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Intervenção Psicopedagógica na População Idosa & Recursos Tecnológicos e Formação Índice A. Introdução............................................2 B. Sinopse............................................... 3 C. Ficha técnica.........................................3 D. Orientação/Intervenção Psicopedagógica................5 1. Conceito de Orientação...............................5 2. Conceito de Intervenção..............................5 3. Diferença entre Orientação e Intervenção.............6 4. Cruzamento entre Orientação e Intervenção............7 5. Agentes.............................................. 7 6. Modelos.............................................. 8 7. Áreas............................................... 10 8. Contextos........................................... 10 9. Onde................................................ 11 10. Quando............................................. 11 11. Para quem.......................................... 11 12. Porquê............................................. 12 E. Conclusão............................................14 F. Anexos............................................... 15 G. Bibliografia.........................................16 Psicopedagogia Clínica, 3.º Ano Porto/2009 1

Relatório

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Intervenção Psicopedagógica na População Idosa & Recursos Tecnológicos e Formação

Índice

A. Introdução.....................................................................................................................2

B. Sinopse..........................................................................................................................3

C. Ficha técnica.................................................................................................................3

D. Orientação/Intervenção Psicopedagógica.....................................................................5

1. Conceito de Orientação..............................................................................................5

2. Conceito de Intervenção............................................................................................5

3. Diferença entre Orientação e Intervenção.................................................................6

4. Cruzamento entre Orientação e Intervenção..............................................................7

5. Agentes......................................................................................................................7

6. Modelos.....................................................................................................................8

7. Áreas........................................................................................................................10

8. Contextos.................................................................................................................10

9. Onde.........................................................................................................................11

10. Quando...................................................................................................................11

11. Para quem..............................................................................................................11

12. Porquê....................................................................................................................12

E. Conclusão....................................................................................................................14

F. Anexos.........................................................................................................................15

G. Bibliografia.................................................................................................................16

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A. Introdução

Este trabalho realiza-se no âmbito das disciplinas de Intervenção Psicopedagógica na

População Idosa e Recursos Tecnológicos e Formação do Curso de Psicopedagogia

Clínica da Universidade Lusófona do Porto. O objectivo deste trabalho é realizar uma

Intervenção Psicopedagógica na população idosa com base no filme “Diário da nossa

paixão”, onde uma das personagens principais sofre da doença de Alzheimer.

A doença de Alzheimer é uma doença do cérebro (morte das células cerebrais e

consequente atrofia do cérebro), progressiva, irreversível e com causas e tratamento

ainda desconhecidos. Começa por atingir a memória e, progressivamente, as outras

funções mentais, acabando por determinar a completa ausência de autonomia dos

doentes.

A velhice é um período de declínio caracterizado por dois aspectos: a senescência e

a senilidade. A senescência é o período em que os declínios físicos e mentais são lentos

e graduais, ocorrendo em alguns indivíduos na casa dos 50 e em outros, depois dos 60

anos. A senilidade refere-se à fase do envelhecer em que o declínio físico é mais

acentuado e é acompanhado da desorganização mental. Aqui, também, se encontram as

diferenças entre as pessoas; algumas tornam-se senis relativamente jovens, outras antes

dos 70 anos, outras, porém, nunca ficam senis, pois são capazes de se dedicarem a

actividades criativas que lhes conservam a lucidez até a morte (Rosa, 1983).

O envelhecimento é, como refere Jacob, «…um processo biológico progressivo e

natural, caracterizado pelo declínio das funções celulares e pela diminuição da

capacidade funcional que é vivido de forma variável consoante o contexto social de

cada indivíduo». (Salgueiro e Faria, 2005, pág. 37).

A Psicopedagogia inserida no contexto do idoso visa promover neste actividades que

permitam minimizar os seus problemas e maximizar as suas capacidades. É importante

que o psicopedagogo desenvolva programas individuais, de grupo ou mesmo

comunitário que reformulem os conceitos ligados ao envelhecimento, para que acabem

os preconceitos relacionados com esta idade.

