do Turismo, que permitiria a gerir a zona do Cabo da Roca e a concessão do palácio de Seteais.

Seteais na miraImportante receita para reabilitar a serra

Três náufragos resgatados com vida na Figueira da Foz

a Um helicóptero da Força Aérea Portuguesa resgatou com vida três tripulantes de um veleiro que se afundou, anteontem, ao fi nal da tarde, junto à Figueira da Foz. Já du-rante a madrugada, um acidente de viação em Águas Santas fez um mor-to e duas pessoas foram atropeladas mortalmente em Esposende.

Os três tripulantes do veleiro que naufragou à entrada do porto da Fi-gueira da Foz foram recolhidos por um helicóptero, que os transportou para o aeroporto da Portela. Segundo fonte do Centro de Coordenação de Busca e Salvamento Marítimo, o aler-ta de socorro foi dado pelos tripulan-tes do veleiro Way of Life, que fi cou sem máquina e sem vela, acabando por se afundar. Além da Força Aérea, participaram na operação de resgate a Polícia Marítima e os Bombeiros Municipais da Figueira da Foz.

Em Águas Santas, um jovem mor-reu e outro fi cou ferido num aciden-te de viação ocorrido na A3, junto à ponte sobre o rio Leça, no sentido Braga-Porto. De acordo com fonte dos bombeiros da Maia, a vítima mortal, com cerca de vinte e poucos anos, era o condutor da viatura, que se terá despistado. A mesma fonte explicou que o ferido foi transpor-tado para o Hospital de São João, no Porto, mas livre de perigo.

Em Forjães, no concelho de Espo-sende, um homem e uma mulher fo-ram atropelados mortalmente quando alegadamente seguiam para a missa dominical. Segundo fonte da Guarda Nacional Republicana, na sequência deste acidente aconteceu um outro, na freguesia vizinha de Marinhas, de que resultaram cinco feridos, entre os quais dois agentes da GNR que fi caram em estado grave.

O acidente mortal registou-se às 6h40, na EN103, quando uma viatura colheu um casal residente naquela freguesia. Uma patrulha da GNR de Esposende deslocou-se ao local para tomar conta da ocorrência e levou consigo o condutor do veículo que atropelara mortalmente as duas pessoas, para efectuar o teste de despistagem do álcool no posto da-quele concelho.

Já na zona das Marinhas, na EN13, a viatura da GNR acabou por colidir com uma outra, num acidente de que resultaram cinco feridos. Lusa

SÃO LUIZJAN~MARMOBY DICKATÉ 3 MARQUINTA E SEXTA ÀS 21H00 ~ SÁBADO ÀS 16H00 E ÀS 21H00SESSÕES PARA ESCOLAS ÀS QUARTAS ÀS 11H00 E ÀS 14H30

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Page 40: PÚBLICO de cara nova

Local40 • Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007

Habitação População das zonas antigas está a envelhecer

Os bairros antigos são procurados, mas os preços são elevados

JOÃ

O M

AT

OS

Reportagem

Filipa Bela

Os bairros históricos de Alfama e do Castelo parecem atrair moradores jovens, mas o mau estado e o preço das habitações constituem impedimento

a Os bairros antigos e históricos de Lisboa parecem continuar cada vez mais degradados e despovoados, ainda muito devido a uma insufi ciente aposta na reabilitação de espaços e edifícios e aos preços de habitação desadequados às possibilidades da maioria dos jovens, que assim se vêem obrigados a procurar casa nas zonas periféricas da capital.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), a população dos bairros históricos lisboetas está a envelhecer a um ritmo acelerado. Entre 1994 e 2001, Alfama, um dos bairros mais carismáticos da capital, perdeu mais de cinco mil habitantes, sendo que o número de jovens moradores também decresceu, constituindo esta franja apenas 15 por cento do total de residentes.

Estes dados parecem contrariar uma nova tendência anunciada de atracção pelas zonas mais antigas

da cidade, por parte de jovens que procuram a sua primeira casa. Ricardo Barreto, de 29 anos, mora perto da Igreja da Graça e é um dos casos que constitue, a excepção. “Morava em Odivelas com os meus pais, mas quando surgiu a vontade de vir morar sozinho e andei à procura de habitação própria, apaixonei-me por esta zona”, refere.

Ricardo Barreto já mora há dois anos com a namorada, numa “casa de duas assoalhadas, antiga e a pedir obras”, e mesmo assim assegura que “a renda mensal não é nada barata”. “Tenho muitos amigos que gostam desta zona e que até equacionam morar aqui, mas depois tudo se torna muito complicado.” Tudo isto porque a maioria das casas

encontra-se em “muito mau estado” de conservação, e mesmo as que já foram sujeitas a reabilitação de fachadas e interiores “estão a preços absolutamente absurdos”, explica Ricardo Barreto.

Casas degradadasA tipologia mais dominante dos fogos é de reduzida dimensão, e muitas vezes encontram-se demasiado degradados. As casas com uma ou duas assoalhadas constituem mais de 60 por cento do total existente, o que representa uma limitação no que diz respeito às reais necessidades actuais.

Apesar desse facto, e da existência de outros problemas, como a insegurança naqueles locais, e os transtornos de estacionamento automóvel para os residentes, Ricardo Barreto explica por que não trocaria esta casa por outra em sítio nenhum: “Já não me vejo a morar em outra zona. Isto aqui é tudo muito característico, o bom ambiente entre a vizinhança, o comércio de bairro, a roupa a secar nas janelas, é tudo diferente”, conclui, com ar divertido.

Alfama é o bairro mais antigo de Lisboa. Surgiu com os mouros, que ocuparam a região em torno das muralhas do castelo. Mais tarde foi habitado por pescadores e artesãos, e resistiu practicamente intacto ao terramoto de 1755. Neste sentido, conserva ainda hoje características de um bairro medieval, com a suas ruas estreitas e íngremes, repletas de igrejas e largos históricos. São estas particularidades que parecem atrair os turistas, visita habitual durante todo o ano. Segundo dados do observatório de Turismo de Lisboa, quase 73 por cento dos estrangeiros que debandam Lisboa acabam, obrigatoriamente, por passar por Alfama.

Foi nesta condição que Raúl Martín, espanhol, de 24 anos, conheceu o bairro e decidiu adoptá--lo como seu, quando há mais de seis meses chegou a Portugal para estudar ao abrigo do programa Erasmus, que permite o intercâmbio entre universitários de vários países.

Mora num apartamento alugado perto do Castelo de São Jorge e garante que planeia, assim que acabar o curso, comprar uma casa naquele bairro e ali viver. “É fantástico morar aqui, é estar no centro de Lisboa e sentir que se está em alguma aldeia do interior”, descreve, acrescentando que “ainda se vive muito o passado histórico, vive-se outros tempos, devido à proximidade do castelo.”

Este entusiasmo por um dos bairros mais característicos de

Lisboa, parece, ainda assim, não contagiar os seus moradores mais antigos. É com nostalgia que Amândio Garrido, de 77 anos, fala da sua Alfama de outros tempos.

“Isto está uma miséria; por este andar, daqui a uns anos não vê ninguém”, desabafa, referindo-se ao crescente envelhecimento do bairro. Conta mesmo que, no prédio onde vive há mais de 50 anos, a situação começa a ser muito preocupante: “Há dez anos viviam aqui 13 pessoas, agora somos apenas três residentes e todos acima dos 65 anos de idade.”

Aumento da insegurançaAmândio Garrido fala também de um sentimento crescente da insegurança, em grande parte devido ao despovoamento e ao envelhecimento do bairro. “Hoje em dia já não podemos viver descansados, pois à noite não se vê ninguém nas ruas, estamos sempre com medo de estar aqui isolados”, lamenta, para acrescentar que, “por aí, nessas zonas mais escondidas, o que se vê é só tráfi co de droga”.

A casa onde vive, de onde pode desfrutar da majestosa e desafogada

vista do Miradouro de Santa Luzia, situa-se num prédio já bastante degradado. Ainda assim, Amândio Garrido nem pensa em sugerir ao senhorio qualquer tipo de renovação ou remodelação. “Não podemos dar parte de fracos, senão acabam por nos tirar daqui, pois ainda constroem algum prédio de luxo e já não nos deixam voltar”, refere.

Também Maria da Conceição, de 72 anos, ouve as palavras do marido e questiona: “Não sei por que querem eles construir estes condominíos de luxo, se depois ninguém tem dinheiro para vir para aqui morar.” “Só se vê por aqui gente velha, e a verdade é que os jovens não têm interesse nisto”, comenta.

Carmona Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, tem dito que acredita numa renovação e no renascimento destes bairros históricos e tem reiterado a intenção de a autarquia encarregar-se de parte do processo de reabilitação e de tornar a habitação nestas zonas mais acessível aos jovens, através de concursos da EPUL, a rendas condicionadas e custos controlados.

Preços altos afastam jovens dos bairros históricos

“Isto está uma miséria; por

este andar, daqui a uns anos

não vê ninguém”, desabafa

um morador, referindo-se

ao crescente envelhecimento

do bairro onde vive

há mais de 50 anos

O que eles dizem

Acha que há muitos jovens a viver no centro de Lisboa?

Sofia GuerraExplicadora, 26 anos

“Há alguns, mas deveria haver mais. Mesmo com os concursos promovidos pela Empresa Pública de Urbanização de Lisboa, os actuais preços das casas são muito elevados para as possibilidades dos jovens.”

Bruno AugustoEmpregado de mesa, 24 anos

“Acho que sim, mas principalmente habitam em casas alugadas.

São poucos os que conseguem ter casa própria.”

Page 41: PÚBLICO de cara nova

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Tão harmoniosa que nos deixa semrespiração, precisa, bem executada, éassim conhecida pelo público a WienerGala Strauss. A 3, 4 e 5 de Março 2007,às 21h, Lisboa terá pela terceira vez apossibilidade de desfrutar a produçãooriginal austríaca da Da Capo, na AulaMagna da Universidade de Lisboa.

Coreógrafa do Concerto de Ano

Novo de VienaSeis pares da companhia de ballet

austríaco K&K dançarão a coreografiade Gerlinde Dill, coreógrafa do conhe-cido Concerto de Ano Novo de Vienadurante mais de 20 anos.

Serão também protagonistas desteespectáculo, avaliado por mais de500.000 espectadores como a “tournée”com mais êxito da Europa, os 58 músi-cos da orquestra Filarmónica K&K.

Kendlinger dirige aFilarmónica K&K

A Direcção Musical estará nova-mente a cargo do fundador da orque-stra, Matthias Georg Kendlinger. EsteDirector de 41 anos já se apresentou,entre outras, nas salas de concerto deOslo, Copenhaga, Paris, Berlim, Ma-drid e Viena.

No passado dia 9 de DezembroMatthias Georg Kendlinger dirigiu umprograma de Strauss na Sala Douradado Musikverein de Viena. O públicolevantou-se por duas vezes para ova-cionar a interpretação da FilarmónicaK&K, situação que não é habitual nestaprestigiosa sala.

Será apresentada ao público umaselecção das eternas melodias de

Strauss. O novo programa donde cer-tamente não faltarão as favoritas desempre “Radetzkymarsch” e “O Danú-bio Azul”.

O Danúbio AzulMonika Rebholz, a encantadora

Soprano, dona de uma voz previlegiada- que cantou nomeadamente na Stutt-

garter Staatsoper - interpretará temascomo por exemplo “So elend un sotreu” da aclamada opereta “O BarãoCigano”.

Em Janeiro de 2006 os dois concertosoferecidos a Lisboa esgotaram-seextraordinariamente rápido após aabertura de bilheteiras. Por esta razãorecomendamos-lhe a adquirir as suasentradas com suficiente antecipação.

“WIENER GALA STRAUSS“ NA AULA MAGNA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA

Noites de Viena em Lisboa

“Wiener Gala Strauss” na Aula Magna da Universidade de Lisboa, 3, 4 e 5 Março 21h

Maestro Matthias Georg Kendlinger Soprano Monika Rebholz

Xardas pelo Ballet Austríaco K&K

I M P R E N S A

... Com um programa ágil e bemdelineado, a produtora Da Capodemonstrou conhecer perfeita-mente o público dos seus concer-tos, que procura passar um bommomento a trautear as conhecidasmelodias vienenses. O público ficou maravilhado e aplaudiu comentusiasmo até conseguir 3 "enco-res"...

El Diaro Vasco, San Sebastián

... Uma gala que nada teve ainvejar aos tradicionais concertosde Ano Novo de Viena. A produçãoaustríaca não desiludiu e o públicode Salamanca saiu satisfeito e como sentimento de ter assistido a umconcerto memorável...

La Gaceta, Salamanca

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Page 42: PÚBLICO de cara nova

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Convocam-se os sócios da sociedade Manuel dos Santos, Ld.ª, com sede na Avenida Eng.º Vieira da Silva, Galerias Saldanha Residence, loja 1.32/3, freguesia de S. Jorge de Arroios, concelho de Lisboa, pessoa colectiva n.º 502210419, matriculada na 4.ª Secção da Conservatória do Registo Comercial de Lisboa, com o capital social de € 49.879,79 (quarenta e nove mil oitocentos e setenta e nove euros e setenta e nove cêntimos) para a reunião da Assembleia Geral que terá lugar na sede social, no próximo dia 30 de Março de Março, pelas 19.00 horas, com a seguinte ordem de trabalhos:

1 - Deliberar e votar o projecto de fusão por incorporação das sociedades Comporel - Companhia Portuguesa de Relojoaria, Ld.ª e Twin Towers - Comércio de Relojoaria, Ld.ª, na socie-dade Manuel dos Santos, Ld.ª, que é rigorosamente idêntico ao projecto de fusão apresentar nas assembleias gerais das socieda-des incorporadas e que corresponde integralmente ao projecto de fusão registado na Conservatória do Registo Comercial dc Lisboa, mediante transferência da totalidade do património das sociedades incorporadas para a sociedade incorporante.

Dá-se ainda conhecimento aos sócios e credores sociais de ter sido já registado na 4.ª Secção da Conservatória do Registo Comercial de Lisboa o referido projecto de fusão e de que este e a respectiva documentação anexa, se encontram à disposição para consulta na sede social.Assiste aos credores o direito de se oporem à fusão, nos termos do artigo 101.º-A do Código das Sociedades Comerciais.A presente convocatória constitui, igualmente, um aviso aos cre-dores.

Lisboa, 5 de Fevereiro de 2007

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Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007 • 43

DIVERSOS1.º JUÍZO DE FAMÍLIA

E MENORES DE LISBOA

ANÚNCIO

2.ª SECÇÃOProcesso: 870/03.0TMLSB

Divórcio Litigioso

Autor: Maria Isabel Pires Martins Pereira.Réu: Rui Micael de O. Simplício da Silva Pereira.Nos autos acima identifi cados, cor-rem éditos de 30 dias, contados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o(a) ré(u) Rui Mi-cael de O. Simplício da Silva Pereira, com última residência conhecida em domicílio: Rua Luís Gomes, 59-R/c, Mina-Amadora, 2700-000 Amadora, para no prazo de 30 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a presente acção de Divórcio, visto que não existe uma relação familiar entre autora e réu, não existindo também qualquer intenção de a restabelecer, tendo por fundamento a separação de facto ininterrupta com indicação de que a falta de contestação não importa a confi ssão dos factos arti-culados pelo(s) autor(es) e que em substância o pedido consiste no de-cretar do divórcio entre autora e réu declaração deste último como único culpado, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.Fica advertido de que é obrigatória a constituição de mandatário judicial.N/Referência: 2015893Lisboa, 06-02-2007

A Juíza de DireitoDr.ª Augusta Maria Pinto Ferreira

Rodrigues PalmaO Ofi cial de JustiçaMário Jorge Ribeiro

PÚBLICO, 12/02/2007 - 1.ª Pub.

MUNICÍPIO DE PALMELACÂMARA MUNICIPAL

EDITAL05/DGAF/2007

CONTROLO DE QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO - 2.º TRIMESTRE DE 2006ANA TERESA VICENTE CUSTÓDIO DE SÁ, Presidente da Câmara Municipal de Palmela:Torna público, nos termos da alínea h), do n.º 1, do artigo 8.º, do Decreto-Lei 243/01, de 5 de Setembro, os resultados das análises de demonstração de conformidade, obtidos em colheitas de água na rede pública de distribuição de água, de acordo com o Plano de Controlo de Qualidade, aprovado pelo Instituto de Águas e Resíduos, que se anexam ao presente Edital.Para constar se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ter a costumada publicitação.E eu, José Manuel Monteiro, Director do Departamento de Administração-Geral e Finanças, o subscrevi.Câmara Municipal de Palmela, 31 de Janeiro de 2007

A Presidente da Câmara - Ana Teresa VicenteO Director do Departamento - José Manuel Monteiro

Demonstração de conformidade de acordo com o art.º 8.º n.º 1 al. h) do D.L. 243/01 de 5 de SetembroDe forma a dar cumprimento ao estipulado no D.L. 243/01 de 5 de Setembro, a C.M.P. realizou 58 colheitas de água na rede pública de distribuição de água de acordo com o plano de controlo de qualidade aprovado pelo organismo competente, Instituto Regulador de Águas e Resíduos. Controlo de Rotina 1 Unidades N.º de Amostras Máximo Mínimo VLE - Decreto-Lei 243/01 N.º de Amostras >V.P. Cloro Residual mg/l 58 0,46 0,1 - - Escherichia coli /100ml 58 0 0 0 0 Bactérias Coliformes N/ml 58 4 0 0 5 Controlo de Rotina 2 Azoto Amoniacal mg/l NH4 22 0,02 <0,02 0,5 0 N.º de colónias a 22º N/ml 30 >300 <1 s/alteração anormal - N.º de colónias a 37º N/ml 30 150 <1 s/alteração anormal - Condutividade µS/cm 22 649 126 2500 0 Cor mg/l PtCo 22 8,1 <2 20 0 pH unidade de pH 22 7,7 6,2 6,5=<pH=<9 2 Nitratos mg/l NO3 22 33 <10 50 0 Nitritos mg/l NO2 22 <0,025 <0,025 0,5 0 Oxidabilidade mg/l O2 22 1,2 <1 5 0 Cheiro a 25º C Factor diluição 22 2 0 3 0 Sabor a 25º C Factor diluição 22 2 0 3 0 Turvação UNT 22 16 <0,5 4 1 Manganês mg/l Mn 22 0,11 <0,015 0,05 2 Controlo de Inspecção Alumínio µg/l Al 8 <60 <60 200 0 Clostridium Perfringens UFC/100ml 8 0 0 0 0 Antimónio µg/l Sb 8 <5 <5 5 0 Arsénio µg/l As 8 <10 <10 10 0 Benzeno µg/l 8 <0,5 <0,5 1 0 Benzopireno µg/l 8 <0,005 <0,005 0,01 0 Boro mg/l B 8 <0,3 <0,3 1 0 Bromatos µg/l BrO3 8 <2 <2 10 0 Ferro µg/ Fe 8 467 14 200 1 Cádmio µgl/l Cd 8 <1,5 <1,5 5 0 Chumbo µg/l Pb 8 <5 <5 25 0 Cianetos µg/l Cn 8 <10 <10 50 0 Cloretos mg/l Cl 8 41 23 250 0 Cobre mg/l Cu 8 0,04 <0,01 2 0 Crómio µg/l Cr 8 <15 <15 50 0 1,2 dicloroetano µg/l 8 <0,5 <0,5 3 0 Enterococos N/100ml 8 0 0 0 0 Fluoretos mg/l F 8 0,1 <0,1 1,5 0 Mercúrio µg/l Hg 8 <1 <1 1 0 Níquel µg/l Ni 8 <20 <20 20 0 Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos µg/l 8 <0,005 <0,005 0,1 0 Selénio µg/l Se 8 <10 <10 10 0 Sulfatos mg/l SO4 8 10 <8 250 0 Tetracloroeteno e tricloroeteno µg/l 8 <0,5 <0,5 10 0 Tri-halometanos total µg/l 8 77 <10 150 0 Acrilamida µg/l 8 <0,1 <0,1 0,1 0 Epicloridrina µg/l 8 <0,1 <0,1 0,1 0 Cloreto de Vinilo µg/l 8 <0,2 0 0,5 0 Sódio mg/l Na 8 25,5 <5 200 0 2,4 D µg/l 8 <0,1 <0,1 0,1 0 Alacloro µg/l 8 <0,1 <0,1 0,1 0 Atrazina µg/l 8 <0,1 <0,1 0,1 0 Bentazona µg/l 8 <0,1 <0,1 0,1 0 Desetilatrazina µg/l 8 <0,1 <0,1 0,1 0 Desetilterbutilazina µg/l 8 <0,1 <0,1 0,1 0 Dimetoato µg/l 8 <0,1 <0,1 0,1 0 EPTC µg/l 8 <0,1 <0,1 0,1 0 Linurão µg/l 8 <0,1 <0,1 0,1 0 Pendimetalina µg/l 8 <0,1 <0,1 0,1 0 S-metalacloro µg/l 8 <0,1 <0,1 0,1 0 Terbutilazina µg/l 8 <0,1 <0,1 0,1 0

Controlo de Rotina 1Os incumprimentos registados foram alvo de repetição da análise e não se confi rmaram.

Controlo de Rotina 2Os incumprimentos registados ao nível do parâmetro pH foram de imediato corrigidos através do ajuste do tratamento.Os incumprimentos ao parâmetro manganês foi uma situação pontual.O incumprimentos ao parâmetro turvação foi registado devido a uma ruptura.

Controlo de InspecçãoO incumprimento do parâmetro ferro encontra-se relacionado com a rede predial.

4.º Juízo Cíveldo Porto

4.º Juízo - 2.ª Secção

ANÚNCIOProcesso: 1706/06.6TJPRT.Acção de Processo Sumário.Autora: OPTIMUS - TELECOMUNI-CAÇÕES, S.A.Ré: SERRALHARIA EDUARDO VIEIRA, LDA.Nos autos acima identifi cados, correm éditos de 30 dias, contados da data da segunda e última pu-blicação do anúncio, citando a Ré: SERRALHARIA EDUARDO VIEIRA, LDA., NIF: 501783318, domicílio: Rua da Tascoa, n.º 42 - A, Massa-má, 2745-852 Queluz, com última residência conhecida na morada indicada, para, no prazo de 20 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a acção, com a cominação de que a falta de contes-tação importa a confi ssão dos factos articulados pela autora e que em substância o pedido consiste em ser a Ré condenada a pagar à Autora a quantia de 6263,79 €, acrescida dos juros vincendos contados, à taxa legal supletiva estipulada para os juros comerciais, sobre o montante de 5438,85 €, até efectivo e integral pagamento, custas e procuradoria, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à dispo-sição da citanda.Fica advertida de que é obrigatória a constituição de mandatário judicial.01.02.2007

O Juiz de DireitoDr. Paulo Duarte de Mesquita Teixeira

A Ofi cial de JustiçaCarla Vaz

PÚBLICO, 2007.02.12

4.º Juízo Cíveldo Porto

4.º Juízo - 3.ª Secção

ANÚNCIOProcesso: 1268/06.4TJPRT.Acção de Processo Sumário.Autora: OPTIMUS - TELECO-MUNICAÇÕES, S.A.Réu: PEDRO MIGUEL GO-MES DIAS CARDOSO.Nos autos acima identifi ca-dos, correm éditos de 30 dias, contados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o Réu: PEDRO MIGUEL GOMES DIAS CARDOSO, domicílio: Rua S. João, 936 A, Boa Água 1, 2795-158 Quinta do Conde, com última residên-cia conhecida na morada indicada, para, no prazo de 20 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a acção, e que em substância o pedido consiste no pagamento da quantia de 6614,18 €, acrescida de juros vincendos e custas, tudo como melhor consta do du-plicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.Fica advertido de que é obrigatória a constituição de mandatário judicial.

25.01.2007

A Juíza de DireitoDra. Maria Gorette Roxo Pinto

Baldaia de MoraisA Ofi cial de Justiça

Regina Pinheiro

PÚBLICO, 2007.02.12

TRIBUNAL DEFAMÍLIA E MENORES E DE COMARCA DE

LOURES1.º Juízo Família e MenoresProcesso: 7889/05.5TCLRS

ANÚNCIODivórcio LitigiosoAutora: Ana Morgado Fer-reira BuleRéu: José Manuel Evaristo BuleNos autos acima identifi ca-dos, correm éditos de 30 dias, contados da data da segunda e última publica-ção do anúncio, citando o réu José Manuel Evaristo Bule, com última residência conhecida em domicílio: R. Laureano de Oliveira, N.º 18 - 1.º Esq.º, Loures, 1885 Moscavide, para no prazo de 30 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a presente acção, com a indicação de que a falta de contestação não im-porta a confi ssão dos factos articulados pelo(s) autor(es) e que em substância o polido consiste, tudo como melhor consta do duplicado da pe-tição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.Fica advertido de que é obrigatória a constituição de mandatário judicial.N/ Referência: 5300855Loures, 08-02-2006.

A Juíza de DireitoDr.ª Alcina da Costa Ribeiro

A Ofi cial de JustiçaDulce Pinheiro

PÚBLICO, 12/02/2007 - 1.ª Pub.

JUÍZOS CRIMINAIS EDE PEQUENA INSTÂNCIA

CRIMINAL DE LOURES

ANÚNCIO

4.º Juízo CriminalProcesso: 142/04.3GCLRS

Processo Comum (Tribunal Singular)

A Mma. Juíza de Direito Dra. Ana Clara Serra Baptista, do 4.º Juízo Criminal - Juízos Criminais e de Pequena Ins-tância Criminal de Loures:FAZ SABER que no Processo Comum (Tribunal Singular) n.º 142/04.3GCLRS, pendente neste Tribunal contra o(a) arguido(a) Lilian Vasylka fi lho(a) de Georgé Vasylka e de Elena Yasylka nascido em 31-08-1971 estado civil: Casado (regime: Desconhecido), profi ssão: Motorista de Automóveis Ligeiros - Mercadorias, Passaporte - 09492- Fed. Rus domicílio: Rua do Barril - Asseiceira Pequena, Malveira, 2665-239 Mafra, o(a) qual foi acusado pela prática do(s) seguinte(s) crime(s): 1 crime(s) de Condução de veículo em estado de embriaguez, p.p. pelo art.º 292.º do C. Penal, praticado em 15-02-2004; é o(a) mesmo(a) declarado(a) contumaz, nos termos dos art.ºs 335.º, 337.º todos do C. P. Penal.A declaração de contumácia, que caducará com a apresentação do(a) arguido(a) em juízo ou com a sua detenção, tem os seguintes efeitos: a) Suspensão dos termos ulteriores do processo até à apresentação ou detenção do(a) arguido(a), sem prejuí-zo da realização de actos urgentes nos termos do art.º 320.º do C. P. Penal; b) Anulabilidade dos negócios jurídicos de natureza patrimonial celebrados pelo(a) arguido(a), após esta decla-ração; c) Proibição de obter quaisquer documentos, certidões ou registos junto de autoridades públicas.N/Referência: 2015893Loures, 02-02-2007

A Juíza de DireitoDr.ª Ana Clara Serra Baptista

A Escrivã AdjuntaPaula Henriques

PÚBLICO, 12/02/2007 - 1.ª Pub.

Tribunal Judicialde Évora

2.º Juízo Cível

ANÚNCIOProcesso: 245/07.2TBEVR.Carta Precatória (Distribuída).N/Referência: 823012.Exequente: AXA PORTUGAL - COMPANHIA DE SEGUROS.Executado: MARIA PALMIRA MENDES COELHO ROCHA.Processo de origem: de Execução Sumária, Processo n.º 22503-A/1996 – de Lisboa – Pequena Inst. Cível (liq), 8.º Juízo.Nos autos acima identifi cados foi designado o dia 08.03.2007, pelas 13.30 horas, neste Tribunal, para a abertura de propostas, que sejam entregues até esse momento, na Secretaria deste Tribunal, pelos interessados na compra dos seguintes bem bens:1. Uma aparelhagem, de marca “Pioneer”, modelo J-510, com rádio, leitor de cassetes (duplo-deck), leitor com capacidade para seis cd’s, um amplifi cador e duas colunas, em bom estado de conservação, ao qual foi atribuído o valor de 500,00 €; 2. Uma televisão, de marca “Nokia” ecrã pequeno a “cores”, com comando à distância em bom estado de conservação. Ao qual foi atribuído o valor de 100,00 €.Penhorados à Executada MARIA PALMIRA MENDES COELHO ROCHA, domicílio: Rua 25 de Abril, n.º 30, Valverde, 7000 Évora.Valor total dos bens penhorados é atribuído o valor de € 600,00.Valor de venda a anunciar:Verba 1: € 350,00 (art.º 889 n.º 2 do C.P.Civil); Verba 2: € 70,00 (art.º 889 n.º 2 do C.P.Civil).

05.02.2007

A Juíza de DireitoDra. Ana Mafalda Sequinho dos Santos

O Ofi cial de JustiçaPedro Ascenção

PÚBLICO, 2007.02.12

TWIN TOWERS - Comércio de Relojoaria, Ld.ª

CONVOCATÓRIA

Convocam-se os sócios da sociedade Twin Towers - Comércio de Relojoaria, Ld.ª, com sede no Centro Comercial Fonte Nova, loja 49, Estrada de Benfi ca, 503, freguesia de São Domingos de Benfi ca, concelho de Lisboa, pessoa colectiva n.º 505762978, matriculada na 3.ª Secção da Conservatória do Registo Comercial de Lisboa, com o capital social de € 15.000,00, para a reunião da Assembleia Geral que terá lugar na sede social, no próximo dia 30 de Março de 2007, pelas 19.00 horas, com a seguinte ordem de trabalhos:

1 - Deliberar e votar o projecto de fusão por incorporação da socie-dade Twin Towers - Comércio de Relojoaria, Lda, e da sociedade Comporel - Companhia Portuguesa de Relojoaria, Lda, na socieda-de Manuel dos Santos, Ld.ª, e da sociedade Comporel - Companhia Portuguesa de Relojoaria, Ld.ª, que é rigorosamente idêntico ao projecto de fusão a apresentar nas assembleias gerais da sociedade incorporante e da sociedade incorporada Comporel - Companhia Portuguesa de Relojoaria, Ld.ª e que corresponde integralmente ao projecto de fusão registado na Conservatória do Registo Comercial de Lisboa, mediante transferência da totalidade do património das sociedades incorporadas para a sociedade incorporante.

Dá-se ainda conhecimento aos sócios e credores sociais de ter sido já registado na 3.ª Secção da Conservatória do Registo Comercial de Lisboa o referido projecto de fusão e de que este e a respectiva documentação anexa, se encontram à disposição para consulta na sede social.Assiste aos credores o direito de se oporem à fusão, nos termos do artigo 101.º-A do Código das Sociedades Comerciais.A presente convocatória constitui, igualmente, um aviso aos credo-res.

Lisboa, 5 de Fevereiro de 2007

A GerênciaTWIN TOWERS, Ld.ª

Assinatura Ilegível

Page 44: PÚBLICO de cara nova

44 • Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007

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Obras �

Fornecimentos xServiços �

O concurso está abrangido pelo Acordo sobre Contratos Públicos (ACP)?NÃO x SIM �SECÇÃO I: ENTIDADE ADJUDICANTEI.1) DESIGNAÇÃO E ENDEREÇO OFICIAIS DA ENTIDADE ADJUDICANTEOrganismo À atenção deValnor-Valorização e Tratamento de ResíduosSólidos, S.A.Endereço Código postalCentro Integrado de Valorização e Tratamento 7440-999 Alter do Chãode Resíduos Sólidos de Avis/Fronteira.Herdade do Meloeiro. Freguesia de Figueirae Barros. Apartado 48Localidade/cidade PaísConcelho de Avis PortugalTelefone Fax245 610 040 245 619 003Correio electrónico Endereço internet (URL)[email protected] www.valnor.ptI.2) ENDEREÇO ONDE PODEM SER OBTIDAS INFORMAÇÕES ADICIONAISindicado em I.1 x Se distinto, ver anexo A I.3) ENDEREÇO ONDE PODE SER OBTIDA A DOCUMENTAÇÃOindicado em I.1 x Se distinto, ver anexo A I.4) ENDEREÇO PARA ONDE DEVEM SER ENVIADOS AS PROPOSTAS/PEDIDOS DE PARTICIPAÇÃOindicado em I.1 x Se distinto, ver anexo A I.5) TIPO DE ENTIDADE ADJUDICANTE (informação não indispensável à publicação do anúncio)Governo central � Instituição Europeia �Autoridade regional/local � Organismo de direito público � Outro xSECÇÃO II: OBJECTO DO CONCURSOII.1) DESCRIÇÃOII.1.1) Tipo de contrato de obras (no caso de um contrato de obras)Execução � Concepção e execução �Execução, seja por que meio for, de uma obra que satisfaça as necessidades indicadas pela entidade adjudicante �II.1.2) Tipo de contrato de fornecimentos (no caso de um contrato de fornecimentos)Compra x Locação � Locação fi nanceira � Locação-venda � Combinação dos anteriores �II.1.3) Tipo de contrato de serviços (no caso de um contrato de serviços)Categoria de serviços ��II.1.4) Trata-se de um contrato-quadro? (informação não indispensável à publicação do anúncio) NÃO � SIM �II.1.5) Designação dada ao contrato pela entidade adjudicante (informação não indispensável à publicação do anúncio)Fornecimento e Montagem de um Grupo Móvel de Crivagem para o Sistema Multimunicipal do Norte Alentejano.II.1.6) Descrição/objecto do concursoAquisição e montagem de um grupo móvel de crivagem transportado por tractor (semi-trailer)II.1.7) Local onde se realizará a obra, a entrega dos fornecimentos ou a prestação de serviços Distrito de Portalegre, concelho de Avis. Centro Integrado de Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos de Avis/Fronteira. Herdade do Meloeiro. Freguesia de Figueira e Barros.Código NUTS (informação não indispensável à publicação do anúncio): 182.II.1.8) NomenclaturaII.1.8.1) Classifi cação CPV (Common Procurement Vocabulary) * (informa-ção não indispensável à publicação do anúncio) Vocabulário principal Vocabulário complementar (se aplicável)Objecto principal ��.��.��.��-� ����-� ����-� ����-�Objectos ��.��.��.��-� ����-� ����-� ����-�complementares ��.��.��.��-� ����-� ����-� ����-� ��.��.��.��-� ����-� ����-� ����-� ��.��.��.��-� ����-� ����-� ����-�II.1.8.2) Outra nomenclatura relevante (CPA/NACE/CPC) **________________________II.1.9) Divisão em lotes (Para fornecer informações sobre os lotes utilizar o número de exemplares do anexo B necessários)NÃO x SIM �Indicar se se podem apresentar propostas para: um lote � vários lotes � todos os lotes �II.1.10) As variantes serão tomadas em consideração? (se aplicável)NÃO x SIM �II.2) QUANTIDADE OU EXTENSÃO DO CONCURSOII.2.1) Quantidade ou extensão total (incluindo todos os lotes e opções, se aplicável)Indicada em II.1.6.II.2.2) Opções (se aplicável). Descrição e momento em que podem ser exercidas (se possível)__________________________________________________________II.3) Duração do contrato ou prazo de execução Indicar o prazo em meses �� e/ou em dias ��� a partir da data da consignação (para obras) em dias 090 a partir da decisão de adjudicação (para fornecimentos e serviços) Ou: Início ��/��/���� e/ou termo ��/��/���� (dd/mm/aaaa)SECÇÃO III: INFORMAÇÕES DE CARÁCTER JURÍDICO, ECONÓMICO, FINANCEIRO E TÉCNICOIII.1) CONDIÇÕES RELATIVAS AO CONCURSOIII.1.1) Cauções e garantias exigidas (se aplicável)A caução é de 5% do total da Adjudicação, excluindo o IVA, e será pres-tada na data da celebração do contrato, por depósito em dinheiro ou em títulos emitidos ou garantidos pelo Estado, ou mediante garantia bancária ou seguro caução.III.1.2) Principais modalidades de fi nanciamento e pagamento e/ou referência às disposições que as regulam (se aplicável) Os pagamentos ao adjudicatário serão efectuados no prazo de 60 (sessenta) dias a contar da data de aceitação dos equipamentos e emissão das respectivas facturas, desde que as mesmas tenham tido a aprovação da entidade adjudicante.III.1.3) Forma jurídica que deve revestir o agrupamento de empreiteiros, de fornecedores ou de prestadores de serviços (se aplicável)Os concorrentes podem ser empresas ou agrupamentos de empresas, residen-tes ou não residentes em território nacional, sem qualquer modalidade jurídica de associação no momento em que se apresentem a concurso desde que declarem a intenção em caso de adjudicação de se associarem em Consórcio Externo ou Agrupamento Complementar de Empresas, em qualquer dos casos, em regime de responsabilidade solidária dos consorciados ou agrupados, entre si e com o Consórcio ou Agrupamento.III.2) CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO III.2.1) Informações relativas à situação do empreiteiro/do fornecedor/do prestador de serviços e formalidades necessárias para avaliar a capacida-de económica, fi nanceira e técnica mínima exigidaSó serão admitidos concorrentes que, à data da entrega da proposta satisfaçam as condições previstas no artigo 33.º do Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de Junho.III.2.1.1) Situação jurídica - documentos comprovativos exigidosOs indicados no programa de concursoIII.2.1.2) Capacidade económica e fi nanceira - documentos comprovativos exigidosOs indicados no programa de concurso III.2.1.3) Capacidade técnica - documentos comprovativos exigidosOs indicados no programa de concurso.III.3) CONDIÇÕES RELATIVAS AOS CONTRATOS DE SERVIÇOSIII.3.1) A prestação do serviço está reservada a uma determinada profi ssão?NÃO � SIM �Em caso afi rmativo, referência às disposições legislativas, regulamentares ou administrativas relevantes______________________________________________________

III.3.2) As entidades jurídicas devem declarar os nomes e qualifi cações profi ssionais do pessoal responsável pela execução do contrato?NÃO � SIM �SECÇÃO IV: PROCESSOSIV.1) TIPO DE PROCESSOConcurso público xConcurso limitado �Concurso limitado com publicação de anúncio �Concurso limitado sem publicação de anúncio �Concurso limitado por prévia qualifi cação �Concurso limitado sem apresentação de candidaturas �Concurso limitado urgente �Processo por negociação �Processo por negociação com publicação prévia de anúncio �Processo por negociação sem publicação prévia de anúncio �Processo por negociação urgente �IV.1.1) Já foram seleccionados candidatos? (apenas para processos para negociação e se aplicável)NÃO � SIM �Em caso afi rmativo, usar Informações adicionais (secção VI) para informações complementaresIV.1.2) Justifi cação para a utilização do procedimento acelerado (se aplicável)__________________________________________________________IV.1.3) Publicações anteriores referentes ao mesmo projecto (se aplicável) IV.1.3.1) Anúncio de pré-informação referente ao mesmo projectoNúmero do anúncio no índice do Jornal Ofi cial da União Europeia����/S ���-������� de ��/��/���� (dd/mm/aaaa)ou para processos abaixo do limiarno Diário da República ������ III Série����/���� de ��/��/���� (dd/mm/aaaa)IV.1.3.2) Outras publicações anterioresNúmero do anúncio no índice do Jornal Ofi cial da União Europeia����/S ���-������� de ��/��/���� (dd/mm/aaaa)ou para processos abaixo do limiarno Diário da República ������ III Série����/���� de ��/��/���� (dd/mm/aaaa)IV.1.4) Número de empresas que a entidade adjudicante pretende convidar a apresentar propostas (se aplicável)Número �� ou Mínimo ��/ Máximo ��IV.2) CRITÉRIOS DE ADJUDICAÇÃOA) Preço mais baixo �Ou:B) Proposta economicamente mais vantajosa, tendo em conta xB1) os critérios a seguir indicados (se possível, por ordem decrescente de importância) xa) - Valor Técnico - 45% � Características Técnicas � Legalização dos equipamentos; Documentação Técnicab) - Preço - 35%c) - Nível de garantia e Assistência - 20% � Prazo de garantia � Garantia de manutenção e assistência futura, Efi ciência nas reparações e

fornecimento de peças, fornecimento de peças para os anos seguintesPor ordem decrescente de importância NÃO � SIM xouB2) os factores indicados no caderno de encargos �IV.3) INFORMAÇÕES DE CARÁCTER ADMINISTRATIVOIV.3.1) Número de referência atribuído ao processo pela entidade adjudi-cante (informação não indispensável à publicação do anúncio)__________________________________________________________IV.3.2) Condições para a obtenção de documentos contratuais e adicionaisData-limite de obtenção ��/��/���� (dd/mm/aaaa) ou … dias a contar da publicação do anúncio no Diário da República (NOTA: Pôr a mesma data que em IV.3.3)Custo (se aplicável): 150 Moeda: eurosCondições e forma de pagamento:Contra carta timbrada, e pagamento em numerário ou cheque, à ordem da Val-nor - Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos, S.A., no acto da entrega.IV.3.3) Prazo para recepção de propostas ou pedidos de participação (consoante se trate de um concurso público ou de um concurso limitado ou de um processo por negociação)��/��/���� (dd/mm/aaaa) ou ��� dias a contar do envio do anúncio para o Jornal Ofi cial da União Europeia ou da sua publicação no Diário da RepúblicaHora (se aplicável) 17 horas (NOTA: 15 dias seguidos a contar da data da pu-blicação do anúncio relativo ao presente concurso no Diário da República)IV.3.4) Envio dos convites para apresentação de propostas aos candidatos seleccionados (nos concursos limitados e nos processos por negociação)Data prevista ��/��/���� (dd/mm/aaaa)IV.3.5) Língua ou línguas que podem ser utilizadas nas propostas ou nos pedidos de participaçãoES DA DE EL EN FR IT NL PT FI SV Outra - país terceiro� � � � � � � � x � � _______________IV.3.6) Prazo durante o qual o proponente deve manter a sua proposta (no caso de um concurso público)Até ��/��/���� (dd/mm/aaaa) ou �� meses e/ou 060 dias a contar da data fi xada para a recepção das propostasIV.3.7) Condições de abertura das propostasIV.3.7.1) Pessoas autorizadas a assistir à abertura das propostas (se aplicável)Ao acto público pode assistir qualquer interessado, apenas podendo nele intervir os concorrentes e seus representantes, devidamente credenciados até ao máximo de dois por concorrente.IV.3.7.2) Data, hora e localData ��/��/���� (dd/mm/aaaa), ____________dias a contar da publicação do anúncio no Diário da República ouNo dia útil seguinte à data-limite para a apresentação de propostas xHora: 17 horas. Local: Morada da Entidade Adjudicante indicada em I.1.).SECÇÃO VI: INFORMAÇÕES ADICIONAISVI.1) Trata-se de um anúncio não obrigatório?NÃO x SIM �VI.2) Indicar, se for caso disso, se se trata de um concurso periódico e o calendário previsto de publicação de próximos anúncios__________________________________________________________VI.3) O presente contrato enquadra-se num projecto/programa fi nanciado pelos fundos comunitários? (informação não indispensável à publicação do anúncio)NÃO � SIM xEm caso afi rmativo, indicar o projecto/programa, bem como qualquer referência útilPrograma Operacional do Alentejo.VI.4) OUTRAS INFORMAÇÕES (se aplicável) A entidade que preside ao concurso reserva-se o direito de não adjudicar a nenhum dos concorrentes, nos termos previstos no Decreto-Lei n.º 197/99 de 8 de Junho.A aquisição do equipamento em concurso depende da aprovação da candi-datura ao Fundo Comunitário “Programa Operacional do Alentejo”, pelo que, caso esta viesse a não ser aprovada, a Valnor - Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos, S.A., reserva-se o direito de não adjudicação. Nos três anos subsequentes à assinatura do contrato, a Valnor - Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos, S.A., poderá recorrer ao ajuste directo quando se trate de entregas complementares destinadas à substituição parcial dos bens fornecidos ou ampliação de fornecimentos ou de novos serviços que consistam na repetição de serviços similares nos termos previstos no artigo 86.º do Decreto-Lei n.º 197/99 de 8 de Junho.O processo de concurso poderá ser examinado ou adquirido nas instalações da Valnor, S.A., de segunda a sexta feira, entre as 9 h e as 17.VI.5) DATA DE ENVIO DO PRESENTE ANÚNCIO PARA PUBLICAÇÃO NO JOR-NAL OFICIAL DA UNIÃO EUROPEIA ��/��/���� (dd/mm/aaaa)* cfr. descrito no Regulamento CPV 2151/2003, publicado no JOCE n.º L329 de 17 de Dezembro, para os contratos de valor igual ou superior ao limiar europeu** cfr. descrito no Regulamento 3696/93, publicado no JOCE nº L342 de 31 de Dezembro, alterado pelo Regulamento 1232/98 da Comissão de 17 de Junho, publicado no JOCE nº L177, de 22 de Junho