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B. Sinopse

Numa clínica geriátrica, Duke, um dos internos que relativamente está bem, lê para

uma interna (com um quadro mais grave) a história de Allie Hamilton e Noah Calhoun,

dois jovens enamorados que em 1940 se conheceram num parque de diversões. Eles

foram separados pelos pais dela, que nunca aprovaram o namoro, pois Noah trabalhava

num depósito de madeira e era oriundo de uma família sem recursos financeiros. Para

evitar qualquer aproximação, os pais de Alie a mandam para longe. Por um ano Noah

escreveu para Allie todos os dias mas não obteve resposta, pois a mãe dela interceptava

as cartas de Noah para a filha. Crendo que Allie não estava mais interessada nele, Noah

escreveu uma carta de despedida e tentou se conformar. Allie durante anos esperou

notícias de Noah, mas desistiu ao conhecer um charmoso oficial, Lon Hammond Jr., que

serviu na 2ª Grande Guerra (assim como Noah) e pertencia a uma família muito rica.

Ele pede a mão de Allie, que aceita, mas o destino a faria se reencontrar com Noah após

7 anos afastados. Como seu amor por ele ainda existia e era recíproco, ela precisa

escolher entre o noivo e seu primeiro amor.

C. Ficha técnica

Título Original:  The Notebook

Género:  Romance

Tempo de Duração: 121 minutos

Ano de Lançamento (EUA): 2004

Site Oficial: www.thenotebookmovie.com

Estúdio: New Line Cinema / Gran Via / Avery Pix

Distribuição: New Line Cinema / Warner Bros.

Direcção:  Nick Cassavetes

Roteiro: Jeremy Leven, baseado em livro de Nicholas Sparks

Produção: Lynn Harris e Mark Johnson

Música: Aaron Zigman

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Fotografia: Robert Fraisse

Desenho de Produção: Sarah Knowles

Edição: Alan Heim

Efeitos Especiais: Custom Film Effects / Bob Shelley's Special Effects International Inc.

Elenco:

Ryan Gosling – Noah Calhoun

Rachel McAdams – Allie Hamilton

James Garner – Duke (Noah idoso)

Gena Rowlands – Allie Calhoun (Allie idosa)

Sam Shepard – Frank Calhoun

Joan Allen – Anne Hamilton

John Hamilton – David Thornton

Ed Grady – Harry

Starletta DuPois – enfermeira Esther

Jennifer Echols – enfermeira Selma

James Marsden – Lon Hammond Jr.

Kevin Connolly – Fin

Heather Wahlquist – Sara Tuffington

Jamie Brown – Martha Shaw

Premiações: Ganhou 2 prémios no MTV Movie Awards, nas categorias de Melhor

Revelação Feminina (Rachel McAdams) e Melhor Beijo (Ryan Gosling e Rachel

McAdams). Foi ainda indicado na categoria de Melhor Actriz (Rachel McAdams).

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D. Orientação/Intervenção Psicopedagógica

1. Conceito de Orientação

A Orientação é um processo de ajuda contínuo, dirigido a todas as pessoas, em todos

os seus aspectos, com o objectivo de potenciar o desenvolvimento Humano ao longo de

toda a vida. Deve ser considerada como parte integrante do processo educativo, que

implica e que deve chegar a todas as pessoas em todos os aspectos durante todo o ciclo

vital. (Bisquerra, 2006)

Segundo as circunstâncias a orientação pode atender preferencialmente a alguns

aspectos em particular: educativos, vocacionais, pessoais, sociais, entre outros (áreas de

intervenção), sendo que a identidade da Orientação consiste na integração de todos os

aspectos numa unidade de acção coordenada.

Trata-se de uma tarefa cooperativa, que deve considerar-se como parte principal do

processo total da educação e deve ser responsável perante o indivíduo e a sociedade.

Tem como objectivos desenvolver ao máximo a personalidade, conseguir auto-

Orientação, auto-compreensão e aceitação própria, atingir a maturidade para a tomada

de decisões educativas e vocacionais, conseguir adaptação, ajustamento e aprendizagem

óptima no percurso educativo e combinar os aspectos anteriores.