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VALNOR - VALORIZAÇÃO E TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS, S.A.ANÚNCIO DE CONCURSO

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O concurso está abrangido pelo Acordo sobre Contratos Públicos (ACP)?NÃO x SIM �SECÇÃO I: ENTIDADE ADJUDICANTEI.1) DESIGNAÇÃO E ENDEREÇO OFICIAIS DA ENTIDADE ADJUDICANTEOrganismo À atenção deValnor-Valorização e Tratamento de ResíduosSólidos, S.A.Endereço Código postalCentro Integrado de Valorização e Tratamento 7440-999 Alter do Chãode Resíduos Sólidos de Avis/Fronteira.Herdade do Meloeiro. Freguesia de Figueirae Barros. Apartado 48Localidade/cidade PaísConcelho de Avis PortugalTelefone Fax245 610 040 245 619 003Correio electrónico Endereço internet (URL)[email protected] www.valnor.ptI.2) ENDEREÇO ONDE PODEM SER OBTIDAS INFORMAÇÕES ADICIONAISindicado em I.1 x Se distinto, ver anexo A I.3) ENDEREÇO ONDE PODE SER OBTIDA A DOCUMENTAÇÃOindicado em I.1 x Se distinto, ver anexo A I.4) ENDEREÇO PARA ONDE DEVEM SER ENVIADOS AS PROPOSTAS/PEDIDOS DE PARTICIPAÇÃOindicado em I.1 x Se distinto, ver anexo A I.5) TIPO DE ENTIDADE ADJUDICANTE (informação não indispensável à publicação do anúncio)Governo central � Instituição Europeia �Autoridade regional/local � Organismo de direito público � Outro xSECÇÃO II: OBJECTO DO CONCURSOII.1) DESCRIÇÃOII.1.1) Tipo de contrato de obras (no caso de um contrato de obras)Execução � Concepção e execução �Execução, seja por que meio for, de uma obra que satisfaça as necessidades indicadas pela entidade adjudicante �II.1.2) Tipo de contrato de fornecimentos (no caso de um contrato de fornecimentos)Compra x Locação � Locação fi nanceira � Locação-venda � Combinação dos anteriores �II.1.3) Tipo de contrato de serviços (no caso de um contrato de serviços)Categoria de serviços ��II.1.4) Trata-se de um contrato-quadro? (informação não indispensável à publicação do anúncio) NÃO � SIM �II.1.5) Designação dada ao contrato pela entidade adjudicante (informação não indispensável à publicação do anúncio)Fornecimento e montagem de uma Estação de Desmantelamento para Veículos em Fim de Vida no Sistema Multmunicipal do Norte Alentejano.II.1.6) Descrição/objecto do concursoAquisição e montagem de uma estação para veículos em fi m de vida com uma capacidade de 20 veículos/dia.II.1.7) Local onde se realizará a obra, a entrega dos fornecimentos ou a prestação de serviços Distrito de Portalegre, concelho de Avis. Centro Integrado de Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos de Avis/Fronteira. Herdade do Meloeiro. Freguesia de Figueira e Barros.Código NUTS (informação não indispensável à publicação do anúncio): 182.II.1.8) NomenclaturaII.1.8.1) Classifi cação CPV (Common Procurement Vocabulary) * (informa-ção não indispensável à publicação do anúncio) Vocabulário principal Vocabulário complementar (se aplicável)Objecto principal ��.��.��.��-� ����-� ����-� ����-�Objectos ��.��.��.��-� ����-� ����-� ����-�complementares ��.��.��.��-� ����-� ����-� ����-� ��.��.��.��-� ����-� ����-� ����-� ��.��.��.��-� ����-� ����-� ����-�II.1.8.2) Outra nomenclatura relevante (CPA/NACE/CPC) **________________________II.1.9) Divisão em lotes (Para fornecer informações sobre os lotes utilizar o número de exemplares do anexo B necessários)NÃO x SIM �Indicar se se podem apresentar propostas para: um lote � vários lotes � todos os lotes �II.1.10) As variantes serão tomadas em consideração? (se aplicável)NÃO x SIM �II.2) QUANTIDADE OU EXTENSÃO DO CONCURSOII.2.1) Quantidade ou extensão total (incluindo todos os lotes e opções, se aplicável)Indicada em II.1.6.II.2.2) Opções (se aplicável). Descrição e momento em que podem ser exercidas (se possível)__________________________________________________________II.3) Duração do contrato ou prazo de execução Indicar o prazo em meses �� e/ou em dias ��� a partir da data da consignação (para obras) em dias 090 a partir da decisão de adjudicação (para fornecimentos e serviços) Ou: Início ��/��/���� e/ou termo ��/��/���� (dd/mm/aaaa)SECÇÃO III: INFORMAÇÕES DE CARÁCTER JURÍDICO, ECONÓMICO, FINANCEIRO E TÉCNICOIII.1) CONDIÇÕES RELATIVAS AO CONCURSOIII.1.1) Cauções e garantias exigidas (se aplicável)A caução é de 5% do total da Adjudicação, excluindo o IVA, e será pres-tada na data da celebração do contrato, por depósito em dinheiro ou em títulos emitidos ou garantidos pelo Estado, ou mediante garantia bancária ou seguro caução.III.1.2) Principais modalidades de fi nanciamento e pagamento e/ou referência às disposições que as regulam (se aplicável) Os pagamentos ao adjudicatário serão efectuados no prazo de 60 (sessenta) dias a contar da data de aceitação dos equipamentos e emissão das respectivas facturas, desde que as mesmas tenham tido a aprovação da entidade adjudicante.III.1.3) Forma jurídica que deve revestir o agrupamento de empreiteiros, de fornecedores ou de prestadores de serviços (se aplicável)Os concorrentes podem ser empresas ou agrupamentos de empresas, residen-tes ou não residentes em território nacional, sem qualquer modalidade jurídica de associação no momento em que se apresentem a concurso desde que declarem a intenção em caso de adjudicação de se associarem em Consórcio Externo ou Agrupamento Complementar de Empresas, em qualquer dos casos, em regime de responsabilidade solidária dos consorciados ou agrupados, entre si e com o Consórcio ou Agrupamento.III.2) CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO III.2.1) Informações relativas à situação do empreiteiro/do fornecedor/do prestador de serviços e formalidades necessárias para avaliar a capacida-de económica, fi nanceira e técnica mínima exigidaSó serão admitidos concorrentes que, à data da entrega da proposta satisfaçam as condições previstas no artigo 33.º do Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de Junho.III.2.1.1) Situação jurídica - documentos comprovativos exigidosOs indicados no programa de concursoIII.2.1.2) Capacidade económica e fi nanceira - documentos comprovativos exigidosOs indicados no programa de concurso III.2.1.3) Capacidade técnica - documentos comprovativos exigidosOs indicados no programa de concurso.III.3) CONDIÇÕES RELATIVAS AOS CONTRATOS DE SERVIÇOSIII.3.1) A prestação do serviço está reservada a uma determinada profi ssão?NÃO � SIM �Em caso afi rmativo, referência às disposições legislativas, regulamentares ou administrativas relevantes______________________________________________________

III.3.2) As entidades jurídicas devem declarar os nomes e qualifi cações profi ssionais do pessoal responsável pela execução do contrato?NÃO � SIM �SECÇÃO IV: PROCESSOSIV.1) TIPO DE PROCESSOConcurso público xConcurso limitado �Concurso limitado com publicação de anúncio �Concurso limitado sem publicação de anúncio �Concurso limitado por prévia qualifi cação �Concurso limitado sem apresentação de candidaturas �Concurso limitado urgente �Processo por negociação �Processo por negociação com publicação prévia de anúncio �Processo por negociação sem publicação prévia de anúncio �Processo por negociação urgente �IV.1.1) Já foram seleccionados candidatos? (apenas para processos para negociação e se aplicável)NÃO � SIM �Em caso afi rmativo, usar Informações adicionais (secção VI) para informações complementaresIV.1.2) Justifi cação para a utilização do procedimento acelerado (se aplicável)__________________________________________________________IV.1.3) Publicações anteriores referentes ao mesmo projecto (se aplicável) IV.1.3.1) Anúncio de pré-informação referente ao mesmo projectoNúmero do anúncio no índice do Jornal Ofi cial da União Europeia����/S ���-������� de ��/��/���� (dd/mm/aaaa)ou para processos abaixo do limiarno Diário da República ������ III Série����/���� de ��/��/���� (dd/mm/aaaa)IV.1.3.2) Outras publicações anterioresNúmero do anúncio no índice do Jornal Ofi cial da União Europeia����/S ���-������� de ��/��/���� (dd/mm/aaaa)ou para processos abaixo do limiarno Diário da República ������ III Série����/���� de ��/��/���� (dd/mm/aaaa)IV.1.4) Número de empresas que a entidade adjudicante pretende convidar a apresentar propostas (se aplicável)Número �� ou Mínimo ��/ Máximo ��IV.2) CRITÉRIOS DE ADJUDICAÇÃOA) Preço mais baixo �Ou:B) Proposta economicamente mais vantajosa, tendo em conta xB1) os critérios a seguir indicados (se possível, por ordem decrescente de importância) xa) - Valor Técnico - 45% � Características Técnicas � Legalização dos equipamentos; Adestamento; Documentação Técnicab) - Preço - 35%c) - Nível de garantia e Assistência - 20% � Prazo de garantia � Garantia de manutenção e assistência futura, Efi ciência nas reparações

e fornecimento de peças, fornecimento de peças para os anos seguintesPor ordem decrescente de importância NÃO � SIM xouB2) os factores indicados no caderno de encargos �IV.3) INFORMAÇÕES DE CARÁCTER ADMINISTRATIVOIV.3.1) Número de referência atribuído ao processo pela entidade adjudi-cante (informação não indispensável à publicação do anúncio)__________________________________________________________IV.3.2) Condições para a obtenção de documentos contratuais e adicionaisData-limite de obtenção ��/��/���� (dd/mm/aaaa) ou … dias a contar da publicação do anúncio no Diário da República (NOTA: Pôr a mesma data que em IV.3.3)Custo (se aplicável): 150 Moeda: eurosCondições e forma de pagamento:Contra carta timbrada, e pagamento em numerário ou cheque, à ordem da Val-nor - Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos, S.A., no acto da entrega.IV.3.3) Prazo para recepção de propostas ou pedidos de participação (consoante se trate de um concurso público ou de um concurso limitado ou de um processo por negociação)��/��/���� (dd/mm/aaaa) ou ��� dias a contar do envio do anúncio para o Jornal Ofi cial da União Europeia ou da sua publicação no Diário da RepúblicaHora (se aplicável) 17 horas (NOTA: 15 dias seguidos a contar da data da pu-blicação do anúncio relativo ao presente concurso no Diário da República)IV.3.4) Envio dos convites para apresentação de propostas aos candidatos seleccionados (nos concursos limitados e nos processos por negociação)Data prevista ��/��/���� (dd/mm/aaaa)IV.3.5) Língua ou línguas que podem ser utilizadas nas propostas ou nos pedidos de participaçãoES DA DE EL EN FR IT NL PT FI SV Outra - país terceiro� � � � � � � � x � � _______________IV.3.6) Prazo durante o qual o proponente deve manter a sua proposta (no caso de um concurso público)Até ��/��/���� (dd/mm/aaaa) ou �� meses e/ou 060 dias a contar da data fi xada para a recepção das propostasIV.3.7) Condições de abertura das propostasIV.3.7.1) Pessoas autorizadas a assistir à abertura das propostas (se aplicável)Ao acto público pode assistir qualquer interessado, apenas podendo nele intervir os concorrentes e seus representantes, devidamente credenciados até ao máximo de dois por concorrente.IV.3.7.2) Data, hora e localData ��/��/���� (dd/mm/aaaa), ____________dias a contar da publicação do anúncio no Diário da República ouNo dia útil seguinte à data-limite para a apresentação de propostas xHora: 11 horas. Local: Morada da Entidade Adjudicante indicada em I.1.).SECÇÃO VI: INFORMAÇÕES ADICIONAISVI.1) Trata-se de um anúncio não obrigatório?NÃO x SIM �VI.2) Indicar, se for caso disso, se se trata de um concurso periódico e o calendário previsto de publicação de próximos anúncios__________________________________________________________VI.3) O presente contrato enquadra-se num projecto/programa fi nanciado pelos fundos comunitários? (informação não indispensável à publicação do anúncio)NÃO � SIM xEm caso afi rmativo, indicar o projecto/programa, bem como qualquer referência útilPrograma Operacional do Alentejo.VI.4) OUTRAS INFORMAÇÕES (se aplicável) A entidade que preside ao concurso reserva-se o direito de não adjudicar a nenhum dos concorrentes, nos termos previstos no Decreto-Lei n.º 197/99 de 8 de Junho.A aquisição do equipamento em concurso depende da aprovação da candi-datura ao Fundo Comunitário “Programa Operacional do Alentejo”, pelo que, caso esta viesse a não ser aprovada, a Valnor - Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos, S.A., reserva-se o direito de não adjudicação. Nos três anos subsequentes à assinatura do contrato, a Valnor - Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos, S.A., poderá recorrer ao ajuste directo quando se trate de entregas complementares destinadas à substituição parcial dos bens fornecidos ou ampliação de fornecimentos ou de novos serviços que consistam na repetição de serviços similares nos termos previstos no artigo 86.º do Decreto-Lei n.º 197/99 de 8 de Junho.O processo de concurso poderá ser examinado ou adquirido nas instalações da Valnor, S.A., de segunda a sexta feira, entre as 9 h e as 17.VI.5) DATA DE ENVIO DO PRESENTE ANÚNCIO PARA PUBLICAÇÃO NO JOR-NAL OFICIAL DA UNIÃO EUROPEIA ��/��/���� (dd/mm/aaaa)* cfr. descrito no Regulamento CPV 2151/2003, publicado no JOCE n.º L329 de 17 de Dezembro, para os contratos de valor igual ou superior ao limiar europeu** cfr. descrito no Regulamento 3696/93, publicado no JOCE nº L342 de 31 de Dezembro, alterado pelo Regulamento 1232/98 da Comissão de 17 de Junho, publicado no JOCE nº L177, de 22 de Junho

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VALNOR - VALORIZAÇÃO E TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS, S.A.ANÚNCIO DE CONCURSO

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Fornecimentos xServiços �

O concurso está abrangido pelo Acordo sobre Contratos Públicos (ACP)?NÃO x SIM �SECÇÃO I: ENTIDADE ADJUDICANTEI.1) DESIGNAÇÃO E ENDEREÇO OFICIAIS DA ENTIDADE ADJUDICANTEOrganismo À atenção deValnor-Valorização e Tratamento de ResíduosSólidos, S.A.Endereço Código postalCentro Integrado de Valorização e Tratamento 7440-999 Alter do Chãode Resíduos Sólidos de Avis/Fronteira.Herdade do Meloeiro. Freguesia de Figueirae Barros. Apartado 48Localidade/cidade PaísConcelho de Avis PortugalTelefone Fax245 610 040 245 619 003Correio electrónico Endereço internet (URL)[email protected] www.valnor.ptI.2) ENDEREÇO ONDE PODEM SER OBTIDAS INFORMAÇÕES ADICIONAISindicado em I.1 x Se distinto, ver anexo A I.3) ENDEREÇO ONDE PODE SER OBTIDA A DOCUMENTAÇÃOindicado em I.1 x Se distinto, ver anexo A I.4) ENDEREÇO PARA ONDE DEVEM SER ENVIADOS AS PROPOSTAS/PEDIDOS DE PARTICIPAÇÃOindicado em I.1 x Se distinto, ver anexo A I.5) TIPO DE ENTIDADE ADJUDICANTE (informação não indispensável à publicação do anúncio)Governo central � Instituição Europeia �Autoridade regional/local � Organismo de direito público � Outro xSECÇÃO II: OBJECTO DO CONCURSOII.1) DESCRIÇÃOII.1.1) Tipo de contrato de obras (no caso de um contrato de obras)Execução � Concepção e execução �Execução, seja por que meio for, de uma obra que satisfaça as necessidades indicadas pela entidade adjudicante �II.1.2) Tipo de contrato de fornecimentos (no caso de um contrato de fornecimentos)Compra x Locação � Locação fi nanceira � Locação-venda � Combinação dos anteriores �II.1.3) Tipo de contrato de serviços (no caso de um contrato de serviços)Categoria de serviços ��II.1.4) Trata-se de um contrato-quadro? (informação não indispensável à publicação do anúncio) NÃO � SIM �II.1.5) Designação dada ao contrato pela entidade adjudicante (informação não indispensável à publicação do anúncio)Fornecimento de um Britador Rebocável para o Sistema Multimunicipal do Norte Alentejano.II.1.6) Descrição/objecto do concursoAquisição de um britador rebocável.II.1.7) Local onde se realizará a obra, a entrega dos fornecimentos ou a prestação de serviços Distrito de Portalegre, concelho de Avis. Centro Integrado de Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos de Avis/Fronteira. Herdade do Meloeiro. Freguesia de Figueira e Barros.Código NUTS (informação não indispensável à publicação do anúncio): 182.II.1.8) NomenclaturaII.1.8.1) Classifi cação CPV (Common Procurement Vocabulary) * (informa-ção não indispensável à publicação do anúncio) Vocabulário principal Vocabulário complementar (se aplicável)Objecto principal ��.��.��.��-� ����-� ����-� ����-�Objectos ��.��.��.��-� ����-� ����-� ����-�complementares ��.��.��.��-� ����-� ����-� ����-� ��.��.��.��-� ����-� ����-� ����-� ��.��.��.��-� ����-� ����-� ����-�II.1.8.2) Outra nomenclatura relevante (CPA/NACE/CPC) **________________________II.1.9) Divisão em lotes (Para fornecer informações sobre os lotes utilizar o número de exemplares do anexo B necessários)NÃO x SIM �Indicar se se podem apresentar propostas para: um lote � vários lotes � todos os lotes �II.1.10) As variantes serão tomadas em consideração? (se aplicável)NÃO x SIM �II.2) QUANTIDADE OU EXTENSÃO DO CONCURSOII.2.1) Quantidade ou extensão total (incluindo todos os lotes e opções, se aplicável)Indicada em II.1.6.II.2.2) Opções (se aplicável). Descrição e momento em que podem ser exercidas (se possível)__________________________________________________________II.3) Duração do contrato ou prazo de execução Indicar o prazo em meses �� e/ou em dias ��� a partir da data da consignação (para obras) em dias 090 a partir da decisão de adjudicação (para fornecimentos e serviços) Ou: Início ��/��/���� e/ou termo ��/��/���� (dd/mm/aaaa)SECÇÃO III: INFORMAÇÕES DE CARÁCTER JURÍDICO, ECONÓMICO, FINANCEIRO E TÉCNICOIII.1) CONDIÇÕES RELATIVAS AO CONCURSOIII.1.1) Cauções e garantias exigidas (se aplicável)A caução é de 5% do total da Adjudicação, excluindo o IVA, e será pres-tada na data da celebração do contrato, por depósito em dinheiro ou em títulos emitidos ou garantidos pelo Estado, ou mediante garantia bancária ou seguro caução.III.1.2) Principais modalidades de fi nanciamento e pagamento e/ou referência às disposições que as regulam (se aplicável) Os pagamentos ao adjudicatário serão efectuados no prazo de 60 (sessenta) dias a contar da data de aceitação dos equipamentos e emissão das respectivas facturas, desde que as mesmas tenham tido a aprovação da entidade adjudicante.III.1.3) Forma jurídica que deve revestir o agrupamento de empreiteiros, de fornecedores ou de prestadores de serviços (se aplicável)Os concorrentes podem ser empresas ou agrupamentos de empresas, residen-tes ou não residentes em território nacional, sem qualquer modalidade jurídica de associação no momento em que se apresentem a concurso desde que declarem a intenção em caso de adjudicação de se associarem em Consórcio Externo ou Agrupamento Complementar de Empresas, em qualquer dos casos, em regime de responsabilidade solidária dos consorciados ou agrupados, entre si e com o Consórcio ou Agrupamento.III.2) CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO III.2.1) Informações relativas à situação do empreiteiro/do fornecedor/do prestador de serviços e formalidades necessárias para avaliar a capacida-de económica, fi nanceira e técnica mínima exigidaSó serão admitidos concorrentes que, à data da entrega da proposta satisfaçam as condições previstas no artigo 33.º do Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de Junho.III.2.1.1) Situação jurídica - documentos comprovativos exigidosOs indicados no programa de concursoIII.2.1.2) Capacidade económica e fi nanceira - documentos comprovativos exigidosOs indicados no programa de concurso III.2.1.3) Capacidade técnica - documentos comprovativos exigidosOs indicados no programa de concurso.III.3) CONDIÇÕES RELATIVAS AOS CONTRATOS DE SERVIÇOSIII.3.1) A prestação do serviço está reservada a uma determinada profi ssão?NÃO � SIM �Em caso afi rmativo, referência às disposições legislativas, regulamentares ou administrativas relevantes______________________________________________________

III.3.2) As entidades jurídicas devem declarar os nomes e qualifi cações profi ssionais do pessoal responsável pela execução do contrato?NÃO � SIM �SECÇÃO IV: PROCESSOSIV.1) TIPO DE PROCESSOConcurso público xConcurso limitado �Concurso limitado com publicação de anúncio �Concurso limitado sem publicação de anúncio �Concurso limitado por prévia qualifi cação �Concurso limitado sem apresentação de candidaturas �Concurso limitado urgente �Processo por negociação �Processo por negociação com publicação prévia de anúncio �Processo por negociação sem publicação prévia de anúncio �Processo por negociação urgente �IV.1.1) Já foram seleccionados candidatos? (apenas para processos para negociação e se aplicável)NÃO � SIM �Em caso afi rmativo, usar Informações adicionais (secção VI) para informações complementaresIV.1.2) Justifi cação para a utilização do procedimento acelerado (se aplicável)__________________________________________________________IV.1.3) Publicações anteriores referentes ao mesmo projecto (se aplicável) IV.1.3.1) Anúncio de pré-informação referente ao mesmo projectoNúmero do anúncio no índice do Jornal Ofi cial da União Europeia����/S ���-������� de ��/��/���� (dd/mm/aaaa)ou para processos abaixo do limiarno Diário da República ������ III Série����/���� de ��/��/���� (dd/mm/aaaa)IV.1.3.2) Outras publicações anterioresNúmero do anúncio no índice do Jornal Ofi cial da União Europeia����/S ���-������� de ��/��/���� (dd/mm/aaaa)ou para processos abaixo do limiarno Diário da República ������ IIIª Série����/���� de ��/��/���� (dd/mm/aaaa)IV.1.4) Número de empresas que a entidade adjudicante pretende convidar a apresentar propostas (se aplicável)Número �� ou Mínimo ��/ Máximo ��IV.2) CRITÉRIOS DE ADJUDICAÇÃOA) Preço mais baixo �Ou:B) Proposta economicamente mais vantajosa, tendo em conta xB1) os critérios a seguir indicados (se possível, por ordem decrescente de importância) xa) - Valor Técnico - 45% � Características Técnicas � Legalização dos equipamentos; Documentação Técnicab) - Preço - 35%c) - Nível de garantia e Assistência - 20% � Prazo de garantia � Garantia de manutenção e assistência futura, Efi ciência nas reparações

e fornecimento de peças, fornecimento de peças para os anos seguin-tes

Por ordem decrescente de importância NÃO � SIM xouB2) os factores indicados no caderno de encargos �IV.3) INFORMAÇÕES DE CARÁCTER ADMINISTRATIVOIV.3.1) Número de referência atribuído ao processo pela entidade adjudi-cante (informação não indispensável à publicação do anúncio)__________________________________________________________IV.3.2) Condições para a obtenção de documentos contratuais e adicionaisData-limite de obtenção ��/��/���� (dd/mm/aaaa) ou … dias a contar da publicação do anúncio no Diário da República (NOTA: Pôr a mesma data que em IV.3.3)Custo (se aplicável): 150 Moeda: eurosCondições e forma de pagamento:Contra carta timbrada, e pagamento em numerário ou cheque, à ordem da Val-nor - Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos, S.A., no acto da entrega.IV.3.3) Prazo para recepção de propostas ou pedidos de participação (consoante se trate de um concurso público ou de um concurso limitado ou de um processo por negociação)��/��/���� (dd/mm/aaaa) ou ��� dias a contar do envio do anúncio para o Jornal Ofi cial da União Europeia ou da sua publicação no Diário da RepúblicaHora (se aplicável) 17 horas (NOTA: 15 dias seguidos a contar da data da pu-blicação do anúncio relativo ao presente concurso no Diário da República)IV.3.4) Envio dos convites para apresentação de propostas aos candidatos seleccionados (nos concursos limitados e nos processos por negociação)Data prevista ��/��/���� (dd/mm/aaaa)IV.3.5) Língua ou línguas que podem ser utilizadas nas propostas ou nos pedidos de participaçãoES DA DE EL EN FR IT NL PT FI SV Outra - país terceiro� � � � � � � � x � � _______________IV.3.6) Prazo durante o qual o proponente deve manter a sua proposta (no caso de um concurso público)Até ��/��/���� (dd/mm/aaaa) ou �� meses e/ou 060 dias a contar da data fi xada para a recepção das propostasIV.3.7) Condições de abertura das propostasIV.3.7.1) Pessoas autorizadas a assistir à abertura das propostas (se aplicável)Ao acto público pode assistir qualquer interessado, apenas podendo nele intervir os concorrentes e seus representantes, devidamente credenciados até ao máximo de dois por concorrente.IV.3.7.2) Data, hora e localData ��/��/���� (dd/mm/aaaa), ____________dias a contar da publicação do anúncio no Diário da República ouNo dia útil seguinte à data-limite para a apresentação de propostas xHora: 15 horas. Local: Morada da Entidade Adjudicante indicada em I.1.).SECÇÃO VI: INFORMAÇÕES ADICIONAISVI.1) Trata-se de um anúncio não obrigatório?NÃO x SIM �VI.2) Indicar, se for caso disso, se se trata de um concurso periódico e o calendário previsto de publicação de próximos anúncios__________________________________________________________VI.3) O presente contrato enquadra-se num projecto/programa fi nanciado pelos fundos comunitários? (informação não indispensável à publicação do anúncio)NÃO � SIM xEm caso afi rmativo, indicar o projecto/programa, bem como qualquer referência útilPrograma Operacional do Alentejo.VI.4) OUTRAS INFORMAÇÕES (se aplicável) A entidade que preside ao concurso reserva-se o direito de não adjudicar a nenhum dos concorrentes, nos termos previstos no Decreto-Lei n.º 197/99 de 8 de Junho.A aquisição do equipamento em concurso depende da aprovação da candi-datura ao Fundo Comunitário “Programa Operacional do Alentejo”, pelo que, caso esta viesse a não ser aprovada, a Valnor - Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos, S.A., reserva-se o direito de não adjudicação. Nos três anos subsequentes à assinatura do contrato, a Valnor - Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos, S.A., poderá recorrer ao ajuste directo quando se trate de entregas complementares destinadas à substituição parcial dos bens fornecidos ou ampliação de fornecimentos ou de novos serviços que consistam na repetição de serviços similares nos termos previstos no artigo 86.º do Decreto-Lei n.º 197/99 de 8 de Junho.O processo de concurso poderá ser examinado ou adquirido nas instalações da Valnor, S.A., de segunda a sexta feira, entre as 9 h e as 17.VI.5) DATA DE ENVIO DO PRESENTE ANÚNCIO PARA PUBLICAÇÃO NO JOR-NAL OFICIAL DA UNIÃO EUROPEIA ��/��/���� (dd/mm/aaaa)* cfr. descrito no Regulamento CPV 2151/2003, publicado no JOCE n.º L329 de 17 de Dezembro, para os contratos de valor igual ou superior ao limiar europeu** cfr. descrito no Regulamento 3696/93, publicado no JOCE nº L342 de 31 de Dezembro, alterado pelo Regulamento 1232/98 da Comissão de 17 de Junho, publicado no JOCE nº L177, de 22 de Junho

União Europeia

FEDERPROGRAMA OPERACIONALREGIÃO DO ALENTEJO

VALNOR - VALORIZAÇÃO E TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS, S.A.ANÚNCIO DE CONCURSO

DIVERSOS

PREVENÇÃO

RODOVIÁRIA

PORTUGUESA

Page 45: PÚBLICO de cara nova

Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007 • 45

MARIA DOS SANTOS TEIXEIRA

FALECEU

Sua fi lha, neta e restante família participam a todas as pessoas das suas relações e amizade o falecimento da sua ente querida e que o funeral se realiza hoje pelas 10h na Igreja de Santa Engrácia, Lisboa, para o Cemitério de Avanca - Estarreja, antecedido de missa de Corpo Presente às 9h. As cerimónias em Avanca serão pelas 14h.

Agência Megade: Edmundo Santos

Telf: 21 886 3432 Fax: 21 888 1957

JOSÉ ANTÓNIO ARSÉNIO

FALECEU

José Manuel Arsénio, Maria Alice Arsénio, João Pedro Arsénio, José Carlos Arsénio e Inês Mafalda Arsénio participam o falecimento do seu pai, sogro, avô e bisavô e que o funeral se realiza amanhã dia 13, pelas 10h30 horas saindo da Igreja de Santo António do Estoril para o cemitério da Galiza, Estoril. Pelas 10h será celebrada missa de Corpo Presente.

Loja CascaisServilusa - Nº verde grátis 800 204 222Serviço Funerário Permanente 24 horas

DIVERSOS

Obras �

Fornecimentos xServiços �

O concurso está abrangido pelo Acordo sobre Contratos Públicos (ACP)?NÃO x SIM �SECÇÃO I: ENTIDADE ADJUDICANTEI.1) DESIGNAÇÃO E ENDEREÇO OFICIAIS DA ENTIDADE ADJUDICANTEOrganismo À atenção deValnor-Valorização e Tratamento de ResíduosSólidos, S.A.Endereço Código postalCentro Integrado de Valorização e Tratamento 7440-999 Alter do Chãode Resíduos Sólidos de Avis/Fronteira.Herdade do Meloeiro. Freguesia de Figueirae Barros. Apartado 48Localidade/cidade PaísConcelho de Avis PortugalTelefone Fax245 610 040 245 619 003Correio electrónico Endereço internet (URL)[email protected] www.valnor.ptI.2) ENDEREÇO ONDE PODEM SER OBTIDAS INFORMAÇÕES ADICIONAISindicado em I.1 x Se distinto, ver anexo A I.3) ENDEREÇO ONDE PODE SER OBTIDA A DOCUMENTAÇÃOindicado em I.1 x Se distinto, ver anexo A I.4) ENDEREÇO PARA ONDE DEVEM SER ENVIADOS AS PROPOSTAS/PEDIDOS DE PARTICIPAÇÃOindicado em I.1 x Se distinto, ver anexo A I.5) TIPO DE ENTIDADE ADJUDICANTE (informação não indispensável à publicação do anúncio)Governo central � Instituição Europeia �Autoridade regional/local � Organismo de direito público � Outro xSECÇÃO II: OBJECTO DO CONCURSOII.1) DESCRIÇÃOII.1.1) Tipo de contrato de obras (no caso de um contrato de obras)Execução � Concepção e execução �Execução, seja por que meio for, de uma obra que satisfaça as necessidades indicadas pela entidade adjudicante �II.1.2) Tipo de contrato de fornecimentos (no caso de um contrato de fornecimentos)Compra x Locação � Locação fi nanceira � Locação-venda � Combinação dos anteriores �II.1.3) Tipo de contrato de serviços (no caso de um contrato de serviços)Categoria de serviços ��II.1.4) Trata-se de um contrato-quadro? (informação não indispensável à publicação do anúncio) NÃO � SIM �II.1.5) Designação dada ao contrato pela entidade adjudicante (informação não indispensável à publicação do anúncio)Fornecimento e Montagem de uma Prensa de Sucatas Metálicas no Sistema Multimunicipal do Norte AlentejanoII.1.6) Descrição/objecto do concursoAquisição a montagem de uma prensa de sucatas metálicasII.1.7) Local onde se realizará a obra, a entrega dos fornecimentos ou a prestação de serviços Distrito de Portalegre, concelho de Avis. Centro Integrado de Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos de Avis/Fronteira. Herdade do Meloeiro. Freguesia de Figueira e Barros.Código NUTS (informação não indispensável à publicação do anúncio): 182.II.1.8) NomenclaturaII.1.8.1) Classifi cação CPV (Common Procurement Vocabulary) * (informa-ção não indispensável à publicação do anúncio) Vocabulário principal Vocabulário complementar (se aplicável)Objecto principal ��.��.��.��-� ����-� ����-� ����-�Objectos ��.��.��.��-� ����-� ����-� ����-�complementares ��.��.��.��-� ����-� ����-� ����-� ��.��.��.��-� ����-� ����-� ����-� ��.��.��.��-� ����-� ����-� ����-�II.1.8.2) Outra nomenclatura relevante (CPA/NACE/CPC) **________________________II.1.9) Divisão em lotes (Para fornecer informações sobre os lotes utilizar o número de exemplares do anexo B necessários)NÃO x SIM �Indicar se se podem apresentar propostas para: um lote � vários lotes � todos os lotes �II.1.10) As variantes serão tomadas em consideração? (se aplicável)NÃO x SIM �II.2) QUANTIDADE OU EXTENSÃO DO CONCURSOII.2.1) Quantidade ou extensão total (incluindo todos os lotes e opções, se aplicável)Indicada em II.1.6.II.2.2) Opções (se aplicável). Descrição e momento em que podem ser exercidas (se possível)__________________________________________________________II.3) Duração do contrato ou prazo de execução Indicar o prazo em meses �� e/ou em dias ��� a partir da data da consignação (para obras) em dias 090 a partir da decisão de adjudicação (para fornecimentos e serviços) Ou: Início ��/��/���� e/ou termo ��/��/���� (dd/mm/aaaa)SECÇÃO III: INFORMAÇÕES DE CARÁCTER JURÍDICO, ECONÓMICO, FINANCEIRO E TÉCNICOIII.1) CONDIÇÕES RELATIVAS AO CONCURSOIII.1.1) Cauções e garantias exigidas (se aplicável)A caução é de 5% do total da Adjudicação, excluindo o IVA, e será pres-tada na data da celebração do contrato, por depósito em dinheiro ou em títulos emitidos ou garantidos pelo Estado, ou mediante garantia bancária ou seguro caução.III.1.2) Principais modalidades de fi nanciamento e pagamento e/ou referência às disposições que as regulam (se aplicável) Os pagamentos ao adjudicatário serão efectuados no prazo de 60 (sessenta) dias a contar da data de aceitação dos equipamentos e emissão das respectivas facturas, desde que as mesmas tenham tido a aprovação da entidade adjudicante.III.1.3) Forma jurídica que deve revestir o agrupamento de empreiteiros, de fornecedores ou de prestadores de serviços (se aplicável)Os concorrentes podem ser empresas ou agrupamentos de empresas, residen-tes ou não residentes em território nacional, sem qualquer modalidade jurídica de associação no momento em que se apresentem a concurso desde que declarem a intenção em caso de adjudicação de se associarem em Consórcio Externo ou Agrupamento Complementar de Empresas, em qualquer dos casos, em regime de responsabilidade solidária dos consorciados ou agrupados, entre si e com o Consórcio ou Agrupamento.III.2) CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO III.2.1) Informações relativas à situação do empreiteiro/do fornecedor/do prestador de serviços e formalidades necessárias para avaliar a capacida-de económica, fi nanceira e técnica mínima exigidaSó serão admitidos concorrentes que, à data da entrega da proposta satisfaçam as condições previstas no artigo 33.º do Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de Junho.III.2.1.1) Situação jurídica - documentos comprovativos exigidosOs indicados no programa de concursoIII.2.1.2) Capacidade económica e fi nanceira - documentos comprovativos exigidosOs indicados no programa de concurso III.2.1.3) Capacidade técnica - documentos comprovativos exigidosOs indicados no programa de concurso.III.3) CONDIÇÕES RELATIVAS AOS CONTRATOS DE SERVIÇOSIII.3.1) A prestação do serviço está reservada a uma determinada profi ssão?NÃO � SIM �Em caso afi rmativo, referência às disposições legislativas, regulamentares ou administrativas relevantes______________________________________________________

III.3.2) As entidades jurídicas devem declarar os nomes e qualifi cações profi ssionais do pessoal responsável pela execução do contrato?NÃO � SIM �SECÇÃO IV: PROCESSOSIV.1) TIPO DE PROCESSOConcurso público xConcurso limitado �Concurso limitado com publicação de anúncio �Concurso limitado sem publicação de anúncio �Concurso limitado por prévia qualifi cação �Concurso limitado sem apresentação de candidaturas �Concurso limitado urgente �Processo por negociação �Processo por negociação com publicação prévia de anúncio �Processo por negociação sem publicação prévia de anúncio �Processo por negociação urgente �IV.1.1) Já foram seleccionados candidatos? (apenas para processos para negociação e se aplicável)NÃO � SIM �Em caso afi rmativo, usar Informações adicionais (secção VI) para informações complementaresIV.1.2) Justifi cação para a utilização do procedimento acelerado (se aplicável)__________________________________________________________IV.1.3) Publicações anteriores referentes ao mesmo projecto (se aplicável) IV.1.3.1) Anúncio de pré-informação referente ao mesmo projectoNúmero do anúncio no índice do Jornal Ofi cial da União Europeia����/S ���-������� de ��/��/���� (dd/mm/aaaa)ou para processos abaixo do limiarno Diário da República ������ III Série����/���� de ��/��/���� (dd/mm/aaaa)IV.1.3.2) Outras publicações anterioresNúmero do anúncio no índice do Jornal Ofi cial da União Europeia����/S ���-������� de ��/��/���� (dd/mm/aaaa)ou para processos abaixo do limiarno Diário da República ������ III Série����/���� de ��/��/���� (dd/mm/aaaa)IV.1.4) Número de empresas que a entidade adjudicante pretende convidar a apresentar propostas (se aplicável)Número �� ou Mínimo ��/ Máximo ��IV.2) CRITÉRIOS DE ADJUDICAÇÃOA) Preço mais baixo �Ou:B) Proposta economicamente mais vantajosa, tendo em conta xB1) os critérios a seguir indicados (se possível, por ordem decrescente de importância) xa) - Valor Técnico - 45% � Características Técnicas � Legalização dos equipamentos; Documentação Técnicab) - Preço - 35%c) - Nível de garantia e Assistência - 20% � Prazo de garantia � Garantia de manutenção e assistência futura, Efi ciência nas reparações e

fornecimento de peças, fornecimento de peças para os anos seguintesPor ordem decrescente de importância NÃO � SIM xouB2) os factores indicados no caderno de encargos �IV.3) INFORMAÇÕES DE CARÁCTER ADMINISTRATIVOIV.3.1) Número de referência atribuído ao processo pela entidade adjudi-cante (informação não indispensável à publicação do anúncio)__________________________________________________________IV.3.2) Condições para a obtenção de documentos contratuais e adicionaisData-limite de obtenção ��/��/���� (dd/mm/aaaa) ou … dias a contar da publicação do anúncio no Diário da República (NOTA: Pôr a mesma data que em IV.3.3)Custo (se aplicável): 150 Moeda: eurosCondições e forma de pagamento:Contra carta timbrada, e pagamento em numerário ou cheque, à ordem da Val-nor - Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos, S.A., no acto da entrega.IV.3.3) Prazo para recepção de propostas ou pedidos de participação (consoante se trate de um concurso público ou de um concurso limitado ou de um processo por negociação)��/��/���� (dd/mm/aaaa) ou ��� dias a contar do envio do anúncio para o Jornal Ofi cial da União Europeia ou da sua publicação no Diário da RepúblicaHora (se aplicável) 17 horas (NOTA: 15 dias seguidos a contar da data da pu-blicação do anúncio relativo ao presente concurso no Diário da República)IV.3.4) Envio dos convites para apresentação de propostas aos candidatos seleccionados (nos concursos limitados e nos processos por negociação)Data prevista ��/��/���� (dd/mm/aaaa)IV.3.5) Língua ou línguas que podem ser utilizadas nas propostas ou nos pedidos de participaçãoES DA DE EL EN FR IT NL PT FI SV Outra - país terceiro� � � � � � � � x � � _______________IV.3.6) Prazo durante o qual o proponente deve manter a sua proposta (no caso de um concurso público)Até ��/��/���� (dd/mm/aaaa) ou �� meses e/ou 060 dias a contar da data fi xada para a recepção das propostasIV.3.7) Condições de abertura das propostasIV.3.7.1) Pessoas autorizadas a assistir à abertura das propostas (se aplicável)Ao acto público pode assistir qualquer interessado, apenas podendo nele intervir os concorrentes e seus representantes, devidamente credenciados até ao máximo de dois por concorrente.IV.3.7.2) Data, hora e localData ��/��/���� (dd/mm/aaaa), ____________dias a contar da publicação do anúncio no Diário da República ouNo dia útil seguinte à data-limite para a apresentação de propostas xHora: 9 horas. Local: Morada da Entidade Adjudicante indicada em I.1.).SECÇÃO VI: INFORMAÇÕES ADICIONAISVI.1) Trata-se de um anúncio não obrigatório?NÃO x SIM �VI.2) Indicar, se for caso disso, se se trata de um concurso periódico e o calendário previsto de publicação de próximos anúncios__________________________________________________________VI.3) O presente contrato enquadra-se num projecto/programa fi nanciado pelos fundos comunitários? (informação não indispensável à publicação do anúncio)NÃO � SIM xEm caso afi rmativo, indicar o projecto/programa, bem como qualquer referência útilPrograma Operacional do Alentejo.VI.4) OUTRAS INFORMAÇÕES (se aplicável) A entidade que preside ao concurso reserva-se o direito de não adjudicar a nenhum dos concorrentes, nos termos previstos no Decreto-Lei n.º 197/99 de 8 de Junho.A aquisição do equipamento em concurso depende da aprovação da candi-datura ao Fundo Comunitário “Programa Operacional do Alentejo”, pelo que, caso esta viesse a não ser aprovada, a Valnor - Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos, S.A., reserva-se o direito de não adjudicação. Nos três anos subsequentes à assinatura do contrato, a Valnor - Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos, S.A., poderá recorrer ao ajuste directo quando se trate de entregas complementares destinadas à substituição parcial dos bens fornecidos ou ampliação de fornecimentos ou de novos serviços que consistam na repetição de serviços similares nos termos previstos no artigo 86.º do Decreto-Lei n.º 197/99 de 8 de Junho.O processo de concurso poderá ser examinado ou adquirido nas instalações da Valnor, S.A., de segunda a sexta feira, entre as 9 h e as 17.VI.5) DATA DE ENVIO DO PRESENTE ANÚNCIO PARA PUBLICAÇÃO NO JOR-NAL OFICIAL DA UNIÃO EUROPEIA ��/��/���� (dd/mm/aaaa)* cfr. descrito no Regulamento CPV 2151/2003, publicado no JOCE n.º L329 de 17 de Dezembro, para os contratos de valor igual ou superior ao limiar europeu** cfr. descrito no Regulamento 3696/93, publicado no JOCE nº L342 de 31 de Dezembro, alterado pelo Regulamento 1232/98 da Comissão de 17 de Junho, publicado no JOCE nº L177, de 22 de Junho

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FEDERPROGRAMA OPERACIONALREGIÃO DO ALENTEJO

VALNOR - VALORIZAÇÃO E TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS, S.A.ANÚNCIO DE CONCURSO

ENG.º JOSÉ DUARTE AMARALMissa de 30.º Dia e Agradecimento

Sua Mulher, Filhos, Netos e demais família parti-cipam que será rezada Missa, amanhã, dia 13, às 18.30 horas na Igreja de Santa Joana Princesa, (Av.ª E. U. América). Agradecem desde já a to-dos os que se dignarem assistir a este acto, bem como aos que de qualquer outra forma lhes ma-nifestaram o seu pesar.

Loja AlvaladeServilusa - N. Verde Grátis 800 204 222Serviço Funerário Permanente 24 horas

ÉDITOS DE 30 DIAS PARA CITAÇÃO

Processo de Execução Fiscal n.º 1058200601085085Luís Alberto Dias Osório, Chefe do Serviço de Finanças de Faro.Faz público que por este Serviço de Finanças correm éditos de trinta dias, citando o executado Scalfarus - Construção Civil e Imobiliária,Lda, NIPC504 556 754, que tem a sua sede na R. Dr. José de Matos - Urb. Bom João, Lt 17 - Loja A - Faro, encontran-do–se actualmente em parte incerta de que pelo presente fi ca cita-do de que foi ( foram) instaurado (s) neste Serviço de Finanças con-tra V. Ex.a, o processo de execução fi scal n.º 1058200601085085, por dívida de IRC do ano de 2000 no montante de 12.642,75 euros, devendo proceder ao pagamento da dívida exequenda e acrescido no prazo de 30 dias a contar da concretização desta citação, nos termos do artigo 250.º do Código do Processo Civil. No mesmo prazo poderá requerer o pagamento em regime pres-tacional, nos termos do artigo 196.º do C.P.P.T., e/ou a dação em pagamento nos termos do art.º 201.º do mesmo código ou então deduzir oposição judicial com base nos fundamentos prescritos no artigo 204.º do Código de Procedimento e de Processo Tri-butário.Decorrido aquele prazo sem que o pagamento da dívida exequen-da e acrescido se mostre efectuado e caso não exista, nos termos do Código de Procedimento e Processo Tributário, motivo para suspender a execução, a mesma prosseguirá a sua tramitação legal, designadamente para efeitos da penhora de bens e demais diligências prescritas no Código de Procedimento e Processo Tributário podendo ser incluído na lista de devedores tributários, organizada em conformidade com os n.ºs 5 e 6 do art.º 64.º da LGT.E para constar, se passou o presente Edital - Anúncio e outros de igual teor que vão ser afi xados nos lugares indicados por Lei.

Serviço de Finanças de Faro, aos 2007-01-31

O Chefe do Serviço de FinançasLuís Alberto Dias Osório

PÚBLICO, 12/02/2007 - 1.ª Pub.

DIRECÇÃO-GERAL DOS IMPOSTOS DF de FARO Serviço de Finanças do Concelho de Faro

Av. 5 de Outubro, 25 r/c - FARO - 8000-022 FARO

SECÇÃO I: ENTIDADE ADJUDICANTEI.1) DESIGNAÇÃO, ENDEREÇOS E PONTOS DE CONTACTODesignação Ofi cial: SUCH - Serviço de Utilização Comum dos HospitaisEndereço postal: Parque de Saúde de Lisboa - Pavilhão 33A, Av. do Brasil, 53Localidade: LisboaCódigo Postal: 1749-003País: PORTUGALPontos de contacto: Gabinete de Apoio Administrativo / Executivo da Direcção de ComprasÀ atenção de: Dr.ª Susana MaurícioTelefone: 217923400Fax: 217923430Correio Electrónico:[email protected] informações podem ser obtidas no seguinte endereço: Ver «pontos de contacto»Caderno de encargos e documentos complementares (incluindo documentos para diálogo concorrencial e para um Sistema de Aquisição Dinâmico) podem ser obtidos no seguinte endereço: Ver «pontos de contacto»As propostas ou pedidos de participação devem ser enviados para o seguinte endereço:Ver «pontos de contacto»I.2) TIPO DE ENTIDADE ADJUDICANTE E SUAS PRINCIPAIS ACTIVIDADESOutro: Pessoa Colectiva de Utilidade Pública Administrativa - SaúdeA entidade adjudicante está a contratar por conta de outras entidades adjudi-cantes NãoSECÇÃO II: OBJECTO DO CONTRATOII.1) DESCRIÇÃOII.1.1) Designação dada ao contrato pela entidade adjudicantePrestação de Serviços para colocação de pessoal em Regime de Trabalho Temporário.II.1.2) Tipo de contrato e local da realização das obras, da entrega dos fornecimentos ou da prestação de serviçosc) ServiçosCategoria de serviços n.º 93Principal local de execução: Lisboa, Por-to, Coimbra, Portalegre, TomarII.1.3) O anúncio implica:Um contrato públicoII.1.5) Breve descrição do contrato ou das aquisiçõesO presente concurso público tem como fi nalidade contratar os serviços de traba-lho temporário, com vista a assegurar as substituições de trabalhadores ausentes por motivos de doença, férias e licenças de maternidade, durante o ano de 2007.II.1.6) CLASSIFICAÇÃO CPV (VOCABU-LÁRIO COMUM PARA OS CONTRATOS PÚBLICOS)Objecto principalVocabulário principal: 93900000II.1.7) O contrato está abrangido pelo Acordo sobre Contratos Públicos (ACP)? NãoSECÇÃO III: INFORMAÇÕES DE CARÁCTER JURÍDICO, ECONÓMICO, FINANCEIRO E TÉCNICOIII.1) CONDIÇÕES RELATIVAS AO CONTRATOIII.1.1) Cauções e garantias exigidasAquando da execução do contrato é exigível a apresentação de caução no montante de 5% do valor global da adju-dicação sem inclusão do IVA.III.2) CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃOIII.2.1) Situação pessoal dos opera-dores económicos, nomeadamente requisitos em matéria de inscrição nos registos profi ssionais ou comerciaisInformação e formalidades necessárias

para verifi car o cumprimento dos re-quisitos:Alíneas a) e b) do n.º 1 do Art.º 12.º do Programa do Concurso.III.2.2) Capacidade económica e fi nanceiraInformação e formalidades necessárias para verifi car o cumprimento dos re-quisitos:III.2.3) Capacidade técnicaInformação e formalidades necessárias para verifi car o cumprimento dos re-quisitos:Aalíneas a), b), c) e d) do n.º 2 do Art.º 12.º do Programa do Concurso.SECÇÃO IV: PROCESSOIV.1) TIPO DE PROCESSOIV.1.1) Tipo de processo Concurso públicoIV.2) CRITÉRIOS DE ADJUDICAÇÃOIV.2.1) Critérios de adjudicação:Proposta economicamente mais vantajo-sa, tendo em contaOs critérios enunciados no caderno de encargos, no convite à apresentação de propostas ou para participar na negocia-ção ou na memória descritivaIV.3) INFORMAÇÕES DE CARÁCTER ADMINISTRATIVOIV.3.1) Número de referência atribuído ao processo pela entidade adjudicanteConcurso Público Internacional n.º 03/07IV.3.2) Publicações anteriores referen-tes ao mesmo projecto: NãoIV.3.3) Condições para obtenção do caderno de encargos e dos documen-tos complementares (excepto para um SAD) ou memória descritiva (em caso de diálogo concorrencial)Prazo para a recepção de pedidos de documentos ou para aceder aos docu-mentosData: 26/03/2007 Hora: 16Documentos a título oneroso: SimIndicar preço: 50Divisa: EURCondições e modo de pagamento: O valor indicado pode ser liquidado em dinheiro ou cheque, a liquidar na Tesou-raria do SUCH, ou pode o C. Encargos ser enviado à cobrança.IV.3.4) Prazos de recepção das propos-tas ou dos pedidos de participaçãoData: 30/03/2007Hora: 16IV.3.6) Língua ou línguas que podem ser utilizadas nas propostas ou nos pedidos de participação PTIV.3.7) Período mínimo durante o qual o concorrente é obrigado a manter a sua proposta (concursos públicos)Período em dias: 60 (a contar da data-limite para a recepção das propostas)IV.3.8) Condições de abertura das propostasData: 02/04/2007 Hora: 10Lugar: Sala de reuniões do Conselho de AdministraçãoPessoas autorizadas a assistir à abertura das propostas: Sim2 pessoas, no máximo, por concorrente.SECÇÃO VI: INFORMAÇÕES COMPLE-MENTARESVI.1) TRATA-SE DE UM CONTRATO DE CARÁCTER PERIÓDICO: NãoVI.2) CONTRATO RELACIONADO COM UM PROJECTO E/OU PROGRAMA FINANCIADO POR FUNDOS COMUNI-TÁRIOS: NãoVI.5) DATA DE ENVIO DO PRESENTE ANÚNCIO 06/02/2007

06/02/2007

Presidente do Conselhode Administração

Dr.ª Paula Maria MendesNanita Lopes de Oliveira

ANÚNCIO DE CONCURSO

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46 • Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007

ANÚNCIOCONCURSO PÚBLICO N.º 1-0-3005/2007

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE RECOLHA, ARMAZENAMENTO, TRANSPORTE, TRATAMENTO, VALORIZAÇÃO E ELIMINAÇÃO DOS DIVERSOS TIPOS DE RESÍDUOS DO AGRUPAMENTO DE

ENTIDADES ADJUDICANTES PARA O ANO DE 2007O Agrupamento de Entidades Adjudicantes: Centro Hospitalar de Lisboa - Zona Central, Hospital de Dona Estefânia e Hospital de Santa Marta EPE, vai efecturar o Concurso Público referido em epígrafe, que tem como objecto a prestação dos Serviços supracitados.

O processo de concurso encontra-se patente no Serviço de Aprovisionamento - Edifício do Centro de Formação, sito na Rua José António Serrano, 1150-199 Lisboa, todos os dias úteis das 9.00 às 13.00 e das 14.00 às 17.00 horas, desde a data da publicação deste anúncio até ao dia e hora do acto público do concurso.

Os interessados podem solicitar em tempo útil e mediante o pagamento da importância de Euros 70,00 + 21% IVA, em dinheiro ou cheque, o programa do concurso e o caderno de encargos no Serviço de Aprovisionamento - Edifí-cio do Centro de Formação, sito na morada acima indicada, todos os dias úteis das 9.00 às 13.00 e das 14.00 às 16.00 horas.

As propostas serão entregues até às 17 horas do dia 09/04/2007, no Serviço de Aprovisionamento - Edifício do Centro de Formação, sito na morada acima indicada, ou remetidas pelo correio, sob registo, ocorrendo o acto público de abertura das propostas no dia 10/04/2007, pelas 10 horas.

O anúncio completo a que se refere este concurso foi enviado para publicação no Diário da República e Jornal Ofi cial das Comunidades Europeias em 06 de Fevereiro de 2007.Qualquer esclarecimento pode ser solicitado através do telefone 218 841 916, ou Fax n.º 218 841 069/70.

Lisboa, 06 de Fevereiro de 2007

A Técnica Superior de 1.ª ClasseFátima Almeida

SERVIÇO DE APROVISIONAMENTOEDIFÍCIO DO CENTRO DE FORMAÇÃO

ZONA CENTRAL

COMPOREL - Companhia Portuguesa de Relojoaria, Lda.

CONVOCATÓRIAConvocam-se os sócios da sociedade Comporel - Companhia Por-tuguesa de Relojoaria, Lda., com sede na Avenida Fontes Pereira de Melo, Galerias Saldanha Residence, loja 1.32/3, freguesia de São Sebastião da Pedreira, concelho de Lisboa, pessoa colectiva n.º 504794051, matriculada na 3.ª Secção da Conservatória do Registo Comercial de Lisboa, com o capital social de € 15.000,00, para a reunião da Assembleia Geral que terá lugar na sede social, no próximo dia 30 de Março de 2007, pelas 19.00 horas, com a seguinte ordem de trabalhos:

1 - Deliberar e votar o projecto de fusão por incorporação das sociedades Comporel - Companhia Portuguesa de Relojoaria, Lda, e Twin Towers - Comércio dc Relojoaria, Ld.ª, na socie-dade Manuel dos Santos, Lda., que é rigorosamente idêntico ao projecto de fusão a apresentar nas assembleias gerais da sociedade incorporante e da sociedade incorporada Twin Towers – Comércio de Relojoaria, Lda., e que corresponde integralmente ao projecto de fusão registado na Conservatória do Registo Comercial de Lisboa, mediante transferência da totalidade do património das sociedades incorporadas para a sociedade incorporante.

Dá-se ainda conhecimento aos sócios e credores sociais de ter sido já registado na 3.ª Secção da Conservatória do Registo Comercial de Lisboa o referido projecto de fusão e de que este e a respectiva documentação anexa, se encontram à disposição para consulta na sede social.Assiste aos credores o direito de se oporem à fusão, nos termos do artigo 101.º-A do Código das Sociedades Comerciais.A presente convocatória constitui, igualmente, um aviso aos cre-dores.

Lisboa, 5 de Fevereiro de 2007

A GerênciaCOMPOREL, Ld.ªAssinatura Ilegível

Associação Portuguesa de Familiares e Amigosde Doentes de Alzheimer

A APFADA é uma instituição particular de solidariedade social que apoia os Doentes de Alzheimer e os seus Cuidados disponibilizando:Informação sobre a Doença e seus efeitos. Formação para cuidadores, formais e informais. Equi-pamentos e Serviços específi cos. Atendimento social e psicológico. Grupos de Ajuda Mútua. Terapia Ocupacional. Banco de ajudas técnicas. Outros benefícios.

ContactosSede: Av. de Ceuta Norte, Lote 1, Lojas 1 e 2 - Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa

Tel.: 213 610 460/8 - Fax: 213 610 469 - E-mail: [email protected] - Site: www.alzheimerportugal.orgDelegação do Norte: R. Barão do Corvo, 181, 4430-039 Vila Nova de Gaia

- Tel.: 226 066 863 - Fax: 223 754 484 - E-mail: [email protected]ção do Centro: Centro de Saúde de Pombal - 3100-000 POMBAL - Tel.: 236 200 970 - Fax: 236 200 971

- E-mail: [email protected]ção da Região Autónoma da Madeira: Complexo Habitacional da Nazaré, cave do Bloco 21 - Sala E

- 9000-135 FUNCHAL - Tel.:/Fax: 291 772 021 - E-mail: [email protected]úcleo do Ribatejo: Rua Dionísio Saraiva, n.º 11, 1.º - 2080-104 Almeirim - Tel.: 243 594 136 - Fax 243 594 137

- E-mail: [email protected]

DIVERSOS

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Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007 • 47

dura.

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Desporto48 • Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007

Futebol Dabao fez três golos no primeiro jogo

Se Dabao agradar, o seu passe no final da época pode custar 400 mil euros ao Benfica

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Yu Dabao, a jovem “pérola” chinesa que já começou a marcar golos no Benfi caTem apenas 18 anos e chegou há duas semanas. Alinha nos juniores do clube “encarnado”, onde já é vedeta, é o primeiro futebolista da China a jogar em Portugal e admira Rui Costa

a A bancada do principal relvado do centro de estágio dos “encarnados”, no Seixal, estava a abarrotar no sába-do. É verdade que um Benfi ca-Spor-ting atrai sempre muita gente, mesmo em juniores, mas a justifi cação para a enchente não se resumia à rivalidade entre “águias” e “leões”. Havia outro motivo: Yu Dabao.

Ele é o primeiro jogador chinês do Benfi ca, o primeiro futebolista do gigante asiático a jogar em Portugal. Com apenas 18 anos, Yu Dabao está a deslumbrar todos no clube. Apesar de ter feito apenas dois jogos ofi ciais, a fama de goleador espalhou-se rapi-damente. E a curiosidade tornou-se tão grande que anteontem vários mi-lhares fi zeram questão de ver com os seus próprios olhos “a pérola”, como

já lhe chamam. Mas não serão tantos elogios exagerados? Afi nal de contas, Dabao está em Portugal há pouco mais de duas semanas. A resposta tem sido dada pelo asiático, em cam-po: na primeira partida ofi cial, frente ao Portimonense, marcou três golos, acertou duas vezes nos postes e fez uma assistência para golo. E se no se-gundo encontro, contra o Sporting, fi cou em branco, o Benfi ca também não conseguiu marcar.

Dabao é diferenteSe pensa que Dabao personifi ca aquele estereótipo do futebolista chinês – pe-queno, frágil e inocente – ,esqueça. Ele é exactamente o contrário. O que o tor-na diferente, além da origem, é a sua frieza em frente à baliza. Dabao não é apenas um avançado, é um goleador. Tanto Bruno Lage, como Renato Paiva,

respectivamente treinador principal e técnico adjunto da equipa de junio-res, sublinham a sua capacidade para fazer golos. Os índices de fi nalização do jovem ponta-de-lança chinês são assombrosos. “É um jogador acima da média para o escalão. Na ‘cara do golo’ tem classe, é frio”, explica Lage.

O internacional sub-17, sub-18 e sub-19 chinês não facilita, nem nos treinos, onde não há o ambiente de competi-ção dos jogos. “Em dez situações de golo, marca nove”, garante Renato Paiva. E é esta capacidade que está a deslumbrar os responsáveis benfi quis-tas. Outra das qualidades elogiadas a Dabao é a sua cultura táctica, “muito elevada para a idade que tem”, que lhe permite jogar com facilidade em diferentes esquemas tácticos.

Não é a primeira vez que Dabao está no Benfi ca – em Outubro do ano passa-

do fi cou à experiência dois meses. Mas as suas qualidades foram tão eviden-tes que os “encarnados” avançaram para a sua contratação. Depois de ter regressado à China, o avançado voltou há pouco mais de duas semanas e irá terminar a época a jogar pelos junio-res. No fi nal da temporada será decidi-do o seu futuro (o passe custa 400 mil euros), mas Rosário e Justino, adjuntos de Fernando Santos, treinador dos sé-niores, já observaram o jogador.

Agarrado aos pauzinhosDabao vive no centro de estágio do clube, no Seixal. E foi lá que falou ao PÚBLICO. Pouco surpreendido por merecer o interesse da imprensa por-tuguesa e chinesa (um jornal chinês também aproveitou a ocasião para o entrevistar, ajudando na tradução), apareceu com um par de pauzinhos

na mão. Há hábitos que não se alte-ram facilmente e Dabao não abdica dos seus “talheres”.

A mudança de país, de continente, de civilização não parece incomodá-lo. Dabao é natural da cidade de Qing Dao, que fi ca a cerca de uma hora e meia de avião de Pequim e de Xangai, onde vivia com os pais (é fi lho único). A solidão que enfrenta no Seixal mata-a a ler e a estudar inglês e português. Já sabe dizer “obrigado” e contar até três – os golos que já marcou.

Para o ano, espera jogar na equipa principal do Benfi ca, quem sabe ao la-do de Rui Costa, o jogador português que mais admira. Lá fora, prefere o brasileiro Kaká (AC Milan). Futebolis-tas habilidosos. Talvez mais do que Dabao, mas o chinês espera que os golos o tornem tão famoso como os seus ídolos.

Jorge Miguel Matias

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Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007 • 49

Saiba por que é que os juros ainda deverão subir três vezes em 2007 Economia, página 58

Mendonça, o angolano que tarda em sair do Varzim

Ângelo Teixeira Marques

a Mendonça viveu ontem a ressaca do sucesso de ter sido um dos grandes responsáveis pelo afastamento do Ben-fi ca da Taça de Portugal em futebol. E o telemóvel não parou de tocar. Fa-miliares e amigos quiseram transmitir “os parabéns” pela exibição. “Correu bem, foi um bom momento. O jogo foi

bom para levantar a moral”, disse ao PÚBLICO o jogador do Varzim.

O internacional angolano – que já vestiu a camisola da selecção mais de 50 vezes – chegou à Póvoa. com 17 anos, pela mão do actual presidente do Varzim. Teve de disputar com Loyd e Dedas (também internacionais de An-gola) uma vaga. “Só podíamos ter um e o Mendonça era o mais atrevido, dava

mais nas vistas”, diz Lopes de Castro. O avançado pertence à geração que

disputou, em 1999, a Taça Africana das Nações e que, passados dois anos, che-gou aos quartos-de-fi nal do Mundial de Juniores. Na Póvoa, era o “meni-no querido” dos adeptos que têm na memória outras “pedras preciosas” vindas de Angola, como Vata ou Lu-femba. Foi Rogério Gonçalves, actual

trapassada com a estabilidade familiar que ganhou.

O “salto” para outro clube esteve para ocorrer no Verão. “Um clube da 1.ª Liga queria-o por empréstimo, mas o Varzim não faz empréstimos”, diz Lopes de Castro, que acredita num grande futuro para o angolano. “Cus-ta-me é perceber como é que ainda continua no Varzim.”

treinador do Braga, quem lançou Men-donça , justamente frente ao Benfi ca (2001/02). Nessa época “jogava como um número 10”, diz o atleta, que hoje é extremo. Lopes de Castro reconhece que, por vezes, o Mendonça que se viu frente ao Benfi ca “desaparecia”, mas acredita que essa inconsistência – em 2004 o atleta esteve suspenso três meses por doping – está a ser ul-

FinlandêsGrönholm ganha Rali da Suécia pela quinta vez

a O piloto fi nlandês Marcus Grönholm conseguiu ontem, no Rali da Suécia, a sua primeira vitória do ano e a quinta na prova. O tricampeão mundial, Sé-bastien Loeb, terminou em segundo, a 53,8s. O francês mantém o primeiro lugar na classifi cação de pilotos, com 18 pontos, mais dois que Grönholm.

“Estou muito contente. Foi uma bela disputa com Loeb. Não tivemos nenhum problema no carro, apenas frio nos pés”, disse o vencedor.

Ontem, num dia em que muitos pi-lotos tiveram problemas, em grande maioria causados pelo piso de neve e pela pouca visibilidade, Grönholm (Ford Focus) voltou a ser mais rápido que a concorrência, vencendo três das seis especiais disputadas. Embora sem vencer nenhuma das especiais, Loeb (Citroën C4) foi uma constante preocu-pação para o fi nlandês, tendo acabado sempre com tempos muito próximos do líder da prova.

No terceiro posto, a 1m41s, termi-nou Hirvonen, compatriota e colega de equipa de Grönholm, que subiu ao terceiro lugar do Mundial, com dez pontos.

O piloto português Armindo Araújo (Mitsubishi Lancer Evo IX) terminou o rali na 21ª posição – foi sexto na ca-tegoria Produção, a escassos 17,5s do quinto classifi cado. O tetracampeão nacional, que foi o melhor classifi ca-do dos não nórdicos, mostrou-se, no fi nal, bastante satisfeito com o rendi-mento. “Correu melhor do que o es-perado. Sabíamos que era uma prova de sofrimento e queríamos amealhar algum pontinho.”

Araújo, que na prática fi ca em quin-to na Suécia, uma vez que o sueco Os-car Sevedlund, a convite da organiza-ção, apenas fez esta prova, participará ainda em mais cinco ralis. O próximo será em Junho (1 a 3), na Grécia. Por motivos logísticos, Armindo Araújo abdicou de participar nos ralis do México e Austrália, provas que tam-bém fazem parte do calendário da categoria Produção.

O Mundial continua já na próxima sexta-feira com o inédito Rali da No-ruega que, à imagem da prova sueca, também será disputado em piso de ne-ve. Essas condições podem, uma vez mais, benefi ciar os pilotos nórdicos, entre eles Grönholm.

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Desporto50 • Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007

João Loureiro Uma década à frente do destino dos “axadrezados”

Geração Loureiro, o reinado que deu uma nova dimensão ao BoavistaJoão Loureiro completa na quarta-feira dez anos na presidência dos “axadrezados”. Uma década em que o clube conquistou todos os títulos nacionais e se afi rmou na Europa

a Quando perguntam a João Loureiro se o melhor presidente do Boavista foi ele ou o pai, o actual líder dos “axadre-zados” responde, sem hesitar, que foi Valentim Loureiro. “Sem o trabalho que ele desenvolveu, num clube com tradição, mas muito localizado, nunca teria conseguido nada”, explica, quan-do está a dois dias de completar dez anos como líder do clube. Uma década em que conquistou todos os títulos na-cionais, concretizou a construção do novo Estádio do Bessa, criou a SAD e levou o clube à Liga dos Campeões e a uma meia-fi nal da Taça UEFA. “Mas nada seria possível sem o património que o meu pai construiu ao longo dos anos”, repete. “Só tive o mérito de não me conformar com os êxitos do passa-do”, concede.

A história do Boavista confunde-se com a da família Loureiro, uma ligação que dura há cerca de 39 anos. O pai entrou no clube em 1968, quando se encontrava na II Divisão, e colocou-o entre os grandes do futebol, dando a conhecer as “camisolas esquisitas” à Europa. O fi lho modernizou-o e levou--o ao título na temporada de 2000/01. Aumentou também o número de sócios de oito mil para 28 mil. “A melhor assis-tência no anterior estádio foi de cerca de 2800 sócios pagantes num jogo com a Lazio. Hoje temos frequentemente cinco a seis mil numa partida vulgar”, diz João Loureiro, sem esconder que,

nesta altura, o clube atravessa mo-mentos complicados em termos de tesouraria. É isso que está a procurar resolver para “fechar este ciclo com chave de ouro”.

Os grandes momentos daquele que foi o mais jovem presidente de sempre a sagrar-se campeão nacional foram a conquista do título, a inauguração do novo estádio e a constituição da SAD. “O meu pai deixou tudo muito bem encaminhado, eu apenas tive de lhe imprimir novas ideias e conceitos de modernização”, insiste. Confessa, con-tudo, que, quando foi “obrigado, por força das circunstâncias” – Valentim Loureiro, em 1997, assumiu a presi-dência da Liga de Clubes –, a assumir os destinos do clube, tinha sonhos e um deles era o título. “A oportunidade surgiu com a constituição da SAD em 2000. Nesse ano contraímos um em-préstimo que nos permitiu segurar os melhores jogadores e fazer mais algu-mas contratações. Com o dinheiro da SAD pagou-se o fi nanciamento e ainda sobrou algum dinheiro. E, em termos desportivos, o objectivo era andar entre os grandes, mas conseguimos o título”, explica.

Mas, de facto, nada disto seria pos-sível sem o trabalho desenvolvido por Valentim Loureiro, que encontrou o clube sem praticamente nada de seu e a disputar a II Divisão. Com Valentim, o Boavista mudou. Comprou o está-dio. Cortou com a política de jogado-res emprestados e passou a apostar

na formação e em comprar barato e vender caro. “Apercebi-me muito cedo de que, para sobreviver e crescer, esse era o único caminho. Essa é a fi losofi a que ainda hoje se mantém no clube, que continua a conseguir realizar boas transferências”, explica o presidente honorário dos “axadrezados”.

O primeiro negócio que marca a viragem do Boavista é a contratação de Moinhos, em 1972, ao Vilanovense. Valentim Loureiro, na altura chefe do departamento de futebol, adiantou do seu próprio bolso os 150 contos neces-sários para concretizar o negócio. O passe do jogador subiu em fl echa e, em 1974, é transferido para o Benfi ca por 2500 contos. “Era o sufi ciente pa-ra pagar dois a três anos de salários do nosso plantel”, explica Valentim. Ainda na década de 70, os grandes de Lisboa voltaram a rechear os cofres do Bessa. O Sporting pagou 1800 contos por Fraguito. O Benfi ca desembolsou oito mil por Celso e Jorge Gomes.

Uma transferência famosa foi a de Ademir, um ponta-de-lança que não parecia ter lugar na equipa das Antas. Valentim Loureiro avança para compra do passe, mas o jogador nem sequer chega a vestir de xadrez, sendo de ime-diato vendido ao Celta de Vigo por 13 mil contos. Foi a primeira afronta aos portistas, cujo presidente, Américo de Sá, ainda tentou impedir o negócio. De-balde. O líder “axadrezado” respondeu que “também” tinha feito “a quarta classe”. E arrecadou os lucros.

Manuel Mendes

Valentim e João Loureiro: o novo estádio é uma das maiores conquistas

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O novo Estádio do Bessa é um dos principais elementos patrimoniais do clube

Valentim Loureiro, que foi um dos principais motores da aquisição do terreno onde nasceu o Estádio do Bessa, foi também o responsável pela ampliação do património do clube. Em 1968, naquele que ficou conhecido como o “jantar dos presidentes”, foi o actual líder da Câmara de Gondomar quem adiantou do seu bolso 50 dos 300 contos necessários à

compra dos terrenos onde hoje está implantado o estádio. Já com os lucros de sucessivas transferências, avançou, no final da década de 80, para a compra de mais 13 mil metros quadrados junto ao Bessa. Com Valentim, o Boavista foi o primeiro clube em Portugal a vender os direitos de transmissão televisiva dos seus jogos e foi o segundo, a seguir ao Farense, a ter uma sala de bingo.

PatrimónioOs terrenos do Bessa e os direitos televisivos

Page 51: PÚBLICO de cara nova

Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007 • 51

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Um futuro difícil

As dívidas, o estádio e a alegada discriminação

a João Loureiro termina o mandato à frente dos destinos do Boavista no próximo mês de Dezembro. Ainda não sabe se vai recandidatar-se. Mas antes dessa data quer resolver de uma vez por todas os problemas de tesouraria que afectam o clube e que fazem surgir com frequência notícias de credores a reclamar os seus direitos. O presidente do Boavista reconhece que existem problemas fi nanceiros, que se devem, sobretudo, à suposta discriminação de que o emblema te-rá sido alvo nos apoios à construção do estádio e que criaram um encargo anual de dois milhões de euros à SAD axadrezada.

“Até hoje, cumprimos escrupulosa-mente todas as prestações e já pagá-mos oito milhões de euros”, garante. Com este custo inesperado, explica, o clube viu-se obrigado a cortar drasti-camente no orçamento, que hoje não vai além dos quatro milhões de euros. “Mas para reduzir foi necessário fazer rescisões, cortar nos contratos mais elevados, e muitas das reclamações que agora surgem devem-se a esse fac-to”, explana, garantindo que o Boavista “tem vontade de cumprir” com toda a gente. “As pessoas, no entanto, têm de compreender que a nossa priorida-de é respeitar os compromissos para com quem aqui trabalha agora e esses estão a ser cumpridos.” Mensalmente, porém, a SAD reserva uma verba entre os 75 mil e os 100 mil euros para ir pa-

gando faseadamente essas dívidas.João Loureiro espera que as autori-

dades públicas venham a corrigir esta injustiça e evitem que “o caso vá parar aos tribunais nacionais e europeus”. “Um relatório do Tribunal de Contas diz claramente que houve uma discre-pância enorme em termos de apoios no âmbito da construção dos estádios do Euro 2004, com claro prejuízo do Boavista. Repare: cinco estádios são municipais. O do Guimarães foi totalmente edifi cado com dinheiros públicos. Depois há mais quatro. O FC Porto teve fortes apoios através do

Plano de Pormenor das Antas. O Benfi -ca e Sporting tiveram enormes contri-buições da EPUL e ainda recentemente Soares Franco veio reclamar o cum-primento de alguns acordos por parte da autarquia. Depois sobra o Boavista, que ninguém apoiou e, pior, ainda se arrogam o direito de nos impedir de rentabilizar o nosso património, como é o caso da edifi cação que queremos fazer em parte dos terrenos dos cam-pos de treinos.”

Seja como for, João Loureiro conta ter todos os problemas de tesouraria

resolvidos. Numa primeira fase, atra-vés da conclusão das negociações relativas ao refi nanciamento da cons-trução do estádio, processo que deve estar concluído nos próximos dias. Depois, pelo aumento de capital da Boavista SAD com a emissão de 27,5 por cento de novas acções para subs-critores internacionais, que devem fazer entrar no clube mais de sete milhões de euros.

“Espero que tudo esteja concluí-do neste primeiro semestre. Vamos saldar todas as dívidas e fi car numa situação excelente para crescer de forma sustentada”, explica. Loureiro diz ainda que a parceria não está fe-chada, porque tem de garantir que o Boavista será sempre o principal pro-tagonista na gestão. “Se fosse para vender o controlo a um terceiro, isso já o poderia ter feito há muito. Mas a próxima época já será disputada nes-ses termos”, garante.

Mesmo que não se concretizasse es-ta operação, o clube já está, segundo o presidente boavisteiro, numa fase de recuperação, tendo conseguido no ano passado um cash-fl ow positivo de 1,4 milhões de euros. Além disso, João Loureiro admite que o clube e a SAD podem ter um passivo no máxi-mo de 25 milhões de euros, mas como contrapartida alega que o património do Grupo Boavista está avaliado em cerca de 100 milhões de euros. Manuel Mendes

João Loureiro admite que o clube e a Sociedade Desportiva apresentam um passivo máximo de 25 milhões

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Desporto52 • Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007

Vital Moreira vai ter de esperar 4 anos e meio pela presidência do Tribunal Constitucional Portugal, pág. 23

Regresso do “traidor” Ronaldo a um Meazza meio vazio para ver a sua estreia no AC Milan

Foi assim no Chievo-Inter: na foto, um steward numa bancada vazia

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Filipe Escobar de Lima

O futebol voltou a Itália uma semana depois da morte de um polícia. Quatro estádios fecharam as portas aos adeptos. Na Rússia, Hiddink nega ida para o Chelsea

a A estreia de Ronaldo pelo AC Milan não podia ter ocorrido em momento mais conturbado do futebol em Itália. A morte de um polícia na Sicília, há mais de uma semana, tirou brilho ao regresso do brasileiro. Ronaldo apre-sentou-se no majestoso Giuseppe Mea-zza frente a uma estádio meio vazio.

Com as novas normas de segurança nos estádios aprovadas pelo Governo, quatro recintos não puderam ter on-tem as portas abertas – só os de Ro-ma, Génova, Siena, Cagliari, Palermo e Turim cumpriram as novas regras. Chievo-Inter (0-2), Atalanta-Lazio (0-0), Fiorentina-Udinese (2-0) e Messi-na-Catania (1-1) tiveram os portões fechados.

Em San Siro, só entraram os adeptos do AC Milan, os do Livorno fi caram fora. Poucos para ver o regresso do “fe-nómeno” a Itália – os adeptos do Inter chamam-lhe traidor. Passaram quatro anos e nove meses desde o seu último jogo na Série A italiana – em Maio de 2002. Na altura, jogava no eterno rival Inter de Milão e a derrota com a Lazio signifi cou deixar fugir o scudetto. Foi aí, no banco, após ser substituído por Ranieri, que chorou a derrota e pen-sou a saída.

Ontem, de volta a um estádio onde já havia jogado uma centena de vezes, entrou ao minuto 62 com a camisola 99 e o resultado em 1-1. Ronaldo não marcou, mas ajudou o Milan a vencer por 2-1 – efectuou três remates, mas a estrela acabou por ser o checo Marek Jankulovski, com o golo da vitória.

15ª vitória do InterSem Ronaldo, mas com Adriano e Crespo, autores dos dois golos com que o Inter derrotou o Chievo por 2-0, o líder do campeonato vai lançado rumo ao título. O estádio Bentegodi foi um dos que fecharam as portas e as bancadas vazias pouco afectaram a equipa de Mancini, que somou a 15ª vitória consecutiva: soma 60 pontos em 22 jornadas e 11 pontos de avanço sobre a Roma. O treinador milanista

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criticou o Governo. “Reagimos sempre tarde de mais. A violência existe há anos. Estes jogos, assim, não fazem sentido e alguns estádios devem manter-se assim até Setembro.”

A Roma bateu facilmente o Parma, por 3-0, num jogo em que o capitão Totti se tornou o jogador em activida-de com mais golos na prova (139), mais um que Chiesa (Siena). Para os parme-sãos, o calvário continua: o adversário do Sp. Braga na Taça UEFA somou a 13ª derrota em 22 jogos e Fernando Couto foi expulso.

Na Rússia, Guus Hiddink voltou a ne-gar a sua demissão do cargo de selec-cionador daquele país para substituir José Mourinho no Chelsea no fi nal da época. O futuro do técnico português em Stamford Bridge está em dúvida e o holandês Hiddink surge nos jornais ingleses como o favorito para os blues. O treinador de 60 anos nega: “Ficarei à frente da selecção da Rússia até 2008”. “Nunca falei com Roman Abramovich sobre a minha ida para o Chelsea. Es-tou satisfeito com o meu actual cargo e muito ocupado agora, com outras coisas para me concentrar. Como fi -

cariam as coisas se saísse passado um ano e fosse para o Chelsea?”

Na Premier League, o Arsenal deu a volta ao marcador para derrotar o Wigan, por 2-1. Valeu Henry e Rosicky nos últimos nove minutos para deixar os gunners no quarto lugar, a um ponto do terceiro, Liverpool.

Em Espanha, o Valência sofreu uma pesada derrota ante o Getafe (3-0) e perdeu o terceiro lugar para o Real Madrid. O Corunha bateu o Villar-real (0-2), o Espanyol ganhou em Vigo (0-2), o Gimnastic perdeu com o Osasuna (2-3) e o Levante venceu o Recreativo (2-1).

Na Bundesliga, o Bayern venceu fi nalmente sob o comando de Ottmar Hitzzfeld. Os bávaros ganharam ao Ar-minia por 1-0 (golo de Makaay) e estão no quarto lugar, com mais um ponto que o Nuremberga (2-0 ao Bochum).

O dia na Alemanha fi cou ainda marcado por um ataque de 800 hoo-ligans do Leipzig à polícia, depois de um jogo com o Erzgebirge, causando 36 agentes e seis adeptos feridos. Hou-ve cinco detenções e a polícia está a investigar o caso.

Nunes marcou o seu terceiro golo da temporada, contribuindo para a vitória do Maiorca sobre o Saragoça (2-1). Deco rebocou o Barcelona e marcou o livre para o segundo golo da equipa, Jorge Andrade também festejou o triunfo do Deportivo em Villarreal (0-2), mas a 22ª jornada da Liga espanhola já não foi tão feliz para Miguel e Hugo Viana (a partir dos 64’), derrotados no Getafe-Valência (3-0), tal como Beto, no Levante-Huelva (2-1). Zé Castro e Maniche (At. Madrid) só defrontavam mais tarde o At. Bilbau. Fernando Couto foi expulso em Roma e, no Chievo-Inter (0-2), Figo entrou apenas aos 75’. Meira, lesionado na Bundesliga, tem contractura muscular.

Terceiro golo de Nunes em MaiorcaCouto expulso

Sporting de novo campeão no atletismo

Jorge Miguel Matias

a O Sporting conquistou ontem, em masculinos e em femininos, o Nacional de clubes de pista coberta, que decor-reu em Pombal. Nos homens, foi o 12º título consecutivo, enquanto nas mu-lheres as vitórias seguidas são já 13.

O Benfi ca foi o principal adversário dos “leões” em masculinos, fi cando apenas a um ponto de distância do rival lisboeta depois da desclassifi ca-ção da equipa leonina de 4x400m. Na competição feminina, o triunfo spor-tinguista foi mais folgado (22 pontos sobre o JOMA), resultado de vitórias em 11 das 13 provas do programa.

Individualmente, a grande fi gura da segunda jornada foi Rui Silva, que venceu os 3000m com o tempo de 7m54,05s, mínimo para o Europeu de Birmingham. Já Marco Fortes, vencedor do lançamento do peso com 18,33m, fi cou a 17cm de Inglaterra.

Entre as mulheres, Susana Costa destacou-se ao ganhar o triplo salto com 13,35m, a nove centímetros do recorde nacional, que data de 1990.

Isinbayeva bate recorde do salto com vara

Jorge Miguel Matias

a A atleta russa Yelena Isinbayeva vol-tou a bater o recorde mundial do salto com vara em pista coberta. Ontem, no Meeting de Donetsk (Ucrânia), elevou em dois centímetros a anterior melhor marca, que já lhe pertencia, fi xando o novo máximo em 4,93m.

“Senti-me muito confi ante. Tenho a certeza de que este não será o meu único recorde durante esta época”, prometeu a atleta russa, depois de nova proeza.

O anterior recorde mundial de Isin-bayeva em pista coberta, 4,91m, tinha sido alcançado há quase um ano, a 12 de Fevereiro do ano passado, no mes-mo meeting.

Isinbayeva é também a recordista mundial absoluta de salto com vara ao ar livre, com a marca de 5,01m, registada a 12 de Agosto do ano pas-sado, durante os últimos Mundiais de Helsínquia, na Finlândia.

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Economia54 • Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007

Comércio Iranianos querem investir e captar investimento

Ghoncheh Tazmini é a directora da Câmara de Comércio Irão-Portugal

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Delegação comercial do Irão prestes a chegar a LisboaA delegação deverá chegar dentro de semanas. Um dos objectivos é avaliar possibilidades de negócios na construção de residências de férias.

a Quinhentos anos depois de os portugueses terem iniciado relações comerciais com a antiga Pérsia, Lisboa prepara-se para receber pela primeira vez uma delegação económica ofi cial do Irão, constituída por representan-tes governamentais e homens de ne-gócios. O objectivo? Sensibilizar os empresários nacionais a olhar para aquele país como destino de investi-mento e chamá-los a envolver-se no movimento de privatizações que está em curso. Mas não só. Um dos intui-tos da viagem é encontrar alternativas para aplicar fora de portas os petrodó-lares que circulam entre os iranianos e canalizá-los, nomeadamente, para a construção em solo português de segundas residências para férias.

A directora executiva da Câmara de Comércio Irão-Portugal, Ghon-cheh Tazmini, classifi cou de “muito signifi cativa” a vinda a Portugal, no

fi nal do mês, princípio de Março, de um grupo “liderado pelo presidente da Câmara do Comércio de Teerão”, Nahavandian. Esta instituição de ca-pitais públicos com parcerias priva-das funciona como uma agência de captação de investimento externo e de promoção do comércio, mas tem ainda como desígnio encontrar ne-gócios no estrangeiro para aplicar as receitas petrolíferas, que acumulam somas exorbitantes.