Segundo Martínez Clares (2002), a Orientação é um processo de acção contínuo,

dinâmico, integral e integrador, dirigido a todas as pessoas, em todos os âmbitos, fases e

contextos ao longo de todo o seu ciclo vital e com um carácter fundamentalmente social

e educativo. Parte de uma postura holística, compreensiva, ecológica, crítica e reflexiva.

Não só deve ajudar, mas também mediar, inter-relacionar e facilitar distintos processos

de transformação e/ou mudança social.

2. Conceito de Intervenção

A Intervenção é um processo especializado de ajuda que, em grande medida,

coincide com a prática da Orientação. Portanto, se propõe a complementar ou

suplementar o ensino tradicional. É realizado por um profissional qualificado, ou por

um profissional supervisionado por este. Procura implicar professores, pais e a

comunidade. O propósito pode ser correctivo, de prevenção ou de desenvolvimento.

(Bisquerra, 2006).

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Partindo da ideia de De Charms (1971), intervir é entrar dentro de um sistema de

indivíduos em progresso e participar, de forma cooperativa, para os ajudar a planificar,

conseguir e/ou mudar os seus objectivos – colaboração e transformação social.

“Intervir” (do latim, interventio) significa “vir entre”, “interpor-se”, por vezes

sinónimo de “intromissões”, “meter-se em”, “intercessão”, “ajuda”, “apoio”,

“consenso”, “imiscuir-se”, “influência”, “intrusão”, “coacção”, “repressão”,

“restabelecimento da ordem estabelecida” (Ardoino, 1980). Outro sinónimo de intervir é

“colocar-se no meio”, o que significa fazer a mediação entre a pessoa e o seu meio. Um

dos objectivos da Psicopedagogia é a intervenção, isto é, fazer a mediação entre o idoso

e os ses objectos de conhecimento.

Num sentido mais específico, fala-se de intervenção como uma interferência que um

profissional (educador ou terapeuta) realiza sobre o processo de desenvolvimento e/ou

aprendizagem do sujeito, o qual pode estar apresentado problemas. Na intervenção, o

procedimento adoptado interfere no processo, com o objectivo de compreende-lo,

explicita-lo ou corrigi-lo. Introduzir novos elementos para o sujeito pensar poderá levar

à quebra de um padrão anterior de relacionamento com o mundo das pessoas e das

ideias.

3. Diferença entre Orientação e Intervenção

A Orientação vai mais além da Intervenção Psicopedagógica. Pode-se considerar que

existem certos processos de ajuda, que se englobam dentro da Orientação e que não se

consideram como Intervenção Psicopedagógica. Por exemplo, a função Orientadora dos

Professores e a acção tutorial

A Orientação é entendida em sentido amplo, a qual inclui uma dimensão teórica e

uma dimensão prática. A esta última, por vezes, denomina-se Intervenção. Por outro

lado a Intervenção Psicopedagógica vai mais além da Orientação quando se ocupa do

tratamento individualizado.

A questão da intervenção deve sempre aparecer ligada à do diagnóstico, pois um

bom diagnóstico é fundamental para uma boa intervenção. É necessário conhecer as

características do idoso para ajudar o profissional a planejar a intervenção, que é feita

em virtude dessas características.

A distinção entre orientação e intervenção aparece por volta dos anos 50/60. A

Intervenção possui uma conotação de “casos problema”, sejam eles de aprendizagem,

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de adaptação, etc… Remete para a produção de um problema e para a procura de

soluções mediante processos especializados, diz respeito a programas de prevenção e

desenvolvimento e, recentemente, utiliza-se não num sentido terapêutico, mas

preventivo (cresce, então, a coincidência com a prática da Orientação).

4. Cruzamento entre Orientação e Intervenção

Intervenção às vezes utiliza-se como sinónimo de Orientação, outras como

sinónimo de tratamento de casos problema.

O termo Intervenção utiliza-se também no sentido que não o terapêutico mas sim

preventivo, nesse sentido tende a coincidir com a prática da Orientação. A estes dois

termos tem se dado, em muitas ocasiões, um significado similar, mas quando se tenta

precisar cada um, existe ligeiras diferenças entre eles.