A presença dos empresários ira-nianos em Lisboa (que vão ainda a Espanha e Itália) “constitui um sinal importante” de que estão “empenha-dos” em procurar oportunidades de investimento para os dois países. “Os privados estão cheios de liquidez e querem internacionalizar-se, para fora do Médio Oriente”, evidenciou Ghoncheh Tazmini. “Mas não conhe-cem o mercado português.”

Em que áreas pensam investir em Portugal? Tomando posições em

empresas, mas também “adquirindo segundas residências para vir de fé-rias”. Ghoncheh Tazmini constatou que “normalmente os rendimentos petrolíferos acabam por ser aplicados no Dubai”, que está associado a um ambiente empresarial dinâmico.

Reuniões com a API e AIPEm Lisboa, a delegação iraniana reu-nir-se-á com a Agência Portuguesa para o Investimento (API) e a Asso-ciação Industrial Portuguesa (AIP), para celebrarem um acordo que visa a promoção de um maior intercâmbio económico. Confrontada com estas in-formações, a API não respondeu às questões colocadas pelo PÚBLICO, en-quanto a AIP confi rmou a assinatura de um memorando de entendimento envolvendo as várias entidades.

Os contactos decorrem num con-texto de instabilidade interna e geo-política, com o Irão a ser intimidado com a aplicação de sanções devido aos seus projectos nucleares. “Teerão está a procurar diversifi car a economia e tem um projecto de privatizações no valor de 1,3 mil milhões de euros”, evocou Ghoncheh Tazmini, aprovei-tando para recordar que o governo acaba de criar um departamento des-tinado a promover as relações econó-micas e comerciais com Portugal.

Uma das prioridades é conquistar “capitais internacionais e know-how” que ajudem à modernização do Irão, que cresce a uma taxa de 6,5 por cen-to ao ano, notou a responsável. O pro-grama de privatizações, disse, vai per-mitir absorver cerca de 24 mil milhões de euros de capitais externos. “Por falta de conhecimento” ou ausência de iniciativa, as trocas comerciais de Portugal com o Irão atingem valores que se podem considerar irrelevantes (ver textos na página ao lado) quando comparados com o montante que é associado à Grã-Bretanha, à França, à Alemanha e à Espanha, que no con-junto se aproxima dos 2,5 mil milhões de euros.

Segundo Ghoncheh Tazmini, em 2005, a taxa de expansão da produ-ção industrial iraniana situou-se em 7,4 por cento, tendo sido exportados produtos não-petrolíferos no valor de 7,7 mil milhões de euros.

Cristina Ferreira

A Associação Industrial Portuguesa, liderada por Rocha de Matos, irá receber a delegação iraniana

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Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007 • 55

Paulo Macedo deve continuar na DGCI?

O ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, tem de decidir rapidamente. O mandato do director-geral dos Impostos

termina em Maio. Deve o Govermanter Paulo Macedo, ou devesubstituí-lo? Responda à questem www.publico.pt

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Relações Portugal-Irão

Desequilíbrio no comércio e investimento insignificantea O Irão é um dos países do mundo com quem Portugal apresenta uma ba-lança comercial mais desequilibrada. Nos primeiros 11 meses do ano passa-do, de acordo com os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística, entraram no país produtos de origem iraniana no valor de 247,6 milhões de euros. Em contrapartida, as empresas portuguesas apenas conseguiram re-alizar vendas de 14,1 milhões, ou seja, um valor cerca de 17 vezes menor.

Os enormes recursos energéticos do Irão são a explicação para este défi ce nacional. Quase 95 por cento das ex-portações iranianas para o mercado nacional são combustíveis minerais. No decorrer do ano passado, este país do Médio Oriente conquistou mesmo espaço em Portugal, mais do que duplicando as suas vendas (sem estarem contabilizados os resultados do último mês) e passando do déci-mo oitavo para o décimo terceiro lugar na lista dos maiores fornecedores de combustíveis.

As vendas de Portugal para o Irão,

pelo contrário, teimam em não crescer e limitam-se a vendas esporádicas e de reduzido valor em áreas como a ma-quinaria, o papel e a madeira.

A reduzida dimensão do comércio entre os dois países (quando retirado o efeito do petróleo) tem como uma das principais razões a inexistência de investimentos. O Banco de Por-tugal, responsável por agregar estes dados, não disponibiliza informação relativamente ao investimento direc-to do Irão em Portugal e de Portugal no Irão. Isto acontece porque o valor tem sido nos últimos anos tão redu-zido que se torna, de acordo com o banco, estatisticamente irrelevante. Uma situação que o Irão tenta agora inverter. A energia e a refi nação são as áreas prioritárias para captação de fundos externos, pois vão exigir, numa fase inicial, investimentos de 23 mil milhões de euros. Mas também os têxteis, a indústria de componentes para automóveis, da madeira e a agri-cultura são actividades que aguardam por fundos externos. S.A. e C.F.

Sanções internacionais ameaçam Irão

Economia dependente do petróleoa A forte dependência relativamente ao petróleo e as ameaças de mais san-ções comerciais por parte das grandes potências mundiais são os grandes ris-cos que a economia iraniana enfrenta, apesar de os últimos anos terem sido positivos. Entre 2002 e 2006, a taxa de crescimento do PIB foi de 6,3 por cento, e a balança externa apresentou, durante todo esse período, exceden-tes. Mas estes resultados foram conse-guidos, quase na sua totalidade, graças ao mercado energético mundial.

Os preços do petróleo, apesar da re-cente tendência de descida, mantém--se em níveis historicamente altos e isso tem permitido que as exportações ira-nianas continuem a sustentar um ritmo de actividade económica elevado. Os próximos anos podem, no entanto, trazer difi culdades. As expectativas nos mercados internacionais são de uma descida progressiva dos preços

do petróleo face às pressões da Arábia Saudita. E, de acordo com as previsões da Economist Intelligence Unit, o Irão pode voltar aos défi ces externos já em 2009, ano em que a taxa de crescimen-to da economia não deverá ultrapassar

três por cento. É para encontrar alter-nativas que as autoridades iranianas começam a apostar na atracção de in-vestimento estrangeiro. Esta estratégia tem, contudo, problemas. Em Dezem-bro passado, o Conselho de Seguran-ça das Nações Unidas aprovou uma resolução que proíbe o comércio de qualquer tecnologia relacionada com o desenvolvimento nuclear ou balísti-co. E agora, os Estados Unidos tentam convencer a Europa a ir mais longe, nomeadamente terminando com a atribuição de créditos às exportações dirigidas ao Irão e tomando medidas para travar o investimento naquele país. Esta situação, a verifi car-se, se-ria grave, já que a Europa é um dos principais destinos das exportações iranianas. Em conjunto, Alemanha, França e Itália, representam quase um terço do total dos produtos importados pelo país. S.A.

6,3%Entre 2002 e 2006, a economia iraniana cresceu a um ritmo médio anual superior a seis por cento. Esta situação não deverá, no entanto, repetir--se num futuro próximo e a economia deverá abrandar.

PIB vai abrandar

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Economia56 • Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007

Análise/Inovação Inteli-Inteligência em Inovação

Criar mercados para soluções inovadorasA “aquisição pública de soluções inovadoras de natureza pré-comercial” vem colmatar uma lacuna ao funcionar como indutor do desenvolvimento de novas tecnologias

a Em paralelo com diversos docu-mentos da Comissão Europeia (CE), o Relatório Aho, de Janeiro de 2006, destaca a necessidade de lançamento de um Pacto para a Investigação e Inovação orientado para a criação de uma Europa inovadora. Para tal, torna-se essencial o lançamento de políticas de I&D e inovação dirigidas para a geração de um mercado para soluções inovadoras, que potencie a capacidade de valorização dos resul-tados de I&D em produtos e serviços comercializáveis.

Neste contexto, o relatório do Natio-nal IST Research Directors Forum de Março de 2006 avança com o conceito de “pre-commercial procurement of in-novation” (com a tradução aproxima-da e extensa de “aquisição pública de soluções inovadoras de natureza pré-comercial”), apelando ao papel deste instrumento de política como suporte à promoção da investigação e inovação na área das Tecnologias de Informação e Comunicação na Europa.

O documento, apresentado na Con-ferência de Viena sob a égide da pre-sidência austríaca da UE, no primeiro semestre do ano passado, anuncia que o pre-commercial procurement of innovation se traduz num processo através do qual as autoridades pú-blicas pretendem adquirir soluções tecnologicamente inovadoras ainda não existentes no mercado, com vista à satisfação das respectivas necessida-des. Apesar de inexistentes, os produ-tos, serviços ou sistemas poderão ser desenvolvidos, num razoável período de tempo, requerendo um esforço adicional de investigação e inovação e comportando um risco acrescido. O pre-commercial procurement of in-novation vem colmatar uma lacuna fundamental do sistema europeu de inovação, ao considerar a atribuição de investimento público directo à I&D não só nas etapas situadas entre a ideia e o protótipo do ciclo de vida típico de um projecto de investigação e inovação, mas também na fase de pré-comercialização de produtos e serviços testados e validados em contexto real (fi gura).

Este instrumento de política fun-

ciona, assim, como indutor do de-senvolvimento de novas tecnologias, distinguindo-se da noção tradicional de ‘public procurement’ que ocorre quando os compradores lançam um processo de aquisição de soluções já disponíveis cujas características técnicas e funcionais são conhecidas e estão em condições de ser comer-cializadas no mercado, envolvendo necessariamente um risco menor ou praticamente nulo.

Incentivo ao riscoLegalmente, o pre-commercial procure-ment of innovation confi gura-se como uma aquisição de serviços de I&D, sendo considerado uma excepção ao Acordo Governamental de Aquisições Públicas da Organização Mundial de Comércio (Government Procurement Agreement) e às Directivas de “Procu-rement” da UE de 2004, não escusan-do contudo o respeito pelos princípios de transparência, não discriminação e objectividade postuladas no Tratado da UE. Além do mais, esta abordagem é coadjuvada pelo novo enquadramen-to das Ajudas de Estado à I&D e Ino-vação, no qual a CE propõe medidas adicionais para promover o risco e a experimentação, reconhecendo os projectos de inovação tecnológica como elegíveis para efeitos de apoio.

Com esta perspectiva, é possível a restrição da fase de I&D pré-comer-cial à Europa/EEA (European Eco-nomic Area), tornando dispensável a abertura de concursos públicos de aquisição a nível internacional. Este facto afi gura-se como fundamental na criação de vantagens competitivas para a UE, quer face aos EUA quer aos países asiáticos que têm vindo a proteger a sua base de fornecimento local através da aplicação estratégica do “public procurement” (caixa). São, assim, abertas oportunidades para as empresas europeias, nomeadamente nas fases de commercial procurement, que passam a competir em igualdade de circunstâncias no contexto global.

Além do mais, o pre-commercial procurement of innovation baseia-se na partilha de riscos e benefícios entre compradores e fornecedores, constituindo-se como um processo de aprendizagem mútuo onde os actores partilham informação e co-

Catarina Selada e José Rui Felizardo

nhecimento antes e ao longo do pro-cesso de aquisição, potenciando uma melhoria da qualidade e uma redução do custo das soluções num ambiente de inovação interactiva. Face à aver-são ao risco da maioria dos compra-dores públicos, passa a ser possível a concessão de incentivos com vista ao respectivo envolvimento em activida-des de I&D pré-comerciais, sendo que se encontra a analisar o potencial de utilização do CIP – Competitiveness and Innovation Programme como fonte de fi nanciamento.

Um programa europeuApesar de os Estados-membros pode-rem criar os seus próprios esquemas de pre-commercial procurement of in-novation, a CE vem chamar a atenção para a necessidade de uma abordagem conjunta, através de um processo de cooperação entre compradores euro-

peus em questões de interesse comum para a Europa, como saúde, segurança, transportes ou governação.

De facto, a aliança entre as necessi-dades de aquisição de diversas regiões e países europeus irá contribuir para a obtenção de massa crítica do lado da procura, estimulando a concorrência e explorando economias de escala e de gama, com a redução do risco dos com-pradores na aquisição de tecnologias inovadoras. Para além dos incentivos ao risco, poderão ser perspectivados apoios adicionais para o estabeleci-mento de grupos de compradores, networking ou análise conjunta de necessidades, por exemplo no âmbi-to das acções de coordenação do 7.º Programa Quadro.

O processo em curso a nível euro-peu para a adopção do pre-commercial procurement of innovation aponta para a clarifi cação dos pressupostos legais, a fi xação do esquema de incentivos, a realização de workshops entre com-pradores e stakeholders, assim como o desenvolvimento de estudos de boas práticas conducentes à publicação de um Handbook on Procurement of Inno-vation que sirva de guia aos diversos Estados-membros.

Apesar de alguns países europeus já se encontrarem sensíveis a esta re-alidade, casos do Reino Unido e Ho-landa, o que é certo é que a maioria dos Programas Nacionais de Reforma não advoga a utilização do public procurement como instrumento de estímulo à investigação e inovação. Portugal tem aqui uma oportunida-de a explorar no âmbito do recente lançamento da Agência Nacional de Compras Públicas.

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A partilha de riscos potencia a qualidade da inovação

Despesa em I&D

Estados Unidos à frente da Europaa Os EUA (e a Ásia) têm vindo a uti-lizar o public procurement como ins-trumento estratégico de política na criação de mercados para produtos e serviços inovadores e na obtenção de vantagens competitivas e posições de liderança nos mercados interna-cionais.

Apesar de o public procurement representar cerca de 16 por cento do PIB da UE, o que é certo é que este instrumento de política tem sido subutilizado pelos Estados-mem-bros como forma de potenciar a in-vestigação e a inovação. O referido relatório de Março de 2006 postula que as agências governamentais dos EUA gastaram cerca de 15 por cento do respectivo orçamento global de procurement em R&D procurement, enquanto na UE este número perfez apenas um por cento. Acresce ainda que, apesar de os dois blocos econó-micos apresentarem um orçamento global de procurement similar, os EUA despendem 20 vezes mais que a Eu-ropa em compras públicas de elevada intensidade tecnológica e risco (se re-tirarmos a componente da defesa, a despesa da UE continua a ser quatro vezes inferior à dos EUA).

Alguns autores apontam esta su-butilização do instrumento de public procurement como indutor de inves-tigação e inovação como explicação para grande parte do gap de investi-mento em I&D existente entre os EUA e a Europa (gráfi co).

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Economia58 • Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007

Juros ainda deverão subir três vezes em 2007

Pré-abertura

aDe acordo com os sinais transmitidos na reunião do Conselho de Governadores da passada quinta-feira, o Banco Central Europeu (BCE) deverá elevar as taxas de referência da zona euro em Março para 3,75 por cento. Tal como em reuniões que antecederam decisões de subida de juros, a autoridade monetária voltou a referir a necessidade de “forte vigilância” em relação aos riscos de infl ação. O nível actual das taxas de juro foi considerado ainda acomodatício e o crescimento da liquidez e da massa monetária foi classifi cado como “forte”. O Banco Central mantém, assim, as suas preocupações centradas numa possível subida da infl ação a médio prazo. Para além do possível impacte da liquidez no crescimento dos preços, Trichet salientou também os riscos associados a uma aceleração dos salários na zona euro. Na Alemanha, o poderoso sindicato IG Metall (importante referência para o conjunto da economia no que respeita às negociações salariais) reivindicou um aumento dos salários de 6 por cento para 2007. Neste contexto, o Conselho de Governadores terá tido a preocupação de passar uma mensagem para os parceiros sociais da zona euro, avisando que responderá a elevados aumentos de salários com uma atitude mais agressiva da política monetária. Em suma, as declarações de Trichet sugerem que o actual ciclo de subida de juros na zona euro se deverá prolongar. Para além da subida de 25 pontos base esperada para Março, aumentou a probabilidade de mais uma ou mesmo duas subidas adicionais de igual magnitude em 2007.

Os indicadores a divulgar esta semana deverão suportar a visão optimista do BCE quanto

às perspectivas de crescimento económico. Amanhã, serão conhecidas as primeiras estimativas para o crescimento do PIB na Alemanha, França, Itália e zona euro no 4.º trimestre de 2006. No conjunto da zona euro, o PIB deverá ter crescido 0,6 por cento, ou 3 por cento em termos homólogos, em aceleração face ao 3.º trimestre. Este registo deixaria o crescimento anual em 2,7 por cento, confi rmando o momento positivo da economia dos Treze. Ainda amanhã será divulgado o índice ZEW (de confi ança empresarial na Alemanha) relativo a Fevereiro. Aguarda-se uma recuperação do sentimento das empresas, dada a percepção de que o aumento do IVA de 16 para 19 por cento, em vigor desde o início de Janeiro, não está a produzir os efeitos negativos esperados.

Nos EUA, a semana será marcada pela presença do chairman da Fed, Ben Bernanke, no Congresso. Bernanke divulgará o mais recente relatório semestral do Fed sobre a política monetária. Aguarda-se com expectativa a avaliação da autoridade monetária sobre o outlook para

a economia americana ao nível do crescimento e da infl ação. Em particular, interessará saber em que medida Bernanke a vê como o principal risco para a economia dos EUA. Outros indicadores relevantes serão divulgados ao longo da semana. A “saúde” dos consumidores será avaliada com a divulgação das vendas a retalho de Janeiro, na quarta-fei-ra, e do índice de confi ança da Universidade de Michigan, na sexta-feira. Na quinta-feira, será conhecida a produção industrial de Janeiro e o índice Philadelphia Fed de Fevereiro (um indicador de actividade na indústria). No fi nal da semana, serão divulgados indicadores importantes relativos ao sector da habitação. Primeiro, o índice de confi ança NAHB de Fevereiro, um indicador habitualmente correlacionado com a construção de habitações e com o emprego neste sector; e, no dia seguinte, dados relativos à construção de novas habitações. Espera-se uma ligeira deterioração face ao fi nal de 2006, sugerindo o prolongamento de uma tendência de ajustamento em baixa da actividade no sector. * ES Research – BES

Carlos Andrade*

Jean-Claude Trichet deverá aumentar taxas de juro em Março

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A pele tem 247 espécies de bactérias, um verdadeiro zoo P2

Hoje, 12• O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, reúne-se hoje, no Porto, com o director nacional da Polícia Judiciária, Alípio Ribeiro, para discussão de medidas de combate à evasão fiscal.• O presidente da API, Basílio Horta, fala sobre A Internacionalização da Economia Portuguesa, em mais um Almoços do Caldas. Às 13h, na sede nacional do CDS-PP, em Lisboa.

Terça, 13• Jean-Philippe Cotis, da OCDE, apresenta, em Paris, o relatório Going for Growth 2007.• A Comissão Europeia dá o seu aval à estratégia orçamental definida pelo Governo português.• O Parlamento Europeu debate

a reforma da OCM do mercado vitivinícola.• Realiza-se hoje e amanhã, no Hotel Altis, em Lisboa, o V Congresso do Milho. O Presidente da República abre os trabalhos às 10h.

Quarta, 14• O Taguspark (Oeiras) prossegue a iniciativa Pequenos Almoços no Parque. Carlos Zorrinho, coordenador do Plano Tecnológico, é o convidado de hoje. Às 8h30.• Decorre hoje e amanhã, na Culturgest, em Lisboa, a 2.ª Mesa-Redonda com o Governo português com a Economist Conferences. Participam o primeiro-ministro, vários ministros e o governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio.

Quinta, 15• O INE divulga as Estatísticas do Emprego do quarto trimestre de 2006.• A UGT inicia uma ronda de seminários regionais para debater a Europa Social e o Modelo Social Europeu. Hoje, pelas 9h30, no Hotel Melia Ria Aveiro.

Sexta, 16• O Banco de Portugal divulga os Indicadores de Conjuntura. • No âmbito das celebrações do 25.º aniversário do Centro de Investigação sobre Economia Portuguesa do ISEG, Lars Sorgard profere uma conferência sobre as Políticas Estruturais, Regulação e Concorrência, comentado por Pedro Pita Barros e Vítor Santos. Às 15h00, no ISEG, em Lisboa.

A seguir

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EconomiaPúblico • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007 • 59

Clint Eastwood mostrou em Berlim a obra-prima absoluta P2

Projecto do novo aeroporto da Ota vai envolver uma dezena de estudos ambientais

Jorge Talixa

Acessibilidades à nova infra--estrutura, integração da linha de alta velocidade e regularização de rios serão igualmente alvo de análises técnicas

a O futuro aeroporto da Ota vai en-volver perto de uma dezena de estu-dos de impacte ambiental, segundo revelou o coordenador do gabinete técnico de revisão do Plano Director Municipal (PDM) de Alenquer, du-rante a última sessão da assembleia municipal (AM). Na mesma reunião, a maioria PS rejeitou uma moção da coligação de direita que exigia mais garantias de “rigor e isenção” na elaboração dos estudos ambientais relativos ao projecto da nova infra--estrutura aeroportuária.

Raul Simão, responsável do gabi-nete de revisão do PDM de Alenquer, explicou que o objectivo do Governo é ter todos os processos de avaliação de impacte ambiental concluídos em 2008. “Não vamos ter um estudo de impacte ambiental do aeroporto, mas uma dezena de estudos”, expli-cou, esclarecendo que, para além do respeitante ao espaço aeroportuário propriamente dito, haverá também análises de impacte ambiental do alargamento do IC2 (antiga Estrada Nacional n.º 1), do traçado da linha ferroviária de alta velocidade e de regularização dos rios de Alenquer e da Ota (linhas de água afectadas pelo empreendimento), entre outros.

O mesmo responsável adiantou que

está em elaboração um estudo orien-tador das actividades económicas, que não deverá ser vinculativo, mas terá bastante peso na distribuição das diferentes actividades associadas ao aeroporto pelas áreas industriais e multiusos dos concelhos mais pró-ximos da Ota. Este estudo orientador deverá estar pronto em Maio. “Deverá dizer onde fi cam as actividades nas nossas zonas industriais e quais são as actividades preferenciais para os diferentes concelhos”, vincou.

Acessibilidades em análiseSegundo Raul Simão, também está a evoluir o estudo das acessibilidades da nova infra-estrutura. Depois da Estradas de Portugal e do Ministério das Obras Públicas terem apresentado uma versão inicial “muito amarrada ao aeroporto”, os três municípios mais próximos – Alenquer, Azambuja e Vi-la Franca de Xira – entenderam que a

rede de ligações directas à nova ins-talação e de ligação às vizinhas auto-estradas n.ºs 1 e 10 seria insufi ciente, porque as vias actualmente existentes já estão saturadas. “As câmaras foram unânimes em dizer que não, porque não se podia considerar o aeroporto como se não existisse nada à volta. As estradas que existem já estão conges-

tionadas e só o aeroporto deverá mo-vimentar cerca de 25 mil trabalhado-res”, observou o técnico da Câmara de Alenquer, frisando que os municípios propuseram um conjunto de medidas complementares que contemplam o alargamento dos troços regionais do IC2 e da Estrada Nacional n.º 3.

A coligação Pela Nossa Terra (PSD/CDS-PP/PPM e MPT), principal força da oposição municipal, critica, todavia, a forma como o Governo está a tratar as questões da avaliação de impacte ambiental do futuro aeroporto.

Luís Barros Mendes, líder da banca-da da coligação na AM de Alenquer, sustentou que o estudo de impacte ambiental do aeroporto da Ota “ain-da não começou”, porque o primei-ro concurso foi anulado. A coligação apresentou uma moção exigindo “rigor e isenção” na elaboração des-tes estudos. José Lourenço, eleito do PS, defendeu, no entanto, que uma moção deste teor não faz sentido e acrescentou que ela viria “lançar uma suspeição” com a qual o partido que representa está em “profundamente em desacordo”.

O novo aeroporto vai gerar novos focos de dinamismo económico

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Cimpor lança Oferta Pública de Aquisição sobre cimenteira egípcia

José Manuel Rocha

a A Cimpor continua a dar passos no sentido da diversifi cação geográfi ca da sua produção e, ontem, anunciou ao mercado que vai lançar uma Oferta Pública de Aquisição sobre uma ci-menteira egípcia, a Misr Cement.

A operação será iniciada hoje, com a formalização da oferta ao preço de 14,1 euros por acção. Através de comu-nicado colocado no sítio da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Cimpor refere que a OPA foi ontem aprovada pela Autoridade do Mercado de Capitais do Egipto. A Misr Cement está cotada na Bolsa de Valores do Cairo.

O objectivo da Cimpor é garantir, pelo menos, 50 por cento das acções mais uma da companhia egípcia, embora assinale que esta “condição pode ser posteriormente dispensada pela oferente”.

A companhia egípcia de cimentos foi criada em 1997, embora só tenha começado a operar cinco anos mais tarde. Dispõe, actualmente, de uma capacidade anual de produção de ci-mento, com clínquer próprio, de 1,6

milhões de toneladas. O volume de negócios da empresa que a Cimpor quer controlar foi, no ano passado, de cerca de 520 milhões de libras egípcias (aproximadamente 70 mi-lhões de euros).

A Cimpor sustenta a decisão de avan-çar com a oferta sobre a Misr Cement com o facto de ela operar num país onde se verifi ca um aumento susten-tado do consumo de cimento – 13 por cento de crescimento médio anual nos últimos dois anos.

A cimenteira egípcia detém uma quota de mercado de cerca de 3,5 por cento, concentrando o essencial da sua actividade na Zona Sul do país. “Confi rmando-se o sucesso da oferta (...), a Cimpor verá reforçada a sua posição entre os principais grupos ci-menteiros internacionais”, acrescenta o comunicado.

70milhões de euros foi, segundo a Cimpor, o volume de negócios da cimenteira egípcia no exercício de 2006

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Fórum PI arranca hoje no PÚBLICO on-line

a O que podem ganhar os pequenos países, como Portugal, com a even-tual adopção pela União Europeia de regras que obriguem os Estados--membros a estimular, através das aquisições públicas, novos produtos e serviços? O que pode signifi car a ex-pansão de investimento da China pelo Mundo, que começou em África e na América Latina? São perguntas como estas que o Fórum PI propõe, a partir de hoje, no PÚBLICO on-line.

Trata-se de um novo espaço de refl exão e debate, entre o jornal e a sociedade civil, construído em colabo-ração com a Inteli. O projecto arranca com um painel de 20 membros “fun-dadores”, representando vários secto-res da sociedade portuguesa: Estado e política, comunidade académica, científi ca e artística, mundo empre-sarial, media e organizações.

O Fórum PI tem o duplo signifi cado PÚBLICO-Inteli e Public Intelligence e procura atingir a exposição livre e aberta de ideias. Ao longo dos pró-ximos meses, o painel alargar-se-á a novos participantes e ao público em geral.

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Clint Eastwood, Forest Whitaker, Norman Mailer, Enrique Vila-Matas,Michael Cunningham, Harold Bloom,Miguel Sousa Tavares, Moacyr Scliar, Yann Martel, Mário de Carvalho, Manuel António Pina, Miguel Esteves Cardoso, Clara Pinto Correia, Ruy Duarte Carvalho, Álvaro Siza Vieira,Eduardo Souto Moura, Manuel Aires Mateus, The Clipse, Cláudia Soares, Leonor Antunes, Rui Calçada Bastos, Vasco Pulido Valente, Fernando Lopes, António Ferreira, JP Simões,Rui Ramos, António Olaio e Ricardo Araújo Pereira.

Não perca na próxima sexta-feira, dia 16.o novo suplemento do Público.

Falaram ao Ípsilon,

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EspaçopúblicoPúblico • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007 • 61

Quando a ambiguidade veio do “sim”, como em 1998, o “sim” perdeu. Quando veio do “não”, o “não” perdeu. Simples

Anatomia de uma campanha

Em vários estudos realizados sobre o referendo de 1998, os politólogos André Freire e Michael Baum destacavam duas explicações quer para a elevada abstenção (68%) quer para a derrota do “sim”: as divisões internas no Partido Socialista e, espe-

cialmente, a posição de António Guterres, lançando sinais contraditórios para o seu eleitorado; e a “vitória anunciada” do “sim” veiculada por várias sondagens, galvanizando os apoiantes do “não” e fornecendo um falso sentimento de tranquilidade aos defensores da despenalização.

Se nos guiássemos desde o início por estas pistas, a com-paração entre 2007 e 1998 sugeria desde logo uma vanta-gem clara para o “sim” no referendo de ontem. É verdade que difi cilmente se consegue pôr uma máquina partidária a funcionar a todo o vapor quando não estão cargos políticos em jogo. Mas também é verdade que as posições do PS e do seu líder difi cilmente poderiam ter sido mais claras. Ao contrário do que muitas vezes se supõe, os partidos contam muito neste tipo de eleição, ao fornecerem aos eleitores as pistas de que necessitam para que tomem decisões em contextos de incerteza e complexidade. Quando a ambi-guidade veio do “sim”, como em 1998, o “sim” perdeu. Quando veio do “não”, o “não” perdeu. Simples.

Depois, também não houve, desta vez, uma “vitória anunciada” do “sim” pelas sondagens. É certo que, em 1998, só uma análise muito superfi cial dos estudos então divulgados autorizaria a noção de que essa vitória estava garantida. E é também verdade que, em Outubro de 2006, eles indicavam ainda uma margem de vitória muito ge-nerosa para o “sim”. Contudo, a partir de Outubro, esse sentimento foi-se desvanecendo, à medida que o “não” encetava uma recuperação evidente a partir de Janeiro. A maioria dos eleitores, claro, não acompanha directamente os resultados das sondagens. Mas a comunicação social, que é quem veicula, fi ltra e amplifi ca este tipo de informa-ção, entendeu desta vez enquadrar os resultados não pelo ângulo da vantagem considerável que, apesar de tudo, o “sim” ia mantendo nas intenções de voto, mas sim pelo ângulo da crescente incerteza em relação aos resultados fi nais, mensagem essa que os líderes dos partidos favoráveis ao “sim” resolveram, inteligentemente, amplifi car o mais possível. Se há queixa que o “não” possa ter em relação à comunicação social é esta: a de ela ter tido excesso de memória, dramatizando o resultado.

Há, contudo, um terceiro aspecto do que está em jogo num referendo como este que não terá sido sufi ciente-mente analisado em 1998. Em vários estudos de opinião, muitos dos eleitores que partilhavam uma predisposição genérica para a despenalização – a maioria – acabavam também, quando questionados sobre se o aborto devia ser legal “quando a mulher não deseja ter o fi lho” ou sobre o momento de início de uma “vida humana”, por recusar a

primeira hipótese e apontar a “concepção” como respos-ta à segunda pergunta. Houve quem interpretasse estas respostas como sintoma de ignorância dos portugueses em relação ao tema ou mesmo da sua generalizada falta de sofi sticação política. Mas as campanhas do “sim” e do “não”, com sensatez, interpretaram essas respostas como aquilo que realmente são: expressão normal de sentimentos de “ambivalência” em relação à despenalização do abor-to. “Ambivalência” não signifi ca indiferença ou falta de opinião, nem sequer necessariamente “moderação”, mas apenas a coexistência de atitudes contraditórias em relação a um mesmo objecto ou a diferentes características desse objecto, independentemente da intensidade que essas atitu-des possam ter. Em 1998, estes “ambivalentes” tinham sido ignorados por ambas as campanhas, mais interessadas em mobilizar os núcleos duros de opinião do “sim” e do “não”, no que acabou por se tornar numa competição centrífuga que alienou uma parte considerável do eleitorado, incapaz de se rever em qualquer uma das posições.

Cientes deste problema, ambas as campanhas procuraram lidar com ele. Do lado do “sim”, a preocupação fundamental foi a de tornar esta campanha o mais monotemática possível, enfa-tizando apenas aquelas dimensões nas quais se

sabia de ciência certa que a maioria dos eleitores, incluindo os ambivalentes, tinham sentimentos negativos em rela-ção ao statu quo: o aborto clandestino e a penalização das mulheres. Já o “não” difi cilmente poderia ter feito melhor. Apesar de não ter descurado uma campanha de proximi-dade às populações onde se adoptava um discurso mais radical, procurou, junto da população urbana e através dos meios de comunicação social, adicionar dimensões ao tema, aumentar a incerteza sobre alegadas consequências de uma vitória do “sim” e construir uma interpretação des-sas consequências que aparecesse como “extremista” (“o aborto livre”), ao passo que a vitória do “não” seria “mode-rada” ou “compromissória”. O “centrismo” do “não” foi ao ponto de propor que a sua vitória seria também a vitória de uma espécie de despenalização. Mas esta foi, também, uma táctica de desespero, proposta por quem, pelo percurso passado e pela falta de poder presente, não tinha autorida-de sufi ciente para garantir que seria para valer.

Realizado o referendo, há certamente vencedores e vencidos. Mas não creio que do lado do “não” haja ape-nas vencidos. Por um lado, o debate público ocorrido, o resultado fi nal do referendo − apesar de tudo, menos desequilibrado do que se pensaria em Outubro passado − e a revelação da fundamental ambivalência de muitos eleitores em relação ao tema não deixarão de condicionar as opções da maioria parlamentar quando se tratar de regulamentar a prática legal do aborto até às 10 semanas.

Por outro lado, por muito que se possa duvidar da sensatez da utilização do instituto do referendo para tomar decisões em matérias como esta, e por muito que a participação relativamen-te baixa continue a suscitar preocupações, a campanha parece ter suscitado um en-

volvimento político muito considerável dos cidadãos. É difícil defender a ideia de que não estamos hoje mais informados sobre a questão do que estávamos há uns meses. E isso é bom para todos.

Politólogo

Pedro Magalhães

Realizado o referendo,

há certamente

vencedores e vencidos.

Mas não creio que do

lado do “não” haja

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ANeste momento de crise estava na hora de retribuir ao Norte alguns dos seus sacrifícios nos anos 80

Afinal, a culpa é nossa

A excelente conferência de Al Gore, onde estive a convite do imparável António Cunha Vaz, foi uma excelente oportunidade para rever e conversar com alguns velhos amigos lisboetas. A crise do Norte, que, segundo um estudo

do Instituto Nacional de Estatística, terá sido a única re-gião que nos últimos quatro anos teve um aumento do poder de compra inferior à média do país, foi um dos temas da nossa conversa. Tentei justifi car que, sendo o Norte a região mais industrializada, tem a sua economia baseada na produção de bens transaccionáveis e é, pois, mais vulnerável aos fenómenos da globalização e mais sensível a vários factores de competitividade, como são, por exemplo, o custo da energia e as informalidades, que dependem do todo nacional. Sugeri que, neste momen-to de crise, estava na hora de retribuir ao Norte alguns dos seus sacrifícios nos anos 80, quando foi visto como a “galinha dos ovos de ouro” e em que muito do investi-mento industrial estrangeiro que lhe parecia destinado foi desviado através de medidas discriminatórias para

a então deprimida península de Setúbal. Desta vez, é o Norte que está deprimido e precisa de políticas que aju-dem a reconverter a sua economia. Ouvi então as críticas do costume aos industriais da têxtil que não terão feito o downsizing em tempo útil e que não souberam usar os fun-dos estruturais. Perguntei-lhes se conheciam as restrições da nossa legislação laboral e se os fundos só tinham sido desbaratados a norte, mas a resposta que obtive foi uma graçola sobre a “sintomática” decadência do FC Porto, a que não tive pachorra de replicar.

Preferi falar no centralismo, que se vem acentuando a cada novo Governo e se vai agravar com o modelo escolhido para a reforma da administração pública mas interrompe-ram-me, dizendo que vivemos num tempo em que as novas tecnologias permitem que os serviços do Estado sejam con-centrados e centralizados sem perda de qualidade para o utente e com evidentes benefícios. Quando lhes perguntei se esse argumento de racionalização não era uma faca de dois gumes, já que pela mesma razão se podiam deslocalizar alguns serviços da capital para Bragança sem que o utente

da capital fosse prejudicado com isso, percebi que as coisas iriam azedar e não quis ser antipático, porque o ambiente era festivo. A conversa resvalou então para os grandes in-vestimentos, onde todos pareciam concordar em que a Ota era um disparate mas pela simples razão de ser “longe de Lisboa” e, a propósito, falaram-me do “escandaloso” metro do Porto, que seria o exemplo dos vícios que só se agrava-riam se o país fosse regionalizado, o que daria mais poder aos autarcas, uma classe amaldiçoada e sempre desavinda de que os caciques nortenhos eram o pior exemplo. Não valia a pena retorquir que, apesar dos seus erros, o nosso metro é mais barato e bem gerido do que o da capital mas, em desespero de causa, lembrei-lhes que o recente escân-dalo na Câmara Municipal de Lisboa mostrara que, afi nal, o problema autárquico não era um exclusivo nortenho. O que eu não sabia é que, como na sua origem estava envol-vida uma empresa do Norte, era visto como um escândalo de importação, o que, ao fi m e ao cabo e aos olhos desses meus bons amigos, explicava quase tudo!...

Economista

Rui Moreira

Page 62: PÚBLICO de cara nova

62 • Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007

Editorial

Um jornal para o futuro

Los Angeles, Novembro de 2019. No caos futurista criado pelo realizador Ridley Scott para a sua obra-prima Blade Runner,

Deckard, protagonizado por Harrison Ford, aparece pela primeira vez entre o cenário de penumbra, nevoeiro, sujidade e fumo a folhear vagarosamente as páginas de um jornal. Quando o fi lme foi realizado, em 1982, a era da Internet não passava de uma miragem e a discussão sobre o futuro da imprensa escrita era tão improvável como a existência de “replicantes”, máquinas que adquiriram emoções e lutavam pela sua sobrevivência como espécie. Hoje, porém, os crentes na ideia de que o progresso tecnológico impõe a destruição inexorável de hábitos e comportamentos podem ver no gesto calmo de Harrison Ford a folhear o jornal um anacronismo sem lugar num futuro digital. Os jornais impressos enfrentam hoje o seu maior desafi o desde que entraram nos hábitos dos cidadãos e revolucionaram a intervenção democrática, nos primórdios do século XIX.

Quando a equipa do PÚBLICO iniciou a refl exão sobre o futuro do jornal, na Primavera de 2006, sabia que os desafi os aos quais urgia responder eram muitos e difíceis. A generalização da banda larga pulverizou radicalmente os canais

de distribuição da informação. O surgimento dos blogues alargou o espectro do debate público. A facilidade de colocar na rede textos, sons e imagens dessacralizou a função dos jornalistas e alterou irremediavelmente a superfície de contacto entre a informação e os seus destinatários. A pressa da vida moderna nem sempre tolera espaço e tempo para o prazer de ler jornais. Num ápice, constatámos que qualquer alteração incremental redundaria numa mera atitude de resistência e estaria condenada ao fracasso.

Por isso falámos na refundação do PÚBLICO, por isso chamámos Leonardo ao processo que culmina hoje com o lançamento do novo jornal. Quisemos questionar tudo para estar a par dos desafi os do nosso tempo.

Fizemo-lo com a convicção de que, num mundo sobrepovoado de notícias e de fontes de informação, é cada vez mais importante

a selectividade, o rigor e a exigência. A informação avulsa e padronizada exige, mais do que nunca, referências, contextos e escolhas editoriais inteligentes, seja na edição impressa, seja no publico.pt, cujo site também aparece hoje renovado. E como nem tudo o que de importante acontece se enquadra no noticiário puro e

duro, decidimos avançar com um novo caderno que comprova a nossa abertura às novas necessidades dos leitores: o P2 representa, estamos convencidos, uma nova atitude editorial que coloca o PÚBLICO uns passos à frente no panorama do jornalismo português. Um lugar com espaço para novos temas e onde a disciplina porventura mais nobre do jornalismo, a grande reportagem, será presença assídua.

A edição integral a cores, a reorganização das secções, o P2 e os novos suplementos, o funcionamento da redacção em rede, com uma ligação permanente por videoconferência entre Porto e Lisboa, a maior selectividade das escolhas ou o grafi smo renovado são argumentos com os quais queremos encarar de frente o futuro. Mas, a acompanhá-los, permanecerá o legado de 17 anos que transformou o PÚBLICO num projecto editorial inovador. Ao combinar o talento e a dedicação de uma equipa excelente, o papel e a Internet, as heranças do nosso passado de referência e um incontido espírito de abertura aos novos desafi os, quisemos encarar o futuro com optimismo. Em Novembro de 2019, poderá não haver “replicantes”, como no fi lme de Ridley Scott; mas o PÚBLICO continuará a ser o jornal português que melhor refl ecte o pulsar do mundo. A Direcção Editorial

A informação avulsa e padronizada exige, mais do que nunca, referências, contextos e escolhas editoriais inteligentes, seja na edição impressa, seja no publico.pt

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Cartas ao Director

Quem nos governahá 30 anos

Quando Santana Castilho, entre muitos outros professores, na sua costumada missionária e militante diatribe contra este Governo e, principalmente, contra esta ministra da Educação (ou melhor ainda, contra tudo o que “cheire” a Governo – “Hay Gobierno, soy contra!” –, oh, Deus, também eu, durante tantos anos, tive lugar cativo e permanente na 1.ª fi la dessa tribo anarca!), faz, uma vez mais, referência ao infi ndável e desgraçado rol de tudo aquilo que já todos sabemos e de que todos temos opinião formada e segura – a corrupção, as negociatas, a impunidade das criaturas que nos têm governado, sem competência nem talento, as medidas disparatadas elaboradas por autênticos mentecaptos, a falta de profi ssionalismo, de inteligência e de lucidez de todas as equipas ministeriais portuguesas (ainda que a actual pareça ser a mais terrível e mais demencial do mundo!), etc., etc. –, esquece-se uma vez mais de que toda essa miserável incompetência, todos esses desgraçados que nos têm governado,

surja alguma vez e em alguma época alguma solução. Claro, excluindo a deles próprios, já me esquecia!

Ah, mas antes do cobertor e de, inúteis desiludidos e absolutamente descrentes, nos entregarmos a Caronte para a passagem, façamos um telefonema: “Alô! É da Al-Qaeda? Olhem, seria possível fazerem o favor de vir até cá pôr uns petardozitos em Belém, em São Bento (no quarteirão todo, em baixo e em cima!), no Terreiro do Paço e na 5 de Outubro? E já agora, uma vez cá, talvez não fosse má ideia arrasar todas as escolas deste país que formaram toda esta gentalha menor, incapaz e palerma, que nos tem governado! Mas, atenção, não toquem na “nossa” escola, que nos fez tão diferentes!” Ruben MarksMaia

Manuel João Gomes

Foi notícia curta e triste nas páginas de Cultura do PÚBLICO na terça-feira, 6 de Fevereiro. “O ex-crítico de teatro do PÚBLICO e tradutor Manuel João Gomes morreu, ontem ao fi m da tarde, em Coimbra (...)”

Nos dias seguintes procurei mais

qualquer coisinha sobre esta notícia, uma nota da redacção, uma palavra de um ex-colega, qualquer coisinha que fosse, mas, ou não procurei bem ou, de facto, a notícia morreu, tal como Manuel João Gomes, num pacífi co esquecimento.

Dizia-se ainda, na curta notícia do PÚBLICO, que Manuel João Gomes foi um crítico “(…) empenhado na divulgação do teatro que se fazia pelo país (…)” ao longo dos dez anos em que trabalhou para este jornal. Quer-me parecer que referir este facto constitui uma justa homenagem a Manuel João Gomes. Ele estava sempre lá! Discreto, quase invisível, raros terão sido os espectáculos a que este homem não assistiu, mesmo os resultantes das mais obscuras produções de vão-de-escada. Onde houvesse teatro haveria de passar Manuel João Gomes e disso daria notícia nas páginas de Cultura do PÚBLICO, contribuindo de forma sistemática para a fama de jornal de referência de que este jornal ainda hoje goza. Os pequenos grupos dos subúrbios da Grande Cidade ou os de província tinham neste homem um espectador atento e interessado, um divulgador incansável.