Orientação e Intervenção têm muitos elementos em comum, mas não coincidem

totalmente. A Intervenção tem um desvio face à atenção às Necessidades Educativas

Especiais, mas não se limita a elas; também há intervenções para a prevenção e

desenvolvimento, sendo aqui que as duas dimensões se cruzam.

Existe um cruzamento entre a Orientação e a Intervenção.

Cruzamento Orientação/Intervenção

5. Agentes

1) Principais

Allie Hamilton – Calhoun: jovem proveniente de uma família rica, com uma

vida muito ocupada e com o dia todo programado ao pormenor, sendo os pais

que faziam as escolhas importantes por ela (exemplo: escolha da faculdade).

Nos tempos livres pintava e tocava piano.

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Encontrou o grande amor da sua vida aos dezassete anos, e apesar das

adversidades e dos caminhos diferentes que percorreram, sete anos mais tarde

casaram.

Em idosa encontra-se num lar, pois possui doença de Alzheimer.

Noah Calhoun : jovem proveniente de uma família monoparental patriarca

pobre, trabalhava no depósito de madeira, mas ao contrário da Allie era livre e

tinha a vida que queria. Apaixonou-se pela Allie à primeira vista e fez tudo para

a conquistar.

Em idoso vive no lar, para estar perto e cuidar da esposa, apesar dela não se

lembrar dele, e por isso lia para ela, a sua história de amor, para tentar que ela se

lembre do passado. Apresenta alguns problemas de saúde, consultando o

médico, pois nos últimos 18 meses teve dois ataques cardíacos.

2) Secundários

Anne Hamilton : mãe da Allie, preocupada com o futuro da filha e com aquele

amor de verão e por isso proibi-a de namorar com o Noah, pois este era pobre e

afasta-o dele. Contudo, sete anos mais tarde, encoraja-a a seguir o seu coração,

entregando-lhe as 365 cartas do Noah que escondeu durante sete anos.

John Hamilton: pai da Allie, não tão autoritário como a mãe, mas influenciado

por esta, deixando-a tomar as decisões importantes da vida da Allie.

Frank Calhoun : pai do Noah que encoraja o amor dos dois, estando sempre do

lado do filho ajudando-o a concretizar os seus sonhos.

Enfermeira Esther : é cuidadora da Allie idosa, enquanto esta vive no lar, sempre

preocupada em restringir ao máximo o sofrimento desta.

Fin: amigo do Noah que trabalhava com ele no deposito de madeira, que

namorava com a amiga da Allie, e marca o primeiro encontro do Noah com a

Allie, sem nenhum dos dois saber.

Lon Hammond Jr. : jovem rico, que se apaixona pela Allie e pede-lhe em

casamento. No fim dá-lhe opção de escolher com quem ela quer passar o resto

dos seus dias.

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6 . Modelos

De acordo com Baric (1985), “um modelo delimita um enquadramento conceptual,

identificando os métodos apropriados para atingir as metas definidas.” Tones (1990)

sugere que a característica mais importante é a “posse de um corpo teórico sólido,

juntamente com o código de conduta associado à autonomia dada às profissões” pois, de

acordo com o autor, é a teoria e a consciência da contribuição num determinado campo

que constituem a pratica eficiente.

Os dois idosos principais da história tem diferentes problemas, logo tem de se

aplicar diferentes modelos.

No caso do Noah, que apresenta problemas cardíacos e consciência da sua

doença, podemos aplicar os seguintes modelos:

Abordagem educacional: Propõe-se a conceder à pessoa idosa informações,

conhecimentos e compreensão sobre as questões de saúde, o que lhes possibilita a

tomada de decisões conscientes. Os idosos é ajudado a explorar as suas atitudes, valores

e crenças sobre a saúde e apoiado a fazer escolhas esclarecidas para assim poder fazer

as suas escolhas de saúde baseando-se na informação que lhe é fornecida e desenvolver

capacidades para explorar os seus valores e atitudes face à saúde.

O modelo centrado no utente: Tem como objectivo ajudar o idoso a identificar as

suas próprias preocupações e a potenciar o controlo sobre a sua saúde. É o próprio

utente que identifica as questões e acções de saúde, e o trabalho é feito segundo a

agenda deste.

Como o utente já faz a medicação recomendada, é apenas necessário assegurar que

foi-lhe atribuída toda a informação para que este compreenda o porquê da medicação, e

assim faça as acções conscientemente.

Já para a Allie, como tem Alzheimer, não é possível trabalhar segundo as

suas crenças e valores. É sim necessário trabalhar com ela continuamente e

diariamente, para que evolução da doença seja retardada. Podemos assim usar o

seguinte modelo:

O modelo de empowerment: Este modelo baseia-se numa abordagem invertida que

requer diferentes capacidades por parte do promotor de saúde. A formação por

empowerment requer que trabalhemos com as pessoas idosas para desenvolver as

nossas atitudes, permitindo-nos transferir o poder das mãos de profissionais como os

promotores de saúde para as mãos das pessoas idosas.

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Para usar o modelo de self-empowerment na prática, os promotores de saúde podem

atender a algumas das seguintes questões:

o Ajudar as pessoas a modificar a forma como se sentem consigo próprio, a serem

positivas relativamente à sua vida e à sua saúde;

o Aumentar a sua auto-estima e auto-consciência;

o Permitir que se corram riscos;

o Agir como negociador;

o Valorizar o conhecimento, capacidades e sistema de valores das pessoas idosas e

encorajá-las a valorizarem-se a si próprias;

o Ter consciência das razões que levam as pessoas idosas ou comunidade a resistir à

doença;

o Tratá-las como iguais a cooperar de igual para igual;

o Encorajar a auto-eficácia.

7. Áreas

As áreas são um conjunto de temáticas de conhecimento de formação e de

intervenção, entendida como aspectos essenciais a considerar na formação dos

orientadores.

A partir dos anos 60 apareceu uma nova área de intervenção, não tão ligada aos

processos educativos, a área de orientação para a prevenção e desenvolvimento humano,

que apresenta características distintas das anteriores. Esta área dá mais enfoque ao

desenvolvimento de habilidades de vida, de habilidades sociais, à educação para a

saúde, à orientação para o desenvolvimento humano, etc. Estes são alguns dos aspectos

em que podemos intervir com idosos, e a esta a área de referência.

8. Contextos

Organizações:

Enquanto idosos, Allie e Noah vivem num lar de idosos, devido à doença de Allie.

As causas que levam ao internamento podem ser agrupadas em três categorias:

médicas, sociais e económicas. As médicas consistem basicamente na deterioração

física ou cognitiva que aumentam o estado de  dependência dos idosos e dificultam a

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realização em forma autónoma das actividades da vida diária ou diminuem sua

capacidade funcional.

As causas sociais provêm dos estados de solidão, carência de família ou redes

sociais, desintegração da família e esgotamento familiar para fazer frente às

necessidades de atenção para os idosos, especialmente quando as doenças destes passam

a ser de longa duração.

Dentre os problemas económicos, que incidem na deterioração do nível de vida

pode-se considerar a perda de seu poder aquisitivo, a impossibilidade de se alimentar

adequadamente, de pagar serviços, de atender deterioração da moradia, etc.

Como Allie tem Alzheimer, todas estas dimensões são afectadas. Porque Noah não

quer estar longe da esposa, apesar de puder cuidar de si próprio, e apesar dos esforços

dos filhos para que este vá viver com eles, vive no lar juntamente com Allie.

9. Onde

Este filme passa-se, em grande parte, em Seabrook, onde Noah vive, e Allie foi

passar férias de verão, antes de entrar para a faculdade. É em Seabrook que se

conhecem e que se desenrola o seu amor. E é aqui também que casam e vivem juntos,

na casa que Noah reconstruiu, até irem para o lar de idosos, também este em Seabrook.

10. Quando

Noah e Allie conhecem-se a 6 de Junho de 1940, quando Allie tinha 17 anos. Vivem

durante esse Verão o seu amor, até Allie voltar para a sua cidade e ir para a faculdade.