Desde que se retirou, devido aos problemas de saúde referidos

As cartas destinadas a esta secção devem indicar o nome e a morada do autor, bem como um número telefónico de contacto. O PÚBLICO reserva-se o direito de seleccionar e eventualmente reduzir os textos. Não se devolvem os originais dos textos não solicitados, nem se prestará informação postal ou telefónica sobre eles.Email: [email protected]

Contactos do Provedor dos LeitoresEmail: [email protected]: 210.111.000

todas essas aventesmas que são todos “os outros” e que poluem o espaço à nossa volta, foram alunos das nossas escolas, foram alunos dos nossos professores, foram nossos alunos! (...)

Além do apontado e sempre o mesmo eternizado “cansativo discurso de décadas”, temos agora o cansativo discurso de dois anos (tão cansativo como o outro!) de que tudo o que está aí em movimento é mentira, não tem pés nem cabeça e vai para pior. Tudo o que se tem feito só traz o mal absoluto e tudo é só para nos afundar ainda mais face à Europa! É a desgraça completa! Fechemos a porta, passemos o cobertor pela cabeça e apaguemos a luz!... Não se espere nunca que, de entre toda a vacuidade sandia que rodeia estes comentadores,

na tal noticiazinha do passado dia 6, Manuel João Gomes deixou aberta uma vaga que nunca mais foi preenchida. As críticas teatrais tornaram-se menos frequentes, menos completas na cobertura aos eventos que se multiplicam por esse país fora. A divulgação do fenómeno teatral empobreceu signifi cativamente “pós-modernizando-se” na forma, no conteúdo e mesmo na quantidade dos textos publicados.

Termino esta carta agradecendo postumamente a Manuel João Gomes a honestidade e a qualidade do seu trabalho. Que descanse em paz.Rui SilvaresCova da Piedade

Page 63: PÚBLICO de cara nova

Público • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007 • 63

Contribuinte nº 502265094Depósito legal nº 45458/91Registo ICS nº 114410E-mail [email protected] Lisboa Rua de Viriato, 13 – 1069-315 Lisboa; Telef.: 210111000 (PPCA); Fax: Dir. Empresa 210111005; Dir. Editorial 210111006; Agenda 210111007; Redacção 210111008; Publicidade 210111013/210111014 Porto Rua de João de Barros, 265 – 4150-414; Telef: 226151000 (PPCA) / 226103214; Fax: Redacção 226151099 /

226102213; Publicidade, Distribuição 226151011 Coimbra Rua do Corpo de Deus , 3, 2º – 3000-176 Coimbra Telef.: 239829554; Fax: 239829648 Madeira Telef.: 934250100; Fax: 707100049 Proprietário PÚBLICO, Comunicação Social, SA Sede: Rua de João de Barros, 265, 4150 Porto Impressão Unipress, Travessa de Anselmo Braancamp, 220, Arcozelo/4405, Valadares; Telef.: 227537030; Mirandela – Rua de Rodrigues Faria, 103, 1300 Lisboa; Telef.:

213613400; Fax: 213613469 Distribuição Logista Portugal – Distribuição de Publicações, SA; Lisboa: Telef.: 219267800, Fax: 219267866; Porto: Telef.: 227169600/1; Fax: 227162123; Algarve: Telef.: 289363380; Fax: 289363388; Coimbra: Telef.: 239980350; Fax: 239983605. Assinaturas 808200095Tiragem média total de Janeiro 52.732 exemplares Membro da APCT – Associação Portuguesa do Controlo de Tiragem

Um referendo consultivo e simultâneo em todos os países poderia servir de base a uma versão simplificada do tratado

O próximo passo da Europa

Desde que a França e a Holanda rejeitaram a proposta de Tratado Constitucional para a União, os líderes europeus têm-se entretido a apontar o dedo uns aos outros ou a culpar os cidadãos franceses e holandeses por terem

entendido mal a questão que lhes era colocada. Mas não há exercício de recriminação mútua que possa ocultar o facto de, 50 anos depois da fundação da Comunidade Europeia, a Europa precisar desesperadamente de um novo enqua-dramento político, se não mesmo de um novo projecto, para cimentar a sua unidade.

É verdade que os cidadãos franceses e holandeses não responderam à questão que se esperava que respondessem. O seu voto foi um protesto contra a globalização, uma re-jeição do mundo contemporâneo com os seus distantes e incompreensíveis mecanismos de governação. Tal como o movimento antiglobalização, o novo antieuropeísmo pode ser encarado como a exigência de um “mundo diferente” – neste caso, um “alter-europeísmo”.

As duas guerras mundiais e a guerra fria moldaram a integração europeia como um projecto de paz, de defesa dos valores fundamentais do Ocidente e de prosperidade económica. Mas o colapso do comunismo, em 1989, e a oportunidade que criou de ultrapassar as divisões histó-ricas do continente, exigem agora uma redefi nição desse projecto. Os tratados de Maastricht (1992) e Amesterdão (1997) criaram uma nova estrutura organizativa e lançaram as bases de instituições políticas capazes de corresponder ao poder económico da UE. Já o Tratado de Nice (2000) foi o resultado de um compromisso bastante pobre.

As palavras da chanceler alemã Angela Merkel, que ocupa a presidência rotativa da União Europeia, não fo-ram ambíguas: o período de refl exão, defi nido em 2005, acabou. A presidência alemã procurará aplicar as resolu-ções referentes ao Tratado Constitucional e a Declaração de Berlim de 25 de Março – destinada a comemorar o 50.º aniversário do Tratado de Roma – deverá oferecer uma visão do futuro da UE. O objectivo é deixar para as pre-sidências seguintes – Portugal, Eslovénia e França – um roteiro para essa reforma.

No passado, quando os políticos debatiam o futuro da Europa, falavam de uma fórmula defi nitiva para a integra-ção europeia, tal como foi defi nida na célebre conferên-cia do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros alemão Joschka Fischer em 2000 [na Universidade de Humbol-dt]. O debate intelectual, inaugurado por fi lósofos como Jurgen Habermas e Jacques Derrida, defi niu a identidade europeia, antes de mais, em contraste com os Estados Unidos, mas também em termos dos desafi os colocados pela globalização. Um debate similar sobre as questões fundamentais do futuro da União Europeia deveria ser agora lançado.

Em primeiro lugar, como deverão ser defi nidas as rela-ções entre os interesses nacionais e o interesse comum? Em causa está não apenas a distribuição de competências mas também a questão mais importante de saber quando confi ar no entendimento entre os governos nacionais e quando confi ar nas instituições europeias, em especial na Comissão e no Parlamento Europeu.

A segunda questão diz respeito ao desenho da UE. A Europa é uma combinação peculiar entre geografi a e his-tórica, mas as fronteiras da UE – e, portanto, a perspecti-

va de novos alargamentos – são determinadas tanto pela sua capacidade de in-tegrar os países candidatos como pela capacidade de adaptação destes países. Depois da entrada da Bul-gária e da Roménia, a UE tem 27 membros, estando a Turquia e a Croácia, mas também os outros países dos Balcãs, a Ucrânia e a Geórgia na fi la de espera.

Será o alargamento a única política efectiva para promover a estabilização e a paz, ou pode a “política de vizinhança”, um pouco aquém da plena integração, transformar-se num instrumento de apoio ao desenvolvimento e à estabilização, tal como foi o Plano Marshall para a Europa ocidental?

Em terceiro lugar, em vez de um debate teórico e fútil entre modelos “liberal” e “social” de desenvolvimento eco-nómico, precisamos de comparar as experiências de países como o Reino Unido, Suécia, Alemanha e França. As suas experiências excluem-se ou, pelo contrário, a convergência é possível? Que políticas conseguem reduzir o desemprego? Que medidas podem garantir a competitividade da Europa? Como diminuir as diferenças de desenvolvimento e bem-estar dentro da Europa?

Em quarto lugar, é preciso responder às aspirações euro-peias de uma política externa e de segurança. As ameaças que o mundo hoje enfrenta são supranacionais, por isso enfrentá-las também deve ser feito ao nível supranacional. Mas isso é impossível sem uma identidade europeia bem defi nida – o que signifi ca defi nir e defender o interesse

comum. Só então será possível uma abordagem comum a questões tão urgentes como o abastecimento energético.

Estes temas poderiam ser matéria para um referendo consultivo a realizar simultaneamente em todos os países. Os resultados permitiriam apresentar uma versão simplifi -cada do tratado para ratifi cação nos nove países que ainda não o fi zeram. A UE ganharia então uma dimensão política e regras de procedimento claras.

Aalternativa é a paralisia. Se a União continuar a ser governada de acordo com o Tratado de Ni-ce, não haverá condições para mais integração política ou para novos alargamentos. As regras actuais não podem garantir o funcionamento

das instituições europeias, tal como existem, e reescrever um novo tratado constitucional exigiria provavelmente ain-da mais tempo do que aquele que foi preciso para chegar à actual proposta. Nestas circunstâncias, o pragmatismo deve prevalecer.

A democracia pode trazer consigo custos de curto prazo, mas eles são sempre mais baixos do que os prejuízos de longo prazo da falta de participação popular. Só um novo debate europeu que inclua os cidadãos europeus e as su-as instituições pode combater o alter-europeísmo de uma forma efi caz. O tempo pode ainda não estar maduro para uma verdadeira Constituição europeia, mas confrontar, em vez de evitar, as questões fundamentais que a União enfrenta pode criar o contexto necessário para ressuscitar o Tratado Constitucional e preparar a União para os desa-fi os do nosso tempo.

Fundador do Solidariedade, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros da Polónia, membro do Parlamento Europeu. PÚBLICO/ Project Syndicate

Bronislaw Geremek

Em vez de um debate

teórico e fútil entre

modelos “liberal” e

“social”, precisamos de

comparar experiências

de países como o

Reino Unido, Suécia,

Alemanha e França

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Ficha técnicaCONSELHO GERAL Presidente: Paulo Azevedo Vogais: António Casanova, António Lobo Xavier, Cláudia Azevedo, Luís Filipe Reis

DIRECÇÃO DA EMPRESAPresidente: Hugo Figueiredo Vogais: José Manuel Fernandes, João Maria Porto

CONSELHO CONSULTIVO André Gonçalves Pereira, António Barreto, António Borges, António Vitorino, Diogo Lucena, Isabel Mota, José Amaral, Manuela Melo, Rui Guimarães

DIRECÇÃO EDITORIALDirector: José Manuel Fernandes Director Executivo: José Vítor Malheiros Directores adjuntos: Nuno Pacheco e Manuel Carvalho Subdirectores: Amílcar Correia, Paulo Ferreira Directora de arte: Sónia Matos Adjuntas da Direcção: Lucília Santos e Teresa Freitas (Porto) Secretária da Direcção: Madalena Rhodes Sérgio

PROVEDOR DOS LEITORES Rui Araújo

EDITORESPortugal: Dulce Neto, Tiago Luz Pedro, Luciano Alvarez, Raposo Antunes Mundo: Margarida Santos Lopes, Isabel Salema, Sofia Lorena, Lucinda Canelas Grande Reportagem: Adelino Gomes (redactor principal), Alexandra Lucas Coelho (grande repórter), Kathleen Gomes, Paulo Moura (grande repórter) Local Lisboa: Carlos Filipe Local Porto: José Augusto Moreira Desporto: José J. Mateus, Nuno Sousa Economia: José Manuel Rocha, Luís Villalobos (suplemento Economia) Vítor Costa P2: João Carlos Silva, Bárbara Reis, Joana Amado Edições de Fim-de-semana: Sandra Silva Costa Público Online: António Granado, Alexandre Martins Pública: Ana Gomes Ferreira Digital: Pedro Ribeiro Fugas: Pedro Garcias Ípsilon: Vasco Câmara Fotografia: David Clifford, Paulo Ricca

REDACTORES E REPÓRTERESPortugal: Alexandra Campos, Ana Cristina Pereira,

Andrea Cunha Freitas, Andreia Sanches, António Arnaldo Mesquita (grande repórter), António Marujo, Bárbara Simões, Bárbara Wong, Carlos Pessoa, Catarina Gomes, Clara Viana, Filomena Fontes, Isabel Leiria, Joana Ferreira da Costa, José Bento Amaro, Leonete Botelho, Mariana Oliveira, Margarida Gomes, Paula Torres de Carvalho, Ricardo Dias Felner, Ricardo Garcia, São José Almeida (redactora principal), Sofia Branco, Sofia Rodrigues, Tânia Laranjo Mundo: Clara Barata, Dulce Furtado, Fernando Sousa, Francisca Gorjão Henriques, Jorge Almeida Fernandes (redactor principal), Jorge Heitor (grande repórter), Maria João Guimarães, Teresa de Sousa (redactora principal) Cultura: Alexandra Prado Coelho, Carlos Câmara Leme, Inês Nadais, Isabel Coutinho, Joana Amaral Cardoso, Maria José Oliveira, Sérgio C. Andrade, Vanessa Rato, Vitor Belanciano Ciência: Ana Gerschenfeld, Teresa Firmino Desporto: Bruno Prata (redactor principal), Filipe Escobar de Lima, Hugo Daniel Sousa, Jorge Miguel Matias, Luís Octávio Costa, Manuel Assunção, Manuel Mendes, Paulo Curado Economia: Ana Fernandes, Ana Rute Silva, Anabela Campos, Cristina

Ferreira (grande repórter), João Manuel Rocha, João Ramos de Almeida, Lurdes Ferreira (redactora principal), Sérgio Aníbal, Rosa Soares, Inês Sequeira, Luísa Pinto, Natália Faria, Raquel Almeida Correia Local Lisboa: Ana Henriques, Diana Ralha, José António Cerejo, Luís Filipe Sebastião, Luís Francisco Local Porto: Abel Coentrão, Álvaro Vieira, Andréia Azevedo Soares, Aníbal Rodrigues, Jorge Marmelo Última Hora (Público Online): Ana Pereira, Ana Machado, Cláudia Bancaleiro, Eduardo MeloHelena Geraldes, Paulo Miguel Madeira, Pedro Andrade Soares, Sérgio Gomes, Susana Ribeiro Guia do Lazer (Público Online): Cláudia Alpendre Webdesign (Público Online): Hugo Castanho, Mário Cameira Pública: Marco Vaza, Maria Antónia Ascensão (produção) Digital: Isabel Gorjão Santos, João Pedro Pereira, Maria do Céu Lopes, Nuno Sá Lourenço Fugas: David Lopes Ramos (grande repórter), Luís Maio Ípsilon: Joana Gorjão Henriques, Guia TV: Helena Melo Correspondentes internacionais: Isabel Arriaga e Cunha (Bruxelas), Nuno Ribeiro (Madrid), Rita Siza (Washington) Correspondentes nacionais:

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DEPARTAMENTO GRÁFICOEditor de fecho: José Souto Paginação: Ana Carvalho, Carla Noronha, Gil Lourenço, Helena Cabral, Hugo Pinto, Joana Lima, Jorge Guimarães, José Soares, Marco Ferreira, Nuno Costa, Pedro Almeida (subeditor), Pedro Costa, Sandra Silva Infografia: Célia Rodrigues, Joaquim Guerreiro, José Alves

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I S S N : 0 8 7 2 - 1 5 4 8

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www.publico.pt Os Dead Combo, a banda cujo disco o Y considerou “o melhorportuguês de 2006”, oferecem-lhe hoje duas músicas para download

DesportoYu Dabao, o jovem chinêsque já marca golos no Benfica pág. 48

PortugalJustiça criticada pelo Supremo norueguês em acção de poder paternal pág. 18

EconomiaIrão em Lisboa para negociar residências de férias pág. 54

Pingue-pongue

Para Badajoz, caramelos

Rui Tavares

Durante anos, Badajoz foi para os portugueses a cidade onde se ia comprar caramelos e abortar em condições

de higiene e segurança. Às 20h00 continentais do dia 11 de Fevereiro de 2007, no momento em que escrevo este texto, tudo indica que Badajoz vai ter de se limitar à primeira destas linhas de negócio.Mas Badajoz não merece a nossa ingratidão. As portuguesas que de lá voltavam vinham algumas devastadas, outras serenadas, quase todas um tanto tristes. É impossível saber absolutamente. Mas vinham de lá com a forte segurança de que, quando quisessem engravidar de novo, poderiam levar a gravidez até ao fi m.

Se tivessem abortado em Portugal, às mãos de um qualquer curioso, seria mais alta a probabilidade de os seus úteros terem sido danifi cados sem retorno e nunca mais poderem engravidar. Se, no seu próprio país, se tivessem auto-medicado com um mão-cheia de comprimidos abortivos, seria mais

alta a probabilidade de terem uma hemorragia ruim. No seu próprio país não seria impossível que fi cassem às portas da morte. Se tivessem de recorrer aos hospitais do seu país, pagos com os impostos dos seus bolsos, iriam com medo de ser destratadas, e com a certeza de serem encaradas com suspeita. No seu próprio país chegou a acontecer que fossem denunciadas à polícia. Chegou a acontecer que os agentes policiais, pagos pelos impostos dos seus bolsos, as obrigassem a fazer exames ginecológicos para prova judicial. Chegou a acontecer que os tribunais do seu país as considerassem criminosas e as condenassem a penas de prisão. Pouco faltou para que as metessem mesmo na cela de uma cadeia.O que hoje uma maioria de eleitores disse a essas mulheres foi: vocês não merecem ser punidas. Não consideramos que sejam criminosas. Não desejamos ter na lei uma pena de prisão que ninguém quer ver aplicada. Mas disse mais: sob um prazo razoável, em condições autorizadas, uma mulher grávida não verá a sua decisão tomada

por terceiros, não precisará de se esconder, não terá de cruzar as fronteiras.Esta é mensagem simples deste voto, mas há sempre quem tenha difi culdade com as palavras.

Na primeira frase da primeira reacção dos apoiantes do “não”, a porta-voz insistiu ainda e sempre em chamar o

referendo como da “liberalização” do aborto. Nem depois de, presumivelmente, ter tido a pergunta em frente aos seus olhos, admitiu que o boletim de voto falava de “despenalização”. Esperemos que tenham menos problemas com as suas próprias palavras: uma maioria de apoiantes do “não” declarou-se nesta campanha a favor do planeamento familiar, a favor da educação sexual, a favor do acesso facilitado aos contraceptivos. Os apoiantes do “sim” concordam com tudo isso. Uns e outros sabem que cada consulta prestada, cada aula assistida, cada preservativo distribuído poderá querer dizer um aborto a menos, para satisfação de todos. Repito, isto é o que parece desenhar-se no momento em que escrevo. Quando o tiver entre as suas mãos, o leitor saberá muito mais do que eu. Mas para já, não é de excluir que muitos apoiantes do “não”, atendendo às suas inclinações religiosas, esperem ainda por um milagre. Se não houver milagres, aí estará mais um motivo de refl exão.

Não é de excluir que

muitos apoiantes do “não”,

atendendo às suas inclinações

religiosas, esperem ainda

por um milagre

Um diálogo original

Rui Tavares e Helena Matos vão ocupar este espaço de segunda a quinta num registo que se

inspira na troca de argumentos da blogosfera, mas com outra respiração argumentativa, e num ritmo diário como tinham os folhetins dos primórdios da

imprensa. Esta semana é aberta por Rui Tavares, a próxima será Helena Matos a arrancar. De sexta a domingo este manter-se-á o espaço de Vasco Pulido Valente

Luís Campos e Cunha, ex-ministro das Finanças, José Diogo Quintela, dos Gato Fedorento e a cronista Catarina Portas são alguns dos novos colunistas do Público, mantendo o jornal diariamente um mínimo de três páginas dedicadas à opinião regular e à contribuição dos leitores, para além de um espaço diário na última página e de espaços especiais no P2. Este novo caderno será de

Mudanças na opinião

resto enriquecido com as contribuições de algumas dos mais antigas rubricas do jornal como o Fio do Horizonte de Eduardo Prado Coelho, cuja crónica diária está temporariamente interrompida por motivos pessoais, e do Bartoon, de Luís Afonso. Alguns dos nossos actuais colaboradores passarão a escrever em dias diferentes. O alinhamento de alguns dos colunistas é o que está acima.

Segunda-feira André FreirePedro Magalhães Rui Moreira Carla Machado

Terça-feira Vital MoreiraJosé Vítor Malheiros

Quarta-feira Rui RamosTeresa de Sousa Joaquim Fidalgo

Sexta-feira José Miguel JúdiceLuís Campos e Cunha Graça FrancoCarlos FiolhaisLaurinda Alves

Domingo António BarretoFrei Bento Domingues Paulo MouraJoão Bénard da CostaCatarina Portas

Quinta-feira Constança Cunha e Sá Esther Mucznik

Sábado José Pacheco Pereira Francisco Teixeira da MotaJosé Diogo Quintela Eduardo Cintra Torres São José Almeida

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Quem é o homem que quer mudar a América Pág.4/6

Eastwood mostrou em Berlim uma obra-prima

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Um tesouroSó há báculos nos monumentos funerários megalíticos (têm este nome por serem parecidos com os báculos dos bispos), e são mais raros do que as placas de xisto gravadas. Há apenas cerca de 50 e muitas interpretações sobre o que eram: objectos rituais, reminiscentes de um “culto fálico” ou de um “culto do machado”? Ou eram símbolos de poder civil e/ou religioso? Este é o exemplar mais notável – por causa da forma apurada e grande dimensão, e pela decoração gravada e silhueta denteada. Foi descoberto em 1934 na Herdade das Antas, em Montemor-o-Novo. Ao lado, estavam vasos, facas em sílex, setas e contas de colar.BáculoNeolítico Final / Calcolítico Inicial (3º / 2º milénios a.C.)Museu Nacional de Arqueologia, Lisboa© Instituto Português de Museus

No passado 12 de Fevereiro de 1994

Era sábado e os ladrões entraram de madrugada por uma janela na National Gallery de Oslo, com a ajuda de uma escada. Bastaram 50 segundos para levarem esta versão d’O Grito pintada pelo expressionista norueguês Edvard Munch – existem quatro, esta é considerada a melhor. Ainda se associou o roubo a uma campanha anti-aborto, o que nunca se provou. Também se pensou que tinha sido uma manobra de opositores dos Jogos Olímpicos de Lillehammer,

que começavam nesse dia. Um mês depois surgiu o pedido de resgate: quase um milhão de euros. A 7 de Maio, o final feliz: numa operação das polícias britânica e local, a obra foi encontrada num hotel do sul da Noruega. Sem danos. No mesmo dia foi pendurado na parede do Museu Nacional de Oslo. Um dos ladrões é agora um negociador de arte e já tem um Munch – é uma litografia e comprou-a em 2001. Há dois anos, dez depois do primeiro roubo, outro Grito

O Grito de Munch foi roubado pela primeira vez

Conjugalidade e aquários, problemas de quem não deixou de fumar, diferenças ente homens e mulheres, ateísmo e restos de campanha. Uma primeira selecção de novos e velhos posts favoritos. Amanhã, todos os dias, mais sites

Variedades

http://diariodocil.blogspot.com/

Comprámos um aquário redondo e um peixinho vermelho, e nos últimos dias não temos feito mais que alimentá-lo, enternecidos e hipnotizados pelo lufa-lufa da sua boquinha atrás dos fl ocos de comida – o meu amor disforme, depois do vidro, depois da água, imitava-o no momento em que explodiu.Despejámo-lo na latrina – sem dramas, era um peixe barato – e pusemos o aquário agora jarra de fl ores em cima da televisão: «fi cou bonito», suspirou o meu amor, de si para si, no intervalo das variedades.

A Itália ignora o Vaticano e reconhece uniões de facto

http://www.ateismo.net/diario/

O Vaticano é um furúnculo encravado no corpo italiano que, quase sempre, o infecta. A coligação que governa a Itália adoptou na última quinta-feira um projecto de lei sobre o reconhecimento dos casais homossexuais e heterossexuais. B16 e os bispos rangem os dentes perante este primeiro passo para reconhecer os casais homossexuais. A Igreja católica vai perdendo infl uência.

pelo sim # 16 http://irmaolucia.blogspot.com/

No regresso do cinema recebo um folheto de última hora da campanha do não na estação do marquês. por deformação vagamente profi ssional atribuo sempre importância a pormenores como a paleta de cores escolhidas, no caso um rosa clássico, pouco luminoso, com capitulares e caixas matizadas a rosa velho, saturado. de súbito faz-se-me luz e recordo que andaram a usar o espectro de cores da pílula minulet e tenho a confi rmação que nem em relação às escolhas de cmyk’s esta malta conseguiu manter a coerência.

Alguma vantagem havia de ter http://www.tristes-topicos.blogspot.com/

Isolada de todos, e na maior parte das vezes sozinha, dou-me conta de que a gélida sala reservada aos fumadores é a única explicação para ser eu a derradeira sobrevivente à virose de estirpe desconhecida que assola toda a gente com quem trabalho.

A origem do homem (5)

http://estadocivil.blogspot.com/

Os cientistas explicam que as mulheres preferem homens mais masculinos durante o período fértil e homens mais femininos no restante ciclo menstrual. Ou seja, quando são irrelevantes.

Blogues de papel

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(1893) foi levado de manhã do Museu Munch (Oslo), com o museu aberto ao público e muitos visitantes no interior. Foi levada outra obra conhecida de Munch: Madona. A recuperação das pinturas demorou mais de dois anos e as pinturas estavam danificadas. Não se sabe se é por ser uma representação da angústia do homem moderno (e pelo seu alto valor) que O Grito parece estar no topo das preferências dos ladrões de arte. José J. Mateus

No futuro

Se, devido às dramáticas alterações climáticas que se avizinham, os oceanos viessem a desaparecer, temos agora a garantia de que pelo menos o cheiro característico das praias perduraria. Na Science de 2 de Fevereiro, uma equipa de cientistas britânicos anuncia a identificação, numa bactéria que vive nas lamas das salinas de Stiffkey, na costa leste de Inglaterra, do gene responsável pela produção de sulfureto de dimetilo. Mais conhecido como DMS, este é o gás que dá o seu cheiro tão característico ao mar (não, não é o iodo nem o ozono), com milhões de toneladas a serem libertadas continuamente pelos micróbios que convivem com o plâncton e as algas marinhas. Bastará clonar essa bactéria para reproduzir o cheiro no laboratório. Assim, no pior dos cenários futuristas, quando já não houver rasto de vida na Terra, o cheiro das nossas férias à beira-mar poderá perdurar, preso para sempre dentro de um frasquinho de perfume... Ana Gerschenfeld

O perfume do mar

Bartoon

“A democracia, aqui como em todo o lado, precisa de se reinventar para vingar nesse mundo que se reinventa todos os dias. Mas essa reinvenção da democracia terá, naturalmente, de começar por uma mais activa participação política de todos.”João Morgado FernandesDiário de Notícias,

“Na nossa sociedade, o ambiente, tal como outras questões de civilização, está sujeito a surtos de atenção pública e mediática durante os quais parecemos encarnar em nórdicos ou britânicos.”Elisa FerreiraJornal de Notícias,

“É preciso sermos muito mais ambiciosos na forma como estamos a lidar com o problema ambiental.”Carlos PimentaCorreio da Manhã,

“O maior crime contra a Humanidade perpetra-se todos os dias com a cumplicidade das nações mais industrializadas e mais gananciosas da Terra. Algumas consideram-se baluartes da democracia e da defesa dos direitos humanos.”Fernando MarquesJornal de Notícias,

Frases de ontem

Um mau negócio

a Não é novidade para ninguém que a pirataria é como a guerra: quanto mais as empresas se tentam proteger das descodifi cações e cópias ilegais, mais depressa alguém inventa métodos para quebrar todos os possíveis “cadeados”. E copiar, de modo gratuito, o que devia ser pago. Devia? Há quem ache que não. O director da revista Wired, Chris Anderson – autor de, entre outros, um livro sobre o crescimento de negócios em nichos de mercado, The Long Tail – acha mesmo inevitável que os direitos sobre a música desapareçam. Steve Jobs, presidente da Apple, chegou lá perto mas não ousou dizê-lo, quando apelou aos patrões da indústria musical para abandonarem os controlos antipirataria que colocam na música vendida na net. Atrapalham e não são efi cazes. Logo, é melhor venderam-na sem protecções.

No fundo, os entusiastas da “música livre” imaginam um mundo onde os artistas (que, dizem eles, “querem ser ouvidos”) façam música para ofertar à plebe. Simplifi cando: uma canção passará a ser um gracioso engodo, apenas para levar gente às salas de concertos; aí, sim, os artistas fariam dinheiro. Com a música gravada, nem pensar.

Este não é, ao contrário do que possa parecer, um mundo novo. É até bastante velho e recupera um dos sonhos idílicos da era “hippie”, nascida e enterrada entre os anos 60 e 70 do século passado. Gente demasiado fl orida queria ter direito

a tudo gratuitamente, só pelo facto de ter nascido. Transformavam concertos em batalhas campais porque na assistência berravam por entradas livres, perante músicos furiosos com tais exigências – até porque a música era já então, para muitos deles, o único sustento.

“Não nos peçam para dar a única coisa que temos para vender” é uma frase que ainda hoje se escuta a músicos de vários níveis de qualidade e exigência. Não por um espírito miserabilista ou mercantil, mas por ser uma verdade indesmentível: os músicos vivem (bem ou mal, alguns até bastante mal) do que fazem. Não é assim que vivem, por exemplo, pintores ou romancistas? Alguém imagina a bizarria de os convencer a pintar gratuitamente só para atrair o povo a galerias e museus? Ou a despejar livros atrás de livros na net para serem falados, premiados e só muito remotamente pagos? Anedótico.

É claro que há muitos problemas a resolver neste circuito. Por exemplo: quem vende? O autor da obra, directo ao consumidor? A indústria, em suportes cuja qualidade justifi que o preço pedido? E como se produz? Com meios artesanais, permitindo preços baixíssimos mesmo que o resultado seja confrangedor? Ou com investimentos arriscados (bons músicos, óptimos estúdios, tecnologias de ponta) que exigem retorno ou forçam à falência? Músicos, indústria e demais actores do meio musical terão de enfrentar seriamente tais desafi os. Mas forçar os artistas às “galés” da pirataria, roubando-lhes o devido tributo, é cortar pela raiz qualquer hipótese de ter cada vez melhor música e arte. É um velho e mau negócio, de onde todos sairão a perder.

Eduardo Prado Coelho encontra-se doente e, até à sua recuperação, este espaço será ocupado, de 2ª a 6ª, pelo director-adjunto Nuno Pacheco

Em Público

Nuno Pacheco

Escrito na pedra Liderança é a arte de conseguir levar alguém a fazer o que queremos ver feito por essa pessoa o querer fazer.Dwight D. Einsenhower, Presidente dos Estados Unidos (1953-1961)

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ObamaTeve que viajar de Chicago até uma aldeia queniana junto das margens do Lago Vitória para se encontrar. A vida de Barack Obama, a estrela política do momento nos Estados Unidos, dava um livro. Ele já o escreveu. Aos 33 anos.

a Obama é branco e é negro. É do Kansas e é do Quénia. Nasceu no Havai, cresceu na Indonésia, estudou em Los Angeles e Nova Iorque e construiu a sua carreira profi ssional e política em Chicago. Obama é exótico. Obama é diferente. Obama é uma estrela rock. É sexy. Os americanos estão excitados com o novo candidato. “Há qualquer coisa de espiritual nele”, diz Kris Schultz que dirige o site Run Obama, criado para “convencer” o senador de 45 anos a candidatar-se à presidência dos Estados Unidos. Convencido, Obama confi rmou sábado, no Illinois, que vai tentar conquistar a Casa Branca.

Há 12 anos, quando era ainda uma fi gura em ascensão na cena política de Chicago, escreveu as suas memórias, um livro de auto-descoberta que se tornou num best-seller nacional quando Obama foi eleito senador pelo estado de Illinois em 2004. Um livro de memórias aos 33 anos? O próprio explica que se trata do relato “de uma rapaz à procura do seu pai, e de como através dessa busca encontrou um signifi cado prático para a sua vida como um negro americano”.

Dreams from my father, A story

of race and inheritence começa no meio da história, em Nova Iorque, quando o estudante universitário Barack recebe um telefonema de longa distância a informá-lo que o seu pai tinha morrido num acidente de carro no distante Quénia. “Na altura da sua morte, o meu pai permanecia um mito para mim”, escreve Obama. De Barack Hussein Obama, o fi lho só conhecia as histórias que a mãe e os avós lhe foram contando ao longo da infância e da adolescência. Ao vivo, e que Obama se lembre, só conheceu o pai uma única vez, quando este o visitou no Havai tinha o jovem “Barry” dez anos. Antes disso não conta, porque o pai deixou a sua família americana quando o fi lho tinha dois anos.

E quem era Barack pai? “Era um africano”, escreve Obama. Um queniano da tribo Luo, nascido nas margens do Lago Victoria num sítio chamado Alego. A aldeia era pobre, mas o seu pai – o avô Hussein – tinha sido um agricultor importante, um ancião da tribo, um curandeiro. “O meu pai cresceu a pastar as cabras do seu pai e a estudar na escola local, estabelecida pela administração britânica, onde se revelou um aluno promissor.” De Alego partiu para Nairobi com uma bolsa de estudo e depois

seguiu para os Estados Unidos, integrando a primeira vaga de africanos que foram enviados (com fundos ocidentais) para o “Primeiro Mundo” para se formarem de forma a regressarem a casa com as ferramentas necessárias para “construir uma nova e moderna África”.

Em 1959, com 23 anos, chegou à Universidade do Havai como o único estudante africano da instituição. Em três anos graduou-se em Econometria como o melhor da turma. Foi também o mentor e primeiro presidente da Associação Internacional de Estudantes da universidade. Conta Obama, fi lho: “Num curso de russo, [o meu pai] conheceu uma americana tímida, que tinha apenas 18 anos, e os dois apaixonaram-se. Os pais da rapariga a princípio mostraram-se muito prudentes mas depois foram conquistados pelo seu charme e a sua inteligência; os dois casaram-se e tiveram um fi lho que recebeu o nome do pai.”

Depois..., bem, depois Barack não podia parar. Deixou a sua recém-inaugurada família para ir para Harvard, onde se doutorou, e regressou ao Quénia onde tinha a sua missão por cumprir.

Obama, o fi lho, fi cou com “os brancos do Kansas” (mãe e avós)

“O teu pai e eu apenaschegámos à conclusão que devíamos tratar decentemente as pessoas”, explicou-lhea avó

“Há qualquer coisa de espiritual nele”

Joana Amado a viver despreocupadamente os primeiros anos da sua infância em Honolulu, uma cidade onde as tensões raciais não se faziam sentir de forma tão intensa como no resto do país. Sobre os avós do Kansas, Obama escreve que a sua postura anti-racista nunca foi algo assumidamente politico. “O teu pai e eu apenas chegámos à conclusão que devíamos tratar decentemente as pessoas”, explicou-lhe a avó, enquadrando desta forma as histórias meio-inventadas de actos heróicos em defesa da tolerância racial contadas pelo seu avô.

Festas com cocaínaQuando tinha seis anos, Anna, a sua mãe, voltou a casar, desta vez com um indonésio chamado Lolo, que tentou ensinar ao enteado Barry que era sempre melhor ser forte do que fraco, ou, na pior das hipóteses, ser fraco mas estar sempre do lado dos mais fortes. Dos quatro anos que viveu em Jacarta, Obama recorda no seu livro os cheiros exóticos e a pobreza extrema; as lições de boxe dadas pelo padastro, a solidão da mãe e os pedintes a quem aprendeu a não dar esmolas. Foi na Indonésia que Obama aprendeu, antes dos dez anos e muito antes de chegar a África, que “o mundo era violento, imprevisivel e cruel”.

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A experiência indonésia terminou quando Obama foi enviado pela mãe de novo para o Havai para estudar na respeitada Punahou Academy. A viver com os avós, típica classe média branca remediada (ele era vendedor e ela trabalhava num banco), Barry enfrentou na adolescência os primeiros embates da realidade de ser um afro-americano, uma identidade que lhe era tão imposta pelos outros como desejeada por si próprio – era esse o legado principal do seu pai-mito.

No liceu tinha amigos brancos e amigos negros. Ia às festas de uns e dos outros. Falava “à branco” ou “à preto”, integrava-se em ambas as realidades mas angustiva-se por não pertencer verdadeiramente a nenhuma delas. Tentou misturá-las, mas não conseguiu. Nas suas memórias sucedem-se recordações de momentos seminais que foram cimentando a sua identidade afro-americana, a mesma de Martin Luther King e de Malcolm X, heróis inspiradores assumidos.

Passou a ir só às festas dos “irmãos”. Festas onde se bebia muito, fumava-se ainda mais, engatavam-se raparigas, enrolavam-se charros de marijuana e, “quando havia dinheiro”, cheirava-se alguma cocaína. A fronteira para a “auto-destruição” nunca foi ultrapassada

e Obama saiu-se sufi entemente bem no liceu para poder escolher, entre várias ofertas de bolsas, a que queria para prosseguir os estudos. O eleito foi o Occidental College em Los Angeles, Califórnia por onde passou sem nunca ter posto um pé nos bairros mais problemáticos da Cidade dos Anjos.

Segiu-se a Universidade de Columbia (também uma de várias escolhas possíveis para o promissor estudante de Direito). Nova Iorque foi a cidade onde enfrentou pela primeira vez na sua vida uma tensão racial inescapável. Uma tensão que, escreve Obama, “fl uía livremente, não apenas nas ruas mas também nas casas de banho da Universidade, onde por muito que a Administração tentasse pintá-las de novo, as paredes estavam sempre riscadas com a correspondência frontal entre brancos e negros. Era como se todo o terreno intermédio tivesse colapassado”.

Morre Barry, nasce BarackTerminado o curso em Columbia, o jovem advogado recebeu várias ofertas de emprego em grandes empresas, mas o que ele decidiu (em 1983, quando tinha 22 anos) é que queria ser “organizador comunitário”. Escreveu cartas para dezenas de sítios a oferecer os

seus préstimos demasiado cotados para aquele tipo de trabalho. Sem respostas de lado nenhum, acabou por trabalhar para uma multinacional durante um ano, bem pago, bem vestido e bem comido. Até ao dia em que recebeu uma carta de Chicago.

Idealismo político era o que não faltava em Obama. Na altura já não queria ser tratado por Barry, mas sim Barack. Não queira mudar o mundo, queira “ajudar o pobres a mobilizarem-se para melhorarem as suas comunidades”. O seu novo emprego era num pequeno grupo ligado à igreja, que estava a tentar ajudar os residentes de um dos bairros mais pobres do South Side de Chicago a reagiram a uma vaga de encerramentos de fábricas que deixaram no desemprego e no desespero centenas e centenas de famílias.

Frustrante, cansativo, mal pago e por vezes pouco edifi cante. Foi assim o dia-a-dia de Obama durante três anos. Três anos que “comem” grande parte de Dreams from my father num relato exaustivo do desespero vivido nos bairros degradados das grandes cidades americanas, das políticas inadequadas e da auto-destruição dos negros.

De Chicago, Obama partiu para

Nairobi com a sua meia-irmã Auma numa viagem há muito desejada e temida para tentar “preencher um vazio imenso”.“E se eu estiver errado? E se a verdade só me desapontar, e a morte do meu pai não tiver signifi cado nada, e o facto de ele me ter deixado para trás não signifi car nada, e se a única ligação entre mim e ele, ou entre mim e África, for um nome, um tipo de sangue ou motivo de chacota para os brancos?”

Mas Obama não estava errado. No Quénia descobriu uma familia, as raízes num povo que sentiu ser o seu e caminhou confortável pelas ruas de Nairobi, sentindo em todo o lado a presença do pai pedindo-lhe que “compreendesse”. É que o mito, afi nal, tinha sido apenas um homem cheio de ilusões, generoso mas também egoista, forte mas vunerável, grande e mesquinho.

Em Alego, a aldeia onde tudo começou, e ajoelhado junto das sepulturas do pai e do avô, Obama chorou cumprindo um luto adiado e “compreendendo” fi nalmente as suas origens africanas.

O vazio desaparecera. Estava pronto para regressar. À sua espera estava Harvard, a advocacia e o ensino em Chicago, a futura mulher Michelle, o Senado. E agora, quem sabe, a Casa Branca.

“E se eu estiver errado?E se a verdade só medesapontar, e a mortedo meu pai não tiver significado nada?”

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Jorge Mourinha, em Berlim

a Já fora assim o ano passado com O Novo Mundo, de Terrence Malick: o primeiro fi lme que mereceria de caras o Urso de Ouro em Berlim passa fora de competição. Pior: é um fi lme que – coisa rara na selecção ofi cial berlinense – está também nomeado para os Óscares (quatro, incluindo Melhor Filme). E chamar obra-prima a Cartas de Iwo Jima, de Clint Eastwood, não chega.

O homem que, com Imperdoável, deu a “machadada fi nal” no western como género heróico americano por natureza (nunca mais vimos os pistoleiros da mesma maneira…) leva agora o fi lme de guerra clássico a uma espécie de ponto-limite, depois do qual nada mais pode ser igual. Crepuscular é dizer pouco: onde o fi lme-gémeo As Bandeiras dos Nossos Pais era a história de uma vitória contada como se fosse uma derrota (e era, de certa maneira; a derrota de uma certa inocência americana, quando os “heróis” de Iwo Jima compreendem a armadilha em que se deixaram cair), Cartas de Iwo Jima é a história de uma derrota com travo amargo de vitória maldita, ambas custando um quinhão pesado de vidas inocentes.

A outra face da moedaSim, estamos, outra vez, a falar de heroísmo; mas As Bandeiras… falava da culpa de ter sobrevivido e Cartas… fala do desperdício de não sobreviver. Isto não quer dizer

(um extraordinário Ken Watanabe) para lutar contra dois inimigos. Porque não são só as muito maiores e muito melhor equipadas forças americanas que preocupam Kurabayashi; são, sobretudo, os seus próprios superiores hierárquicos no Japão, os seus ofi ciais subalternos, que constituem o seu maior inimigo. É isso o que mais perturba o espectador de Cartas de Iwo Jima: a súbita compreensão do desperdício de vidas humanas impostas por um rígido código de valores militares herdado dos samurais, preferindo o suicídio ritual a continuar o combate, em nome de uma honra

Obra-prima absolutaFora de concurso, em Berlim, Cartas de Iwo Jima, magnífi co requiem pelos mortos do último guardião do cinema clássico dos EUA

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que é preciso ter visto um para compreender o outro: o mérito de Eastwood é ter feito dois fi lmes que funcionam como duas faces de uma mesma moeda – não precisamos de ver a outra face para saber que ela está lá. As Bandeiras… era sobre heróis que não achavam merecer sê-lo; Cartas… é sobre heróis que ninguém soube que o foram. A outra face da moeda.

Depois do lado americano de Iwo Jima, então, vemos agora o lado japonês da batalha que decidiu o curso da Segunda Guerra no Pacífi co, acompanhando os esforços heróicos do general Kurabayashi

Os outros heróis

Clint Eastwood

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que já deixou de fazer sentido e que quase parece ter condenado o exército nipónico à derrota.