Em 1941 Noah vai para o exército, e em 1943, quando Allie está no seu 3º ano da

faculdade, faz voluntariado como enfermeira na guerra e conhece Lon Hammond Jr.,

por quem mais tarde se apaixona e fica noiva.

Quatro anos mais, em 1947, Allie procura Noah, pois viu uma reportagem no jornal

que dizia que Noah tinha reconstruído uma casa histórica em Seabrook, e que essa casa

estava para venda. É aqui que se lembram do seu antigo amor, sendo incapazes de

resistir a uma nova oportunidade.

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Em 2004 vivem os dois no lar de idosos.

11. Para quem

A orientação é para todas as pessoas ao longo da sua vida, não somente as que têm

problemas.

Assim, a intervenção não é só direccionada aos idosos, como é necessária também

uma intervenção para a família de Allie, não só para o marido, como também para os

filhos e netos, para os ajudar a conviver com a doença de Alzheimer. É importante

alertar a família para as consequências da doença, e ajuda-los a conviver com o facto de

Allie não se lembrar deles nem do seu passado.

12. Porquê

A finalidade da orientação Psicopedagógica é o desenvolvimento integral da pessoa;

o que remete para a necessidade de uma orientação para a prevenção e para o

desenvolvimento Humano.

Terapias:

Terapia ocupacional: consiste na integração de modelos e práticas específicas com

métodos e teorias de outras escolas psicoterapeutas, orientando para um tratamento

muito focado na acção. A palavra actividade é assim usada num sentido muito amplo,

que abrange desde a avaliação ao tratamento. Engloba actividades de vida diária, de

grupo, de análise entre outros. O tratamento envolve a aprendizagem através da acção,

analisando situações de vida familiar que permitem identificar áreas de maior

dificuldade, de forma a desenvolver comportamentos mais eficazes e adequados.

Segundo a teoria da Ocupação Humana (Kielhonfner, 1985) a construção da saúde

reside no facto de se estar ocupado, quer seja em actividades de vida diária, no trabalho

ou em actividades retreativas.

As teorias humanísticas de Rogers (1961) e Maslow (1968) têm sido incorporadas na

filosofia deste tipo de tratamento, ao reconhecerem e aceitarem o direito do doente se

mover de acordo com as determinações e as limitações das suas próprias

potencialidades, independentemente dos seus níveis das suas disfunções físicas ou

psicológicas.

As actividades escolhidas para o tratamento em terapia ocupacional, sejam

individuais sejam em grupo, terão de ter em conta se o idoso sofre de uma doença

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funcional ou orgânica jogando-se a sua eficiência na capacidade de saber adoptar a cada

momento os objectivos e as actividades às diferentes necessidades destes doente,

mantendo os seus níveis funcionais, com a melhoria da qualidade de vida.

Estas abordagens terapêuticas podem ser utilizadas tanto para a Allie, como para o

Noah, pois ambos se encontram num lar de idosos. Assim o objectivo desta terapia é

manter os idosos ocupados em actividades motivadoras, para que possam se abstrair dos

seus problemas.

Terapias individuais: baseiam-se nas actividades criativas e expressivas que

permitem a cada indivíduo redescobrir-se e expressar-se a si próprio adicionando um

novo sentido à vida criando uma sensação de bem-estar. Trata-se de uma terapia

fundamentalmente não verbal que envolve modalidades e actividades sensoriais (música

e arte), em contraste com as formas de terapia mais tradicionais. Fundamenta-se numa

intervenção holística, cujo tratamento envolve os idosos na sua dimensão física,

psicológica, social, intelectual e espiritual em simultâneo.

No que se refere à Musicoterapia, esta é usada de forma controlada no tratamento,

reabilitação, educação e treino de adultos, que sofrem de perturbações físicas mentais e

emocionais. A utilização da musicoterapia em grupos de idosos é considerada

terapêutica, melhorando a existência diária.

A Arteterapia é um processo artístico em si mesmo é terapêutico pelo autodomínio,

responsabilidade, controlo, escolha e decisões que estão envolvidas em qualquer

trabalho criativo.