Um caos aleatórioÉ o absurdo da guerra que Eastwood trabalha com um classicismo depurado, de novo nos tons dessaturados, cinzentos e pretos e desmaiados, da areia vulcânica de Iwo Jima; o modo como tudo se parece resumir a um caos aleatório e sem sentido, ora visto pelos olhos de Kuribayashi, o estratega sabotado a cada passo, ora pelos de Saigo, soldado raso incorporado à força em nome de um glorioso império

que ninguém dizia publicamente estar acabado. É difícil não pensar na Vida do Coronel Blimp de Michael Powell e Emeric Pressburger, fi lme que (em plena Segunda Guerra) perguntava que sentido podia fazer continuar preso a uma ideia de “guerra de cavalheiros” totalmente inadaptada da realidade. Mas o fi lme de Powell e Pressburger era uma comédia gentil, Eastwood aborda o mesmo tema com um realismo impressionante.

Muito se falou das semelhanças de tom entre as cenas de combate de As Bandeiras dos Nossos Pais e de O Resgate do Soldado Ryan (e não nos

esqueçamos que Steven Spielberg é um dos produtores do díptico de Iwo Jima). Mas o que Eastwood faz em Cartas de Iwo Jima é infi nitamente mais perturbante: mostra-nos quem são estes homens, o que os faz mexer, como foram ali parar – cria-nos empatia, mostra como o fanatismo da ética do samurai não era transversal ao exército japonês. E, numa cena extraordinária, desmonta com delicadeza a ideia do inimigo como alienígena, como outro.

Talvez fosse mesmo essa a ideia de Eastwood ao contar esta história em dois fi lmes, ao mostrar os dois lados da moeda: tal como não precisamos de ver o reverso para saber que ele está lá, não precisamos de conhecer o inimigo para saber que ele não é diferente de nós.

Contado de modo mais linear do que As Bandeiras…, Cartas de Iwo Jima é-lhe infi nitamente superior, confi rmando Eastwood como o último guardião das grandes virtudes do cinema clássico americano e, sobretudo, como um dos raros cineastas capazes de as reinvestir em cada fi lme como se nunca o tivesse feito antes. Numa carreira que nos últimos vinte anos nos tem dado mais grandes fi lmes do que seria previsível, Cartas de Iwo Jima é (talvez até mais que o magnífi co As Pontes de Madison County) uma obra-prima absoluta. Chega a Portugal na quinta-feira. Perdê-lo é perder um dos fi lmes maiores de 2007.

Dois fi lmes apresentam-se hoje em competição, de um veterano francês e de um quase estreante norte-americano.

When a Man Falls in the Forest (EUA/Canadá/Alemanha) de Ryan Eslinger, é a segunda longa-metragem de um jovem realizador americano, cruzando as histórias de três homens (Timothy Hutton, Pruitt Taylor Vince e Dylan Baker) e uma mulher (Sharon Stone, igualmente produtora) que buscam qualquer coisa nas suas vidas.

Les Témoins (França), de

André Téchiné, é o último trabalho do realizador de Os Ladrões e Os Juncos Selvagens. Trata-se de uma nova radiografi a da França moderna através das mudanças que um jovem recém-chegado a Paris traz às vidas de quatro pessoas.

Fora de concurso, passa igualmente Diário de um Escândalo (Grã-Bretanha/EUA), de Richard Eyre, adaptação pelo dramaturgo Patrick Marber (Perto Demais) de um romance de Zoë Heller que valeu nomeações para os Óscares para Judi Dench e Cate Blanchett.

a O que é suposto ser hoje um festival de cinema? Um espaço aberto à descoberta de cinema novo? Ou uma montra de estrelas de passagem para garantir cobertura mediática nas rádios e televisões? É evidente que um festival não tem que ser uma ou outra coisa (nele cabe tudo o que se quiser, é para isso que servem as secções paralelas): há bons e maus fi lmes de autor como há bons e maus fi lmes comerciais (Cartas de Iwo Jima é um grande fi lme de autor e um grande fi lme comercial ao mesmo tempo…).

O problema é quando – como aconteceu na competição ontem – os próprios fi lmes se conformam aos lugares-comuns. Com In Memoria di Me (Em Minha Memória), o italiano Saverio Costanzo propõe um bom fi lme – mas um bom fi lme de autor; com Goodbye Bafana, o dinamarquês Bille August assina um mau fi lme – mas um mau fi lme comercial.

Costanzo, que causou sensação com a sua primeira longa, Private, sobre o confl ito israelo-palestiniano, faz de In Memoria di Me uma espécie de mistério policial existencialista, sobre um jovem desiludido com o mundo que decide seguir a vocação religiosa. Mistério policial, entenda-se, em busca de si próprio, da sua verdadeira identidade, de quem se é bem lá no fundo; é um objecto rigorosíssimo, difícil, exigente, rodado com seguríssima e precisa geometria formal no mosteiro de San Giorgio Maggiore, em Veneza.

Costanzo cria suspense, explora a fé e a dúvida dentro de um universo sufocantemente concentracionário, transformando cada recanto do edifício em

O grande silêncio e o carcereiro bondoso

Competição

esconderijos que parecem ecoar uma exigência total de submissão. É um fi lme inteligente, mais espiritual que religioso, que soçobra sempre que o realizador se afasta da dúvida para entrar na certeza – certeza, só a de que está aqui um cineasta a seguir.

Não se pode dizer o mesmo de Bille August – já se tinha percebido desde A Casa dos Espíritos… - e Goodbye Bafana confi rma o seu tarefeirismo de aluguer ideal para estas co-produções internacionais de prestígio, que querem ser tudo para todos e acabam por não ser nada. E, contudo, há aqui bom material de trabalho: é a história verídica do guarda prisional sul-africano destacado para vigiar Nelson Mandela, e do modo como a convivência entre ambos ao longo de 20 anos (e a evolução do regime do apartheid) mudou o seu modo de ver o mundo.

O problema é que Goodbye Bafana segue todas as regras de ouro do bom telefi lme “caso-da-vida”, é rodado em piloto automático e sucumbe ao peso das boas intenções liberais do guião. Joseph Fiennes, sozinho, não pode fazer muito contra o Mandela de papelão de Dennis Haysbert e contra o anonimato funcional de Bille August. O que isto faz em Berlim é um mistério.

A fazerem-se ao UrsoTéchiné e Eslinger hoje na competição oficial

Goodbye Bafana

Tudo por uma paixão...do Portugal de Salazar à Cuba de Che Guevara

encenação Helena Pimentaversão cénica Margarida Fonseca Santoscenografia José Manuel Castanheiradirecção musical João Cabritafigurinos Ana Garaymovimento Nuria Castejóndesenho de luz José Carlos NascimentocomAlexandre Ovídio, Amílcar Zenha, Ana Brandão, Anabela Teixeira, Bibi Gomes, Célia Alturas, Eurico Lopes, Joana Brandão, José Henrique Neto, Jaime Vishal, Lídia Franco, Manuel Coelho, Marques d’Arede, Nádia Santos, Raquel Dias,Rui Quintas, Sérgio Silva e Vítor Norte

Estreia a 15 MarçoSala Garrett M/12

A Filha Rebelde de José Pedro Castanheira e Valdemar Cruz

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Engenhariasem medo da naturezaJorge Calado, crítico de fotografi a e curador da exposição Ingenuidades, Fotografi a e Engenharia - 1846-2006, na Gulbenkian até Abril, escolheu quatro fotografi as e explica porquê

Fotógrafo canadiano de grande reputação que admiro muito. Este trabalho (de 2001) é sobre o desmantelamento de navios, no Bangladesh, em Chittagong. Os petroleiros e outros grandes navios que já não estão em estado de navegar são desmantelados muitas vezes à mão, com maçaricos ou até com machados pelos habitantes da zona. É um cemitério dos grandes petroleiros. A obra de engenharia nasce, é usada e depois morre ou é assassinada. Aqui está a tratar-se da morte destas carcaças para serem usadas noutras construções. É um exemplo de reciclagem à custa de trabalho humano.

Edward BurtynskyO terramoto de S. Francisco, em 1906, foi a primeira catástrofe extensivamente coberta pela fotografia e pelo cinema, que tinha começado nesta altura. Todos os grandes fotógrafos captaram a cidade logo a seguir ao terramoto. Este fotógrafo, que era também engenheiro, interessou-se pela aviação e pela fotografia áerea numa altura em que quase não havia aviação civil ou comercial. Tirou fotografias do ar enquanto voava de balão.Teve um acidente gravíssimo em Chicago: o cesto onde viajava com a máquina desprendeu-se do balão e caiu de uma altura de centenas de metros. Não sofreu muito porque a cesta ficou presa nos fios do telégrafo e do telefone. A partir daí, inventou um sistema diferente em que o balão subia

George R. Lawrencecom a máquina e depois ele accionava a máquina da terra.

Mas esta imagem não foi tirada com o balão, foi com um sistema de papagaios que ele também inventou. A 5 de Maio de 1906, os papagaios faziam subir o cesto que tinha uma máquina panorâmica de varrimento que rodava a objectiva a 160º. Depois de ter a máquina estabilizada no ar, a mais de cem metros, via com os binóculos se estava a apontar na direcção que queria. Os papagaios eram orientados através de um sistema de fios e com um primitivo sinal telefónico, disparava a câmara que varria o seu campo de visão. (...) A devastação foi, como quase sempre é, causada pelo fogo, e não só pelo tremor de terra.

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Uma das ambições do homem, e isso tem sido um dos grandes motores do desenvolvimento da engenharia, é fazer coisas cada vez maiores, viajar cada vez mais depressa, estar onde nunca ninguém esteve. Esta esplêndida fotografia de Mark Power, da Magnum (de 2004), mostra a construção do novo Airbus gigante, o novo Jumbo A380. De certo modo, há aqui também uma nota de optimismo em relação ao futuro da engenharia e ao futuro da aviação que esta fotografia celebra.

Entrevista completa a Jorge Calado em http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1285390&idCanal=21

Mark Power

Esta imagem mostra as ruínas de uma empresa de engenharia nuclear, onde ainda se vê claramente um letreiro. O autor deu à fotografia (de 1962) o título irónico “Já não vem na lista telefónica”. Podia ser uma fotografia emblemática para as pessoas que se opõem ao uso da energia nuclear, que já não mora ali.

Eric Thake

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Ann Hornaday

a O YouTube está repleto do acidental e do indiscriminado. Há imagens apanhadas da tv, há quartos e pátios das traseiras sem signifi cado. Um vídeo muito visto, o do bebé panda que espirra no jardim zoológico e que por momentos assusta a mãe, parece uma imagem típica da sensibilidade desordenada do YouTube. Mas, vendo bem, parece que quem gravou sabia que estava perante um momento decisivo.

A verdade é que, mesmo pequenas e aparentemente espontâneas, as melhores coisas da Web são fruto de um trabalho duro e cuidado.

Uma imagem pequena, um som imperfeito, uma luz pobre — mesmo um vídeo feito nas melhores condições aparecerá assim no YouTube. E os fi lmes que superam o que há de pior em ver vídeos num computador (ou num telemóvel ou num iPod) são os que assumem isso. O cineasta Mitchell Rose, de Los Angeles, usa a dança e os movimentos físicos para criar sátiras poéticas e engraçadas sobre a vida contemporânea. Com fundos lisos e vozes off , as imagens ajustam-se perfeitamente ao ecrã do computador, enquanto superfície bidimensional.

Ensaios pessoaisO facto de o ecrã ser mais pequeno do que uma tela de cinema ou uma televisão não tem de limitar a ambição cinematográfi ca. Em White Plastic Flower, um diário em forma de podcast sobre o festival de cinema de Sundance, feito para a revista Filmmaker, o realizador Jamie Stuart conseguiu uma impressionante profundidade de campo nas imagens, com hábeis

mudanças de grandes planos para as panorâmicas das montanhas Wasatch, nos EUA. Variadas, as imagens vão da abstracção ao documentário na primeira pessoa (a actriz Sienna Miller a fazer um gesto obsceno para a câmara de Stuart). Provavelmente, funcionariam bem no grande ecrã, mas, como ensaio pessoal e impressionista, funcionam ainda melhor no computador.

O sarcasmo é fácil, a sátira é difícil. O YouTube poderá ser o último meio pós-moderno e, como tal, está sujeito a um dos maiores defeitos do pós-modernismo: a imitação. Por cada adolescente a tentar provar como pode imitar

bem Jackass (uma série da MTV), o YouTube também permitiu, embora em menor número, que artistas talentosos explorassem este meio e despertassem o interesse do mundo. É o caso de Ze Frank, um humorista de Brooklyn, Nova Iorque, cujo site é uma verdadeira mina de jogos, de transmissões na Web e uma miscelânea de clips mais ou menos surrealistas. Frank gerou um fenómeno na Web quando o seu vídeo privado e feito para amigos Como dançar apropriadamente se transformou num vírus.

Quando na década de 40 foi lançada uma versão mais portátil da câmara Arrifl ex, isso permitiu o

Dois anos a despejar arte e lixo no YouTubeNo YouTube há de tudo, do objecto de arte mais sublime à parvoíce mais imbecil. Como realizar e encontrar melhores vídeos

Melhores sítios de vídeos na Web

Procurar o que é mais popular no YouTube é bastante mais fácil do que encontrar alguma coisa com qualidade. Usar sites que fazem uma filtragem e juntam grupos de pessoas que gostam das mesmas coisas pode ser um bom caminho. Estes são alguns endereços onde podem ver-se dos melhores filmes.

Mitchellrose.comRose, cujo trabalho foi mostrado primeiro em festival, tem aqui todos os seus pequenos filmes (Elevator World é o melhor).

Snobsite.comNão é oficialmente um site de vídeos, mas os Snob experimentam tudo e encaminham os internautas para algumas das coisas mais engraçadas que existem na Web.

Zefrank.comJogos, projectos de áudio e o diário de Ze Frank, The Show, fazem deste site um espaço onde se pode passar semanas a navegar. Frank também é um magnífico conselheiro, que fornece ligações para sítios de qualidade.

Hollywood-elsewhere.com É um excelente site de Jeffrey Wells sobre a indústria cinematográfica, que serve de repositório a várias reportagens e comentários. Também remete para os trailers dos filmes mais engraçados e para outros vídeos ligados aos filmes.

YouTube.com Procure por God, Inc., Hope is Emo, Le Grand Content e Pancakes e encontrará conteúdos inovadores.

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PortugalAutores em busca de sites mais criativos

a No YouTube, os autores portugueses estão “um passo à frente, sabendo manter-se um passo atrás”. A defi nição é de Vítor Pardal Simões, criador de páginas na Internet e professor de multimédia digital no Instituto Superior de Tecnologias Avançadas em Lisboa. Mas a frase pede explicação: estar um passo atrás signifi ca que não se privilegia o YouTube como meio para divulgar os vídeos. E isso será um passo à frente, porque o YouTube “valoriza mais a curiosidade do que a criatividade”.

Vítor Pardal Simões refere-se aos contadores de histórias, àqueles que não se limitam a pôr on-line um bocado de um programa de tv ou do concerto a que assistiram. “Encontramos mais aspectos criativos em sites como o MySpace do que no YouTube”, diz. E salienta que os autores portugueses “percebem que existem redes de criativos noutros lados, e que no YouTube o seu trabalho não seria valorizado”.

Ao pesquisar no YouTube a palavra Portugal aparecem mais de 19 mil resultados. No top, futebol e sketches dos Gato Fedorento. Não é fácil fazer com que um vídeo de autor, feito para a Internet, chegue rapidamente a muitas pessoas.

Se escrevesse um livro sobre o YouTube, Vítor Pardal Simões chamar-lhe-ia “Montra de acasos”. Para ele, o YouTube é isso mesmo: um espaço de acasos onde, de vez em quando, se encontram pérolas.

Para quem pretende colocar os seus vídeos na Internet, mas quer ir mais além do que o simples diário ou a gravação instantânea de um momento privado, existem sobretudo três aspectos a ter em conta: a criatividade, o rigor técnico e o planeamento. Pardal Simões explica o que quer dizer com estas regras: “O que parece simples pode ser muito difícil, e colocar uma câmara a fi lmar sobre uma mesa de café tem muito que se lhe diga.”

A câmara ajuda, claro, mas não é o essencial. “Até podemos ter um bom vídeo feito com um telemóvel. Mas provavelmente não conseguiremos ter um bom vídeo se não pensamos nele antes.”

Depois da gravação começa uma parte crucial do trabalho, a edição, que implica o uso de software específi co. Editar o som é uma necessidade nem sempre considerada. É um erro: “Existe a possibilidade de destruir uma imagem por causa do som.”

Isabel Gorjão Santos

aparecimento de uma nova geração e de um novo género de criação de fi lmes, desde o movimento neo-realista italiano do pós-guerra, que criou Roma, Cidade Aberta, até clássicos do cinema de 1960.

Experiência solitáriaVerdadeira Arrifl ex moderna, a câmara do telemóvel criou uma nova forma de realismo, de entrega espontânea, de intimidação e de fi lme não editado. No seu melhor, estes pedaços de vida — sem conceitos estruturais e, muitas vezes, narração — transportam o espectador para lugares e situações a que, de outra forma, não teria acesso. Podem ser um inesperado murro no estômago. Nenhuma reportagem da CNN e poucos documentários poderão captar completamente o terror de um vídeo de dois minutos, colocado há pouco em Metacafe.com, em que uma patrulha do Exército norte-americano numa missão de rotina escapa a um atentado bombista no Iraque.

O YouTube já produziu a sua quota de estrelas: desde Lonelygirl, uma adolescente que se destacou como a criação fi ccionada da actriz Jessica Rose, até Lisa Donovan, que conseguiu entrar no elenco da MADtv devido à sua popularidade como Lisa Nova, no YouTube.

Rose e Donovan são exemplos de jovens actores para quem o YouTube é só outra maneira de atingir um fi m tão velho como o mundo: tornar-se famoso. É o equivalente virtual à loja Schwab, ponto de encontro de actores de cinema em Hollywood. Mas o exemplo perfeito das estrelas do YouTube é Noah, um jovem que tirou um auto-retrato por dia, durante seis anos, e cujo obcecante e nostálgico vídeo se tornou um clássico.

O que é que fez com que Noah seja a versão YouTube de Greta Garbo? Quem é este homem que chegámos a conhecer intimamente, sem o conhecer de todo? Repare-se como os olhos nunca se afastam do centro do ecrã, na música repetitiva, na edição rítmica. O que poderia ter sido um exercício de narcisismo pueril tornou-se uma representação comovedora da saudade e da perda. E trouxe-nos para uma realidade: por mais que o YouTube crie uma comunidade virtual, é sempre uma experiência solitária.

Primeiro rir, agora pensarAlguns dos mais recentes clássicos do YouTube — por exemplo, o vídeo com a banda OK Go a fazer coreografi as hilariantes, com uma precisão impressionante — têm qualidades essenciais. São pequenos, poderosos, divertidos e, por vezes, sublimes. Apesar de efémeros, vídeos relacionam-se com o próprio passado dos fi lmes: os OK Go e o panda bebé que espirra fi cariam bem no canal infantil de televisão Nickelodeon.

Mas o principal potencial do YouTube está por explorar. Onde é que está o Henri Cartier-Bresson da Web, esse pioneiro do momento decisivo que encontrou a poesia e a graciosidade nas ruas de Paris? Se o YouTube tem falta de alguma coisa, é de refl exão, de um centro de gravidade, de uma poética.

Claro que já haverá realizadores a fazer exactamente isso, forçando a transformação de uma novidade numa forma de arte. As regras ainda estão a ser feitas. O YouTube já anunciou que irá partilhar os lucros com quem lá colocar os vídeos, e isso deverá espicaçar a criatividade.

Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post

O principal potencial do YouTube ainda está por explorar

Na Universidade Autónoma de Lisboa todas as formações anteriores ao Processo de Bolonha podem ser creditadas para a obtenção de novas competências, de acordo com o Dec.-Lei n.º 74/2006, de 24 de Março. Esta creditação tem em consideração os créditos e a áreacientífica onde foram obtidos.

Todas as informações disponíveis emwww.universidade-autonoma.pt Quaisquer esclarecimentos poderão ser obtidos atravésdo nº. 21 3177600, do n.º verde 800 291 291, ou dasDirecções Científico-Pedagógicas dos diferentesDepartamentos:

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Ele olha a face negra do futebolRui Santos, jornalista, comentador, fez o seu retrato do “estado da bola”. Não poupa nada nem ninguém. Não se vê como um D. Quixote e mais como “um Francisco Louçã do futebol”

a Olhou a face mais negra do futebol e o retrato só podia ser pessimista. Rui Santos usou um trocadilho para título do seu primeiro livro, chamou-lhe Estádio de Choque. Ao mesmo tempo, pede um “autêntico choque futebológico”. A alternativa é qualquer coisa próxima da catástrofe: “Não são as infi ndáveis campanhas de intoxicação dos dirigentes desportivos, nem mesmo alguns êxitos dos clubes portugueses e das selecções nacionais que vão mascarar o essencial – não estamos próximos de atingir um estádio preocupante de ruptura; o futebol em Portugal está em ruptura!”.

Dom Quixote ou Francisco Louçã? Rui Santos escolhe o político para descrever o lugar em que se vê no mundo do futebol português. Estádio de Choque (ed. Esfera dos Livros), com lançamento hoje, foi escrito por alguém com 46 anos e que passou quase 30 como jornalista em A Bola, de onde saiu em ruptura, e que hoje se diz desapaixonado pela modalidade. Nas 240 páginas, não poupa ninguém – uma imagem que foi construindo ao longo dos anos e que aprimorou no espaço de comentador na SIC e na SIC-Notícias e como cronista semanal no Correio da Manhã.

O que é afi nal este livro? “É uma refl exão sobre o futebol. Quem me conhece, vê nele a minha imagem – a forma como eu penso o futebol. Não é para enganar ninguém, não chega a ser um grito de revolta mas

Filipe Escobar de Lima a denúncia daquilo que é o futebol. Tento dar saídas, fazer propostas, colocar as pessoas a refl ectir”.

“A crítica no futebol é necessária para espicaçar. Cronistas, comentaristas que tenham a capacidade de confrontar e criticar, sem ofender, estas pessoas são necessárias ao futebol e à democracia. Como o Francisco Louça na política. Estas pessoas têm um papel utilíssimo na sociedade.”

O estilo que escolheu para a escrita é afi ado, como o que usa nos comentários de rescaldo dos fi ns-de-semana de futebol e que o torna odiado por uns e adorado por quem vê nele a coragem que falta a outros.

Guerrilha permanenteA opção foi metralhar os agentes desportivos portugueses com adjectivos contundentes. A explicação parece mais do que aceitável: “Não fujamos às palavras: o ambiente no futebol português não apela ao cavalheirismo, nem ao sentido cívico nem ao desportivismo. Pinto da Costa talvez seja o maior responsável pelo clima de guerrilha. Mas a dupla Luís Filipe Vieira-José Veiga deu um forte contributo”.

A narrativa cruza o passado e o presente, não esquece o “Apito Dourado” e salta fronteiras para criticar a FIFA e UEFA como instituições não regeneradoras da modalidade. Rui Santos diz não ter medo de ser frontal: “Dei sempre a cara. Não me estou a esconder atrás de uma câmara de televisão ou sentado na minha secretária. Eu

trabalhei muito no terreno, fui aos sítios mais difíceis. Isso contribui para ter a visão que tenho sobre alguma boçalidade do dirigismo desportivo”.

Ninguém sai bem tratado. Sobre o presidente do FC Porto: “Pinto da Costa mais os seus dirigentes–satélite não vão permitir a mudança, nem que personalidades como Filipe Vieira se arvorem em arautos da regeneração”. Sobre o presidente do Benfi ca: “O vierismo é um estado de espírito que oscila entre a depressão, a euforia e a opressão”. Sobre Valentim Loureiro – o “chefe supremo das forças futebolísticas” e a “Floribella da bola”: “O Apito Dourado constituiu o golpe fi nal na sua reputação. O presidente de roupão e chinelos foi a imagem de um major cansado de tantas guerras mas incapaz de abandonar o campo de batalha”.

Jornais promíscuosQuem também não sai nada bem é a imprensa desportiva. Rui Santos chega a escrever que certos “jornalistas se entregam como prostitutas aos seus proxenetas”. O exemplo máximo é o Apito Dourado:“Não é tratado pelos jornais desportivos. O silêncio era de tal maneira escandaloso e cúmplice que a certa altura, com a nomeação da Maria José Morgado para coordenar o processo, os próprios jornais desportivos tiveram que fazer alguma coisa. Há ainda quem ponha as notícias do Apito Dourado numa secção chamada Fora de Campo [Record] como se isto não tivesse

nada a ver com o futebol”.Para ele, são tudo manobras de

diversão par não atingir o nervo do “Apito”: “A certa altura, os jornais desportivos quiseram fazer-nos ver que não tinham formas de investigar e que o Apito Dourado não tinha nada a ver com o futebol. Isto é um embuste.”

Outro exemplo de promiscuidade é o caso da transferência-que-nunca-chegou-a-ser de Simão para o Liverpool. “Nunca vi campanha tão vergonhosa desencadeada por certa imprensa para ajudar a promover a venda de um jogador. A técnica é sempre a mesma: dar notícia de interesse nem sempre real com a esperança de que os dirigentes, o jogador ou o empresário reconheçam o favor e o troquem por notícias, entrevistas ou tratamento preferencial. Por causa desses favores de notícias falsas nunca mais conseguirão o retorno”.

O seleccionador de Portugal também não escapa. “Uma das coisas que Scolari não tem o direito é fazer pouco de nós. Portugal já existia antes de ele chegar, bem como a selecção e os jogadores que já estavam formados. Ele está aqui com um objectivo único, que é o negócio. Não é mais nada. Quando ele canta o hino nacional eu não acredito em nada daquilo. Ele pode cantar até o Tony Carreira. Mas é para inglês ver – eu gostava de o ter visto agora no Portugal-Brasil cantar o nosso hino. Ser coerente: se é tão português e se assume tão português então por que é que não cantou agora o hino?”.

“Os jornais desportivosquiseram fazer-nos verque o Apito Dourado nãotinha nada que ver como futebol. É um embuste”

Rui Santos vê sombras negras

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Manuel João GomesUm crítico de teatro diferenteNão é fácil falar dele. Falo de um amigo, do companheiro da Luiza Neto Jorge, amiga e colaboradora desde Ah Q, em 1976, falo do pai de um amigo actor, o Dinis. Luís Miguel Cintraa Chega um dia a vez em que somos nós, gente do teatro, a falar dos críticos. Para nós, os mais velhos, e nesta terra pequena, acabaram por ser nossos especiais companheiros na luta que ao longo de muitos anos fomos travando para que o teatro existisse na cidade.

Todos, nós e eles, entrámos nesse pequeno jogo de dependências: nós à espera que pelo menos eles nos reconhecessem o esforço e o trabalho. Eles, dependentes do nosso trabalho e do nosso reconhecimento para se sentirem importantes, à espera que os amássemos ou os odiássemos. Mas neste pequeno, e no fundo tão fechado, jogo mundano, todos fi nalmente com vontade de que o teatro existisse.

Hoje já não é assim. Com a perda de importância dos jornais e com os critérios comerciais que lhes presidem, e com a “profi ssionalização” da actividade teatral, quem manda que o teatro exista ou não é o dinheiro, é a publicidade. Os críticos perderam espaço e importância. E, apesar das pequenas guerras e das muitas ofensas e ressentimentos a que a sua actividade dava origem, eu tenho pena.

O Manuel João Gomes também foi crítico de teatro. Mas com ele tudo se passou de maneira diferente. Foi talvez de todos os críticos, o mais discreto, o mais modesto, o mais militante. Foi na crítica de teatro uma espécie de doce guerrilheiro.

Não é fácil falar dele. Falo de um amigo, do companheiro da Luiza Neto Jorge, amiga e colaboradora desde o espectáculo Ah Q, em 1976, tão fundador de tanto trabalho posterior da Cornucópia, falo do pai de um amigo actor, o Dinis, que, pela mão de seus pais, já em 1985 foi um dos pequenos príncipes assassinados pelo meu jovem Ricardo III e que, depois de, em adolescente, em 1989, ter sido o anjo que aparecia ao Papa em Vida e Morte de Bamba de Lope de Vega, agora tem feito parte importante da nossa Companhia. Falo mais de um quase membro da Cornucópia que de um crítico. Várias vezes deixou o seu ofício de incansável tradutor discreto lá no alto de uma casa da rua da Misericórdia, para voltar ao teatro onde, na Companhia de Campolide, tinha trabalhado, e traduzir para nós. Sempre tão bem, sempre com tanto entusiasmo e graça e sempre projectos especiais de quem conhecia mais literatura que a de toda a gente, e quase sempre projectos brincalhões, apesar daquele seu ar sisudo: foi ele que traduziu do latim as cenas de tantas peças de Plauto que em 1979 deram origem ao espectáculo Paragens Mais Remotas que Estas Terras, foi ele que em 1986 traduziu A Mulher do Campo de Wycherley, e, com a Luiza, a Vida e Morte de Bamba. E foi ele que em 1990, quando alguém na Secretaria de Estado da Cultura resolveu obrigar

as companhias subsidiadas a apresentar anualmente um texto da dramaturgia portuguesa, me sugeriu o teatro esquecido de um autor importante do nosso século XVIII, Manuel de Figueiredo, e, conhecendo como ninguém “o nosso jeito”, com ele fez uma tão engraçada e inteligente dramaturgia, com teatro dentro do teatro, para o espectáculo Um Poeta Afi nado. E para muitos outros grupos e pessoas trabalhou, sempre que gente de bem o desafi ava. Nesses anos 80 e

Viu mais que ninguémtodos os espectáculos,sem hierarquia.Descobriu actores eencontrava talento ondemenos se esperava

A última críticaExcerto de 25.10.2000

A Galeria Zé dos Bois (Lisboa) está a atrair uma aura mística. Dificilmente se teria previsto que esta casa em ruínas (...) também viria a pedir (...) um lugarzinho para cultos mais ou menos heterodoxos (...). Depois de um Esboço no Verão, (...), o projecto em que estiveram implicados Miguel Loureiro, Mariana Sá Nogueira, Gonçalo Ferreira de Almeida, Marcello Urgeghe, Pedro Tobias (e não só) tentou “tornar o acontecimento cénico em acto de amor e louvor “de... (Deus)”. Teatro do crente. A subida ao Gólgota da ZDB culminaria no sulfúrico protesto de Job e do seu Livro inesgotavelmente acusador. O peixe vivo em cena, símbolo perfeitíssimo de Cristo e de Job, é uma imagem cénica impressionante, que faz do animal um involuntário, mas eficaz performer do espectáculo-celebração. Qualquer coisa, porém, terá falhado para que o Esboço (I) perdesse qualidades no Esboço (II). Valerá a pena esperar por um outro rito que complete este, o qual, tal como está, soçobra um pouco no vazio? Vale a pena esperar.

Obituário

princípios de 90, difíceis para o teatro português, acompanhou-nos a par e passo, saltando descaradamente da bem pensante pretensa neutralidade de um crítico para um profundo compromisso com o que, a seu ver, era o teatro que importava defender. Andou “infi ltrado” nos jornais a trabalhar para nós. E quando digo aqui nós, não falo da minha companhia, falo de todos aqueles em quem reconhecia uma vontade criadora, uma possibilidade de inovação,

uma alegria de estar em cena, um projecto político, um sonho de sociedade regida por outras regras mais generosas que as do mercado. A sua actividade como crítico rompeu as regras. Viu talvez mais que ninguém todos os espectáculos, sem nenhuma hierarquia. Viu e escreveu muito sobre todos os projectos a que mais ninguém dava importância, os dos muito novos, os de quem não tinha dinheiro, os dos amadores, os de quem não tinha ainda história. Descobriu muitos actores, encontrava talento onde menos se esperava. Mais do que nenhum crítico, trabalhou ao nosso

Perfil

Manuel João Gomes nasceu em Coimbra em 1948 e morreu a 5 de Fevereiro de 2007, na mesma cidade, com uma broncopneumonia. Crítico de teatro do PÚBLICO desde a fundação e durante uma década, foi ainda um tradutor reconhecido. Em 1988 recebeu

o Prémio PEN Clube de tradução por A Vergonha, de Salman Rushdie, foi vice-presidente da Associação Portuguesa de Tradutores, e fundador do Grupo de Teatro de Campolide. Casado com a poeta Luiza Neto Jorge (1939-1989) é o pai do actor Dinis Gomes.

lado contra a incompreensão da importância pública do trabalho teatral pelas políticas culturais. Foi o crítico mais ousadamente parcial. Mais do que estar interessado em ser juiz da qualidade, trabalhava discretamente contra o poder. Consciente do poder que tinha na sua posição de crítico, boicotando o bom senso.

São tempos que já lá vão. E na última fase da sua vida ele já não pôde acompanhar-nos. Gostava de saber como teria reagido à recente afl uência de público e à simultânea degenerescência de uma chama que tanto defendeu. Não sei. Imagino que com alguma melancolia. Que aqui fi que um pouco lembrado como bom amigo e como esse caso especial, um crítico diferente, menos amigo de si próprio e mais amigo da margem, da indisciplina e das revoltas. Adeus, Manuel João.

Encenador, actor e director do Teatro da Cornucópia

Luiza Neto Jorge desenhou o marido no início dos anos 80

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CulturaLivro

Paul Auster sentou-se num escritório a olhar para a América“Que melhor maneira de unir as pessoas do que inventar um inimigo comum e iniciar uma guerra?”, pergunta o escritor no novo livro

a Quando falamos de boa escrita, a distinção entre cheio de arte e cheio de artifício é uma questão com algum peso.

Ao longo dos anos, é uma questão cuja sombra se tem projectado com visibilidade sobre os que praticam a fi cção pós-moderna, com as suas convenções de auto-referência inteligente e de sofi sticação auto-consciente. Testemunho de como Paul Auster é um bom escritor, embora tenha construído a sua reputação como um dos principais pós-modernistas norte-americanos, é o facto de ter sempre parecido mais engenhoso do que apenas esperto.

Agora, aos 60 anos e com uma dezena de romances publicados, Auster parece, à primeira vista, ter regressado às suas raízes metafísicas com Travels in the Scriptorium, uma fi cção que gira em torno de questões de identidade, objectivo, responsabilidade e conhecimento.

O protagonista, Mr. Blank, acorda num quarto espartano, parecido com uma cela. Uma câmara no tecto e um microfone na parede gravam cada um dos seus movimentos para um relatório de um narrador invisível. Na secretária que está no quarto há um manuscrito inacabado que Blank recebe instruções para ler e, fi nalmente, para terminar. Pode ser também um relatório ou pode ser um trabalho de fi cção, o relato de uma América imaginada e do seu confl ito com “primitivos” que podem ser índios americanos... ou talvez não.

Vários visitantes entram e saem do quarto fechado de Blank e fazem várias sugestões sobre a sua possível identidade, a sua possível cumplicidade em crimes ou talvez os de alguma outra pessoa. Pode ser que seja um antigo chefe de espiões,

ou um escritor, ou uma personagem que outra pessoa criou para um relatório, ou para uma fi cção – ou para as duas coisas.

Personagens revisitadasAlgumas convenções pós-modernas são observadas. Leitores para quem o trabalho de Auster é familiar reconhecerão, mesmo nesta paisagem minimalmente povoada, personagens da Trilogia de Nova Iorque, No País das Últimas Coisas, O Palácio da Lua ou Leviatã. O último dos que visitam Blank partilha o nome com o detective do primeiro romance de Auster, Cidade de Vidro.

Mas há aqui outras coisas em acção. Enquanto Blank lê o relato do confl ito entre a nação chamada a “Confederação” e os “Primitivos”, interroga-se: “Que melhor maneira de unir as pessoas do que inventar um inimigo comum e iniciar uma guerra?” É possível ler toda a narrativa como uma fábula sobre o destino dos presos pela América em lugares como Guantánamo ou a rede secreta de prisões da CIA.

Também é possível lê-la como uma homenagem ao mestre modernista em cuja sombra Auster tem sempre trabalhado, Samuel Beckett. Auster já escreveu de resto sobre as suas várias conversas com Beckett em Paris no início da década de 1970. Tem recordado, em especial, uma conversa em que Beckett referiu terminar uma tradução para língua inglesa de um romance – Mercier et Camier – que tinha escrito anos antes em francês.

Auster escreveu: “Tinha lido o livro em francês e gostado muito dele, e disse: ‘Um livro maravilhoso.’ No fi m de contas era apenas um miúdo. Não conseguia suprimir o meu entusiasmo. Beckett abanou a cabeça e disse: ‘Oh, não, não, nada de muito bom. Na verdade, cortei cerca de 25 por cento do

original. A versão inglesa vai ser bem mais curta do que a francesa.’ E eu disse (lembrem-se de como era novo): ‘Mas porque é que havia de fazer uma coisa dessas? É um livro maravilhoso. Não devia ter retirado uma palavra.’ E ele abanou a cabeça e disse: ‘Oh, não, não, nada de muito bom.’”“Continuámos a falar sobre outras coisas e de repente, a propósito de nada, dez ou quinze minutos depois, ele debruçou-se sobre a mesa, aproximou-se e disse-me, muito sério: ‘Você gostou mesmo, hem? A sério que pensou que era bom?’ É bom lembrar que era o Samuel Beckett. E nem ele tinha qualquer ideia do que valia o seu trabalho. Bom ou mau, com ou sem signifi cado, nunca nenhum escritor sabe, nem mesmo os melhores.”

Há mais de vinte anos, Auster escreveu esta frase: “A questão é a própria história, e se signifi ca ou não alguma coisa não compete à história dizer.” Tendo isto em conta, a palavra scriptorium (escritório) no título deste romance torna-se relevante. Em primeiro lugar, porque os scriptoria dos extintos mundos clássico e medieval eram câmaras onde se recebia sabedoria, lugares onde copistas pegavam nos trabalhos de outros e os duplicavam, muitas vezes com embelezamentos visuais, às vezes

com emendas subtis, acrescentos ou mudanças radicais. No processo de transmissão, o tempo pode até elevar a um estatuto canónico o simples erro mecânico do escriba.

A igreja gosta de gramáticaMais ainda, os primeiros manuscritos produzidos pelos scriptoria eram compostos em scripta continua, isto é, sem parágrafos, capitulares ou pontuação. Os autores e os copistas presumiam que existia um leitor capaz de, no decurso da sua leitura individual, fornecer esses elementos de interpretação essenciais.

A pontuação surgiu, em parte, como uma extensão do desejo da igreja para que houvesse uma única leitura ortodoxa dos textos sagrados.

Em Travels in the Scriptorium, Auster invoca a autoridade humana de Beckett, e depois, com elegância, retira-se, presumindo a inteligência dos seus leitores. Eles podem escolher ler este pequeno livro elegante como uma alegoria das actuais difi culdades do seu país, como um conceito de escrita, ou como um comentário mais amplo sobre a condição humana... talvez todas estas coisas, ou outra.

© Público/Los Angeles Times “Travels in the Scriptorium”, 120 pp, de Paul Auster, está disponível, importado, na FNAC (14,95 euros)

Tim Rutten

Paul Auster

DA

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L R

OC

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“O velho está sentado na beira da cama estreita, as palmas das mãos abertas sobre os joelhos, a cabeça baixa, a olhar fixamente para o chão. Não faz ideia de que há uma câmara colocada no tecto directamente por cima dele. O obturador clica silenciosamente uma vez por segundo, produzindo oitenta e seis mil e quatrocentos instantâneos a cada revolução

da terra. Mesmo que soubesse que estava a ser observado, não faria qualquer diferença. Tem o pensamento noutro lado, perdido entre os fragmentos da sua cabeça enquanto procura uma resposta à pergunta que o assombra. Quem é ele? O que faz aqui?” (tradução do início do livro, que chega a Portugal em Setembro)

As primeiras linhas

É possível ler toda anarrativa como umafábula sobre o destinodos presos pela América em lugarescomo Guantánamo

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The Doors e Joan Baez galardoados

Grammys de carreira para lendas da músicaa A cerimónia de atribuição dos mais importantes galardões da indústria musical americana, os Grammy, decorreu de madrugada, mas as distinções honorárias já eram conhecidas ontem. Pelo reconhecimento da longa carreira, pela entrega à causa da música e pela infl uência sobre as novas gerações, os distinguidos foram o veterano grupo rock The Doors, a cantora folk Joan Baez, a lenda do jazz Ornette Coleman, o grupo rock Grateful Dead, a banda soul Booker T & The MGs e a cantora de ópera Maria Callas.

O guitarrista dos Doors, Robby Krieger, afi rmou que Jim Morrison, o icónico vocalista do grupo falecido em 1971, teria fi cado muito honrado pelo reconhecimento. “As pessoas pensam que ele era anti-sistema, mas na verdade queria ser maior que os Beatles”, declarou. Também os membros, ainda vivos, dos Grateful Dead, prestaram homenagem ao fundador do grupo e principal cantor, Jerry Garcia, falecido em 1995. “Gostava que o resto dos meus ‘irmãos’ da banda aqui estivesse”, proferiu Bill Kreutzmann, um dos dois bateristas que passou pelo grupo.

Booker T. Jones, o principal responsável pela implementação do chamado “Memphis soul sound” no contexto da histórica editora Stax, agradeceu à família pelo facto de o terem apoiado desde sempre. Ele e outros membros do seu grupo fi zeram referência a Al Jackson, músico que integrou os The MGs e que morreu em 1975 na sequência de um tiroteio. O saxofonista Ornette Coleman, um dos notáveis do movimento jazz livre dos anos 50, no discurso de reconhecimento, optou por falar do signifi cado da vida e da morte. “Como eliminar a morte se ela mata tudo? Não temos que morrer para matar e não temos que matar para morrer”, proferiu.

O discurso politizado fi cou a cargo da cantautora Joan Baez, desde sempre conhecida pelo activismo e posições políticas – foi uma das personalidades mais empenhadas no movimento anti-Vietname, por exemplo. O discurso surgiu em forma de ironia, com Baez a mencionar que Bush era o melhor agente publicitário que alguma vez tivera, numa alusão ao facto de, no presente, lhe pedirem constantemente para comparar os anos 60 com a actualidade.

PUBLICIDADEExposição

Os “quadros” de Bill Viola no Alhambra

a O Alhambra, em Granada, foi o cenário escolhido pelo nova-iorquino Bill Viola para apresentar as suas vídeo-instalações mais recentes numa exposição que inaugurou este fi m-de-semana. A aproximação à tradição pictórica e a precisão criativa já levaram vários críticos a compararem o seu trabalho com o de artistas clássicos com Rubens. Os seus vídeos parecem quadros, com imagens aparentemente estáticas que adquirem movimento de forma quase imperceptível. Para ver As Horas Invisíveis até 18 de Março.

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CiênciaEstudo da Universidade de Nova Iorque

A pele é um jardim zoológico de bactériasO número de espécies a viver no maior órgão do corpo faz inveja a muitos zoos

a Sem darmos por isso, cada um de nós transporta na pele um autêntico jardim zoológico de bactérias. Num pedacinho apenas, no antebraço, encontraram-se 247 espécies de bactérias e 44 eram desconhecidas. Uma surpresa, mesmo para os cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, que fi zeram esta exploração da epiderme humana.Pode ser difícil imaginar esta população de seres invisíveis a passear pelo nosso corpo sem um arrepio. Mas, pela descrição da equipa de Martin Blaser, o corpo fervilha de actividade à superfície. Os cientistas fi zeram a colheita esfregando a pele de seis pessoas saudáveis e, oito a dez meses depois, repetiram a operação em quatro delas.

Em cada indivíduo estudado, encontraram bactérias conhecidas por fazerem da pele a sua residência permanente e outras que se limitam a passar por lá uns tempos, como se fossem visitar um amigo. “Esperámos encontrar muitas espécies, tendo por base estudos anteriores no tracto gastrointestinal. Mas não esperávamos descobrir tanta agitação na pequena população que observámos”, referiu Blaser ao PÚBLICO.

Método sofi sticadoAté agora, o zoo conhecido da pele era bastante mais modesto. Tinham sido identifi cadas cerca de 50 espécies de organismos diferentes. “Mas sabíamos que estavam lá presentes organismos que não conseguíamos cultivar”, explicou, por sua vez, à BBC online.

O problema é que poucos laboratórios se têm preocupado em identifi car a população bacteriana da pele. Ela tem sido uma terra incógnita, um mundo desconhecido, que a equipa quis desbravar um pouco mais, explica Blaser num comunicado da sua universidade.

Para conhecer os habitantes liliputianos da pele humana, o maior órgão do corpo, os cientistas utilizaram um método molecular sofi sticado. Retiraram certos fragmentos de material genético das bactérias obtidas nas amostras, para em seguida ver se esses fragmentos estavam incluídos numa enorme base de dados. “Este foi essencialmente o primeiro estudo molecular da pele”, diz Blaser.

Foi assim que os cientistas chegaram à identifi cação das 247 espécies, incluindo as 44 nunca descritas. Anunciaram este jardim zoológico, só de bactérias e só num bocadinho do antebraço, na revista norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences. Como às bactérias se juntam outros organismos que se passeiam na pele, como os ácaros, podemos comprovar a grande biodiversidade deste mundo microscópico.

“Um bom jardim zoológico tem 100 a 200 espécies. Agora já sabemos que na pele humana também há muitas, tal como num bom jardim zoológico”, disse o

Os cientistas chegaramà identificação de 247espécies de bactérias,incluindo 44 que nuncaantes tinham sidodescritas

Teresa Firmino DR

cientista à agência Reuters. O zoo de Lisboa, por exemplo, alberga 360 espécies de animais.

Além da extensão e diversidade da população bacteriana, este censo revelou que, apesar de um núcleo residente, os habitantes da epiderme vão variando ao longo do tempo, condicionados por factores como as condições meteorológicas, a exposição à luz solar, o uso de cosméticos ou a higiene pessoal.

Outra das constatações surpreendentes é que cada um de nós tem um jardim zoológico muito próprio: embora a amostra fosse

pequena, as seis pessoas estudadas tinham apenas quatro espécies em comum. A “Propionibacterium acnes”, causadora da acne, era uma delas.

Protectoras da peleSerá isto motivo para preocupação? Nada disso, pois nem todas as bactérias são sinónimo de doenças. Muitas protegem a pele, eliminando peles mortas; outras, ao ocupar territorialmente o espaço, impedem a sua invasão por outras bactérias. Outras bactérias são mesmo essenciais à vida, como as que

permitem levar a cabo a digestão.“Suspeitamos que a maior parte

das espécies na pele são boas para nós. Mas só testámos pessoas saudáveis”, esclarece Blaser. “Por isso, não é boa ideia estarmos sempre a lavarmo-nos, porque estaremos a eliminar uma das nossas barreiras de defesa.” O próximo passo dos cientistas é estudar a pele doente, por exemplo quando existe um eczema ou uma psoríase. Uma coisa é certa: de cada vez que entramos na banheira, estamos sempre a tomar banho com uma multidão.

A pele humana tem centenas de habitantes lilliputianos

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Mediaesempenhar o papel de Kit.

mente, quando nos dizemgs que estão a pensar

m diferente, isso signifi ca à procura de alguém ”, conta Shepherd. “Mas

escobri que iria ser a Pamcebi que a conversa era rdade”.L Word, Shepherd é

ma administradoranha e conservadora que seque toda a vida foi lésbica, ter marido e fi lhos. Através Phyllis conhece Alice

Hailey) e é absolutamentea compensar o tempodo. Para aceitar o papel, az só impôs uma condição:da de nudez. De resto ou mais ou menos dispostaudo”. Este mês, Shepherd 57 anos. “Quantos papéisra mulheres desta idadeom cenas de sexo – é que? Conseguem pensar em

m?” A resposta é dela:istem apenas “cinco” e

sses vão para Meryl Streepu para Anjelica Huston.Marlee Matlin, 41 anos,

anhou um Óscar paramelhor actriz há 20 anos

elo seu desempenho emilhos de um Deus Menor,

onde contracenou comWilliam Hurt. Embora enha trabalhado

regularmente desde entãoem séries como Picket ences e Os Homens do residente, Matlin diz do

eu novo papel em The Word: “Nunca tive um rsonagem tão completo

mo este depois de Filhos de Deus Menor”. atlin assume que o facto r surda impediu que fosse hida para desempenhar

românticos. E quandosonagens que tinham resultado esteve longe do to. “Há fi lmes que eu fi z

heiro, porque precisava har e porque queria

” L Word, Matlin é Jodi, tora por quem Bette se Apesar de ser amiga de 0 anos, Matlin nunca tinha ie. Quando viu os DVD boca aberta”. “Nunca tinha

assim em televisão.”de Kristanna Loken a

ão é a idade (tem 27 anos).z uma carreira de fi lmes depois de surgir em dor Implacável 3 (2003)

de Terminatrix. Com osseus quase dois metros, foi escolhida para porque parecia ser uma ameaça credível ao heróico Extreminador desempenhado por Arnold Schwarzenegger. Mas tamanha estatura acabou por se revelar um empecilho para a carreira – desde então calharam-lhe papéis em fi lmes de acção, terror ou fantasia. Assumidamente bissexual, diz que não escolheu entrar em The L Word por causa da temática da série. “Sinto que foi a série que me escolheu a mim”. E remata: “Sempre tive esta altura desde os 18 anos. Em The L Word isso não é impeditivo de nada porque somos todos iguais quando estamos deitados e é assim que estamos em metade do tempo na série”. No novo papel vai andar de cabeça perdida atrás de Shane (Katherine Moenning), a quebra-corações mais cobiçada de LA.

Kate Aurthur, exclusivo Público/los Angeles Times

Televisão

As estrelas ( jáuma certa idacontinuam a ca The L WordTiveram os seus momentos baixos) em Hollywood. Agormais sexy do que nunca na sculto sobre o circuito lésbicoa Em 2004, a série The L Word foi considerada revolucionária no modo como ousou contar (e apimentar) as vidas das lésbicas em Los Angeles. Agora, que já vai na sua quarta temporada, o elenco do programa expandiu-se de tal forma que as suas mulheres parecem constituir, elas próprias, uma pequena comunidade.

As novas aquisições são, cada vez mais, actrizes famosas que deram consigo excluídas do estreito leque de opções disponíveis – ou melhor, não disponíveis – em Hollywood. Kristanna Loken, o cyborg nórdico de Exterminador 3, interpreta o papel de uma mãe solteira. Cybill Shepherd (que foi protagonista da série Modelo e Detective) juntou-se ao conjunto sáfi co como a nova patroa de Bette ( Jennifer Beals – uma estrela de L Word desde o início). E para sublinhar ainda mais a onda nostálgica, estilo “adoro os anos 80”, evocada pela simples ideia de colocar Shepherd e Beals a trabalharem juntas, Marlee Matlin, vencedora de um Óscar (Filhos de um Deus Menor) também se estreou como a nova paixão de Bette.

Doze dos 13 protagonistas regulares de L Word, incluindo Shepherd e Matlin, são mulheres. Isso representa uma maioria sem precedentes para um drama televisivo. Até porque outras séries que são lideradas por personagens femininas, como Donas de Casa Desesperadas ou Anatomia de Grey, requerem geralmente que cada

mulher tenha o seE se no princípi

de Casa Desesperadpor oferecer papéa actrizes, o castinquarta temporadaWord é um exempdsérie que continualo – acrescentandopersonagens sexuextravagantes quepara benefi ciar a sNuma entrevista teIlene Chaiken, a crprodutora executidisse:”Todos sabeexiste uma enormde papéis de substpara as actrizes emfaixas etárias, e issvez mais verdade àque elas vão fi candvelhas.”

OportunidadeDesde a concepçãsérie, Chaiken semaproveitou a propHollywood para reenvelhecimento emais latos, a ideia mundo da televisãsobre quem pode um papel romântiexecutivos do canque produz a sérieque esperavam apdesconhecidos nomantinham entusio projecto apesar Chaiken responde

Kristanna Lokeninterpreta o papel de uma mãe solteira. CybillShepherd é a novapatroa de Bette (JenniferBeals). E Marlee Matlin,vencedora de um Óscartambém se estreou como a nova paixão de Bette

Mas aviso-vos que vamos contratar algumas estrelas”.

A sua confi ança extravasou quando Beals aceitou o papel de Bette e Pam Grier foi escolhida para fazer de sua irmã, Kit. As actrizes tiveram altos e baixos nas suas carreiras depois de terem protagonizado projectos de culto: Beals em Flashdance (1983) e Grier em Foxy Brown (1974). Tinham conquistado um espaço no cinema independente mas, para Cheiken, poder colocá-las na série foi uma “grande oportunidade”.

Velhas?Desde então, Rossana Arquette, Anne Archer, Sandra Bernhard, Dana Delany e Kelly Lynch, entre outras, surgiram como actrizes convidadas em The L Word.

Shepherd interessou-se pela série desde que ouviu falar dela pela primeira vez, e reuniu com a produção para discutir se ela

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Conferência

a Aguinaldo Silva, o argumentista brasileiro co-responsável por novelas como Tieta do Agreste ou Roque Santeiro, vem a Portugal dar lições de escrita para televisão. A convite da ScriptMakers, a empresa que acolhe os argumentistas de telenovelas da TVI como Tempo de Viver e Ninguém como Tu, Aguinaldo Silva participa numa conferência e numa masterclass de escrita televisiva esta semana. Amanhã, fala na conferência Telenovelas: Raio X sobre o género mais popular da televisão, na Fnac Chiado, em Lisboa, às 18h00. A conferência, na qual falará também Rui Vilhena, director criativo da ScriptMakers, vai servir para discutir quais os ingredientes de uma novela de sucesso, quais as diferenças e paralelos entre o panorama televisivo português e brasileiro na óptica deste género fi ccional e também versará sobre a formação dos guionistas. O autor também vai leccionar uma masterclass de escrita de telenovelas num curso da ScriptMakers que começa dia 15 e que será eminentemente prático.

Argumentista de Roque Santeiro dá lições em Portugal

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Pessoas

Empire, o actor norte-americano Billy Bob Thornton explicou os motivos que levaram ao fi m do seu casamento de três anos com Angelina Jolie, agora Mrs Brad Pitt. “Nunca a traí. Amávamo-nos, mas tínhamos projectos de vida completamente diferentes.

Ela quer correr mundo, eu adoro fi car em casa a ver desporto na televisão”, explicou Billy Bob, citado pelo El País. E assim foi. Ela foi-se, ele fi cou a ver basebol (a velha máxima de que gostos não se discutem não chega: Billy Bob, explica lá isso melhor...)

cheerleaders,

O desabafo de Paco Rabanne

O estilista Paco Rabanne classifi ca alguns dos seus mais famosos pares da cena internacional como “hooligans da moda”. Em entrevista à revista dos hotéis Intercontinental, o espanhol aponta o dedo a John Galliano e Alexander McQueen: em seu entender, os trabalhos provocantes destes dois têm afastado pessoas da moda parisiense. “Com Balmain, Balenciaga, Givenchy e outros, já podemos voltar a encontrar a veia de chique e elegância que tinha sido varrida da capital por aqueles hooligans da moda.”

Sienna Miller dispensava a fama

Stardust, contracenando com

FO

GR

AF

O

Filha de Anna Nicole Smith com quatro candidatos a pais

A fi lha de Anna Nicole Smith, a modelo morta na semana passada em circunstâncias ainda não apuradas, está a ser alvo de uma batalha legal pela sua paternidade. Ofi cialmente, a bebé de cinco meses, potencial herdeira de dezenas de milhões de dólares, é fi lha de Howard K. Stern, advogado da mãe. Mas um antigo namorado desta, Larry Birkhead, já avançou com uma acção legal, enquanto o marido da actriz Zsa Zsa Gabor, príncipe Frederic von Anhalt, diz que foi

Christina Aguilera

Divórcio Billy Bob Thornton prefere basebol

Hoje fazem anos

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Ficar

A receita clássica de caipirinha é simples e deliciosa. Os precisos são cachaça (aguardente de cana de açúcar) de qualidade, limão galego ou lima, açúcar de cana e gelo picadinho. Corta-se em quatro ou oito pedaços um limão para cada copo de caipirinha, retirando-se a parte branca do fruto, que pode transmitir à bebida um ligeiro amargo. Juntam-se açúcar de cana e os pedaços de limão num copo baixo e, com um pilão de madeira de um almofariz, esmaga-se até se extrair todo o sumo da polpa do limão e o óleo da respectiva casca. Junte a cachaça. Encha o copo com gelo picadinho. Pode agitar a mistura num shaker e voltar a vazá-la para o copo baixo de boca larga. Caso utilize vodka, fará uma caipiroska; se usar rum branco beberá uma caipiríssima. Mas olhe que a caipirinha bate a concorrência em aroma, doçura e simpatia. David Lopes Ramos

Caipirinha

[email protected]

CinemaA Intérprete Título original: The InterpreterRealizador: Sydney PollackActores: Nicole Kidman, Sean Penn, Catherine Keener, Jesper ChristensenReino Unido/EUA/França, 2005, 128min.Lusomundo Premium, 23h45Thriller de Sydney Pollack (A Firma, África Minha), com Nicole Kidman no papel de uma intérprete das Nações Unidas que, inadvertidamente, escuta uma ameaça de morte a um chefe de Estado. A ameaça é enunciada num dialecto raro que apenas ela e um restrito grupo de pessoas compreendem. Silvia torna-se então um alvo a abater e é colocada sob a protecção do agente federal Tobin Keller (Sean Penn).

Peggy Sue Casou-se [Peggy Sue Got Married]Hollywood, 21h00Francis Ford Coppola dirige um elenco de luxo, com Kathleen Turner (nomeada para o Óscar de melhor actriz) no papel de Peggy Sue, uma mulher na casa dos 40 a enfrentar um processo de divórcio que se vê a regressar aos tempos de liceu julgando ter a oportunidade de mudar o rumo da sua vida. Enquanto não sabe como regressar

ao seu tempo, aproveita para matar as saudades dos pais e avós e vingar-se do seu colega de liceu e namorado Charlie Bodell (Nicolas Cage). O filme foi nomeado para o Óscar de melhor fotografia ( Jordan Cronenweth) e de melhor figurino (Theadora Van Runkle).

A Educação de Rita [Educating Rita]Fox Life, 20h58O professor, a aluna e a vida. Frank Bryant (Michael Caine) ensina literatura numa Universidade britânica e está entediado com a sua vida. Julie Walters é uma jovem cabelereira que decidiu estudar. Deliciosa comédia de Lewis Gilbert que valeu aos protagonistas duas nomeações para os Óscares.

O Clube dos Poetas Mortos [Dead Poets Society]Lusomundo Gallery, 21h00Um professor de literatura luta contra o conformismo da instituição escolar e pelo interesse dos seus alunos. É Robin Williams, num dos seus primeiros papéis a contrariar a imagem de marca de comediante. O filme conquistou o Óscar de melhor argumento original e recebeu mais três nomeações: melhor actor, realizador e filme. Peter Weir ganhou o César de melhor filme estrangeiro.

Não perca hoje às 21h00 os mistérios de Tutankamon no Odisseia, no OPTIMUS MOBILE TVPUB

Documentários100 Anos de História – O Cinema Português2:, 23h15A história do cinema português – nascido no Porto em 1896 graças a Aurélio da Paz dos Reis – contada por José de Matos-Cruz. Destaque para a permanente batalha de produtores e realizadores contra as dificuldades de exibição dos seus filmes nas salas.

Toda a Verdade – Beleza à Brasileira SIC Notícias, 02h00O Toda a Verdade acompanha as vidas de oito mulheres brasileiras – bailarinas, modelos, pianistas, engenheiras e apresentadoras de televisão – para quem a beleza é uma questão fundamental. Uma maneira de conseguir liberdade, poder e sucesso.

As Paixões do Príncipe Carlos Biography Channel, 22h00O Biography inicia o ciclo temático O Amor Dura para Sempre?, que assinala o Dia dos Namorados. Hoje, episódio sobre as paixões do príncipe Carlos – do falhado casamento com Diana Spencer à apaixonada relação com Camilla Parker-Bowles.

Sexo Animal – Liberdade TotalNational Geographic, 09h00/17h00Na semana de São Valentim, o National Geographic apresenta, em cinco episódios, a face mais selvagem do amor. Sexo Animal dá a conhecer o comportamento sexual

dos animais e as práticas de diversas espécies – onde abunda o sexo em grupo e o sexo livre.

Palm Beach: Dinheiro, Poder e PrivilégiosBiography Channel, 18h00/00h00Segundo episódio sobre Palm Beach, cidade norte-americana do Estado da Florida onde grande parte dos habitantes são milionários, estrelas de cinema, magnatas ou políticos.

Especial ChinaCanal História, 21h00/22h00Especial China com transmissão

dos documentários China: As Novas Multinacionais e Adeus Mao. O primeiro apresenta grandes empresas

multinacionais do país e analisa o crescimento económico nos últimos 20 anos. Adeus Mao examina o paradoxo do comunismo chinês – os uniformes Mao, as marchas e os slogans políticos nas fachadas das cidades desapareceram e a

China parece agora um país capitalista.

Com arranha-céus, letreiros de marcas,

McDonald’s e cibercafés.

A Bola de Fogo de Tutankamon

Odisseia, 21h00O arqueólogo e geólogo italiano Vicenzo de Michele percorria o Museu do Cairo quando descobriu uma pedra amarela numa das jóias do túmulo de Tutankamon. Era um estranho cristal de origem natural do

deserto do Sara. Mas, como é que este tipo de cristal se espalhou pelo deserto? O Odisseia apresenta uma investigação que pretende revelar a origem do cristal.

Diário de Sofia2:, 20h15A série juvenil O Diário de Sofia regressa à 2: com novos episódios. Depois da viagem de finalistas, Sofia e os amigos estão de volta e preparados para entrar na Faculdade. Mas Sofia não entra em Medicina por duas décimas. Entretanto, a adolescente continua apaixonada pelo Rui, embora as discussões e as birras continuem a acontecer. Realização de Gil Ferreira e Hugo Albuquerque. Com Marta Gi, Ana Padrão, Ricardo Carriço, entre outros.

Sete Palmos de Terra2:, 00h30Ruth é uma mulher livre mas não se habitua à nova situação. Especialmente quando George a apanha de surpresa com o pedido de um divórcio rápido. Claire encontra algo interessante no trabalho e a gravidez de Brenda parece ter complicações. Episódio sete do compacto da quinta e última temporada em exibição na 2:.

Séries

A Intérprete, de Sidney Pollack

Recomendações PÚBLICO/OPTIMUS

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DesportoFutebol: Taça dos Libertadores SportTV1, 19h10Os melhores momentos da Taça dos Libertadores da América, a mais importante competição sul-americana entre clubes.

Futebol: Eurogoals

Eurosport, 16h45 Resumo das principais incidências das

ligas europeias. Apresentação de

Nuno Santos.

Futebol: Ligas EuropeiasSportTV1, 20h00 às 22h00Resumos da última jornada das ligas italiana, inglesa, espanhola e francesa.

Basquetebol: NBASportTV1, 00h30Os Detroit Pistons recebem os LA Clippers.

All Sports: WATTS Eurosport, 17h30 Magazine de informação desportiva que acompanha os principais desenvolvimentos do panorama internacional. Comentários de Nuno Santos.

Râguebi: Torneio das 6 NaçõesSportTV2, 22h10Resumo da segunda jornada do torneio que reúne as melhores selecções europeias.

ActualidadePrós e Contras – Justiça sob SuspeitaRTP1, 22h30Fátima Campos Ferreira modera um debate sobre a relação entre a Justiça, a sociedade e a liberdade. Com a presença de juízes, procuradores e jornalistas.

RádiosReferendoRádio Renascença, 09h00Maria de Belém (Sim) e Germano Marques da Silva (Não) debatem os resultados do referendo ao aborto e as suas consequências.

Pessoal e... transmissívelTSF, 19h10O engenheiro António Segadães Tavares, que tem no currículo obras como a pala do Pavilhão de Portugal na Expo, o Centro Cultural de Belém e o alargamento do aeroporto do Funchal, é o convidado de Carlos Vaz Marques.

GrammysAntena 3, 16h às 19hMónica Mendes e Ricardo Sérgio recordam os melhores momentos da 49ª cerimónia de entrega dos Grammys, que teve lugar na última noite.

Língua de TodosRDP África, 19h15Conversa com a poetisa e professora universitária Inocência Mata sobre o português que se fala em São Tomé.

Sociedade Civil – Eutanásia 2:, 14h00Discussão sobre a Eutanásia e as três formas que esta pode assumir: voluntário, não voluntária (quando se retira a vida sem poder de escolha) e involuntária (mais rara, mas onde se inclui a administração de doses elevadas para atenuar a dor até ao fim da vida). Com Fernanda Freitas e convidados.

Magazine

RTP1 2: SIC TVI

SIC Mulher SIC Radical História Odisseia16.00 Dr. Phil; 17.00 Cultura Pop; 17.30 Oprah; 18.30 Essência; 19.45 Médico de Família; 20.45 Todos G. Raymond; 21.15 Querido, Mudei...; 22.00 Oprah; 22.45 Juntos Pelo Gosto; 23.15 Sexo e a Cidade; 23.45 Sexo e a Cidade; 00.15 Oprah; 01.00 Jay Leno; 01.45 Todos G. Raymond; 02.15 Essência.

AXN Hollywood Fox Panda

16:00 Beat Box; 16:30 Curto Circuito - Directo; 18.30

Dragon Ball Z; 19:00 Neon Evangelion; 19:30 Curto Circuito - Directo; 20:00 Raw; 21:45 Max Música;

22:00 Star Trek Next Generation; 22:45

Show do Unas; 23:00 Não Há Bilhetes: Elevator Movie; 00:

45 Max Música; 01:00 Conan O’Brien.

16.00 O Canal de Cape Cod; 17.00 O Mundo Num Copo: O Whisky; 18.00 O Comércio Mundial, a Herança Chinesa; 19.00 O Míssil Nuclear Regulus; 20.00 Barcos de Salvamento; 21.00 China - As Novas Multinacionais; 22.00 Adeus Mao; 23.00 A Área 51; 00.00 O Canal de Cape Cod; 01.00 O Mundo Num Copo: O Whisky.

16.00 Libélula, Bela Ou Monstro?; 16.30 O Resgate do Leopardo; 17.00 Mães de Ninguém; 18.00 Josephine Baker; 19.00 Invasores: A Guerra das Moscas; 20.00 A História Secreta dos Animais: Vida; 21.00 Prisma: A Bola de Fogo de Tutankamon; 22.00 Amendoeira, a Árvore da Vida; 23.00 Xamã, a Medicina da Alma.

13.35 CSI Miami; 14.25 Jag - Em Nome da Justiça; 15.20 A Vingadora; 16.10 Sem Rasto; 17.05 Stingers - Infiltrados; 17.55 ER - Serviço de Urgência; 18.50 CSI Miami; 19.40 Stingers - Infiltrados; 20.35 Jag - Em Nome da Justiça; 21.30 Mentes Criminosas; 22.25 Sobrenatural; 23.15 O Último Grande Herói.

16.30 O Homem Transparente; 18.03 US Top Ten; 18.30 Na Lista do Assassino; 20.00 Hollywood On Set; 20.27 Motel; 20.38 Sofia; 21.00 Peggy Sue Casou-se; 22.42 O Pesadelo da Senhora Flo; 22.50 Os Bóinas Verdes; 01.07 O Mundo das Estrelas; 01.30 Queridos, a Mãe Encolheu; 02.56 Hollywood One On One.

15.25 Angel; 16.10 Tru Calling - O Apelo; 16.55 Donas de Casa Desesperadas; 17.40 Perdidos; 18.25 Las Vegas; 19.10 Perto de Casa; 19.55 O Meu Nome é Earl; 20.17 O Meu Nome é Earl; 20.40 Os Simpsons; 21.05 Os Simpsons; 21.30 House; 22.18 Casos Arquivados; 23.05 Las Vegas; 23.52 Perto de Casa.

15.30 Rupert; 16.00 O Jardim dos Amigos; 16.30 Couvinha; 17.00 A Ladra Meimi; 17.30 Os Meus Padrinhos São Mágicos III; 18.00 Pandatelier; 18.05 Campeões - Oliver e Benji; 18.30 Megaman; 19.00 Doraemon V; 19.30 Ruca; 20.00 Abram Alas Para O Noddy; 20.30 Rua do Zoo 64; 21.00 Kaleido Star.

07.00 Euronews 07.15 Zig Zag 14.00 Sociedade Civil 15.30 Couto & Coutadas 16.00 Entre Nós 16.30 Hora Discovery: Espantosas Invenções Animais Documentário. Primeira parte. 17.30 National Geographic: Geo Great, Through the Lens Documentário. 18.15 Pica 18.30 A Fé dos Homens 19.00 Eurodeputados 19.30 Zig Zag

20.15 Diário de SofiaEstreia.20.30 Pica20.45 Sim, Amor Comédia

21.15 National Geographic: Honey Badgers of the KalahariDocumentário.21.45 A Hora da Sorte

22.00 Jornal da 2:22.30 Perto de CasaSérie norte-americana

23.15 Mundos: 100 Anos de História - O Cinema PortuguêsDocumentário.

00.15 Noites da 2: Sete Palmos de Terra Série. 01.00 Universidades 01.30 Hora Discovery: Espantosas Invenções Animais 02.15 Diga Lá, Excelência! 03.00 Eurodeputados. Repetição.03.30 Vida por Vida

07.00 SIC Kids. Inclui as séries Mickey Mouse Clubhouse, entre outras. 08.30 Floribella 10.00 Fátima 13.00 Primeiro Jornal 14.15 O Profeta. Telenovela brasileira 15.15 Contacto. Programa de entretenimento apresentado por Rita Ferro Rodrigues e Nuno Graciano. 17.30 Floribella 19.00 Pé na Jaca

20.00 Jornal da Noite

21.15 FloribellaTelenovela portuguesa com Luciana Abreu, Diogo Amaral e Mafalda Vilhena, entre outros.

22.15 Páginas da VidaTelenovela brasileira com Regina Duarte, Tarcisio Meira, Lilia Cabral, Ana Paula Arósio, entre outros.

23.15 JuraTelenovela portuguesa

00.15 CSI Miami 01.15 Filme: Missão a Marte. De Brian de Palma (EUA, 2000) 03.00 Bang Bang 03.45 O Olhar da Serpente

07.00 Diário da Manhã 10.00 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma 14.00 Tu e Eu 15.15 Doce Fugitiva 16.30 Quem Quer Ganha 17.45 Morangos com Açúcar IV 19.00 Morangos Com Açúcar IV

20.00 Jornal Nacional

21.15 Separar vai ColarMagazine diário sobre a importância da reciclagem.21.30 Doce Fugitiva

22.15 Tempo de ViverTelenovela portuguesa

23.15

00.15 Nip /Tuck. 01.15 Filme: Desperado. De Robert Rodriguez, com António Banderas. 03.15 Que Loucura de Família 03.45 Queridos Sogros Série estrangeira. 04.15 TVI Negócios 04.30 É a Vida!

06.05 Nós. Magazine diário sobre a imigração. 06.25 Boletim Agrário 06.30 Bom Dia Portugal 10.00 Praça da Alegria 13.00 Jornal da Tarde14.10 Os Ricos Também Choram 15.05 Portugal no Coração 17.15 Lingo 18.00 Portugal em Directo 19.15 O Preço Certo

20.00 Telejornal

21.00 Notas SoltasA opinião de António Vitorino.21.20 Um Contra TodosConcurso apresentado por José Carlos Malato.

22.00 Paixões Proibidas22.30 Prós e Contras: Justiça Sob Suspeita

01.15 Sessão da Meia Noite: Espiões como Nós. De John Landis, com Chevy Chase, Dan Aykroyd e Steve Forrest (EUA, 1985) 03.15 O Tutor 04.00 Televendas

Onde quer que esteja, veja às 13h00 e às 20h00 os noticiários no OPTIMUS MOBILE TVPUB

01.15 Missão a Marte

01.15 Desperado 22.00 Paixões Proibidas

22.00 Oprah

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Sair

Uma conversa à volta do livro 1984, do britânico George Orwell, que retrata o dia-a-dia numa sociedade totalitária, abre, no Café do Chiado, em Lisboa, os encontros de grupos de leitura de autores britânicos. Chiado Reading Groups, uma iniciativa do Café do Chiado em parceria com o British Coucil de Lisboa, destina-se a todos os que gostam de ler e de partilhar a sua experiência. Das 19h às 21h no Largo do Picadeiro, com moderação de Tim Perry. Gratuito.

Chiado Reading Groups

[email protected]

CinemaLisboaCinemateca PortuguesaR. Barata Salgueiro, 39 Lisboa. T. 213596200Riquezas da Sua Avó Sala Félix Ribeiro - 21h30; Roubei Um Milhão Sala Félix Ribeiro - 15h30; A Máquina Destruidora de Malvados M12. Sala Félix Ribeiro - 19h; Os Fidalgos da Casa Mourisca M12. Sala Luís de Pina - 22h; Comboio de Sombras Sala Luís de Pina - 19h30 LondresAv. Roma, 7A. T. 707220220Rocky Balboa M12. Sala 1 - 14h, 16h30, 19h, 21h30; Scoop M12. Sala 2 - 14h15, 16h45, 19h15, 21h45 Lusomundo AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 707 CINEMARocky Balboa M12. 13h10, 15h30, 18h, 21h20, 23h40; A Teia da Carlota M6. 13h20, 16h30, 18h50, 21h35 (V.Port.); Hollywoodland M12. 13h, 15h50, 18h40, 21h30, 00h20; Pecados Íntimos M16. 12h40, 15h25, 18h20, 21h10, 24h; A Profecia Celestina M12. 13h30, 16h10, 19h, 21h40, 23h50; Diamante de Sangue M16. 13h45, 17h, 21h, 00h10; Babel M12. 23h50; Scoop M12. 12h50, 15h, 17h Lusomundo ColomboAv. Lusíada. T. 707 CINEMATempos Cruéis M16. 13h15, 16h15, 18h50, 21h, 23h20; Rocky Balboa M12. 13h, 15h30, 18h, 21h30, 23h55; A Teia da Carlota M6. 13h30, 15h55, 18h25, 21h05 (V.Port.); Hollywoodland M12. 12h55, 16h20, 19h, 21h50, 00h25; Flyboys – Nascidos para Voar M12. 18h20, 21h15, 00h10; Cargo M12. 18h15, 21h45, 00h05; Em Busca da Felicidade M12. 13h05, 16h05, 18h35, 21h10, 23h45; O Escolhido M16. 23h45; Apocalypto M16. 12h45, 15h45, 18h40, 21h25, 00h15; Scoop M12. 13h10, 15h25; Diamante de Sangue M16. 12h50, 15h40, 18h45, 21h35, 00h30; À Noite, No Museu M6. 13h20, 16h; Babel M12. 12h40, 15h35, 18h30, 21h20, 00h20 Lusomundo OlivaishoppingR. Cidade de Bolama. T. 707 CINEMAContado Ninguém Acredita M12. 12h50, 15h20, 18h30, 21h10, 00h10; Rocky Balboa M12. 13h10, 15h40, 18h20, 21h30, 24h; A Teia da Carlota M6. 13h, 15h10, 17h20, 19h30, 21h40, 23h50 (V.Port.); Bobby M12. 12h40, 15h30, 18h40, 21h20, 00h20 Lusomundo Vasco da GamaParque das Nações. T. 707 CINEMATempos Cruéis M16. 13h, 15h25, 17h50, 21h30, 24h; Rocky Balboa M12. 12h50, 15h20, 18h, 21h20, 23h50; A Teia da Carlota M6. 13h10, 15h40, 18h10, 21h20, 23h45; Hollywoodland M12. 13h15, 15h30, 18h20, 21h35, 00h05; Flyboys – Nascidos para Voar M12. 17h55, 21h10, 00h10; Não És Tu, Sou Eu M12. 13h05, 15h35, 18h05; Em Busca da Felicidade M12. 13h10, 15h50, 18h35, 21h15, 23h55; O Escolhido M16. 21h25, 23h50; Diamante de Sangue M16. 13h25, 17h, 21h, 00h10; Bobby M12. 21h05, 23h40; À Noite, No Museu M6. 12h50, 15h25; Babel M12. 13h20, 17h25; Apocalypto M16. 21h10, 00h15; Scoop M12. 12h55, 15h15, 17h45 Medeia - Fonte NovaEst. Benfica, 503. T. 217145088Diamante de Sangue M16. Sala 1 - 13h50, 16h25, 19h05, 21h45; Babel M12. Sala 2 - 14h, 18h45; Scoop M12. Sala 2 - 16h45, 21h30; Rocky Balboa M12. Sala 3 - 13h40, 15h45, 17h50, 19h55, 22h Medeia - KingAv. Fr. Miguel Contreiras, 52A. T. 218480808Pecados Íntimos M16. Sala 1 - 14h30, 17h, 19h30, 22h, 00h30; Uma Familia à Beira de Um Ataque de Nervos M12. Sala 2 - 14h, 21h30; A Rainha M12. Sala 2 - 16h45, 19h15, 24h; As Vidas dos Outros M12. Sala 3 - 13h40, 16h20, 19h, 21h40, 00h15 Medeia - MonumentalAv. Praia da Vitória. T. 213142223Rocky Balboa M12. Sala 4 - Cine Teatro - 13h40, 15h45, 17h50, 19h55, 22h, 00h30; As Vidas dos Outros M12. Sala 1 - 13h15, 16h20, 19h, 21h40, 00h15; Babel M12. Sala 2 - 16h, 21h30, 00h10; Em Busca da Felicidade M12. Sala 2 - 13h20, 18h45; Assalto e Intromissão M12. Sala 3 - 16h30, 19h10; Bobby M12. Sala 3 - 14h, 21h30, 24h Medeia - NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362O Grande Silêncio M12. Sala 1 - 15h, 18h15, 21h30 Medeia - Saldanha ResidenceAv. Fontes Pereira de Melo. T. 213142223Hollywoodland M12. Sala 5 - 14h30, 17h, 19h30, 22h, 00h30; Pecados Íntimos M16. Sala 6 - 13h45, 16h20, 19h, 21h50, 00h30; Diamante de Sangue M16. Sala 7 - 13h20, 16h10, 18h55, 21h40, 00h20; Scoop M12. Sala 8 - 13h30, 15h30, 17h30, 19h20, 21h30, 24h Millenium AlvaláxiaEstádio José Alvalade. T. 217549000

Tempos Cruéis M16. Sala 1 - 13h50, 16h30, 19h10, 21h50, 00h30; Rocky Balboa M12. Sala 2 - 14h, 16h30, 18h40, 22h, 00h10; Diamante de Sangue M16. Sala 3 - 13h10, 16h, 18h50, 21h50, 00h35; Em Busca da Felicidade M12. Sala 4 - 13h20, 15h40, 18h, 21h50, 00h10; A Profecia Celestina M12. Sala 5 - 14h20, 16h50, 19h10, 22h, 00h10; Entre Inimigos M16. Sala 6 - 23h50; A Teia da Carlota M6. Sala 6 - 14h10, 16h20, 18h40, 21h20; Hollywoodland M12. Sala 7 - 13h30, 16h20, 19h, 21h50, 00h30; Socorro, Conheci os Meus Pais M12. Sala 8 - 14h30, 16h40, 19h10, 22h, 00h10; Pecados Íntimos M16. Sala 9 - 13h30, 19h, 21h40, 00h20; Apocalypto M16. Sala 9 - 16h10; Contado Ninguém Acredita M12. Sala 10 - 16h, 18h20; O Escolhido M16. Sala 10 - 21h40, 00h20; À Noite, No Museu M6. Sala 11 - 15h50; Babel M12. Sala 11 - 18h10, 21h35, 00h20; Caos M12. Sala 12 - 15h, 17h40; Assalto e Intromissão M12. Sala 12 - 21h40, 24h; Não És Tu, Sou Eu M12. Sala 13 - 16h30, 18h40, 22h10; Bobby M12. Sala 14 - 16h10, 19h, 22h; Scoop M12. Sala 15 - 16h30, 18h40, 22h10; Flyboys - Nascidos para Voar M12. Sala 16 - 16h10, 19h, 22h QuartetoR. Flores de Lima, 16. T. 217971378Voltar M12. Sala 1 - 16h45, 21h45; As Tartarugas Também Voam M16. Sala 1 - 14h30, 19h; Entre Inimigos M16. Sala 2 - 14h30, 17h, 21h45; Match Point M12. Sala 3 - 19h15; Manual de Amor M12. Sala 3 - 17h, 22h; 20,13 - Purgatório M16. Sala 3 - 14h30; 10 Dias para Encontrar um Melhor Amigo Sala 4 - 14h30, 17h, 19h15, 22h TurimEstr. Benfica, 723A. T. 217606666As Bandeiras dos Nossos Pais M12. Sala 1 - 15h, 17h30, 21h30 Twin TowersGalerias Twin Towers, R. de Campolide, 351. T. 217249232Rocky Balboa M12. Sala 1 - 13h45, 16h10, 18h30, 21h50, 00h15; Diamante de Sangue M16. Sala 2 - 13h, 15h50, 18h40, 21h30, 00h20; Hollywoodland M12. Sala 3 - 13h10, 16h, 18h45, 21h45, 00h30; Scoop M12. Sala 4 - 14h, 16h30, 19h, 22h, 00h25; À Beira do Precipício M12. Sala 5 - 19h10, 00h30; Babel M12. Sala 5 - 13h10, 16h10, 21h35 UCI CinemasEl Corte Inglés, Av. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221A Rainha M12. Sala 1 - 14h20, 16h40, 19h, 21h50, 00h05; O Escolhido M16. Sala 2 - 14h15, 16h50, 22h, 00h15; As Bandeiras dos Nossos Pais M12. Sala 2 - 19h05; Bobby M12. Sala 3 - 14h, 16h35, 19h05, 21h45, 00h15; Em Busca da Felicidade M12. Sala 4 - 14h15, 16h45, 19h15, 22h, 00h25; Scoop M12. Sala 5 - 14h25, 16h40, 19h, 21h45, 24h; Apocalypto M16. Sala 6 - 23h30; A Teia da Carlota M6. Sala 6 - 14h15, 16h30, 18h45, 21h; Não És Tu, Sou Eu M12. Sala 7 - 14h30, 17h, 19h20, 22h, 00h15; Entre

Inimigos M16. Sala 8 - 00h10; Contado Ninguém Acredita M12. Sala 8 - 14h, 16h30, 19h, 21h40; Rocky Balboa M12. Sala 9 - 14h20, 16h45, 19h10, 21h40, 00h20; Assalto e Intromissão M12. Sala 10 - 14h10, 16h55, 19h25, 21h55, 00h25; Babel M12. Sala 11 - 15h15, 18h20, 21h30, 00h25; Diamante de Sangue M16. Sala 12 - 15h30, 18h30, 21h30, 00h30; Hollywoodland M12. Sala 13 - 14h, 16h35, 19h15, 21h50, 00h30; Pecados Íntimos M16. Sala 14 - 14h, 16h35, 19h10, 21h50, 00h30

AlmadaAcademia AlmadenseR. Capitão Leitão, 64. T. 212729750A Teia da Carlota M6. Sala 1 - 15h30, 21h30 Lusomundo Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011 - Vale de Mourelos. T. 707 CINEMARocky Balboa M12. 13h, 15h45, 18h30, 21h10, 23h50; A Teia da Carlota M6. 13h10, 15h35, 18h, 21h20, 23h45; Hollywoodland M12. 12h45, 15h30, 18h15, 21h15, 00h10; Socorro, Conheci os Meus Pais M12. 13h20, 15h50, 18h45, 21h45, 00h15; Tempos Cruéis M16. 12h55, 15h55, 18h45, 21h30, 00h20; Em Busca da Felicidade M12. 12h55, 16h, 18h45, 21h30, 00h10; Flyboys - Nascidos para Voar M12. 15h35, 21h10; O Escolhido M16. 13h, 15h40, 18h20, 21h15, 23h45; Não És Tu, Sou Eu M12. 13h, 18h35, 23h40; Bobby M12. 15h35, 21h35; Scoop M12. 13h15, 15h50, 18h10, 21h40, 23h50; Assalto e Intromissão M12. 15h30, 21h15; Diamante de Sangue M16. 13h05, 17h, 21h, 24h; Caos M12. 12h50, 18h40, 00h05; À Noite, No Museu M6. 13h10, 15h45, 18h30; Apocalypto M16. 21h05, 23h55; Déjà Vu M12. 12h40, 18h20, 00h10; Babel M12. 13h35, 17h10, 21h, 24h

BarreiroFeira Nova BarreiroHipermercado Feira Nova. T. 212060020Rocky Balboa M12. Sala 1 - 14h, 16h30, 19h, 21h30; A Teia da Carlota M6. Sala 2 - 14h15, 16h45, 19h15, 21h45 (V.Port.); Apocalypto M16. Sala 3 - 14h15, 16h45, 19h15, 21h45; A Coragem do Guerreiro M12. Sala 4 - 14h, 16h30, 19h, 21h30

CascaisCastello Lopes-Cascais VillaCascais Villa, Av. Marginal. T. 707220220Diamante de Sangue M16. Sala 1 - 12h40, 15h40, 18h40, 21h40; Contado Ninguém Acredita M12. Sala 2 - 13h, 15h20, 17h50, 21h50; Bobby M12. Sala 3 - 12h50, 15h30, 18h20, 21h10; A Teia da Carlota M6. Sala 4 - 13h20, 15h50, 18h10, 21h20; Rocky Balboa M12 Sala 5-13h10, 16h, 18h30, 21h30 Lusomundo Cascais ShoppingCascaiShopping-EN 9, Alcabideche. T. 707 CINEMARocky Balboa M12. 13h10, 16h, 18h30, 21h40, 00h15; A Teia da Carlota M6. 13h40, 16h20, 18h45, 21h10 (V.Port.); Hollywoodland M12. 12h40, 15h20, 18h10, 21h05, 23h50; Tempos Cruéis M16. 12h50, 15h30, 18h20, 21h50, 00h20; Diamante de Sangue M16. 13h, 17h20, 21h, 24h; Em Busca da Felicidade M12. 13h20, 16h10, 18h35, 21h30, 23h55; Caos M12. 23h30; Babel M12. 15h40, 21h20; Scoop M12. 13h30, 18h40, 00h10

Caldas da RainhaDeltaC.C.R. Montras - R. Almirante Cândido Reis. T. 262880209

Em cartaz ApocalyptoDe Mel Gibson. Com Rudy Youngblood, Dalia Hernandez, Jonathan Brewer. EUA. 2006. 139m. Dra. M16. Mel Gibson mergulha agora na cultura e civilização maia, antes da chegada dos espanhóis. Um jovem é escolhido para ser sacrificado e é levado numa perigosa viagem. Castello Lopes-Torres Novas, Centro Cultural do Cartaxo, Cinema City Beloura, Feira Nova Barreiro, Fitares Shopping, LagoShopping, Lusomundo Almada Fórum, Lusomundo Colombo, Lusomundo Dolce Vita Miraflores, Lusomundo Fórum Montijo, Lusomundo Odivelas Parque, Lusomundo Vasco da Gama, Millenium Alvaláxia, UCI Cinemas.