Estas duas terapias foram escolhidas pelo facto de Allie, enquanto jovem, pintar nos

seus tempos livres, e também tocar piano. Estas são actividades que, para além de serem

indicadas para o tratamento de perturbações físicas, mentais e emocionais

(musicoterapia) e permitirem a descoberta de aspectos do self que estão bloqueados

(arteterapia), estão intimamente ligadas à vida passada da idosa.

Tratamento psicológico: as abordagens psicológicas desenvolvem-se de acordo com

as diferentes necessidades e características dos idosos. Neste caso importa destacar a

orientação na realidade e a terapia de validação. No que se refere à orientação na

realidade o alvo da intervenção será o idoso com défice cognitivo, com objectivo de

orientação e independência. A terapia de validação tem como objectivo a partilha de

sentimentos e destina-se a idosos com demência, neste caso a Allie que possui demência

de Alzheimer.

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D. Conclusão

Á medida que a doença de Alzheimer progride os doentes acabam por não

reconhecer os próprios familiares e até a si mesmos quando colocados frente a um

espelho. Tornam-se cada vez mais dependentes de terceiros, iniciam-se as

dificuldades de locomoção, a comunicação inviabiliza -se e passam a necessitar de

cuidados e supervisão integral, até mesmo para as actividades elementares do

quotidiano, como alimentação, higiene, vestuário, etc. É aqui que a Psicopedagogia

Clínica tem um papel fundamental, aplicando exercícios de estimulação (ver anexo)

para tentar retardar a evolução da doença.

A Psicopedagogia clínica é uma área de orientação e intervenção, com carácter

multidisciplinar, que possibilita o contacto com populações de diferentes faixas etárias

em diferentes meios e instituições, onde actua directamente com o ser humano, tendo

sempre em conta que a pessoa está em constante desenvolvimento e consequentemente

em construção, biopsicossocial e noológica.

O psicopedagogo dá especial atenção ao cuidar do outro, e à relação de ajuda,

numa perspectiva de manter ou aumentar a auto-estima e a autoconfiança,

questionando-se no que pode ajudar e como o pode ajudar, assim como que outros

profissionais poderão colaborar nessa relação de ajuda.

Segundo Bossa (2000) “ a Psicopedagogia nasceu da necessidade de

compreender melhor o processo de aprendizagem e os factores que nele interferem”.

A Psicopedagogia inserida no contexto do idoso visa promover neste actividades

que permitam minimizar os seus problemas e maximizar as suas capacidades. É

importante que o psicopedagogo desenvolva programas individuais, de grupo ou mesmo

comunitário que reformulem os conceitos ligados ao envelhecimento, para que acabem

os preconceitos relacionados com esta idade.

Além disso, é necessário promover actividades que conduzam os Idosos a focos

de motivação e interesse relacionados com a sua vida, auxiliando na busca de novos

interesses e desafios, para lenificar o processo demencial a que todos, após a reforma,

estão expostos. Por fim e não menos importante, desenvolver programas que levem a

estilos de vida mais saudáveis, apostando na educação física associada a uma

alimentação correcta.

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Resumindo, o objecto da Psicopedagogia é o “SER” que aprende; enquadrado no

seu processo de construção de conhecimento e o seu objectivo é facilitar a construção

do “EU” pluridimencional, nas suas vertentes biológica, psicológica, social, noológica e

biográfica.

“A Psicopedagogia tem uma realidade de aplicação bastante vasta e complexa”

(Guimarães Lopes, 2001, p. 15).

F. Anexos

Intervenção Psicopedagógica no Alzheimer.

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G. Bibliografia

Baric, L. (1985). The meaning of words: health promotion. Journal or the

Institute of Health Education.

Berger, L.; Pourier, Mailloux, D., (1995). Pessoas idosas, uma abordagem.

Lisboa, Lusadidacta

Bisquerra, R, (2006). Modelos de Orientação e Intervenção Piscopedagógica.

Bilbau , Walters Kluwer. Espanha, S.A.

Costa, M. (1999). O idoso Problemas e Realidades. Coimbra: Formasau

Jacob, L., (2007). Animação de Idosos. Porto: Editora Ambar

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Psicopedagogia Clínica, 3.º AnoPorto/2009

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