Artur e os MinimeusDe Luc Besson. Com Freddie Highmore (Voz), Madonna (Voz), Toinette Laquière (Voz). EUA/FRA. 2006. 102m. Ani. M4. Como qualquer rapaz da sua idade, Artur fica fascinado com as histórias que a avó lhe conta antes de adormecer. Mas e se todas essas histórias fossem verdadeiras? E se os Minimeus, essas pequenas

criaturas desenhadas pelo seu avô fossem mesmo reais? Artur fica determinado a saber se essas histórias serão ou não verdadeiras. Cinema City Beloura, Cinema City Leiria.

As Bandeiras dos Nossos PaisDe Clint Eastwood. Com Ryan Phillippe, Jesse Bradford, Adam Beach. EUA. 2006. 132m. Dra, Gue. M12. Fevereiro, 1945. A guerra na Europa estava ganha, mas no Pacífico continuava acesa. Uma das mais sangrentas batalhas foi a luta pela ilha de Iwo Jima, traduzida por uma das mais icónicas imagens da História: o momento em que cinco “marines“ erguem a bandeira dos EUA no monte Suribachi. Esta é a história desses soldados. Atlântida-Cine, Auditório Charlot, Cinema Gescine, Delta, Lusomundo

Alfas, Lusomundo Dolce Vita Miraflores, Turim, UCI Cinemas.

BabelDe Alejandro González Iñárritu. Com Brad Pitt, Cate Blanchett, Mohamed Akhzam, Gael García Bernal. EUA/MEX. 2006. 142m. Dra, Thr. M12. Vencedor do Prémio de Melhor Realizador e o Prémio do Júri Ecuménico no Festival de Cannes e somando já sete nomeações para os Globos de Ouro nas categorias principais, “Babel“, o novo filme de Alejandro González Iñárritu, é a história de um incidente trágico que gera uma cadeia de acontecimentos em quatro famílias, em quatro continentes. Castello Lopes-Loureshopping, Castello Lopes-Torres Novas, Lusomundo Almada Fórum, Lusomundo Amoreiras, Lusomundo Cascais Shopping, Lusomundo Colombo, Lusomundo Fórum Montijo, Lusomundo Odivelas Parque, Lusomundo Oeiras Parque, Lusomundo Vasco da Gama, Medeia - Fonte Nova, Medeia - Monumental, Millenium Alvaláxia, SBC-International Cinemas, Twin Towers, UCI Cinemas.

As estrelas do PúblicoJorgeMourinha

Luís M. Oliveira

Mário J. Torres

Vasco Câmara

As Vidas dos Outros mmmnn nnnnn mmmnn nnnnn

Bobby mmmmn mmnnn mmnnn mmnnn

Contado Ninguém Acr. mmmnn mnnnn mmnnn mnnnn

Diamantes de Sangue mmnnn mmnnn nnnnn nnnnn

Em Busca da Felicidade mmnnn nnnnn mnnnn nnnnn

Hollywoodland mmnnn nnnnn nnnnn mnnnn

O Grande Silêncio mmmnn mmnnn nnnnn nnnnn

Pecados Íntimos mmmnn nnnnn mmmnn mmmnn

Rocky Balboa mmnnn mmmnn mmnnn mmmnn

Tempos Cruéis nnnnn mnnnn nnnnn nnnnn

a Mau mnnnn Medíocre mmnnn Razoável mmmnn Bom mmmmn Muito Bom mmmmm Excelente

Recomendações PÚBLICO/OPTIMUS

Veja todos os trailers dos filmes em cartaz, na área de Cinema do OPTIMUS ZONEPUB

Page 93: PÚBLICO de cara nova

P2 • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007 • 29

As Bandeiras dos Nossos Pais M12. Delta 1 - 15h15, 17h30, 21h30; O Terceiro Passo M12. Delta 2 - 15h15, 17h30, 21h45

CarcavelosAtlântida-CineR. Dr. Manuel Arriaga. T. 214565653As Bandeiras dos Nossos Pais M12. Sala 1 - 15h30, 21h30; A Rainha M12. Sala 2 - 15h45, 21h45

SintraCinema City BelouraBeloura Shopping, Est. Nac. nº 9 Quinta da Beloura. T. 219247643Rocky Balboa M12. Cinemax - 14h, 16h, 18h, 20h, 22h10, 00h10; A Teia da Carlota M6. Sala 1 - 13h50, 16h15, 18h30, 21h30, 23h40; Diamante de Sangue M16. Sala 2 - 15h30, 18h20, 21h20, 00h15; Artur e os Minimeus M4. Sala 3 - 16h10; Em Busca da Felicidade M12. Sala 3 - 13h45, 18h25, 21h25, 23h45; Por Água Abaixo M4. Sala 4 - 15h35; Scoop M12. Sala 4 - 13h40, 17h30, 19h50, 22h05, 24h; Happy Feet M4. Sala 5 - 14h10, 16h25 (V.Port.); O Escolhido M16. Sala 5 - 18h40, 21h55, 23h55; A Maldição 2 M16. Sala 6 - 00h20; À Noite, No Museu M6. Sala 6 - 14h15, 16h30, 18h45, 21h50; Déjà Vu M12. Sala 7 - 16h40, 19h05, 21h40; Apocalypto M16. Sala 7 - 13h30, 00h05

LouresCastello Lopes-LoureshoppingLoureshopping. T. 707220220Diamante de Sangue M16. Sala 1 - 13h, 15h50, 18h40, 21h30, 00h15; Babel M12. Sala 2 - 12h50, 15h40, 18h30, 21h20, 00h10; Em Busca da Felicidade M12. Sala 3 - 13h20, 15h45, 18h10, 21h15, 23h50; Hollywoodland M12. Sala 4 - 13h30, 15h30, 18h, 21h50, 00h20; A Teia da Carlota M6. Sala 5 - 13h50, 16h, 18h20, 21h10, 23h30; Rocky Balboa M12. Sala 6 - 13h10, 15h20, 19h, 21h40, 24h; Flyboys - Nascidos para Voar M12. Sala 7 - 21h, 23h40; À Noite, No Museu M6. Sala 7 - 13h40, 16h10, 18h50

MontijoCine-Estúdio ParqueC. C. Parque, Av. 25 de Abril, 27. T. 212316023O Terceiro Passo M12. Sala 1 - 15h30, 21h30 Lusomundo Fórum MontijoFórum Montijo. T. 707 CINEMARocky Balboa M12. 13h20, 16h, 18h30, 21h50, 24h; A Teia da Carlota M6. 13h10, 15h40, 17h50, 21h (V.Port.); Em Busca da Felicidade M12. 13h40, 16h10, 18h50, 21h40, 00h05; O Escolhido M16. 13h, 15h20, 17h30, 21h10, 23h40; Babel M12. 12h40, 15h30, 18h20, 21h20, 00h10; Apocalypto M16. 23h30; Diamante de Sangue M16. 12h50, 15h50, 18h40, 21h30, 00h15

OdivelasLusomundo Odivelas ParqueC. C. Odivelasparque. T. 707 CINEMARocky Balboa M12. 13h, 15h15, 18h, 21h; A Teia da Carlota M6. 13h05, 15h20, 18h15, 21h15; Em Busca da Felicidade M12. 15h40, 18h40, 21h40; Flyboys - Nascidos para Voar M12. 21h10; O Escolhido M16. 15h50, 21h30; Babel M12. 15h, 18h05, 21h05; Apocalypto M16. 18h10; Diamante de Sangue M16. 15h10, 18h20, 21h20; Uma Família à Beira de Um Ataque de Nervos M12. 15h05, 18h25

MirafloresLusomundo Dolce Vita MirafloresAv. das Túlipas. T. 707 CINEMAFlyboys - Nascidos para Voar M12. 18h10, 21h10; Assalto e Intromissão M12. 15h20, 18h20, 21h20; A Teia da Carlota M6. 15h, 17h10, 19h20, 21h30 (V.P.); À Noite, No Museu M6. 15h10; Apocalypto M16. 15h, 18h; As Bandeiras dos Nossos Pais M12. 21h

PombalAuditório Municipal de PombalLgo. Biblioteca Municipal. T. 236209644Scoop M12. Sala 1 - 15h30, 21h30 PombalcineShopping, R. Santa Luzia. T. 236218801A Coragem do Guerreiro M12. Sala 1 - 16h, 21h

Torres VedrasTeatro-Cine de Torres VedrasAv. Tenente Valadim, 19. T. 261338131 Antes do Anoitecer M12. Sala 1 - 21h30

RinchoaFitares ShoppingRinchoa - Estr. Marquês de Pombal. T. 219172901Apocalypto M16. Sala 1 - 16h30, 19h, 21h30; Caos M12. Sala 2 - 16h45, 21h45; Déjà Vu M12. Sala 2 - 19h15

SantarémCastello Lopes-SantarémR. Pedro Santarém, 29. T. 707220220Caos M12. Sala 1 - 13h30; Assalto e Intromissão M12. Sala 1 - 16h, 18h30, 21h10; Escola Para Totós M12. Sala 2 - 13h40, 16h20, 19h, 21h50; Rocky Balboa M12. Sala 3 - 13h10, 16h10, 18h40, 21h40; Diamante de Sangue M16. Sala 4 - 13h, 15h50, 18h40, 21h30; Scoop M12. Sala 5 - 13h50, 16h40, 18h50, 21h40; A Teia da Carlota M6. Sala 6 - 13h20, 16h30, 18h50, 21h30

SetúbalAuditório CharlotAv. Dr. António Manuel Gamito, 11. T. 265522446As Bandeiras dos Nossos Pais M12. Sala 1 - 21h30 Castello Lopes-Jumbo SetúbalC. C. Pão de Açucar-Jumbo. T. 707220220Rocky Balboa M12. Sala 1 - 13h40, 16h10, 18h30, 21h30; Diamante de Sangue M16. Sala 2 - 13h10, 16h, 18h50, 21h40; A Teia da Carlota M6. Sala 3 - 13h30, 16h, 18h20, 21h10; Escola Para Totós M12. Sala 4 - 13h20, 15h50, 18h10, 21h20 Fórum Luísa Todi Av. Luísa Todi, 61-65 . T. 265525908Amor Suspeito M12. Sala 1 - 21h30

ÉvoraLusomundo AlfasR. Eborim, 18/20 - C.Com. T. 707 CINEMARocky Balboa M12. 15h45, 18h45, 21h45; As Bandeiras dos Nossos Pais M12. 15h30, 18h30, 21h30

FaroSBC-International CinemasC. C. Fórum Algarve. T. 289887212Hollywoodland M12. Sala 1 - 13h25, 16h10, 18h55, 21h40; Bobby M12. Sala 2 - 13h40, 16h15, 18h50, 21h25; A Teia da Carlota M6. Sala 3 - 15h, 17h25, 19h45, 21h05; À Noite, No Museu M6. Sala 4 - 13h35, 16h05, 18h35; Babel M12. Sala 4 - 21h10, 23h40; Rocky Balboa M12. Sala 5 - 14h40, 17h10, 19h30, 21h50; Em Busca da Felicidade M12. Sala 6 - 13h20, 16h, 18h40, 21h30; Diamante de Sangue M16. Sala 7 - 14h50, 17h55, 21h; Tempos Cruéis M16. Sala 8 - 14h15, 16h50, 19h25, 22h; Flyboys - Nascidos para Voar M12. Sala 9 - 18h20, 21h20; Contado Ninguém Acredita M12. Sala 9 - 13h10, 15h45

LagosLagoShoppingR. Cândido dos Reis. T. 282762940Apocalypto M16. Sala 1 - 16h, 21h30; A Coragem do Guerreiro M12. Sala 2 - 21h45

Praia da LuzCine-Estúdio Praia da LuzPraia da Luz. T. 282789202À Noite, No Museu M6. Sala 1 - 21h30

PortimãoCastello Lopes-PortimãoC. C. Modelo-Qt. Malata.T. 707220220Rocky Balboa M12. Sala 1 - 13h35, 16h05, 19h05, 21h55; Diamante de Sangue M16. Sala 2 - 13h30, 16h15, 19h, 21h45; Flyboys - Nascidos para Voar M12. Sala 3 - 13h30, 16h10, 19h, 21h40; Caos M12. Sala 4 - 13h45; Assalto e Intromissão M12. Sala 4 - 16h20, 18h50, 21h15; Socorro, Conheci os Meus Pais M12. Sala 5 - 14h, 16h30, 18h45, 21h30; A Teia da Carlota M6. Sala 6 - 13h50, 16h25, 18h40, 21h20 (V.Port.)

VilamouraLusomundo VilamouracineLg. das Estrelas . T. 707 CINEMARocky Balboa M12. 15h30, 18h30, 21h30

Em estreia

10 Dias para Encontrar Um Melhor AmigoDe Patrice Leconte. Com Daniel Auteuil, Dany Boon, Julie Gayet . FRA. 2006. 94m. Com. Um negociante de arte faz uma aposta: em dez dias conseguirá encontrar um melhor amigo. Começa então um casting louco até escolher como “vítima“ um motorista de táxi, simpático e caloroso. Quarteto.

A Profecia CelestinaDe Armand Mastroianni. Com Matthew Settle, Thomas Kretschmann, Sarah Wayne Callies, Joaquim de Almeida. EUA. 2006. 99m. Ave. M12. Baseado no best-seller homónimo de James Redfield, é a história da vida de um professor, John Woodson, que embarca numa viagem ao Peru na senda de uma antiga profecia. Será uma viagem iniciática, que o conduzirá a inúmeras aventuras com a descoberta das pistas que levam à revelação da “Profecia Celestina“. Lusomundo Amoreiras, Millenium Alvaláxia.

A Teia da CarlotaDe Gary Winick. Com Julia Roberts (Voz), Steve Buscemi (Voz), Oprah Winfrey (Voz), Dakota Fanning. EUA. 2006. 97m. Dra, Com. M6. Baseado no livro de E. B. White, é a história de Abílio, um porquinho de estimação e da sua amizade com Flor e com a aranha Carlota. Quando se espalha a notícia que Abílio tem os dias contados, Carlota começa a tecer palavras na sua teia para convencer todos em seu redor de que ele é um “porquinho incrível”. Academia Almadense, Castello Lopes - Rio Sul Shopping, Castello Lopes-Cascais Villa, Castello Lopes-Guia, Castello Lopes-Jumbo Setúbal, Castello Lopes-Loureshopping, Castello Lopes-Mem Martins, Castello Lopes-Portimão, Castello Lopes-Santarém, Cinema City Beloura, Cinema City Leiria, Feira Nova Barreiro, Lusomundo Almada Fórum, Lusomundo Amoreiras, Lusomundo Cascais Shopping, Lusomundo Colombo, Lusomundo Dolce Vita Miraflores, Lusomundo Fórum Montijo, Lusomundo Odivelas Parque, Lusomundo Oeiras Parque, Lusomundo Olivaishopping, Lusomundo Vasco da Gama, Millenium Alvaláxia, SBC-International Cinemas, UCI Cinemas.

As Vidas dos OutrosDe Florian Henckel von Donnersmarck. Com Ulrich Muhe, Martina Gedeck, Sebastian Koch. ALE. 2006. 137m. ComDra. M12. 1984, Alemanha de Leste. Cinco anos antes da glasnot e da queda do Muro, a população é mantida debaixo de controlo pela Stasi, a polícia secreta alemã. A missão da Stasi é apenas uma: saber tudo sobre a vida dos outros. O filme acompanha a gradual desilusão do Capitão Gerd Wiesler, um oficial credenciado da Stasi, cuja missão é espiar um famoso escritor e a mulher actriz. Medeia - King, Medeia - Monumental.

HollywoodlandDe Allen Coulter. Com Adrien Brody, Diane Lane, Ben Affleck. EUA. 2006. 126m. Dra, Thr. M12. Baseado na história verídica de um dos maiores mistérios por resolver de Hollywood, Hollywoodland é um conto de escândalo, glamour e corrupção na Los Angeles dos anos 50. Um popular actor é encontrado morto e a polícia e os estúdios apressam-se a encerrar o caso com uma tese de suicídio. Mas um investigador privado vai tentar seguir as pistas e juntar as peças do puzzle. Castello Lopes-Guia, Castello Lopes-Loureshopping, Lusomundo Almada Fórum, Lusomundo Amoreiras, Lusomundo Cascais Shopping, Lusomundo Colombo, Lusomundo Vasco da Gama, Medeia - Saldanha Residence, Millenium Alvaláxia, SBC-International Cinemas, Twin Towers, UCI Cinemas.

O Grande SilêncioDe Philip Gröning. SUI/FRA/ALE. 1995. 169m. Doc. M12. O Grande Silêncio é o primeiro filme sobre a vida interior da Grande Chartreuse, casa-mãe da Ordem dos Cartuxos, uma meditação silenciosa sobre a vida monástica. Um filme sobre a presença do absoluto e a vida de homens que dedicam a sua existência a Deus. Medeia - Nimas.

Rocky BalboaDe Sylvester Stallone. Com Sylvester Stallone, Burt Young, Antonio Tarver. EUA. 2006. 102m. Dra, Acç. M12. Escrito, realizado e interpretado por Sylvester Stallone é a história do regresso ao ringue para um último round do mítico Rocky

Balboa. Rocky regressa ao ringue depois de um combate virtual que passa numa televisão o dar como vencedor num combate com o campeão actual Mason “The Line“ Dixon. Castello Lopes - Rio Sul Shopping, Castello Lopes-Cascais Villa, Castello Lopes-Guia, Castello Lopes-Jumbo Setúbal, Castello Lopes-Loureshopping, Castello Lopes-Mem Martins, Castello Lopes-Portimão, Castello Lopes-Santarém, Cinema City Beloura, Cinema City Leiria, Feira Nova Barreiro, Londres, Lusomundo Alfas, Lusomundo Almada Fórum, Lusomundo Amoreiras, Lusomundo Cascais Shopping, Lusomundo Colombo, Lusomundo Fórum Montijo, Lusomundo Odivelas Parque, Lusomundo Oeiras Parque, Lusomundo Olivaishopping, Lusomundo Vasco da Gama, Lusomundo Vilamouracine, Medeia - Fonte Nova, Medeia - Monumental, Millenium Alvaláxia, SBC-International Cinemas, Twin Towers, UCI Cinemas.

Socorro, Conheci os Meus PaisDe Greg Glienna. Com Danny DeVito, Kathy Bates, Ron Livingston. EUA. 2005. 91m. Com. M12. Antes do casamento, o Dr. Richard Clayton, psiquiatra, fica a saber que os seus pais biológicos não são aqueles que o criaram. Intrigado, tenta descobrir as suas verdadeiras origens. Mas quando descobre os pais arrepende-se profundamente... Castello Lopes-Portimão, Cinema City Leiria, Lusomundo Almada Fórum, Millenium Alvaláxia.

Tempos CruéisDe David Ayer. Com Christian Bale, Freddy Rodríguez, Tammy Trull. EUA. 2005. 119m. Dra, Acç. M16. Jim Davis é um ex-comando que continua a ser atormentado pelos pesadelos da Guerra do Golfo. Desempregado, mata o tempo com o melhor amigo. Mas Jim e Mike andam cada vez mais à deriva pelas ruas de South Central, embrenhando-se aos poucos num mundo de drogas, violência e crime. Castello Lopes - Rio Sul Shopping, Castello Lopes-Guia, Lusomundo Almada Fórum, Lusomundo Cascais Shopping, Lusomundo Colombo, Lusomundo Vasco da Gama, Millenium Alvaláxia, SBC-International Cinemas.

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Hollywoodland, de Allen Coulter

Recomendações PÚBLICO/OPTIMUS

Page 94: PÚBLICO de cara nova

30 • P2 • Segunda-feira 12 Fevereiro 2007

FarmáciasLisboaAlvalade- Gasparinho - R. Dr. Gama Barros, 54-a Alvalade- São Miguel - Praça Francisco de Morais, 1 Anjos- Guerra Suc. - R. Andrade, 34 Lapa- Central da Lapa - R. dos Navegantes, 10 14 Lumiar- Alameda - Alameda das Linhas de Torres, 201-b Marvila- Almeida Vaz - R. Luis Cristino da Silva - Bairro dos Loios - Lt. 248, Loja 92 Prazeres- Tagus - R. Possidónio da Silva, 162-a Santa Maria de Belém- Gomes Suc. - R. da Junqueira, 326-328 Santa Maria dos Olivais- Zira - Praça das Casas Novas, 5 A-b São Domingos de Benfica- J. Ribeiro - Estrada da Luz, 199-a São João- São João - R. Morais Soares, 56-c São Sebastião da Pedreira- Sagres - Av. Luís Bivar, 69-71

Outras localidadesAbitureiras- Pereira - R. Serpa Pinto, 109 Abrantes (São João)- Mota Ferraz - Lg. Mota Ferraz, 7 Agualva-cacém- São Francisco Xavier - Av. Cidade de Lisboa, 53-a Albufeira- Santos Pinto - Urb. Quinta da Bela Vista, Lt.e,lj.4-5 Alcobaça- Campeão - R. Alexandre Herculano, 4 Algés- Dias & Saraiva Lda. - R. Major Afonso Pala, 19 Algueirão-

mem Martins- Fidalgo - R. Ribeiro dos Reis, Lote 8, Casal de São José, Alhos Vedros- Gusmão - R. Cândido dos Reis, 30 Almada- Central - R. de Olivença, 11 Amora- Matos Lopes - R. 25 de Abril, 28-a Arrentela- Ana Branco - R. da Liberdade, 105-a Assunção- Rosado e Silva - R. da Cadeia, 28 Barreiro- Piçarra - Av. do Bocage, 65-a Beja (Salvador)- Palma - Lg. D. Dinis, S/n Caldas da Rainha Central - Praça da República, 15-16 Carcavelos- Santos Ferreira - R. Barão de Moçamedes, 9-b Carnaxide- Maria - Praceta. António Boto, 11-a Cascais- Rosário - Av. Nossa Senhora do Rosário, 1212 Charneca De Caparica- Vale Fetal - R. Francisco Costa, 28-28 A Corroios- Rosa e Viegas - R. Mario Sampaio Ribeiro, Nº 7 Cova Da Piedade- Louro - R. Alexandre Herculano, 6-b Damaia- Confiança - R. Bartolomeu Dias, 15-b Entroncamento- Carlos Pereira Lucas - R. Almirante Reis, 32 Évora (Santo Antão)- Ferro Suc. - R. João de Deus, 33 Faro (Sé)- Helena - Lg. Sá Carneiro, 69, Lagos (São Sebastião)- Silva - R. 25 de Abril, 9 Laranjeiro- Brasil - R. Eduardo Viana, 26-a Leiria- Av. de Leiria Lda. - Av. Heróis de Angola, 63 Linda-

a-Velha- Pinto - R. Antero Quental, 9 LOURES- Fátima - Av. das Descobertas, 17-loja B Massamá- Quinta das Flores - R. Dr. Francisco Ribeiro de Spínola, Lt.76, Lj 1 Moita- União Moitense - Av. Teófilo Braga, 1 Moscavide- Santa Barbara - R. Francisco M. Beato, 75-a Nossa Senhora Da Vila- Misericórdia - Lg. General Humberto Delgado, 12 Odivelas- Nabais Vicente - R. Artur Bual, Nº3a-ljesq. Oeiras E São Julião Da Barra- Alto da Barra - Edificios Varandas Alto da Barra - Av. D. João I, Bl 1 Lj1 Paço De Arcos- Pargana - R. Eng. Boneville Franco, 6-g Parede- Macau - R. José Elias Garcia, 42 Peniche (Ajuda)- Higiénica - R. António da Conceição Bento, 21-b Pombal- Vilhena - R. do Louriçal, 1 Pontinha- Leitão Ribeiro - Av. 25 de Abril, 23-a Portimão- Oliveira Furtado - R. Direita, 33 Póvoa de Santa Iria- Eduardo A.césar - Alameda Aristides Sousa Mendes, Lt.8 Queluz- Gil - Av. Dr. Miguel Bombarda, 28 Quinta Do Conde- Bio-latina - R. D. Sebastião, Lt 2050-a Santa Maria dos Olivais- Nova - R. António Antunes Silva, 6 São Lourenço- Nova - R. 5 de Outubro, 106 São Nicolau- Morão - R. da Assunção, 17-19 Setúbal (Santa Maria da Graça)-

Marques - R. Arronches Junqueiro, 109 Setúbal (São Sebastião)- Tavares da Silva - Av. Bento Jesus Caraça, 70 B Sintra (São Pedro de Penaferri- Valentim - Calçada de São Pedro, 56 F Sobreda- Palmeirim - Av. República, Torre B Tavira (Santa Maria)- Sousa - R. Jacques Pessoa, 7 Torres Novas (Santiago)- Higiene - Lg. Coronel António Maria Batista, 7 Torres Vedras (São Pedro E San- Santa Cruz - R. Santos Bernardes, 17 Vendas Novas- Santos Monteiro - R. General Humberto Delgado, 30 Venteira- Borel - R. Francisco Sá Carneiro, 22-b Venteira- Cavaca - R. Elias Garcia, Nº 221, R/c Vila Franca De Xira- César - Praça Afonso de Albuquerque, 7-9

Até às 22hAfonsoeiro- Borges da Cruz - Estrada Nacional 5, 346 Lj.3 Alenquer (Triana)- Matos Coelho - R. Sacadura Cabral, Edif. Palmeira, 33 Alverca Do Ribatejo- Raposo - R. Ivone Silva, Nº 1 Arraiolos- Misericórdia - R. Alexandre Herculano, 31 Barcarena- Sílvia - R. Henrique Santana, 27-b Camarate- Batalha - R. Avelino Salgado De Oliveira, 6 Coruche- Frazão - R. Direita, 64

Estremoz (Santo André)- Godinho - Praça Luís De Camões, 39 Grândola- Moderna - R. D. Nuno Álvares Pereira, 35 Loulé (São Clemente)- Av. - Av. José C. Mealha, 109-a Marinha Grande- Moderna - Av. Do Vidreiro, 19 Nazaré- Sousa - R. Mouzinho Albuquerque, 22 Olhão- Brito - Av. Da República, 38-40 Portela- Paula De Campos - Urbanizacao Da Portela-c. Comercial, Loja-62 Porto Salvo- Varela Baião - R. Do Comércio, 7-a Prior Velho- Prior Velho - Urbanização Quinta De Santo António Da Serra, Lote 26-a Queijas- Central De Queijas - R. Júlio Dantas, Lt1, Lj.a/b Reguengos de Monsaraz- Moderna - Praça De Santo António, 3sacavém- Soares - R. Auta Da Palma Carlos, 15 Santiago do Cacém- Barradas - R. General Humberto Delgado, 4-a Santo Antão Do Tojal- Tojal - Praceta De Santo António, Lote 1 Santo António Dos Cavaleiros- Santo António Dos Cavaleiros - Praça D. Miguel I, 9 São Brás De Alportel- Dias Neves - Lg. De São Sebastião, 1-2 Vila Viçosa (São Bartolomeu)- Torrinha - R. Florbela Espanca, 9

TeatroLisboaA Barraca - Teatro CinearteLg Santos, 2. T. 213965360O Auto Falante Até 16/2. Todos os dias 21h30. Teatro PoliteamaR. Portas de Santo Antão, 109. T. 213245500O Principezinho Enc. Filipe La Féria. Com Hugo Rendas, Martin Penedo e Ruben Silva, entre outros. Seg. a sex. 11h e 15h (para escolas, com marcação). Sáb, dom. e feriados 15h. M/6Teatro-Estúdio Mário Viegas/Companhia Teatral do ChiadoLg. Picadeiro, 40. T. 213257652As Obras Completas de William Shakespeare em 97 minutos Companhia Teatral do Chiado. Enc. Juvenal Garcês. Até 6/3. Seg, ter. e dom. 21h.

ArteLisboaCarlos Carvalho Arte ContemporâneaR. Joly Braga Santos Lt F R/C. T. 217261831Joana da Conceição Até 27/2. Seg. a sex. 10h30 às 19h30. Sáb. 12h às 19h30. Espaço 20M3. Pedro Paixão Até 27/2. Seg. a sex. 10h30 às 19h30. Sáb. 12h às 19h30. Espaço ZOOM. Sandra Cinto Até 27/2. Seg. a sex. 10h30 às 19h30. Sáb. 12h às 19h30. Pintura. Sob o Sol e o as Estrelas - Hemisfério Norte De Sandra Cinto. Até 27/2. Seg. a sex. 10h às 19h30. Sáb. 12h às 19h30. Caroline Pagès GalleryRua Tenente Ferreira Durão, 12 - 1º Dto. T. 213873376Funny (how I’ve stopped lovin’ you) De Gerald Petit. Até 10/3. Seg. a qua. 12h às 17h. Qui. e sex. 12h às 20h. Sáb. 15h às 20h. Chiado 8 Arte ContemporâneaLargo do Chiado, 8 - Edifício Sede da Mundial-Confiança. T. 213237335José Loureiro Até 23/3. Seg. a sex. 12h às 20h. Pintura. CulturgestR. Arco do Cego, Ed. CGD. T. 217905155All Together De Bruno Pacheco. Até 25/3. Seg, qua. a sex. 11h às 19h (última entrada às 18h30). Sáb, dom. e feriados 14h às 20h (última entrada às 19h30). Pintura. Galeria 2. Benjamin Callaway Até 25/3. Seg, qua. a sex. 11h às 19h (última entrada às 18h30). Sáb, dom. e feriados 14h às 20h (última entrada às 19h30). Galeria 1. Forte do Bom SucessoPç. Império - junto à Torre de Belém.Guerra e Paz De Júlio Pomar. Todos os dias 10h30 às 17h. Desenho. Fundação Arpad Szenes Vieira da SilvaPç. Amoreiras, 56. T. 213880039Atelier Simultané 1923-1934 De Sonia Delaunay. Até 25/2. Seg. a sáb. 11h às 19h. Dom. 10h às 18h (encerra 3ª e feriados). Guaches sobre papel. Visitas guiadas: 2ª,4ª,6ª das 10h às 12h (marcação prévia). Galeria 111Campo Grande, 113 / R. Dr. João Soares, 5-B. T. 217977418Paula Rego - Obra Gráfica Até 3/3. Seg. a sáb. 10h às 19h. Litografia. Lisboarte.

Galeria 9/ArteR. D. Luís I, 22. T. 939994446Unknown Places De Pedro Besugo. Até 5/3. Seg. a sex. 12h às 19h. Sábado por marcação. Pintura. Galeria ArquéAv. Miguel Bombarda 120A. T. 217972886Revisited Até 10/3. Seg. a sáb. 11h às 21h. Pintura. Galeria Arte PeriféricaPç. Império, Centro Cultural de Belém - Lojas 1, 3, 5 e 6. T. 213617100João Gaspar Até 3/3. Todos os dias 10h às 20h. Lisboarte. Galeria de Arte de São BentoR. Machadinho, 1. T. 213974325Paula Rego Até 20/2. Seg. a sex. 13h às 20h. Gravura e litografia. Lisboarte. Galeria Galveias R. Misericórdia, 83. T. 213422232Colectiva de Pintura Até 3/3. Seg. a sáb. 10h30 às 13h/14h30 às 19h. Lisboarte. Galeria HibiscusRua Almeida e Sousa, 12-A . T. 213869002Navegante De Gamito. Até 28/2. Seg. a sáb. 10h às 20h. Galeria João Esteves de OliveiraR. Ivens 38. T. 213259940O Acervo de Novo II De Almada Negreiros, Álvaro Siza, Pedro Calapez, entre outros. Até 24/2. Ter. a sáb. 11h às 19h30. Seg. 15h às 19h30. Galeria RattonR. Academia Ciências, 2 - C. T. 213460948Movimentos de Vida De Françoise Schein. Até 28/2. Seg. a sex. 10h às 13h30/15h às 19h30. Desenho e fotografia. Galeria São FranciscoR. Ivens, 40. T. 213463460Mais Além De Sylvia Falcão Trigoso. Até 3/3. Seg. a sáb. 10h30 às 13h/14h30 às 19h. Pintura. Lisboarte. Galeria São MamedeR. Escola Politécnica, 167. T. 213973255Eduardo Nery Até 7/3. Seg. a sex. 10h30 às 20h30. Sáb. 11h às 19h. Pintura. Galeria TremaR. Mirante, 12. T. 218130523Migrações De Adriano Mesquita. Até 3/3. Seg. a sex. 15h às 19h30. Sáb. 11h às 19h. Pintura. Lisboarte. Instituto Cervantes de LisboaR. Santa Marta, 43. T. 213523121Ángel Crespo. Com o Tempo, Contra o Tempo Até 16/3. Todos os dias 9h às 21h. Documental. Museu das ComunicaçõesR. Instituto Industrial, 16. T. 213935108Casa do Futuro Até 31/12. Seg. a sex. 10h às 18h. Sáb. 14h às 18h. Exposição permanente. Cinco Séculos de Comunicações em Portugal Seg. a sex. 10h às 18h. Sáb. 14h às 18h. Exposição permanente. Oceanário de LisboaEsplanada D. Carlos I - Doca dos Olivais. T. 218917002Bastidores do Oceanário Até 28/2. Todos os dias 10h às 19h (última entrada às 18h). Promontório ArquitectosR. Fábrica de Material de Guerra, 10. T. 218620970Prova de ArtistaR. Tomás Ribeiro, 115, Loja 1. T. 213199551Alexandra Barbosa Até 16/3. Seg. a sex. 10h30 às 20h. Sáb. 15h às 20h. Xilogravura. Cântico à Água De Saskia Moro. Seg. a sex. 10h30 às 20h. Sáb. 15h às 20h. Pintura e Gráfica Original. Sé de LisboaLargo da Sé. T. 218876628 1700 Anos do Martírio de S. Vicente Todos os dias. 1700 anos do Martírio de S. Vicente.

Soc. de Instrução Guilherme CossoulAv. D.Carlos I, 61 - 1º. T. 213973471Ana Anacleto Até 14/2. Todos os dias 19h às 22h. Instalação. Trem Azul Jazz StoreR. do Alecrim 21 A . T. 213423141Improvisações De Daily Collage Project. Até 18/3. Seg. a sáb. 10h às 19h30. Vera Cortês Agência de ArteAv. 24 de Julho 54, 1ºE. T. 213950177Fuga De Mariana Viegas. Até 2/3. Seg. a sex. 10h às 19h. Fotografia.

AlvitoCentro Cultural do AlvitoLargo do Relógio, Edifício da Câmara Municipal. T. 284485566Pintei Um Jardim, Escondi-me lá dentro De José de Guimarães. Até 4/3. Seg. a sáb. 09h às 12h30/14h às 17h30. Pintura.

CascaisAntigo Edifício dos BombeirosLargo 5 de Outubro.Cascais com Futuro - Projectos e Obra Pública A partir de 3/2. Seg. a qui, dom. e feriados 11h às 19h. Sex. e sáb. 11h às 23h.

EstorilGaleria de Arte do Casino do EstorilPç. José Teodoro dos Santos - Casino do Estoril. T. 214684521Douro e Porto De Ruy Brito e Cunha. Até 15/2. Todos os dias 15h às 24h. Fotografia.

ÉvoraGaleria Évora-ArteR. Manuel do Olival, 22. T. 266701898Grave De João Fitas. De 10/2 a 23/3. Seg. a sex. 15h às 19h. Sáb. 15h às 18h. Pintura. Igreja e Convento de Nossa Senhora dos

RemédiosAv. São Sebastião.Imagens e Mensagens A partir de 25/11. Todos os dias. Escultura romana.

LagosCentro Cultural de LagosR. Lançarote de Freitas, 7. T. 282770450 Praça das Águas De Gabriel Andreas Dirr. Até 21/3. Seg. a sáb. 10h às 20h. Pintura e instalação. Vinte e Duas Casas De Eduardo Souto Moura. Até 21/3. Seg. a sáb. 10h às 20h. Arquitectura.

OeirasGaleria 24BR. Dr José da Cunha, 24-B. T. 214544450Interferometria De Inês Rebelo. Até 10/3. Seg. a sex. 12h às 19h30. Sáb. 11h às 19h30.

PortimãoEdifício EMARPVale Arrancada - Coca Maravilhas. T. 282476238José Eliseu De 12/2 a 16/3. Todos os dias 8h30 às 17h. Escultura.

SinesCentro de Artes de SinesR. Cândido dos Reis (centro histórico).06 Arquitecturas no Litoral Até 15/2. Todos os dias 14h às 20h. Viagem no Tempo Até 26/2. Todos os dias 14h às 20h. Documental. No átrio do arquivo.

TiresBiblioteca Municipal de Cascais - S. Domingos de RanaR. Travessas, Massapés - Tires T. 214481970

Pequenos Ilustradores da Urbanização Terras de Polima Até 17/2. Seg. 13h às 19h. Ter. a sex. 10h às 19h. Sáb. 10h às 13h/14h às 18h.

TomarBiblioteca Municipal de TomarR. Silva Magalhães. T. 249329874Figuração Onírica De Luís Athouguia. Até 28/2. Seg. 11h às 19h30. Ter. a sex. 10h às 19h30. Sáb. 11h às 13h. Pintura.

Torres VedrasGaleria Municipal de Torres VedrasEdifício Paços do Concelho. T. 261320739El Contemplador Activo De Pablo Picasso. Até 24/2. Seg. a sáb. 9h30 às 20h. Gravura.

MúsicaLisboaCasino LisboaAlameda dos Oceanos Lote 1.03.01 - Parque das Nações. T. 214667700Dynamite Até 12/2. Todos os dias 20h. No Arena Lounge. Juke Box Até 28/2. Todos os dias 01h às 03h. No Arena Lounge. Catacumbas Jazz BarTv. Água da Flor, 43. T. 213463969Quarteto de Paulo Lopes Até 12/2. Seg. 23h. Coliseu dos RecreiosR. Portas St. Antão, 96. T. 213240580Nine Inch Nails + The Popo Hoje às 21h (portas abrem às 20h). Teatro Nacional D. Maria IIPç. D. Pedro IV. T. 213250835María Orán e Orquestra do Algarve Maestro Cesário Costa. Com María Orán (soprano). Dia 12/2 às 21h30. Na Sala Garrett.

EstorilCasino EstorilPraça José Teodoro dos Santos. T. 214667700Karma Seg, ter, qui, sex. e dom. 21h. No Du Arte Lounge. Orquestra Casino Estoril Seg, qui, sáb. e dom. 21h. No Du Arte Lounge. Sylvie C. Seg. a qua. e sex. 21h. No Du Arte Lounge.

Olival BastoCentro Cultural da MalapostaR. Angola. T. 219383100Dulce Pontes e Luís Neves Com Dulce Pontes (voz), Luís Neves (piano). Hoje às 21h30. Festival dos Sentidos. Gratuito.

DançaVilamouraCasino de VilamouraPç. Casino. T. 289310000Marilyn Todos os dias às 22h30 (jantar às 20h30).

Último dia dos Nine Inch Nailsno Coliseu dos Recreios

Page 95: PÚBLICO de cara nova

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Page 96: PÚBLICO de cara nova

HORIZONTAIS: 1 Fragmento de madeira, pedra ou metal. Estivera apaixonado. 2 Superfície compreendida dentro de certos limites (pl.). Fruto da romãzeira (pl.). 3 Indivíduo do povo. Revestir de laca. Sociedade Anónima (abrev.). 4 Estrela que é o centro do nosso sistema planetário. 5 Pouco espessa. Qualquer abertura circular (pl.). 6 Restituis a paz. 7 Porção de remédio que se toma de cada vez. Criem ovos. 8 Discursa em público. 9 - Palavra havaiana que significa lavas ásperas e escoriáceas. Recinto circular onde se correm touros.

Instituto de Meteorologia (abrev.). 10 Peça socorro, bradando. Enfurecia. 11 Atrevem-se. Qualidade (pl.).

VERTICAIS: 1 Descanso. Porção que se bebe de uma só vez. 2 Unidade das medidas agrárias. Haste horizontal da charrua. Espécie de sapo da região do Amazonas. 3 Igreja episcopal, arquiepiscopal. Passo a trama por entre os fios da urdidura. Nona letra do alfabeto (pl.). 4 Nome vulgar do óxido de cálcio. Mau-cheiro. Género de formigas a que pertence a saúva. 5 Membro guarnecido de penas que serve às aves para voar (pl.).

Discursem. 6 Verifica se está exacto. 7 Terra que de inculta passou a ser arroteada. Matéria corante azul de origem vegetal. 8 Red. de maior. Pergaminho da pele de vitela. Altar cristão. 9 Amerício (s. q.). Fixe por meio de cravo ou prego. Grito aflitivo. 10 Batráquio anfíbio aquático, anuro, da família dos ranídeos (pl.). Glícido simples, não hidrolisável. Nome de uma planta labiada, vivaz com base lenhosa. 11 Guarneceis de asas. Glândula mamária (pl.). Solução do problema anterior:HORIZONTAIS: 1 Farta. Arras. 2 Ora. Rafeiro. 3 La. Atais. Em. 4 Ama. Ela. 5

Rapas. Ralar. 6 Rás. Ril. 7 Lagar. Cavar. 8 Ave. Aro. 9 Vá. Omega. Me.10 Apurara. Par. 11 Rotos. Seira. VERTICAIS: 1 Folar. Levar. 2 Aramara. Apo.

3 Ra. Apaga. Ut. 4 Asa. Oro. 5 Artes. Ramas. 6 Aal. Ver. 7 Afiar. Cegas. 8 Rês. Ara. 9 Ri. Oliva. Pi.10 Are. Alarmar. 11 Somar. Roera.

12.02.07

Tempo para hoje Su Doku

Por Bill Watterson Tradução de Helena Gubernatis

A pele tem 247 espécies de batérias,um verdadeiro zooPág. 20

Rui Santos diz que, às vezes, se sente como Francisco Louçã Pág. 14

Problema 6163

Problema 631Dificuldade: médio

Solução do problema 630Soluções, dicas e programa de computador em www.sudoku.com

Problema 632Dificuldade: difícil

Ka Kuro

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O kakuro é um puzzle de números comparado ao sudoku porque cada número, de 1 a 9, só pode aparecer uma vez em cada fila ou coluna. Mas há uma enorme diferença: em cada uma destas filas ou colunas a soma dos seus números tem de corresponder ao número indicado. Por exemplo, se uma fila de duas casas tem a soma 4, as combinações possíveis são 1-3 ou 3-1. 2-2 não pode ser, pois não pode haver números repetidos. A partir de amanhã.

Amanhã no P2Afonso Pimentel, uma estrela ascendente em Berlim

Chuva de prémios: os Grammy, os Bafta, etc.